Confraria do Sagu Santa Cruz do Sul/RS Vinhos Portugueses Walter Emílio Dias Luciano Ourique Os vinhos portugueses A cultura da vinha em Portugal remonta ao século VII a. C. Achados históricos indicam que os Romanos (fundadores de Lisboa) apreciavam muito os vinhos provenientes desta região e de Setúbal. O vinho de Portugal começou a aparecer para o mundo, por volta de 1367, pelas mãos de Dom Fernando. Em 1756 o Marquês de Pombal criou a primeira designação de origem de vinhos e a primeira área demarcada foi a região do Douro. Legislação e Classificação De acordo com a nomenclatura comunitária, os vinhos portugueses classificam-se da seguinte maneira: V.Q.P.R.D. (Vinhos de Qualidade Produzidos em Região Determinada) – essa classificação é dada aos vinhos de qualidade, produzidos no integral respeito pelo “Estatuto” de cada uma das regiões que define entre outros, a delimitação da área geográfica, os rendimentos máximos, o tipo de solos, as castas específicas, que fazem parte de uma lista oficial aprovada, as práticas culturais e os métodos de vinificação. Esses vinhos ainda têm que obedecer a normas e características em relação ao teor alcoólico mínimo, ao estágio mínimo obrigatório em madeira, à cor, limpidez, aroma e sabor, que são controladas pelas Comissões Vitivinícolas Regionais, de forma a garantir a genuinidade e qualidade dos vinhos por si certificados. Legislação e Classificação Esta designação engloba todos os vinhos classificados como DOC (Denominação de Origem Controlada – atribuído a vinhos cuja produção está tradicionalmente ligada a uma região geograficamente delimitada e sujeita a regras de produção específica) e IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada – utilizada para vinhos que, embora gozando de características particulares, terão que cumprir, num período mínimo de cinco anos, todas as regras estabelecidas para a produção de vinhos de qualidade para poderem passar para a categoria DOC). Existe também nomenclatura aplicável aos vinhos licorosos, espumantes e frisantes: V.L.Q.P.R.D. (Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada); V.E.Q.P.R.D. (Vinho Espumante de Qualidade Produzido em Região Determinada) V.F.Q.P.R.D. (Vinho Frisante de Qualidade Produzido em Região Determinada). Além dessas menções de qualidade, há também a categoria chamada de “Vinhos Regionais”, correspondente aos vinhos de mesa com Indicação Geográfica, isto é, vinhos de mesa produzidos numa região específica. Estes vinhos são produzidos com uvas provenientes, no mínimo de 85%, da mesma região e de castas identificadas como recomendadas e autorizadas para aquele tipo de vinho, e estão sujeitos a um sistema de identificação. Por último, existe a classificação de “Vinhos de Mesa”, atribuída a todos os vinhos de mesa que não se enquadram nas designações já referidas. Região Vinhos Verdes Portugal é o único país do mundo com direito a produzir o Vinho Verde. A Região Demarcada do Vinho Verde foi instituída em 1908 e regulamentada entre 1926 e 1929. A legislação levou em conta as questões de ordem cultural, tipos de vinho, encepamentos, modos de condução da vinha e métodos de vinificação. Pelas variações existentes, foram estabelecidas seis sub-regiões: • Monção, • Lima, • Basto, • Braga, • Amarante • Penafiel Região Vinhos Verdes A condução da vinha As parreiras cobrem as estradas, formam uma espécie de cerca que limita os campos, aparecem nos jardins e disputam espaço com os pés de couve nos quintais. Não se vê casa sem pelo menos um tronco de vide. O que chama mais a atenção são as videiras que se elevam, entrelaçadas nas árvores. Um dos segredos dos Vinhos Verdes está na seleção de castas, todas típicas da região e portuguesas até a medula - o que dá para ver pelos nomes! Região Vinhos Verdes Para ter direito ao selo da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes o produtor precisa empregar apenas as uvas recomendadas ou no máximo as autorizadas. Para os brancos, a lista de recomendadas inclui: • Alvarinho (também conhecida como Galego ou Galeguinho); • Avesso; • Azal-Branco (Asal da Lixa, Gadelhudo, Pinheira ou Carvalhal); • Batoca; • Loureiro; • Pedernã; • Trajadura (Trinca-dente ou Trincadeira) Vinho Verde Vinhos muito leves, normalmente com menor gradação alcoólica, bastante acidez e aroma frutado. Sua marca registrada é a presença de um pouco de gás que sobra da fermentação, ou é adicionado, e que parece fazer cócegas na boca. É o que se chama a "agulha" dos Vinhos Verdes, elaborado somente com uvas típicas portuguesas. Deve ser tomado a uma temperatura entre 8 a 10º C e o mais importante: é um vinho para se beber jovem. A origem do nome Vinho Verde Não há uma explicação única. Alguns dizem que a denominação se deve à paisagem característica do Minho, onde a vegetação é intensa, frondosa e sempre verdejante. Mas a maioria dos autores associa o nome às condições das uvas locais. É que elas dão origem a vinhos juvenis, com elevada acidez e baixo teor alcoólico. Um vinho que não amadurece como os demais. Deu-la-Deu Alvarinho 2006 Vinho Verde Adega Cooperativa Regional de Monção Valor 5,65 euros Importadora Vinhos do Mundo: R$ 66,00 Proposta: amarelo limão de ligeira profundidade e alguma efervescência ao servir. Nariz jovem de suave intensidade, ocultando fruta cítrica, marmelos e ligeiro tropical. Boca de acidez mediana a elevada. Sempre esperamos uma acidez marcante nestes vinhos e é esta acidez que os torna insubstituíveis. Neste vinho ela é mais controlada, mas nem por isto insuficiente. Corpo médio mostrando fruto redondo que o compõe: marmelo e frutas cítricas maduras. Final médio a longo com mineralidade agradável. Região Douro O Douro foi delimitado e regulamentado oficialmente em 1756, tornando-se a primeira Região Demarcada do mundo. Três sub-regiões: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. A região vinícola do Douro possui as seguintes denominações: DOC Chaves DOC Douro DOC Planalto Mirandês DOC Porto DOC Valpaços REG Trás-os-Montes Região Douro Até 1950, a região do Douro produzia essencialmente vinhos do Porto. Nos últimos 50 anos, a região passou a viver uma nova era. Atualmente as uvas são disputadas a preços elevados para também produzirem os vinhos tintos do Douro. O precursor desta mudança foi o Sr. Fernando Nicolau de Almeida, que na vindima de 1952 fez o seu primeiro Barca Velha. Os vinhos tintos são produzidos a partir de castas como a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Touriga Francesa e a Tinta Barroca. Os brancos provêm de castas como a Malvasia Fina, a Gouveio e a Códega. Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2005 Vinhos do Mundo: R$ 108,00 Portugal: 26 euros Denominação de Origem: Douro Castas: Vinhas Velhas Solo: Xisto Envelhecimento: Quinta do Crasto Douro Reserva 2005 estagiou em barricas de carvalho francês (85%) e carvalho americano (15%), onde permaneceu cerca de 18 meses. Prova Cor: Rubi carregado. Grade concentração num vinho completamente opaco. Nariz: Boa complexidade aromática entre fruta silvestre fresca integrada com suaves notas de folha de tabaco e baunilha, que lhe dão grande profundidade e excelente complexidade. Seu caráter floral recorda aromas de violetas e o seu lado frutado remete para morangos maduros. Surgem insinuações de chocolate preto, notas de café e aromas de torrefação, com a madeira a contribuir para um nariz muito elegante. Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2005 Boca: Ataque elegante e integrado, estrutura elevada com notas intensas de frutos vermelhos do Douro e suave toque de chocolate e especiarias. Taninos muito bem afinados que lhe conferem um final longo e persistente. Elevado potencial de envelhecimento. O vinho Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas, é como o nome indica, produzido com uvas provenientes de vinhas velhas com uma idade média de cerca de 70 anos. Essas eram vinhas que foram feitas para produzir vinho do porto em que as castas eram plantadas todas misturadas pelo que podemos encontrar nessas vinhas cerca de 25 a 30 castas tradicionais do Douro, incluindo as mais conhecidas como a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinto Cão, etc. Região Alentejo Portugal foi conquistado do Norte para o Sul. Quando os conquistadores ultrapassaram o maior rio português, o Tejo, que deságua em Lisboa, disseram "Além do Tejo" e assim se originou a palavra Alentejo. A Região O Alentejo fica no sudeste do país, entre as cidades de Portalegre, ao norte, e Beja, ao sul. Entre as duas, no centro da região está a cidade de Évora, a principal da região. Localização Alentejo é uma sub-região da região de Portugal. Denominações A região vinícola do Alentejo possui as seguintes denominações: DOC Alentejo REG Alentejano Região Alentejo Os brancos são frutados, ligeiramente acídulos ou de aromas intensos e originais. São produzidos a partir de castas como Roupeiro, Antão Vaz & Arinto. Os tintos distinguem-se por aromas frutados e frescos ou por aromas ricos, macios e equilibrados. Provêm de castas como Trincadeira e Aragonez (na Espanha é conhecida como Tempranillo). As principais virtudes do vinho alentejano estão alicerçadas na sua capacidade de adquirir harmonia e elegância já no segundo ou terceiro ano de idade, no seu padrão constante ano após ano e nos seus produtores, tecnologicamente bem equipados. Esporão Private Selection Garrafeira Tinto 2003 Qualimport R$ 183,00 Vinhos do Mundo: R$ 158,00 Portugal: 36,00 euros Avaliação de Luiz Gastão Bolonhez, Revista Adega ANO 3, N. 29 – 2008: A uva Zyrah é a mais plantada nos últimos anos no Alentejo e no caso específico deste Esporão, esta uva tem ainda mais foco nas mãos do enólogo chefe da Herdade do Esporão que é o Australiano David Baverstock. A Herdade do Esporão tem por finalidade elaborar os GARRAFEIRAS somente com as uvas que tiveram melhor expressão. No caso em questão (safra 2003) a Zyrah foi a uva de destaque. Também fazem parte no corte deste exemplar as castas Alicante Bouschet e Aragonês. Possui aromas muito marcantes, muito redondo e bem integrados, onde fruta, madeira e álcool aparecem na medida certa. No paladar é surpreendente, pois é ao mesmo tempo robusto e intenso, sem deixar de ter charme e amabilidade. Um verdadeiro ícone do Alentejo com muita estirpe. Delicioso hoje e com mais 5 anos de evolução na garrafa. Esporão Private Selection Garrafeira Tinto 2003 Alicante Bouschet : É uma casta tintureira, pois têm uma polpa colorida que se destina a dar cor aos vinhos que têm pouco pigmento. Esta casta é produzida por hibridação. A casta Alicante Bouschet é a mais cultivada dentro da sua categoria. Aragonês: Casta com forte presença na Peninsula Ibérica, sendo considerada como uma das melhores castas para a produção de vinhos. O seu tinto é bem provido de matérias corantes e todo o seu potencial é evidenciado quando envelhecido em cascos de carvalho. Esta casta é evidenciada por uma frescura, aroma e sabores frutados. Os cachos são compostos de bagos pequenos e achatados. Devem de ser vindimados assim que atinjam o ponto ideal de maturação; se esse ponto ideal for ultrapassado o mosto perde qualidade. Região Bairrada Para alguns, a Bairrada é um conjunto de “bairros”, que no sentido popular significa terras fortes, argilosas e com excelente aptidão agrícola. Para outros, a Bairrada é um “bairro rural” ou “subúrbio extenso”, neste caso da cidade de Coimbra, da qual a região dependeu durante vários séculos. A Bairrada é uma sub–região da Beira Litoral com apenas 110.000 hectares, dos quais cerca de 15.000 hectares estão plantados com vinha. Região Bairrada Algumas datas marcaram a história da viticultura da Bairrada. Em 1137, D. Afonso Henriques, futuro primeiro Rei de Portugal, autorizou os Frades Crúzios de Coimbra a plantar vinhas nesta região. O Marquês de Pombal ordenou o arranque de todas as videiras, injustiça que foi corrigida algumas décadas mais tarde pela Rainha D. Maria autorizando a sua replantação. Região Bairrada A região só foi demarcada em 1979 e a partir da vindima de 2003 a região sofreu uma autêntica revolução. Os estatutos da região foram modificados, permitindo que desta data em diante os vinhos com Denominação de Origem Bairrada pudessem ser elaborados com uma grande variedade de castas. Acabou assim a “ditadura” da casta Baga nesta região.Além dos vinhos de mesa brancos e tintos, a Bairrada também é conhecida com uma das regiões mais importantes de vinhos espumantes em Portugal. A produção de vinhos espumantes na Bairrada teve início em 1893. Em Anadia, a visita ao Museu do Vinho é imperdível. Filipa Pato Lokal Calcário 2003 Valor de mercado em Portugal: 20 euros Valor Vinhos do Mundo: R$ 109,00 Filipa Pato Lokal Calcário 2003 é elaborado na região das Beiras (Dão e Bairrada). Fiel a seu estilo que alia tradição e modernidade, Filipa Pato usa apenas cepas típicas locais, mas utiliza tanto métodos de vinificação atuais como antigos. Lokal Calcário (100% Baga) está no topo da lista que recebeu grandes elogios de Steven Spurrier, da revista inglesa “Decanter”. Estagiou em barricas novas e de segundo ano (50% do lote final). Cor rubi de boa intensidade. Fino, penetrante. Bastante mineral, reúne boa acidez, taninos numerosos, porém elegante, e grande concentração de fruta madura, confeitos, framboesas cristalizadas, especiarias. Longo, sofisticado, acaricia o palato com persistência. A mineralidade e a acidez equilibrada são características comuns nos vinhos de Filipa. Região Douro / Porto O vinho do Porto, bebida produzida na região do Douro era originalmente um vinho seco de mesa, algo parecido com o clarete francês, e que devido ás constantes disputas entre França e Inglaterra passou a ser de interesse vital para os ingleses. Como a produção francesa estava cada vez mais inacessível, seja pela elevação das taxas de exportação, seja pela guerra, a Inglaterra voltou-se para Espanha e Portugal como fontes de suprimento deste importante produto. Região Douro / Porto Especula-se que para que não estragasse durante a viagem até a Inglaterra o vinho do Douro, durante a fermentação, recebia a adição de 5% de aguardente de uva, o que o tornava adocicado e resistente ao transporte. Com o sucesso da safra de 1820, na qual o clima proporcionou um raro amadurecimento das uvas e, portanto um vinho final ainda mais doce, resolveuse elevar paulatinamente a porcentagem de aguardente até os atuais 20% e realizar esta adição em uma fase mais precoce da fermentação, criando um vinho doce e ao mesmo tempo fortificado. Região Douro / Porto Como esta bebida era embarcada na cidade do Porto, passou a receber o emblemático nome de Vinho do Porto. O Porto é produzido principalmente com as uvas Tinta Cão, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Nacional e Touriga Francesa, quando Porto tinto, ou Malmsey, Sercial, Bual e Verdelho, quanto Porto branco, porém existem cerca de oitenta castas que podem ser utilizadas para produzi-lo. O Porto pode ser criado utilizando-se vinhos de uma única safra ou vinhos de vários anos, de uma única propriedade ou de várias propriedades distintas. Graham’s Porto Tawny 10 Anos Valor Portugal: 16 euros Valor na Vinhos do Mundo: R$ 136,80 Os vinhos Tawny de idade da Graham’s apresentam sabores característicos a nozes e a deliciosos frutos maduros com notas de mel, requintadamente amadurecidos ao longo dos anos em cascos de carvalho. Notas de Prova Cor âmbar profundo, complexo aroma a casca de laranja e frutos secos. No palato, concentrados sabores a fruta madura, harmoniosamente aveludado e um final longo e deleitoso. Experimente ligeiramente fresco para apreciar toda a complexidade e volúpia deste vinho. Uma excelente alternativa ao Vintage, em situações menos formais. Após aberto, conserva-se algumas semanas. Entrando no clima dos vinhos do seu SANDOR... Saúde a todos!! E até ao próximo encontro.