“Deus não joga dados com o Universo” “Se conhecermos “S h o presente t exatamente, t t podemos d calcular o futuro” – não é a conclusão que está errada, mas a premissa. premissa Heisenberg 9. Aplicações da equação de Schrödinger Do mesmo modo que os processos e fenômenos macroscópicos abordados pela MC são modelados por idealizações que permitem a determinação de soluções aproximadas, o mesmo ocorre no domínio microscópico. De maneira análoga, a partícula livre, o oscilador harmônico e o sistema de dois corpos constituem os modelos básicos para a abordagem de qualquer problema pela MQ. Entretanto mesmo esses modelos básicos envolvem dificuldades matemáticas de tal ordem que inicialmente utilizam-se que, utilizam se modelos ainda mais simplificados, como partículas confinadas em poços de potenciais retangulares, ou feixe de partículas que incidem sobre barreiras de potenciais descontínuos, para os fenômenos reais. Subitens 9.1 9 1P Problemas bl d de potenciais t i i descontínuos:poços d tí e barreiras de potenciais: A áli do Análise d comportamento t t de d uma partícula tí l confinada. fi d Como encontrar a função de onda da partícula. 9.1.2 O poço quadrado infinito: Determinar o espectro discreto de energia (estados ligados). Encontrar os auto-estados normalizados. 9.1.3 A barreira de potencial retangular: Solução da Eq de Sch. Para um potencial do tipo degrau (E<V e E>V) Solução da Eq de Sch. Sch Para barreira de potencial (E<V) Cálculo da densidade de corrente de probabilidade. 9.1 – Problemas de potenciais descontínuos: poços p ç e barreiras de potenciais p As soluções da eq. eq de Schrödinger para problemas que envolvem poços e barreiras de potenciais retangulares além de serem analiticamente determinadas, proporcionam as primeiras estimativas sobre o comportamento de sistemas de partículas confinadas em um campo conservativo ti ou espalhadas lh d por um outro t sistema. Nesse sentido, as principais características do sistema podem ser reveladas e compreendidas a partir da análise do comportamento de uma partícula em um poço de potencial do tipo: ⎧ ∞ ⎪ V ( x ) = ⎨ − V0 ⎪ 0 ⎩ Poço de potencial retangular. −∞< x <0 0< x <a a<x<∞ Esse perfil é similar ao potencial radial no qual um elétron sofre a ação de um campo p de forças ç central coulombiano devido a sua interação com um núcleo; ú l o problema de dois corpos. corpos Dependendo da energia da partícula, os auto-estados de energia representam um movimento limitado (E<0), no qual são ditos “estados ligados”, ou um movimento ilimitado (E>0) como o espalhamento de um feixe de partículas por um sistema-alvo, i t l no quall são ã chamados h d “estados “ t d não ã ligados”. li d ” De acordo com a MC se a energia E da partícula for negativa, compreendida did entre t –V V0 e 0, 0 o movimento i t é periódico iódi e confinado entre os pontos de retrocesso em x=0 e x=a, nos quais a p q partícula é refletida,, sem nunca ultrapassá-los. p Entretanto, se a energia for positiva, o movimento é ilimitado à direita do único ponto de retrocesso em x=0. A estratégia para solucionar esse tipo de problema é sempre a mesma: resolvemos a equação de Schrödinger separadamente em cada região onde o potencial é contínuo. Depois, tentamos ajustar as diferentes soluções, para que elas sejam consistentes nos pontos de descontinuidade do potencial. Os auto-estados estacionários de energia são descritos por uma função de onda do tipo: Ψ ( x, t ) = ψ ( x )e E −i t h Cuja parte espacial espacial, a autofunção autofunção, satisfaz a eq eq. de Sch. Sch Independente do tempo: − h 2 d 2ψ ( x) + V ( x)ψ ( x) = Eψ ( x) 2 2m dx A maneira sistemática de solução desse tipo de problema, que envolve descontinuidades, é inicialmente determinar as soluções da eq. de Sch. em cada região na qual o potencial é contínuo. Pode-se definir os domínios: Região I: -∞<x<0 ⇒ ψ(x)= ψI Região II: 0 0<x<a x a ⇒ ψ(x) ψ(x)= ψII Região III: a<x<∞ ⇒ ψ(x)= ψIII Como a função de onda e sua derivada, além de se anularem no infinito, devem ser contínuas em todo o espaço, as soluções devem satisfazer condições de contorno nas fronteiras de cada região. Devido ao tipo singular de d descontinuidade ti id d do d potencial, t i l a derivada d i d de d psii apesar de d contínua em x=a, é descontínua em x=0. ψI ψIII ψII ψII (a)=ψIII (a) ψI (0)=ψII (0) 9.1.2 – O poço quadrado infinito • Um problema que pode ser usado para ilustrar, várias propriedades p p das funções ç de onda e também é um dos problemas mais simples de confinamento é o da partícula em um poço de potencial infinito de largura a, também chamado de problema da partícula em uma caixa. •Podemos “construir uma caixa” para elétrons usando eletrodos e grades em um tubo evacuado. As paredes da caixa são representadas pelos potenciais entre as grades e os eletrodos. eletrodos Para tornar as paredes altas e íngremes basta aumentar o potencial V e diminuir a distância entre os eletrodos e as grades respectivamente. •No limite, a energia potencial tem o aspecto da próxima figura que é um gráfico da energia potencial de um poço quadrado infinito. Para este problema, a energia potencial é da forma: p I II III ⎧− ∞ ⎪ V ( x) = ⎨ 0 ⎪∞ ⎩ x < 0(regiãoI ) 0 ≤ x ≤ a ( II ) x > a( III ) Para as regiões I e III, temos a eq. De Schrödinger da seguinte forma: − h '' ψ ( x) = (E − V )ψ ( x) 2m 2 ψ ( x) = −k 2 ψ ( x) '' 2 onde k2 2 2 m( E − V ) = 2 h Equação característica com raízes reais. Logo temos as seguintes soluções: ψ I ( x) = Ae + Be − k x ψ III ( x ) = Ce k x + De − k x k2 x 2 2 2 Como a energia potencial é infinita do lado de fora do poço ∴ k2 →∞, conseqüentemente a função de onda é necessariamente nula nesta região região. Assim a probabilidade de encontrar a partícula fora da caixa é nula. P Para a região iã II (0,x,a) (0 ) a eq de d Schrödinger S h ödi fi fica: − h '' ψ ( x) = Eψ ( x) 2m 2 ψ ( x) = −k1 ψ ( x) '' 2 onde 2mE k1 = 2 h 2 Equação característica com raízes complexas. ψ II ( x ) = Ae ik1 x + Be − ik1x (onda estacionária) Para encontrar as constantes A e B temos a seguinte condição de contorno; “continuidade das funções”. As f funções õ devem d ser contínuas í em x=0 0 e x=a. ψ I (0) = ψ II (0) = 0 ⇒ 0 = Ae ik1 0 + Be − ik1 0 A = −B A c c.c. c em x=a dá o valor de k1: ψ III (a ) = ψ II (a ) = 0 ⇒ 0 = Ae ( −ik1a ) 0 = A e −e 0 = 2isenk1a ⇒ senk1a = 0 k1a = nπ ik1 0 como ik1 a + Be − ik1a eibx − e −ibx sen(bx ) = 2i n=1,2,... n=1 2 Isto implica que o espectro discreto de energia (estado g ) é dado por: p ligado 2mE 2 mE 2 k1 = h 2 2 2 mE n π 2 π h ⎛ ⎞ 2 2 = n E1 ⎜ ⎟ = 2 ⇒E=n 2 h 2ma 2ma ⎝ a ⎠ 2 n=1,2,... E1 é a chamada “energia de ponto zero”. É a menor energia g total p possível que a partícula pode ter, limitada a este potencial. “A partícula não pode ter energia total nula” devido à existência de um “estado mínimo de movimento”. Isso pode ser visto como uma conseqüência do Princípio de Incerteza, já que, como a incerteza na posição é da ordem de Δx = a, não é possível ter o valor do momento com i incerteza t nula, l como seria i o caso se a energia fosse 0. Isto contrasta extremamente com a idéia, da física clássica que todo movimento cessa clássica, quando um sistema tem sua energia mínima, à temperatura do zero absoluto absoluto. Gráfico da energia em função de x para uma partícula em um poço quadrado infinito. Classicamente a energia da partícula pode ter qualquer valor. Precisamos ainda, encontrar os auto-estados de energia: ( ψ II ( x) = A e − e ψ II ( x) = Csen(k1 x ) ik1 x −ik1 x ) C = A2i N Normalizando li d para encontrar t C: C ∫ ∞ ψ ∗ II ( x)ψ II ( x)dx = 1 −∞ C 2 ∫ a 0 sen (k1 x )dx = 1 2 ∫ x sen(2bx ) sen (bx )dx = − 4b 2 2 a ⎡ sen(k1 x ) ⎤ 2 2 x 2 ⎡a ⎤ ⎥ = 1 ⇒ C ⎢ − 0⎥ = 1 ⇒ C = C ⎢ − 4k1 0 ⎥ 2 ⎦ a ⎣ ⎢⎣ 2 ⎦ Os auto-estados normalizados de energia da partícula confinada no intervalo espacial (0,a) (0 a) são dados por: 2 ⎛ x⎞ ψ n ( x) = sen⎜ nπ ⎟ a⎠ a ⎝ Os valores médios da posição e do momentum da partícula em qualquer auto-estado estacionário n são: x n a = ; p 2 n =0 O valor médio nulo para o momentum expressa o fato de que a partícula tí l é essencialmente i l t livre li no interior i t i do d poço, deslocando-se com a mesma probabilidade em ambos os sentidos. sentidos O valor médio da posição, devido a uniformidade da densidade de probabilidade de presença, presença decorre da total simetria do potencial com relação à coordenada espacial. A função de onda completa incluindo a parte temporal será: En 2 − iω n t onde ωn = Ψn ( x, t ) = sen(k n x )e h a 1 2 i (kn x −ωnt ) −i (kn x +ωnt ) ou Ψn ( x, t ) = e −e 2i a [ ] Podemos considerar esta função de onda estacionária como a superposição de duas ondas de mesma freqüência e amplitude uma se propagando para a direita e outra para a esquerda. → ← ψII 9.1.3 – A barreira de potencial retangular A propriedade i d d d de penetração t ã em uma região iã classicamente proibida permite a compreensão de fenômenos como tunelamento de elétrons, elétrons a partir da análise do comportamento de uma partícula que incide sobre uma barreira de p potencial retangular g onde ela p possa ser transmitida e refletida. ⎧0 ⎪ V ( x) = ⎨V0 ⎪0 ⎩ x < 0(regiãoI ã I) 0 < x < a ( II ) x > a( III ) No caso clássico uma partícula que está se movendo da esquerda para a direita na região I, I com E>V0, continua a se mover para a direita na região II, mas com menor velocidade, ao chegar à região III recupera a velocidade inicial. Se E<V0 ela não consegue penetrar na região II, II mas é refletida na fronteira entre as regiões I e II e passa a se para a esquerda q na região g I. mover da direita p No caso quântico, veremos que o comportamento das partículas pa t cu as é muito u to d diferente, e e te, ta tanto to pa para ae energias e g as menores e o es quanto maiores que V0. Primeiramente vamos resolver a Equação de Schrödinger na presença de um potencial do tipo degrau. E>V0 ⎧0 V ( x) = ⎨ ⎩V0 x < 0(regiãoI ) x > 0(regiãoII ) E<V0 Se E<V0 em x<0 a partícula está se movendo com uma velocidade v=(2E/m) ( )1/2, em x=0 é submetida a uma força ç impulsiva. Como E<V0 a partícula continua se movendo para a direita, mas com velocidade menor: v=[2(E-V0)/m]1/2. Por exemplo: uma bola rolando sobre uma superfície plana e encontra uma rampa de altura y0=V V0/mg. Se a Ec da bola é menor que V0 a bola sobe parcialmente a rampa e rola de volta para a esquerda, chegando a superfície plana com v igual a inicial. Se Ec>V0 a bola chega ao alto da ladeira e continua a rolar para a direita com menor velocidade. O resultado da MQ é semelhante ao resultado clássico p para E<V0, mas bem diferente para E>V0. Vamos analisar o que ocorre para E<V0. E<V0 Vamos analisar o que ocorre para E<V0. Podemos imaginar que V(x) é uma representação idealizada da função energia potencial para uma partícula carregada se movendo ao longo do eixo x de um sistema de dois eletrodos ligeiramente separados que são mantidos a voltagens diferentes. À medida que a separação diminui, a função potencial se aproxima da idealização. A energia potencial de um elétron se movendo próximo à superfície de um metal é muito parecida com um degrau deg au de pote potencial, c a , po pois s e ela a c cresce esce rapidamente ap da e te na a supe superfície, c e, a partir de um valor essencialmente constante no interior, até um valor constante e maior no exterior. a) Considerando o estado estacionário com E<V0. É claro que em x=0 há uma divisão do eixo em duas regiões, q g , tal que o movimento clássico é permitido à esquerda e proibido à direita. Para x<0, a eq de Sch fica: ψ ( x) = −k1 ψ ( x) 2 '' 2mE 2mE k1 = 2 h 2 onde Equação E ã característica t í ti com raízes í complexas. l A solução l ã será: ψ I ( x) = Ae A ik1 x + Be B − ik1 x = A cos k1 x + B senkk1 x ' ' Para x>0,, a eq q de Sch fica: ψ ( x) = −k 2 ψ ( x) '' 2 onde k2 2 2m(E − V0 ) = h2 Equação característica com raízes reais. A solução será: ψ II ( x) = De k2 x + Ce − k2 x Somente a solução e-k2x permanece finita para x→∞ (não há nada que limite a partícula) então D=0: ψ II ( x) = Ce − k2 x Para determinar as constantes utilizamos as condições ç de continuidade das funções de onda e sua derivada em x=0: ψ I (0) = ψ II (0) ⇒ A = C ' ' ψ I (0) = ψ II (0) (− Ak1senk1x + Bk1 cos k1x ) x =0 = − k 2Ce −k x x =0 2 k2 Bk1 = −k 2C ⇒ B = − C k1 A auto-função fica em termos de C: ⎧ ⎛ ⎞ k2 k1x ⎟⎟ ⎪C ⎜⎜ cos k1x − senk ψ (x) = ⎨ ⎝ k1 ⎠ −k 2 x ⎪ C Ce ⎩ X<0 X>0 X 0 Em termos de exponenciais X<0 fica: ⎡ 1 ik1x k 2 ik1x − ik1x − ik1x ⎤ − ψ (x) = C⎢ e + e e −e ⎥ 2ik1 ⎣2 ⎦ C ⎡⎛ ik 2 ⎞ ik1x ⎛ ik 2 ⎞ −ik1x ⎤ ⎟⎟e + ⎜⎜1 − ⎟⎟e ψ ( x ) = ⎢⎜⎜1 + ⎥ 2 ⎣⎝ k1 ⎠ k1 ⎠ ⎝ ⎦ ( ) ( ) A função de onda estacionária fica: C ⎡⎛ ik 2 ⎞ i (k1x −ωt ) ⎛ ik 2 ⎞ −i (k1x +ωt ) ⎤ ⎟⎟e ⎟⎟e Ψ( x, t ) = ⎢⎜⎜1 + + ⎜⎜1 − ⎥ k1 ⎠ k1 ⎠ 2 ⎣⎝ ⎝ ⎦ X<0 Esta função de onda é uma superposição de uma onda se propagando p p g para p a direita e outra para p a esquerda q cujos j auto-valores de momento valem ±(h/2π)k1. Por outro lado a onda incidente e a refletida se combinam e produzem uma onda estacionária. Para a região x>0 a função de onda fica: Ψ( x, t ) = Ce − k 2 x e − iωt X>0 Esta E t expressão ã exibe ib uma penetração t ã e atenuação t ã na região proibida classicamente. Densidade de probabilidade para uma partícula em um degrau de potencial. A partícula incide da esquerda com E<V0. Perceba, pela Figura, que a probabilidade de encontrarmos a partícula em x > 0 decai exponencialmente à medida que nos afastamos da origem. origem Este fenômeno não-clássico não clássico é chamado “penetração de barreira”. Note ainda que esse efeito não é inconsistente com o fato de que a partícula é refletida, com 100% de probabilidade, b bilid d pela l b barreira. i P d í Poderíamos f formular l a seguinte i t analogia clássica para descrever o movimento da partícula: ela vem da esquerda, penetra um pouco na região proibida e, depois, com certeza, retorna para o lugar de onde veio. Apesar de parecer bastante exótico pela visão da MC, o efeito de penetração de barreira já era um velho conhecido da física ondulatória. Por exemplo, quando uma onda luminosa incide de um meio de índice de refração maior para outro com índice de refração menor, dependendo d d d do d ângulo â l de d incidência, i idê i pode d ocorrer o efeito f it de reflexão total da luz. Porém, em perfeita analogia com o efeito quântico de penetração de barreira, o campo eletromagnético ondulatório da luz penetra um pouco na região com índice de refração menor, decaindo exponencialmente quando a distância até a interface entre os dois meios aumenta. Dessa forma,, o efeito de penetração de barreira pode ser entendido como mais uma manifestação da natureza ondulatória da matéria. b) E>V0. As soluções serão do tipo ondas progressivas E V0 E>V 2mE ⎧ 2 ik1x − ik1x ⎪ Ae + Be ; k1 = h 2 ψ (x) = ⎨ 2m(E − V0 ) 2 ik 2 x − ik 2 x ⎪Ce + De ; k 2 = h2 ⎩ X<0 X>0 Considere a partícula vindo da esquerda para a direita. Classicamente em x=0 a partícula irá sofrer um potencial retardador, mas a probabilidade dela passar para a região x>0 é máxima. Entretanto devido as propriedades ondulatórias da partícula existe uma certa probabilidade de que ela seja refletida em x=0. Assim, para a região x<0 devemos ter uma superposição de ondas caminhando para a esquerda e para a direita. Entretanto para x>0 devemos ter apenas ondas se propagando para a direita, uma vez que não existe nessa região nada que possa refletir a onda e fazer com que apareça uma onda propagando para a esquerda. Assim, d devemos f fazer D 0 D=0. As constantes A, B e C devem ser obtidas a partir de propriedades de continuidade da função f de onda e seu gradiente. Assim: ψ I (0) = ψ II (0) ⇒ A + B = C ψ ' I (0) = ψ ' II (0) k2 ik1A − ik1B = ik 2C ⇒ A − B = C k1 k1 − k 2 2k1 A⇒C = A B= k1 + k 2 k1 + k 2 As auto-funções ficam em termos de A: ⎧ ⎛ ik1x k1 − k 2 −ik1x ⎞ ⎟⎟ e ⎪ A⎜⎜ e + ⎪ ⎝ k1 + k 2 ⎠ ψ (x) = ⎨ 2k1 ik2 x ⎪ e A ⎪⎩ k1 + k 2 X<0 X>0 (onda plana) Densidade de probabilidade para uma partícula sob ação do degrau potencial quando k1=2k2. A teoria prevê que a partícula tem uma possibilidade apreciável de ser refletida pelo degrau de volta para a região x<0, mesmo tendo energia suficiente para ultrapassar o degrau e ir para a região x>0. x>0 Um exemplo disto é encontrado no caso de um elétron no cátodo de uma célula fotoelétrica, que recebeu energia ao absorver um fóton, e que está tentando escapar da superfície do cátodo metálico. Se sua energia não for muito maior do que a altura do degrau no potencial existente na superfície do metal, ele pode ser refletido e não conseguir escapar. escapar O fato do degrau de potencial refletir partículas para as quais E >V0, onde classicamente seriam transmitidas, é mais uma manifestação das propriedades ondulatórias das partículas quânticas. O fenômeno que acabamos de estudar é completamente análogo ao que acontece na ótica ondulatória clássica, da reflexão p parcial da luz na fronteira de duas regiões com índice de difração diferente. No meio à esquerda o comprimento de onda de de Broglie é λ1 = 2π/k1, enquanto à direita é λ2=2π/k 2π/k2. É tentador explicar o fenômeno que acabamos de descrever da seguinte forma: “A A partícula quântica é parcialmente refletida e parcialmente transmitida pelo degrau de potencial.” Afinal, na ótica ondulatória, dizemos algo semelhante com relação às ondas. No entanto, essa explicação não é muito precisa quando nos referimos ao fenômeno quântico; é preciso esclarecer que a partícula não se fragmenta quando incide no degrau. O que acontece é que, numa dada colisão da partícula com o degrau de potencial, ela p pode ser refletida com p probabilidade R e transmitida com p probabilidade T. Sendo assim, em um único evento, não podemos medir os valores de R e T. Esses só poderiam ser determinados se realizássemos um número muito grande de colisões idênticas, de modo q g que R e T seriam p proporcionais p ao número de eventos de reflexão e transmissão, respectivamente. Na próxima aula veremos como calcular tais coeficientes.