UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO – UNIFENAS JULIANA DA SILVA MENEZES AÇÃO ANTIMICROBIANA IN VITRO DE Psidium guajava L. CONTRA Staphylococcus aureus ISOLADOS DE LEITE MASTÍTICO Alfenas – MG 2013 JULIANA DA SILVA MENEZES AÇÃO ANTIMICROBIANA IN VITRO DE Psidium guajava L. CONTRA Staphylococcus aureus ISOLADOS DE LEITE MASTÍTICO Dissertação apresentada à Universidade José do Rosário Vellano, como parte das exigências do Mestrado em Ciência Animal para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. João Evangelista Fiorini Coorientador (a): Prof. ª Dr(a). Nelma Mello Silva Oliveira Alfenas – MG 2013 Menezes, Juliana da Silva Ação antimicrobiana in vitro de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus isolados de leite mastítico/.—Juliana da Silva Menezes.-- Alfenas , 2013. 64 f.. Orientador : Prof. Dr João Evangelista Fiorini Dissertação (Mestrado em Ciência animal)Universidade José do Rosário Vellano 1.Bovinos 2.Extrato vegetal 3. Goiabeira 4. Mastite 5. Microbiologia I. Título CDU : 579:637.11(043) JULIANA DA SILVA MENEZES AÇÃO ANTIMICROBIANA IN VITRO DE Psidium guajava L. CONTRA Staphylococcus aureus ISOLADOS DE LEITE MASTÍTICO Dissertação apresentada como parte das exigências do curso de Mestrado em Ciência Animal para obtenção do título de Mestre da Universidade José do Rosário Vellano. Aprovada em: ___________________________. _______________________________________________________________ Prof. Dr. João Evangelista Fiorini (Orientador) Universidade José do Rosário Vellano _______________________________________________________________ Prof. ª Dr(a). Nelma Mello Silva Oliveira (Coorientadora) Universidade José do Rosário Vellano _______________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Fabiano Gomes Boriollo Universidade José do Rosário Vellano _______________________________________________________________ Prof. Dr. Jorge Kleber Chavasco - Suplente Universidade Federal de Alfenas _______________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos do Nascimento - Suplente Universidade Federal de Alfenas Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre. AUTOR DESCONHECIDO AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer a Deus a dádiva de viver e a sede incessante da busca pelo conhecimento. Obrigada, minha Nossa Senhora Aparecida, que me cobre com seu manto de proteção e luz. Aos meus queridos pais, Nilza e Edilson, amados e respeitados, meus exemplos, meu porto seguro. Aos meus lindos irmãos, Flávia e Rafael, as partes que me completam e me fazem encontrar uma razão essencial para continuar e jamais desistir. Minha avó Ivone, um anjo, uma companheira. Muito obrigada, minha família, meu tudo, meu ser. Amo vocês infinitamente. Ao meu avô precioso, amigo e tão amado. Eu sei, eu sinto sua presença e seu olhar dos céus. Sei como acreditou e acredita em mim. Te amo, te amarei, te lembrarei. Aos familiares distantes que torcem pelo meu sucesso. Obrigada! Aos meus amigos, todos, que deram a força que eu precisava em tantas horas. Aqueles que me deram a melhor risada relaxante nos momentos difíceis. Vocês, sem dúvida, são os donos dos meus mais lindos sorrisos. Aos Professores, Dr. João Evangelista Fiorini e Dr (a). Nelma de Mello Silva Oliveira, pelo carinho, confiança e ensinamentos primordiais nesta conquista. Serei eternamente grata. São meus espelhos. À banca examinadora, pela disponibilidade e presença. À Unifenas e à CAPES, pela bolsa concedida e apoio necessário para a concretização do mestrado. À empresa Ourofino, pela parceria e patrocínio nesta jornada. Aos colegas do laboratório, por estarem comigo em tanto trabalho, me apoiando, me fortalecendo, me ensinando. Luciana Rosa Alves Rufino, querida, você é uma pessoa muito iluminada, serei sempre grata pelo carinho. Obrigada! Aos amigos do mestrado, conseguimos! É a primeira vitória das muitas que virão. Obrigada. Jamais os esquecerei. Enfim, muito obrigada a todos que, direta ou indiretamente, emanaram boas vibrações que culminaram nesta conquista. Amo muito vocês! RESUMO MENEZES, Juliana da Silva. Ação antimicrobiana in vitro de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus isolados de leite mastítico. Orientador: João Evangelista Fiorini. Alfenas: UNIFENAS, 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal, área de concentração Patologia e Farmacologia Animal). A mastite é a infecção intramamária que acomete o gado leiteiro bovino, causada mais frequentemente pela bactéria Staphylococcus aureus. O leite pode ser contaminado pelo contato direto com tetos infectados. Devido ao uso indiscriminado de antimicrobianos utilizados para o tratamento, é notório o aparecimento de microorganismos resistentes. Uma alternativa pode ser o uso de extratos vegetais, a exemplo Psidium guajava L.. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de sensibilidade microbiana in vitro de isolados de Staphylococcus aureus provenientes de leite mastítico contra antimicrobianos e extrato hidroalcoólico da folha de Psidium guajava L.. A colheita foi realizada em três propriedades rurais da região da cidade de Alfenas, MG. A amostragem dos animais foi não probabilística. As amostras de leite foram processadas e inoculadas em meios de cultura seletivos para verificar a presença de Staphylococcus sp. Os isolados foram identificados quanto à espécie Staphylococcus aureus e submetidos a diferentes testes para verificar a sensibilidade aos antimicrobianos. Foi preparado o extrato hidroalcoólico das folhas e os testes antimicrobianos realizados pela técnica de poços. Foi confirmada a contaminação por Staphylococcus aureus em 55% das amostras. Os antibióticos de maior ação foram clindamicina, eritromicina e rifampicina. Penicilina G foi o antimicrobiano que apresentou menores índices de sensibilidade. O extrato da folha apresentou atividade antimicrobiana contra todos os isolados, inibindo o crescimento em todas as concentrações testadas. Portanto, a utilização deste extrato vegetal pode ser uma alternativa à crescente resistência microbiana aos antimicrobianos comercializados, sendo um potencial campo de estudos. Palavras-chave: Bovinos, extrato vegetal, goiabeira, mastite, microbiologia. ABSTRACT MENEZES, Juliana da Silva. In vitro antimicrobial activity of Psidium guajava L. against Staphylococcus aureus isolated from mastitic milk. Advisor: João Evangelista Fiorini. Alfenas: UNIFENAS, 2013. Dissertation (Master of Animal Science, concentration area Animal Pathology and Pharmacology). Mastitis is a disease that affects dairy cattle, an intramammary infection. Staphylococcus aureus are the major mastitis causing bacteria and the milk can be contaminated by the contact with infected teats. For treatment, due to the indiscriminate use of antimicrobials drugs commercialized, the appearing of multiresistant strains is notorious. An alternative to the antimicrobial resistance problem is the use of plant extracts like Psidium guajava L. The objective of this study was to evaluate, in vitro, the microbial sensibility profile of Staphylococcus aureus isolated from milk samples of cows infected with mastitis, against antimicrobial agents and hydroalcoholic leaf of Psidium guajava L. Plants were harvested in three rural properties located in the municipality of Alfenas/MG region. Sampling animals was not probabilistic. Milk samples were cultured for presence of Staphylococcus sp. Additionally, the isolated bacteria were identified as Staphylococcus aureus and subjected to many tests to check the antimicrobial sensibility. The hydroalcoholic extract of Psidium guajava L. was prepared and antimicrobial tests were performed by the technician in wells. Contamination by Staphylococcus aureus was confirmed in 55% of the analyzed samples. The most effective antibiotics were clindamycin, erythromycin and rifampin. Penicillin G was the antimicrobial that showed the lower levels of sensibility. The hydroalcoholic extract of the leaf of Psidium guajava L. showed antimicrobial activity against all strains of isolated Staphylococcus aureus by inhibiting microbial growth in all tested concentrations. Therefore the use of this plant extract can be an alternative method to combat the increase incidence of microorganisms resistant to antimicrobial drugs sold, besides a potential field of study. Key Words: Cattle, guava, mastitis, microbiology, plant extract. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Páginas Figura 1 – Folhas de Psidium guajava L. (goiabeira)................................................................................. Figura 2 - 29 Antibiograma realizado em Ágar Mueller – Hinton com os antimicrobianos penicilina G, vancomicina, gentamicina, cefepima, clindamicina, rifampicina, ciprofloxacina, cloranfenicol, eritromicina, tetraciclina e oxacilina.................... 38 Figura 3 – Etest Vancomicina................................................................... 44 Figura 4 - Etest Oxacilina.......................................................................... 45 Figura 5 - Testes antimicrobianos com extrato de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus – Técnica de poços/ 1: 400 µg/ml; 2: 800 µg/ml; 3: 1600 µg/ml; 4: Água destilada; CLI: Clindamicina.............................................................................. 47 LISTA DE TABELAS Páginas Tabela 1 – Sensibilidade a 11 antimicrobianos apresentada pelos isolados de Staphylococcus aureus provenientes de 33 amostras de leite mastítico disponibilizada bovino. Classificação pela segundo tabela NCCLS (2005)........................................................................................... Tabela 2 – 40 Atividade antimicrobiana de Psidium guajava L. – Medição dos halos (em mm) ............................................................................. 48 LISTA DE GRÁFICOS Página Gráfico 1 - Resistência aos antimicrobianos, da esquerda para a direita: cefepima, ciprofloxacina, cloranfenicol, clindamicina, eritromicina, gentamicina, oxacilina, penicilina G, rifampicina, tetraciclina e vancomicina. Os números se referem aos percentuais................................................................................ 41 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS % Porcentagem °C Graus Celsius pH Potencial Hidrogeônico CCS Contagem de células somáticas CMT California Mastitis Test g Gramas µg Microgramas mm Milímetro cm Centímetros ml Mililitros µl Microlitro BHI Ágar Brain Heart Infusion CPM Cefepime CIP Ciprofloxacina CLI Clindamicina CLO Cloranfenicol ERI Eritromicina GEN Gentamicina OXA Oxacilina PEN Penicilina G RIF Rifampicina TET Tetraciclina VAN Vancomicina CIM Concentração Inibitória Mínima CMM Concentração Microbicida Mínima E-test Epsilometer test NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 134 2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 166 2.1. LEITE ............................................................... Erro! Indicador não definido.6 2.2. MASTITE .......................................................... Erro! Indicador não definido.7 2.3. Staphylococcus aureus ................................................................................... 19 2.4. SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA – ANTIBIOGRAMAErro! Indicador não definido.3 2.5. RESISTÊNCIA BACTERIANA .......................... Erro! Indicador não definido.5 2.6. EXTRATOS VEGETAIS: ALTERNATIVA À RESISTÊNCIAErro! Indicador não definido.7 2.7. Psidium guajava L. .......................................................................................... 28 3. OBJETIVOS .................................................................................................. 300 3.1. GERAIS ......................................................................................................... 300 3.2. ESPECÍFICOS .............................................................................................. 300 4. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 311 4.1. AMOSTRAGEM................................................ Erro! Indicador não definido.1 4.2. SEMEADURA E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICAErro! Indicador não definido.2 4.3. CARACTERIZAÇÃO FISIOLÓGICA/BIOQUÍMICA......………………………...32 4.4. ANTIBIOGRAMA……………………………………………………………………33 4.5. PREPARAÇÃO DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO......................................34 4.6. TESTES ANTIMICROBIANOS - Psidium guajava L...........................................34 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 366 5.1. Staphylococcus aureus: PREVALÊNCIA ......... Erro! Indicador não definido.6 5.2. ANTIBIOGRAMA: SENSIBILIDADE E RESISTÊNCIA .................................... 37 5.3. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA - Psidium guajava L. .................................... 46 6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 522 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 533 14 1 INTRODUÇÃO Os produtos de origem animal enquadram-se como elementos funcionais e essenciais da dieta humana. São fontes ricas em constituintes importantes para um desenvolvimento contínuo, adequado e sadio do organismo. O leite e os seus derivados compõem as refeições diárias de inúmeras famílias. Devido à sua assiduidade rotineira, há uma constante preocupação quanto à qualidade e à eliminação dos fatores contaminantes presentes no processo de obtenção destes produtos. O Brasil ocupa uma posição de destaque quando observados os índices de produção da pecuária leiteira mundial. Como um país, em sua essencialidade, promotor da atividade agropecuária, fiscaliza todas as etapas de processamento do leite por meio de diversos órgãos competentes, bem como enfermidades que acometam desde os animais até os consumidores, decorrentes de qualquer irregularidade de manejo e higiene. Entre as doenças mais expressivas que acometem o gado bovino leiteiro, encontra-se a mastite, a qual consiste na infecção intramamária oriunda, principalmente, da presença de micro-organismos patogênicos. As bactérias são aqueles mais comumente encontrados. A mastite acarreta inúmeros prejuízos econômicos, entre eles, diminuição da produção leiteira, descarte de animais, possibilidade de disseminação da infecção entre o plantel e gastos com medicamentos. Ainda, constitui um alerta à saúde pública, pois o manejo ou o tratamento inadequado possibilitam a presença destes patógenos ou de resíduos de antimicrobianos no leite destinado ao consumo humano, acarretando casos de intoxicações alimentares. De acordo com diversos estudos, Staphylococcus aureus, bactérias Gram positivas, patógenos oportunistas e de grande infectividade, são os microorganismos mais frequentemente isolados de amostras de leite de vacas portadoras de mastite em inúmeras propriedades rurais em todo o mundo, podendo ser encontrados em até 70% dos casos analisados. 15 Para o tratamento, são testados e utilizados muitos antimicrobianos. Entretanto, a realização de antibiogramas, que demonstrem a sensibilidade e/ou a resistência dos micro-organismos às drogas usadas, tem sido essencial para o conhecimento do poder de ação dos fármacos comercializados, potencialidade de infecção e disseminação dos patógenos. Os resultados encontrados, durante os últimos anos, mostram-se preocupantes, visto que há um notável aparecimento de linhagens multirresistentes. Isto, possivelmente, deve-se ao uso incorreto e/ou indiscriminado de dosagens de medicamentos e à má higienização durante o manejo. Como uma alternativa à resistência gradativa dos micro-organismos aos fármacos utilizados em grande escala e em dosagens errôneas, é crescente o estudo do potencial da atividade antimicrobiana de plantas em suas inúmeras variedades e partes. O extrato da folha de Psidium guajava L. (popularmente conhecida como goiabeira), em estudos utilizando-se cepas padrão, apresentou ação antimicrobiana contra patógenos. Sendo, portanto, coerente seu teste contra micro-organismos isolados diretamente do leite de vacas portadoras de mastite, infecção esta que pode acarretar infindáveis prejuízos quanto à produção leiteira destes animais. Pesquisas que evidenciam o estudo e o controle microbiológico de doenças são importantes para encontrar e praticar métodos que amenizem a disseminação e aumentem a eficácia dos tratamentos, visando à saúde e ao bemestar humano e animal. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Leite Denomina-se leite, sem outra especificação, o produto normal, fresco, integral, oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (FONSECA e SANTOS, 2000). No ano de 2012, o Brasil obteve a terceira posição no ranking dos maiores países produtores de leite do mundo, com produção equivalente a 33,2 milhões de toneladas métricas aproximadamente (IBGE, 2012). Entre os maiores produtores na última década, apresentou a maior taxa de crescimento anual de produtividade, o que reforça a argumentação do elevado potencial da produção nacional (MACHADO et al., 2008). O leite e os seus derivados desempenham um papel nutricional importante para o homem, particularmente nos primeiros anos de vida, uma vez que fornecem proteínas, carboidratos, gorduras e sais minerais necessários ao desenvolvimento do organismo. Sabe-se que o consumo de um litro de leite por dia supre todas as necessidades proteicas de crianças com até seis anos de idade e mais de 50% do conteúdo de proteínas requisitado pelos adultos. Em relação ao cálcio, o consumo de um litro de leite diário supre 100% das necessidades deste mineral. É de se esperar, portanto, uma grande preocupação em assegurar a integridade e a qualidade intrínseca do leite e dos produtos lácteos destinados ao consumo humano (FONSECA e SANTOS, 2000). Também, por possuir inúmeros nutrientes, é um meio de cultivo ideal para o desenvolvimento de micro-organismos. A contaminação do alimento pode ocorrer pelo contato direto com tetos de animais infectados ou pelo crescimento de microorganismos, decorrente da má higienização, em resíduos presentes nos utensílios de ordenha. Esta multiplicação tem o inconveniente de provocar alterações físicas e químicas que limitam a estabilidade do leite produzido. Em consequência disso, problemas econômicos e sanitários são gerados, como a presença, no produto final, 17 de resíduos de antimicrobianos utilizados no tratamento das infecções (MIGUEL, 2010). A ocorrência de resíduos de antibióticos no leite tem sido objeto de preocupação constante por parte das autoridades sanitárias, devido, sobretudo, aos efeitos tóxicos destes compostos sobre a saúde humana. Tais resíduos podem aparecer no leite devido ao tratamento parenteral e/ou intramamário de animais em lactação e representam o principal ponto crítico de controle de contaminação química no leite. Os riscos à saúde do consumidor são apresentados, principalmente, pelo desencadeamento de fenômenos alérgicos em indivíduos sensíveis, pelos efeitos tóxicos e carcinogênicos, por alterações no equilíbrio da microbiota intestinal e pela seleção de bactérias resistentes no trato digestivo dos consumidores (MANSUR et al., 2003). A qualidade do leite in natura é influenciada por muitas variáveis, entre as quais se destacam fatores zootécnicos associados ao manejo, alimentação, potencial genético dos rebanhos e fatores relacionados à obtenção e armazenagem do leite. Uma das causas que exerce influência extremamente prejudicial sobre a composição e as características físico-químicas do leite é a mastite, acompanhada por um aumento na contagem de células somáticas (CCS). Com esse aumento, a composição do leite, a atividade enzimática, o tempo de coagulação, a produtividade e a qualidade dos derivados lácteos são influenciados negativamente (MACHADO et al., 2008). 2.2 Mastite A mastite ou mamite é o processo inflamatório da glândula mamária de evolução aguda ou crônica. É a enfermidade mais frequente dos animais destinados à produção leiteira e tem contribuído para grandes perdas econômicas tanto em fazendas como na área de laticínios (LANGONI et al., 1991; COSTA, 1998). Esses prejuízos são diminuição na produção e qualidade do leite, gastos com tratamento, descarte de animais e do leite contaminado, gastos com reposição do plantel, além de representar importante problema de saúde pública, devido à possibilidade de 18 veiculação de micro-organismos, toxinas e resíduos de antimicrobianos (OLIVEIRA et al., 2002). A mastite bovina é um grande problema para a indústria leiteira apesar das inúmeras pesquisas voltadas para o controle desta enfermidade (FREITAS et al., 2005). A elevada ocorrência e as perdas econômicas decorrentes, principalmente da diminuição da produção láctea (COSTA et al., 2000), fazem com que esta enfermidade seja considerada a mais dispendiosa nas propriedades leiteiras (ANDRADE et al., 2000). As consequências econômicas negativas causadas pelas mastites são extremamente elevadas, correspondendo a 30% das perdas econômicas, em que 14% é devido à morte de animais, 8%, descarte e 8%, gastos com tratamento. O custo por vaca fica ao redor de US$ 184,00 e cada caso clínico gera um prejuízo de US$ 100,00 devido à redução da produção e à perda por descarte (RIBEIRO et al., 2003). É uma enfermidade complexa, resultante da interação do agente e do meio ambiente, incluindo determinantes humanos e hospedeiros, sendo que diversos micro-organismos podem estar implicados nessa doença, assim como várias fontes de infecção podem veicular e disseminar esses agentes. Sua importância tem crescido à medida que se tem intensificado e tecnificado a exploração leiteira (ANDRADE, 2001). As formas de classificação da mastite se dividem em subclínica e clínica, o que dependerá da intensidade e severidade do processo inflamatório. A clínica se caracteriza por sinais visíveis de inflamação, como aumento de volume e temperatura do quarto mamário afetado, dor, vermelhidão e mudanças na aparência do leite. A forma subclínica é a mais importante devido à maior prevalência nos rebanhos. É a responsável por até 70% das perdas de produção, sendo essas, na maioria das vezes, imperceptíveis, necessitando de exames complementares (RIBEIRO et al., 2003). A enfermidade tem grande importância sobre a qualidade do leite devido à presença de micro-organismos e suas toxinas e à resposta inflamatória do úbere e suas consequências, como aumento de células somáticas e alterações dos componentes do leite (BOTTEON et al., 2006). Do ponto de vista do agente causador, pode ser classificada em contagiosa ou ambiental. A mastite ambiental é causada por micro-organismos que vivem no ambiente de ordenha ou do curral, principalmente no esterco, e até mesmo 19 na água de bebida ou de limpeza. São agentes oportunistas. Os coliformes e estreptococos ambientais são os micro-organismos responsáveis pela doença e o confinamento predispõe sua ocorrência (HACHEM, 2005). A mastite contagiosa é transmitida por patógenos cujo habitat é a superfície da pele e dos tetos do animal. É a mais comum. Entre os agentes mais importantes, estão as bactérias. Os gêneros e as espécies bacterianas mais frequentes são Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Corynebacterium sp e Mycoplasma bovis (QUIXABEIRA, 2006). A contaminação ocorre por meio de um elemento de ligação de vaca para vaca e/ou entre um quarto doente e um quarto sadio. Outra forma de contaminação é o costume nas propriedades em oferecer o leite de vacas tratadas com antibióticos a bezerras desmamadas precocemente. Se tiverem contato uma com as outras, praticarão um hábito comum que é lamber mutuamente a região do úbere e, como ingeriram leite ainda contaminado, há a facilidade para a entrada de bactérias no aparelho mamário, aumentando, assim, o número de casos de mastite em primíparas. Além disso, é notório um aumento de resistência aos tratamentos habituais quando a doença aparece (QUIXABEIRA, 2006). Devido à considerável incidência em rebanhos do mundo todo, inclusive do Brasil, é de grande importância estudar a etiologia desta enfermidade, as causas e os tipos mais comuns. Assim, pode-se formar uma base teórica para dissertar a respeito de métodos de prevenção e de tratamento eficazes, visando, sobretudo, melhorar a qualidade do leite produzido e minimizar as perdas econômicas (HACHEM, 2005). O controle da mastite nos rebanhos leiteiros constitui um importante passo para a elaboração de produtos de boa qualidade e para a diminuição dos riscos à população (BARBALHO e MOTTA, 2001). 2.3 Staphylococcus aureus Staphylococcus aureus são bactérias Gram positivas, coagulase positivas, o que indica potencial patogênico. Possuem o formato de cocos, são 20 imóveis, anaeróbios facultativos, apresentando metabolismo fermentativo com produção de ácido e não de gás, não fotossintéticos, não esporulados e capazes de se multiplicarem em meio, contendo 10% de cloreto de sódio. São micro-organismos mesófilos, com temperatura de desenvolvimento de 7 a 48ºC, com ótima de 37ºC e pH na faixa de 4,0 a 10,0, com ótimo de 6,0 a 7,0 (HIRSH e ZEE, 2003). São as bactérias mais frequentemente isoladas em amostras de leite provenientes de vacas portadoras de mastite e com maior prevalência em todo o mundo. É estimado que 19 a 70% das vacas dos rebanhos mundiais são infectadas por esses agentes (LANGONI et al., 1991; OLIVEIRA et al., 2000). Estão, geralmente, associados a infecções subclínicas, o que leva ao aumento da contagem das células somáticas. A transmissão ocorre principalmente durante a ordenha pelas teteiras e outros fômites, utilização de panos e esponjas de múltiplo uso, mãos do ordenhador e entre animais portadores e sadios (FONSECA e SANTOS, 2000). Possuem vários fatores de virulência que contribuem para sua persistência no tecido mamário e, embora medidas preventivas que visem ao controle das mastites sejam amplamente praticadas, aquelas causadas por este patógeno ainda são bastante comuns (PHILPOT, 1984; SANTOS et al., 2003). Uma vez instalados no interior da glândula mamária, esses microorganismos têm a propriedade de se fixar às células epiteliais e estabelecer uma infecção por meio de múltiplos mecanismos patogênicos como a produção de toxinas (BRITO et al., 2002). Isso pode resultar em necrose do estroma e parênquima mamários, estabelecendo um foco de infecção local. A necrose resulta em perda da função secretora e consequente redução na produção de leite, pois os agentes se instalam em partes profundas da glândula. Além disso, geralmente, há a formação de tecido conjuntivo fibroso no foco da infecção constituindo “bolsões” de bactérias, o que impede o acesso dos antibióticos ao local. Essa é uma das principais características destes agentes: infecções de longa duração, com tendência à cronicidade e baixa taxa de cura, tanto espontânea como com a utilização de antibióticos (NADER FILHO et al., 1986). São conhecidos como micro-organismos causadores de várias doenças purulentas tanto em humanos como em animais (BEAN e GRIFFIN, 1990), sendo também, uma das causas mais importantes de intoxicação alimentar (PENNA et al., 1998) devido à presença de enterotoxinas nos alimentos (OMOE et al., 2002). Dessa 21 forma, o leite e os seus derivados são importantes veículos destas bactérias e, comumente, estão envolvidos em surtos de intoxicação alimentar, representando um risco para a saúde pública (BERGDOLL, 1989). A intoxicação por bactérias do gênero Staphylococcus sp pode ser apontada como um dos tipos mais comuns de doença transmissível por alimentos, sendo Staphylococcus aureus a espécie mais frequente devido à produção de enterotoxinas (ARCURI et al., 2006). Embora a mastite possa ser causada por inúmeros micro-organismos, Staphylococcus aureus são reconhecidos como sendo os agentes etiológicos mais isolados em vários países do mundo (SÁ et al., 2004). Observações semelhantes foram realizadas por Langoni et al. (1998) e Brabes et al. (1999) em rebanhos leiteiros do estado de São Paulo. Pereira et al. (2007) avaliaram a ocorrência de mastite subclínica em 31 rebanhos no sul do estado de Minas Gerais e verificaram que, entre as 2.368 vacas submetidas ao California Mastits Test (CMT), os principais patógenos isolados foram Staphylococcus coagulase positiva (35,57%). Em análises realizadas por Machado et al. (2008), das amostras positivas ao exame microbiológico, foram isolados 997 agentes microbianos entre bactérias e fungos de diferentes gêneros e espécies. Do total de agentes, verificou-se a presença de 355 isolados de bactérias pertencentes ao gênero Staphylococcus sp. Dos isolados de Staphylococcus sp, 69% foram classificadas como Staphylococcus coagulase positiva. Mota et al. (2004) verificaram uma frequência de 59,27% para amostras de leite positivas ao CMT e 81,63% positivas ao exame microbiológico, destacandose como micro-organismos prevalentes Staphylococcus aureus (52,16%) em propriedades no estado de Pernambuco. Por meio do estudo etiológico da mastite clínica em bovinos, Costa et. al. (1995) examinaram vacas em diferentes estágios de lactação e verificaram que, do total de amostras analisadas, 78% foram positivas e os principais agentes isolados foram Staphylococcus sp (34%). Almeida et al. (2005), em propriedades na região sul do estado de Minas Gerais, analisaram amostras de leite provenientes de 96 rebanhos, sendo a maior frequência microbiológica de isolamento Staphylococcus aureus (64,55%). 22 Em Israel, Chaffer (1998) examinou vacas primíparas e encontrou quartos infectados por Staphylococcus sp, sendo que em 20% deles os micro-organismos foram identificados como Staphylococcus coagulase positiva. Um estudo realizado nos EUA durante a década de 1990, no qual foram avaliadas culturas microbiológicas de amostras de leite, identificou 49% como positivas para algum agente patogênico da mastite. Em relação à percentagem total, em 9% isolaram-se Staphylococcus aureus (RIBEIRO et al., 2003). Já, no Brasil, segundo Santos et al. (2003), a prevalência dessas bactérias nas amostras de leite colhidas varia de 38% a 71%. Na região de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, Nader Filho et al. (1985) avaliaram a prevalência da mastite bovina nas propriedades investigadas; 11,1% das amostras foram confirmadas e os agentes etiológicos isolados, dentre os quais, Staphylococcus aureus foram o de maior incidência - 52% dos casos. Segundo Freitas et al. (2005), os agentes mais prevalentes nos casos de mastite bovina no agreste do estado de Pernambuco foram Staphylococcus aureus (14%). Também, no mesmo estado, Sá et al. (2000) verificaram que os microorganismos mais comuns nos casos analisados foram Staphylococcus sp. (33%). Entre os estafilococos isolados, a espécie Staphylococcus aureus apresentou a maior prevalência (66%). No estudo realizado por Quixabeira (2006), das oito amostras de leite mastítico cultivadas, quatro apresentaram crescimento microbiano. Dessas, em 50% foram isolados Staphylococcus aureus. O resultado condiz com Andrade (2001), que indica Staphylococcus aureus, agentes contagiosos, como os principais causadores da mastite subclínica. Ferreira (2004) encontrou 77 isolados de Staphylococcus aureus oriundos de amostras de leite procedentes de 40 vacas da raça holandesa que apresentaram mastite subclínica em uma propriedade rural no estado de São Paulo. Constatou, também, quatro padrões distintos resistentes aos antimicrobianos testados; mostrando, assim, a heterogeneidade genética dessas bactérias nas mastites bovinas. 23 2.4 Sensibilidade antimicrobiana - antibiograma As bactérias Staphylococcus aureus, além de serem responsáveis por grandes prejuízos à pecuária leiteira, podem apresentar resistência a diversos antibióticos utilizados rotineiramente no tratamento da mastite. Dessa forma, é de grande importância o isolamento e a identificação desses agentes em laboratório e a análise in vitro da sensibilidade microbiana para um melhor controle da enfermidade por meio de terapêutica adequada (ANDRADE, 2001). O antibiograma é um teste que oferece como resultado padrões de resistência ou sensibilidade de uma bactéria específica a antimicrobianos (antibióticos ou quimioterápicos). Os resultados desse teste possuem grande importância e são aplicados na triagem dos fármacos. Assim, há a necessidade da opção por um antibiótico de alto poder bactericida, que atue no maior número possível de agentes causadores de mastite. A aferição da sensibilidade é fundamental para a certeza da utilização do produto certo e que melhor se aplica no combate aos agentes em cada propriedade (FERNANDES, 1992). A sensibilidade a antimicrobianos é também avaliada por meio da determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM). Esse método está padronizado, possui detalhamento técnico bem definido e fornece resultados quantitativos. Os resultados obtidos podem ser interpretados considerando as características farmacológicas e farmacocinéticas dos antimicrobianos e a concentração mínima a ser alcançada no úbere (NCCLS, 2005). Nos antibiogramas realizados por Andrade (2001), verificou-se que neomicina e estreptomicina obtiveram bons resultados. Porém, cada uma das amostras de Staphylococcus aureus apresentou padrão intermediário a um desses antimicrobianos. Ampicilina, penicilina G, sulfonamidas e cloranfenicol não foram indicados para o tratamento das mastites nas propriedades analisadas pelo autor. A ampicilina obteve boa difusão na glândula mamária, ao contrário da penicilina G. Tetraciclina e polimixina B tiveram ação intermediária. Costa et al. (1995) submeteram isolados de Staphylococcus aureus a testes de sensibilidade microbiana e detectaram 28% de sensibilidade à penicilina G e 53% à gentamicina. Langoni et al. (1991), também pesquisando a ação in vitro da gentamicina e da penicilina G, observaram que a sensibilidade dos micro- 24 organismos isolados a essas drogas foi de 72% e de 14% respectivamente. Já, Domingues et al. (1994) verificaram que a sensibilidade à penicilina G foi de 10% e à gentamicina, de 54%. Os estudos de 15 drogas antimicrobianas, realizados por Nader Filho et al. (1986) mostraram que a gentamicina e a amicacina foram as que apresentaram maior eficácia. Vargas et al. (1996) pesquisaram a sensibilidade in vitro de isolados de Staphylococcus aureus no período de 1988 a 1994. Desses, aproximadamente 90% foram sensíveis à gentamicina, enrofloxacina, cefaperazona e kanamicina e 24%, à penicilina G (antibiótico de menor ação). A gentamicina foi o antibiótico de maior ação, dados que se aproximam dos resultados de Nader Filho et al. (1986). No estudo realizado por Andrade et al. (2000), gentamicina, enrofloxacina, cefaperazona e kanamicina apresentaram níveis de sensibilidade superiores a 87%. Nader Filho et al. (2007) observaram que a eritromicina, a exemplo da gentamicina, foi o antimicrobiano que apresentou a maior ação in vitro contra Staphylococcus aureus isolados de mastites nas propriedades objetos da investigação. Esse achado foi superior aos verificados por Nader Filho et al. (1986), Fagliari et al. (1990) e Barberio et al. (2002). A análise mostrou ainda que a penicilina G foi o antibiótico que apresentou menor ação in vitro sobre Staphylococcus aureus. Os resultados desse trabalho evidenciaram também que nenhum dos princípios ativos ensaiados, agindo de forma única, pôde ser ativo contra qualquer dos isolados experimentados. O estudo da sensibilidade de Staphylococcus aureus ante os diferentes antimicrobianos comercializados e utilizados no tratamento das enfermidades animais é de grande importância, pois fornece subsídios à terapia animal e melhoras a todos os animais do rebanho submetidos às mesmas condições de manejo e, portanto, sob os mesmos riscos de infecção (NADER FILHO et al., 2007). 25 2.5 Resistência bacteriana A resistência bacteriana pode ser definida como o fenômeno biológico que possibilita aos micro-organismos a capacidade de multiplicação ou persistência na presença de níveis terapêuticos do antimicrobiano testado. Os micro-organismos resistentes não se inibem pelas concentrações habitualmente alcançadas no sangue ou tecidos do correspondente antimicrobiano, nem apresentam mecanismos de resistência específicos para o agente estudado (MIGUEL, 2010). O desenvolvimento de resistência por certas bactérias patogênicas é mais rápido que a capacidade da indústria para produzir novas drogas. No caso de Staphylococcus aureus, as bactérias são oriundas, principalmente, do uso inadequado e/ou indiscriminado de antibióticos (NASCIMENTO et al., 2001). Segundo Brito et al. (2001), diversos estudos, que tratam da sensibilidade a antimicrobianos de patógenos relacionados à mastite bovina, apontam para um aumento crescente no padrão de resistência, principalmente para Staphylococcus aureus, um dos agentes infecciosos mais frequentes. Nader Filho et al. (2007) verificaram que todos os isolados testados em suas pesquisas apresentaram resistência simultânea a pelo menos dois antibióticos. A predominância de micro-organismos resistentes simultaneamente à penicilina G e à ampicilina foi observada por Lange et al. (1997) no estado do Rio Grande do Sul e Pereira (2001) no estado de Minas Gerais. Acredita-se que tais achados possam ser atribuídos à provável capacidade de produção de betalactamases pelos isolados de Staphylococcus aureus nos estudos (ARCHER et al.,1994), à frequente utilização desses princípios ativos nas propriedades rurais (FREITAS et al., 2005) e ao uso inadequado desses medicamentos (FAGLIARI et al., 1990; ANDRADE et al., 2000). Costa et al. (1995) também referiram-se a uma maior resistência de Staphylococcus aureus isolados de casos de mastite clínica e subclínica aos antimicrobianos do grupo dos betalactâmicos. Esses micro-organismos produzem betalactamases, enzimas com capacidade de cindir o anel betalactâmico da estrutura do antimicrobiano, constituindo-se no principal mecanismo de resistência. Nesta investigação, isolados foram examinados quanto à sensibilidade a antibióticos 26 e um total de 24,5% foi resistente a pelo menos um antimicrobiano testado. A resistência à penicilina G e à sulfadimetoxina foram as mais comuns. Em seus estudos, Brito et al. (2001) obtiveram resultados que revelaram altos índices de resistência tanto para a amoxicilina quanto para a penicilina G. Segundo Zafalon et al. (2007), no leite mastítico pesquisado, houve maior prevalência de isolados com resistência única à penicilina G (48,3%). No trabalho realizado em 2005, pelo mesmo autor, 21 padrões de resistência foram identificados para Staphylococcus aureus. Para Andrade et al. (2000), a grande variação desses percentuais de sensibilidade in vitro talvez possa ser atribuída à utilização empírica e indiscriminada dos princípios ativos no tratamento da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus, proporcionando o aparecimento de linhagens resistentes. Araújo (1998) observou ocorrências de uma mesma amostra de Staphylococcus aureus resistente a mais de um princípio ativo, o que se tornou um motivo de preocupação por trazer dificuldades no tratamento dos animais. O isolamento de micro-organismos resistentes a diferentes grupos de antibióticos utilizados no combate à mastite pode estar condicionado, entre outros fatores, ao mau uso de produtos por aplicação de subdosagens ou por um período insuficiente de tratamento. Associados às normas higiênicas mal conduzidas de manejo de ordenha, a existência de portadores de bactérias resistentes pode ser favorecida e a transmissão entre animais em um mesmo ambiente facilitada, inclusive pelas mãos do ordenhador e por utensílios ligados à ordenha. Em suas análises, Oliveira et al. (2002) observaram um alto percentual de multirresistência revelado pelos isolados de Staphylococcus aureus nos municípios estudados. O resultado foi preocupante, pois muitos dos antibióticos disponíveis no mercado não teriam efeito contra as bactérias, dificultando ou impossibilitando o tratamento dos animais portadores de mastite e trazendo maiores gastos e prejuízos para os proprietários. O aumento da prevalência de Staphylococcus aureus multirresistentes causadores de mastite bovina é grave, com a redução da efetividade de antimicrobianos e o aumento da morbidade e dos custos para combater a doença (SABOUR et al., 2004; FAGUNDES e OLIVEIRA, 2004). 27 2.6 Extratos vegetais: alternativa à resistência As primeiras evidências do uso de plantas com fins terapêuticos datam de 460 a.C. No entanto, as primeiras informações sobre o uso sistemático de plantas como medicamentos datam da Índia Antiga. O desenvolvimento desse conhecimento acompanhou a aprendizagem do homem nos cuidados da saúde humana e animal. Essa abordagem do conhecimento tradicional pode servir à geração de tecnologias que satisfaçam as demandas de novos sistemas de produção agrícola, baseados na utilização de insumos renováveis gerados na própria comunidade, portanto equânimes e participativos, integrando o tradicional e o cientificamente desenvolvido (WANZALA et al., 2005). No Brasil, bem como em outros países da America Latina, a fitoterapia, por exemplo, constitui uma alternativa terapêutica econômica em relação aos medicamentos alopáticos uma vez que se caracteriza pela utilização direta de plantas no tratamento de doenças (CARVALHO et al., 2002). Além disso, extratos vegetais ou substâncias ativas vêm sendo utilizados na Medicina Veterinária para o tratamento de parasitoses e enfermidades infecciosas, inclusive em casos de mastite (COSTA, 1998). O tratamento da mastite bovina é convencionalmente realizado por antibioticoterapia. Entretanto, o uso ostensivo e inadequado proporciona resistência bacteriana a diversos princípios ativos. Os agentes patogênicos em estudo, Staphylococcus aureus, apresentam alta resistência aos antimicrobianos disponíveis no mercado. Para reduzir ou eliminar esse problema, a busca por meios alternativos, como o uso de compostos naturais, vem sendo estimulada (TORTORA, 2000). Trabalhos empíricos têm trazido base científica ao uso popular de plantas medicinais. Alguns estudos comprovam o efeito antimicrobiano de plantas da família Myrtaceae. Nesse contexto, inúmeras pesquisas vêm comprovando cientificamente a eficácia de algumas plantas, a exemplo da goiabeira (Psidium guajava L.), como alternativa terapêutica para certas patologias (CARVALHO et al., 2002). 28 2.7 Psidium guajava L. Psidium guajava L. (goiabeira) é uma planta amplamente distribuída no território nacional e bem adaptada. O seu cultivo é destinado à venda de frutos “in natura” e à industrialização com produção de polpa. Além disso, outras utilidades da goiaba têm sido exploradas, como a produção de variados doces e farinha com alto potencial nutricional (SCHUCH et al., 2008). É uma árvore de pequeno porte, pertencente à família Myrtaceae, que apresenta caule tortuoso e esgalhado, recoberto por casca fina muito aderente e fruto globoso ou piriforme, amarelado em geral, de 3 a 6 cm de diâmetro. Existem dois tipos mais comuns, a vermelha e a branca, sendo a vermelha mais saborosa e nutritiva. Pode ser cultivada a partir das sementes. Possui quantidade regular de ácidos, açúcares e pectinas. Seus principais constituintes são taninos, flavonóides, óleos essenciais, alcoóis sesquiterpenóides e ácidos triterpenóides. (CARVALHO et al., 2002). Popularmente, esta espécie é reconhecida como medicinal, sendo utilizada contra cólicas e diarreias. Apresenta, ainda, atividade antimicrobiana e hipoglicemiante. As partes utilizadas da planta são a casca, os brotos, as folhas e as raízes. Seus extratos têm mostrado, in vitro, atividade inibitória contra diferentes micro-organismos (CARVALHO et al., 2002). Salix e Rodrigues (2004), em um experimento envolvendo 100 pessoas com diarréia aguda, demonstraram que a tintura de folhas de goiabeira curou clinicamente 92% dos pacientes em 72 horas. Na investigação realizada por Carvalho et al. (2002), os extratos hidroalcoólicos da folha e do caule de Psidium guajava L. apresentaram atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-negativas: Escherichia coli, Salmonela sp, Shigella sp, Proteus sp e Pseudomonas aeruginosa. Em um estudo desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi avaliado o extrato de folhas de goiabeira contra cepas padrão de Staphylococcus aureus (ATCC 25923), sendo comprovada a inibição do crescimento bacteriano (MENEZES, et al., 2004). Revelações semelhantes foram descritas por Ribeiro (2008) em Belém, Pará. 29 Em suas pesquisas, Gnan e Demello (1999) referiram-se a uma atividade antimicrobiana do extrato aquoso da folha de goiabeira (FIG. 1) contra Staphylococcus aureus. Maia et al. (2009) identificaram ação antimicrobiana de Psidium guajava L. contra isolados estafilocócicos de origem humana e caracterizadas fenotipicamente como sensíveis e resistentes ao antibiótico meticilina em João Pessoa, estado da Paraíba. Na mesma região, Pereira et al. (2010) avaliaram o extrato da mesma planta contra isolados de Staphylococcus aureus de origem bovina e os testes evidenciaram a positividade, inibindo o crescimento. Holetz et al. (2002) testaram extratos hidroalcoólicos de 13 plantas brasileiras utilizadas como medicinais contra bactérias e fungos de importância clínica. Entre elas, Psidium guajava L. apresentou atividade antimicrobiana e as menores concentrações inibitórias mínimas. FIGURA 1 – Folhas de Psidium guajava L (goiabeira) Fonte: http://www.ileorixa.com.br/oficinas/oficina_ervas.html 30 3 OBJETIVOS 3.1 GERAL • Avaliar o perfil de sensibilidade e/ou resistência microbiana in vitro de isolados de Staphylococcus aureus do leite proveniente de gados bovinos leiteiros portadores de mastite. 3.2 ESPECÍFICOS • Selecionar gado bovino leiteiro com suspeita de mastite por meio de testes específicos e coletar frações de leite. • Isolar e identificar fenotipicamente isolados de Staphylococcus aureus e criopreservar para futuras investigações. • Analisar o perfil de sensibilidade e/ou resistência frente aos diversos antimicrobianos empregados na prática clínica veterinária. • Avaliar a atividade antimicrobiana do extrato hidroalcoólico de folhas de Psidium guajava L. contra os Staphylococcus aureus isolados. 31 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Amostragem A colheita do leite foi realizada em três propriedades rurais de produção leiteira bovina, com diferentes tipos de manejo, da região da cidade de Alfenas, sul do estado de Minas Gerais. A amostragem de animais foi não probabilística, pois nem todos os elementos da população-alvo possuíam a mesma probabilidade de pertencer à amostra. Foram utilizados 60 gados bovinos leiteiros portadores de mastite clínica e subclínica, não tratados previamente com antimicrobianos comerciais. Os animais, em diferentes estágios de lactação, foram examinados. Nos casos de mastite clínica, a confirmação foi dada mediante a observação da presença de sinais e locais com edema, endurecimento, palpitação e aumento de temperatura do úbere, além da presença de grumos no leite submetido ao teste da caneca de fundo preto, segundo Rangel (2007). Os demais animais foram submetidos ao teste CMT (California Mastits Test) para a detecção da mastite subclínica. Observado o grau de coagulação, foi realizada a comparação com o padrão para o diagnóstico conforme descrito por Schalm et al. (1971). A colheita do leite foi realizada imediatamente antes da ordenha. No início, foi efetuada a higienização das mãos do ordenhador e dos tetos dos animais com solução de água e sabão. Em seguida, foram secados com papel toalha descartável. De cada animal, foram colhidos, aproximadamente, 50 ml de leite em frascos estéreis identificados. Ao final das colheitas de leite nas três propriedades rurais, totalizaram-se 60 amostras. Estas foram acondicionadas em caixas isotérmicas, transportadas sob refrigeração e encaminhadas ao Laboratório de Biologia e Fisiologia de Micro-organismos, Universidade José do Rosário Vellano, UNIFENAS, Campus Alfenas, MG. 32 4.2 Semeadura e caracterização morfológica As amostras foram diluídas (10-1 – 10-3) e semeadas em Ágar BHI para enriquecimento, incubadas a 37°C por 24 horas. Depois, foram semeadas em Ágar Baird Parker, moderadamente seletivo para Staphylococcus aureus, enriquecido com gema de ovo + telurito de potássio, incubadas a 37°C por 48 horas. Após o período de incubação, foram observados o crescimento e a morfologia das colônias. Estas foram caracterizadas como Staphylococcus sp por análise morfológica (colônias de cor escura, brilhantes, com zona de precipitação circundada por halo claro) e bacterioscopia, empregando-se o método de coloração de Gram. Em sequência, as lâminas foram observadas ao microscópio e o gênero bacteriano identificado pela forma de cocos agrupados de coloração arroxeada, conforme Machado (2006). 4.3 Caracterização fisiológica/bioquímica Após análise morfológica, as amostras foram submetidas a testes bioquímicos para a identificação da espécie Staphylococcus aureus (provas de catalase, coagulase, DNase e Manitol), conforme Machado (2006). O teste da catalase consistiu no gotejamento do peróxido de hidrogênio (H2O2) sobre uma lâmina contendo a biomassa microbiana. A prova foi considerada positiva quando houve borbulhamento devido à liberação do oxigênio. A prova da coagulase consistiu na junção, em um tubo de ensaio, de 0,5 ml de plasma sanguíneo liofilizado de coelho e uma suspensão de micro-organismos de 0,1 ml. Os tubos foram incubados em banho maria durante 24 horas a 35ºC e a formação de coágulos foi interpretada como reação positiva. Para o teste da Dnase, utilizou-se o meio Ágar Dnase, no qual os isolados foram repicados e incubados a 35ºC por 24 horas. Após, o meio foi acrescido de HCl 1 N para revelar a atividade enzimática. A formação de uma zona transparente em volta da colônia indicou a reação positiva. 33 O teste do Manitol consistiu na repicagem dos micro-organismos em Ágar Manitol salgado, contendo 7,5% de cloreto de sódio e indicador de pH vermelho de fenol, incubados a 37ºC por 24 horas. A reação foi interpretada como positiva quando o meio ao redor das colônias se tornou amarelo, indicando a fermentação. 4.4 Antibiograma Os testes de sensibilidade foram realizados pela técnica de difusão (BAUER e KIRBY, 1966), empregando-se discos padronizados impregnados com os antimicrobianos, seguindo critérios estabelecidos pelo National Committee for Clinical Laboratory Standarts (NCCLS, 2005). As colônias, cultivadas em Ágar BHI, foram calibradas na escala de turbidez 0,5 de McFarland e semeadas, com o auxílio de swabs estéreis, em placas contendo Ágar Mueller-Hinton. Em seguida, foram colocados, assepticamente e equidistantes, discos contendo os antimicrobianos, segundo Rangel (2007). Foram empregados os discos Sensidisc, desenvolvidos e comercializados pela empresa Ourofino , de vancomicina (30 µg), cefepima (30 µg), rifampicina (5 µg), penicilina G (10 µg), gentamicina (10 µg), clindamicina (2 µg), ciprofloxacina (5 µg), cloranfenicol (30 µg), eritromicina (15 µg), tetraciclina (30 µg) e oxacilina (1 µg). Objetivando a realização de testes comparativos, foram utilizadas duas cepas de Staphylococcus aureus oxacilina resistente e oxacilina sensível; sendo estas Staphylococcus aureus ATCC 29213 (sensível à oxacilina) e Staphylococcus aureus ATCC 43300 (resistente à oxacilina) (NCCLS, 2005). A leitura foi realizada com o auxílio de um paquímetro após 24 horas de incubação a 37°C. Os diâmetros dos halos de inibição, obtidos em milímetros, foram comparados conforme tabela disponibilizada pela NCCLS (2005). Assim, os isolados foram classificados em sensíveis ou resistentes ao antimicrobiano testado (RANGEL, 2007). Na Concentração Inibitória Mínima (CIM), o inóculo bacteriano foi preparado pela técnica do método direto com turbidez ajustada na escala 0,5 de McFarland, sendo espalhado, com o auxílio de swab estéril, na superfície do Ágar 34 Mueller-Hinton adicionado de 2% de NaCl. Foi utilizada a técnica do Etest (Epsilometer test), em que fitas finas e inertes contendo os antimicrobianos oxacilina e vancomicina, calibradas com escala visual, indicando a concentração das drogas, foram colocadas sobre o inóculo. Em seguida, foram incubados a 35°C por 24 horas. Os halos de inibição do crescimento foram inspecionados cuidadosamente, utilizando-se luz transmitida para a detecção de pequenas colônias ou escasso crescimento dentro da zona de inibição (NCCLS, 2005). 4.5 Preparação do extrato hidroalcoólico As folhas de Psidium guajava L. foram colhidas na Universidade José do Rosário Vellano, UNIFENAS, Campus Alfenas, no mês de outubro/2012. Após a colheita, as folhas foram separadas e secadas em estufa a 35°C durante uma semana para eliminação da umidade e estabilização do conteúdo enzimático. O material foi reduzido a pó em moinho elétrico e pesado. Os extratos foram obtidos em etanol/água a 70%, na proporção de 800 ml/150 g do material botânico, por maceração durante 15 dias em recipiente de vidro com capacidade para 2000 ml, tampado, à temperatura ambiente, protegido da luz e com agitação diária (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). O extrato foi filtrado, concentrado em evaporador rotatório e liofilizado. No momento da utilização, o mesmo foi ressuspenso em água destilada estéril e esterilizado por filtração em filtro Millipore de 0,22 µm, segundo Carvalho et al. (2002). 4.6 Testes antimicrobianos – Psidium guajava L. Os micro-organismos foram cultivados em Ágar BHI para enriquecimento e semeados em Ágar Mueller-Hinton com o auxílio de swabs estéreis. Os testes antimicrobianos foram realizados utilizando-se a técnica de poços. O extrato de Psidium guajava L. foi diluído em água estéril. Em seguida, foram adicionados 75 µl, 150 µl e 300 µl em cada poço, correspondentes às concentrações 400 µg/ml, 800 35 µg/ml e 1600 µg/ml respectivamente. Foi utilizado controle negativo composto por água destilada e controle positivo representado pelo antimicrobiano clindamicina, um dos que apresentaram maior ação inibitória observada no antibiograma realizado. A atividade antimicrobiana in vitro baseou-se na formação de halos de inibição de crescimento para as concentrações testadas de acordo com o método descrito por Bauer e Kirby (1966). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi determinada nos extratos que apresentaram atividade inibitória no teste de difusão em Ágar. Os testes foram realizados em microplacas, nas quais foram colocados 100 µl do caldo MuellerHinton concentrado (2x) e 10 µl da suspensão microbiana com turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de McFarland em todos os poços. No primeiro poço, foi adicionado o extrato com concentração de 1600 µg/ml e, a partir deste, foram preparadas diluições seriadas decrescentes. A Concentração Microbicida Mínima (CMM) foi realizada nas concentrações do extrato que apresentaram inibição para o crescimento bacteriano. Os testes foram realizados em placa de Petri contendo Ágar Mueller-Hinton. Na superfície do ágar, foram estriadas essas concentrações contendo o inóculo e incubadas a 37ºC por 24 horas. Em seguida, as placas foram analisadas com observação da presença ou ausência de crescimento microbiano. 36 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Staphylococcus aureus: prevalência De julho a outubro de 2012, foram colhidas amostras de leite de vacas acometidas por mastite clínica e subclínica em três propriedades rurais na região da cidade Alfenas, estado de Minas Gerais. Do total de 60 animais positivos aos testes, foi identificada e comprovada, por provas microbiológicas morfológicas e bioquímicas, a contaminação no leite pela presença de isolados de Staphylococcus aureus em 55% das amostras (33/60). Em levantamentos epidemiológicos nacionais e internacionais, Staphylococcus aureus podem estar presentes em até 70% das infecções da glândula mamária de bovinos leiteiros (ZANETTE et al., 2010; FERREIRA et al., 2007). Nader Filho et al. (1985) avaliaram animais portadores de mastite em propriedades da região da cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, e observaram que Staphylococcus aureus foram os agentes etiológicos de maior incidência (52%). Vianni et al. (1992), no município de Itaguaí, estado do Rio de Janeiro, investigaram 180 amostras de leite mastítico, das quais estes microorganismos foram isolados em 52,2% das análises. Foi confirmada a contaminação pela presença de isolados de Staphylococcus aureus em 50% das amostras de leite cultivadas por Quixabeira (2006). Mota et al. (2004) verificaram uma frequência de 59,27% para amostras de leite positivas ao CMT, sendo que as bactérias em estudo foram prevalentes em 52,16% dos casos. Achados esses que se assemelham aos observados nesta investigação. Outros pesquisadores acharam cifras inferiores. No trabalho realizado por Andrade et al. (2000), das 667 amostras de leite positivas ao CMT, identificaram-se 291 isolados de Staphylococcus aureus (43,63%). Longo et al. (1994), estudando a mastite subclínica em quatro rebanhos, compostos por 118 vacas leiteiras, verificaram que Staphylococcus aureus foram isolados em 44,7% dos casos. 37 Langoni et al. (1991) isolaram estas bactérias em 35,53% das 702 amostras de leite procedentes de vacas portadoras de mastite subclínica. Brabes et al. (1999), analisando 127 amostras de leite de cinco propriedades leiteiras dos estados de São Paulo e Minas Gerais, encontraram uma prevalência de 40,15% para esta espécie bacteriana. Almeida et al. (2005) obtiveram uma frequência de isolamento de 64,55% para Staphylococcus aureus no leite mastítico analisado. Amostras de leite de 63 animais acometidos por mastite foram avaliadas por Saeki et al. (2011), sendo que 38 (60,32%) apresentaram o crescimento dos micro-organismos em questão. Esses percentuais apresentam-se condizentes a outros discutidos na literatura. Zanette et al. (2010) observaram Staphylococcus aureus em 70,9% das análises e Ferreira et al. (2007) identificaram o gênero Staphylococcus sp. em 74,6% dos casos. Resultados superiores ao descrito neste estudo. A constante frequência dessas bactérias nos casos de mastite pode ser explicada pelo fato de que a pele do úbere e dos tetos são os principais sítios de localização dos agentes, o que facilita as infecções por esses micro-organismos. Também pode sugerir que, nos rebanhos avaliados, não são realizadas medidas eficientes de controle da enfermidade (ZANETTE et al., 2010). Pesquisas demonstram que a alta prevalência da mastite pode estar associada às más condições de higiene do ordenhador, bem como dos tetos e úberes das vacas antes, durante e após a ordenha (OLIVEIRA et al., 2009). 5.2 Antibiograma: sensibilidade e resistência O antibiograma realizado pela técnica de difusão em discos (BAUER e KIRBY, 1966) possibilitou como resultado padrões de resistência e/ou sensibilidade de Staphylococcus aureus isolados de leite mastítico aos antimicrobianos empregados na prática clínica veterinária (FIG. 2). 38 FIGURA 2 – Antibiograma realizado em Ágar Mueller – Hinton com os antimicrobianos vancomicina, cefepima, rifampicina, penicilina G, gentamicina, clindamicina, ciprofloxacina, cloranfenicol, eritromicina, tetraciclina e oxacilina. Após medição, os halos formados foram classificados em sensíveis ou resistentes de acordo com a tabela fornecida pela NCCLS (2005), que também preconiza os antimicrobianos destinados ao tratamento de infecções comprovadamente causadas por bactérias Gram positivas, sendo esses os utilizados nesta avaliação. 39 Verificaram-se os seguintes percentuais de resistência aos antimicrobianos: cefepime, 24% (8/33); ciprofloxacina, 3% (1/33); cloranfenicol, 3% (1/33); clindamicina, 0% (0/33); eritromicina, 0% (0/33); gentamicina, 15% (5/33); oxacilina, 73% (24/33); penicilina G, 97% (32/33); rifampicina, 0% (0/33); tetraciclina, 12% (4/33) e vancomicina, 12% (4/33) (TAB. 1 e GRAF. 1). 40 TABELA 1. Sensibilidade a 11 antimicrobianos apresentada pelos isolados de Staphylococcus aureus provenientes de 33 amostras de leite mastítico bovino. Classificação segundo tabela disponibilizada pela NCCLS (2005). Amostras CPM CIP CLO CLI ERI GEN OXA/ PEN RIF TET Etest 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 S S R S S S S R S S R R S R R R S S S S S S S R R R S S R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S: Sensível R: Resistente R*: Resistente em todas as concentrações S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R S S S R S S S S S R S S S S S S S S S R R S S S S S S S/R R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S R/S S/S R/S S/S S/S R/S R/S R/S S/S R/S R/S S/S S/S R/S R/S R/S S/S S/S VAN/ Etest R R R R R R R R R R R R R R R R R S R R R R R R R R R R R R R R R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R R S S S S R S S S S S S R S S S S S S S S S S S/S S/S S/S R/S S/S S/S S/S S/S S/S S/S R/S S/S S/S S/S S/S R/S S/S S/S S/S S/S S/S S/S S/R* S/S S/S S/S S/S S/S S/S S/R* S/S R/S S/S 41 O gráfico a seguir representa os valores obtidos em percentagem, indicando os níveis de resistência das bactérias isoladas aos antimicrobianos testados: 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 COM CIP CLI CLO ERI GEN OXA PEN RIF TET VAN GRÁFICO 1 – Resistência aos antimicrobianos, da esquerda para a direita: cefepima, ciprofloxacina, cloranfenicol, clindamicina, eritromicina, gentamicina, oxacilina, penicilina G, rifampicina, tetraciclina e vancomicina. Os números se referem aos percentuais. A terapia antimicrobiana é uma das principais ferramentas para o controle da mastite provocada por Staphylococcus aureus e a aplicação de testes de sensibilidade pode direcionar a escolha do melhor tratamento (MORONI et al., 2006). A maioria dos antibióticos testados apresentou potencial atividade antimicrobiana in vitro contra os micro-organismos isolados. Essa comprovação pode indicar que, devido aos índices de resistência encontrados nas propriedades investigadas, notória e frequentemente, são utilizados os mesmos princípios ativos no tratamento da inflamação mamária, outros princípios que sejam de boa sensibilidade, podem ainda ser aplicados para o controle da enfermidade. Nesse contexto, é evidente a importância da realização de antibiogramas, possibilitando o uso correto dos medicamentos. 42 Os antibióticos de maior ação foram clindamicina, eritromicina e rifampicina, com 100% de eficácia. Ciprofloxacina, cloranfenicol, tetraciclina e vancomicina apresentaram também significativa ação, com índices de sensibilidade próximos ou superiores a 90%. Saeki et al. (2011) observaram níveis de sensibilidade de 100% para gentamicina e ciprofloxacina. Resultados superiores aos relatados nesta análise. Esse autor, semelhante ao presente estudo, também avaliou níveis de 13,51% para amostras resistentes à tetraciclina. Diferentemente dos antibiogramas realizados por Andrade (2001), o cloranfenicol apresentou boa ação, podendo ser indicado para o tratamento dos animais pertencentes às propriedades objetos da investigação. Assim como observado por Nader Filho et al. (2007), a eritromicina foi um antimicrobiano que apresentou alto percentual de sensibilidade in vitro contra Staphylococcus aureus isolados de mastite bovina. Os achados desta pesquisa foram superiores aos verificados por Nader Filho et al. (1986), Fagliari et al. (1990) e Barberio et al. (2002). Os resultados diferiram daqueles encontrados por Andrade et al. (2000), em que 23,71% dos isolados apresentaram sensibilidade à penicilina G. No entanto, assim como no presente estudo, a penicilina G foi o antimicrobiano de menor ação, provavelmente devido à ação de betalactamases. A mesma constatação pode ser observada no trabalho realizado por Nader Filho et al. (2007). Penicilina G (3,03%) e oxacilina (27,27%) foram os antimicrobianos contra os quais os micro-organismos isolados apresentaram menores índices de sensibilidade e, portanto, maior resistência. A predominância de isolados resistentes à penicilina G também foi observada por Lange et al. (1997) no estado do Rio Grande do Sul e Pereira (2001) no estado de Minas Gerais. Maiores índices de resistência à penicilina G podem ser explicados pelo uso indiscriminado e inadequado (subdosagens) desse antimicrobiano na Medicina Veterinária, sendo o mais comercializado entre as propriedades rurais. A utilização errônea, sem o devido isolamento microbiano e o pedido prévio de antibiogramas, possibilita a seleção de isolados resistentes pela eliminação dos sensíveis e, ainda, pela presença de betalactamases, como referido anteriormente, em alguns isolados de Staphylococcus aureus. Esta enzima consegue romper o anel betalactâmico, 43 uma estrutura molecular fundamental para a ação desse antibiótico (ANDRADE et al., 2000). Costa et al. (1995) também referiram-se a uma maior resistência de Staphylococcus aureus isolados de casos de mastite clínica e subclínica aos antimicrobianos do grupo dos betalactâmicos. Achados semelhantes foram relatados por Brito et al. (2001) e Zafalon et al. (2007). A resistência à oxacilina é um sério problema de saúde pública no meio rural. Está relacionada a vários fatores, como a presença do gene mecA, que torna os micro-organismos intrinsecamente resistentes também a outros antimicrobianos (FREITAS et al., 2005). Observaram-se ocorrências de uma mesma amostra bacteriana resistente a mais de um princípio ativo, o que é um motivo de preocupação por trazer dificuldades ao tratamento dos animais. O isolamento de Staphylococcus aureus resistentes a diferentes grupos de antibióticos para o combate à mastite pode estar condicionado, entre outros fatores, ao mau uso de produtos por aplicação de subdosagens ou por um período insuficiente de tratamento. Associados às normas higiênicas mal conduzidas de manejo de ordenha, pode-se favorecer a existência de portadores de micro-organismos resistentes e facilitar a transmissão entre animais em um mesmo ambiente, inclusive por mãos do ordenhador e de utensílios ligados à ordenha (ARAÚJO, 1998). O aumento de prevalência de Staphylococcus aureus multirresistentes causadores de mastite bovina é grave, principalmente devido à redução da efetividade dos antimicrobianos, aumento da morbidade e dos custos para combater a doença. Além disso, o uso indiscriminado pode levar ao acúmulo de antibióticos nos alimentos, afetando a saúde humana (POL e RUEGG, 2007). Os resíduos de antibióticos no leite podem gerar fenômenos alérgicos em indivíduos sensíveis, efeitos tóxicos e carcinogênicos por alterações no equilíbrio da microbiota intestinal (FREITAS et al., 2005). O conhecimento dos padrões de sensibilidade e resistência aos diferentes antibióticos empregados no tratamento da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus é necessário e fundamental para o desenvolvimento de métodos preventivos que sejam efetivos, assim como para a construção de estratégias de tratamento (ARAÚJO, 1998). 44 Seguem as figuras (FIG. 3 e FIG. 4) representativas da técnica do Etest, fitas impregnadas com gradientes de concentração de vancomicina e oxacilina contra Staphylococcus aureus. FIGURA 3 – Etest Vancomicina 45 FIGURA 4 – Etest Oxacilina As variações de sensibilidade encontradas entre os testes de difusão e o Etest para os antimicrobianos podem estar relacionadas às diferenças entre as metodologias empregadas segundo NCCLS (2005). Isto se deve, principalmente, aos diferentes valores de concentrações utilizados. Zafalon et al. (2012), estudando estafilococos oriundos de mastite subclínica em ovinos, avaliaram sete isolados resistentes à oxacilina pelo Etest. Testes adicionais não foram realizados, mas sugere-se que esses isolados possam ser hiperprodutores de betalactamases ou apresentem mecanismos de resistência adicionais, como sugerido também por Martineau et al. (2000) e Terasawa (2006). Nesse mesmo estudo, micro-organismos resistentes à oxacilina apresentaram maior resistência contra outros antibióticos, principalmente à penicilina G, cefepima e gentamicina, quando comparados com os demais micro-organismos sensíveis à oxacilina. Resultados semelhantes de multirresistência foram verificados por Turutoglu et al. (2006) que detectaram Staphylococcus aureus e estafilococos coagulase negativos fenotipicamente resistentes à oxacilina, dentre os quais 100% dos Staphylococcus aureus foram também resistentes à penicilina G, amoxicilina, cloxacina e gentamicina. 46 Staphylococcus aureus que apresentam resistência à oxacilina são, frequentemente, resistentes a outros grupos de agentes antimicrobianos mais comuns, como os aminoglicosídeos, macrolideos, cloranfenicol, tetraciclina e fluoroquinolonas, tornando-se um grande risco para o homem e animais em casos de infecções (PAIANO e BENDENO, 2009). Oliveira et al. (2001) avaliaram a tolerância à vancomicina em isolados hospitalares de Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina, os quais apresentaram valores de concentrações inibitórias mínimas variáveis de 0,5 a 4 µg/ml. Nesse estudo, observou-se uma relação direta entre maior percentual de tolerância à vancomicina e níveis mais elevados da CIM. Houve um aumento paralelo dos valores, até que isolados com CIM de 4 µg/ml apresentaram 100% de tolerância. Paiano e Bendeno (2009), estudando a presença de Staphylococcus aureus em recém-nascidos humanos saudáveis, detectaram isolados resistentes à oxacilina (CIM: 8 µg/ml). O aumento crescente da frequência de Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina e a possibilidade do aparecimento de amostras resistentes à vancomicina tornam imprescindível o desenvolvimento de novas drogas com atividade antiestafilocócica (FREITAS et al., 2005). 5.3 Atividade antimicrobiana - Psidium guajava L. O extrato hidroalcoólico da folha de Psidium guajava L., por meio da realização da técnica de poços (FIG. 5), apresentou atividade antimicrobiana contra todos os isolados de Staphylococcus aureus, inibindo o crescimento microbiano em todas as concentrações testadas (1600 µg/ml, 800 µg/ml e 400 µg/ml). A inibição foi verificada devido à formação de halos. Os valores dos halos (em mm) obtidos na medição foram crescentes, seguindo o aumento da concentração avaliada (TAB. 2). 47 FIGURA 5 - Testes antimicrobianos com extrato de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus – Técnica de poços/ 1: 400 µg/ml; 2: 800 µg/ml; 3: 1600 µg/ml; 4: Água destilada; CLI: Clindamicina. 48 TABELA 2. Atividade antimicrobiana de Psidium guajava L. – Medição dos halos (em mm). Amostras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 Padrão CN 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 CP 34 25 32 32 31 35 33 36 33 34 29 29 26 31 32 28 30 33 32 30 30 30 29 26 27 30 28 30 27 26 28 25 26 26 C1 21 27 19 21 22 26 21 25 24 25 20 17 13 20 25 22 19 24 22 19 19 19 20 17 16 20 17 20 20 24 19 21 17 17 C2 22 28 22 23 25 27 24 26 26 27 23 21 16 22 26 24 24 25 23 23 21 24 23 19 19 21 18 22 21 25 20 22 20 19 C3 26 29 24 26 26 28 26 28 27 29 24 23 17 26 27 25 25 26 26 25 22 25 25 20 20 23 20 24 22 26 24 23 24 20 CN: Controle negativo (Água destilada). CP: Controle positivo (Clindamicina – valor de referência de sensibilidade dos halos: 24 a 30 mm) (NCCLS, 2005). C1: 400 µg/ml. C2: 800 µg/ml. C3: 1600 µg/ml. 49 Nessa pesquisa, foi observada a formação de halos de inibição, cujos diâmetros variaram de 13 a 36 mm para as concentrações testadas. Testando extratos aquosos de Psidium guajava L., Menezes et al. (2004) obtiveram resultados positivos para a ação antimicrobiana, com halos de inibição de crescimento em torno de 25 mm para Staphylococcus aureus (ATCC 25923). Gonçalves et al. (2008), em seus estudos in vitro com micro-organismos extraídos de camarão, relataram que o melhor efeito inibitório foi observado com extrato metanólico das folhas de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus. Os halos de inibição variaram entre 8,25 e 9,25 mm sob a concentração estimada de 96,87 µg/ml, baseada nos dados apresentados pelos Autores. Pereira et al. (2008) avaliaram e comprovaram a atividade antimicrobiana dos extratos glicólicos de Psidium guajava L. contra cepas padrão de Staphylococcus aureus (ATCC 6538). Holetz et al. (2002) encontraram ação antimicrobiana do extrato hidroalcoólico das folhas de Psidium guajava L. contra Candida albicans, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Os resultados indicaram que as folhas desta planta poderiam ser utilizadas para tratar patologias causadas por tais microorganismos devido ao seu efeito antimicrobiano. Sanches et al. (2005) também obtiveram efeito inibitório por meio dos extratos hidroalcoólicos e aquosos de Psidium guajava L. contra cepas padrão de Staphylococcus aureus. No estudo realizado por Fonseca e Botelho (2010), avaliando microorganismos patogênicos da cavidade oral humana, o extrato bruto das folhas de Psidium guajava L. demonstrou atividade antimicrobiana in vitro, reforçando a indicação popular da planta também como antisséptica. Gonçalves et al. (2005) observaram que Streptococcus pyogenes, Proteus mirabilis e Staphylococcus aureus apresentaram sensibilidade contra o extrato de Psidium guajava L., não sendo constatada ação contra Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. Chah et al. (2006), utilizando o método de disco-difusão em Ágar, descreveram a ação antibacteriana de extratos da folha e da raiz de Psidium guajava L. contra Staphylococcus micro-organismos aureus, Streptococcus causadores mutans, de infecções Pseudomonas intestinais: aeruginosa, Salmonella enteritidis, Bacillus cereus, Proteus sp, Shigella sp e Escherichia coli. 50 Gutierrez et al. (2008), em revisão bibliográfica, fizeram referência a três estudos que relataram substâncias antibacterianas presentes em extratos metanólicos da raiz e das folhas de Psidium guajava L., derivadas da quercetina das folhas, um flavonóide natural. A atividade antimicrobiana de extratos vegetais pode ser avaliada através da determinação de uma pequena quantidade da substância necessária para inibir o crescimento do micro-organismo testado, esse valor é conhecido como Concentração Inibitória Mínima (CIM). Um aspecto bastante relevante na determinação da CIM de extratos vegetais é a preocupação em relação aos aspectos toxicológicos, microbiológicos e legais pertinentes aos compostos naturais ou suas combinações (PINTO et al., 2003). Foram testadas as concentrações de 1600; 800; 400; 200; 100; 50; 25; 12,50; 6,25; 3,125; 1,5625 e 0,78125 µg/ml do extrato liofilizado resuspenso em água destilada estéril. Todos os micro-organismos isolados apresentaram halos de inibição no teste de difusão em Ágar e, também, apresentaram CIM nas concentrações de 200; 400; 800 e 1600 µg/ml do extrato hidroalcoólico de Psidium guajava L. Mahfuzul Hoque et al. (2007) encontraram como CIM para Staphylococcus aureus 100 µg/ml em testes in vitro com extratos etanólicos de folhas de goiabeira. Sanches et al. (2005), usando o ensaio de microdiluição em caldo com extratos aquosos e hidroetanólicos das folhas, raízes e casca do caule de Psidium guajava L. contra Staphylococcus aureus, encontraram as respectivas CIMs: 500, 250 e 125 µg/ml, sendo os extratos hidroetanólicos os mais ativos. Na presente pesquisa, todos os isolados de Staphylococcus aureus apresentaram CMM de 1600 µg/ml e 800 µg/ml (maiores concentrações testadas), nas quais não foi observado crescimento microbiano em placas. Garcia (2010) constatou uma CMM de 46,75 µg/ml do extrato de Psidium guajava L. contra isolados de Staphylococcus aureus oriundos de casos de infecções hospitalares. O extrato obteve ação antimicrobiana contra 84,6% dos isolados. Uma tentativa de manter o uso de antimicrobianos atuais pode ser encontrada em sua combinação com outros produtos, como os produtos naturais, que representariam uma opção terapêutica no tratamento de infecções causadas por 51 Staphylococcus aureus e outros patógenos no que diz respeito ao aparecimento crescente de resistência múltipla (MUSUMECI et al., 2003; PEREIRA, 2000). No estudo desenvolvido por Maia et al. (2009), os resultados obtidos da associação do extrato de goiabeira com cefalexina contra isolados de Staphylococcus aureus, oriundas de amostras bovinas, variaram de uma concentração inibitória de 1:4 a 1:256 µg/ml. A associação norfloxacina e goiabeira variou de concentrações de 1:16 a 1:64 µg/ml. Betoni et al. (2006), utilizando extratos etanólicos de folhas de goiabeira com concentração de 131,75 µg/ml contra isolados de Staphylococcus aureus, conseguiram diminuir a CIM de 52 para 13 µg/ml, realizando associações desse extrato com antibióticos (tetraciclina, cloranfenicol, eritromicina, vancomicina, oxacilina, cefalotina, ampicilina, cefoxitina, cotrimoxazole) e a eficácia foi de 47,68%. Os resultados obtidos na atual pesquisa estão coerentes com o histórico da atividade antimicrobiana da espécie vegetal estudada, quanto à ação microbicida e à demonstração de que isolados de Staphylococcus aureus mostraram-se sensíveis ao extrato hidroalcoólico utilizado. No entanto, é importante ressaltar que a análise da atividade antimicrobiana nos diversos estudos citados foi realizada por diferentes metodologias e concentrações, o que torna difícil uma análise comparativa fidedigna (PEREIRA et al., 2008). As variações referentes à determinação da CIM de extratos de plantas podem ser atribuídas a muitos fatores. Dentre eles, pode-se citar a técnica aplicada, o micro-organismo e a cepa utilizada no teste, a origem da planta, a época da colheita, se os extratos foram preparados a partir das plantas frescas ou secadas e a quantidade de extrato testada. Assim, não existe método padronizado para expressar os resultados de testes antimicrobianos de produtos naturais (FENNER et al., 2006). De acordo com Pereira et al. (2010), esses métodos e suas variantes devem ser adaptados e escolhidos conforme as facilidades operacionais que permitam ensaios relativamente rápidos e simples, com custo compatível. É importante que as adaptações sejam testadas e padronizadas para se obter reprodutibilidade e garantir, assim, que os resultados sejam confiáveis. 52 6 CONCLUSÕES • Nas propriedades rurais objetos da investigação, Staphylococcus aureus apresentaram alta prevalência nas infecções. • A maioria dos antimicrobianos testados apresentou boa ação in vitro contra Staphylococcus aureus. Assim, a realização de antibiogramas é de grande importância para que novos princípios ativos sejam utilizados, minimizando casos resistentes no plantel e facilitando o tratamento de enfermidades que acometam os animais destinados à produção leiteira. • A utilização do extrato hidroalcoólico da folha de Psidium guajava L. poderia ser uma alternativa à crescente resistência dos microorganismos aos antimicrobianos comercializados e empregados na prática veterinária. Outros estudos, associados àqueles in vivo, poderiam agregar informações potencialmente favoráveis ao uso deste extrato no tratamento da mastite em gado bovino leiteiro. 53 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A. C.; MENDES, C. P. A.; SILVA, D. B. Fatores determinantes da ocorrência de mastite bovina, detectada em rebanhos através da análise de leite em latões. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 19, n. 134, p. 81-87, ago. 2005. ANDRADE, M. A et al. Sensibilidade “in vitro” de Staphylococcus aureus isolados de amostras de leite de vacas com mastite subclínica. Revista Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 1, n. 1, p. 53-57, jan./jun. 2000. ______. Mastite bovina subclínica: prevalência, etiologia e testes de sensibilidade a drogas antimicrobianas. Revista A Hora Veterinária, Goiânia, v. 20, n. 119, p. 1016, jul./ago. 2001. ARAÚJO, W. P. Fagotipagem de cepas de S. aureus resistentes a antibióticos isoladas de leite. Braz. J. vet. Res. anim. 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