25/11/2013
Folha de S.Paulo - Mercado - Encontro promove novos empresários das favelas do Rio - 22/11/2013
22/11/2013 - 19h53
Encontro promove novos empresários
das favelas do Rio
FABIO BRISOLLA
DO RIO
No balcão do restaurante Borelleto, o cliente escolhe o tipo de massa, molho e
ingredientes adicionais (como calabresa ou frango) ao montar seu prato. A sonoridade
do nome e o modelo do negócio remetem de imediato ao Spoleto, a famosa rede com
mais de 300 lojas especializadas em comida rápida italiana.
Já o desconhecido Borelleto tem apenas um endereço: no Morro do Borel, zona norte
do Rio. Esse fast food da favela será um dos temas previstos no roteiro de 22
palestras do Projeto AR, organizado neste sábado (23) a partir das 9h no Solar
Meninos da Luz, ONG localizada no Morro do Cantagalo.
"Buscamos projetos nascidos nas favelas e com histórias que poderiam ser replicadas
em outras comunidades", explicou Fernando Gouvêa, conhecido como Tchê, um dos
envolvidos na concepção do Projeto AR.
Os testemunhos do AR seguem um formato popularizado pelo mundo com as palestras
do TED (sigla para Tecnologia, Entretenimento e Design), idealizadas para inspirar
empreendedores. O próprio Gouvêa foi um dos realizadores de uma edição do TED
em solo carioca.
Ele ressalta que o conceito do AR vai além dos casos de superação característicos do
TED. "Mais do que inspirar, esse encontro no Cantagalo quer ser uma referência para
que o empreendedor da favela consiga dar um segundo passo", disse Gouvêa.
Marcelo Lopes de Oliveira, 32, é motorista profissional contratado por uma empresa
privada. E, no turno da noite, ele gerencia o seu negócio próprio, o Borelleto, que rende
de R$ 4 a R$ 5 mil por mês.
"Percebi que não havia lugar para jantar no Borel. O restaurante, além de ser uma nova
fonte de renda pra mim, oferece algo que faltava na comunidade", disse Oliveira, que
passou a ser chamado na favela de "Borelleto".
Moradora do morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul carioca, Sheila Souza, 42,
já foi assistente de saúde no ambulatório de sua comunidade, e também trabalhou na
creche local.
Após concluir a faculdade de turismo, ela fundou em 2010 a Brazilidade, uma agência
que procura ser uma alternativa aos passeios com jipes, no estilo Safari, realizados em
favelas. Ela quer derrubar estereótipos.
"Não quero entreter o turista. O que ofereço é uma outra perspectiva. Em caminhadas
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pelo Santa Marta, mostro como é a realidade da favela, ajudo a promover uma
interação com o morador para que as pessoas saibam de fato o que acontece aqui",
explicou Sheila, selecionada como palestrante do AR. Cada depoimento terá dez
minutos de duração.
Morador do Cantagalo, Leonardo da Conceição, 31, também busca a aproximação
entre a favela e o asfalto. Aluno bolsista da PUC-Rio, ele teve um projeto selecionado
pela incubadora da universidade carioca. Está desenvolvendo um site que oferece
hospedagem em residências nas favelas.
"Estamos começando com as comunidades da zona sul do Rio. Mas a ideia é oferecer
vagas de hospedagem em todas as regiões do Rio", informou o estudante e fundador
do www.lugarpraficar.com.br, também escolhido para contar sua história no Projeto AR.
Endereço da página:
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