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X Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
A resposta da variabilidade da frequência cardíaca à ativação
simpato/vagal está alterada em indivíduos com síndrome
metabólica em repouso e não após uma sessão de exercício
físico moderado e dinâmico.
Liliane Appratto de Souza*; Denielli da Silva Gonçalves Bós *, Andresse Silveira de
Oliveira*; Virgínia Minghelli Schmitt**; Ana Maria Pandolfo Feoli*;
Fabrício Edler Macagnan*.
Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia / PUCRS; ** Faculdade de Farmácia / PUCRS.
Introdução
A síndrome metabólica (SM) é uma condição clínica definida pela associação de
alguns fatores de risco cardiovascular, que, quando presentes, aumentam uma vez e meia a
mortalidade geral e duas vezes e meia a mortalidade cardiovascular (1). A prática regular de
exercício físico e a adoção de hábito alimentar saudável, associadas ou não ao tratamento
farmacológico, são fundamentais para a prevenção e tratamento da SM. Neste contexto, a
variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) tem sido considerada um mecanismo complexo de
mensuração da modulação da ativação/inibição do sistema nervoso simpático (SNS) e do
sistema nervoso parassimpático (SNP) e suas interações(2). Esse mecanismo pode ser utilizado
como um preditor de doença cardiovascular, onde a diminuição da VFC representa um
predomínio da atividade simpática, o que é fortemente associada à presença de SM e ao
aumento de risco cardiovascular(3). Este estudo tem como objetivo avaliar a variabilidade da
frequência cardíaca (VFC), após uma sessão exercício físico moderado e dinâmico, em
indivíduos com síndrome metabólica (SM).
Metodologia
Ambos os grupos SM e controle (GC) foram compostos por 07 voluntários (47.86 ±
9.81 anos; 50.71 ± 7.06 anos; respectivamente), com 04 homens em cada grupo. Os
voluntários do GC não apresentavam nenhum critério para SM, enquanto que no grupo SM
todos os voluntários apresentaram 03 ou mais dos critérios preconizados pela ATP III (GC vs
SM; IMC: 24.59 ± 1.24 vs 35.86 ± 4.04 km/m2; Circunferência Abdominal: 85.57 ± 13.55 vs
117.14 ± 11.12 cm; PAS: 113.57 ± 8.02 vs 145.86 ± 11.64, mmHg; PAD: 77.71 ± 12.72 vs
94.29 ± 9.32, mmHg; Triglicerídeos: 94.86 ± 33.52 vs 223.57 ± 73.31, md/dL; HDL-c: 56.29
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± 8.56 vs 49.43 ± 9.05 md/dL; Glicose de Jejum: 89.29 ± 10.90 vs 102.57 ± 16.27 md/dL). A
VFC foi determinada pela variação do intervalo R-R. O eletrocardiograma foi registrado no
sistema de aquisição DataQ Windaq®. O tamanho dos intervalos RR foi uma sequência de
300 ciclos cardíacos. A VFC foi registrada ao longo de 07 minutos em 03 diferentes situações
(1) decúbito dorsal (DD); (2) ativação vagal (AV) e (3) ativação simpática (AS). A AV foi
obtida pela ventilação controlada, 15 ciclos ventilatórios por minuto em DD. A AS foi
induzida pela passagem do DD para a posição em pé. Os registros foram realizados em
repouso (Rep) e após 15 minutos de recuperação (Rec) de uma caminhada em esteira rolante
(30 minutos), onde a velocidade e a inclinação foram suficientemente ajustadas a fim de
manter a FC entre 65% e 75% da FC máxima prevista para a idade. A análise dos dados foi
realizada pela ANOVA com medidas repetidas e Tukey no pos hoc test (p≤0,05).
Resultados
A análise multivariada mostrou que o exercício físico moderado reduziu a VFC
independente das situações (Rep vs Rec; DD: 0,9 vs 0,6 s2; AV: 1,0 vs 0,8 s2; AS: 0,7 vs 0,5
s2; p<0,001). Além disso, a AS reduziu a VAR tanto antes quanto após o exercício (p<0,02).
Ao analisar separadamente os grupos observamos que no grupo SM a VFC foi menor em
todas as situações no Rep (GC vs SM; DD: 1,1 vs 0,7 s2; AV: 1,1 vs 0,9 s2; AS: 0,9 vs 0,4 s2;
p<0,04), mas na Rec os valores foram semelhantes entre os grupos (GC vs SM; DD: 0,6 vs
0,5 s2; AV: 0,8 vs 0,6 s2; AS: 0,7 vs 0,3 s2; p=0,08).
Table 01: Características Clínicas da Amostra
Controle n = 7
masc/fem
4/3
Sexo
Idade
Anos
peso
Kg
2
SM n = 7
4/3
p
50,71 ± 7,06
47,86 ± 9,81
0,543
71,86 ± 5,21
102,91 ± 11,45
0,000
24,59 ± 1,24
35,86 ± 4,04
0,000
IMC
Kg/m
CA
cm
85,57 ± 13,55
117,14 ± 11,12
0,000
PAS
mmHg
113,57 ± 8,02
145,86 ± 11,64
0,000
PAD
mmHg
77,71 ± 12,72
94,29 ± 9,32
0,016
CT
mg/dL
199,86 ± 36,18
225,00 ± 38,67
0,233
Tg
mg/dL
94,86 ± 33,52
223,57 ± 73,31
0,001
HDL-c
mg/dL
56,29 ± 8,56
49,43 ± 9,05
0,171
LDL-c
mg/dL
168,29 ± 34,30
170,40 ± 28,93
0,965
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mg/dL
89,29 ± 10,90
102,57 ± 16,27
0,097
Gj
Os dados são apresentados como média ± DPM. Controle = indivíduos saudáveis; SM =
Indivíduos com três ou mais critérios para Síndrome Metabólica (ATP III). IMC = índice de
massa corporal; CA = circunferência abdominal; PAS = pressão arterial sistólica; PAD =
pressão arterial diastólica, CT = colesterol total; Tg = triglicerídeos; HDL-c = lipoproteína de
alta densidade; LDL-c = lipoproteína de baixa densidade, Gj = glicose em jejum; p = valor de
p para análise estatística (Teste T de Student para amostras não-pareadas).
Conclusão
A VFC está reduzida nos indivíduos com SM em repouso e mantém-se mesmo após o
exercício agudo.
Referências
1.
Diretriz Brasileira para diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica. Hipertensão
2004;7(4):121-163.
2.
Kleiger RE, Stein PK, Bigger JT Jr. Heart rate variability: Measyrement and clinical utility. Ann
Noninvasive Electrocardiol 2005; 10:88-101.
3.
Anil K, Gehi, Rachel Lampert, Emir Veledar, Forrester Lee, Jack Goldberg, Linda Jones, Nancy
Murrah, Ali Ashraf, Viola Vaccarino. A Twin Study of Metabolic Syndrome and Autonomic Tone.
Journal of Cardiovascular Rlectrophysiology 2008:
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