1385
IV Mostra de Pesquisa
da Pós-Graduação
PUCRS
O trabalho coletivo nas organizações como estratégia de produção
de saúde
Paula Martyl de Borba (Mestranda em Psicologia, CAPES), Nedio Seminotti (Prof. Orientador)
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Psicologia, PUCRS,
Resumo
O trabalho ocupa cada vez mais espaço na vida das pessoas, fato este que sugere uma reflexão
atenta sobre a complexidade nas organizações numa tentativa de buscar alternativas para fazer
desse espaço de trabalho um local mais saudável e prazeroso. É desejável avançar na busca de
um ambiente onde as pessoas possam produzir saúde com suas competências e subjetividades
e, não apenas produzir resultados e reproduzir papéis. Morin (1998) defende que as
organizações biológicas e sociais são complexas por serem ao mesmo tempo: acêntricas por
funcionarem de forma anárquica por interações espontâneas, policêntricas por possuírem
vários centros de controle e, cêntricas por possuírem um centro de decisão. Essas
características fazem parte das empresas e também dos trabalhos realizados coletivamente e
com interdependência, uma vez que ambos se auto-organizam, são compreendidos como
sistemas autônomos abertos e, ao mesmo tempo dependentes, fechados, operando preservando
suas individualidades e originalidades. As empresas têm procurado utilizarem-se do trabalho
coletivo como forma de organização em busca de maior produtividade e/ou da resolução de
problemas de natureza complexa. Essa organização de trabalho é compreendida a partir de
diferentes modalidades de interação entre os sujeitos, podendo promover trocas
intersubjetivas, ampliação de conhecimentos, saberes, significados e construir uma relação de
ajuda mútua (Costa, 2002). Entendemos o trabalho coletivo como um conjunto de pessoas,
unidas por um objetivo comum e/ou interdependentes, que desenvolvem o seu processo
grupal. O processo grupal pode promover relações saudáveis, pois permite uma constante
auto-análise entre as pessoas através de trocas de feedbacks, mudança de papéis, entre outras.
As pessoas ao fazerem parte de um coletivo (sistema) sentem-se mais a vontade para
compartilhar sentimentos, sensações, problemas, doenças etc. Entendemos saúde coletiva
IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009
1386
como um conjunto de saberes que apóia as diversas pessoas e instituições que atuam com
questões de saúde/doença. É coletiva por ser preocupar com a saúde do público, incluindo
todos os sujeitos. A saúde coletiva pode ser compreendida como um campo científico, onde a
saúde é o seu objeto de estudo. Busca práticas inovadoras, capazes de propor novas visões e
ações para a redução do sofrimento humano, preservando a saúde e defendendo a vida (Paim,
1998). Com base no conceito de “complexus”, tecer junto, de Morin (1998) pretendemos um
resgate desse sujeito no mundo trabalho, onde a lógica “quando entro na empresa deixo todos
os meus problemas em casa” é convidada a dialogar também dentro dessa empresa. Ou seja,
buscar um trabalhador que possa incluir suas incertezas, dúvidas, clarezas, saúde, doenças no
ambiente de trabalho. Considerando o exposto a questão presente é compreender se é possível
uma relação entre trabalho coletivo e saúde no ambiente organizacional? No desejo de buscar
relações e interações entre trabalho coletivo e produção de saúde, este estudo tem como
objetivo compreender se/como o trabalho coletivo, além de atender o interesse das empresas,
pode ser considerado uma estratégia de produção de saúde nas organizações. Essa pesquisa
será fundamentada nos princípios do paradigma sistêmico complexo a partir dos princípios da
dialógica, hologramaticidade e recursividade. O método a ser utilizado é um estudo de caso
articulado com o método de Morin. Os participantes serão sujeitos que atuam em trabalhos
coletivos, podendo ser denominados equipe ou grupo de trabalho. Procedimentos para coleta
de dados: questionário, entrevista semi-estruturada, grupo focal, observação participante e as
construções coletivas realizadas com o grupo do seminário de pesquisa. Para análise do
material será utilizada a Análise Textual Discursiva para compreender, explorar e relacionar
fatos em perspectivas e focos de análise diferentes (Moraes, 2003).
Referências
COSTA, M.J.B., Trabalho Coletivo e Coletivo de Trabalho. Possibilidades e Limites: Um
estudo de caso numa organização hospitalar. Belo Horizonte: UFMG, 2002. Dissertação
(Mestrado em Engenharia da Produção), Escola de Engenharia, Universidade Federal de
Minas Gerais, 2002.
MINAYO, M. C. de S., ASSIS, S. G de., SOUZA, E. R de., (Orgs.) Avaliação por
Triangulação de Métodos: abordagem de programas sociais. Rio de
Janeiro: FIOCRUZ, 2006.
MORAES, R., Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Revista Ciência e Educação. Disponível em: <www.fc.unesp.br/pos/revista>, vol.
9, n. 2, p.191-211, 2003. Acesso em 18 de junho de 2209.
IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009
1387
MORIN, E., Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand. 1998.
PAIM, J.S., Almeida Filho, N., Saúde Coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo aberto a
novos paradigmas? Revista de Saúde Pública. Vol 32, N° 4 (1998), pp. 299-316.
IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009
Download

O trabalho coletivo nas organizações como estratégia de produção