GuIana
Boas Práticas na Construção de Habilidades para a Vida com Jovens e Adolescentes
Título
Pessoa de contato
Redução de riscos e vulnerabilidades de adolescentes e jovens por meio do acesso a informações, serviços e espaços comunitários
acolhedores em comunidades “sob risco” e “desfavorecidos”
Geeta Sethi, Diretora, Escritório Sub-Regional do UNFPA para o Caribe/Jamaica
Patrice La Fleur, Representante Auxiliar do UNFPA na Guiana
Região/país
América Latina e Caribe/Guiana
Área temática
Saúde Reprodutiva
Palavras chave
Habilidades para a vida, serviços de saúde sexual e reprodutiva, envolvimento juvenil, setor de saúde, setor de juventude, governo local
Proporcionar saúde sexual e reprodutiva integral, educação e serviços em sexualidade, e capacitação em habilidades para a vida para que
adolescentes e jovens façam escolhas saudáveis de vida e se tornem cidadãos/ãs responsáveis.
Objetivos específicos
Proporcionar educação sobre saúde sexual e reprodutiva e sobre sexualidade baseada em habilidades para a vida, incluindo
informações sobre identidade e papéis de gênero.
Objetivos
Prestar serviços de saúde sexual e reprodutiva, tais como: aconselhamento e testagem de HIV/aids, acesso à preservativos masculinos
e femininos, informação e encaminhamento a serviços de planejamento familiar e outros serviços.
Facilitar a mudança de comportamento por meio do acesso a informações corretas e apropriadas sobre saúde sexual e reprodutiva,
baseadas em direitos.
Incentivar a participação de jovens por meio da construção de capacidades para aprimorar sua autoestima e confiança para assumir a
liderança em suas comunidades e também no âmbito nacional.
Adquirir habilidades para a vida, habilidades vocacionais e habilidades em tecnologia da informação em preparação para o mercado de
trabalho, para fazer escolhas acertadas na vida e na carreira profissional
Descrição e
contexto
Jovens menores de 25 anos representam quase 50% da população da Guiana. Segundo o Censo de População e Habitação de 2002,
adolescentes entre 10 e 14 anos representam 10,8% da população, enquanto aqueles/as entre 15 e 19 representam 8,9%. A Estratégia de
Cooperação de País da OPAS 2010-2015 identificou que os principais problemas de saúde enfrentados pela juventude na Guiana são o
acesso inadequado a exames odontológicos e físicos, sexo inseguro e outros comportamentos de estilo de vida que levam às DST, como o
HIV/aids, e à gravidez na adolescência. O abuso do álcool e outras substâncias é considerado um problema sério. Uma pesquisa nacional
nas escolas mostrou que 11,6% já usaram maconha ou outras drogas pelo menos uma vez e 1 em cada 3 estudantes já consumiu álcool
pelo menos uma vez, enquanto 50% tomaram sua primeira bebida antes dos 13 anos (Pesquisa de Saúde Global Escolar, Relatório da
Guiana 2004). Além disso, as cinco principais causas de morte entre adolescente foram: suicídio (17,8%), seguido de acidentes de trânsito
(14%), homicídios (7,8%), HIV e aids (6,2%) e eventos indeterminados (6,2%) (Escritório de Estatísticas da Guiana). Em 2007, o Ministério da
Saúde desenvolveu um plano estratégico para responder às necessidades da juventude e tornar os serviços de saúde mais acolhedores e
acessíveis. Isto envolveu a criação de Espaços de Saúde Acolhedores para Jovens dentro das Unidades Básicas de Saúde.
Foram estabelecidos espaços acolhedores para jovens em sete regiões geográficas do país. Estão equipados com as ferramentas
necessárias, incluindo computadores, materiais, jogos e pessoal para fornecer informações e serviços acolhedores. Foram recrutados/
as e treinados/as aconselhadores/as entre pares para fazer abordagens na comunidade usando entretenimento educativo e mesas
portáteis. Cada espaço é gerenciado por um/a Coordenador/a Local que coordena as atividades do dia-a-dia e fornece aos/às jovens as
informações e serviços necessários. Comitês de Orientação proporcionam supervisão, apoio e monitoramento. Os espaços recebem o apoio
dos Conselhos Democráticos Locais, da sociedade civil, incluindo organizações de juventude e religiosas, ministérios setoriais e organizações
internacionais.
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Estratégia:
Para apoiar os esforços do Ministério de Saúde, o UNFPA uniu forças com o Ministério da Cultura, Juventude e Esportes para promover a
Iniciativa de Espaços Comunitários Acolhedores para Adolescentes e Jovens como uma estratégia para alcançar adolescentes e jovens em
situação de risco e vulneráveis à infecção pelo ao HIV/aids, à gravidez não planejada e a outros problemas sociais .
Implementação:
Os coordenadores locais foram treinados para compreender as necessidades e os desafios de adolescentes e jovens e estão
contribuindo para criação de um ambiente seguro e propício para que adolescentes acessem informações corretas e serviços.
Os parceiros da iniciativa estão recomendando junto ao Ministério a integração da saúde sexual e reprodutiva (SSR) e da prevenção de
violência baseada em gênero (VBG) nas políticas e programas para a juventude.
Também tem sido disponibilizado treinamento em Gestão Orientada para Resultados e treinamento em Monitoramento e Avaliação,
para aprimorar a elaboração de atividades baseadas em resultados que tenham impacto nos beneficiários e nas comunidades.
Disponibilização de um veículo para monitoramento dos Espaços.
Desenvolvimento de Diretrizes de Funcionamento dos Espaços Acolhedores para a Juventude, de forma a garantir que os padrões
sejam cumpridos em todos os Espaços.
Está prevista a capacitação contínua de Oficiais da Juventude e de profissionais-chave dos Ministérios para superar a alta rotatividade
de pessoal qualificado.
Desenvolvimento contínuo das capacidades dos/das profissionais envolvidos/as na Iniciativa dos Espaços Acolhedores para
Adolescentes e Jovens.
Encontros periódicos dos Coordenadores Locais e dos membros do Comitê Orientador com Oficiais do Ministério e do UNFPA para
discutir os progressos e desafios.
Estratégias,
principais desafios
e implementação
Programas de treinamento para coordenadores locais e educadores entre pares vinculados/as aos Espaços, para fortalecer suas
capacidades e competências de gerenciamento dos Espaços e comunicar adequadamente mensagens nas áreas de VBG, SSR e HIV/
aids.
Visitas de intercâmbio a outros espaços em outras regiões para compartilhar, aprender e adquirir novas estratégias.
Disponibilização aos Coordenadores Locais e aos Educadores entre Pares de oportunidades externas de treinamento para a aquisição
de habilidades de empregabilidade e outras habilidades para a vida.
O monitoramento das operações dos Espaços é um processo contínuo; a equipe, composta pelo UNFPA e pelo Departamento de
Juventude, visita as regiões onde se localizam os Espaços. As Diretrizes são conferidas durante as visitas para garantir que estejam sendo
cumpridas. É uma tarefa dos Coordenadores Locais registrar o número de visitas ao Espaço, assim como os assuntos abordados, os
treinamentos realizados e o número de pessoas alcançadas nas abordagens externas. Também é da responsabilidade dos Coordenadores
Locais elaborarem relatórios trimestrais de progresso sobre as conquistas e os desafios.
Desafios:
Dificuldade em adquirir imóveis adequados para acomodar os Espaços Acolhedores para Adolescentes e Jovens. Em alguns casos,
as Prefeituras disponibilizaram os Espaços nas comunidades. Dentro de suas possibilidades, o Ministério de Educação, organizações
religiosas e indivíduos com espírito cívico também disponibilizaram os Espaços.
Em alguns casos, houve dificuldade em atrair indivíduos das comunidades com competência para desenvolver a função de
Coordenador/a Local. É oferecida uma pequena ajuda de custo a estes indivíduos, o que representa o principal impedimento para
o recrutamento. Para enfrentar este desafio, foram buscadas parcerias com jovens que desejem ser voluntários por um período de
tempo para prestar serviços de supervisão nos Espaços. Jovens que atuam como Coordenadores Locais participam de programas de
treinamento organizados pelo Ministério da Juventude e pelo UNFPA, e são incentivados a acessar programas de educação contínua.
Monitorar o desempenho de todos os Espaços tem sido desafiador porque estão localizados em comunidades espalhadas por todo o
país. O monitoramento é da responsabilidade dos Oficiais de Juventude, no entanto não têm conseguido realizá-lo adequadamente.
Para resolver este problema, o Ministério da Juventude e o UNFPA têm se beneficiado da parceria com o PNUD e seu Programa
Nacional de Voluntários da ONU, por meio do qual dois voluntários foram alocados no Ministério da Juventude para dar apoio aos
Espaços Acolhedores para Adolescentes e Jovens, bem como aos Coordenadores Locais
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10 mil adolescentes e jovens (de ambos os sexos) foram beneficiados pelos programas e serviços em SSR, VBG, habilidades para a vida,
educação cívica e lazer nos Espaços em sete das dez regiões administrativas.
320 educadores entre pares foram treinados em Saúde Sexual e Reprodutiva, prevenção do HIV/aids e redução da violência baseada no
gênero e têm realizado abordagens em suas comunidades, alcançando mais de 1.000 famílias com informações. Em especial, puderam
ajudar os pais a compreenderem a importância de se disponibilizar informações sobre a saúde sexual e reprodutiva.
Por meio de ações de aconselhamento feitas pelos Coordenadores Locais em aldeias rurais, onde o casamento precoce é uma tradição,
houve uma redução no número de suicídios associados a esse tipo de casamento, já que os pais foram sensibilizados sobre os efeitos
negativos dessa prática.
Progresso e
resultados
30% das mulheres e homens jovens que se beneficiaram das sessões nos Espaços têm assumido papéis de liderança em diversas
organizações em suas respectivas comunidades, relatando que adquiriram autoconfiança e que as suas capacidades foram reforçadas.
Exemplos - Três jovens do sexo feminino participaram da Reunião de Revisão do Fundo UNFPA/OPEC no Malaui e em Belize,
respectivamente, e uma mãe adolescente representou o Grupo de Mães Adolescentes no Fórum Mundial da Juventude realizado no México
em 2010. Além disso, uma jovem mulher rural ingressou na Universidade da Guiana e foi indicada para participar de Reunião da OEA nos
EUA. Todos/as estes/as jovens têm observado que os conhecimentos e as competências adquiridos por meio da participação nos Espaços
contribuíram de forma significativa para o seu desenvolvimento pessoal.
20% dos homens jovens que visitam os Espaços perceberam que a iniciativa “nos manteve fora de encrencas, tais como atividades
criminosas”.
Em duas comunidades de áreas agrícolas, os Espaços ofereceram a homens e mulheres jovens desempregados/as a oportunidade de
adquirir habilidades de empregabilidade e alguns já foram empregados/as, enquanto outros/as estabeleceram pequenos negócios.
O componente cívico da Iniciativa, que é um importante componente do Programa do Ministério da Cultura, Juventude e Esportes, buscou
restaurar o orgulho nacional entre meninos e meninas jovens
É importante envolver os membros da comunidade nas etapas iniciais da iniciativa para alimentar o sentimento de apropriação e
participação comunitária. Um processo altamente consultivo incentivará essa participação e garantirá o sucesso da iniciativa.
É importante proporcionar capacitação contínua para os Coordenadores Locais e os Educadores entre Pares, para garantir uma melhor
execução das atividades nos Espaços.
Lições aprendidas
A iniciativa tem o potencial de transformar a vida dos indivíduos e das comunidades.
Toda comunidade, especialmente as comunidades “sob risco”, precisa de um Espaço Seguro para garantir o desenvolvimento positivo
de adolescentes e jovens, bem como de suas famílias. Em muitas comunidades rurais, pais e familiares também se beneficiam das
informações compartilhadas nos Espaços. Isto é especialmente importante, já que essas comunidades não têm outros lugares para troca
de informações. Continuam sendo de difícil acesso devido à localização e à escassez de recursos para estabelecer os locais
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Uma das principais barreiras para que os/as jovens acessem as informações e os serviços em saúde sexual e reprodutiva é a relutância de
alguns profissionais em disponibilizar-lhes acesso aos serviços de planejamento familiar e reprodutivo voluntário por conta de seus valores
pessoais e crenças religiosas. Muitos pais e adultos equivocadamente acreditam que o acesso à informação irá incentivar os/as jovens a
terem relações sexuais ao invés de mostrar como ter uma sexualidade responsável. Como resultado, o diálogo sobre questões de sexo e
sexualidade não é incentivado.
Este silêncio que envolve o sexo e a sexualidade pode impactar negativamente o potencial dos/das jovens. O comportamento sexual
irresponsável resultante da falta de informação e serviços pode torná-los/as vulneráveis às infecções sexualmente transmissíveis, incluindo
o HIV, e à gravidez não desejada. Os Espaços oferecem uma oportunidade para alcançar os/as jovens, especialmente aqueles que estão em
risco de HIV/aids, violência baseada no gênero, crime e violência, que estão fora da escola ou que precisam ter acesso a informações, lazer
e habilidades para a vida, incluindo a resolução de conflitos e habilidades de geração de renda.
Conclusões e
recomendações
A juventude está nos dizendo que estes Espaços em suas aldeias e comunidades estão transformando suas vidas. Uma jovem rural, que
elogiou a Iniciativa na última Reunião Anual de Revisão do UNFPA, explicou que em muitos lares na comunidade hindu, a palavra “sexo” era
um tabu. Entre os familiares ninguém mencionava a palavra. Contudo, por meio de sessões de orientação com os pais e outros adultos,
houve uma mudança e, hoje, há mais interação entre pais e filhos e as barreiras sobre sexo e gênero estão sendo eliminadas lentamente.
Isso também é o caso entre aqueles que vivem em comunidades cristãs. Muitas mães adolescentes relatam que a iniciativa proporciona
uma oportunidade para acessar informações corretas e serviços. E creem que se tivessem recebido essas informações em suas casas e
escolas, elas poderiam ter evitado a gravidez não desejada e/ou não planejada, além de terem evitado ser violentadas sexualmente.
A Iniciativa dos Espaços Acolhedores para Adolescentes e Jovens oferece a possibilidade da construção de parcerias com diversas
organizações e instituições voltadas para o avanço do crescimento e desenvolvimento socioeconômico de adolescentes e jovens.
Será realizada uma avaliação do progresso alcançada pela iniciativa.
Sustentabilidade e oportunidades para a ampliação do projeto
O Ministério da Cultura, Juventude e Esportes está em processo de inclusão do gerenciamento dos Espaços em seu orçamento. Começou
com o financiamento de algumas das atividades dos Espaços utilizando seus recursos humanos e financeiros. Existe apoio também dos
Conselhos Democráticos Regionais, dos Conselhos Democráticos Locais e dos Comitês Orientadores Comunitários.
Há uma massa crítica de educadores entre pares vinculados aos Espaços que estão disponíveis nas comunidades e aldeias para alcançar os
adolescentes e jovens que querem atuar em prol de mudanças de comportamento.
Pretende-se ampliar o número de Espaços para outras comunidades “sob risco” nas regiões rurais e no interior do país, onde há um grande
número de populações indígenas. Em todas as aldeias e comunidades onde os Espaços estão localizados, esta é a única oportunidade que
os jovens têm para acessar informações e serviços. É um grande benefício para adolescentes e jovens, em especial jovens “sob risco”, já que
ainda existem desafios nas Unidades Básicas de Saúde em termos de fornecer de maneira acolhedora informações e serviços a jovens e
adolescentes.
Ministério da Cultura, Juventude e Esportes
Conselhos Democráticos Regionais
Parceiros
Conselhos Democráticos Locais
Ministério da Educação
Unidades Básicas de Saúde, Ministério da Saúde
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Programa Nacional de Voluntários da ONU)
Fontes e Links
Revisado por
Guia: Guide for Establishing Community Youth Friendly Spaces, Guyana Ministry of Culture, Youth & Sport and UNFPA, 2010
Vídeo Documentário: Adolescent Youth-Friendly Community Initiative 2010
Vertha Dumont, Especialista em Monitoramento e Avaliação, Escritório Sub-Regional do UNFPA na Jamaica
Althea Buchanan, Especialista em Comunicação e Advocacy, Escritório Sub-Regional do UNFPA na Jamaica
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