João Pessoa – Copa Brasil Master de Natação – junho/2015 O taxi nos pegou em casa às 10:30 horas pois o nosso voo para João Pessoa estava previsto para às 13 horas. Como nos voos da Gol não é servido nenhum tipo de alimentação, Sandrinha preparou dois sanduiches para comermos durante o voo. Já tínhamos feito o check in pela internet e só tínhamos que despachar as bagagens no aeroporto. Estávamos já no salão de embarque quando eu notei que o horário do voo tinha sido alterado para às 15 horas, pois estava atrasado. Soubemos depois que o voo atrasou devido ao mal tempo em Curitiba. Sentamos num bar na sala de embarque e comemos os nossos sanduiches. Quando retornamos para ver a situação do nosso voo descobrimos que o mesmo tinha sido cancelado. Fomos para o portão 5, que era o portão original de embarque para o tal voo, e fomos informados que o voo tinha mudado de número e que nós não nos preocupássemos que outro voo que pousaria às16 horas faria o mesmo trajeto. - Acordei às 5 horas, peguei um voo às 8 horas em São Paulo, e estou todo esse tempo sem comer – reclamou um sujeito com sotaque nordestino ao meu lado. Tendo em vista a reclamação a moça que estava no balcão nos disse para sairmos da sala de embarque, irmos até o guichê 52 do check in, e pegarmos uma autorização para almoço. Eu e Sandrinha fomos atrás do nordestino. No tal guichê fomos informados para ir para o 3º andar, em frente ao Rei do Mate, onde uma moça da GOL estaria distribuindo as tais autorizações. Como o momento era de incertezas eu e Sandrinha resolvemos almoçar para garantir o resto do dia, pois não sabíamos o que estava por vir. Quando retornamos a sala de embarque o nosso voo foi chamado. Formou-se uma grande fila no agora portão sete, pois o voo tinha sido alterado. Eram mais ou menos 15:40 quando a moça falou que o avião não tinha tripulação, pois o pessoal que tinha vindo de Curitiba tinha estourado o tempo de voo. Tínhamos agora que esperar outro voo que vinha de São Paulo para então fazer a troca da tripulação. Neste momento a confusão já era grande. Uma moça gordinha e simpática, funcionária da GOL, tentava responder as perguntas que lhe chegavam. Uma senhora chorava, pois iria perder o enterro do pai. Outro reclamava porque iria chegar atrasado à sua festa de aniversário e até um casal que iria se casar estava também na confusão. O avião iria fazer uma escala em Campina Grande, na Paraíba, antes de seguir para João Pessoa. Nesta confusão eu fiz uma interessante constatação. A maioria das pessoas tinha como destino Campina Grande. Ninguém estava reclamando com raiva como era de se esperar. Todos riam e soltavam piadas. Em outros lugares ou situações talvez o estresse fosse grande, mas não era o que ocorria com aquelas pessoas. Quando por fim a tripulação apareceu ninguém aplaudiu ou disse piadinhas e tudo correu normalmente, até a saída do voo às 17 horas, ou seja, com 4 horas de atraso. Quando o avião enfim pousou em Campina Grande, talvez 90% das pessoas desceram, alguns me cumprimentaram, outros me desejaram boa viagem, tudo num clima de camaradagem. O avião ficou quase que vazio. Enquanto eu esperava dentro do avião, eu pensava que morar em Campina Grande deveria ser agradável, tal a amabilidade do seu povo. O voo até João Pessoa foi de apenas 15 minutos, talvez um dos voos mais curtos que eu tomei na minha vida. No aeroporto pagamos 80 reais por um taxi que nos levou até Hotel Tropical Tambaú. Tomamos um banho, mudamos de roupa e saímos para jantar quase ás 23 horas. Fomos para um restaurante já conhecido chamado Canoa dos Camarões, onde comemos um especial bobó de camarão. As competições iriam começar no sábado, logo tínhamos a 6ª feira livre. Resolvemos, como bons viajantes, caminhar. O tempo se alternava entre chuvas rápidas e sois fortes. Fomos andando pela orla em direção ao Mag Shopping, um shopping popular em frente a praia, e seguindo as instruções que nos foram dadas no hotel, entramos numa rua que nos levou ao Shopping Manaíra, o maior de João Pessoa. Foram 6 quilômetros de caminhada. Fomos ao cinema, almoçamos um saco grande de pipocas e retornamos ao hotel, para variar, a pé. Ou seja, mais 6 quilômetros. No hotel aproveitei um pouco para nadar na excelente piscina. Voltamos para o restaurante Canoa dos Camarões onde agora comemos um camarão à Parmeggiana. Este restaurante é muito bom e tem também um rodízio de camarão que é excelente, mas para o nosso padrão é muita comida, ou seja, o prato é para quem quer se empanturrar.. No sábado não precisamos acordar cedo, pois eu iria nadar apenas às 11:30 horas e em João Pessoa não existe engarrafamento, logo em dez ou quinze minutos você consegue ir a qualquer lugar na cidade. Foto tirada na Vila Olímpica com a piscina de 50 metros atrás A Vila Olímpica Paraíba, local da competição, é um local muito bonito. São um total de 5 piscinas, além de um campo de futebol, um ginásio para vôlei e outro para futebol de salão, além de diversas arquibancadas. Talvez tenha sido um dos melhores locais onde nadei, barrando até mesmo as instalações que encontrei no Mundial em Montreal no Canadá. Eu nadei 100 metros costas onde fiquei em quarto lugar e os 400 metros livres onde fiquei em segundo. O tempo do nado de costas não foi bom, mas o outro foi ótimo, segundo mensagem que recebi do meu técnico Ricardinho. Em 2004, quando estivemos numa competição em João Pessoa, a Vila Olímpica consistia de uma piscina de 50 metros, talvez a mesma de hoje, e uma arquibancada de tubos com teto de amianto. Eu lembro que um dia deu uma chuva com ventos e a arquibancada quase veio abaixo. Tinha também uma outra piscina pequena para aquecimento. Isso num meio de um descampado de mato e barro. A Vila Olímpica Paraíba foi construída no mesmo local da anterior, porém num padrão muito superior. Acho até que seria viável um Sul-americano Master neste local. O chofer de taxi que nos levou até a Vila Olímpica nos explicou como poderíamos tomar um taxi quando acabasse a competição. Eram cerca de seis quarteirões da caminhada até uma rua movimentada. Quando caminhávamos uma moça com camisa do Paraíba Master perguntou onde estávamos indo. Dissemos que procurávamos um taxi e ela então disse que iria ligar para um, mas nesse momento passou um taxi e ela gritou para ele parar. O taxi estava ocupado, mas mesmo assim parou, enquanto ela pedia para o chofer chamar outro taxi, de dentro do taxi alguém disse que nos levaria até algum local no seu caminho. Eu então vi que lá estava Alfred Jacobs, nadador máster do Pinheiros de São Paulo, com outro rapaz. O chofer já tinha chamado outro taxi que nos esperava no caminho. A nossa ideia era ir para o Shopping Manaíra, pois num dos cinemas iria passar ao vivo o jogo do Barcelona com o Juventus. Quando chegamos na bilheteria não tinha mais ingresso e um cambista tentou nos vender por 100 reais dois ingressos. A esse preço só se fosse ao vivo. Resolvemos ir para o hotel na nossa tradicional caminhada de 6 quilômetros. No jantar comemos uma pizza no Nonna Anaia na orla de Tambaú. Por sinal uma pizzaria muito boa. No domingo encontramos com Ary Brandão no café da manhã, no restaurante do hotel, que nos ofereceu uma carona para a Vila Olímpica. Quando saiamos para pegar o carro alugado do Ary, tivemos que discutir com um segurança, que deduziu que os três sexagenários estavam fugindo do hotel sem pagar. O Ary ficou perdido várias vezes e as pessoas, a quem pedíamos informações, sabiam onde fica a Vila. Aliás, as pessoas em João Pessoa nunca sabem de nada, são muito desligadas. Talvez devido ao ritmo de vida sem estresse que eles levam. Usando o GPS do meu celular, e discutindo com Ary sobre o caminho a ser tomado, pois ele não concordava com o meu celular, conseguimos finalmente chegar ao local, por sorte um pouco antes do tremendo temporal que caiu logo depois. Neste dia eu nadei 100 metros borboleta, onde fiquei em segundo e 200 metros medley, onde fiquei em terceiro. Na competição encontramos um velho amigo Paulo Miranda e combinamos sairmos, junto com o Ary, para almoçarmos num restaurante típico chamado Mangai. Íamos para o hotel deixar as tralhas, o Paulo foi conosco, onde inclusive o Ary iria pegar a sua esposa e a sua filha. Deixamos o carro no estacionamento e já íamos entrar no hotel, quando o mesmo segurança nos barrou perguntando se alguém não estava hospedado no hotel. O Paulo disse que não estava e o tal guarda criou uma confusão danada. Nós o deixamos falando e fomos entrando dizendo que iriamos na recepção para dizer que o Paulo estava conosco. - Se vocês não forem à recepção alguém vai procura-los dentro do hotel – falou o segurança. Achamos melhor não dar bola para o tal sujeito e seguir o nosso caminho. Depois eu fiz uma reclamação dele na ficha de pesquisa sobre o que eu tinha achado do hotel. Deixamos as nossas coisas no quarto e já estávamos saindo quando vi o Ary na piscina com a sua filha. O Ary é meio desligado logo avisamos que estávamos indo para o restaurante e fomos embora. No Mangai encontramos uma grande fila de espera e o restaurante estava cheio de nadadores, o que tornou o ambiente uma grande confraternização. Este restaurante não é muito caro, mas tem vários tipos de comidas típicas nordestinas e você paga por quilo. Paulo Miranda comeu uma carne de bote, que eu me recusei a comer. Preferi opções vegetarianas nordestinas. O Ary chegou depois com a esposa e a filha e sentou em outra mesa. Nós três, depois no almoço, ficamos ainda tomando mais uma cerveja e conversando. Depois do almoço saímos andando e fomos para o Café São Brás tomar um café e conversar mais um pouco, pois normalmente só encontramos o Paulo em competições. Uma vez em Fortaleza, ele estava com uma namorada, e alugamos um carro para irmos juntos após as competições para a Praia Bela, um local muito bonito. Em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, saímos uma noite para jantarmos juntos. Ou seja, apesar de ele nadar pelo Fluminense e morar no Rio, os nossos encontros quase sempre são em competições nacionais. Na segunda feira iniciaríamos o nosso caminho de regresso a Niterói. Ou seja, tínhamos novamente que enfrentar a GOL, mas dessa vez correu tudo bem.