UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A importância do core training para praticantes de ciclismo indoor Bruno Henrique Oliveira Cíntia Helena Borges São José dos Campos, SP 2012 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO A IMPORTÂNCIA DO CORE TRAINING PARA PRATICANTES DE CICLISMO INDOOR BRUNO HENRIQUE OLIVEIRA CÍNTIA HELENA BORGES Relatório final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Banca examinadora do curso de Educação Física da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba. Orientador: Prof. M.Sc. Ricardo Pombo Sales São José dos Campos, SP 2012 Dedicamos este trabalho as nossas famílias que sempre estiveram ao nosso lado nos momentos mais difíceis, por todo carinho e compreensão que nos concederam. Aos nossos mestres que com muita paciência nos apoiaram, nos ensinaram e nos proporcionaram a possibilidade da realização de mais uma etapa de nossas vidas. Aos nossos amigos e futuros parceiros de trabalho que conosco compartilharam momentos de ansiedades, tristezas e principalmente de alegrias. Enfim, a Deus, sem o qual nada seria possível. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, pois sem ele não teríamos traçado o nosso caminho. Com muito respeito e consideração o nosso muito obrigado ao Professor M.Sc Ricardo Pombo Sales, que nos orientou com muita paciência e nos ajudou a concluir este trabalho dedicando parte de seu tempo a nós. Um agradecimento a todos os professores, alunos e funcionários da UNIVAP, especialmente aos que estão ligados ao Curso de Educação Física. Agradecemos com muito carinho as nossas famílias. E finalmente, a todos que nos ajudaram direta ou indiretamente para o desenvolvimento deste trabalho. Um muito obrigado a todos vocês! RESUMO O ciclismo indoor é uma modalidade muito procurada nas academias de ginástica por sua facilidade de execução, pela descontração, por possibilitar que o praticante tenha controle da intensidade do seu treinamento e por proporcionar uma melhora no condicionamento cardiorrespiratório, porém através da literatura foi identificado que praticantes desta modalidade ocasionalmente abandonam as aulas devido a queixas de disfunções musculoesqueléticas que causam desconfortos como lombalgia e síndrome da dor fêmoro-patelar. Esse trabalho teve como objetivo estudar e propor o core training como um método de auxilio na melhora da saúde e qualidade de desempenho nas aulas. Estudos comprovam que o fortalecimento dos músculos do core é eficiente na prevenção de lesões e proporcionam melhora na postura, aumentando assim o desempenho e equilíbrio entre as cadeias musculares. Palavras-chave: Ciclismo. CORE. Desempenho. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 11 3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 12 4 5 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 12 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 12 METODOLOGIA ................................................................................................. 13 4.1 TIPO DE ESTUDO ....................................................................................... 13 4.2 MÉTODOS ................................................................................................... 13 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 14 5.1 CICLISMO INDOOR..................................................................................... 14 5.2 CORE ........................................................................................................... 17 5.2.1 ANATOMIA ............................................................................................... 17 5.2.2 SISTEMA ESTABILIZADOR (UNIDADE INTERNA) E SISTEMA MOVIMENTADOR (UNIDADE EXTERNA) ............................................................ 20 5.2.3 5.3 TREINAMENTO DO CORE ...................................................................... 24 TREINAMENTO DO CORE PARA O CICLISMO INDOOR ......................... 28 6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 38 7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 41 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 42 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Direção e intensidade das forças exercidas sobre os pedais quanto a aplicação correta mecânica da pedalada..............................................................................................15 Figura 2: Representação eletromiográfica da atividade muscular durante a pedalada........16 Figura 3: Coluna vertebral e suas curvaturas.......................................................................18 Figura 4: Representação ação do core.................................................................................20 Figura 5: Os três sistemas do movimento humano...............................................................23 Figura 6: Prancha ventral......................................................................................................30 Figura 7: Prancha ventral com apoio unipodal......................................................................30 Figura 8: Prancha ventral com apoio de uma mão...............................................................31 Figura 9: Prancha ventral com apoio unipodal e uma mão...................................................31 Figura 10: Prancha lateral.....................................................................................................31 Figura 11: Prancha lateral com braço estendido...................................................................31 Figura 12: Prancha lateral com braço estendido e perna elevada........................................32 Figura 13: Prancha lateral com flexão e extensão de quadril (posição inicial).....................32 Figura 14: Prancha lateral com flexão e extensão de quadril (posição final)........................32 Figura 15: Prancha lateral com flexão e extensão do tronco (posição inicial)......................33 Figura 16: Prancha lateral com flexão e extensão do tronco (posição final).........................33 Figura 17: Prancha lateral com apoio de cotovelo na bola suíça..........................................33 Figura 18: Ponte em decúbito dorsal....................................................................................34 Figura 19: Ponte em decúbito dorsal com apoio unipodal....................................................34 Figura 20: Ponte com flexão e extensão de joelhos na bola suíça (posição inicial).............34 Figura 21: Ponte com flexão e extensão de joelhos na bola suíça (posição final)................34 Figura 22: Flexão de tronco na bola suíça (posição inicial)..................................................35 Figura 23: Flexão de tronco na bola suíça (posição final).....................................................35 Figura 24: Extensão de tronco (posição inicial)....................................................................35 Figura 25: Extensão de tronco (posição final).......................................................................35 Figura 26: Extensão de tronco na bola suíça (posição inicial)..............................................36 Figura 27: Extensão de tronco na bola suíça (posição final)................................................36 Figura 28: Flexão de joelhos e quadril em decúbito ventral na bola suíça (posição inicial)..36 Figura 29: Flexão de joelhos e quadril em decúbito ventral na bola suíça (posição final)....37 Figura 30: Rotação de tronco na bola suíça (posição inicial)................................................37 Figura 31: Rotação de tronco na bola suíça (posição final)..................................................37 8 1 INTRODUÇÃO O ciclismo indoor é uma modalidade praticada em uma bicicleta estacionária, realizada em academias de ginástica, com fins de aprimorar a resistência cardiovascular. É uma atividade que se caracteriza pela descontração e possibilidade da combinação de energias interiores, que estão diretamente relacionadas às reações frente a energias externas que são os estímulos que provém da motivação do professor e de recursos audiovisuais, entre outros (SILVA; OLIVEIRA, 2002). A aula de ciclismo indoor é uma opção muito requisitada nas academias, por sua facilidade de execução e por possibilitar um controle da carga aplicada ao treino, porém desde a década de 80, vem sendo utilizada por atletas para o treinamento. Foi criada pelo ciclista de ultra-distância Jonathan Goldberg, em 1987, conhecido como Johnny G., que inventou a bicicleta estacionária fabricada então pela Schwinn nos Estados Unidos e comercializada pelo nome Spinner, por este motivo a modalidade passou a ser conhecida como Spinning (MELLO et al., 2003). A motivação de Johnny G. a desenvolver essa modalidade foi a alternativa de permitir que ele estivesse perto da sua família enquanto treinava preparando-se para o Race Across America que é uma competição ciclística disputada anualmente no mês de junho que atravessa os Estados Unidos da Costa Oeste a Costa Leste (SANTOS, 2002; SILVA; OLIVEIRA, 2002). De acordo com Silva e Campos (2009) o Spinning virou uma modalidade muito procurada em 1989, quando Johnny G. abre sua primeira academia, a modalidade não demorou em fazer sucesso no Brasil. A estimativa é de que cinco milhões de pessoas pratiquem Spinning diariamente em mais de oitenta países. Hoje existem vários tipos de aulas onde se utiliza a bicicleta estacionária com diferentes nomes e marcas registradas. Os exercícios de baixa intensidade e longa duração são mais indicados para indivíduos que desejam uma melhora no condicionamento físico e na qualidade de vida, isso faz com que o número de adeptos ao ciclismo indoor, como o Spinning, aumente a cada ano (KLEINPAUL et al., 2010). 9 A aula que deve ser ministrada por um profissional da educação física, cativa adeptos tanto do sexo masculino, quanto do sexo feminino e de variáveis idades e de diferentes aptidões físicas. De acordo com um estudo realizado as maiores motivações para a prática da modalidade são divididas em dois aspectos: Físicos: melhora da estética corporal, aquisição de um melhor condicionamento físico, melhor qualidade de vida, prazer no exercício físico. Psicológicos: melhora da autoestima em função de alterações no peso e apetite, sensação de bem estar físico, disposição para as atividades diárias, alívio da tensão e descontração (DESCHAMPS; DOMINGUES FILHO, 2005). A prática regular do ciclismo indoor gera vários benefícios e ganhos para a saúde e bem estar. Cada aluno possui uma individualidade biológica que deve ser respeitada e usada na conquista de seus objetivos. De acordo com a literatura, os ganhos de força ocorrem nas primeiras semanas de treino devido à adaptação metabólica do processo neuromuscular, quando o aluno treina regularmente essas adaptações acontecem rapidamente e eventualmente alcançam um platô fisiológico, maiores resultados são alcançados em torno de seis a oito semanas de treino, enquanto o corpo desenvolve alterações para recrutar novas fibras musculares para demandas cada vez maiores (SILVA; CAMPOS, 2009). Além disso, possibilita a melhora da aptidão cardiorrespiratória, aumento do componente anaeróbio e alto gasto calórico (GROSSL et al., 2009). Outros benefícios que se destacam é a melhora da pressão arterial, pois o ato de pedalar promove uma maior ejeção de volume de sangue para os músculos dos membros inferiores, reduzindo a pressão em órgãos como o cérebro, rins e fígado, ocorre também a redução da frequência cardíaca, pois ela aumenta linearmente com a intensidade do esforço físico e com o aumento do consumo de oxigênio, com a prática regular a frequência cardíaca submáxima e também em repouso tendem a diminuir, o aumento da massa magra, melhorando a força e a resistência muscular e a diminuição da gordura corporal (SILVA; CAMPOS, 2009). A literatura científica revela que a inclusão de técnicas alternativas de treinamento auxilia na saúde, desempenho e qualidade da execução de diversas modalidades esportivas. De acordo com Ferreira et al. (2011), um programa de treinamento é a manutenção do condicionamento físico ou desempenho atlético. 10 O fortalecimento do sistema de estabilização central ou complexo lombopélvico, também chamado de core, tem sido defendido como um treinamento para a prevenção e reabilitação de ciclistas vítimas de lesões decorrentes da prática esportiva, além de proporcionar melhora da postura, desempenho e equilíbrio entre as cadeias musculares, preparando o corpo de maneira íntegra, segura e eficiente através do centro corporal (core). Os exercícios de fortalecimento e estabilização do core são acompanhados de uma melhora na postura (ALENCAR; MATIAS, 2009). O core training possui uma proposta diferenciada dos programas de treinamentos convencionais, é composto por exercícios que ajudam a fortalecer e estabilizar os músculos centrais do corpo. Além disso, prepara a postura do indivíduo para enfrentar as atividades da vida diária e um melhor desempenho na prática esportiva (FERREIRA; SOUZA, 2010). Manter o sistema de estabilização lombo-pélvico estável requer controle de tronco nos três planos de movimento, o treinamento de controle deste sistema pode melhorar a técnica e a habilidades com a bicicleta, maximizar a potência produzida e prevenir o desenvolvimento de lesões (ALENCAR; MATIAS, 2009). De acordo com este conceito, Ferreira et al. (2011) relata que embora o ciclismo seja essencialmente uma atividade no plano sagital, um programa de condicionamento do sistema lombo-pélvico deve incluir exercícios nos planos frontal e transversal. 11 2 JUSTIFICATIVA A prática de exercícios físicos regulares proporcionam vários benefícios, dentre eles melhora no condicionamento físico e cardiovascular, melhora da força, resistência muscular. O treino combinado de exercícios aeróbios com treinamentos de estabilidade e controle neuromuscular tem se mostrado benéficos para a melhora da estrutura corpórea, principalmente relacionadas com o tronco e membros inferiores (SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009). Estudos revelam que a implementação do core training favorece o rendimento e reduz a incidência de lesões em várias modalidades esportivas, inclusive o ciclismo (FERREIRA et al., 2011). Acredita-se que esta revisão de literatura contribuirá de forma significativa para que se possa compreender melhor a importância do core training, para melhora da consciência corporal, força, controle neuromuscular, estabilidade, de maneira que contribua nas aulas de ciclismo indoor. A escolha do tema justifica-se pela evidência dos benefícios do core training associado a modalidades esportivas e pela dificuldade de se encontrar informações a respeito deste método, compreendendo melhor assim como este treinamento pode auxiliar se associado às aulas de ciclismo indoor. Ou seja, esta revisão de literatura poderá atender aos interesses de profissionais da área de saúde e Profissionais de Educação Física. 12 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Através da revisão de literatura estudar a importância da implementação do treinamento de estabilização do core para praticantes de aulas de ciclismo indoor. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estudar como a estabilização do core auxiliará os praticantes de ciclismo indoor; Viabilizar uma proposta de treinamento integrado da estabilização do core e o ciclismo indoor. 13 4 METODOLOGIA 4.1 TIPO DE ESTUDO Este estudo caracteriza-se uma pesquisa realizada de forma exploratória por revisão de literatura, a partir de artigos científicos, livros, internet, com a finalidade de compreensão, interpretação e associação dos assuntos relacionados ao tema. 4.2 MÉTODOS Foi realizado o seguinte método para o levantamento da literatura correspondente: busca de dados (LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca COCHRANE, SCIELO), publicadas até o ano de 2012, com os descritores ciclismo, estabilização central, desempenho e seus correspondentes em inglês (cycling, core e performance). Todos os artigos obtidos por meio das diferentes estratégias de busca foram avaliados e classificados em: elegíveis e não elegíveis, sendo elegíveis estudos que apresentavam relevância e com possibilidade de ser incluídos na revisão. Já os não elegíveis, são os estudos que não apresentaram conteúdo relacionado a esta revisão de literatura. O primeiro levantamento das palavras chave por meio de pesquisa eletrônica nos bancos de dados citados acima e sem filtragem indicou 65 artigos. Realizando a primeira filtragem, não foram obtidos artigos relacionados ao tema, sendo assim não foram utilizados. Depois deste primeiro levantamento, a busca foi direcionada para outras bibliotecas virtuais e livros onde foram encontrados os artigos citados neste trabalho. 14 5 REVISÃO DE LITERATURA 5.1 CICLISMO INDOOR Existem diversas formas de se pedalar, fora ou dentro de ambientes, dentro de academias os praticantes buscam o ciclismo indoor, realizado em bicicletas estacionárias com a utilização de cargas ajustáveis. O interesse desses praticantes se dá por conta do grande potencial da modalidade na melhora em seu condicionamento físico e o emagrecimento (MESQUITA FILHO; CASTRO, 2011). O ciclismo indoor caracteriza-se pela prática do ciclismo em bicicletas estacionárias equipadas com pião fixo, sem caráter competitivo. O praticante deve ser orientado a controlar o seu desempenho, é uma modalidade que se destaca nas academias por possibilitar melhoras no condicionamento cardiovascular, na composição corporal e no bem estar (SILVA et al., 2010). Ribeiro, Nascimento e Liberali (2008), esclarecem a importância da necessidade dos ajustes da bicicleta para a prática segura da modalidade, esses ajustes são: altura do selim, ajuste frente e atrás do selim, altura do guidon e a posição dos pés. A regulagem da bicicleta varia de acordo com as características físicas de cada indivíduo, esta se torna necessidade básica, sendo também um momento apropriado para que o professor instrua o aluno sobre a importância desta regulagem para a qualidade do exercício. A biomecânica do ciclismo deve ser incorporada pelo aluno, a falta de instruções adequadas pode interferir diretamente no desempenho do praticante, aumentando os fatores de riscos relacionados ao surgimento de lesões e desenvolvimento de posturas inadequadas, consequentemente, levando a vícios posturais (SILVA; OLIVEIRA, 2002). A posição do corpo deve ser a menos estressante possível, para que não haja dores crônicas e lesões na coluna. Para as simulações de pedal são empregadas algumas técnicas utilizadas na modalidade outdoor, como: pedalar sentado, sentado em subidas (aumento da carga), subidas em pé (tira-se o quadril do selim), ataque na subida, sprints (em pé executando o ataque em velocidade). No que se refere à carga em um treinamento outdoor, existem vários fatores que 15 influenciam e determinam a sua intensidade como, por exemplo, o vento ou o tipo de terreno, e apesar do ciclismo indoor copiar essas cargas impostas, existem diferenças que se destacam neste fator, como o ciclista não estar reagindo a uma força que não pode controlar. A carga de trabalho pode ser imposta de duas formas: cadência e resistência imposta na bicicleta que são controladas pelo próprio ciclista, que pode assim determinar o quanto íngreme será sua subida ou quanto de resistência o vento está forte e qual marcha irá usar (RIBEIRO; NASCIMENTO; LIBERALI, 2008). A princípio o ato de pedalar parece simples e fácil e o ciclista imagina estar pedalando de forma correta, mas isso às vezes não acontece. Normalmente realizam-se movimentos do pedal como se fosse um pistão, apenas empurrando na vertical de cima para baixo, quando a forma correta seria buscar um movimento contínuo e circular (figura 1), durante todo o ciclo da pedalada (SILVA; OLIVEIRA, 2002). Figura 1: Direção e intensidade das forças exercidas sobre os pedais quanto a aplicação correta mecânica da pedalada (Adaptado de SILVA; OLIVEIRA, 2002). Na pedalada há pontos específicos no qual a força aplicada ao pedal é maior, e essa parte de transmissão de força ao pedal se encontra nos estágios iniciais da pedalada. Isto indica que a maioria dos ciclistas atinge a potência máxima da pedalada perto dos 90º (MANUAL SCHWINN CYCLING, 2011). A figura 2 representa um estudo realizado onde foi analisada a atividade eletromiográfica de oito músculos durante a pedalada, esses músculos são: glúteo máximo, reto femoral, vasto medial, vasto lateral, tibial anterior, gastrocnêmio, bíceps femoral e semitendinoso. Foi observada a angulação 16 relativa de ativação dos músculos avaliados (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010). Figura 2: Representação eletromiográfica da atividade muscular durante a pedalada (MESQUITA FILHO; CASTRO, 2011). O ciclismo é uma modalidade esportiva cujo padrão de movimento é muito repetitivo. Em uma hora de treino o ciclista pode ultrapassar cinco mil pedaladas e se essa esta enorme quantidade de revoluções estiver associado a desequilíbrios musculares o ciclista terá uma grande possibilidade de desencadear uma lesão (ALENCAR; MATIAS, 2009). Pedalar é uma atividade que exige movimentos sincronizados e de várias articulações em cadeia cinética fechada visando gerar propulsão por meio da utilização das forças produzidas, principalmente por músculos da região lombopélvica e membros inferiores (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010; MESQUITA FILHO; CASTRO, 2011). Como se pode observar na figura 2, o movimento da pedalada recruta a musculatura dos membros inferiores, porém a literatura científica revela que a um bom fortalecimento entre os músculos, transverso do abdômen, oblíquo interno e externo e multifídos são necessários para estabilização da pelve, esse fortalecimento possibilita melhora no desempenho e manobrabilidade do ciclista, aumentando a estabilidade dos movimentos funcionais responsáveis em gerar a força transmitida ao pedal, permitindo assim uma potencialização da atividade da musculatura dos membros inferiores durante o ciclo da pedalada (FERREIRA et al., 2011). 17 5.2 CORE 5.2.1 ANATOMIA O core (centro corporal), está localizado no complexo quadril-lombar-pelve, coluna torácica e cervical, é onde todos os movimentos se iniciam e é onde se localiza o centro de gravidade do corpo (AKUTHOTA; NADLER, 2004; SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009). Antes de escrever sobre a musculatura do core, deve-se pensar na coluna vertebral como a “fundação” do corpo, que promove suporte axial para todos os movimentos. Para treinar a musculatura da coluna precisa-se ter o conceito da posição de coluna neutra, que é aquela onde a coluna vertebral possui curvaturas torácica e sacral (pélvica) côncavas anteriormente, enquanto as curvaturas cervical e lombar são côncavas posteriormente (BAKER et al., 2011), conforme pode ser observado na figura 3. “A instabilidade segmentar sucede no momento em que há redução na capacidade do sistema estabilizador da coluna vertebral em sustentar a posição neutra dentro de limites fisiológicos” (SOUZA; MEJIA, 2011). A coluna vertebral forma o eixo ósseo do corpo, um pilar de sustentação que promove a flexibilidade necessária à movimentação do tronco e está constituída de 33 vértebras, organizadas num eixo longitudinal, sendo 7 cervicais (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7), 12 torácicas (T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11, T12), 5 lombares (L1, L2, L3, L4, L5), 5 sacrais e 4 coccíneas. Além disso, essa estrutura fornece um ponto de articulação para o movimento e sustentação da cabeça na região cervical. Essa haste multiarticulada não apenas proporciona movimento, mas o arranjo desses segmentos também fornece eficientemente absorção e transmissão de choques (SOUZA; MEJIA, 2011). 18 Figura 3: Coluna vertebral e suas curvaturas (NETTER, 2000). Conforme descreve Baker et al. (2011), se tirarmos toda a musculatura da coluna e colocarmos em uma plataforma, apenas com os ligamentos e os discos vertebrais, ela poderá suportar apenas 2 quilogramas de pressão, portanto, são realmente os músculos que fornecem suporte para a coluna vertebral e também para que ela possa se manter na posição neutra quando sofre sobrecarga. Essa sobrecarga ocorre quando estamos andando, levantando pesos ou em qualquer movimento de padrão funcional. A musculatura que envolve a coluna vertebral faz parte do conjunto denominado core. Anatomicamente o core é estruturado pelos músculos: na região anterior do corpo: abdominais; na região posterior do corpo: paravertebrais e glúteos; na região superior: pelo diafragma e na região inferior: pelo assoalho pélvico. O core é o conjunto de todos os músculos na região do tronco que nos ajudam a manter a postura. Se estes músculos não existissem, não seria possível mantermo-nos de pé (FERREIRA et al., 2011). A musculatura que envolve o core é a principal responsável pela manutenção de uma postura adequada, seja ela dinâmica ou estática, ambas as posturas são vivenciadas nas atividades da vida diária e atividades esportivas, daí a 19 importância de seu treinamento se faz necessária para a manutenção da saúde postural, auxiliando no desempenho das modalidades esportivas evitando possíveis lesões (FERREIRA et al., 2011; REINEHR; CARPES; MOTA, 2008). Segundo Akuthota e Nadler (2004), o core refere-se ao centro da cadeia cinética funcional, composto por grupos musculares que estabilizam o corpo (principalmente a coluna), durante e na ausência de movimentos dos membros e também pelas estruturas passivas da região toracolombar. O core é uma unidade integrada, onde se originam todos os movimentos, composta de 29 pares de músculos que associados sustentam a coluna, os órgãos internos e a postura, suportam o complexo quadril-pélvico-lombar, esta estrutura se refere aos músculos que controlam e estabilizam os movimentos da pelve e coluna lombar. Em tradução literal do inglês, core significa ao centro, núcleo (MONTEIRO; EVANGELISTA, 2010). Para Ferreira et al. (2011), o core também pode ser identificados com o complexo lombo-pélvico e é descrito como uma caixa constituída pelos músculos abdominais. O core trabalha como uma unidade funcional integrada por meio do qual toda a cadeia cinética trabalha sinergicamente para produzir força e estabilizar dinamicamente contra uma força anormal. O controle do centro de força mantém o alinhamento e o equilíbrio postural dinâmico durante atividades funcionais com menor gasto energético (MONTEIRO; EVANGELISTA, 2010). O controle destes músculos resulta em uma cintura e um abdômen mais forte e resistente, melhorando consideravelmente no funcionamento de órgãos internos e em uma postura mais correta e forte, e quanto mais forte os músculos do core, mais eficientes são seus movimentos (JESUS, 2012). De uma forma geral, os músculos do core preenchem todo o cumprimento do tronco e quando se contraem eles estabilizam a coluna, pélvis, zona da escápula e ombros, constituindo uma base sólida de suporte. Em geral são os músculos que controlam a extensão do tronco e quando contraídos estabilizam a coluna vertebral, a pelve e a cintura escapular criando um sólido ponto de apoio para movimentos repentinos e precisos das extremidades. A grande função da estabilidade do core é manter uma base mais sólida para o movimento e transferir energia do centro do corpo para os membros distais (AKUTHOTA; NADLER, 2004). 20 De acordo com o Manual técnico do core 0 by Body Systems (2009), a região quadril-pélvico-lombar divide-se em dois grupos: sistema estabilizador (unidade interna), sendo os principais músculos deste o transverso do abdômen, oblíquo interno, multifidos, músculos do assoalho pélvico, diafragma e transverso espinhal; e o sistema movimentador (unidade externa) apresentando como principais músculos, grande dorsal, eretor da espinha, psoas, bíceps femoral, adutores e abdutores do quadril, reto abdominal e oblíquo externo. 5.2.2 SISTEMA ESTABILIZADOR (UNIDADE INTERNA) E SISTEMA MOVIMENTADOR (UNIDADE EXTERNA) Ferreira et al. (2011) esclarecem que os músculos que constituem o core podem ser divididos em dois grupos: unidade interna (sistema estabilizador) e unidade externa (sistema movimentador) (figura 4). Sistema estabilizador Ação + do core Sistema movimentador Figura 4: Representação ação do core (Adaptado de MANUAL TÉCNICO DO CORE 0 BY BODY SYSTEMS, 2009). Uma situação comum é o sistema estabilizador enfraquecido e o sistema movimentador fortalecido, isso causa lombalgias e lesões, o ideal é que seja trabalhado primeiro o fortalecimento dos músculos estabilizadores e depois o sistema movimentador (MANUAL TÉCNICO DO CORE SYSTEMS, 2009). 0 BY BODY 21 Os músculos da unidade interna abrangem os multifidos, o transverso do abdômen, o diafragma, o oblíquo interno, a musculatura do assoalho pélvico, e transversos espinhais lombares (CHEK, 1999; MONTEIRO; EVANGELISTA, 2010; SANTOS; FREITAS, 2010; SANTOS et al., 2010). O músculo mais mencionado na literatura é o multifido, ele possui fibras profundas e superficiais, sendo que as profundas são as primeiras a serem ativadas durante o movimento de qualquer segmento corporal, controla o movimento vertebral durante as posturas, protege as estruturas articulares, discos, ligamentos das tensões excessivas, tendo então extrema importância na estabilidade do core (SANTOS et al., 2010). Em um estudo realizado, os músculos multifidos são citados como músculos chave na estabilização da coluna lombar e no controle da flexão e rotação, a atrofia e perda de co-contração simétrica destes músculos tem sido encontrada em pessoas com lombalgia (ALENCAR; MATIAS, 2009). Existem evidências de que os músculos do assoalho pélvico, o transverso abdominal e o diafragma, quando ativados simultaneamente, geram tensão nos elementos constituintes do core, reforçando a função do controle postural da coluna vertebral (SOUZA; MEJIA, 2011). O diafragma intervém no domínio estático e dinâmico do tronco através da fixação do seu centro tendíneo que age sobre a dobradiça toracolombar (T11, T12, L1, L2), a contração simultânea diafragmaabdominais mantém a geometria abdominal (SOUZA; MEJIA, 2011). A unidade interna é uma camada profunda de músculos que “abraçam” e contornam a coluna e a suportam em cargas baixas, como ficar em pé e parado, não são capazes de fazer movimentação. São músculos que trabalham aerobiamente, ou seja, trabalham por longos períodos de tempo e em baixa intensidade (BAKER et al., 2011). Os músculos da unidade interna do core caracterizam-se por fibras do tipo 1 (contração lenta), são músculos menores, adequados para o controle do movimento segmentar e mais responsivos às mudanças na postura e cargas externas (ALENCAR; MATIAS, 2009). De acordo com Aaberg (2008), a unidade interna está sob um controle neurológico separado e pode funcionar independentemente dos músculos externos do tronco, com o reto do abdômen, oblíquos externos e os maiores eretores da espinha, está altamente envolvida com a estabilidade pélvica e 22 coluna vertebral, mas depende das camadas externas dos músculos do tronco e da coluna vertebral para a realização de movimentos. Como unidade interna está sob o controle neurológico separado dos grandes músculos externos, reto abdominal, oblíquos externos e fibras anteriores de oblíquo interno, os exercícios tradicionais que trabalham os músculos abdominais não condicionam a musculatura da unidade interna ao ponto destes melhorarem a estabilidade da coluna vertebral, para que esse recrutamento se torne um controle reflexo automático. Para se atingir os níveis de controle reflexo automático da unidade interna, é necessário um treinamento específico de isolamento para se aumentar o controle sensorial-motor. O não condicionamento da unidade interna num alto nível de especificidade, normalmente resulta em lesão na coluna vertebral devido à instabilidade. Exercitando os grandes músculos (unidade externa) não se promove o fortalecimento correto para os pequenos músculos, como multifidos, transverso do abdômen e assoalho pélvico. Quando trabalhados corretamente estes músculos provém o aumento necessário da estabilidade articular e consequentemente para a coluna, pélvis e caixa torácica, oferecendo uma plataforma estável para os grandes músculos. De certa forma, se os grandes músculos se tornam fortalecidos e encurtados, a delicada relação entre a unidade interna e unidade externa se desequilibra (CHEK, 1999). A unidade externa vai das costelas até a pelve, na região frontal está localizada na parede abdominal e na região posterior nos extensores da coluna, esses músculos tem a capacidade de inclinar e mover a coluna (BAKER et al., 2011). De acordo com Ferreira et al. (2001), os músculos que compõem a unidade externa são os eretores da coluna, quadrado lombar, grande dorsal, reto abdominal, oblíquo externo, isquiotibiais, glúteo médio, glúteo máximo e complexo adutor. Monteiro e Evangelista (2010) ressaltam que todos os músculos descritos são importantes para a estabilização do core, quando isolados esses músculos não conseguem se estabilizar, sendo assim, somente com o funcionamento sinergista de todo complexo pélvico-lombar haverá a estabilidade e controle neuromuscular sobre toda a cadeia cinética. Os músculos da parede abdominal tanto os superficiais quanto os profundos da região vertebral, estabilizam a coluna em condições variadas. Os músculos mais superficiais, o eretor da espinha, o reto do abdome, atuam como 23 movimentadores primários, porém tem função secundária de estabilização. Os músculos mais profundos (unidade interna), multifidos, transverso do abdômen, oblíquo interno do abdômen, estão mais perto do eixo agindo primariamente na estabilização. O uso dos músculos estabilizadores centrais é fundamental ao desenvolver percepção de posição e movimento e executar exercícios de estabilização e atividades funcionais básicas (SOUZA; MEJIA, 2011). O sistema de estabilização central depende de três sistemas: o passivo (elementos ósseos e ligamentares), o ativo (elementos músculo-tendíneos) e o controle neural, a figura 5 mostra a relação entre esses sistemas (AABERG, 2008; ALENCAR; MATIAS, 2009). O core é uma unidade integrada onde o sistema ativo é somente uma parte da desta unidade. Para que ele funcione de uma maneira adequada é preciso que haja uma coordenação eficiente entre os três sistemas (passivo, ativo, neural). Disfunções ou alterações em qualquer um dos três sistemas podem interferir negativamente na operação dos outros sistemas (PANJABI, 1992; MARÉS et al., 2012). SISTEMA NEURAL SISTEMA PASSIVO SISTEMA ATIVO Figura 5: Os três sistemas do movimento humano (Adaptado de AABERG, 2008). O sistema passivo, que consiste dos corpos vertebrais, articulações facetarias, cápsulas articulares, ligamentos espinhais e discos intervertebrais, fornecem a maior parte da estabilização e dela participam por meio das propriedades visco elásticas; este sistema tem maior função em amplitudes que estão fora da posição neutra (PANJABI, 1992; GOUVEIA; GOUVEIA, 2008). O sistema ativo constitui-se dos músculos espinhais, multifidos e músculo transverso do abdômen que tem ligação com a fáscia toraco-lombar que quando ativado promove um mecanismo que se assemelha a uma cinta estabilizando as 24 vértebras, musculatura do assoalho pélvico e diafragma. Este componente tem maior atividade em amplitudes dentro da posição neutra e fornecem suporte e rigidez no nível intervertebral para sustentar as forças compressivas (PANJABI, 1992; GOUVEIA; GOUVEIA, 2008). O sistema de controle neural recebe informações dos sistemas passivo e ativo, tem o papel de captar as alterações de equilíbrio e determinar os ajustes específicos, por meio da musculatura da coluna, restaurando a estabilidade. Quando um desses sistemas falha, os outros dois se reorganizam para dar continuidade ao equilíbrio. Porém, muitas vezes, essa reorganização é inadequada sobrecarregando algum dos sistemas (REINEHR; CARPES; MOTA, 2008; GOUVEIA; GOUVEIA, 2008). O treinamento da musculatura do core envia estímulos ao sistema nervoso através de proprioceptores e mecanoceptores, melhorando assim o desempenho motor do corpo, esse sistema de treinamento tem demonstrado atuação na forma de absorção de impactos, na estabilização ativa das articulações, nos desequilíbrios musculares e na biomecânica funcional enquanto melhora a resistência dos tecidos (SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009). 5.2.3 TREINAMENTO DO CORE De acordo com Marés et. al (2012) o treinamento do core surgiu na década de 90 por meio de inúmeros pesquisadores no centro de pesquisas da Universidade de Queensland, na Austrália. Esse treinamento visa um controle postural e a manutenção do bom alinhamento do tronco, uma vez que se baseia no sinergismo com os músculos abdominais, para o equilíbrio da pelve (região composta pelos músculos profundos da pelve, coluna lombar e que cruzam a articulação coxofemural). Os músculos do core são responsáveis por manter posturas, criar movimentos, coordenar ações musculares, permitir estabilidade, absorção de força, gerar força e transmitir energia por todo o corpo, independente do movimento ou atividade (RODRIGUES; TRICHÊS, 2012). O treinamento do core (core training) tem sido um assunto de grande e crescente interesse no meio desportivo, sendo atualmente um ponto comum 25 entre todas as propostas de treinamento que tem por base a funcionalidade. Entende-se que seja necessário, em primeiro lugar, fortalecer o centro para depois mobilizar as extremidades, sendo o tronco a região que faz a conexão entre os segmentos distais, é cabível afirmar que uma região central fortalecida e estabilizada serve como base de suporte para a execução de movimentos mais eficientes dos membros, um pobre desenvolvimento da região do core pode representar um sistema de suporte deficiente para trabalho intenso de braços e pernas (BOMPA; CORNACCHIA, 2000). Esse programa de treinamento ajuda o praticante a obter ganhos de força, controle neuromuscular, potência e resistência muscular, visando facilitar o funcionamento muscular ao equilibrar toda cadeia cinética e esse maior controle neuromuscular e força de estabilização oferecem um posicionamento biomecânico mais eficiente para toda cadeia cinética (MARÉS et al., 2012). O treinamento do core é de grande interesse no meio desportivo, pois é baseado na utilização das mais diversas metodologias de treinamento e na criação de alternativas para gerar como resultado um corpo mais inteligente, que produza movimentos mais precisos e eficientes (FERREIRA et al., 2011; ALENCAR; MARTIAS, 2009; SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009). O core training é componente do treinamento funcional, que propõe melhoras no condicionamento físico e saúde geral com ênfase no aprimoramento da capacidade funcional do corpo humano. O fortalecimento do core tem uma base teórica a prevenção e tratamento de diversas condições musculoesqueléticas, proporciona força, estabilidade, controle neuromuscular, melhora da postura e equilíbrio do complexo lombo pélvico (SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009). O controle neuromuscular depende da ação coordenada de respostas motoras conscientes e inconscientes, são ajustes posturais antecipatórios e respostas musculares reflexas, esses ajustes são movimentos preparatórios do tronco. Um atraso na resposta dos músculos do tronco para perturbação tem um grande potencial para provocar uma instabilidade central, com isso há grande risco de lombalgia crônica, umas das causas desta é a instabilidade da coluna lombar (SANTOS; FREITAS, 2010). De acordo com Santos e Freitas (2010) os exercícios de estabilização do core tem por objetivo assegurar o funcionamento da cadeia cinética por inteiro 26 propiciando assim um equilíbrio muscular, melhorando o controle postural dinâmico e garantindo controle muscular apropriado do complexo lombo pélvico. Promovendo movimentos eficientes das extremidades, os exercícios irão recrutar a musculatura estabilizadora promovendo o reaprendizado motor dos músculos inibidos, conscientização do padrão motor, e atenção especial a contração dos músculos multifidos e transverso do abdômen. Marés et al. (2012) enfatizam que todos esses benefícios podem ser resumidos em um único termo: eficiência neuromuscular. Rodrigues e Trichês (2012) esclarecem que a estabilidade é a habilidade de controlar toda a amplitude de movimento de uma articulação, sem criar deformidade e déficit neurológico e que a estabilidade do core no esporte é a habilidade de controlar a posição e movimento do tronco sobre a pelve para permitir produção otimizada, transferência e controle de forças e movimento ao segmento terminal em atividade atlética integrada. D´Elia e D´Elia (2005, apud RIBEIRO, 2006), cita algumas características importantes para o treinamento funcional que cria sinergia e entre segmentos corporais e qualidades físicas, possibilitando ao indivíduo produzir movimentos mais eficientes através de características inconfundíveis: (i) respeitar as leis básicas, idade cronológica, individualidade biológica, possíveis restrições; (ii) prescrever exercícios e cadeia cinemática fechada, promovendo movimentos pela contração dos músculos agonistas e sinergistas, por exemplo, flexão de braço; (iii) transferência, quanto mais o exercício tiver semelhança com a atividade desempenhada, maior será a transferência dos ganhos do treino para essa atividade; (vi) estabilização, a instabilidade recruta os músculos estabilizadores do joelho, tornozelo, quadril e principalmente do core; (v) desenvolvimento dos padrões de movimentos primários, o cérebro guarda alguns movimentos-chave que podem ser facilmente “acessados” e modificados quando executamos com a mesma velocidade e amplitude; (vi) desenvolvimento dos fundamentos dos movimentos básicos: locomoção, estabilização, manipulação e a de consciência do movimento, qualquer movimento complexo executado no esporte ou nas atividades da vida diária é uma combinação desses movimentos básicos; (vii) músculos sinergistas, não pensar exclusivamente em um músculo isolado, pois ao envolver o movimento de todo o corpo na execução de um exercício funcional, faz com que vários músculos e articulações trabalhem juntos, 27 de forma coordenada e sinérgica; (viii) aprimoramento da postura, trabalhar tanto na postura estática, quanto dinâmica, pois possibilitam o trabalho de todo o sistema neuromuscular e a habilidade do corpo estabilizar as articulações durante o movimento;. (ix) exercícios multiarticulares e multiplanares: multiarticulares são exercícios que envolvem várias articulações de um segmento participando da ação e que possibilita desenvolver tanto a capacidade da estabilização quanto a coordenação intramuscular, multiplanares são exercícios que envolvem movimentos nos três planos. Souza e Mejia (2011) ressaltam que os exercícios de estabilização são atividades dinâmicas que tentam limitar e controlar os movimentos excessivos. O foco da estabilização segmentar é possibilitar a coluna vertebral uma estabilização dinâmica segura com o objetivo de prevenir, restabelecer e reprogramar o controle motor dos músculos profundo. De acordo com Santos e Freitas (2010), as prescrições dos exercícios devem seguir uma ordem progressiva, ou seja, deve ser do simples para o mais complexo, do lento para o rápido, do estável para o instável, de pouca força para muita força, do geral para o específico, da execução correta para o aumento da intensidade. O objetivo final do treinamento do core deve ser o uso dessa musculatura central dentro de respostas rápidas em atividades específicas e isso proporciona melhor qualidade de vida, prevenção de lesões e melhora do desempenho. Monteiro e Evangelista (2010) descrevem que as etapas progressivas do core training, devem ser respeitadas para que o praticante desenvolva lentamente sua capacidade de controle neuromuscular para que os movimentos sejam realizados com segurança e eficiência. O treinamento da musculatura do core pode ocorrer em cinco estágios. O primeiro compreende exercícios para recrutamento de músculos abdominais transverso, oblíquos, glúteos e posteriores de coxa, mantendo a pelve em posição neutra e associados a exercícios para ganho de flexibilidade. O segundo trabalha exercícios para correção de desequilíbrio de força e resistência muscular. No terceiro, prioriza-se a reeducação para os músculos estabilizadores. O quarto realiza exercícios avançados de estabilização estática, enquanto no quinto e último estágio, faz-se uso de exercícios de estabilização dinâmica (ALENCAR; MATIAS, 2009). 28 5.3 TREINAMENTO DO CORE PARA O CICLISMO INDOOR De acordo com Kleinpaul et. al (2010), os exercícios de baixa intensidade e longa duração são os mais indicados para as pessoas que desejam melhorar seu condicionamento físico e a qualidade de vida, em virtude disso existe uma grande procura nas academias pelas aulas de ciclismo indoor, um dos causadores do abandono por parte dos praticantes iniciantes são as dores no corpo provocadas muitas vezes pela nova postura adotada, visto que o movimento de pedalar não está na ergonomia natural do ser humano. Pedalar é considerado uma atividade inata ao ser humano por ser necessário um aprendizado motor, porém o movimento circular com aplicação de força nos 360º, envolve um sincronismo de vários grupos musculares agonistas, antagonistas, sinergistas e estabilizadores, exercícios para o fortalecimento da musculatura e um trabalho de flexibilidade devem ser indicados aos alunos como coadjuvantes ao programa de ciclismo indoor (SILVA; OLIVEIRA, 2002). A prática do ciclismo envolve adaptação do corpo ao esforço físico e a uma postura específica a este esforço, assim o treino para esta modalidade requer uma adaptação do corpo à postura assumida na bicicleta (USABIAGA et al., 1997). Pedalar é uma atividade que requer movimentos sincronizados de múltiplas articulações, visando gerar propulsão por meio de forças produzidas, principalmente, por músculos da região lombo pélvica e membros inferiores (ALENCAR; MATIAS; OLIVEIRA, 2010). Alencar e Matias (2009) ressaltam que para reduzir o risco de lombalgia relacionada ao esporte é defendida a utilização de testes funcionais a fim de identificar uma disfunção na região do core, fraqueza ou falta de controle motor nesta musculatura pode levar a movimentos menos eficientes, padrões de movimentos compensatórios, distensões, lesões por excesso de repetição. A coluna lombar, o joelho e o tornozelo são alvos constantes de disfunções na estrutura do core. Silva e Oliveira (2002) relatam em um estudo sobre prevenções de lesões no ciclismo indoor, o levantamento de algumas lesões relacionadas à prática da modalidade, o estudo avaliou 200 praticantes com idades entre 17 e 35 anos, o resultado foi o seguinte: 33% joelho, 27% compressão do períneo, 20% 29 contraturas dorsais, dores na panturrilha, cervicalgias, lombalgias, 5% dor no ombro, 5% bursite trocantérica, 5% parestesias distais de membros superiores e 5% compressão do 5° metatarso. Alencar e Matias (2009) associam a fraqueza dos músculos do core e déficit na flexibilidade a predisposições de lesões musculoesqueléticas na coluna lombar causando lombalgias. Usabiaga et al. (1997), observou que a posição da coluna durante o ciclismo difere muito da posição fisiológica ereta, em seus estudos constatou que a dor lombar nos ciclistas tem sido atribuída a contração muscular secundária e ainda ressalta que raramente essa dor raramente mostra sintomas de compressão nervosa. O core training é um método de condicionamento físico que beneficia atletas e praticantes de diversos esportes como basquete, corrida, futebol, tênis, vôlei, natação entre outros (FERREIRA et al., 2011). O ciclismo é um exercício repetitivo, o quadril fica fixo, e as pernas trabalham na pedalada, solicitando muito da coluna lombar e dos membros inferiores, principalmente dos joelhos, causando um grande risco de lesões (KLEINPAUL et al., 2010). O treinamento de controle da musculatura do core pode melhorar a técnica e a habilidade com a bicicleta, prevenindo assim o desenvolvimento de lesões, o ciclista com boa técnica tem mais controle sobre o tronco e produz mais energia que pode ser repassada pelos membros inferiores ao pedal, ou seja, o aumento da estabilidade do tronco favorece a eficiência dos membros inferiores em realizar o movimento da pedalada (ALENCAR; MATIAS, 2009). O treinamento do core serve para a manutenção da saúde da coluna lombar e até na prevenção de lesões ligamentares do joelho, é ressaltado que nem sempre essas lesões ocorrem provenientes da deficiência na musculatura do core, mas existe grande influência da estabilidade central enfraquecida esteja relacionada com lesões como a síndrome fêmoro-patelar e lesões dos ligamentos cruzados do joelho (SANTOS; FREITAS, 2010). Nos últimos anos, profissionais do esporte têm cada vez mais recomendado exercícios para os músculos estabilizadores do tronco em programas de treinamento físico desportivo, sendo assim relevante relacionar a estabilização central ao ciclismo indoor, visto que é comum a queixa de disfunções 30 musculoesqueléticas, como lombalgia e dor fêmoro-patelar, decorrentes da musculatura do core mal condicionada (ALENCAR; MATIAS, 2009). Maior estabilidade central pode melhorar o desempenho desportivo, fornecendo base para uma maior produção de força para as extremidades superiores e inferiores. Exercícios em pranchas de equilíbrio e discos para estabilidade, realizados em conjunto com exercícios pliométricos, são recomendados para melhorar a capacidade reativa e proprioceptiva, que pode reduzir a probabilidade de lesões em extremidades inferiores (AKUTHOTA; NADLER, 2004). Com base na literatura revisada supracitada, seguem abaixo alguns exercícios de treinamento para a musculatura do core, visando o fortalecimento e estabilização desta região, os exercícios a seguir foram retirados do Manual técnico do core 0 by Body Systems (2009): Prancha ventral (figura 6), as figuras 7, 8 e 9 são progressões do exercício ilustrado na figura 6: Figura 6: Prancha ventral (foto da pesquisadora). Figura 7: Prancha ventral com apoio unipodal (foto da pesquisadora). 31 Figura 8: Prancha ventral com apoio de uma mão (foto da pesquisadora). Figura 9: Prancha ventral com apoio unipodal e uma mão (foto da pesquisadora). Prancha lateral (figura 10), as figuras 11 e 12 são progressões do exercício ilustrado na figura 10: Figura 10: Prancha lateral (foto da pesquisadora). Figura 11: Prancha lateral com braço estendido (foto da pesquisadora). 32 Figura 12: Prancha lateral com braço estendido e perna elevada (foto da pesquisadora). Prancha lateral com flexão e extensão de joelhos e quadril (figura 13), a figura 13 ilustra a posição inicial do exercício e a figura 14 a posição final: Figura 13: Prancha lateral com flexão e extensão de quadril – posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 14: Prancha lateral com flexão e extensão de quadril - posição final (foto da pesquisadora). 33 Prancha lateral com flexão e extensão de tronco (figura 15), a figura 15 ilustra a posição inicial do exercício e a figura 16 a posição final: Figura 15: Prancha lateral com flexão e extensão do tronco - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 16: Prancha lateral com flexão e extensão do tronco - posição final (foto da pesquisadora). Prancha lateral (figura 17) com apoio de cotovelo na bola suíça: Figura 17: Prancha lateral com apoio de cotovelo na bola suíça (foto da pesquisadora). 34 Ponte em decúbito dorsal (figura 18), a figura 19 ilustra a progressão do exercício da figura 18: Figura 18: Ponte em decúbito dorsal (foto da pesquisadora). Figura 19: Ponte em decúbito dorsal com apoio unipodal (foto da pesquisadora). Ponte em decúbito dorsal com apoio na bola suíça e flexão de joelhos (figura 20), a figura 21 ilustra a posição final do exercício da figura 20: Figura 20: Ponte com flexão e extensão de joelhos na bola suíça - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 21: Ponte com flexão e extensão de joelhos na bola suíça - posição final (foto da pesquisadora). 35 Flexão de tronco na bola suíça (figura 22), a figura 23 ilustra a posição final do exercício da figura 22: Figura 22: Flexão de tronco na bola suíça - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 23: Flexão de tronco na bola suíça - posição final (foto da pesquisadora). Extensão de tronco (figura 24), a figura 25 ilustra a posição final do exercício da figura 24: Figura 24: Extensão de tronco - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 25: Extensão de tronco - posição final (foto da pesquisadora). 36 Extensão de tronco na bola suíça (figura 26), a figura 27 ilustra a posição final do exercício da figura 26: Figura 26: Extensão de tronco na bola suíça - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 27: Extensão de tronco na bola suíça - posição final (foto da pesquisadora). Flexão de joelhos e quadril em decúbito ventral na bola suíça (figura 28), a figura 29 ilustra a posição final do exercício da figura 28: Figura 28: Flexão de joelhos e quadril em decúbito ventral na bola suíça - posição inicial (foto da pesquisadora). 37 Figura 29: Flexão de joelhos e quadril em decúbito ventral na bola suíça - posição final (foto da pesquisadora). Rotação de tronco na bola suíça (figura 30), a figura 31 ilustra a posição final do exercício da figura 30: Figura 30: Rotação de tronco na bola suíça - posição inicial (foto da pesquisadora). Figura 31: Rotação de tronco na bola suíça - posição final (foto da pesquisadora). 38 6 DISCUSSÃO De acordo com os estudos citados neste proposto trabalho, visualiza-se a importância da utilização do treinamento de estabilização do core juntamente as aulas de ciclismo indoor, que por sua vez obterá ganhos na estrutura musculoesquelética e desempenho salutar da atividade. Autores diversos demonstraram, em estudos recentes, que o fortalecimento contínuo e adequado das estruturas de estabilização do core evitam lesões e problemas músculoarticulares, explicado pela falta de coordenação do próprio músculo ou fraqueza na musculatura postural, onde coloca o segmento fora do alinhamento anatômico, favorecendo alterações biomecânicas ao longo da cadeia cinética que desencadeia uma disfunção em série e ainda levando a movimentos indesejados e menos eficientes (FERREIRA et al., 2011; PEREIRA; FERREIRA; PEREIRA, 2010; ALENCAR; MATIAS, 2009). Do ponto de vista biomecânico, compreende-se através da literatura que a posição do ciclista em excessiva flexão comprime a porção anterior do disco intervertebral e dilata a posterior o que irá favorecer o enrijecimento do complexo ligamentar posterior, levando a dor lombar. Hérnias de disco podem ocorrer na região lombar também causando dor, sendo associada ao abaulamento do disco intervertebral ou extravasamento do núcleo pulposo e compressão da raiz nervosa no canal vertebral (SANTOS et al., 2011; ALENCAR; MATIAS, 2009; REINEHR; CARPES; MOTA, 2008). Assim, ao revisar a literatura que compõem estudos do fortalecimento musculoesquelético, em especial da estabilização do core, é evidente que é possível evitar o desgaste e tensionamento decorrente de uma má postura, esforço repetitivo durante um longo período de tempo e desequilíbrios musculares, pois quando esse sistema muscular se encontra enfraquecido induz ao desalinhamento dos membros inferiores em esforço submáximo para manter uma determinada potência, além disso, esse desalinhamento dos membros inferiores pode aumentar o risco de lesão, sendo eles juntamente com a coluna lombar mais acometidos em praticantes de ciclismo indoor. Diversos exercícios de estabilização e fortalecimento do core poderão ser realizados em benefício dos praticantes das aulas de ciclismo indoor, onde cada um deles objetivará solucionar necessidades gerais e individuais. Exercícios 39 estes supracitados na revisão de literatura, mas que deverá ser complementado com prescrição individualizada feita pelo profissional responsável. Ou seja, caberá incluir uma avaliação das condições da estabilização do core dos praticantes de ciclismo indoor para que de fato tenhamos um programa de exercícios focados ao melhor resultado de desempenho e saúde. A literatura científica vem de encontro com esta proposta de treinamentos especializados de estabilização do core em ciclistas por dimensões diversas, apresentadas neste estudo. Ainda direcionando o estudo para a importância de como o uso do treinamento de estabilização do core pode auxiliar praticantes de ciclismo indoor, ressalta-se que diversos autores relatam que a prática de fortalecimento dos músculos do core e alongamentos contribuem com um posicionamento pélvico adequado, além de propiciar uma pedalada de maior eficiência (SANTOS; FREITAS, 2010; SANTOS et al., 2011; ALENCAR; MATIAS, 2009). O treinamento de controle da musculatura do core melhora a técnica, aumenta a potência produzida e previne o desenvolvimento de lesões. O ciclista que apresenta uma boa técnica tem mais controle sobre o movimento do tronco e consequentemente lhe sobra mais energia que pode ser repassada pelos membros inferiores ao pedal (CARPES; REINEHR; MOTA, 2008; ALENCAR; MATIAS, 2009). Ferreira et al. (2011), descrevem que o treinamento e fortalecimento do core auxiliam aumentando a estabilidade dos movimentos funcionais responsáveis em gerar a força transmitida ao pedal, aumentando o desempenho, possibilitando a realização dos movimentos exigidos pelo ciclismo por períodos mais longos sem predispor o ciclista à lesão, pois quanto mais sincronizados estão os grupos musculares envolvidos em uma atividade, mais eficiente se torna o movimento. Um bom fortalecimento entre os músculos do core é necessário para estabilizar a pelve e permitir uma potencialização da atividade do quadríceps, isquiostibiais e psoas durante o ciclo da pedalada. Além disso, o fortalecimento da musculatura lombo-pélvica aumenta o desempenho esportivo, reduz a fadiga muscular que induz ao desalinhamento dos membros inferiores durante a pedalada, prevenindo contra lesões musculoesqueléticas, dentre elas a lombalgia e a síndrome da dor femoro-patelar. A estabilização pélvica e resistência à fadiga são fatores críticos para manter a curva fisiológica da coluna vertebral. 40 Conforme foi revisado sobre o modelo atual de execução do ciclismo indoor, consegue-se visualizar a implementação do trabalho de fortalecimento e estabilização do core para praticantes da modalidade. De acordo com a necessidade verificada na literatura atual para um bom rendimento de ambos os trabalhos, ciclismo indoor e estabilização do core, sugere-se a implementação deste método de treinamento para que seja feito esse fortalecimento, contudo, uma proposta mais efetiva seria a de execução dos diversos treinos em dias diferenciados para melhores resultados. Para tanto, estudos nesta linha deverão ser iniciados para verificar do ponto de vista fisiológico qual o volume, intensidade e frequência ideal dos treinamentos para o melhor resultado dos praticantes. Raciocínio este sustentado por estudos na área do treinamento esportivo que baseam-se nos princípios científicos do treinamento (DANTAS et al., 2011; SIMÃO et al., 2007; BORIN; PRESTES; MOURA, 2007). 41 7 CONCLUSÃO A partir desta revisão de literatura pode-se concluir que o core training é um método eficiente de preparação neuromuscular, contribuindo para o desenvolvimento da força, resistência muscular, flexibilidade entre outras capacidades físicas. Pode-se também concluir que o treinamento dos músculos quem constituem o core, são benéficos para o tratamento e prevenção de lesões em várias modalidades esportivas, incluindo o ciclismo, além de proporcionar uma melhora na qualidade de vida, independente do nível de condicionamento ou treinamento do praticante. O treinamento do core tem grande plasticidade, adequando-se às necessidades específicas do praticante, potencializando o equilíbrio corporal e nas transferências de forças produzidas pelo corpo nas ações motoras, além disso, aumenta a estabilidade dos movimentos funcionais responsáveis por gerar força transmitida para pedal, possibilitando assim a realização de movimentos exigidos nas aulas de ciclismo indoor sem predispor o praticante a lesões e dores decorrentes da postura adotada na aula. Para que os resultados sejam alcançados se faz necessário à prescrição de tal atividade baseando-se nos princípios e métodos do treinamento desportivo e respeitar uma ordem progressiva de aplicação dos exercícios, proporcionando assim melhor qualidade de vida, prevenção de lesões e melhora do desempenho. 42 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AABERG, E. Mecânica dos músculos. 2ª Ed. Barueri, SP: Editora Manole. 2008. AKUTHOTA, V. M. D.; NADLER, S. F. Core strengthening. 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