Título: JUVENTUDE, DESAFILIAÇÃO E VIOLÊNCIA Tema: 9 - Políticas Públicas Autor responsável por apresentar o Trabalho: RICHARLLS MARTINS DA SILVA Autor(es) adicionais: ADRIANA PEDREIRA BOTELHO, BIANCA DE AZEVEDO LIMA, LIGIA COSTA LEITE Financiador: UFRJ Resumo: Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA-, as formas de internação e privação de liberdade se alteraram, porém crianças e adolescentes continuam dependentes de instituições de abrigamento, passagem, triagem, permanência, entre outras categorias, todas englobadas pelo nome genérico de “equipamentos”. A institucionalização de jovens no Brasil, após Lei de 1990 (Estatuto da Criança e Adolescente), torna-se medida de exceção para acolher e abrigar por até seis meses crianças e adolescentes, em situação de risco social. Na prática, encontra-se uma “nova” institucionalização: jovens abrigados evadem e retornam ou migram entre abrigos, criando vínculos apenas com outros jovens, também vulneráveis. O que era proposto para ser provisório tornou-se permanente na vida dos jovens. Esses procedimentos se configuram como formas de violência silenciosa, que não geram autonomia, nem projeto de vida para os jovens. O tema pesquisado é o abandono na juventude pobre abrigada. O objetivo principal é analisar aspectos das políticas públicas de proteção aos jovens do Rio de Janeiro em situação de vulnerabilidade (rua, fome, conflito com a lei, morte/extermínio), visando a suprir, dentro da filosofia de atendimento integral da Lei, o abandono causado pela violência nas famílias ou comunidades. A primeira forma de violência, descrita pela Lei, ocorre “por ação ou omissão da sociedade ou do Estado”. A pesquisa entende que o não-reconhecimento da juventude pobre como sujeito-cidadão é uma das mais graves formas de violência silenciosa. Diante dessa possibilidade, torna-se relevante analisar questões subjetivas que interferem nas relações entre os adolescentes e as instituições que os assistem, entre elas, pode-se citar, estão o desejo de serem vistos como sujeitos de escolhas para os projetos que lhes são dirigidos; e o fato da grande maioria dos projetos oscilar entre o paternalismo/ assistencialismo/ repressão e não ver esta juventude como sujeito. Os objetivos específicos do projeto são analisar, pela ótica da saúde mental, as visões dos jovens sobre as instituições pelas quais passaram, os pontos positivos e negativos e aspectos de proteção ou de vulnerabilidade. Além disso, a iniciativa pretende delimitar que tipo de instituição, projeto, proposta e ação os jovens nomeiam como abrigo, e reconhecer indicadores de saúde mental e/ou de riscos psicossociais. A metodologia adotada é a coleta das narrativas dos jovens para investigar sua compreensão desta “nova” institucionalização e identificar as formas de violência silenciosa que interferem na saúde mental, geram sofrimento psíquico e muitas vezes, nos levam a assumir a violência como uma forma de linguagem interpessoal. O principal objetivo desta pesquisa é que seus resultados forneçam subsídios para discussões nas instâncias das políticas sociais de proteção de crianças/adolescentes, visando a propiciar mudanças de paradigmas que possam resultar em alterações no sistema de abrigamento/proteção hoje existente no Brasil. A escuta destes sujeitos, coleta de suas narrativas sobre o abrigamento, terá importante repercussão nas instâncias das políticas públicas.