UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE ANATOMIA PATOLÓGICA E
MEDICINA LEGAL
Patologia Cirúrgica I
Patologia Endócrina.2014.1
Anatomo-Clínica III
Anamnese
– IDENTIFICAÇÃO : A.S.F., 43 anos, sexo feminino, casada, servente, natural de
Pompéia (SP) e procedente de Conceição do Jacuípe (BA).
– H.M.A.: Paciente refere que há 7 anos, cursou com discreta protrusão do globo
ocular esquerdo. Relata ainda dores nos MMSS e MMII, astenia, alopecia,
palpitações, tremores nas extremidades, instabilidade emocional e intolerância ao
calor. Paciente negou alterações do sono perdas ou ganhos ponderais, dispnéia e
disfagia. Procurou endocrinologista que solicitou avaliação de função tireoideana.
Anamnese
–
I.S. : Nega rouquidão e precordialgia; refere prurido vaginal e dispareunia.
– ANT. PESSOAIS:
Médicos Paciente alérgica a carne de porco, poeira, amendoim, camarão, trigo, lã,
fungos; em tratamento.
Ginecológicos Laqueadura tubária há 14 anos.
Familiares Tias paterna e materna com DM, irmã cardiopata + HAS; nega
tireoidopatia e histórico de amaurose na família.
– HÁBITOS DE VIDA: Nega etilismo, ex-tabagista há 3 anos (05 cigarros/dia). Passado
de moradia em casa de taipa.
Exame Físico
– Geral : Paciente em BEG, LOTE, eupnéica, afebril, mucosas coradas, escleróticas
–
–
–
–
–
–
–
–
anictéricas.
Peso = 59 Kg / Altura = 1,54 / IMC = 24,9.
PA = 120/80mmHg
PR = 88bpm.
Pescoço: tireóide aumentada e de superfície regular.
AR: MVBD sem RA. ACV: BRNF em 2T, sem sopros.
Abdome: RHA +, discretamente doloroso à palpação em hipogástrico e FIE.
Extremidades: sem edemas e acianóticas, com tremores finos.
Reflexos: patelar e aquileu presentes e simétricos.
Gânglios: pré-auriculares e sub-mandibulares impalpáveis.
– Exame Oftalmológico: Presença de exoftalmia à esquerda. Pálpebras, cílios e
conjuntivas sem alterações. Pupila foto-reagente, câmara anterior ampla.
Oftalmoscopia mostrou estruturas normais.
Exames Complementares
– USG DE TIREÓIDE : tireóide discretamente aumentada de volume; ecotextura
heterogênea com pequeno nódulo sólido, hipoecogênico, que mede 6 mm de
diâmetro localizado no lobo direito.
LD = 5,3 X 2,0 X 1,6 cm LE = 5,0 X 1,5 X 1,6 cm (Out/97)
– CINTILOGRAFIA
Captação de I 131 = 20% em 24 hrs ( VR: 8 à 35% ).
Conclusão : normocaptação tardia do radioiodo pela tireóide.
Impressão Diagnóstica : Bócio Difuso . (Nov/97)
Exames Laboratoriais
SETEMBRO / 97
T4 = 12,8 ug/100ml (VN = 4,5 – 13,0)
T3 = 2,0 ng/100ml (VN = 0,5 – 2,1)
TSH = 0,03 uUI/ml (VN = 0,10 – 9,0) 
AntiTPO = 8,86 U/ml (VN< 0,3 U/ml) 
NOVEMBRO / 97
TRH/TSH
- coleta basal
0,58(0,8 – 5,0)
- 30 min após
0,8 mUI/ml
- 60 min após
0,47 mUI/ml
Suspeitas Diagnósticas
– Doença Auto-Imune
– Oftalmopatia de Graves
Evolução - 1998/2000
– 01/07/99: Paciente permaneceu 14 meses sem acompanhamento médico.
Suspendeu a medicação prescrita (propanolol) por conta própria há 12 meses e não
ter feito uso da dose treapêutica de Iodo radioativo. Relata que cursou com piora dos
sintomas, referindo muita astenia, sudorese profusa, tremores nas extremidades,
nervosismo, mas com sono preservado. Referiu também regressão da exoftalmia. Ao
exame físico, constatou-se a pele quente; tireóide aumentada de tamanho com
nódulo de +/- 1 cm em LD; tremores finais de extremidades, com calor irradiante; e
reflexos patelares exaltados. PA = 120/90mmHg PR = 88bpm.
– 01/10/99: Foram solicitadas novas dosagens de T3, T4 L, TSH e nova cintilografia da
tireóide com duas captações em 24 hrs. Tapazol 20 mg foi mantido.
1998
1999
2000
2,55
0,76
(VN=0,68–1,76)  (VN=0,68– 1,76)
T4 L
2,7 ug/100ml
(VN=0,8–2,0) 
TSH
1,63 uUI/ml
0,19
0,01
(VN = 0,4 – 4,5) (VN=0,34 - 5,6)  (VN=0,34–5,6) 
T3
1,69
(VN = 0,8 – 2,0)
0,65
(VN=0,8–2,0) 
Positivo
(1:6400)
Positivo
(1:6400)
AAM
AntiTPO
Positivo
(1:1600)
Cintilografia - 1998/2000
– 01/10/99: realizada cintilografia da tireóide com Tc99 que mostrou glândula tópica,
morfologia preservada, contornos bem definidos, aumentada de grau leve,
homogênea, sem lesões nodulares ao estudo. Conclusão: Bócio difuso com
captação 24 hrs do Iodo 131 nos limites superiores à normalidade. Captação:
44%/24 hrs.
– 11/04/00: mostrou glândula tópica, de dimensões aumentadas, com radio-fármaco
alta intensidade, heterogênea com predomínio do LD, sem evidências de lesões
nodulares. Conclusão – discreto bócio difuso hiperfuncionante. Captação 41% em 2
hrs e 88 % em 24 hrs, mostrando hipercaptação precoce e tardia.
– 18/08/00: cintilografia com Tc99 mostrou tireóide hiperfuncionante com dimensões
nos limites superiores à normalidade. Captação: 50 % em 24 hrs (hipercaptação
tardia).
Evolução - 2001/2004
– 06/03/03: Paciente sem uso de medicações, apenas refere utilização esporádica de
Diazepam 5 mg. Retorna referindo episódios de insônia, aumento dos ciclos
menstruais para 5 dias e ritmo intestinal diário. PA = 90/60mmHg PR = 80bpm.
Trouxe resultados de exames. Ultrassonografia da tireóide (12/03/03) mostra LD
(1,7 X 4,3 X 1,3 cm ) com textura heterogênea à custa de imagem hipoecóica em
1/3 médio com 1,5 cm. LE (1,1 X 4,0 X 1,0 cm ) com textura homogênea e
contornos regulares. Conclusão: nódulo sólido em LD. Conduta: Solicitou-se
PAAF e aguardar avaliação da função tireoidiana. Hemograma e bioquímica normais.
Evolução - 2001/2004
– 20/11/03: Ao exame físico, PA = 110/70mmHg PR = 76bpm. Resultado da PAAF
(20/08/03) diagnosticou carcinoma medular da tireóide. Conduta: Paciente foi
encaminhada para a cirurgia.
– 12/05/04: Submetida a tireoidectomia total. Recebeu alta em boas condições e
orientada, sendo solicitado o seu retorno, ao hospital, para acompanhamento.
Ano
2001
2002
2003
T4 L
10,2
(VN=12–22
pmol/l) 
1,5 ng/dl
(VN =0, 75 – 1,8 )
1,4
(VN=0,8–1,9
ng/dl)
TSH
5,77
(VN=0,34– 5,6)
1,74
(VN = 0,35 – 5,3 )
2,2
(VN=0,4–4,0
uUI/ml)
T3
1,11
(VN= 0,8 – 2,0 )
AAM
Positivo
(1:600)
Exame
AntiTPO
93
(VN=70–170
ng/dl )
216 UI/ml
(VR<15 )

HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
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Anamnese IS.