Caso Clínico:
Febre Reumática
Pediatria
ESCS/HRAS/SES/DF
Interno: Henrique Santos
Orientadora: Dra. Elisa de Carvalho
Brasília, agosto de 2006
História Clínica:
• Identificação: ASMS, 9 anos,
DN:05/07/97, sexo masculino, pardo,
natural de Sobral-CE, procedente do
Lago sul.
Queixa Principal:
• Inquietação há 4 dias.
H.D.A.
• Há 4 dias a criança iniciou quadro de
movimentos anormais e incoordenados em
MMSS, MMII, cabeça, face e língua; sem
referência a episódios anteriores. Nega febre,
vômitos, diarréia e qualquer sintomatologia
respiratória. Mãe relata que há cerca de 2 meses
a criança teve forte dor de garganta, seguida de
artralgia e edema em articulações do joelho
bilateralmente. Paciente levado ao serviço de
saúde, onde recebeu o diagnóstico de Febre
Reumática.
Revisão de Sistemas:
• Como achados positivos refere
manchas avermelhadas em MMSS e
região perioral, artralgias eventuais em
joelhos. Nega edema, tonturas,
palpitações, síncope, dispnéia e dor
torácica. Evacuações e diurese
habituais.
História de Parto e
Nascimento:
• Nasceu de parto cesáreo, a termo (40 sem.),
sem intercorrências na gestação, peso ao
nascer: 3720g, comprimento: 33cm; não
necessitou internação neonatal,
Desenvolvimento neuropsicomotor
adequado para as respectivas idades.
• Rendimento escolar decaiu no presente ano.
Antecedentes Patológicos:
• Refere varicela aos 2 anos, nega outras
patologias além da Febre Reumática.
Alérgico a lã. Nega alergias
alimentares, internações prévias,
hemotransfusões e cirurgias. Utiliza
penicilina benzatina 1200000U-IM a
cada 21 dias.
Antecedentes Familiares:
• Avô paterno cardiopata
• Avó materna hipertensa
• Irmão mais velho com dislexia.
Hábitos de Vida:
• Reside em casa de alvenaria, com 5
cômodos, onde residem 4 pessoas, com
saneamento básico e luz elétrica. Refere 01
cão vacinado no domicílio. Pais não
tabagistas e não etilistas. Dieta balanceada.
• Renda mensal cerca de 01 salário mínimo.
Exame Físico:
• Peso: 29kg, FC: 100bpm, Fr: 18irpm, Tax: 36°C.
• BEG, corado, hidratado, afebril, anictérico,
acianótico, eupnéico e eutrófico.
• Cabeça e pescoço: Nada digno de nota.(NDN)
• Tórax: simétrico, expansibilidade preservada,
sem lesões, MVF, s/RA.
• Ritmo cardíaco regular, 2T, BNF, sopro sistólico
(++/4+) em foco mitral com irradiação para
axila.
Exame Físico:
• Abdome flácido, inocente, RHA+ e normais,
Indolor à palpação, sem visceromegalias.
• Extremidades bem perfundidas, sem edema.
• Exame dermatológico: manchas eritematosas
mal delimitadas, sem descamação aparente em
MMSS e região perioral. Ausência de nódulos
subcutâneos.
• Otoscopia e oroscopia sem alterações.
Exame Físico:
• Exame Neurológico: Ativo, reativo,
coordenação motora afetada por
movimentos involuntários e incoordenados
rápidos (MMSS, MMII, tronco, ombros,
mão e quirodáctilos, lateralização da cabeça
e abertura da boca). Certo grau de disartria.
Fotorreatividade pupilar preservada, pares
cranianos sem alterações, marcha atípica.
• Vídeo_010504_003.asf
• Vídeo_010504_004.asf
• Vídeo_010504_005.asf
• Vídeo_010504_001.asf
Exames Realizados:
• Ecocardiograma (22/07/06) evidenciando
Insuficiência mitral leve.
• Proteínas totais e Frações (17/08/06):
– Prot. totais: 7,1; albumina: 4,1; Globulinas: 3,0
• Hemograma completo (17/08/06):
– Hm: 4,73; Hb: 12,1; Ht: 36.6 , Plaq: 217000
– VCM: 77.3; HCM: 25.5 ; CHCM:33,0
– Leu: 9,2 (52, 00, 46 , 02, 00, 00)
Exames Realizados:
• RX tórax (17/08/06):
Tratamento e Evolução:
• Haloperidol 1mg vo/ dia.
• Albendazol 5ml 12/12h.
• Evolução: Em dois dias de evolução já se
constatava a remissão completa do quadro
neurológico, bem como do quadro cutâneo.
Febre Reumática
Febre Reumática
• Doença imunológica provocada por uma
infecção prévia pelo Streptococcus B
hemolítico do grupo A de Lancefield.
• A OMS relata que em países em
desenvolvimento, como o Brasil, incidência
da Febre Reumática excede a 100 por
100.000.
Patogenia:
• Ocorrem reações cruzadas entre componentes
bacterianos e moléculas do próprio organismo
(mimetismo molecular):
– Proteína M do estreptococo e a tropomiosina do
miocárdio  Miocardite
– N-acetil glucosamina da parede celular da bactéria com
as glicoproteínas das válvulas  Endocardite
– A mucoproteína da parede celular e componentes do
tecido conjuntivo da sinovia  Artrite
– Componentes da membrana protoplasmática da bactéria
fazem e componentes do sarcolema dos vasos 
Vasculite
Patogenia:
– Antígenos da membrana protoplasmática fazem
reação cruzada com componentes do citoplasma dos
núcleos caudado e subtalâmico  Coréia de
Sydenham
• Há portanto aumento dos níveis de todas as
classes de anticorpos, aumento do número de
linfócitos B, aumento da relação T helper/T
supressor (>2),e consumo de complemento
(C3,C4,C1q) no líquido sinovial.
Quadro Clínico:
• O quadro Clínico é variável dependendo das áreas
acometidas:
– Artrite  Artralgia de caráter migratótrio,
preferencialmente em grandes articulações.
– Cardite  Taquicardia, palpitações, sopro inexistente
anteriormente, com possível irradiação para axila.
– Coréia de Sydenham  Movimentos anormais,
incoordenados, bilaterais, predominam nos membros e na
face (simula mímica) que cessam durante o sono.
Eritema Marginatum:
Quadro Clínico:
– Nódulos Subcutâneos  duros, indolores, geralmente
do tamanho de uma ervilha, móveis e próximo a
superfícies ósseas, como face de extensão dos
membros, região mentoniana, frontal, occipital,
punhos e cotovelos.
– Eritema Marginatum  Manchas eritematosas ou
pápulas avermelhadas, elevadas, com a região central
normal podendo ser coalescentes, formando aspecto
serpiginoso, não pririginosas. São evanescentes e
migram de um lugar para outro.
Diagnóstico:
• Idade: Geralmente entre 5 e 15 anos, porém
estudos recentes têm mostrado aumento da
incidência dos 15 aos 22 anos.
• ASLO aumentada (> 250 UI).
• ECG pode evidenciar aumento dos
intervalos PR ou QT e alterações de onda T
ou segmento ST.
• PCR e VHS .
Diagnóstico:
Diagnósticos Diferenciais:
•
•
•
•
•
•
AREPE
Doença do soro
LES
Hemoglobinopatias
Endocardite Infecciosa
Miocardite e pericardite viral.
Tratamento:
• Os princípios do tratamento são os seguintes:
– 1.Erradicação do estreptococo.
– 2.Tratamento das síndromes (principalmente articular,
cardíaca e neurológica).
– 3.Profilaxia secundária ( para evitar novos surtos).
Tratamento:
• Erradicação:
– Droga de escolha  Amoxicilina 50mg/kg/dia VO
8/8h por 10 dias.
• Tratamento das Síndromes:
– Artrite: Ácido acetilsalicílico 80-100mg/kg/dia. VO,
6/6h por 2-3 semanas.
– Cardite: Corticoterapia oral ou venosa. A medicação
oral mais usada é a prednisona, Faz-se 2mg/kg/dia
(pela manhã), durante 4-6 semanas.
Tratamento:
• Tratamento das Síndromes:
– Coréia de Sydenhan: haloperidol na dose de 0,5 a 1mg
por dia, VO, associado ou não à clorpromazina.
• Profilaxia Secundária: É fundamental para se evitar
novos surtos reumáticos. Deve ser feita até 21 anos e
em alguns pacientes durante toda a vida.
– Penicilina benzatínica 600.000 (menores de nove anos ou
25 Kg de peso) ou 1.200.000 (maiores de nove anos) de
21/21 dias. Nos primeiros meses é recomendada a
profilaxia a cada 15 dias.
Obrigado!
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