Unidade 1
INTRODUÇÃO AO
DIREITO DO TRABALHO
Nívea Cordeiro
2012
1
HISTÓRIA DO DIREITO
DO TRABALHO
2

É impossível conhecer o
Direito do Trabalho sem
conhecer seu passado.

Esse ramo do Direito é muito
dinâmico, mudando as
condições de trabalho com
muita freqüência, pois é
intimamente relacionado com
as questões econômicas.

Inicialmente o trabalho foi
considerado na Bíblia como
castigo. Adão teve de trabalhar
para comer em razão de ter
comido o fruto proibido
(Gênesis, 3).
3
Trabalho vem do
latim tripalium,
que era uma
espécie de
instrumento de
tortura de três
paus ou uma
canga que pesava
sobre os animais.
4

A primeira forma de
trabalho foi a
escravidão.

O escravo era
considerado apenas
uma coisa, pois era
propriedade do
dominus não tendo
qualquer direito, muito
menos trabalhista.
5
Os escravos faziam o trabalho
duro, enquanto os outros
poderiam ser livres.
O trabalho não tinha o
significado de realização
pessoal.
6
Na Grécia, Platão e Aristóteles
entendiam que o trabalho tinha
sentido pejorativo, pois envolvia a
força física.
A dignidade do homem
consistia em participar
dos negócios da
cidade por meio da
palavra.
7
Num segundo momento encontramos a
servidão.
Era a época do feudalismo, em que os
senhores feudais davam proteção militar
e política aos servos que tinham de
entregar parte da produção rural aos
senhores feudais em troca da proteção
que recebiam e do uso da terra.
Nessa época o trabalho era
considerado um castigo.
Os nobres não trabalhavam.
8

Num terceiro plano, encontramos as corporações
de ofício, em que existiam três personagens: os
mestres, os companheiros e os aprendizes.

No início das corporações de ofício, só existiam dois
graus: mestres e aprendizes.

No século XIV, surge o grau intermediário dos
companheiros.

Os mestres eram proprietários
das oficinas que já tinham passado
pela prova da obra-mestra.
9

Os companheiros eram trabalhadores que
percebiam salários dos mestres.

Os aprendizes eram os menores (a partir de 12
ou 14 anos) que recebiam dos mestres o ensino
metódico do ofício ou profissão, podendo impor
aos menores castigos (até corporais).
Os pais dos aprendizes pagavam taxas
(muitas vezes elevadas) para o mestre
ensinar seus filhos.
10

Se o aprendiz superasse as dificuldades
dos ensinamentos, passava ao grau de
companheiro.

O companheiro só passava a mestre se
fosse aprovado em exame de obra-mestra
(prova que era muito difícil),
tendo de pagar uma taxa
para realizar este exame.
11

Entretanto, quem contraísse matrimônio
com a filha do mestre, desde que fosse
companheiro, ou casasse com a viúva do
mestre, passava a esta condição.

Dos filhos dos mestres não se exigia
qualquer exame ou avaliação de obra.

As corporações de ofício foram suprimidas
com a Revolução Francesa, em 1789, pois
foram consideradas incompatíveis com o
ideal de liberdade do homem.
12

As condições de trabalho foram modificando-se no
decorrer dos anos;

A Revolução Industrial acabou transformando o
trabalho em emprego, quando os trabalhadores, de
maneira geral, passaram a trabalhar por salários;

A jornada de trabalho era muito longa, chegando até a
18 horas no verão, mas na maioria das
vezes terminava com o pôr-do-sol por
questão de qualidade de trabalho e
não por proteção aos aprendizes e
companheiros.
13

Afirma-se que o Direito do Trabalho
e o contrato de trabalho passaram a
desenvolver-se com o surgimento
da Revolução Industrial.

A principal causa do surgimento da
Revolução
Industrial
foi
o
aparecimento da máquina a vapor
como fonte energética.

Com a máquina de fiar, o trabalho
era feito de forma mais rápida.
14

A partir do momento em que foi inventado o
lampião a gás por William Murdok em 1792, o
trabalho passou a ser prestado em média
entre 12 e 14 horas por dia.

Várias indústrias começaram a trabalhar no
período noturno.
15

Para Giglio (2007), com a
Revolução Industrial (1782), a partir
do momento em que passaram a
ser utilizadas máquinas na
produção, começaram a surgir
novas condições de trabalho;

O tear foi um elemento causador
de desemprego na época;

Houve aumento da mão-de-obra
disponível, causando, em
consequência, a diminuição dos
salários pagos aos trabalhadores
16

Com os novos métodos de
produção, a agricultura também
passou a empregar um número
menor de pessoas, causando
desemprego no campo.

Inicia-se, assim, a substituição
do trabalho manual pelo
trabalho com o uso de
máquinas.

Havia necessidade de que as
pessoas viessem, também, a
operar as máquinas, não só a
vapor, mas as máquinas têxteis,
o que fez surgir o trabalho
17
assalariado.

Com o surgimento da máquina a vapor, houve a
instalação das indústrias onde existisse carvão (minas de
carvão), como ocorreu na Inglaterra.

O trabalhador prestava serviços em condições
insalubres, sujeito a incêndios, explosões, intoxicação
por gases, inundações, desmoronamentos, prestando
serviços por baixos salários e sujeito a várias horas de
trabalho, além de oito.
18

Ocorriam muitos acidentes de trabalho, além de
várias doenças decorrentes dos gases, da poeira, do
trabalho em local encharcado, principalmente a
tuberculose, a asma e a pneumonia.

Trabalhavam direta ou indiretamente nas minas
praticamente toda a família (pai, mulher, os filhos, os
filhos dos filhos etc.).

Eram feitos contratos

verbais vitalícios ou então

enquanto o trabalhador

pudesse prestar serviços,

implicando verdadeira

servidão.
19

Certos trabalhadores eram
comprados e vendidos com
seus filhos.

Os trabalhadores ficavam
sujeitos a multas, que
absorviam seu salário.

Isso só terminou por meio
dos decretos parlamentares
de 1774 e 1779, quando foram
suprimidas essas questões
nas minas escocesas.
20

No princípio, verifica-se que o
patrão era o proprietário da
máquina, detendo os meios de
produção, tendo, assim, o poder
de direção em relação ao
trabalhador.

Isso já mostrava a desigualdade
a que estava submetido o
trabalhador, pois este não
possuía nada.

Havia, portanto, necessidade de
maior proteção ao trabalhador,
que se inseria desigualmente
nessa relação.
21

Começa a haver a necessidade
de intervenção estatal nas
relações de trabalho, dados os
abusos que vinham sendo
cometidos, de modo geral, pelos
empregadores, a ponto de serem
exigidos serviços em jornadas
excessivas para menores e
mulheres, de mais de 16 horas
por dia ou até o pôr-do-sol,
pagando metade ou menos dos
salários que eram pagos aos
homens.
22

Substituía-se o trabalho adulto pelo trabalho das
mulheres e dos menores, que trabalhavam mais horas,
percebendo salários inferiores;

A partir desse momento, os operários passaram a reunirse para reivindicar novas condições de trabalho e
melhores salários, surgindo conflitos trabalhistas,
principalmente os coletivos;

Os obreiros paralisavam a produção, ocasionando a
greve, que era um mecanismo de luta e
autodefesa, visto que não existiam normas
que resolvessem esses conflitos;

Só se retomava o trabalho quando
uma das partes cedesse em suas
reivindicações.
23

Daí surge a causa jurídica,
pois os trabalhadores
começaram a reunir-se, a
associar-se, para reivindicar
melhores condições de
trabalho e de salários,
diminuição das jornadas
excessivas de trabalho (os
trabalhadores prestavam
serviços por 12, 14 ou 16 horas
diárias).
24

A Revolução Francesa de 1848 e
sua Constituição reconheceram o
primeiro dos direitos econômicos
e sociais: o direito ao trabalho.

Foi imposta ao Estado a obrigação
de dar meios ao desempregado de
ganhar sua subsistência.
25

O liberalismo do século XVIII pregava um
Estado alheio à área econômica, que,
quando muito, seria árbitro nas disputas
sociais, consubstanciado na frase clássica
laissez faire, laissez passer, laissez aller
(deixar fazer, deixar passar, deixar ir).
26
O Estado não se imiscuía para resolver os
conflitos surgidos entre empregados e
empregadores.
Mais tarde, o Estado verificou que era
necessário intervir para solucionar os conflitos
trabalhistas, pois com a paralisação do
trabalho arrecadava menos impostos, além de
prejudicar a ordem interna.
27

Passa, portanto, a haver um
intervencionismo do Estado,
principalmente para realizar o bemestar social e melhorar as
condições de trabalho.

O trabalhador passa a ser protegido
jurídica e economicamente.

Como afirma Galart Folch
(1936:16): a legislação do trabalho
deve assegurar superioridade
jurídica ao empregado em razão de
sua inferioridade econômica.

A lei passa a estabelecer normas
mínimas sobre condições de
trabalho, que devem ser
respeitadas pelo empregador.
28
A história do Direito do Trabalho
identifica-se com a história da subordinação,
do trabalho subordinado.
Verifica-se que a preocupação maior
é com a proteção do hipossuficiente e com
o emprego típico.
29

Em 1º de Maio de 1886, em
Chicago, nos Estados Unidos,
os trabalhadores não tinham
garantias trabalhistas.

Organizaram greves e
manifestações, visando
melhores condições de
trabalho, especialmente
redução da jornada de 13 para 8
horas.

Nesse dia, a polícia entrou em
choque com os grevistas.

Uma pessoa não identificada
jogou uma bomba na multidão,
matando quatro manifestantes
e três policiais.
30

Oito líderes trabalhistas foram presos e julgados
responsáveis.

Um deles suicidou-se na prisão. Posteriormente, os
governos e os sindicatos resolveram escolher o dia
1º de maio como o dia do trabalho.

Nos Estados Unidos e na Austrália, o dia do trabalho
é considerado a primeira segunda-feira de setembro
(Labor’s day).
31

A partir do término da
Primeira Guerra Mundial,
surge o que pode ser
chamado de
constitucionalismo social,
que é a inclusão nas
Constituições de preceitos
relativos à defesa social da
pessoa, de normas de
interesse social e de
garantia de certos direitos
fundamentais, incluindo
Direito do Trabalho.
32

A primeira Constituição que tratou do
tema foi a do México em 1917.

O art. 123 da referida norma
estabelecia jornada de 8 horas,
proibição de trabalho de menor de 12
anos, limitação da jornada dos
menores de 16 anos a 6 horas,
jornada máxima noturna de 7 horas,
descanso semanal, proteção à
maternidade, salário mínimo, direito
de sindicalização e de greve,
indenização de dispensa, seguro
social e proteção contra acidentes do
33
trabalho.

Daí em diante, as constituições dos
países passaram a tratar o Direito do
Trabalho e a constitucionalizar os
direitos trabalhistas.

Surge o Tratado de Versalhes em 1919
prevendo a criação da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que iria
incumbir-se de proteger as relações
entre empregados e empregadores no
âmbito internacional.

A Declaração Universal dos Direitos do
Homem, de Dezembro de 1948, prevê
alguns direitos aos trabalhadores, como
limitação razoável do trabalho, férias34
remuneradas periódicas e lazer etc.

No Brasil, inicialmente, as
Constituições versavam apenas
sobre a forma do Estado, sistema
de governo.

Posteriormente passaram a tratar
de todos os ramos do Direito e,
especialmente, do Direito do
Trabalho.

A Constituição de 1934 é a primeira
a tratar especificamente do
assunto.

Garantia a liberdade sindical,
isonomia salarial, salário mínimo,
jornada de oito horas de trabalho,
proteção do trabalho das mulheres
e menores, repouso semanal, férias
35
anuais remuneradas.

A Constituição de 1937
instituiu o sindicato único,
imposto por lei, vinculado
ao Estado.

Foi criado o imposto
sindical.
36

Existiam várias normas esparsas
sobre os mais diversos assuntos
trabalhistas.

Houve a necessidade de
sistematização dessas regras.

Para tanto, foi editado o Decreto-Lei
Nº. 5.452 de 1º-5-1943, aprovando a
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO (CLT). O objetivo foi
apenas o de reunir as leis esparsas
existentes na época, consolidandoas.

Não se trata de um Código, pois
este pressupõe um Direito novo. Ao
contrário, a CLT apenas reuniu a
legislação existente na época,
37
consolidando-a.

Em 05/10/1988, foi aprovada a atual
Constituição, que trata de direitos
trabalhistas nos arts. 7º a 11 (Dos Direitos
Sociais – Dos Direitos e Garantias
Fundamentais).

O art. 7º trata dos direitos individuais e
tutelares do trabalho.

O art. 8º versa sobre o sindicato e suas
relações.

O art. 9º especifica regras sobre greve.

O art. 10 determina disposição sobre a
participação dos trabalhadores em
colegiados.

O art. 11 menciona que nas empresas com
mais de 200 empregados é assegurada a
eleição de um representante dos
trabalhadores para entendimentos com o
empregador.
38
Para encerrar….
39
ECO: UMA LIÇÃO DE VIDA
Pai e filho caminhavam pela montanha. De repente o
garoto cai, se machuca e grita:
- Aaaaaai!!!!!!
Para sua surpresa escuta a voz se repetir, em algum
lugar da montanha:
- AAAAAAI!!!!!!
40
Curioso, pergunta:
- Quem é você???
Recebe como resposta:
- QUEM É VOCÊ???
41
Contrariado, grita:
- Seu covarde!!!!!
Escuta como resposta:
- SEU COVARDE!!!!!
Olha para o pai e pergunta aflito:
42
- Pai, o que é isso?????
O pai sorri e fala:
- Meu filho, preste atenção.
Então o pai grita em direção a montanha:
43
- Eu admiro você!!!!!!
A voz responde:
- EU ADMIRO VOCÊ!!!!!
De novo o homem grita:
- Você é um campeão!!!!!
44
A voz responde:
- VOCÊ É UM CAMPEÃO!!!!!
O menino fica espantado, não entende.
Então o pai explica:
45
-
As pessoas chamam isso de ECO, mas, na
verdade isso é VIDA.
Ela lhe dá de volta tudo o que você diz ou faz.
Nossa vida é simplesmente o reflexo de nossas
ações.
46
Se você quer mais amor no mundo, crie mais amor
no coração.
Se você quer menos violência, pare de violentar
seus sentimentos, seu modo de ser...
O mundo é somente a prova de nossa capacidade.
Tanto no plano pessoal como no profissional, a
vida vai lhe dar de volta o que você deu a ela.
47
Sua vida não é coincidência, é uma conseqüência
de você mesmo!!!!
Autor desconhecido
48
Download

III SIPAT - UNIFEMM - Cordeiro e Aureliano