6º ao 9º ano
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familiar
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Sim, queremos comida!
Há 10 mil anos, em diferentes pontos do planeta,
aconteceu uma revolução que mudou completamente a
forma do ser humano ocupar a Terra. Nessa época, nossos
ancestrais aprenderam a plantar e a colher e, com isso,
não precisaram mais se mudar atrás de alimento.
O surgimento da agricultura traçou novos rumos
para a história humana e, séculos depois, ainda tentamos
entender e lidar com os ecos dessa revolução. O impacto
ambiental das atividades agrícolas é só uma ponta do
desafio que temos em nossas mãos.
Ao mesmo tempo em que parecemos dominar a natureza,
com todo o nosso avanço tecnológico, ainda fracassamos
na necessidade mais básica: somos 7,2 bilhões de pessoas
na Terra, mais de 800 milhões passam fome.
Não falta comida. Os alimentos produzidos no mundo são
suficientes para alimentar todas as pessoas. Mas a comida
não chega a todos. Seria irônico, se não fosse trágico.
Nesta cartilha, você vai fazer um passeio pela agricultura,
pelas técnicas que envolve, pelos problemas que
enfrenta e que causa. Você vai entender que resolver
a questão da fome passa por acabar com a pobreza e
com a desigualdade. Vai ver também que, no cenário de
insegurança alimentar, um modelo desponta como parte
da solução: a agricultura familiar. Responsável
por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos
brasileiros, a agricultura familiar cria oportunidades
de trabalho e renda no campo, gera alimentos mais
saudáveis e coloca a produção mais perto de mais pessoas.
E então, vamos começar?
Agricultura é o conjunto de técnicas utilizadas para cultivar
a terra, com o objetivo de produzir vegetais. Além de alimentos,
a agricultura é fonte de matéria-prima para diversos produtos,
desde remédios, corantes, fibras, roupas, energia, ferramentas,
látex e ceras, até flores e plantas ornamentais.
2
Em
reconhecimento
ao papel fundamental
que esse sistema
agropecuário sustentável
desempenha para a
segurança alimentar
no mundo, a ONU
declarou 2014 o Ano
Internacional da
Agricultura Familiar.
Ficha Técnica: Concepção, pesquisa e desenvolvimento editorial e gráfico: Mondana:IB
›› Revisão: Fátima Caldas Assessoria e Consultoria de Língua Portuguesa ›› Ilustrações: Vilmar Conrado
›› Realização e Coordenação: Fundação ArcelorMittal Brasil ›› www.famb.org.br
impresso
em papel
reciclado
Assim caminhou a agricultura...
Caçar e colher
O homem primitivo encontrava na natureza o que
precisava para sobreviver, limitando-se a colher e a
caçar. Quando os recursos se esgotavam, precisava
procurar comida em outro lugar. Assim, a migração
era uma regra.
Surge a agricultura
Há cerca de 10 mil anos, no período neolítico ou
da pedra polida, alguns indivíduos perceberam que
grãos enterrados no solo brotavam e davam origem
a novas plantas iguais às que os originaram. Surgiu a
agricultura.
As primeiras formas de cultivo ocorreram perto de
moradias e em terras naturalmente férteis, em vales
de rios no Egito, na Mesopotâmia e na China.
A vida muda
Com a agricultura, as pessoas não precisaram mais se
mudar porque passaram a ter uma fonte permanente
de alimentos – bastava plantar e colher. Os homens
começaram a construir casas e aldeias e a domesticar
animais para produzir leite e queijo.
E o mundo muda
O surgimento da agricultura foi a base para o
desenvolvimento das civilizações. Mas, juntamente
com a segurança e o progresso, vieram desafios que
enfrentamos até hoje: desmatamento, disputa por
terras, comércio, acumulação de recursos nas mãos
de alguns, divisão de trabalho, desigualdades sociais...
De lá pra cá, de cá pra lá
Quando o homem começou a viajar pelo planeta, descobrir e
conquistar novas terras, passou a levar plantas nativas de um lugar
para outro. Da América, os espanhóis levaram para a Europa batata,
tomate, milho e cacau. Do Brasil, os portugueses levaram para a
África a mandioca; e, da Ásia, trouxeram o coco, que se espalhou
pela costa do Nordeste brasileiro e se incorporou à nossa paisagem.
Fonte: Pequenas histórias de plantar e de colher, Ruth Helena Bellinghini.
3
Agricultura familiar X agroindústria
Você sabia que existem formas diferentes de
praticar agricultura?
Elas se distinguem por fatores como tamanho da propriedade,
organização do trabalho e objetivos econômicos.
Existe a agricultura industrial, ou
agroindústria, que é aquela praticada por grandes
produtores, em grandes propriedades, para produzir grandes
volumes, geralmente, de uma mesma cultura. Usa trabalho
assalariado e seu foco está na produtividade, com muito
investimento em tecnologia.
Já a agricultura familiar é aquela praticada em
pequenas propriedades. A própria família trabalha na terra. A
produção é diversificada, com o objetivo de alimentar e gerar
renda para a família.
Pela lei brasileira, o
agricultor familiar é
aquele que pratica atividades
no meio rural, em área de até
quatro módulos fiscais (20 a 400
hectares, conforme o município),
conduzindo o próprio negócio e
utilizando, predominantemente,
mão de obra da família,
podendo, eventualmente,
ter ajuda de terceiros. A lei
abrange também silvicultores,
aquicultores, extrativistas e
pescadores.
Qual modelo de agricultura é melhor?
Os dois modelos são importantes, necessários e se complementam.
A agroindústria gera impostos, empregos e produtos para exportação, tendo, por isso, um
grande peso na balança comercial e, por consequência, no desenvolvimento econômico do país.
A agricultura familiar, por sua vez, tem grande importância no abastecimento do mercado
interno de alimentos. Suas práticas mais ecológicas de plantio asseguram produtos mais
saudáveis e com menor impacto sobre o meio ambiente. Além disso, a agricultura familiar gera
emprego e renda no campo, diminuindo a evasão rural.
Então, nossa preocupação não deve ser discutir qual o melhor modelo, mas sim buscar
formas de diminuir os impactos ambientais da agroindústria e incentivar o
4
desenvolvimento da agricultura familiar, tornando-a mais competitiva e eficiente!
Muito mais do que plantar e colher
A agricultura familiar vai muito além dos alimentos
colhidos no campo. Ela inclui outras atividades
praticadas na propriedade, que se traduzem em mais
oportunidades de negócio para o agricultor. A criação
de animais (para fornecer carne, ovos e leite), o
artesanato, o turismo rural e a fabricação de produtos
(como doces, queijos e linguiça) são alguns exemplos.
Produtos da agricultura familiar no meu bairro!
atividade
Procure no seu bairro produtos que tenham vindo da agricultura familiar.
Pesquise de onde eles vêm, como chegam ali e quem os vende. Troque informações
com a sua turma.
A união faz a força
Associações e cooperativas ajudam a
organizar a produção, agregar valor e
facilitar a comercialização dos produtos de
agricultores familiares. Por meio de uma
associação, pode ficar mais barato comprar
insumos, por exemplo. Uma associação pode
viabilizar a aquisição de equipamentos caros,
disponibilizando para o uso de todos máquinas
e aparelhagem que, sozinhos, os agricultores
não conseguiriam comprar. Unidos, os
associados podem manter um armazém
conjunto ou até montar uma linha para
processar alimentos. Uma associação também
pode organizar cursos de capacitação para os
agricultores e articular parcerias comerciais.
A agricultura familiar
em números
A agricultura familiar é responsável por:
87% da produção de mandioca
70% da produção de feijão
46% da produção de milho
38% da produção de café
34% da produção de arroz
21% da produção de trigo
59% do plantel de suínos
50% do plantel de aves
30% do plantel de bovinos
58% da produção de leite
Além disso, 74% das pessoas que
trabalham em agricultura no Brasil estão
na agricultura familiar. São mais de 12
milhões de pessoas.
Fonte: Censo Agropecuário Brasileiro,
IBGE, 2006.
5
6
Alimentando a terra
As plantas são seres autótrofos, ou seja, são
capazes de produzir seu próprio alimento, sem depender
de outro ser vivo para isso. Para se desenvolverem,
retiram nutrientes do ar, da água e do solo.
No ciclo natural, quando as plantas morrem, elas se
decompõem e devolvem os nutrientes à terra,
possibilitando que outras plantas os usem para crescer.
No entanto, o ser humano interfere nesse ciclo, colhendo
as plantações, e, com o passar do tempo, os nutrientes
vão se esgotando. Assim, o solo deixa de oferecer tudo
de que as plantas precisam.
É imprescindível, então, que o homem volte a interferir,
enriquecendo o solo com adubos ou fertilizantes.
Eles vão repor os nutrientes que faltam à terra, na
medida certa para as necessidades da plantação.
Os nutrientes essenciais para a formação de uma planta são
classificados em dois grupos:
1) Macronutrientes (necessários em grande quantidade): carbono,
oxigênio, hidrogênio – retirados do ar e da água –, nitrogênio,
enxofre, fósforo, potássio, cálcio e magnésio – retirados do solo.
2) Micronutrientes (necessários em pequena quantidade): boro,
cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, cobalto, níquel e zinco.
Os seres autótrofos (auto = por si mesmo; trofos = alimentação, que
se alimenta) produzem o seu alimento por meio de uma reação química,
transformando água, sais minerais e gás carbônico em glicose e oxigênio.
A maioria (algas, plantas e certas bactérias) faz fotossíntese, captando energia
luminosa do sol e utilizando-a na fabricação de matéria orgânica. Existem
alguns poucos autótrofos, como certas bactérias, que fazem quimiossíntese,
obtendo energia por meio de reações químicas inorgânicas, sem a presença
de luz.
Os autótrofos fotossintetizantes, além de serem fonte de alimento para os
heterótrofos (como nós), liberam oxigênio, que é utilizado na respiração pelo
homem, pelos animais, pelas próprias plantas e por muitos micro-organismos.
Fonte: <vivendociencias.blogspot.com.br> Acessado em: 03/09/2013.
Os fertilizantes podem ser orgânicos ou inorgânicos. Entenda a diferença!
7
Os adubos orgânicos são obtidos a partir de matéria
vegetal ou animal, como esterco, farinhas, bagaços, cascas
e restos de vegetais e de comida. Esses materiais sofrem
decomposição e viram adubo por meio da compostagem.
A compostagem envolve transformações muito complexas
de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganismos do solo que têm na matéria orgânica sua fonte de
alimento. O resultado final é o composto orgânico chamado
húmus, rico em macronutrientes e micronutrientes, que pode ser
aplicado no solo para melhorar suas características.
Os principais benefícios da compostagem são:
›› estimula o desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver
água e nutrientes do solo;
›› aumenta a capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
›› mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH);
›› dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas);
›› ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de micro-organismos benéficos às culturas
agrícolas.
Além disso, o processo é bom para o meio ambiente, porque diminui a quantidade de resíduos
que poderiam poluir rios, infiltrar no solo ou lotar aterros e lixões.
Super-heroína da compostagem!
Quando a compostagem é feita com a ajuda de minhocas, ela se
chama vermicompostagem. A minhoca ingere terra e matéria
orgânica em quantidade equivalente ao seu próprio peso; então,
digere e expele o húmus sob a forma de excrementos, em um
processo de transformação muito mais rápido do que aquele
realizado pela própria natureza. E, quando se movimenta embaixo
da terra, a minhoca vai abrindo pequenos túneis, que ajudam na ventilação das
raízes das plantas e na infiltração da água das chuvas!
Os fertilizantes inorgânicos são obtidos a
partir da extração mineral ou refino do petróleo. A principal
vantagem desse fertilizante é apresentar composição
química definida. Assim, depois de analisar o solo, é possível
escolher exatamente qual fertilizante usar e determinar a
quantidade ideal para repor os minerais em falta. Isso é muito
importante, pois o uso excessivo de fertilizantes inorgânicos
pode alterar o solo, tornando-o menos produtivo, causando,
com o tempo, danos irreparáveis ao ecossistema.
Cuidando da plantação
Entre plantar e colher, existe um longo caminho. Para que a plantação dê
certo e cresça sadia, uma das coisas em que o agricultor precisa prestar muita
atenção é o controle de pragas.
Todo cultivo está sujeito ao ataque de visitantes indesejáveis – como besouros,
gafanhotos, lagartas, roedores, ácaros e fungos –, que não apenas disputam
alimento conosco, mas também fazem as plantações adoecerem. Sem falar
nas ervas daninhas, que disputam nutrientes e
água com as plantas cultivadas.
Para combater o problema das pragas, foram inventados os
defensivos agrícolas, pesticidas ou agrotóxicos.
Solução que
também é problema
Os agrotóxicos são produtos químicos que podem
controlar as pragas, mas, quando usados de forma incorreta
ou excessiva, prejudicam a saúde de quem trabalha com eles
e de quem consome os alimentos produzidos, além de
prejudicar o meio ambiente.
Pesticidas podem contaminar lençóis freáticos e rios, causar
doenças, sem falar que sua utilização em excesso acaba
provocando resistência na praga, tornando necessário o uso
de doses cada vez maiores e de produtos mais fortes.
Crianças e adolescentes estão cada vez mais doentes
É fato: as crianças e os adolescentes estão mais doentes hoje
do que uma geração atrás. E os agrotóxicos podem ser um
dos principais culpados, de acordo com estudo realizado
pela PANNA, uma organização norte-americana que trabalha
para encontrar alternativas mais saudáveis e sustentáveis
aos agrotóxicos.
Entre os problemas de saúde ligados ao consumo de
alimentos contaminados por agrotóxicos estão: defeitos de
nascença, desordens de crescimento, puberdade precoce,
asma, câncer infantil, transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade, autismo, obesidade e diabetes.
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Fonte: <www.drfranklipman.com/pesticides-101-learn-the-dangers>
Acessado em: 17/09/2013.
Brasil é campeão no
consumo de agrotóxicos
Desde 2008, o Brasil é o campeão mundial no consumo de
agrotóxicos. Com exceção daqueles que cultivam alimentos orgânicos,
todos os produtores agrícolas utilizam algum tipo de pesticida para
combater pragas e doenças.
O país usa 1/5 dos defensivos agrícolas produzidos no mundo.
E nosso consumo está crescendo mais do que no resto do planeta.
Para se ter uma ideia, na última década, o uso de agrotóxicos
cresceu 93% em todo o mundo, mas no Brasil o percentual foi muito maior: 190%.
As quantidades jogadas nas lavouras equivalem a 5,2 litros de veneno por habitante ao
ano. Essa quantidade enorme de veneno é resultado de um processo que surgiu com o final
da Segunda Guerra Mundial, quando os restos de armas químicas foram adaptados para a
agricultura. O objetivo principal era resolver o problema das empresas que ficariam com seus
estoques e complexos industriais obsoletos. Esse processo aconteceu em nível mundial e ficou
conhecido como Revolução Verde.
Fonte: <www.brasildefato.com.br/node/11533> Acessado em: 10/08/2013.
Os 10 alimentos mais perigosos
Morango com creme, couve na feijoada...
Hummm... A gente nem imagina que essas
delícias podem ser perigosas. Mas, segundo a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
elas estão entre os alimentos que têm mais
chance de sofrer contaminação por agrotóxicos.
Confira, abaixo, a lista dos 10 alimentos mais
perigosos para o consumo no país atualmente:
›› pimentão
›› uva
›› pepino
›› morango
›› couve
›› abacaxi
›› mamão
›› alface
›› tomate
›› beterraba
Estima-se que 1/3 dos alimentos consumidos
no Brasil esteja contaminado por agrotóxicos.
Fonte: <www.ecocidades.com/2010/09/13/agrotoxico-os-10alimentos-mais-perigosos> Acessado em: 28/09/2013.
Faça a sua parte!
A solução mais eficaz para evitar
alimentos contaminados é consumir
orgânicos. Mas como nem sempre
isso é possível, a alternativa é tentar
eliminar os resíduos de agrotóxicos
o máximo possível:
• Lave frutas e verduras em água
corrente, esfregando com uma
esponja ou escova.
• Tire as folhas externas das
verduras e descasque as frutas,
pois essas partes concentram mais
agrotóxico.
• Diversifique os vegetais
consumidos no dia a dia, pois isso
reduz a ingestão de quantidades
maiores de um mesmo agrotóxico.
• Como alguns pesticidas podem
ser utilizados na fase final da
maturação do alimento, reduza o
risco comprando frutas e legumes
mais verdes e espere alguns
dias antes de consumi-los.
9
10
Nada de químico!
Uma forma natural
de controlar pragas
É possível combater pragas sem agrotóxicos, usando o
controle biológico. Por não agredir o meio ambiente
nem a saúde das pessoas, essa prática é de grande importância
para a agricultura sustentável e pode substituir ou reduzir a
necessidade de utilização dos agrotóxicos.
O controle biológico consiste em introduzir, na lavoura, inimigos
naturais das pragas. O agente inserido ataca a praga, mas não
causa dano à planta. É o caso, por exemplo, das vespinhas,
que são parasitas de pulgões em plantações de trigo; e das
tesourinhas, que atacam a lagarta no milho.
A praga e o predador
Atividade
Os agentes de controle biológico podem ser insetos, fungos,
bactérias, entre outros. Em grupos de até três alunos,
pesquisem, na biblioteca e/ou na internet, um exemplo de
inimigo natural de praga. Descubram qual praga ele ataca,
como é seu mecanismo de ataque e em que tipo de plantação
ele pode ser usado. Façam um cartaz bem ilustrado com os
detalhes da pesquisa e apresentem em sala de aula.
Você sabia
que a joaninha é um
agente de controle
biológico? Ela devora
várias pragas, como
pulgões, moscas
brancas, ácaros, ovos e
larvas de mariposas. Uma
joaninha pode chegar
a consumir mil pulgões
durante sua vida, que
dura cerca de
180 dias.
Você conhece a agro-homeopatia?
Alguns agricultores fazem o controle de pragas usando um método pouco comum: a
homeopatia.
O tratamento homeopático baseia-se no chamado princípio da cura pelo semelhante. Consiste
em fornecer ao paciente sintomático doses extremamente diluídas de compostos que seriam
capazes de causar os mesmos sintomas em pessoas saudáveis, quando expostas a quantidades
maiores. Desse modo, o sistema de cura natural do paciente seria estimulado a reagir e
restaurar a saúde por suas próprias forças.
A homeopatia foi criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, no final do século 18, para
curar pessoas. Mas, desde então, seu uso tem sido ampliado para tratar animais e até plantas.
É um processo alternativo de tratamento, que nem todo mundo aceita como científico. Mas, na
prática, são muitos os resultados positivos encontrados.
Na agricultura, a homeopatia tem sido utilizada para revitalizar e aumentar a resistência das
plantas e combater pragas. O controle de formigas cortadeiras em plantações de uva e laranja,
do vírus do mosaico no tabaco, de fungos em produtos armazenados e de percevejos em
tomates orgânicos são alguns exemplos.
Saúde, sabor e sustentabilidade
Diante dos problemas causados pela agricultura tradicional (como,
por exemplo, os ocasionados pelo uso de agrotóxicos), as pessoas
estão se conscientizando da necessidade de buscar um modelo
agrícola mais saudável e sustentável. É nesse contexto que está
ganhando espaço a agricultura orgânica.
Ela dá preferência a práticas mais naturais de fertilização e
conservação do solo, como o plantio direto (cultivo em cima do
resto da cultura anterior, sem que o trator limpe a terra), a adubação
verde (quando se adiciona alguma leguminosa para enriquecer o
solo) e a rotação de culturas. Não são utilizados agrotóxicos, adubos
químicos ou substâncias sintéticas que possam contaminar a terra,
a água, as plantas, os animais e as pessoas. Também está banido
o uso de transgênicos.
Tudo isso faz com que os alimentos orgânicos, além de mais
sustentáveis, sejam também muito mais nutritivos e saborosos.
Alimentos transgênicos são aqueles que
sofreram modificação genética para, por exemplo,
crescerem fora de estação; para serem resistentes a
pragas; ou até para serem mais doces do que o normal.
Esses produtos têm a vantagem de tornar a produção
mais eficiente, porém podem apresentar riscos, como
causar alergias e outros efeitos ainda desconhecidos
sobre a nossa saúde e sobre o meio ambiente.
É viável consumir orgânicos?
Atividade
Os alimentos orgânicos ainda são mais caros por causa dos cuidados especiais que
o produtor precisa ter com a plantação e porque ainda tem pouca gente produzindo.
Mas, com as pessoas valorizando o consumo, a tendência é os preços diminuírem
com o tempo.
Escolha cinco adultos que você conheça (podem ser parentes, vizinhos e amigos) e
peça que respondam à enquete:
Você consome alimentos orgânicos?
a- Sim. Sempre dou preferência aos orgânicos porque são mais saudáveis.
b- Às vezes. Dou preferência aos orgânicos, mas só se não estiverem muito mais
caros.
c- Às vezes. Os orgânicos são muito difíceis de encontrar.
d- Não. Os orgânicos são muito caros.
Leve os resultados para sala de aula e debata com os colegas.
11
Saúde no prato
Uma alimentação saudável faz a gente crescer
forte e inteligente, com energia para estudar,
se divertir e planejar o futuro.
Mas comer muito não significa estar bem
alimentado.
A alimentação só é saudável quando é completa
e equilibrada, fornecendo, na dose certa, todos
os nutrientes de que a gente precisa.
Você sabia
que a obesidade na adolescência
é tão prejudicial quanto o fumo?
Um estudo realizado na Suécia concluiu
que o número de mortes prematuras
na idade adulta dos jovens com peso
normal que fumavam mais do que
dez cigarros por dia foi o mesmo
de não-fumantes obesos!
Brasileiro não tem dieta adequada
A população brasileira consome gordura saturada em excesso, abusa dos refrigerantes
e não se alimenta com a quantidade recomendada de frutas e hortaliças, que é de pelo
menos cinco porções ao dia.
Fortes aliadas na prevenção de doenças, as frutas e as hortaliças estão sendo deixadas
de lado por uma boa parcela dos brasileiros na hora da refeição. Segundo estimativas
da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo insuficiente de frutas e hortaliças
é responsável por 2,7 milhões de mortes, por 31% das doenças do coração, 11% das
doenças cerebrovasculares e 19% dos cânceres gastrointestinais ocorridos anualmente
no mundo.
Fonte: <www.blog.saude.gov.br/prato-do-brasileiro-tem-dieta-rica-em-gordura> Acessado em: 17/09/2013.
Você se alimenta direito?
12
Atividade
Faça uma reflexão sobre seus hábitos alimentares. Você tem o hábito de
consumir frutas, verduras e legumes? Consome muitas guloseimas, como
doces e refrigerantes? E frituras? Você se alimenta em horários regulares ou
costuma pular refeições? E atividade física, você pratica?
Leve a reflexão para a sala de aula e discuta com os colegas. Pensem sobre o
que precisam melhorar e como podem fazer isso.
O poder das frutas e hortaliças!
13
Verduras, legumes e frutas são ricos em nutrientes
e, por isso, muito importantes para a saúde.
Nome: ABÓBORA
Principais nutrientes:
fonte de betacaroteno,
vitamina C, vitamina E e
de vitaminas do complexo
B. Rica em fibras e fonte
de cálcio, fósforo, ferro e
zinco.
potássio. Suas sementes são fonte de
ntes, o
Para a saúde: Por conter antioxida
redução
à
o
ciad
asso
está
ora
consumo de abób
ças
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cânc
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cardiovasculares, derrames
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As
como a catarata.
a saúde
presentes nas sementes, promovem
l. O ferro
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bom
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verm
ulos
glób
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à formação
ico.
funcionamento do sistema imunológ
rosto e com
Curiosidade: Esculpida como um
dos símbolos
um
é
ora
abób
a
ior,
inter
no
vela
uma
final do verão
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ava
marc
do halloween — festa que
Estados
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no calendário celta
bruxas.
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outr
ou
ganh
Unidos,
Nome: BANANA
Principais
nutrientes:
rica em potássio,
fósforo, cálcio e magnésio
. Fonte de
vitamina C, vitamina B6
e folato.
Para a saúde: O potáss
io é útil na
prevenção e tratamento
da hipertensão
arterial, melhora o fluxo
sanguíneo e é
um grande aliado para evi
tar câimbras.
A banana é uma boa fon
te de amido
resistente, um carboidra
to que é digerido
mais lentamente e pode
ajudar na
redução do colesterol e
na prevenção
de doenças cardiovascul
ares. A banana
verde, por sua vez, está
associada à
prevenção de certos tip
os de câncer e
doenças do cólon, uma
vez que ajuda no
trânsito intestinal.
Curiosidade: Os pon
tinhos pretos
presentes na polpa da ban
ana não são
sementes. As espécies con
sumidas no
Brasil não têm sementes
— esses pontos
são óvulos não fecundado
s. Para plantar
uma nova bananeira, é pre
ciso plantar um
pedaço da raiz da planta
.
Fonte: Enciclopédia da Nutrição Nestlé. Disponível em:
<www.nestle.com.br/Site/cozinha/enciclopedia.aspx> Acessado em: 18/09/2013.
Atividade
Vamos pesquisar?
Siga os exemplos acima,
pesquise e faça a ficha
nutricional de alguns
alimentos: beterraba,
berinjela, brócolis, cenoura,
espinafre, feijão, laranja,
maçã, tomate e trigo.
Suco arco-íris
Ingredientes:
1/2 folha de couve sem talo
1 porção de fruta da estação (5 morangos, 1
manga, 1 maçã ou outra fruta de sua preferência)
1 copo de suco de laranja
1 colher (chá) de mel ou melado de cana
Preparo: Bata tudo no liquidificador até ficar
homogêneo. Sirva sem coar.
Atenção: Prefira ingredientes orgânicos!
Segurança alimentar: um desafio mundial
Uma em cada oito pessoas no mundo vai para a cama, todos os dias, com fome.
Quando vemos uma estatística como essa, a primeira coisa que pensamos é: não tem comida
suficiente para todas as pessoas.
Errado!
O problema da fome não é ter pouco alimento no mundo. A produção atual de alimentos é
suficiente para toda a população, mas nem todos têm acesso à comida.
O principal obstáculo é a falta de dinheiro: a má distribuição de renda impede que todos tenham
uma alimentação adequada em quantidade e qualidade.
Problema multidimensional
A fome é a ponta de um iceberg construído em cima da pobreza e das desigualdades sociais. A
parcela da população que passa fome também está carente em suas outras necessidades básicas:
ela sofre com a falta de acesso a serviços públicos, como água, esgoto, educação e saúde.
E, nesse mesmo trem da pobreza, viajam outras faces do problema – preconceito, falta de
informação, falta de oportunidades –, fatores que comprometem a segurança alimentar.
14
Segurança alimentar é o termo utilizado para definir o direito de todos a uma
alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo
permanente, que não comprometa outras necessidades essenciais e tenha como base
práticas alimentares que promovam a saúde e respeitem a diversidade cultural e a
sustentabilidade.
A insegurança alimentar acontece diante de problemas como fome, obesidade, doenças
associadas à má alimentação, consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou
prejudiciais à saúde, sistema de produção nocivos ao meio ambiente, prática de preços
abusivos e a imposição de padrões alimentares que não respeitam a diversidade cultural.
Algumas coisas que você precisa saber sobre a fome
›› O mundo tem cerca de 870 milhões de pessoas que não têm o necessário para
15
comer para levar uma vida saudável.
›› A fome é o problema número 1 na lista dos dez maiores riscos à saúde. Todos os anos, ela
mata mais pessoas que doenças como Aids, malária e tuberculose combinadas.
›› Nos países em desenvolvimento, a má nutrição está ligada a um terço das mortes de crianças
com menos de 5 anos.
›› Garantir que uma criança tenha acesso a todos os nutrientes e vitaminas necessários ao
crescimento saudável custa menos de 60 centavos de real* por dia.
›› Se, nas áreas rurais, as mulheres tivessem o mesmo acesso à terra, à tecnologia, à educação,
ao mercado e aos serviços financeiros que os homens têm, o número de pessoas com fome
poderia diminuir entre 100 e 150 milhões.
›› A fome é o maior problema solucionável do mundo. E uma das estratégias para combatê-la
é incentivar a agricultura familiar.
* Valor de referência: US$ 0,25
Fonte: Programa Mundial de Alimentos. Disponível em: <www.wfp.org/stories/10-things-you-need-know-abouthunger-2013> Acessado em: 31/07/2013.
Atividade
De olho
no futuro!
Comer insetos para combater a fome?
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
a Alimentação (FAO) acredita que a criação de insetos
comestíveis em escala industrial pode contribuir na luta
contra a fome no mundo.
Mais de 2 bilhões de pessoas, em culturas tradicionais,
já complementam suas dietas com insetos, tais como
besouros, gafanhotos e formigas. Esses animais são
altamente nutritivos, fáceis de reproduzir, de baixo custo
e também podem ser usados como alimento para peixes
e gado.
Mas a repugnância de muitos consumidores, especialmente
nos países ocidentais, é uma barreira para a inclusão de
insetos na dieta global. O que você pensa sobre isso?
Fonte: <http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/insetos-podem-ajudar-acombater-a-fome-diz-onu-13052013-31.shl> Acessado em: 10/08/2013.
Estima-se que, em 2050,
por conta do aquecimento
global, a produção
agrícola dos países em
desenvolvimento caia
entre 9% e 21%. Enquanto
isso, a população mundial
vai continuar crescendo
e chegar a 9 bilhões.
Discuta com os colegas o
agravamento do problema
da segurança alimentar no
futuro e, juntos, pensem
em soluções possíveis.
Usando informações desta
cartilha, criem folhetos
para ajudar a conscientizar
as pessoas. Caso seja
possível, distribuam na
comunidade.
Alimentação
adequada: um direito
de todos os brasileiros
No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas
passam fome ou sofrem de desnutrição.
Esse número vem diminuindo nas últimas décadas
– passou de 22,8 milhões (em 1992) para 13,6
milhões (em 2013) –, mas ainda é alto.
O cenário brasileiro reflete a situação mundial.
A má distribuição de renda faz com que parte
da população não tenha dinheiro para comprar
comida suficiente. E o desencontro entre a
produção de alimentos e a localização das famílias
mais necessitadas também é grande: a maior parte da produção
está nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, enquanto
a maioria dos famintos vive no Norte e Nordeste.
Mais atenção à redução da pobreza
Você sabia
que uma emenda
constitucional
tornou, desde 2010,
a alimentação
adequada um direito
social do
brasileiro?
A redução do número de famintos no Brasil acelerou nos últimos anos devido, sobretudo,
a ações voltadas para a redução da pobreza implementadas pelos últimos governos.
Entre essas medidas, estão, por exemplo, os programas de transferência de renda (como
o Bolsa Família), a criação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan),
o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), o Programa de
Distribuição de Alimentos para populações em situação de vulnerabilidade social, o
Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf), que oferece crédito, assistência técnica e seguros para
pequenos agricultores.
Logística é um grande obstáculo
16
Existe um índice mundial que mede a segurança alimentar. De acordo com ele, o
Brasil está em 29º lugar entre 107 países.
Um dos pontos positivos na avaliação do país é o preço dos alimentos, que não é tão
impeditivo para o consumo quanto em outros países.
Do lado negativo, o principal fator que afeta a colocação brasileira é a logística. A
infraestrutura insuficiente de portos, rodovias e armazéns prejudica a distribuição e o
acesso da população aos alimentos.
A importância da agricultura familiar
17
Fonte da maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos
brasileiros, a agricultura familiar também gera trabalho e renda,
diminuindo a migração de pessoas do campo para a cidade.
Ela estrutura a produção para o consumo local, recupera o
consumo de alimentos tradicionais na dieta das famílias e reduz
o custo de transporte. Além disso, também ajuda a regular e
reduzir o preço dos alimentos no mercado.
Por tudo isso, é tão importante fortalecer a agricultura familiar
como forma de garantir a segurança alimentar brasileira. Dar
treinamento e suporte aos pequenos produtores e ajudá-los a
entrar no mercado permite que as comunidades desenvolvam
um sistema de produção de alimentos mais eficiente, capaz de
abastecer mais pessoas.
“
A agricultura familiar aglutina a carência e o potencial de milhares de comunidades
onde se concentram os segmentos mais frágeis da população. Qualquer ganho de
produtividade aí ampliará substancialmente a disponibilidade de comida na mesa dos
mais pobres e de toda a sociedade, reduzindo a dependência em relação a alimentos
importados e protegendo a economia da volatilidade das cotações internacionais.
José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO
José Graziano é agrônomo e acadêmico. Foi ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate
à Fome no governo Lula, sendo responsável pela implementação do Programa Fome Zero. Atualmente
é diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), sendo o
primeiro latino-americano a ocupar tal cargo.
Agricultura familiar na merenda
Atividade
No Brasil, pelo menos 30% dos
recursos destinados à merenda pelo
Programa Nacional de Alimentação
Escolar devem, por lei, ser utilizados
para comprar alimentos
provenientes da agricultura
familiar. A aquisição de
gêneros alimentícios deverá
ser realizada, sempre que
possível, no mesmo município
das escolas.
Essa iniciativa contribui para que a agricultura
familiar se organize e se desenvolva comercialmente,
aumenta a qualidade da alimentação servida
nas escolas, favorece o desenvolvimento de
hábitos alimentares saudáveis e, além disso, gera
desenvolvimento local de forma sustentável!
A merenda na
minha escola
”
Em grupos de três
alunos, pesquisem sobre
a alimentação na sua
escola. Quais são os itens
provenientes da agricultura
familiar e em que quantidade
são utilizados na produção
diária dos alimentos? De
onde eles vêm: são da
cidade ou de outro município
ou estado? Como vocês
avaliam a qualidade desses
itens em relação aos outros?
Você é o que você come!
A alimentação é uma das atividades humanas mais
importantes. Não só porque ela é fundamental para a
sobrevivência, mas também porque está ligada à nossa
identidade cultural.
No mundo globalizado, com propagandas que promovem
produtos da moda e com grandes indústrias que têm mais
recursos para produzir e distribuir, está cada vez mais
comum importarmos não só alimentos de outras regiões
ou países, mas também hábitos culturais de outros povos.
Quase não percebemos como produtos industrializados
e comidas prontas estão substituindo uma alimentação
mais saudável e ligada às nossas raízes culturais, feita
com produtos nativos.
Hábitos alimentares
Atividade
Faça uma reflexão sobre seus hábitos alimentares. O que você gosta de comer:
aquela comidinha feita em casa, pratos típicos da sua região... ou prefere um
hambúrguer com batata frita e refrigerante? Você costuma consumir comidas
congeladas? Com qual frequência você se alimenta fora de casa, em lanchonetes e
praças de alimentação?
Anote suas respostas e leve para discussão em sala de aula. Compare com os
colegas e debatam sobre o impacto desses hábitos alimentares sobre sua saúde e
sobre sua identidade cultural.
Produto local é mais saudável e sustentável
Frutas e hortaliças fora de época precisam viajar muito para chegar à
nossa mesa, sendo importadas de outro estado ou até de outro país
e, por isso, custam mais caro. Geralmente, são colhidas verdes para
amadurecerem no caminho, medida que prejudica seu amadurecimento
natural, fazendo com que percam parte dos nutrientes.
Também correm o risco de serem transgênicas,
o que pode afetar nossa saúde.
Consumir produtos da estação e cultivados por perto,
na região onde você mora, constitui um hábito
mais saudável e também mais sustentável, pois ajuda a
reduzir os custos de transporte e as perdas causadas
pela manipulação dos alimentos.
18
Lembre-se: Uma comida gostosa não precisa de ingredientes caros.
Para agradar ao paladar, ela precisa ser bem feita!
Teste do consumidor consciente
A pobreza é uma das grandes causas da fome no mundo. Mas tem
outra coisa que contribui para agravar o problema: o desperdício.
Você sabia que 1 a cada 3 alimentos é desperdiçado em
algum momento da cadeia produtiva? No Brasil, a quantidade
desperdiçada por dia seria suficiente para alimentar 20 milhões de
brasileiros!
E nossa atitude pode ajudar, já que cerca de 20% do desperdício
acontece no processamento culinário, devido a hábitos alimentares.
Faça o teste abaixo junto com sua família e descubram
se vocês são consumidores conscientes!
1- Quando sua família faz compras:
a. Costuma comprar alimentos para o mês
inteiro e estocar.
b. Planeja e faz compras semanais, para não
correr o risco de os alimentos estragarem.
c. Às vezes compra mais do que o necessário.
5- Na sua casa, os alimentos são guardados:
a. Não nos preocupamos muito com isso. Às
vezes ficam em cima da pia mesmo.
b. São armazenados em local limpo e na
temperatura adequada para que durem mais.
c. Todos na geladeira.
2- Quando sua família compra frutas e
hortaliças:
a. Prefere ir ao supermercado, pois é mais fácil,
bonito e encontra vários produtos.
b. Prefere comprar na feira, pois os produtos
são mais frescos e é possível conversar
diretamente com o agricultor.
c. Prefere ir ao lugar mais perto da sua casa.
6- Os alimentos que sobram das refeições
e aqueles que já estão quase perdendo na
geladeira:
a. Acabam estragando.
b. São aproveitados em receitas criativas.
c. Costumamos comer a sobra do almoço, mas
alguma coisa acaba indo para o lixo.
3- Quando sua família compra frutas e
hortaliças:
a. Olha a aparência, qualidade externa e preço,
não importando se é convencional ou orgânica.
b. Procura alimentos livres de agrotóxicos.
c. O que tiver o menor preço é o melhor.
4- Na cozinha da sua casa, costuma-se
aproveitar talos, folhas e cascas de frutas
e hortaliças em receitas criativas?
a. Dificilmente.
b. Sim, quase sempre.
c. Às vezes.
7- Quando você coloca comida no prato:
a. Coloca bastante e acaba sobrando e indo
para o lixo.
b. Pensa e coloca só aquilo que consegue
comer.
c. Às vezes coloco demais, mas empurro tudo
para não jogar fora.
8- Você acha difícil implementar atitudes
sustentáveis no seu cotidiano?
a. Sim, pois, na minha casa, as pessoas não têm
esse hábito.
b. Não, pois posso ajudar dando o exemplo em
pequenas coisas.
c. Não sei.
Veja a avaliação do teste na página 24.
Fonte: Adaptado da Cartilha da Agricultura Orgânica para Crianças do Ensino Fundamental,
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR.
19
A parte que te cabe deste latifúndio...
O Brasil tem uma herança histórica de distribuição desigual de terras, que vem lá da
época em que o país era colônia de Portugal. Enquanto muitas pessoas não têm
seu pedaço de chão, outras poucas são donas de grandes propriedades – chamadas
de L _ _ _ F _ _ _ _ _ _.
Quem não tem terra precisa trabalhar para quem é dono, perpetuando a concentração fundiária.
Diante desse cenário, surgiram vários M _ _ _ _ E _ _ _ S
S O _ _ _ _ _,
como, por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Como forma de pressionar o governo e reivindicar uma R E _ _ _ _ _
_ G R _ _ _ _, os integrantes desses movimentos ocupam latifúndios. No entanto, essas
ocupações nem sempre são solucionadas de forma pacífica, desencadeando conflitos e violência
no campo.
Na reforma agrária, o governo adquire terra dos grandes proprietários e distribui para quem
não tem. A aquisição é feita por compra ou D E _ _ _ R _ _ _ _ _ ç _ _ (que
acontece quando a propriedade é improdutiva). As famílias beneficiadas também recebem
financiamentos com juros baixos para comprar adubos, sementes e máquinas.
A reforma agrária no Brasil tem sido lenta porque enfrenta várias barreiras, como a resistência
dos grandes proprietários rurais, dificuldades jurídicas, além do elevado custo de manutenção
dos A S S _ _ _ A _ _ _ _ _ _.
Solução na página 24.
Um abismo
84,4% dos
estabelecimentos
agropecuários do país são
da agricultura familiar.
Entretanto, a área
corresponde a apenas
24,3% da área total
ocupada por propriedades
rurais. Isso reflete a
distribuição desigual de
terras no Brasil e mostra
o abismo que existe entre
minifúndio e latifúndio.
Fonte: Censo Agropecuário
Brasileiro, IBGE, 2006.
20
Curiosidade
O título desta página é um verso do livro Morte e vida severina, de João Cabral
de Melo Neto. O livro é um poema dramático que relata a dura trajetória de um
retirante nordestino, em busca de uma vida melhor no litoral. Que tal conhecer?
Fuga para as cidades
21
A vida no campo nem sempre é fácil, apresentando problemas como a seca, o desemprego e
a falta de infraestrutura (saneamento, hospitais, transportes, educação etc). Isso faz muitas
pessoas deixarem a zona rural para buscar melhores condições de vida nas grandes cidades.
Essa saída – chamada de evasão rural – provoca problemas sociais. As cidades que
recebem grande quantidade de migrantes nem sempre estão preparadas. Os empregos não
são suficientes e muita gente parte para o mercado de trabalho informal. Moradia também é
um problema, aumentando a população que vive em favelas e nos bairros de periferia. Áreas já
carentes de hospitais e escolas ficam ainda mais prejudicadas, e o resultado são escolas com
excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados.
Os municípios rurais que perderam seus moradores também acabam
sendo afetados. A diminuição da população local reduz a arrecadação
de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios
acabam entrando em crise.
A agricultura familiar é muito importante
para combater a evasão rural, pois gera
oportunidades de trabalho e renda,
ajudando a manter as pessoas no campo.
Salvem as florestas!
A presença do homem afeta o meio
ambiente, às vezes de forma devastadora.
O desmatamento é um dos problemas
mais sérios. Muitas florestas naturais já foram
derrubadas para dar lugar a estradas, cidades,
plantações, pastagens ou para fornecer madeira.
Outro grande problema no campo são as
queimadas. Prática agrícola ainda comum
entre pequenos e grandes agricultores, as
queimadas são utilizadas para ampliar as áreas
para a criação de gado, renovar pastagens, limpar
terreno para o plantio e até controlar pragas.
Mesmo trazendo benefícios a curto prazo, elas
são péssimas para o meio ambiente: afetam a
biodiversidade, aumentam a erosão do solo e
também poluem o ar.
Você sabia que 76% das
florestas do planeta já
desapareceram?
No Brasil, a Mata Atlântica foi a principal
vítima e, hoje, tem apenas 8,5% do seu
território original. Já o cerrado perdeu
48% da vegetação. Na atualidade,
são desmatados 20 mil km² por ano,
principalmente no oeste da Bahia, na
divisa com Goiás e Tocantins, e no norte
de Mato Grosso, áreas produtoras de
grãos, de carvão e de pecuária.
A floresta amazônica brasileira
permaneceu praticamente intacta até
os anos 1970, quando foi inaugurada
a rodovia Transamazônica. A partir daí,
passou a ser desmatada para criação
de gado, plantação de soja e exploração
de madeira. Como maior floresta
tropical existente no planeta, ela é uma
preocupação do mundo inteiro, pois
seu desmatamento provoca impacto na
biodiversidade e contribui para o aumento
do aquecimento global.
Fonte: <www.brasil.gov.br/sobre/meioambiente/ecossistema/desmatamento>
Acessado em: 09/09/2013.
Vamos combinar?! Agricultura familiar
não combina com trabalho infantil
O trabalho infantil é ilegal, mas, infelizmente, ainda é uma prática muito comum no
meio rural. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 168 milhões de crianças
no mundo estão envolvidas no trabalho infantil, a maioria em atividades ligadas à agricultura
(60%). O problema está relacionado com a pobreza e a situação precária das comunidades
rurais.
No Brasil, são 1,3 milhão de meninos e meninas que, diariamente, assumem tarefas no campo.
Muitos estão nas pequenas propriedades, ajudando suas famílias.
Trata-se de um problema muito grave, não só porque atrapalha a vida escolar, mas também
porque é perigoso e pode prejudicar a saúde e o desenvolvimento físico. Entre os perigos
oferecidos pelas atividades agrícolas, estão acidentes com tratores e máquinas, exposição
a substâncias tóxicas, esforço físico não apropriado para a idade e acidentes com animais
peçonhentos.
Cadê a Princesa Isabel?
22
Além do trabalho infantil, o trabalho escravo
é outro problema muito grave no campo.
No Brasil, apesar de a abolição da escravatura
ter ocorrido em 1888, o país ainda registra
denúncias de escravidão. Proprietários de algumas
fazendas contratam empregados, obrigando-os a
custear viagem, alimentação e estadia. No final
das contas, antes mesmo de iniciar as atividades,
o trabalhador já está endividado, sendo obrigado a
trabalhar para quitar o “investimento” do patrão.
Agricultura na cidade? Sim!
23
Você sabia que 84% dos brasileiros moram nas cidades?
Com tanta gente distante do campo, onde os alimentos são
produzidos, está ficando muito popular a agricultura
urbana.
As pessoas estão aproveitando áreas próximas a centros
urbanos, em bairros e até em casa para praticar agricultura
com técnicas orgânicas. É uma ótima maneira de produzir
alimentos saudáveis, criar espaços verdes nas cidades e melhorar
a qualidade do ar. Além disso, pode aumentar a segurança
alimentar de populações vulneráveis que vivem em cidades ou
em regiões periurbanas.
A agricultura urbana pode ser praticada em áreas comunitárias,
terraços de prédios, quintais, jardineiras, tubos de PVC, caixas,
pneus, garrafas PET e onde mais a criatividade mandar!
Hidroponia: a agricultura sem terra
Depois que aprendemos sobre a importância do solo para fornecer
nutrientes para as plantas, parece difícil imaginar a agricultura sem terra.
Pois é possível, sim. Essa técnica chama-se hidroponia.
Na hidroponia, as plantas são cultivadas sem solo. As raízes recebem
uma solução nutritiva balanceada que contém água e todos os
nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta.
As principais vantagens são maior produtividade, mais proteção contra
doenças e pragas, isenção de resíduos agrotóxicos, economia de água
de até 70% em comparação à agricultura tradicional, possibilidade de plantio
fora de época e menores riscos perante as adversidades climáticas. Dentre
as desvantagens, está o fato de requerer alto investimento inicial.
A técnica é bastante utilizada em países como Holanda, França,
Curiosidade
Estados Unidos e Japão. No Brasil, a região Sudeste – especialmente o
O termo hidroponia é
estado de São Paulo – concentra a principal produção hidropônica.
de origem grega:
hydro = água e
Atualmente, a alface é a espécie mais cultivada por hidroponia.
ponos = trabalho,
cuja junção significa
trabalho em água.
Horta hidropônica
Fonte: <http://www.oeco.org.br/noticias/25959-hidroponia-conhecaos-pros-e-contra-nesse-tipo-de-cultivo> Acessado em: 25/09/2013.
Atividade
Que tal reunir sua turma, pesquisar mais sobre hidroponia e criar uma horta
hidropônica na sua escola? Converse com seus professores. Pode ser uma
experiência incrível!
E, para terminar, que tal um poema?
Muitas pessoas deixam o campo para buscar melhores condições de vida
na cidade grande ou, então, para ir atrás de seus sonhos.
Conheça um exemplo!
O fantasma
da fome
roça
Eu saí de lá da melhor
da
vi
Para querer
retada
Naquela seca
ve dó
ti
vo
po
Do meu
meu peito
O que tava no eu sei
só
Só Deus sabe,
a plantação
i
he
ol
do
Quan
as chorei
Fiz de duro, m
se secaram
As cacimbas
rriam mais
Riachos não co
o vagando
Homem perdid s
gai
Entre os catin
de lá saiu
A assombração bisomem
lo
Não restou nem a o meu povo
av
br
m
so
O que as
a da fome
era o fantasm
usicado
i composto e m
Este poema fo
rua
de
ntana, cantor
por Genecy Sa
a
su
te. Ele deixou
em Belo Horizon a, no Norte de
aiúv
terra natal (Boc
melhor
ntar uma vida
Minas) para te
de
o
izar seu sonh
na capital e real
,a
ta
tis
gundo o ar
viver de arte. Se
m
si
as
sa é grande –
saudade de ca
do
e
o
e do requeijã
como a saudad
ão,
icos da sua regi
licor de pequi típ
.
es
or
enos produt
feitos por pequ
Respostas das atividades
Página 19 - Avaliação do teste do consumidor consciente
• Se você respondeu 5 ou mais questões com a letra B: Parabéns! Você é um consumidor
consciente.
• Se você respondeu 5 ou mais questões com a letra A: Cuidado! Suas atitudes não são
sustentáveis.
• Se você respondeu 5 ou mais questões com a letra C: Atenção! Você precisa ficar mais atento.
• Se suas respostas ficaram distribuídas entre as três letras: Reflita sobre suas ações! O
consumo consciente é um hábito que precisa ser desenvolvido.
24
Página 20 - Criptograma
Latifúndios; movimentos sociais; reforma agrária; desapropriação; assentamentos.
Calendário de safras
frutas
Frutas e hortaliças da estação, produzidas perto de onde você mora,
além de mais baratas, são mais frescas, com melhor sabor e mais ricas
em nutrientes, pois acompanham o ritmo da natureza.
Confira as épocas de colheita de algumas frutas e hortaliças!
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Abacate
Abacaxi Havaí
Banana Nanica
Banana Prata
Caqui
Figo
Goiaba
Jabuticaba
Kiwi
Laranja Bahia
Limão Taiti
Maçã Gala
Mamão Havaí
Manga
Maracujá
Melancia
Melão
Morango
Pera
Pêssego
Tangerina Poncã
Uva Itália
Uva Rubi
forte
médio
fraco
Você sabia?
O Brasil é um dos três maiores produtores de frutas do mundo, atrás
apenas da China e da Índia. A produção ultrapassa 40 milhões de toneladas
e representa cerca de 5% da produção mundial.
hortaliças
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Abóbora Jap.
Abobrinha Bras.
Acelga
Agrião
Alface
Almeirão
Batata
Batata-doce
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cebola
Cenoura
Chicória
Chuchu
Couve
Couve-flor
Escarola
Espinafre
Inhame
Jiló
Mandioca
Milho verde
Pepino
Pimentão verde
Quiabo
Rabanete
Repolho
Salsão
Tomate
Vagem
forte
Fontes: ceagesp.gov.br e www.nlfrutas.com.br
médio
fraco
Participe
do Prêmio
ArcelorMittal de
Meio Ambiente 2014!
Use o que aprendeu nesta cartilha
para fazer uma redação com o tema:
Agricultura familiar:
garantindo uma
alimentação segura,
saudável e sustentável.
Seja criativo!
Dicas para fazer uma boa redação!
›› Fique de olho no tema: agricultura familiar é um tema muito
rico. Escolha o assunto ou detalhe que mais chamou sua atenção e
concentre-se nele para fazer sua redação. Lembre-se de abordá-lo de
vários ângulos, explorando causas e soluções para a questão.
›› Seja original: para sua redação se destacar dentre todas as outras
no concurso, é importante que você busque produzi-la de uma maneira
fora do comum, de um jeito único que seja só seu.
›› Seja criativo: pense em quais estilos e recursos de linguagem
podem tornar seu texto mais interessante e convidativo.
›› domine a língua: para que sua ideia seja bem comunicada, é
fundamental construir um texto usando corretamente o português,
tanto do ponto de vista da gramática quanto da ortografia. Além disso,
lembre-se de caprichar na caligrafia: letra feia espanta o leitor!
27
vencedores 2013
Tema: O futuro que queremos depende das atitudes que tomamos hoje
Categoria: Redação - 6º ao 9º ano
Amanda Rocha Ramos
Filha de Néder Pacheco Ramos
João Monlevade (MG) - ArcelorMittal Monlevade
Filho de Empregado - 6º e 7º anos
Thamires da Silva F. Reis
Escola Estadual Leonardo Vilas Boas
Osasco (SP) - BBA Osasco
Comunidade Escolar - 6º e 7º anos
Mateus Albuquerque de Oliveira
Escola Estadual Professor Newton Espírito Santo Ayres
Osasco (SP) - BBA Osasco
Comunidade Escolar - 8º e 9º anos
Ana Clara Speziali Menegazzi Almeida
Filha de Claudiane Speziali Menegazzi
Belo Horizonte (MG) - Escritório Central Administrativo
Filho de Empregado - 8º e 9º anos
www.famb.org.br
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Agricultura familiar: - Fundação ArcelorMittal Brasil