Inovação, Poder e
Desenvolvimento em Áreas
Rurais do Brasil
Sergio Schneider – PGDR/PPGS-UFRGS
Campina Grande/Paraíba, 05 de Maio de 2010
Sumário
1. Questões e temas de interesse geral;
2. Principais avanços da teoria social;
3. Problemas de investigação;
4. A contribuição do IPODE;
5. O trabalho por fazer, nestes dias !!
1 - Temas da ruralidade contemporânea
a)
A Produção de Alimentos: para onde vai e quem
controlará?
 O sistema agroalimentar convencional:
• Cadeias cada vez maiores – Brazil Food, Fibria, etc;
• Riscos alimentares e nutricionais – obesidade e saúde coletiva;
• A questão da regulação: quem e como controlar? Os Estados
ou a OMC ?
 As alternativas: Cadeias curtas, Local Food e Alimentos com
Procedência e Identidade
 Produzir alimentos para a Segurança Alimentar de produtores e
consumidores
 Questões e desafios emergem:


A questão dos mercados: mais mercado ou outros tipos de
mercados?
A necessidade de um novo PACTO com os consumidores.
1 - Temas da ruralidade contemporânea
b)
A compreensão das ‘funções’ não agrícolas do Rural:
 O controle da degradação dos recursos naturais – controle e
regulação;
 O potencial das alternativas que emergem – agroecologia e agricultura
orgânica;
 Funções não-agrícolas do rural:
• Produção de energia;
• Manutenção do patromônio ambiental (biodiversidade) e
cultural
• Alternativas econômicas - pluriatividade e plurirendimentos.
 Questões e desafios emergem:


Quem paga pela descarbonização – os pagtº por serviços
ambientais;
As tecnologias alternativas: viabilidade.
1 - Temas da ruralidade contemporânea
c) A contribuição da Agricultura e da Ruralidade para o Desenvolvimento
 Eliminação da pobreza e da redução das desigualdades;
 O lugar do campesinato e da agricultura familiar:



Equilíbrio demográfico entre urbano e rural – 9 bilhões em 2050 !
Garantir produção alimentos com qualidade e a custos mais baixos;
Conservar o patrimônio social e cultural (gastronomia e tradições);
 A construção de novas formas de medição – INTERFACES – nos
processos de intervenção.
 Questões e desafios emergem:


O papel do Estado e das políticas públicas são cruciais
Papel das organizações de representação dos atores – sindicatos ...
2. Os principais avanços da Teoria Social,
nos anos recentes:
a)
Estudos rurais ampliaram seu enfoque para além da agricultura:
•
O papel dos não-humanos (Latour) – a interface com a Natureza e o Ambiente;
•
O reconhecimento da dimensão espacial e territorial: redefinição da relação rural-urbano;
•
As mutações das formas de trabalho e ocupação: pluriatividade e plurirendimentos.
b)
Crescente abandono do estruturalismo e construção de ‘sociologia
relacional’: focos em atores, redes, atributos, capacitações, mediações...;
c)
Valorização de enfoques e abordagens inter/multidisciplinares
•
d)
Nos temas como: alimentos (nutrição), mercados (economia), território (geografia),
ambiente (biologia), agricultura (agronomia), etc, etc
No Brasil: tendência de valorização de estudos empíricos e
metodologias quanti e qualititativas, MAS, AINDA FALTA:
•
Avançar em estudos comparativos – espaciais e longitudinais;
•
Ampliar o diálogo com a literatura e estudos internacionais – América Latina,
especialmente.
3 Problemas de investigação que emergem:
1ª Processos e itinerários da diversificação:
Como está mudando e/ou sendo transformada a “BASE
MATERIAL” (terra, trabalho e tecnologias) sobre a qual as
famílias e os atores do meio rural organizam os seus meios de
vida?
2ª
Heterogeneidade e diversidade Social:
Compreender as mudanças nas relações de trabalho, nas formas de
organização social, os dispositivos coletivos...;
3ª
Questões de poder e dominação - agencia:
As formas de ação coletiva, a mediação e as interfaces com o Estado
e as políticas públicas, as arenas de disputa e conflitos, posições
de classe....
4. A contribuição do
IPODE: o que são as
‘sementes e os brotos’
da transição ?
Alguns pressupostos e pontos de partida:
 Para além do produtivismo em curso, os agricultores estão
construindo meios e mecanismos para garantir sua reprodução
social:
 não é apenas resistência, mas luta por autonomia !
 Estas iniciativas, práticas e processos são a expressão empírica
de uma NOVA forma de agricultura e desenvolvimento rural, que
está sendo construída de forma silenciosa, descontínua e, muitas
vezes, marginal;
 Não obstante, a construção e reprodução das práticas de
desenvolvimento rural é CONSISTENTE, tem raízes históricas e
segue trajetórias diversas...
Alguns pressupostos e pontos de partida:
 As iniciativas e práticas se manifestam através de
NOVIDADES (quebra de rotinas) e estão emergindo, como
se fossem BROTOS, ainda que algumas estejam ainda no
estágio de SEMENTES (promessas !);
 Estas iniciativas e práticas não ocorrem de forma isolada,
são contextualizadas e imersas em relações de reciprocidade
e interconhecimento – são fruto da AÇÃO SOCIAL em um
determinado espaço/território;
 A ação social demanda ATORES e poder – AGENCIA
Referências Teóricas IPODE
 Wiskerke e Ploeg (2004):
as iniciativas dos agricultores para buscar maior autonomia e
redefinir as relações com os mercados de compra (insumos,
sementes, etc) e venda (cooperativas e empresas privadas), são uma
fonte de inspiração para pesquisa.
 Amin e Cohendet (2004):
mostram que os processos de inovação e desenvolvimento
tecnológico estão imersos (embeddedness) em contextos sociais e
que a invenção e a criatividade é fruto de um intenso processo de
interação e troca de experiências a partir de situações práticas e
contingentes.
 Long e Ploeg (1994):
atores são dotados de poder de agência, o que implica em
capacidade de ação de acordo com projetos definidos e agir
estratégico
EIXOS NORTEADORES DA PESQUISA
1. Formas de inovação (FI) - que podem ser técnicas,
produtivas e sociais
2. Dispositivos coletivos e agência (DCA) - modos de
organização social e mobilização de recursos políticos
3. Processos de diversificação das economias locais (PDEL)
Formas autônomas de
Produção, agricultura
Tradicional, excluídos
e/ou supérfluos
Squeeze agrícola
Crise do produtivismo
Práticas de Desenvolvimento Rural
Agricultores
Práticas, processos
Valores e Identidade
Organizações e
Instituições
Dispositivos coletivos
Sociedade,
Estado e Mercados
Políticas Públicas
Questões de Pesquisa ?
1. Formas de inovação (FI):
de que modo os agricultores inovam, criam e buscam
novos modos de “fazer as coisas” e, com isso, resolver os problemas cotidianos que surgem nos
processos produtivos, na gestão da propriedade, no processamento de produtos, no acesso aos
mercados. Como os agricultores inventam modos de enfrentar as dificuldades relacionadas à
sua sobrevivência material e sua manutenção como grupo social?
2. Dispositivos coletivos e agência (DCA):
como se dá o processo de
organização social e política que resulta tanto na construção de instâncias de controle e gestão
de atividades (associações, cooperativas, etc) como numa maior capacidade de pressionar o
Estado e acessar as políticas públicas?
3. Processos de diversificação das economias locais (PDEL): qual a
contribuição e os efeitos das práticas e processos para diversificação das economias locais e,
consequentemente, ao desenvolvimento rural e à melhoria da qualidade de vida da população
como um todo?
Temas de pesquisa do projeto
 Inovação, agregação de valor e empreendendorismo: o caso das
agroindústrias familiares;
 Formatos técnico-produtivos: práticas e experiências em agroecologia;
 Reorganização das relações de produção e consumo: o caso da
merenda escolar;
 Construção de mercados para agricultura familiar: as iniciativas a
partir do Programa de Aquisição de Alimentos/PAA;
 A produção de bio-energia por agricultores familiares;
 Diversificação dos espaços rurais via turismo rural
 Gestão de recursos hídricos: o programa de cisternas no Nordeste e o
manejo do microbracias/Paraná
CASOS/TEMAS ESTUDADOS
Estados/
Temas
RS
SUL
SC
Agroecologia
Daniela/
Sergio
NORDE
STE
PB
Gazolla/
Cadoná/
Pelegrini
Joaquim
Construção
Social de
Mercados
Amanda/
Sergio
(PAA)
Bionergia
AneliseEduardo
Turismo
rural
PNAE/
Aliment
ação
escolar
Raquel-
Elisangel
a
Rozane/
Sergio
Marcelino
Gestão
da água
Marcio/
Dilvan
Guilherme
PR
RN
Agroindústria
Familiar
(Rede Comerc)
Norma/
Audrey/
João/
Vinicius
Islandia
Aldenor
(PAA)
Nildete
Cimone
Fernando
(PAA)
Miguel
Perondi
Márcio
Sidemar
Geniva
lda
Aécio/
Augusto
Aldenor
Cynthia/
Nerize/
Valerio/
Marilda/
Edgard
Patricia
M. Piraux/
Janine/
Paulo Diniz
Ghislaine
Níveis de Análise
Práticas e
Processos
Dispositivos
Coletivos
Economia Local
Disparadores:
•Agroecologia;
•Turismo rural
•Bioenergia
• Construção Mercados;
•Alimentação Escolar
•Agroindústria
• Gestão Água
Lubrificantes:
Resultados/efeitos:
Associações;
Aumento renda individual;
Organizações;
Acesso a mercados;
Capital social;
Novos valores e identidade;
Externalidades territoriais;
5. A dinâmica deste
Seminário
a)
Atividades e forma de apresentação dos resultados:



b)
Organização do evento:




c)
Inicia-se com a apresentação dos resultados das pesquisas nos 7 temas estudados;
Segue-se com os comentários dos debatedores convidados;
Abre-se espaço para perguntas e questionamentos.
Programa de Pós em Ciências Sociais – UFCG;
Universidade Estadual Paraíba – UEPB;
PGDR/UFRGS;
PPGCS – UFRN;
Patrocinadores



d)
CNPq – apoio financeiro ao Projeto pelo Edital Universal 2008;
CAPES – apoio para realização do evento;
Banco do Nordeste – apoio ao evento e edição de livro.
Agradecimentos



Equipe do Nordeste do IPODE, em especial Nerize, Cynthia, Marilda e Aldenor
Convidados externos que vieram como debatedores e emprestam seu prestígio ao
evento
Esforço dos integrantes do Projeto IPODE, em Valério e Márcio
Obrigado
pela atenção
[email protected]
Afinal, porque a
diversificação é desejável?
muito pouco avançamos no conhecimento sobre a
diversidade
das
formas
familiares,
suas
particularidades e especificidades regionais e sobre as
CAUSAS que determinam suas trajetórias
....
... Pouco sabemos sobre a dinâmica da diversificação !
 Na realidade, temos um debate aberto no Brasil sobre qual
seria a melhor estratégia para o futuro da agricultura
familiar?
 Especialização e inserção no agronegócio;
 Diversificação e desenvolvimento rural
BRAZIL - Estrutura Fundiária por tamanho de área
Pequenos
Médios
Grandes
1ª A.F. no Caminho da especialização e
do agronegócio:
•
Inserção nas cadeias longas de commodities para exportação;
•
Competitividade da A.F. decorre do alcance de escalas via
produção integrada
•
Redução dos custos de transação.
2ª
Caminho
da
diversificação
e do
1) desenvolvimento
A.F. no Caminho
da
diversificação
e do
rural
desenvolvimento rural
•
••
Sistemas produtivos diversificados;
Sistemas
diversificados
Produção produtivos
para garantia
da segurançae economias
alimentar; de escopo;
••
••
Produção
para
da segurança
alimentar;
Estrutura-se
emgarantia
cadeias curtas
e mercados
locais;
Estrutura-se
via cadeias
curtas
e mercados locais;
Combina atividades
agrícolas
e não-agrícolas
- pluriatividade
•
Combina
atividades
agrícolas
e não-agrícolas
- pluriatividade
Privilegia ganhos
de escopo
e produz
externalidades
CONDICIONANTES E CONTEXTOS QUE
INFLUENCIAM OS MEIOS DE VIDA DOS AGRICULTORES
Riscos
Clima
Choques
Doenças
Vulnerabilidades
Diversas
AMBIENTE HOSTIL
“condicionantes”
INSUSTENTABILIDADE
Quais são as alternativas ??
AS ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO DOS AGRICULTORES
podem ocorrer através de:
Migrações
DIVERSIFICAÇÃO
Agrícola
Integração
Agroindustrial
Não-Agrícola
Os múltiplos, imprevisíveis e heterogêneos,
caminhos da diversificação endógena
2
Ampliar o Portofólio
de Resultados
1
Conversão
Diversificada
3 Agroecologia
4
Fonte: Van der PLOEG, 2008
5
Pluriatividade
Agroindústrias, Cooperativas
PMEs locais
Download

não agrícolas do Rural