INTERVENÇÃO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UMA CRIANÇA COM
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Eduardo da Silva Borges1
Joaquim Domingos Soares2
RESUMO
Introdução: A doença do refluxo gastroesofágico é a afecção crônica decorrente do
fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos
adjacentes. Acompanhando famílias na disciplina de Interação comunitária nos
deparamos com a de R.S.M, e seu filho mais velho D.M.M, portador da DRGE.As
dificuldades desde o nascimento e as repercussões desta doença para sua vida são de
grande impacto na vida da criança. O objetivo deste artigo é promover melhoria da
saúde do garoto estudado. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso, feito a partir de
informações obtidas por entrevistas na casa da família de R.S.M e consultas a
prontuários médicos da mesma. As informações eram colhidas através de perguntas sem
prévia formulação e através de fichas de acompanhamento das famílias na área do PSF.
Resultados: Os resultados alcançados se limitaram a mudanças de hábitos alimentares e
conscientização. Discussão: Os resultados são significativos no que se refere a adesão
da família e em sua conscientização em propiciar ao garoto, alimentação mais adequada,
e posturas na hora de dormir. As dificuldades e limitações encontradas estiveram
presentes na captação das informações dos prontuários e mudança na grade curricular da
1
2
Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.
Professor do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.
disciplina de interação comunitária. Considerações finais: Os resultados alcançados
são importantes, pois sabermos dos benefícios alcançados pelo menino D.M.M, com a
mudança em sua dieta e seu posicionamento ao dormir, e suas repercussões caso não
tivesse sido feito, As considerações terapêuticas na DRGE devem valorizar o fato de a
doença provavelmente se prolongar por longos anos, se não por toda a vida.
Palavras Chaves: Doença do Refluxo Gastroesofágico; Programa saúde da família;
Interação comunitária.
1-Introdução
1.1Estado da Arte
A doença do refluxo gastroesofágico é a afecção crônica decorrente do fluxo
retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes,
acarretando variável espectro de sintomas (esofágicos ou extra-esofágicos), associados
ou não a lesões teciduais. Convém destacar três aspectos importantes na definição
apresentada: Admite-se a participação de componentes do refluxo duodenogástrico na
fisiopatogenia da afecção. Em função disso, propõe-se o termo refluxo de conteúdo
gastroduodenal ("não-ácido") e não apenas de conteúdo gástrico (ácido). Admite-se a
existência de sintomas esofágicos e extra-esofágicos. Destaca-se que os sintomas podem
ou não ser acompanhados por lesões teciduais esofágicas diagnosticadas pelo exame
endoscópico 1.
Pacientes com diminuição da amplitude presente na motilidade do
esôfago ineficaz (<30 mm Hg) têm aumento do tempo total de exposição do esôfago ao
pH inferior a 4, e dificuldade na depuração esofágica de ácido, quando comparados com
pacientes com motilidade normal2.O comprometimento da motilidade em região distal
do esôfago e proximal do estômago poderia determinar a baixa amplitude da contração,
o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago associado ao refluxo
gastroesofágico, a baixa pressão deste esfíncter e as alterações na acomodação do
estômago proximal ao volume ingerido
3,4
. É possível que a diminuição da amplitude
seja conseqüência da esofagite. Este fato é sugerido por estudos que mostram que a
amplitude e a proporção de contrações peristálticas aumentam após o tratamento clínico
da esofagite de refluxo
5
.As formas mais graves da doença do refluxo gastroesofágico
(DRGE) implicam estenose do esôfago distal 6. A DRGE é afecção de grande
importância médico-social pela elevada e crescente incidência e por determinar
sintomas de intensidade variável, que se manifestam por tempo prolongado, podendo
prejudicar consideravelmente a qualidade de vida do paciente. Tem prevalência
estimada de 20% na população adulta dos EUA e taxas similares na Europa 7 .No Brasil,
estudo populacional empreendido em 22 metrópoles, entrevistando-se amostra
populacional de 13.959 indivíduos, observou-se que 4,6% das pessoas entrevistadas
apresentavam pirose uma vez por semana e que 7,3% apresentavam tal queixa duas ou
mais vezes por semana. Em função desses dados, estima-se que a prevalência da DRGE,
em nosso meio, seja ao redor de 12% 8. O espectro das manifestações clínicas da doença
do refluxo gastroesofágico (DRGE) na infância inclui vômito, regurgitação, baixo
ganho ponderal, disfagia funcional, odinofagia, disfonia, sensação de gosto ácido ou
amargo na boca, náusea, desconforto pós-prandial, dor abdominal e/ou retroesternal,
irritabilidade e problemas respiratórios 9.
Segundo relatos de autores, a presença de esofagite é um dos principais fatores
associados à recusa alimentar, choro durante as refeições, dificuldade de aceitar o
cardápio proposto e rejeição de certas texturas e consistências. Não se identificou
distúrbio motor ao estudar a deglutição e o peristaltismo esofágico em crianças com
DRGE
11
. Por outro lado, relatos de outros autores indicam que a DRGE, complicada
com esofagite, pode ser uma das causas para recusa da dieta, choro durante as refeições,
rejeição a determinadas texturas e consistências adequadas para a idade 10.
1.2 Contextualização
Durante os quatros primeiros semestres do curso de medicina, da faculdade
Atenas, cursamos a disciplina de interação comunitária, fomos a unidade de saúde prédeterminada, dentro da cidade de Paracatu, e acompanhamos famílias que nos eram
confiadas por nossas tutoras, para vivenciarmos a situação de cada uma, captar os
principais problemas , discutir e avaliar as melhores intervenções e por em prática,
buscando fazer o melhor por estas. Deparamos-nos com a família de R.M.S, 28 anos,
dona de casa, moradora da área de abrangência do PSF Caic, Vila Mariana. A família é
composta por seis membros, sendo ela e o marido, D.M.M, 29 anos, eletricista ,e mais
quatro crianças, todos homens, na faixa etária de 0 a 11 anos de idade.O casal vive uma
união estável há 11 anos e a casa em que moram está localizada no lote dos pais do
marido onde esta foi recentemente reformada com a ajuda de uma ONG, que atua na
cidade de Paracatu, e presta este tipo de ajuda social.A casa encontrava-se sempre limpa
e organizada, havia saneamento básico completo, e a renda familiar era adquirida pelo
serviço do marido que ganha um salário mínimo e meio, mais a ajuda do bolsa família
(R$90,00), programa de assistência as famílias de baixa renda do governo federal.A
renda era suficiente para que a família vivesse sem que faltasse o básico para todos, de
acordo com relatos da mesma.Todos na casa tinham bom estado geral, e se mostravam
nutridos, saudáveis e alegres, principalmente com o bebê que a pouco chegara a casa. A
família transmitia um bom relacionamento entre os membros. A esposa fez há poucos
meses a cirurgia de ligadura de trompas, o que a deixou satisfeita, pois temia que sem
esta intervenção, poderia engravidar novamente, e chegada de uma outra criança
comprometeria o controle financeiro do casal. O casal possui uma criança, D.M.M, de
11 anos, portador de Doença do refluxo gastroesofágico, caso este que nos chamou
muita a atenção, porém sempre que visitávamos a família ele não se encontrava, estando
na escola, ou viajando para a capital, Brasília, para fazer o acompanhamento da sua
doença, fato que se repetia todos os meses, até que em nossa última visita dentro do
currículo da disciplina, podemos ter o contato com o garoto que se encontrava na
casa.De acordo com relatos da mãe, o menino nasceu de parto normal, sem
intercorrências, sendo feito o acompanhamento pré-natal iniciado aos 3 meses
gestacionais na unidade de saúde.A criança nasceu com bom peso, mas tinha
dificuldades em se alimentar, vomitando tudo o que ingeria, onde neste período a mãe
esteve com a criança na unidade de saúde e no hospital municipal, não conseguindo um
diagnóstico claro do que seria a moléstia, quando com 15 dias de nascimento, havia
perdido metade do peso ao nascer, encontrando-se com grave quadro de
desnutrição.Somente a pós ajuda de amigos da família, a mãe conseguiu levar seu filho
a um médico por consulta particular, que suspeitando da doença do refluxo
gastroesofágico, o encaminhou a Brasília com urgência, sendo atendido no hospital de
Base da capital.A criança ficou internada até que melhorasse seu quadro e os médicos,
através de exames de endoscopia, diagnosticaram a DRGE, com estenose do terço distal
do esôfago.Durante algum tempo, o tratamento foi conservador, com uso de
medicamentos como o Prepulsid, utilizados em casos de refluxo do conteúdo gástrico,
por três anos, obtendo melhoras do quadro clínico. Aos três anos de idade foi internado
no hospital municipal com anemia grave sendo submetido à transfusão sanguínea e com
achado cardíaco de sopro, com suspeita de CIA.a mãe relatou o uso de forma
descontínua do medicamento pela falta do mesmo na unidade de saúde.Há dois anos
atrás, o menino então com 9 anos, apresentou quadro grave de dor retroesternal, com
vômitos, regurgitação, baixo peso ponderal
sendo encaminhado pelo médico da
unidade de saúde para exame com médico gastrologista , que após diagnosticar piora do
quadro, cursando com esofagite, e achado de Hérnia de hiato
, o encaminhou
novamente a Brasília, onde mais uma vez foi atendido no hospital de Base, sendo
submetido a cirurgia de hérnia de hiato por vídeo laparoscopia.O Atestado médico, um
dos poucos documentos que a mãe possui a respeito da doença atesta que o menino
possui DRGE acompanhado de estenose do terço distal do esôfago. Após a cirurgia, o
garoto se sentiu bem, não apresentando quadros de vômitos, ganhou peso, e houve a
extinção do desconforto retroesternal, assim como extinção da disfagia. O menino
Deveria ir a Brasília todos os meses para acompanhamento pós-cirúrgico onde quem o
acompanhava nas viagens era sua avó paterna, já que a mãe cuidava das outras crianças
menores. Por razões financeiras, já que há despesas com passagens, alimentação e a
família não consegue arcar com os custos, a mais de seis meses a criança não comparece
para revisões médicas, e de acordo com relatos da mãe, o garoto iniciou novas crises de
vômitos e dificuldades de deglutição, associando o ocorrido ao fato de não estar indo às
consultas.A mãe tem medo que possa estar retornando todos os problemas vividos pela
criança em decorrência do não acompanhamento médico regular. O menino tem ainda
dificuldades de aprendizagem e apesar de estar freqüentando uma escola regular e
cursando a quarta série primária, não sabe ler nem escrever. Segue abaixo o genograma
da família de R.S.M.
1.3 Justificativa
Ao se tratar de uma criança com doença do refluxo gastroesofágico, deve-se
valorizar o fato de a doença provavelmente se prolongar por longos anos, se não por
toda a vida.
As intercorrências causadas pela DRGE, tanto para a criança, com todas as suas
manifestações clínicas, levando a impacto negativo na qualidade de vida e seus
prejuízos para seu desenvolvimento e saúde, como para a família, que tem grande
dispêndio de tempo e dinheiro por ser um tratamento de longo prazo, com
medicamentos comprados em farmácias particulares e viagens a capital Federal para
acompanhamento médico, mensalmente, nos motiva a um estudo mais detalhado sobre a
doença e formulações de hipóteses de soluções que possam ajudar a família.
1.4 Objetivos
O objetivo geral deste artigo é promover melhoria da saúde do garoto estudado,
utilizando-se de estudos aprofundados sobre sua doença, para promover orientações e
intervenções quando à alimentação e estilo de vida que possam garantir seu bem estar.
Os objetivos específicos são o encaminhamento a assistência social, em busca de auxílio
para custear suas viagens à cidade de Brasília, onde possa ser atendido mensalmente e
acompanhado pela equipe médica quanto ao seu estado de saúde. Conseguir ainda na
assistência social o pagamento da medicação necessária e indispensável à manutenção
da saúde do garoto. Seria de suma importância que houvesse médicos na cidade que
pudessem acompanhar o caso do menino. Havendo em nossa faculdade um médico
especialista em gastro-pediatria, buscar um atendimento e avaliação da situação. Buscar,
por meio de profissionais qualificados, a melhor decisão quanto ao déficit de
aprendizagem do menino, e até mesmo seu encaminhamento a instituições
especializadas, se for o necessário.
2 - Metodologia
2.1-tipo de estudo
Trata-se de um estudo de caso, realizado segundo um método qualitativo e
científico de um assunto médico.
2.2 Área de estudo
Cursando a disciplina de interação comunitária, matéria da grade curricular do
curso de medicina da faculdade Atenas, tinha como tarefa dentro da disciplina, o
acompanhamento de famílias, que morassem dentro da área de abrangência do PSF
Caic, vila Mariana para posterior formulação de soluções para os problemas
encontrados, e aplicação destas na vida das famílias.
2.3 Coleta de dados
As informações foram obtidas através de entrevistas e consultas a prontuários
médicos. As entrevistas eram feitas na casa de R.S.M. Iniciaram no dia 01 de março de
2007e se estenderam por todo o ano, sendo realizadas nos dias 12 de abril, 14 de junho,
30 de agosto, 20 de setembro e 25 de outubro.Foram feitas ainda visitas em Horários
extras curriculares, quando da necessidade de dados que faltavam e acompanhamento da
evolução do cronograma proposto.A primeira visita feita com esta finalidade foi no dia
13 de setembro de 2007 e a ultima visita foi feita no dia 10 de junho de 2008.Ao todo
foram oito visitas à família que sempre nos recebeu bem, sendo compreensiva e
colaborativa.Durante as entrevistas, utilizávamos fichas de acompanhamentos e
perguntas sem prévia formulação que abordavam a qualidade de vida do menino,
ausência ou presença de manifestações clínicas da doença, evolução da mesma, uso de
medicamentos, associação da DRGE com dificuldade de aprendizado, fato pesquisado,
mas não encontrado em revisão bibliográfica ou artigos sobre o assunto, pela Internet. A
coleta de dados dos prontuários médicos foi feita no decorrer das visitas onde
aproveitávamos o tempo disponível na unidade de saúde para ver e anotar os dados dos
prontuários das famílias. De acordo com informações e consentimento da mãe do
garoto, foi feita a coleta de dados do prontuário na unidade de saúde de outro bairro,
onde o menino fora atendido em anos anteriores.Não me foi apresentado nenhum exame
médico comprovando a doença.Através dos médicos de Brasília que operaram a criança,
só havia um documento médico do ano de 2006 atestando a existência da doença do
refluxo gastroesofágico acompanhada de estenose do terço distal do esôfago e a
necessidade de retornos mensais ao hospital de Base de Brasília para acompanhamento.
2.4 Critérios de seleção dos sujeitos
A família de R.S.M, foi minha escolha pela complexidade da situação vivida
pela criança D.M.M, de 11 anos, por sua dificuldades desde o nascimento e as
repercussões desta doença para sua vida se não tratado ou acompanhado por
especialistas da área médica de forma satisfatória, podendo deixar seqüelas ou levar a
morte.
2.5 Instrumentos ou técnicas utilizados
As informações eram colhidas através de perguntas sem prévia formulação e
através de fichas de acompanhamento das famílias com perguntas pré-estabelecidas a
respeito das situações vividas pelas famílias, respondidas sempre por R.S.M, que
negava a existência de qualquer outro tipo de resultado de exames, anotadas em um
portifólio, que de acordo com o site da Internet wikpédia, é um documento formal que
apresenta as experiências de aprendizagem fora da escola, sendo utilizado para solicitar
reconhecimento acadêmico da aprendizagem experimental individual, sendo estas
registradas em todas as visitas.
3 Resultados
3.1 Descrição
Depois da primeira visita, após estudos em sites e livros, onde buscamos e
estudamos a respeito da doença, no intuito de orientarmos a família, sobre o melhor
modo de lidar com a doença, com mudanças na alimentação e estilo de vida, com a
preocupação de não interferir no tratamento dos médicos de Brasília, propusemos
medidas simples, visando melhor qualidade de vida da criança. Em termos de restrições
dietéticas, devem-se evitar substâncias que aumentam a freqüência de relaxamento
transitório do esfíncter esofágico inferior: cafeína, chocolate, alimentos picantes e
álcool. Recomendam-se, ainda, o controle da obesidade, a abstenção do uso de tabaco e
a suspensão da exposição ao tabagismo passivo 9. Assim como os adultos, as crianças e
adolescentes se favoreceriam, durante o sono, do decúbito lateral esquerdo com
elevação da cabeceira9. Realizamos as recomendações e estas foram seguidas, de acordo
com relatos da mãe, além de termos presenciado a cama onde dormia o garoto com a
cabeceira com elevação em torno de 30 graus. Orientamos R.S.M, a estar procurando a
ação social para buscar auxílio quanto ao custeio das viagens da criança e da avó a
cidade de Brasília, ou mesmo o fornecimento dos medicamentos que não são
disponíveis na rede publica, mas até a data da última visita à família, 10 de junho de
2008, a mãe do garoto não havia tomado a iniciativa de buscar o auxílio, na ação social,
estando a mais de seis meses sem que a criança fosse acompanhada pela equipe médica
que o operou e de acordo com relatos de R.S.M, as manifestações clínicas da doença
estavam reaparecendo, retornando os vômitos após o menino se alimentar, fato que
havia cessado desde a operação.Nos propusemos a conversar com o professor Jairo,
coordenador do curso de Medicina da faculdade Atenas, e médico especialista em
gastrologia infantil para estarmos agendando uma visita à família, onde este faria uma
avaliação da doença da criança. Buscamos no mês de dezembro de 2007 na escola Caic,
localizada junto à unidade de saúde, e onde o garoto Douglas cursava a terceira série
primária, entender as razões que levavam um garoto de onze anos, em uma etapa escolar
avançada, não saber ler ou escrever. Estivemos com a pedagoga Mariângela que nos
explicou que muito havia sido feito dentro da escola para propiciar à criança, melhores
condições de ensino, como o acompanhamento individual, aulas de reforço, estando
ciente da gravidade da situação, mas dizendo-nos que o governo federal não admite a
reprovação de alunos dentro do ensino público primário, daí a razão de estar cursando a
terceira série, sem sequer saber escrever o nome.Questionamos a respeito de estar
encaminhando a criança a um ensino especial, onde na cidade há a Apae, associação de
pais e amigos dos excepcionais, que visa acolher crianças que apresentam déficits de
aprendizado, cognitivos e motor, com intuito de um atendimento direcionado e
especializado para o caso do garoto, que poderia assim, ser mais bem avaliado. Ela
concorda, e acha que é uma boa alternativa, mas que deve ser tomada à decisão pelos
pais. Até a data de nossa última visita à família, o garoto continuava cursando a escola
tradicional, no Caic, estando agora na quarta série primária, ainda sem saber ler ou
escrever.
3.2 Tabelas, quadros
Segue abaixo o Cronograma de atividades a serem realizadas como modo de
intervenção na família de R.S.M.
Conduta
junho
Estudo e pesquisa X
a
respeito
agosto
setembro
outubro
Novembro
dezembro
Fevereiro
Março
2008
2008
X
X
X
X
X
X
X
da
DRGE
Orintação quanto
X
X
X
a alimentação e
posicionameto da
criança ao dormir
Orintação e busca
por auxilio junto
à ação social
Busca
por
soluções
a
respeito do déficit
de aprendizagem
4 Discussão
4.1 interpretação dos resultados
No dia 10 de junho de 2008, estive na casa da família de R.S.M em horário extra
curricular com o intuito de verificar os resultados alcançados, já que desde o final do
ano de 2007 não acompanhávamos a família pelas mudanças ocorridas na grade da
disciplina de interação comunitária. Os resultados são significativos no que se refere a
adesão da família e em sua conscientização em propiciar ao garoto, alimentação mais
adequada, e posturas na hora de dormir que propiciem ajuda no tratamento,onde temos a
certeza de que caso não fossem tomadas as devidas precauções a progressão da doença
teria sido com maior intensa.A não procura da mãe à ação social não nos foi explicada
de modo satisfatório, permanecendo a família na inércia,não conseguindo ajuda para
levar a criança a Brasília, ou custeio dos medicamentos necessários, o que implicou na
piora dos sintomas que antes estavam controlados, iniciando novo quadro de vômitos
após as refeições, quadro este que poderá se agravar muito, levando à esofagite de
refluxo e suas conseqüências, até o câncer de esôfago (esôfago de Barrett).Da mesma
forma não foi tomada nenhuma providência, apesar das recomendações feitas à mãe que
se dirigisse a escola da criança onde a pedagoga estava pronta a conversar a respeito da
situação do garoto, o que acarretou em estagnação no processo de evolução intelectual
do mesmo.
4.2 Dificuldades e limitações
As dificuldades e limitações encontradas estiveram presentes na captação das
informações dos prontuários que se mostravam incompletos em relação à real doença
do garoto.Nos foi explicado que isto se deve a falta da contra-referencias dos médicos
de Brasília em relação ao estado de saúde do menino e a respeito de sua doença, que
apesar do pedido dos médicos da cidade, nunca o fizeram.Uma outra dificuldade
encontrada foi a mudança na grade curricular da disciplina de interação comunitária,
onde a partir deste ano(2008) deixamos de acompanhar as famílias na unidade de saúde
, o que acarretou a interrupção do cronograma de atividades propostas às famílias, e
conseqüente
déficit
de
resultados,
principalmente
por
termos
iniciados
o
acompanhamentos da família de R.S.M em março de 2007.
4 Considerações finais
5.1 Síntese dos principais resultados
Os resultados alcançados, mesmo que poucos em relação a tudo o que foi
proposto à se realizar para o benefício da família, são importantes, por sabermos dos
benefícios alcançados pelo menino D.M.M, com a mudança em sua dieta e seu
posicionamento ao dormir, caso não
tivesse sido feito, seu quadro clínico que agora está pior pelo não acompanhamento
médico mensal, estaria muito pior, agravando e muito deu estado de saúde.
5.2 Sugestão de novas pesquisas
Sugiro que sejam feitos novas pesquisas que relacionem a Doença do refluxo
gastro esofágico com déficit de aprendizagem, já que em minhas pesquisas, não
encontrei em literaturas ou artigos já publicados, informações que concordassem ou
descordassem que há correlação entre os dois acometimentos que afetam o garoto
D.M.M.
5.3 Proposições ou recomendações
As considerações terapêuticas na DRGE devem valorizar o fato de a doença
provavelmente se prolongar por longos anos, se não por toda a vida. O tratamento
farmacológico da DRGE já alcançou grandes avanços. Mudanças no estilo de vida são
indicadas e oferecem grandes benefícios aos portadores da doença melhorando a
qualidade de vida. Há a necessidade de informações de toda a equipe de saúde do PSF,
para que consigam lidar melhor com casos de doente que venha aparecer na área de
abrangência no qual residem, para que não fiquem desamparados e tenham que recorrer
a centros grandes para acompanhamento médico, onde questões simples, que poderia
ficar a cargo de equipe, não são feito como acompanhamento do uso de medicamento
ou aconselhamento pela procura de órgãos públicos indicados a resolver problemas
específicos. Nota-se que a doença apesar de comum e de grandes repercussões na vida
de uma pessoa, principalmente criança,já que afeta toda a família, é pouco estudada e
são poucos médicos empenhados a tratar a doença.faz-se necessário que todos se
empenhem para levar ao conhecimento da equipe de saúde e possibilitando
acompanhamento e tratamento conservador da DRGE dentro da unidade de saúde.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a toda a equipe do PSF Caic , Vila
Mariana,sem distinções, que colaboraram muito durante os quatro períodos , da
disciplina de interação comunitário, onde nos acolheram na unidade e não mediram
esforços para nos ajudar.Agradeço ainda a minha amiga e dupla de posto de saúde,
Cíntia , que sempre me ajudou e me guiou na elaboração deste e de muitos outros
trabalhos.
ABSTRACT
Introduction: The gastroesophageal reflux disease is a chronic disorder stemming the
flow retrograde part of the contents of Gastroduodenal to the esophagus and / or
adjacent organs. Following families in the discipline of interaction with the community
in the face of RSM, and his eldest son DMM, holder of DRGE.As difficulties since
birth and the impact of this disease to their lives are of great impact on the lives of
children. This paper is to promote better health of the boy studied. Methodology: This is
a case study, made from information obtained by interviews in the family home of RSM
and consultations with medical records of the same. The information was collected
through questions without prior formulation and monitoring through sheets of
households in the area of the FHP. Results: The achievements were limited to changes
in dietary habits and awareness. Discussion: The results are significant as regards the
accession of the family and in their awareness in providing the boy, better nutrition, and
postures in the hour of sleep. The difficulties and constraints encountered were present
at the capture of information from medical records and change in grade curriculum of
the discipline of community interaction. Final considerations: The achievements are
important, because we know the benefits achieved by the boy DMM, with the change in
their diet and their position to sleep, and its impact if it had not been done, the
therapeutic considerations in GERD should exploit the fact that disease are like l to
continue for many years, if not a lifetime.
Keywords: Gastroesophageal reflux disease of. Family Health Program. Community
Interaction.
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Preto.
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