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Crise Econômica – 2001 a 2011
ORIGEM
Tudo começou em 2001, com o furo da "bolha da Internet". Para proteger os
investidores, Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana, decidiu
orientar os investimentos para o setor imobiliário.
Adotando uma política de taxas de juros muito baixas e de redução das despesas
financeiras, induziu os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela
cada vez maior a investir em imóveis, principalmente através da Fannie Mae e da
Freddie Mac que já vinham crescendo muito desde que diferentes governos e políticos
dos Estados Unidos as usaram para financiar casas aos mais pobres.
O governo garantia os investimentos feitos por estas duas empresas. Bancos de
vários países do mundo, atraídos pelas garantias do governo, acabaram emprestando
dinheiro a imobiliárias através da Fannie Mae e da Freddie Mac que estavam
autorizadas a captar empréstimos em qualquer lugar do mundo.
Foi assim criado o sistema das hipotecas subprimes, empréstimos hipotecários de alto
risco e de taxa variável concedidos às famílias "frágeis", ou seja, para os clientes
apelidados de ninja, do acrônimo sem renda, sem emprego e sem patrimônio.
ORIGEM
Num passo seguinte, os bancos que criaram essas hipotecas criaram derivativos
negociáveis no mercado financeiro, instrumentos sofisticados para securitizá-las, isto
é, transformá-las em títulos livremente negociáveis - por elas lastreados - que
passaram a ser vendidos para outros bancos. Por uma razão que se desconhece, as
agências mundiais de crédito deram a chancela de AAA - a mais alta - a esses títulos.
Quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juros para tentar reduzir a
inflação, desregulou-se a máquina; o preço dos imóveis caiu, tornando impossível
seu refinanciamento para os clientes ninja, que se tornaram inadimplentes em
massa, e esses títulos derivativos se tornaram impossíveis de ser negociados, a
qualquer preço, o que desencadeou um efeito dominó, fazendo balançar o sistema
bancário internacional, a partir de agosto de 2007.
Crise do subprime
A crise do subprime desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituições de
crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos hipotecários de alto risco
(em inglês: subprime loan ou subprime mortgage), arrastando vários bancos para
uma situação de insolvência e repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores
de todo o mundo. A crise foi revelada ao público a partir de Fevereiro de 2007,
culminando na Crise econômica de 2008.
Subprimes são créditos bancários de alto risco que incluem desde empréstimos
hipotecários até cartões de créditos e aluguéis de carros, e eram concedidos, nos
Estados Unidos, a clientes sem comprovação de renda e com histórico ruim de
crédito. As taxas de juros eram pós-fixadas, isto é, determinadas no momento do
pagamento das dívidas. Por esta razão, com a disparada dos juros nos Estados
Unidos, muitos mutuários ficaram inadimplentes, isto é, sem condições de pagar as
suas dívidas aos bancos.
Na seqüência, temendo que a crise tocasse a esfera da chamada "economia real",os
Bancos Centrais foram conduzidos a injetar liquidez no mercado interbancário, para
evitar o efeito dominó, com a quebra de outros bancos, em cadeia, e que a crise se
ampliasse em escala mundial
Efeitos da Crise no Brasil
No Brasil, é exatamente esse o principal efeito da crise: a dificuldade em se obter
dinheiro.
Grandes empresas que dependem de financiamento externo passam a encontrar
menos linhas de créditos disponíveis, afinal, os bancos têm medo de emprestar
em um contexto de crise. Por conseqüência, com a dificuldade em captar no
exterior, ficam comprometidos projetos de construção dessas empresas, que por
sua vez gerariam empregos e renda ao país.
Até mesmo os bancos começam a sofrer com a dificuldade de captar recursos no
exterior, o que deve fazer os empréstimos ficarem mais caros e mais difíceis
também para as pessoas físicas. Por conta disso, as instituições de médio e
pequeno porte já tiveram ajuda do governo brasileiro.
Efeitos da Crise no Brasil
Para reduzir os efeitos da crise internacional, o BC (Banco Central) anunciou
mudanças nos depósitos compulsórios das instituições financeiras, um dos
instrumentos usados para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia.
Por meio do depósito compulsório, o órgão obriga os bancos a depositar em uma
conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à
vista, a prazo ou poupança. Assim, quando reduz o compulsório, o BC dá aos bancos
mais dinheiro para emprestar aos seus clientes.
Outra conseqüência é a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Isso
porque o consumo das famílias e o investimento das empresas, dois dos principais
pilares de expansão da economia nos últimos anos, cresceram justamente pela farta
oferta de crédito. Com menos dinheiro, gasta-se menos, produz-se menos e o
crescimento é menor.
Também serão afetadas as exportações do país, que devem cair porque os países
compradores estão se desaquecendo e possuem menos dinheiro para comprar e
menos população com capacidade de consumir.
Efeitos da Crise no Brasil
Por fim, pesa a alta do dólar. A cotação sobe porque a moeda americana,
considerada um investimento seguro, tem mais procura. E o dólar mais caro encarece
os importados, o que pressiona a inflação e reduz o poder de compra. Para segurar o
câmbio, o BC tem feito uma série de leilão de dólares. Com mais oferta de dinheiro,
menos a demanda pressiona a cotação.
Bolsa de Valores:
Com medo da crise financeira aumentar, os investidores tiram o dinheiro das Bolsas,
consideradas investimentos de risco. Então, faltam recursos para as empresas
investirem e a crise aumenta, o que faz os investidores tirarem mais dinheiro.
Investidores preferem sair das Bolsas, sujeita a oscilaçõe e aplicar em investimentos
mais seguros. Além disso, os estrangeiros que aplicam em mercados emergentes,
como o Brasil, vendem seus papéis para cobrir perdas lá fora. Com muita gente
querendo vender (oferta elevada), os preços dos papéis caem e os índices (que
refletem os valores das ações) desvalorizam.
Ações para diminuir o efeito da crise
Segundo José Matias-Pereira, economista, advogado, doutor em ciência política
(UCM-Espanha), pós-doutor em administração pela FEA/USP e professor-pesquisador
associado do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de
Brasília, diante do novo contexto, é necessário:
 Aprofundamento dos cortes nos gastos correntes do setor público;
 Priorizar os investimentos em setores estratégicos;
 Redução de tributos, em particular os impostos indiretos;
 Diminuição do serviço da dívida, por meio de cortes na taxa de juros;
 Controle a inflação e medidas para evitar a valorização do real.
Recorde-se que o Brasil, caminhando na contramão da economia mundial, no auge da
crise mundial em 2009, em vez de reduzir drasticamente as suas taxas de juros, como
fizeram as principais economias, continuou praticando uma das maiores taxas de juros
do mundo. Esse cenário não se alterou neste começo do governo Dilma, a taxa Selic
encontra-se em 11,75% ao ano.
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e-DSA Alyrio 09.08.11