Centro Universitário Nove de Julho
UNINOVE
Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis:
Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet
Hurgor Kitzberger
São Paulo
2003
Centro Universitário Nove de Julho
UNINOVE
Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis:
Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet
Hurgor Kitzberger
Orientadora: Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz
Dissertação apresentada como
parte das exigências para
obtenção do título de Mestre
Profissional em Administração.
São Paulo
2003
Kitzberger, Hurgor
Proposta de análise das demonstrações contábeis : abordagem tradicional integrada
com o modelo Fleuriet / Hurgor Kitzberger.__ São Paulo : Centro Universitário Nove
de Julho, 2003.
113 p. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Nove de Julho, 2003
Orientador: Ana Carolina Spolidoro Queiroz
1. Contabilidade 2. Demonstrações contábeis 3. Análise de balanço I.
Universitário Nove de Julho – Mestrado Profissional II. Título.
Centro
Banca Examinadora
Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz
Prof. Dr. Clóvis Luís Padoveze
Prof. Dr. Gideon Carvalho de Benedicto
Dedicatória
À minha esposa Rosely, aos meus filhos
Anieli, Rodrigo, Rodolfo e José Augusto
pela
compreensão
tiveram
trabalho.
durante
a
e
paciência
realização
que
deste
Agradecimentos
Ao Deus do meu coração e da minha compreensão
por me ter dado saúde, força e luz para realizar
este trabalho;
Aos meus pais, Augusto (in memoriam) e Maria
de Lourdes; a educação que vocês me deram,
permitiu-me chegar até aqui;
À minha família pela compreensão dos muitos fins
de semana e noites ausentes para efetivação do
curso ;
A minha orientadora Profª Drª Ana Carolina
Spolidoro
dedicação.
Queiroz,
pelo
acompanhamento
e
Resumo
Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem
Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet
O entendimento das Demonstrações Contábeis, mais especificamente
o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício são de
fundamental importância para toda a análise de balanços. Através do
entendimento da estrutura contábil das demonstrações é que se podem
desenvolver avaliações mais precisas das empresas. O processo de análise
requer conhecimentos sólidos da forma de contabilização e apuração das
demonstrações contábeis, sem os quais ficam seriamente limitadas as
conclusões extraídas sobre o desempenho da empresa. Os diversos aspectos
básicos dos objetivos da análise de balanços, as diferentes expectativas de
seus usuários e a descrição das técnicas científicas mais adotadas da análise
tradicional são evidenciadas neste trabalho. Michel Fleuriet e outros
desenvolveram um modelo de administração do capital de giro, que tem sido
denominado de Análise Financeira Dinâmica, que retoma o tema da liquidez e
seus indicadores, sugerindo uma abordagem nova e diferente da abordagem da
análise de balanço tradicional. Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os
elementos do giro, classificando-os em dois tipos em relação ao seu
comportamento com o ciclo operacional, tais como: a) contas cíclicas, ou seja,
contas de natureza operacional;e b) contas erráticas, ou seja, as demais contas
do circulante. Nessa linha de raciocínio analisou-se o “Modelo Tradicional” e o
“Modelo Fleuriet”, e propõe-se o “Modelo Integrado” para análise das
demonstrações contábeis na administração e planejamento da empresa,onde
se utiliza elementos da metodologia desenvolvida por Fleuriet, dentro da
concepção tradicional da Análise de Balanços, complementando-se ainda o
modelo assim desenvolvido com as abordagens do EBITDA e do método do
Valor Econômico Agregado – EVA.
ABSTRACT
A PROPOSAL FOR THE ACCOUNT DEMONSTRATION: THE TRADITIONAL
APPROACH INTEGRATED WITH THE FLEURIET MODEL
The understanding of the account demonstrations, mainly the balance
sheets and the income statements, are of great importance in all balance analysis.
A more precise valuation can be made, through the understanding of the account
structure of demonstration. The analysis process asks for a very solid knowledge
about the accounting system and the finding out of these demonstrations. In fact,
without them, the conclusions about the performance of the organizations will be
seriously limited. The various aspects of the purposes from the balance analysis,
the different expectations and the description of the scientific techniques that are
used in the traditional methods of analysis, which are adopted in most of the cases,
are shown in this work. Michel Fleuriet and others developed a model, called
“Dynamic Financial Analysis”, for the administration of the turnover capital. This
model retakes the theme of profitability and its indicators, which suggests a new
and different approach from the traditional balance analysis. To develop his model,
Fleuriet separates the components of the turnover, classifying them in two groups,
according to its conduct referred to the operational cycle, which are: a) Cyclic
accounts, which are the operational ones; and b) Erratic accounts, which are all the
other accounts of the assets. Following this way of reasoning, in the work the
“Traditional Model” and the “Fleuriet Model” was analyzed, and an “Integrated
Model”, which uses some elements of Fleuriet methodology in the traditional
model, as well as the approaches from the EBITDA and EVA, is being proposed for
the analysis of the account demonstration, in order to help in organizations
planning and management.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................1
CAPÍTULO 1 – IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE.................................6
1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura.........................................6
1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício.................................9
1.3 Raciocínio Científico......................................................................12
1.4 Necessidade da Análise................................................................15
1.5 Limitações da Análise....................................................................17
CAPÍTULO 2 – ANÁLISE FINANCEIRA TRADICIONAL.....................20
2.1 Introdução......................................................................................20
2.2 Análise Vertical..............................................................................21
2.3 Análise Horizontal..........................................................................23
2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros.........................................24
2.5 Conclusão de Análise....................................................................47
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DO MODELO FLEURIET............................52
3.1 Conceito do Modelo Fleuriet..........................................................52
3.2 As Quatro Variáveis.......................................................................53
3.3 O Efeito – Tesoura.........................................................................64
3.4 Conclusão de Análise....................................................................65
CAPÍTULO 4 – INVESTIMENTOS......................................................69
4.1 Decisão..........................................................................................70
4.2 Meta do Planejamento...................................................................73
4.3 Custo de Oportunidade..................................................................75
4.4 Taxa Mínima de Retorno................................................................78
4.5 EBITDA - Lucro antes dos Juros, Impostos ,
Depreciações e Amortizações.......................................................80
4.6 EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado
(Economic Value Added)..........................................................….82
CAPÍTULO 5 - MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE
CONTÁBIL DE BALANÇO......................................86
5.1 Modelos......................................................................................86
5.2 Painel de Indicadores Integrando o Método de Análise
Tradicional e o Método de Fleuriet..............................................94
5.3 Aplicação Numérica....................................................................96
5.4 Contribuições..............................................................................99
CONCLUSÃO..................................................................................101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................104
ANEXO ...........................................................................................108
LISTA DE QUADROS
Quadro:
Página
1
Esquema do Balanço Patrimonial
7
2
Esquema Geral da Demonstração de Resultados do Exercício
10
3
Análise das Demonstrações Contábeis e o processo
de tomada de decisão
13
4
Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x0
45
5
Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x1
46
6
Reclassificação de Balanço na abordagem dinâmica
do Modelo Fleuriet
55
7
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 1
57
8
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 2
58
9
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 3
59
10
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 4
60
11
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 5
61
12
Modelo Fleuriet – Balanço Patrimonial
65
13
EBITDA
81
14
Aplicação Numérica do EVA
84
15
Modelo de Decisão
89
16
Painel Comparativo Modelo Tradicional/Modelo Fleuriet
91
17
Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet
92
18
Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet
96
INTRODUÇÃO
Para o bom desempenho de uma organização, muitas vezes torna-se necessário uma visão mais aprofundada sobre os
resultados por ela obtidos, bem como de seu desempenho, de modo a se detectar os pontos fortes e fracos de seu processo operacional
e financeiro, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores. Assim sendo, seria possível
obter uma avaliação mais detalhada da situação da empresa, em todos aqueles aspectos desejados.
O procedimento mais utilizado para essa avaliação é feito através da análise das informações contidas nas
demonstrações contábeis. Nesse processo, o analista deve valer-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo as demonstrações
contábeis em indicadores. Os indicadores buscam evidenciar as características dos principais inter-relacionamentos existentes entre o
balanço patrimonial, que apresenta uma visão estática e momentânea da empresa, e a dinâmica representada pela demonstração de
resultados.
Em 1986, na UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba – São
Paulo, na disciplina Análise das Demonstrações Financeiras,
quando se
discorria sobre a análise efetuada no Balanço Patrimonial e na Demonstração
do Resultado do Exercício, apresentava-se a metodologia tradicional, isto é,
começando-se
através da análise vertical e horizontal, e posteriormente
calculando-se os indicadores econômico-financeiros (liquidez corrente, liquidez
seca, liquidez imediata e liquidez geral, endividamento e rentabilidade) . Esta
metodologia tem em seu bojo central os indicadores de liquidez, principalmente
o de liquidez corrente, que representa, em dado momento nas demonstrações
estáticas, a capacidade de pagamento da empresa, bem como a avaliação do
lucro do investimento, através do índice de rentabilidade do Patrimônio Líquido.
Desta forma, a análise contábil-econômica constitui-se num processo
de meditação sobre as demonstrações contábeis, objetivando a avaliação da
situação da situação da empresa, em seus aspectos operacionais, econômicos,
patrimoniais e financeiros, e conseqüentemente tornando-se importante
instrumento de gestão. Vale ressaltar que a análise das demonstrações
contábeis é comumente chamada de análise financeira ou de balanço, sendo
mais conhecida como análise de balanço. Neste trabalho as três expressões
citadas são igualmente utilizadas.
Ora, nos meios acadêmicos é comum o questionamento de que outra
metodologia melhor adaptar-se-ia na análise contábil–econômica, visando à
avaliação da empresa. Assim sendo, partiu-se desta discussão genérica para
estabelecer o tema deste trabalho, voltado à comparação entre modelos de
análise das demonstrações financeiras passíveis de orientar o processo
decisório de uma organização.
Tendo este assunto amadurecido, aproveitou-se a oportunidade para
discutir nesta dissertação de mestrado outros modelos e alternativas de análise
existentes, tais como:
a) Modelo do Professor Fleuriet;
b) Análise de Investimentos;
c) EBITDA – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações
(Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization);
d) EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic Value Added)
O modelo do Professor FLEURIET, também conhecido como modelo de necessidade de investimento em giro,
propõe-se a analisar o investimento em capital de giro e sua administração, a partir das informações obtidas através das
demonstrações contábeis.
A Análise de Investimentos tem sua idéia central focada no fluxo de caixa
descontado a uma taxa de atratividade. Os administradores estão continuamente
buscando ativos tangíveis e intangíveis que possam aumentar o valor de suas
empresas e resultar em uma valorização da riqueza dos acionistas. Elaborar a
Análise de Investimentos significa identificar oportunidades potenciais de
investimento, e atribuir valores a elas, de forma que a administração possa tomar
decisões acertadas.
EBITDA é um conceito de geração bruta operacional de lucro. Não considera resultados
não operacionais, e adiciona ao lucro operacional as depreciações e amortizações. Em
síntese, o EBITDA é o lucro operacional mais as depreciações e amortizações.
EVA é um conceito de custo de oportunidade, ou lucro residual, que foi retomado
mais recentemente. O conceito de custo de oportunidade é um conceito tradicional da
teoria econômica, mas que nem sempre tem sido adotado em todas as empresas. Este
conceito significa, em linhas gerais, que há realmente valor adicionado à empresa, caso
o lucro líquido após o imposto de renda seja superior à um determinado custo de
oportunidade de capital. O custo de oportunidade de capital é considerado como o lucro
mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do
acionista.
Sendo assim, este estudo efetua a comparação entre dois modelos de análise, que podem
orientar o decisor da empresa:
a) modelo de análise tradicional;
b) modelo de análise do Professor Fleuriet.
Estes modelos são analisados em sua estruturação conceitual, aplicabilidade e
limitações, e posteriormente são comparados para a formulação de uma proposta de
modelo conceitual de análise contábil-econômica.
Tal proposta é apresentada de forma sistêmica ao final desta dissertação, quando são
descritas as etapas conceituais necessárias para sua operacionalização e incorpora as
vantagens da simulação de resultados a partir do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultados. Também, ao final, a aplicação numérica é feita no modelo
proposto mostrando seus pontos fortes e contribuições. Não se tem a pretensão de eleger
um modelo ideal. Tão pouco se tem a pretensão de que seja possível obter um modelo
auto-aplicável.
O objetivo desta investigação, portanto, é o de propor um modelo
conceitual de análise contábil-econômica, que incorpore a simulação de
resultados a partir dos principais instrumentos de demonstrações financeiras.
Justifica-se esse objetivo por quanto acima comentado, isto é, pela necessidade
que as organizações mais e mais vem apresentando, de obterem dados que
não apenas mostrem uma fotografia estática de sua capacidade de pagamento
em um dado momento, mas sim de um instrumento que lhes permita avaliar
com razoável grau de certeza, a situação da empresa em todos os seus
aspectos, seus resultados e desempenho, e seus pontos fortes e fracos, no que
se refere a seu processo operacional e financeiro.
A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, uma vez que se procurou
relacionar os conceitos atuais sobre análise de balanço e modelos desenvolvidos com
essa finalidade através da consulta a livros, artigos e outros estudos que tratam deste
assunto. Procurou-se também associar um caráter exploratório ao estudo, propondo-se
linhas básicas para o desenvolvimento de modelos que poderão ser utilizados em estudos
futuros, relacionados à administração do capital de giro.
CAPÍTULO 1
IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE
1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura
A estrutura do balanço, na forma de sua exposição oficial, tem que
estar em concordância com a Lei 6.404/76, das sociedades anônimas. A
legislação foi estendida aos demais tipos de sociedades. Assim, temos hoje
uma padronização das demonstrações contábeis, de acordo com o artigo 179.
A legislação prevê as seguintes peças contábeis: Balanço Patrimonial,
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Resultado do Exercício,
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Notas Explicativas. O
Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício terão a maior
atenção em nosso trabalho, em atendimento a finalidade desse estudo. As
contas agregadas têm a classificação, indicada no quadro 1, a seguir:
Quadro 01 - Esquema do Balanço Patrimonial
Ativo
Passivo
Circulante
Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente
Resultados de Exercícios Futuros
Patrimônio Líquido
De acordo com a Lei 6.404 de 15/12/76, no Ativo Circulante são classificados
os seguintes parâmetros:
- As disponibilidades, que compreendem o dinheiro em caixa, os depósitos
bancários à vista e títulos vinculados ao mercado aberto .
- Os direitos realizáveis nos doze meses seguintes à data do balanço, tais
como: a) contas de clientes, b) contas correntes, c) títulos a receber, d)
impostos a recuperar; e, e) quaisquer outros créditos.
- Os estoques de mercadorias, produtos acabados e em elaboração, e matériaprima.
- O valor das despesas já realizadas, mas que se refiram a exercício seguinte.
No Realizável a Longo Prazo, aborda-se:
- Quaisquer direitos realizáveis a prazos superiores a 12 meses e também os
créditos junto a empresas coligadas ou controladas, contas de diretores e de
acionistas.
No Ativo Permanente, classifica-se:
a) Investimentos
- As participações permanentes em outras sociedades.
- Outros investimentos não classificável no ativo circulante e que não se
destinem à manutenção da empresa.
b) Imobilizado
- Os bens destinados à manutenção e à produção da empresa, como os
imóveis, máquinas, veículos, móveis e utensílios etc.
c) Diferido
- O valor das despesas já realizadas, mas que influirão no resultado de mais
um exercício, isto é, serão amortizadas em mais de um ano.
No Passivo Circulante, aborda-se:
- As obrigações em geral, vencíveis nos 12 meses seguintes a contar da data
do balanço.
No Passivo Exigível a Longo Prazo, coloca-se:
- As obrigações vencíveis a mais de 12 meses, também a contar da data do
balanço.
Em Resultados de Exercícios Futuros:
- As receitas referentes a exercícios futuros, diminuídas dos custos ou
despesas correspondentes.
No Patrimônio Líquido classifica-se:
a) O capital social, diminuído das parcelas ainda não realizadas;
b) As reservas de capital;
c) As reservas de reavaliação;
d) As reservas de lucros;
e) Os lucros acumulados;
f) Por dedução, os prejuízos acumulados;
g) Por dedução, as ações em tesouraria.
1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E)
A Demonstração do Resultado do Exercício, peça contábil de
fundamental importância para a análise de balanço, vem assim exposta,
conforme mostra o Quadro 2:
Quadro 02 – Esquema Geral da D.R.E.
Receita Operacional Bruta
(-) Deduções
(=) Receita Líquida Operacional
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
(=) Lucro ou Prejuízo Operacional
(+/-) Receitas e Despesas não Operacionais
(+/-) Correção Monetária do Balanço
(=) Lucro ou Prejuízo antes do Imposto de Renda
Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda e
Contribuição Social
(=) Lucro Final
A receita bruta das vendas e serviços, é constituída pelo valor bruto
faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos
provenientes das operações normais de venda a prazo ou à vista, no mercado
interno e externo, de produtos, mercadorias ou serviços.
As deduções ou devoluções, descontos e impostos, são valores
incidentes sobre as vendas.
A receita líquida operacional, que é a diferença entre os dois itens
anteriores.
O custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos, que
compreende todos os custos de produção de bens e serviços, aquisição de
mercadorias líquidas dos impostos recuperados.
O lucro bruto, que é o resultado da receita líquida operacional menos o
custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos.
As despesas com vendas, despesas financeiras (deduzidas as receitas
financeiras), despesas administrativas e outras despesas operacionais;
O lucro ou prejuízo operacional, que é o resultado do lucro bruto menos as
despesas operacionais
As receitas e despesas não operacionais, que compreendem resultados
eventuais, basicamente oriundos da alienação de ativos permanentes.
O saldo da conta de correção monetária do balanço, quando obrigatória
por lei. Esta obrigatoriedade está suspensa desde 31.12.95 pela lei 9.249/95
O lucro ou prejuízo antes do imposto de renda e contribuição social, que é
o resultado obtido antes da apuração dos impostos sobre o lucro.
A provisão para imposto de renda e contribuição social, que são os
impostos incidentes sobre o lucro líquido.
A participação (nos lucros) dos administradores, empregados e partes
beneficiárias; e contribuições para fundos de assistência ou previdência de
empregados.
O lucro ou prejuízo líquido do exercício que é o resultado final das
operações da empresa e lucro ou prejuízo por ação do capital social; que
consiste apenas numa informação complementar para empresas constituídas
juridicamente como sociedade anônima, não sendo aplicável para outras
formas de pessoas jurídicas.
Esta estrutura, exposta na Lei 6.404/76, tem o caráter de atender o usuário
externo da informação contábil. Diante disto surge dois grupos de usuários da
informação: o interno que são os dirigentes da empresa e seus funcionários; o externo
que são os órgãos governamentais, os acionistas que não participam da administração, os
bancos, fornecedores e credores, e outros que desejam conhecer os dados da empresa
para futuras negociações; sintetizando: fornecedores interessados em liquidez,
rentabilidade, endividamento; clientes interessados em segurança no fornecimento;
bancos comerciais interessados em liquidez e endividamento; bancos de investimentos
interessados em situação futura, tendência; concorrentes interessados em eficiência,
pontos fortes e fracos; governo interessado em evolução setorial, tributação; dirigentes
interessados em instrumento para tomada de decisão; proprietários interessados em
crescimento do lucro, dividendos e valor do negócio; empregados interessados em
garantia do emprego e progresso profissional.
A informação contábil para uso interno e análise pode ser trabalhada com estrutura
diferenciada, objetivando maior visão analítica e adaptação à cada empresa. Em outras
palavras, o Balanço Patrimonial e a D.R.E. podem ser reclassificados obtendo-se assim
uma evidenciação mais precisa e adequada ao usuário interessado. São exemplos: a
conta duplicatas a receber apresenta as contas provisão para devedores duvidosos e
títulos descontados deduzidos do seu total; com a reclassificação a conta títulos
descontados vai para o passivo circulante, mostrando o total de recursos captados nessa
modalidade e fazendo parte do total de compromissos assumidos pela empresa. Após
este ajuste a conta duplicatas a receber fica espelhada apenas com a dedução da conta
provisão para devedores duvidosos; outro exemplo pode ser a reclassificação das
despesas e receitas financeiras, excluindo-as do lucro operacional, tratando-as como
itens distintos na D.R.E.
1.3 Raciocínio Científico
A análise de balanços baseia-se no raciocínio científico dentro de um
modelo de processo de análise. Um exemplo deste modelo pode ser
visualizado na Figura 01. Para a análise, a necessidade de compreender cada
item do balanço, tendo que decompô-lo nas partes que o formam, para melhor
interpretar seus componentes, mas tendo como referencial obter visão de
conjunto de seu todo. Em outras palavras, interessa conhecer o aspecto
econômico e o aspecto financeiro.
O aspecto econômico considera a aplicação e rendimento de capital,
e o aspecto
financeiro envolve somente a capacidade de pagamento e a
liquidez da empresa. A empresa possui três fontes de recursos para realização
de seus negócios: a) a captação de recursos próprios; b) as reinversões de
lucro; demonstradas no patrimônio líquido; c) as fontes de terceiros,
evidenciadas no passivo circulante e exigível a longo prazo.
Esses aspectos se entrelaçam e são integrados, razão porque a
análise de balanço é econômico-financeira.
Quadro 03 – Análise das Demonstrações Contábeis e o processo de tomada de
decisão.
Fonte: Adaptado de MATARAZZO (1987; p. 25).
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 3
Etapa 4
Escolha de
Comparação com
Diagnóstico ou
Decisões
Indicadores
padrões
conclusões
ANÁLISE
No processo de análise deve-se observar três etapas básicas: a)
escolha de indicadores, quando se determina o critério a ser utilizado no
processo de análise e quais serão os indicadores de medidas de desempenho;
b) necessidade de comparação com padrões, quando os dados encontrados
devem sofrer validação com padrões próprios, os construídos especificamente
para a empresa ou então com padrões do setor no qual ela atua; c) o
diagnóstico, quando nesta fase ponderam-se as diferentes informações obtidas
em a e b, e chega-se a um diagnóstico que será apresentado na etapa “c”. O
processo de análise conforme indica FRANCO (1976; p. 91), é realizado através
das seguintes etapas:
1-
Decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elementos mais
simples e irredutíveis (análise propriamente dita).
2-
Determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em
relação ao seu conjunto (coeficientes).
3-
Estabelecimento da relação entre componentes do conjunto (quocientes).
4-
Comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos
(índices)
5-
Comparação
entre
componentes
de
diferentes
conjuntos
para
determinação de padrões”.
Também sobre este processo, ANTHONY (1976; pp.217-218),explica
que, em termos gerais, pode-se descrever o processo da análise como o de
comparar o que realmente aconteceu com um padrão. Um padrão é uma
medida do que deveria ter acontecido sob as circunstâncias prevalecentes.
Para decidir sobre os tipos de comparações úteis, precisamos considerar a
empresa como um todo – quais os seus objetivos – pois as comparações
pretendem, essencialmente, lançar luz sobre como a empresa realiza seus
objetivos.
1.4 Necessidade da Análise
Os usuários necessitam da informação contábil, para formar opiniões e
tomar decisões concernentes ao negócio. Neste aspecto, entra em evidência a
necessidade de ordenamento sistemático e critério de padrões. A contabilidade
sai do processo de escrituração para o estudo das mutações patrimoniais. Os
cálculos matemáticos dos indicadores efetuados a partir do balanço patrimonial
e da demonstração de resultados, procuram auxiliar a evidência do
entendimento da situação da empresa.
Diante do exposto, o usuário interno ou externo da informação sente
necessidade cada vez maior de utilizar esta ferramenta que a contabilidade
coloca a sua disposição. Conforme coloca PADOVEZE (1997; p. 125), todos
os cálculos são então baseados no balanço patrimonial e na demonstração de
resultados. Em razão disso, fica evidente que o mais importante para o analista
financeiro não é saber calcular ou interpretar os indicadores, mas possuir um
conhecimento profundo dessas duas principais peças contábeis. Nesse sentido,
a análise de balanço, em teoria, poderia ser exercida sem os indicadores,
bastando o conhecimento aprofundado das demonstrações contábeis básicas.
Sabemos, entretanto, que tais indicadores e as técnicas de análise de balanço
agilizaram sobremaneira o processo de avaliação da empresa.
IUDÍCIBUS (1988; p. 19), assim se expressa sobre este tema: “A
necessidade de analisar demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga
quanto a própria origem de tais peças. Nos primórdios da Contabilidade quando
se resumia, basicamente, à realização de inventários, já o “analista” se
preocupava em anotar as variações quantitativas e qualificativas das várias
categorias de bens incluídos em seu inventário”.
MATARAZZO (1987; pp. 27-28), por sua vez, comenta que a análise de
balanços tornou-se praticamente obrigatória em 1915 nos Estados Unidos.
Nesse ano, determinava o Federal Reserve Board (o Banco Central dos
Estados Unidos) que só poderiam ser redescontados os títulos negociados por
empresas que tivessem apresentado seu balanço ao banco, medida que
consagrou definitivamente o uso de demonstrações financeiras como base para
a concessão de crédito.
Entretanto, as demonstrações financeiras na época não eram preparadas
adequadamente para os fins a que se destinavam. Não havia uniformidade nas
disposições e na terminologia, nem na classificação de rubricas.
Importante contribuição para a melhoria da forma de apresentação das
demonstrações financeiras foi feita pelo Federal Reserve Board, em 1918,
através de um livreto que incluía formulários padronizados para Balanço e
Demonstração de Lucros e Perdas, bem como um esboço de procedimentos de
auditoria e princípios de preparação de demonstrações financeiras.
Também
conforme
MATARAZZO (1987;
p.
27),
Alexander Wall,
considerado o pai da Análise de Balanços, apresentou em 1919, um modelo
através de índices, e demonstrou a necessidade de considerar outras relações,
além de Ativo Circulante e Passivo Circulante.
Alexandre Wall desenvolveu, posteriormente, em parceria com outros
autores, fórmulas matemáticas de avaliação de empresas, ponderando diversos
índices de balanço.
Tendo adotado o método de computar vários coeficientes, sentiam os
analistas a necessidade de padrões de referência que os auxiliassem em suas
avaliações.
Em 1923, afirmava-se no prefácio da obra “Financial and operating ratios
in management”, de James H. Biss, que em todos os ramos de atividades há
certos coeficientes característicos que podem ser obtidos através de médias.
A partir de 1931, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar índicespadrão para diversos ramos de atividades, nos Estados Unidos.
Em 1925, Stehen Gilman, realizando algumas críticas à análise de
coeficientes, propôs que fosse substituída pela construção de índices
encadeados que indicassem as variações havidas nos principais itens em
relação a um ano-base (iniciando o que se chama análise horizontal).
Na década de 30, surgiu dentro da empresa Du Pont, de Nemours, um
modelo de análise da rentabilidade de empresa que decompunha a taxa de
retorno em taxas de margem de lucro e giro dos negócios, chamado análise do
ROI (Return on Investment).
Assim, em cerca de 40 anos, assentaram-se as bases das técnicas de
análise de balanços.
No Brasil, até 1968, a Análise de Balanços era ainda um instrumento
pouco utilizado na prática.
Foi
criada,
nesse
ano,
a
SERASA
(Centralização de Serviços dos Bancos S. A .), empresa que passou a operar
como central de Análise de Balanços de bancos comerciais.
1.5 Limitações da Análise
Existem limitações na análise das demonstrações financeiras decorrentes
da própria fonte utilizada. Para extrair informações confiáveis dos balanços é
imprescindível conhecer os procedimentos contábeis, a estrutura das
demonstrações financeiras, além de vivência prática.
As seguintes precauções devem ser tomadas, visando obter melhores
conclusões da análise: a) certificar-se de que as demonstrações financeiras
foram elaboradas segundo critérios contábeis homogêneos, para a seguir
proceder as classificações necessárias; b) trabalhar com um grupo de índices
compatível com a finalidade da análise, se para gerenciamento da capacidade
de pagamentos ou
para aquisição de investimentos; c) inteirar-se das
peculiaridades da empresa e do seu ramo de negócios; d) realizar comparações
estatísticas, 3 anos, 4 anos e assim sucessivamente; e) complementar com
avaliação setorial em que se encontra a empresa. Em outras palavras,
transformando os dados apresentados em informações para a tomada de
decisão, conforme PADOVEZE (1998; p. 41), que afirma que a informação é o
dado que foi processado e armazenado de forma compreensível para seu
receptor e que apresenta valor real ou percebido para suas decisões correntes
ou prospectivas. Dado é o registro puro, ainda não interpretado, analisado e
processado. Comunicação é o processo de transmissão de informação e de
compreensão que somente se efetiva mediante uso de símbolos comuns.
Resumindo, informação é o dado de forma a ser entendido pelo receptor. A
transferência de informação é a comunicação. GIL (1978; p.14), por sua vez,
relata que um sistema de informações tem que trabalhar dados para produzir
informações. Logo, o dado é a matéria-prima que o sistema de informação vai
trabalhar, enquanto que informação é o produto final do sistema de
informações, e deve ser apresentada em forma e conteúdo adequados ao
usuário.
Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações
que envolvem valores e quantidades, muitas informações úteis podem ser
extraídas. IUDÍCIBUS (1988; p. 183), coloca que, além das limitações já
comentadas, a análise realizada levando-se em conta apenas valores de
balanços e de outros demonstrativos contábeis tem ainda uma outra limitação
adicional, que é a de não utilizar quantidades ou unidades físicas, juntamente
com valores.
Informações em unidades físicas são freqüentemente tão ou mais importantes do que em
valores, ou pelo menos realçam a utilidade dos quocientes quando relacionados com
valores.
Adicionalmente, uma área que deve merecer uma análise à parte é a
de fluxo de capital de giro líquido e fluxo de caixa. A análise quantitativa e
qualitativa das fontes e usos de capital de giro líquido pode fornecer muitas
indicações úteis para otimizar a estrutura financeira de capital no médio e longo
prazo. Da mesma forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente o
projetado, auxilia a desvendar os períodos em que se torna necessário reforço de
recursos de caixa ou em que devemos aplicar recursos ociosos.
As conclusões a serem extraídas dos quocientes calculados devem
ser as mais cuidadosas possíveis, aliando o conhecimento técnico e a
experiência do analista. Métodos estatísticos podem apenas auxiliar a
sensibilidade do analista a encontrar algumas pistas. Por outro lado, é bom
lembrar que a análise de balanços não é realizada apenas através de quocientes.
Comparações de balanços em várias datas, gráfico mostrando evolução de itens
em várias datas, estabelecimento de tendências, fazem parte do arsenal à
disposição do analista para orientá-lo na tomada de decisão, embora a análise
por quocientes seja, sem dúvida, a parte mais importante.
CAPÍTULO 2
Análise Financeira Tradicional
2.1 Introdução
Tem no seu bojo principal a avaliação da situação econômicafinanceira da empresa, servindo-se da metodologia de medição sobre
demonstrações contábeis, levantando os pontos fortes e os fracos da empresa.
Os cálculos, seguindo a metodologia tradicional, são provenientes das
principais peças contábeis, o balanço patrimonial e a demonstração de
resultados.
Vemos então que, se os cálculos fossem realizados e já apresentados
nas demonstrações contábeis, a função de calcular não seria importante para o
analista
contábil,
mais
sim
em
ter
um
conhecimento
demonstrações financeiras, sendo um “expert” nesse assunto.
profundo
das
A análise tradicional compreende em linhas gerais, três grandes conjuntos
de
indicadores: a análise vertical,
a análise horizontal e os indicadores
econômicos – financeiros.
2.2 Análise Vertical
A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, e
utilizada na avaliação estrutural da empresa, determina o percentual de cada
item em relação ao total do Balanço Patrimonial ou a um valor principal da
Demonstração do Resultado do Exercício.
No balanço patrimonial determina a participação de cada elemento
patrimonial. Quando se fala em elemento patrimonial entende-se as rubricas
ligadas ao ativo e ao passivo. O cálculo é baseado no percentual de 100% (cem
por cento) para o total do ativo e para o total do passivo. Todos os itens estarão
em relação a esse percentual de cem por cento.
Na demonstração de resultados, a receita operacional líquida representa
100% (cem por cento) e os demais valores estarão em função desse
percentual. A análise vertical nesse demonstrativo evidencia a participação dos
custos, das despesas e do lucro ou prejuízo em relação ao parâmetro de
medição, com isso, medindo a lucratividade que é a relação vendas e lucros.
Se a análise é procedida dentro da empresa, proporcionará riquíssimas
informações para a tomada de decisão. A abertura dos custos, medindo a
participação de cada componente, em outras palavras, qual a
relação da
matéria– prima com a mão–de–obra-direta e com os outros gastos de
fabricação, ou interpolando a tríade matéria–prima, mão–de–obra–direta e
gastos gerais de fabricação. Esta análise aplicada às demonstrações
publicadas tange somente aos dados divulgados.
Esta análise é realizada para a demonstração contábil de uma
determinada data e deve ser completada com as outras análises, a análise
horizontal e a análise de índices, para que se possa compreender melhor a
situação da empresa. Para MATARAZZO (1987; p. 222), a análise vertical
baseia-se em valores percentuais das
demonstrações financeiras. Já
IUDÍCIBUS (1998; p. 138), coloca que este tipo de análise é importante para
avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. FRANCO
(1976; p. 118), por sua vez, afirma que a determinação da porcentagem de
cada elemento patrimonial em relação ao conjunto indica o coeficiente dos
diversos grupos patrimoniais, dando-nos assim idéia precisa de distribuição dos
valores no conjunto patrimonial. Ora, é importante saber a porcentagem de
cada grupo em relação ao total do patrimônio, pois, através desta análise, podese aquilatar se há excesso de imobilização, insuficiência de capitais, ou de
disponibilidades, etc.
A análise vertical da demonstração de resultados de períodos sucessivos
pode fornecer uma boa base para demonstração de resultados projetados.
Entretanto, algumas limitações quando da mudança no processo tecnológico,
nos custos dos insumos, nos preços de venda, devem ser cuidadosamente
observadas quando se utilizam dados históricos.
Uma comparação muito utilizada é a comparação com concorrentes ou
empresas do mesmo setor.
2.3 Análise Horizontal
A análise horizontal, também titulada como análise de evolução, calcula o
delta (variação) de um período para outro ou de vários períodos em relação a
outro período-base. Esta variação é medida em termos de percentuais ou série
de números índices. A oscilação de crescimento ou diminuição de um
determinado elemento terá reflexo em outro elemento. Por exemplo, no balanço
patrimonial, se na conta
caixa / bancos houve uma diminuição de
disponibilidade, poderá ter havido um aumento nas aplicações financeiras ou
uma redução no ativo circulante; na demonstração de resultados um aumento
nos custos poderá indicar um aumento nas vendas e uma redução nos
estoques de produtos acabados.
Na análise horizontal nominal considera-se o resultado puro do delta,
como ele se apresenta de um período para o outro, sem descontar os efeitos da
inflação do período que estamos considerando para análise. Na análise
horizontal real, após o cálculo desconta-se a inflação do período, sendo que a
taxa de desconto pode ser considerada a divulgada pelos órgãos oficiais ou a
taxa interna da empresa. Outro critério de análise horizontal real pode ser
obtido transformando os dados das demonstrações contábeis em moeda
estrangeira, que seja significativa para os períodos considerados.
A análise horizontal das contas das demonstrações contábeis, balanço
patrimonial e demonstração de resultado, mostra as variações que ocorrem em
valores monetários ou em valores relativos num determinado período de tempo.
Enquanto que o balanço patrimonial e a demonstração de resultados,
refletem a situação numa determinada data, a análise horizontal enfatiza as
modificações que ocorreram nas contas durante o período.
A avaliação das modificações das contas poderá ser realizada através da
comparação com: a) variações históricas da própria empresa; b) taxas de
crescimento da economia; c) taxas de crescimento do setor ao qual pertence a
empresa; d) variações nas contas idênticas das demonstrações contábeis de
concorrentes próximos. MATARAZZO (1987; p. 223), coloca que a evolução de
cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis
tendências.
Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações
financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Segundo
IUDÍCIBUS (1988; p. 134), a finalidade principal da análise horizontal é denotar
o crescimento de itens dos balanços e das Demonstrações de Resultados (bem
como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar
tendências.
2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros
Tradicionalmente, o mais importante é avaliação do significado de
cada quociente, relacionando com os grupos do balanço e da demonstração de
resultados. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 96), “um índice é como uma
vela acesa num quarto escuro”.
Índice
é a relação
entre contas
ou
grupo de contas
das
Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa. Assim sendo, “a análise de
balanços encontra seu ponto mais importante no cálculo e avaliação do
significado de quocientes, relacionando principalmente itens e grupos do
Balanço e da Demonstração do Resultado”. (IUDÍCIBUS, 1988, p. 145).
O objetivo é mostrar a posição atual da empresa e de posse desse quadro,
à administração pode projetar plano para o futuro, realçando os pontos fortes e
fracos. “A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da
situação econômica ou financeira da empresa” (MATARAZZO, 1987; p. 96).
A utilização de quocientes, tem como finalidade absorver tendências e
comparar com os padrões criados pela empresa ou então comparar com os
padrões dos setores, que são divulgados através de publicações técnicas.
No gerenciamento interno, a análise deve ser periódica, isto é, mês a mês,
para que a administração concentre os esforços corretivos.
Para que o administrador financeiro possa planejar suas atividades,
precisa conhecer o ambiente econômico, político e social, podendo afetar nas
operações da empresa, os seus pontos fortes e os fracos. Os pontos fortes
devem ser identificados a fim de que possa tirar certas vantagens para a
empresa, no meio onde atua. Por outro lado, as fraquezas
devem ser
analisadas para que ações corretivas sejam tomadas, em tempo hábil,
objetivando a melhoria da performance da empresa. De acordo com
MATARAZZO (1987; p. 96), os índices servem de medida dos diversos aspectos
econômicos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa certos
indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o quadro clínico do
paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da
empresa.
Um dos principais instrumentos para se avaliar certos aspectos do
desempenho passado, presente e futuro da empresa é a análise de índices
financeiros, calculados basicamente a partir das contas do balanço patrimonial
e da demonstração de resultados.
A análise das demonstrações financeiras de uma empresa pressupõe, de
início, definir o ponto de vista sob o qual se está examinando a empresa. Cada
tipo de análise tem um propósito ou utilidade que irá determinar as diferentes
relações a serem enfatizadas na análise.
O analista pode, por exemplo, ser o gerente de um banco comercial que
deve decidir sobre a concessão de um empréstimo de curto prazo para uma
firma. Nestas condições ele está principalmente interessado na liquidez da firma
e portanto, deve enfatizar os índices que medem a liquidez e a atividade.
IUDÍCIBUS (1988; p. 179), relata que a análise de balanços tem auxiliado os
gerentes de crédito na tarefa de decidir se vale a pena ou não conceder
créditos a seus clientes.
Por outro lado, os credores a longo prazo (bancos de investimento,
bancos de desenvolvimento) devem dar mais ênfase ao potencial de lucro e na
eficiência operacional do que na liquidez. Do mesmo modo, os investidores,
acionistas, estão geralmente interessados na eficiência e rentabilidade de longo
prazo.
A administração da empresa está, naturalmente, interessada em todos os
aspectos da análise financeira.
Para obtenção de recursos, tanto a curto como a longo prazo, a
apresentação de índices favoráveis representa segurança para os credores,
bancos, fornecedores, acionistas e outros, e para a empresa.
Ademais, trata-se de um instrumento de grande utilidade para avaliação
periódica do desempenho da empresa.
A determinação dos índices financeiros é realizada através do quociente
entre contas, parciais ou totais, do balanço patrimonial entre si e entre contas
do balanço patrimonial e contas da demonstração de resultados.
Para o cálculo dos índices financeiros ser possível, e os seus resultados
terem significado, é necessário que tanto as contas do balanço patrimonial
como da demonstração de resultados sejam enquadrados numa forma
padronizada permitindo comparações. Cada uma das contas precisa ser
claramente identificada e analisada para fins de enquadramento. “O primeiro
passo para a análise é a padronização” (MATARAZZO, 1987; p. 92),.
Além
disso,
deve-se
comparar
demonstrações
financeiras
correspondentes às mesmas datas, evitando-se possíveis efeitos distorcidos
devido a sazonalidade das operações da empresa.
Calculados os índices, é necessário avalia-los. A avaliação é realizada
através de comparações com índice médio do setor ou então com séries
históricas da empresa. IUDÍCIBUS (1988; pp. 174-175), considera que já tivemos
oportunidade de realçar a importância das comparações. O assunto, todavia, é
tão crítico que volta-ses a ele. Como se vê,, qualquer análise de balanços de
terminada empresa deveria ser comparada com:
a) série histórica da mesma empresa;
b) padrões previamente estabelecidos pela gerência da empresa;
c) quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo ramo de
atividade, bem como as médias, medianas e modas dos quocientes do
setor;
d) certos parâmetros de interesse regional, nacional ou mesmo internacional”.
Alguns dos índices médios do setor são fornecidos por publicações
especializadas anuais tais como: Revista Conjuntura Econômica, Revista
Exame, Serasa etc.
A avaliação dos índices financeiros periódicos indica se a empresa
está operando conforme planejado, além de servir de base para o planejamento
das operações futuras.
Pode-se classificar os índices financeiros sob quatro aspectos
básicos:
a) índices que medem a liquidez;
b) índices que medem a lucratividade e rentabilidade;
c) índices que medem a atividade;
d) índices que medem o endividamento.
Índices que medem a liquidez
Geralmente, a primeira preocupação do analista é a liquidez. Terá a
empresa capacidade de saldar suas obrigações a curto prazo? Embora, para se
fazer uma análise completa da situação de liquidez seja necessário o uso do
orçamento de caixa, a simples análise dos índices, resultante das relações
entre os elementos do ativo circulante e passivo circulante, fornece rapidamente
a situação de liquidez da empresa. MATARAZZO (1987; p. 111), considera que
muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de capacidade de
pagamento. Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa
que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir
do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão
sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de
liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não
estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras
variáveis como prazo, renovação de dívidas etc. “Seguindo a trajetória de
nossas pesquisas chegamos à conclusão de que a teoria da liquidez é de
natureza fundamental. O reconhecimento, portanto, de um estado de liquidez,
não pode estar baseado em fórmulas empíricas, mas, sim rigorosamente
científicas” (SÁ, 1965; p. 119).
Índices que medem a lucratividade e rentabilidade
A lucratividade pode ser considerada como o resultado líquido medido em
termos de lucro, de um conjunto de diretrizes e decisões administrativas
durante um certo período de tempo.
Os índices de lucratividade indicam a eficiência da gestão administrativa
da empresa. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 159), de maneira geral, portanto, deve-se
relacionar um lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu a empresa em
determinado período.
Índices que medem a atividade
Estes índices indicam com que eficiência a empresa utiliza os recursos
disponíveis, tais como: ativo total, estoques, duplicatas a receber etc.
IUDÍCIBUS (1988; pp. 153-154) afirma: “Estes quocientes, importantíssimos,
representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se
renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus
resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores,
fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar
relacionamentos dinâmicos - daí a denominação de quocientes de atividade
(rotação).”
Índices que medem o endividamento
Indicam a relação entre as obrigações, passivo exigível e o patrimônio
líquido ou ativo total. Conforme coloca
IUDÍCIBUS (1988; p. 151), “Estes
quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a
posição relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros.”
Damos a seguir as fórmulas para obtenção dos principais indicadores.
Medidas de liquidez:
1)
Índice de liquidez corrente = ILC
Ativo Circulante
ILC = --------------------------------Passivo Circulante
Ativo Circulante = caixa e bancos (disponível); duplicatas a receber, títulos a
receber, contas a receber, estoques.
Passivo Circulante = contas a pagar, títulos a pagar a curto prazo, empréstimos
e financiamentos, salários a pagar, impostos a pagar.
O ILC mede a capacidade da empresa de saldar os seus compromissos a
curto prazo.É, segundo MATARAZZO (1987; p. 114), quanto a empresa possui no
Ativo Circulante para cada Cr$ 1,00 de Passivo Circulante.
2)
Índice de liquidez seco – ILS
Ativo Circulante (-) Estoque
ILS = -----------------------------------------------------Passivo Circulante
O ILS também mede a capacidade da empresa em saldar os seus
compromissos a curto prazo, porém sem os estoques. Subtrai-se o estoque do
Ativo Circulante porque se considera que é o item do realizável a curto prazo
menos líquido em relação aos demais itens do Ativo Circulante. Por outro lado,
é mais provável a ocorrência de perdas por obsolescência ou deterioração, no
caso de liquidação da empresa. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 119),
este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de
excelência da sua situação financeira. De um lado, abaixo de certos limites,
obtidos segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma dificuldade de
liquidez, mas raramente tal conclusão será mantida quando o índice de Liquidez
Corrente for satisfatório. De outro lado, o índice de liquidez seca conjugado com
o índice de Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa é um
atleta de liquidez.
3)
Índice de liquidez geral – ILG
Ativo Total (-) Ativo Permanente
ILG = --------------------------------------------------------Passivo Total (-) Patrimônio Líquido
Este índice representa a relação entre os ativos circulante e realizável a
longo prazo e os exigíveis circulante e a longo prazo mais a conta resultados de
exercícios futuros. Indica a relação entre as contas do ativo e do passivo,
excluído o patrimônio líquido. O ILG deve ser utilizado para medir e evitar o
excessivo endividamento da empresa. “Representa quanto a empresa possui
no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada Cz$ 1,00 de dívida
total.” (MATARAZZO 1987; p. 112).
Este indicador deve ser analisado com muito cuidado, tendo em vista que
o perfil do endividamento financeiro de longo prazo das empresas é muito
diferenciado, bem como o custo financeiro dessa dívida.
Medidas de lucratividade:
1)
Margem líquida = ML
Lucro Líquido após IR
ML = ------------------------------------------------- x 100
Receita Operacional Líquida
A ML indica o resultado final das operações da empresa. É de
interesse para os credores e acionistas. Este índice varia com o setor em que
opera a empresa e com o comportamento da economia em geral. IUDÍCIBUS
(1988; p. 160), diz que este quociente, apesar dos esforços constantes para
melhorá-lo, comprimindo despesas e aumentando a eficiência, apresenta-se
baixo ou alto de acordo com o tipo de empreendimento.
2)
Retorno sobre o ativo total – RAT
Lucro Líquido após IR
RAT = ---------------------------------------- x 100
Ativo Total
Indica a eficiência global da administração quanto à obtenção de
lucros com seus ativos. É de grande interesse para a administração da
empresa. A taxa de retorno sobre o ativo total pode também ser obtido pela
multiplicação da margem líquida pela rotação do ativo total. MATARAZZO (1987;
p. 125), coloca que este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido
em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte
da empresa.
Margem líquida x giro ativo total =
L.L. após IR
= -----------------------------------Receita Operacional Bruta
Receita Operacional Bruta
x
--------------------------------------Ativo Total
Este índice deve também ser analisado com cuidado, uma vez que o mais
adequado é a relação lucro operacional, líquido dos impostos, sobre o ativo
total.
3)
Retorno sobre o patrimônio líquido dos acionistas = RPL
Lucro Líquido após IR (-) Dividendos Preferenciais
RPL = ---------------------------------------------------------------------------- x 100
Patrimônio Líquido (-) Capital de Ações Preferenciais
Este índice indica o ganho dos proprietários de ações ordinárias, em
relação ao patrimônio líquido, ele é considerado o principal indicador de
sensibilidade. É de grande interesse dos portadores de ações ordinárias da
empresa. MATARAZZO (1987; p. 127), afirma que o papel do índice de
Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do
Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos
alternativos no mercado, como a Caderneta de Poupança, OTN, CDB, RDB,
Letras de Câmbio, ações, aluguéis e de outras empresas; com isso se pode
avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior. Matarazzo,
inclusive, considera-o como o indicador definitivo de rentabilidade.
4)
Lucro por ação - LPA
Lucro Disponível aos Acionistas Comuns
LPA = --------------------------------------------------------------Número de Ações Ordinárias Emitidas
Representa o ganho para cada ação ordinária emitida. É de interesse
para os acionistas atuais e potenciais e para a administração da empresa.
5)
Dividendos por ação = DPA
Dividendos Pagos
DPA = ------------------------------------------------------Número e Ações Ordinárias Emitidas
É de interesse dos acionistas comuns
e para a administração da
empresa, no sentido de atrair acionistas atuais ou potenciais para aplicar na
mesma.
Medidas de atividades:
1)
Giro do ativo total = GAT
Receita Operacional Bruta
GAT = --------------------------------------------Ativo Total
Mede a eficiência da administração quanto à utilização do ativo total,
circulante, realizável a longo prazo e permanente. Um baixo índice de rotação
do ativo total revela a existência de um investimento excessivo em ativos e, ou
um baixo nível de vendas. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 157), este quociente de
atividade expressa quantas vezes o ativo ”girou” ou se renovou pelas vendas.
Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas / Ativo
Circulante, Vendas / Ativo Permanente etc. No numerador, podemos utilizar
vendas brutas ou, como variante, vendas líquidas.
2)
Rotação de estoques = RES
Custo das Mercadorias Vendidas
RES = -----------------------------------------------------Estoque Médio
Mede a eficiência com que a empresa administra os seus
investimentos em estoque. Este índice deve ser o mais alto possível, com risco
mínimo da falta de estoque. Um índice de rotação pequeno indica excesso de
estoques, representando em circunstâncias normais, um investimento oneroso
para a empresa. Os estoques podem ser subdivididos em produtos acabados,
produtos em elaboração, matérias primas e secundárias e materiais diversos.
“Este quociente, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas)
representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas”
(IUDÍCIBUS, 1988; p. 154).
3)
Período dos estoques = PME
Saldo Médio Estoques
PME = -------------------------------------------- x 360
Custo Mercadorias Vendidas
É o número médio de dias que ficam os estoques na empresa. A
manutenção deste exige capital de giro para financiá-lo. Desta forma, quanto
maior o estoque em número de dias, maior necessidade de recursos possui a
empresa.
4)
Rotação de duplicatas a receber = RDR
Vendas Anuais a Crédito
RDR = ----------------------------------------------------Saldo Médio Duplicatas a Receber
É o número de vezes que as duplicatas são convertidas em caixa, por
ano. Mede a liquidez das duplicatas. Quanto maior a rotação, maior a liquidez.
5)
Período médio de cobrança = PMC
Duplicatas a Receber
PMC = ----------------------------------------- x 360
Vendas Anuais a Prazo
Representa o número médio de dias que a empresa está recebendo
as duplicatas resultantes das vendas a prazo. Este resultado deve ser
comparado com o prazo concedido pela empresa, para se determinar o número
de dias de atraso nos recebimentos. Para melhor análise das duplicatas em
atraso deve-se distribuí-las em função de períodos de atraso, trinta, sessenta,
noventa e acima de noventa dias, por exemplo. MATARAZZO (1987; p. 210),
afirma que a precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à
uniformidade das vendas e compras. Se a empresa tem vendas e compras
aproximadamente uniformes durante o ano, os índices de prazos médios
calculados a partir dos dados do Balanço e da Demonstração do Resultado
refletirão satisfatoriamente a realidade. Agora, se as vendas e/ou compras
flutuarem, tiverem picos e vales ou concentração em determinadas épocas do
ano, os índices de prazos médios poderão estar completamente distorcidos.
6)
Rotação de duplicatas a pagar = RDP
Compras Anuais a Prazo
RDP = ------------------------------------------------------------Média dos Saldos de Duplicatas a Pagar
Representa o número de vezes que as duplicatas a pagar são
convertidas em caixa, por ano.
7)
Período médio de pagamento = PMP
Saldo Médio de Duplicatas a Pagar
PMP = ------------------------------------------------------- x 360
Compras Anuais a Prazo
É o número médio de dias que a empresa está pagando, em média, os
seus fornecedores. Geralmente, quando a empresa está com problema de
baixa liquidez, o PMP é superior aquele concedido pelos fornecedores.
Medidas de cobertura – endividamento:
1)
Índice de endividamento = IE
Exigível Total (1)
IE = -------------------------------------Ativo Total
(1)
passivo circulante (+) exigível a longo prazo (+) resultado de exercícios
futuros.
Mede a capacidade da empresa em saldar os seus compromissos com
terceiros, no caso de uma eventual liquidação. Quanto menor o índice, menor o
seu endividamento. MATARAZZO (1987; p. 99) ressalta que os índices desse
grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de
obtenção e aplicação de recursos. “Este quociente é um dos mais utilizados
para retratar o posicionamento das empresas com relação aos capitais de
terceiros” (IUDÍCIBUS, 1988; p. 152
2)
Índice de endividamento – IE
Exigível Total
IE = -----------------------------------Patrimônio Líquido
É uma outra maneira de medir o endividamento da empresa.
Estabelecer a relação entre as dívidas totais, passivo, e o patrimônio líquido.
3)
Índice de empréstimo de longo prazo / patrimônio líquido = IEP
Empréstimo a Longo Prazo
IEP = ----------------------------------------------Patrimônio Líquido
Relaciona os recursos fornecidos por credores de longo prazo, com
recursos fornecidos pelos proprietários da empresa. Uma administração
financeira eficiente, normalmente toma
empréstimos de longo prazo para
financiar os investimentos em ativo imobilizado e, ou capital de giro adicional,
aumento de produção.
4)..
Índice de cobertura de juros = ICJ
Lucro antes dos Juros e IR
ICJ = ---------------------------------------------Despesa Anual de Juros
Mede a capacidade da empresa de cobrir os juros, juros mais correção
monetária ou variação cambial, com maior ou menor margem de segurança em
função e lucro antes do pagamento dos juros e do imposto de renda.
Quadro Du Pont Modificado
É um gráfico destinado a mostrar as relações entre o retorno sobre o
investimento, a rotação dos ativos, e a margem de lucro.
O quadro Du Pont mostra na primeira parte os ativos: estoques, valores a
receber, disponível, permanente, totalizando-os por
categoria, e divide as
vendas pelos ativos totais (investimentos) para encontrar o número de vezes
que gira os ativos.
Na parte de baixo o quadro detalha a margem de lucros sobre as vendas.
Quando dividimos o lucro operacional pelas vendas, descobrimos o percentual
de lucro em relação às vendas.
A rotação dos ativos vezes a margem de lucros é chamada de equação Du
Pont, que é, uma fórmula que fornece a taxa de retorno sobre os ativos
multiplicando-se a margem de lucro pelo giro total dos ativos, de acordo com
WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64). Este quadro está apresentado a seguir
nas páginas 45 e 46.
A seguir apresentamos dados dentro de um exemplo numérico de balanço
patrimonial e demonstração do resultado do exercício:
Balanço Patrimonial
Ativo
ATIVO CIRCULANTE
Caixa/Bancos
Aplicações Financeiras
Contas a Receber de Clientes
Estoques
Outros
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Depósitos Judiciais
Incentivos Fiscais
PERMANENTE
Investimentos
Imobilizado Líquido
Diferido
Ativo Total
31.12.X0
Passivo
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores
Salários e Encargos a Pagar
Contas a Pagar
Impostos a Recolher s/ Merc
Impostos a Recolher s/ Lucros
Adiantamento de Clientes
31.12.X0
2.723
460
200
100
460
100
3
5.527
1
777
1.620
3.124
5
6
5
1
5.990
200
5.790
11.523
AV%
31.12.x1
48,0
6,7
14,1
27,1
0,1
52,0
1,7
50,2
100,0
AV%
23,6
4,0
1,7
0,9
4,0
0,9
-
AV%
AH%
6.912
1
1.596
2.005
3.303
7
8
7
1
5.634
230
5.404
12.554
55,1
12,7
16,0
26,3
0,1
0,1
44,9
1,8
43,1
100,0
25,0
105,4
23,7
5,7
40,0
33,3
40,0
(5,9)
15,0
(6,7)
-
31.12.x1
3.446
679
265
121
475
72
5
AV%
27,4
5,4
2,1
1,0
3,8
0,6
-
AH%
26,5
47,7
32,5
21,0
3,3
(28,0)
66,7
Empréstimos
Dividendos a Pagar
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Financiamentos
PATRIMÕNIO LÍQUIDO
Capital Social
Reservas de Capital
Reservas de Reavaliação
Reservas de Lucros /
Lucros Acumulados
Lucro do Período
Passivo Total
Demonstração de Resultados
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
(-) Impostos na Vendas
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
CUSTO DOS PROD. VENDIDOS
LUCRO BRUTO
DESPESAS OPERACIONAIS
LUCRO OPERACIONAL I
Receitas Financeiras Aplicações
Desp Financeiras com Financ
Outras Despesas Financeiras
LUCRO OPERACIONAL II
Resultado Não Operacional
LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS
Impostos sobre o Lucro
LUCRO LÍQUIDO
1.200
200
4.800
4.800
4.000
4.000
-
10,4
1,7
41,7
41,7
34,7
34,7
-
1.649
180
4.838
4.838
4.270
4.000
-
13,1
1,4
38,5
38,5
34,0
31,9
-
37,4
(10,0)
0,8
0,8
6,8
-
-
-
11.523
100,0
270
12.554
2,2
100,0
8,9
31.12.X0
23.787
(5.150)
18.637
14.707
3.930
2.260
1.670
46
552
88
1.076
(19)
1.057
317
740
AV%
127,6
(27,6)
100,0
78,9
21,1
12,1
9,0
0,2
3,0
0,5
5,8
(0,1)
5,7
1,7
4,0
31.12.x1
23.883
(5.170)
18.713
15.123
3.590
2.444
1.146
166
590
76
646
(2)
644
194
450
AV%
127,6
(27,6)
100,0
80,8
19,2
13,1
6,1
0,9
3,2
0,4
3,5
3,4
1,0
2,4
31/12/X0
11.523
(200)
(777)
(460)
(200)
(100)
(460)
(100)
(3)
9.223
31/12/X1
12.554
(230)
(1.596)
(679)
(265)
(121)
(475)
(72)
(5)
9.111
AV= Análise Vertical
AH = Análise Horizontal
Ativo Operacional
Ativo Total
(-) Investimentos em Controladas
(-) Aplicações Financeiras
(-) Fornecedores
(-) Salários e Encargos a Pagar
(-) Contas a Pagar
(-) Impostos a recolher sobre mercadorias
(-) Impostos a recolher sobre Lucros
(-) Adiantamento de Clientes
Demonstração das Mutações Patrimoniais
Patrimônio Líquido Inicial
Lucro Líquido
Dividendos Propostos
Patrimônio Líquido Final
31/12/X1
4.000
450
(180)
4.270
AH%
0,4
0,4
0,4
2,8
8,7
8,1
(31,4)
261
6,9
(13,6)
(40,0)
(89,5)
(39,1)
(38,8)
(39,2)
Índices Financeiros
31/12.X0
31/12.X1
Medidas de Liquidez
1- ILC
5.527 : 2.723 = 2,03
6.912 : 3.446 = 2,01
2- ILS
(5.527 – 3.124) : 2.723 = 0,88
(6.912 – 3.303) – 3.446 = 1,05
3- ILG
(11.523 – 5.990) : (11.523 –4.000) = 0,74
(12.554 – 5634) : (12.554 – 4.270) = 0,84
1- ML
740 : 18.637 = 3,97%
450 : 18.713 = 2,40%
2- RAT
740 : 11.523 = 6,42%
450 : 12.554 = 3,58%
3- RPL
740 : 4.000 = 18,59%
450 : 4.270 = 10,54%
4- LPA
740 : 2.000 = 0,37
450 : 2.000 = 0,23
5- DPA
296 : 2.000 = 0,15
180 : 2.000 = 0,09
18.637 : 11.523 = 1,62
18.713 : 12.554 = 1,49
14.707 : 3.124) = 4,71
15.123 : 3.303 = 4,58
PME
(3.124 : 14.707) x 360 = 76
(3.303 : 15.123) x 360 = 78
RDR
23.787 : 1.620 = 14
23.883 : 2.005 = 11
(1.620 : 23.787) x 360 = 24
(2.005 : 23.883) x 360 = 30
9.950 : 460 = 21
9.901 : 679 = 14
(460 : 9.950) x 360 = 16
(679 : 9.901) x360 = 24
Medidas
de
Lucratividade
Medidas de Atividades
1-
GAT
(vezes)
2-
RES
(vezes)
3(dias)
4-
(vezes)
5-
PMC
(dias)
6-
RDP
(vezes)
7-
PMP
(dias)
Medidas de Cobertura –
Endividamento
1)
IE
(Sobre
{(2.723 + 4800) : 11.523} x 100 = 65,29%
{(3.446 + 4.838) : 12.554} x 100 = 65,99%
{(2.723 + 4800) : 4.000} x 100 = 188,08%
{(3.446 + 4.838) : 4.270} x 100 = 194,00%
(4.800 : 4000) x 100 = 120,00%
(4.838 : 4270) x 100 = 113,30%
1.670 : 552 = 3,03
1.146 : 590 = 1,94
o
Ativo
Total)
2-
IE
(Sobre
o
Patrimôni
o Líquido)
3- IEP
ICJ
(Medidas
de
Cobertura
Juros)
Análise de Rentabilidade do Investimento
Por ser a preocupação maior de qualquer usuário, já que o foco das
empresas com fins lucrativos exigem a remuneração do capital investido, esta
análise tem sido objeto de muitos estudos, e tem ensejado a criação de
modelos bastante analíticos.
Os quadros 4 e 5, a seguir, apresentam um modelo básico, adaptado
de WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64):
Quadro 4
Du Pont – retorno sobre o investimento – 31/12/x0
RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO
VENDAS
18.637,00
ESTOQUES
ATIVO
3.129,00
CIRCULANTE
VALORES A RECEBER
5.527,00
(:)
ROTAÇÃO
1.620,00
DISPONÍVEL
1,62
(+)
INVESTIMENTO
778,00
TOTAL
11.523,00
PERMANENTE
ATIVO
5.990,00
NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL L.P.
5.996,00
%
RETORNO
SOBRE O
6,00
INVESTIMENTO
(X)
VENDAS
18.637,00
CUSTO PROD.VENDIDOS
14.707,00
LUCRO OPERACIONAL
(-)
1.076,00
DESPESAS DE VENDAS
1.130,00
TOTAL DO CUSTO
%DO LUCRO
DESPESAS FINANCEIRAS
E OUTRAS
DAS VENDAS
E DESPESAS
OPERACIONAL
EM RELAÇAO
594,00
17.561
(:)
ÀS VENDAS
9,35
DESPESAS
6,00
ADMINISTRATIVAS
1.130,00
VENDAS
18.637,00
Quadro 5
Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12.X1
RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO
VENDAS
18.713,00
ESTOQUES
ATIVO
3.310,00
CIRCULANTE
VALORES A RECEBER
6.912,00
(:)
ROTAÇÃO
2.005,00
DISPONÍVEL
1,49
(+)
INVESTIMENTO
1.597,00
TOTAL
12.554,00
PERMANENTE
ATIVO
5.634,00
NÃO CIRCULANTE
%
RETORNO
REALIZÁVEL L.P.
5.642,00
SOBRE O
8,00
INVESTIMENTO
(X)
5,14
VENDAS
18.713,00
CUSTO PROD.VENDIDOS
15.123,00
LUCRO OPERACIONAL
(-)
646,00
DESPESAS DE VENDAS
1.222,00
TOTAL DO CUSTO
%DO LUCRO
DESPESAS FINANCEIRAS
E OUTRAS
DAS VENDAS
E DESPESAS
OPERACIONAL
EM RELAÇAO
500,00
18.067,00
DESPESAS
(:)
ÀS VENDAS
3,00
ADMINISTRATIVAS
1.222,00
VENDAS
18.713,00
Nota: Despesas Operacionais por falta de informações assumiu-se que 50%
são
despesas de vendas e 50% despesas administrativas, para os dois
períodos.
O quadro Du Pont, mostra as relações entre o retorno sobre o
investimento, a rotação dos ativos e a margem de lucros.
A posição inferior do quadro (análise de 31/12.x1), detalha as margens de
lucros sobre as vendas. Quando se divide o lucro operacional pelas vendas,
descobre-se que 3,00%, menos os impostos incidentes, de cada unidade de
venda fica para os acionistas. Ao se multiplicar o giro pelo investimento obtémse 5,14%, que representa a taxa de retorno sobre o investimento.
2.5 Conclusão de Análise
A teoria clássica de finanças entende que na estruturação do balanço para
fins da gestão financeira o ativo é visto como investimento da empresa e o
passivo como as fontes de financiamentos, a parte dos acionistas considerada
como capital próprio e a parcela dos empréstimos como capital de terceiros.
Nesta conceituação teórica, não haveria necessidade de pagamento das fontes
de financiamento, e sim, apenas de sua remuneração.
Porém, dentro da abordagem financeira clássica, a gestão da liquidez da
empresa é uma função primordial, pois o dilema liquidez x rentabilidade é um
dos focos da gestão tradicional de finanças. O pressuposto para a gestão da
liquidez está no sentido de que o capital de terceiros é de fora da empresa, e
não é da empresa, e, consequentemente, deve ser pago. Portanto, os
indicadores de liquidez são necessários e devem ser
utilizados da melhor
forma gerencial possível.
O capital de terceiros, além disso, é instrumento para alavancagem
financeira, além de fonte de financiamento. Ele é utilizado para mais lucros para
os detentores do capital próprio, os acionistas, esses sim, da empresa.
Portanto, no conceito clássico, a empresa tem donos, e os supridores de capital
de terceiros são tratados como entidades exógenas à empresa. A função
financeira de liquidez deve sempre verificar se haverá capacidade de
pagamento aos emprestadores de capital, sob pena de que a empresa possa
incorrer em inadimplência financeira. Os juros pagos aos emprestadores são
considerados custos fixos que devem ser otimizados objetivando maior
rentabilidade dos acionistas ou donos do capital próprio, e portanto, criando
maior valor da empresa.
O fundamento para o empreendimento é o monitoramento de sua
rentabilidade. A possibilidade de a empresa entrar em problemas de liquidez
está totalmente ligada à sua capacidade de geração de lucros. Tendo
capacidade de geração de lucros, a empresa terá naturalmente capacidade de
solver seus compromissos, isto porque, os ganhos serão maiores que os
gastos.
Ainda assim, poderá ser argüido que, se os ganhos forem imobilizados,
tanto como ativos fixos, como ativos de giro, poderá haver a falta de liquidez.
Obviamente que isso é possível de acontecer no mundo real. Porém, isso
também decorre de uma incorreta avaliação dos ativos. Partindo do
pressuposto que só se deve avaliar os ativos individualmente pelo método de
fluxo futuro de benefícios, o valor a ser aceito como ativo é o valor de
rendimentos que dele se pode esperar.
Os indicadores de liquidez, e, paralelamente, os de endividamento, são
dados de importância para os analistas das demonstrações contábeis,
principalmente quando para análise da situação de clientes, fornecedores e
concorrente, para fins de análise de crédito e verificação da situação dos
empreendimentos do setor.
Contudo, os indicadores de liquidez devem ser analisados sob o conceito
de avaliação dinâmica, que por sua vez, alinhado com o conceito de fluxos
futuros.
Analisando
a
empresa
sob
fluxos
futuros
de
resultados,
automaticamente incorpora-se a avaliação da liquidez dentro de um horizonte
temporal de longo prazo, e, portanto, em linha com a estratégia da empresa e o
processo de criação de valor.
Não há dúvida de que a liquidez de curto prazo deve ter o monitoramento
constante dos gestores econômicos da empresa. Porém, o mais importante
para qualquer entidade é o foco de longo prazo, e nesse sentido, a
incorporação dos conceitos de lucro econômico e valor da empresa decorrente
de fluxos futuros traz vantagens adicionais na análise da liquidez.
Na avaliação do Balanço Patrimonial do exemplo apresentado, o ativo
apresentou uma pequena alteração estrutural, com a participação do
permanente ficando menor que a participação do ativo circulante. O valor
absoluto do ativo permanente diminuiu em 19x1 em relação à 19x0,
basicamente porque as novas aquisições de imobilizados foram em valor
inferior ao total da depreciação lançada como despesa no ano.
Este fato, aliado à um aumento geral do passivo circulante, com o
aumento do endividamento financeiro e dos passivos de funcionamento,
permitiu que as aplicações financeiras de 19x1 tivessem um aumento de
105,4%, aumentando sua participação no total do ativo, apesar do lucro de
19x1 ter sido menor do que o lucro do ano anterior. Os demais itens do ativo
circulante também tiveram um aumento de participação na estrutura do ativo.
A estrutura do passivo evidencia apenas uma pequena mudança do perfil
da dívida, pois parcela do endividamento de longo prazo foi transferida para o
curto prazo.
Na avaliação da Demonstração de Resultados o ano de 19x0 apresenta
custo dos produtos vendidos médio de 78,9% da receita líquida, aumentando
para 80,8% em 19x1. A causa foi que o pequeno aumento da vendas de um
ano para outro, de 0,4%, não permitiu uma boa diluição dos custos fixos
industriais, que aumentaram em valor absoluto.
As despesas operacionais, administrativas e comerciais, também tiveram
um aumento do valor absoluto em 19x1, e passaram a representar 13,1% da
receita líquida de vendas, contra 12,1% do ano anterior. Com isso, a margem
operacional, que era de 9,0% m 19x0, passou a 6,1% em 19x1, prejudicando o
resultado da empresa. Os demais itens não sofreram alteração significativa, e o
lucro líquido após os impostos, sobre as vendas líquidas, caiu de 4,0% em
19x0, para 2,4% em 19x1.
Na avaliação da análise horizontal do balanço patrimonial e da
demonstração de resultados, tem-se a considerar as variações de crescimentos
de contas a receber maiores que as variações do total das vendas que
decorrem de ajuste de política de crédito. O mesmo acontece com as variações
de fornecedores e contas a pagar, que decorrem de ajustes de prazo e
pagamento.
O imobilizado teve uma variação negativa de 5,9% tendo em vista que o
total bruto aumentou 8,4% enquanto que a depreciação acumulada aumentou
em 43,0%, provocando uma redução no conjunto do imobilizado de 6,7%.
No passivo, o aumento de empréstimos de curto prazo, na ordem de
37,4%, decorre de contabilização de juros e novos empréstimos superiores às
amortizações. O aumento do patrimônio líquido de 6,8% se deu em virtude da
retenção de lucros, resultados não distribuídos de R$ 270.075,00.
A análise horizontal da demonstração de resultados indica um aumento da
receita de vendas de 0,4%. O custo das vendas aumentou 2,8%. Como não se
tem o detalhamento desta rubrica não é possível afirmar se foi exclusivamente
decorrente de aumento dos insumos ou de redução dos preços de venda.
As despesas operacionais aumentaram na média 8,1%, pois são na
maioria custos fixos que tiveram reajustes, principalmente mão de obra. Com
isso, o lucro operacional caiu em 31,4% e o lucro líquido teve uma queda de
39,1%. Portanto, a avaliação final é que o resultado do ano de 19x1 foi
comprometido pelo pouco aumento das vendas e pelo aumento geral dos
custos fixos, provocando queda de margem e de rentabilidade.
Em resumo, reconhecer-se-á prontamente que determinados
aspectos da posição financeira ou das operações têm, para alguns grupos
interessados, maior significação do que outros aspectos. Em geral, estão todos
interessados na capacidade da empresa em solver seus compromissos, à
medida que se vencem, em produzir um lucro razoável com as operações.
Estes dois aspectos de uma empresa são às vezes designados como fatores de
solvência e lucratividade. Uma empresa que não pode atender a suas
obrigações
para
com
os
credores
no
tempo
devido
provavelmente
experimentará dificuldades em obter crédito, o que conduzirá a uma diminuição
de sua lucratividade. Da mesma forma, uma empresa cujos lucros são
comparativamente menores que os de seus competidores provavelmente estará
em posição de obter créditos. Além de ter em mente esta inter-relação de
solvência e lucratividade, é importante reconhecer que a análise dos dados
históricos é útil para prever seu desempenho futuro.
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DO MODELO FLEURIET
3.1 Conceito do Modelo Fleuriet
A obra Análise de Balanços para Controle Gerencial, de JOSÉ LEÔNIDAS
OLINQUEVITCH e ARMANDO DE SANTI FILHO, em consonância com a obra
de Michel Fleuriet, Ricardo Kehday e Georges Blanc, publicada pela Fundação
Dom Cabral em 1978, apresentam um modelo alternativo de análise de
balanço. Fleuriet e outros desenvolveram um modelo de administração de
capital de giro, que
tem sido denominado de Análise Financeira Dinâmica,
retomando o tema da liquidez e seus indicadores, sugerindo uma abordagem
nova e diferente da análise de balanço tradicional, com enfoque no giro e na
liquidez.
Michel Fleuriet ressalta que a inadequação da visão tradicional da liquidez
decorre de sua condição de indicador estático. Segundo FIORAVANTI (1999;
p. 14), os conceitos de liquidez, utilizados na análise contábil tradicional,
pressupõem uma visão estática da empresa, podendo muitas vezes traduzir
uma falsa imagem da situação de solvência de curto prazo, principalmente
porque desconsideram, na dinâmica operacional, a convivência de contas de
naturezas bastante distintas, tanto no Ativo Circulante quanto no Passivo
Circulante. Isto significa que ao terem seus resultados determinados pela
divisão entre totais de Ativos e Passivos Circulantes, tanto o numerador da
fórmula quanto o denominador refletem um conjunto de contas que reagem de
forma bastante distinta ao ritmo de operações da empresa.
3.2 As Quatro Variáveis
Para desenvolver seu modelo, Fleuriet classifica o balanço patrimonial em
quatro variáveis: NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, T –
Tesouraria, LP – Longo Prazo e CDG – Capital de Giro. A
idéia básica é
fornecer um modelo completo e fechado sobre a situação econômico-financeira
da empresa, sendo possível por intermédio dele, evidenciar os principais
problemas que afetam o equilíbrio empresarial, bem como identificar medidas
que seriam necessárias para corrigir a situação, sugerindo uma abordagem
nova e diferente da análise de balanço tradicional.
A variável NLCG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, obtida da
reclassificação das contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante,
expressa a necessidade de recursos que a empresa apresenta para manter o
giro dos negócios.
Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os elementos do giro,
classificando-os em dois tipos em relação ao seu comportamento como o ciclo
operacional: a) contas cíclicas, ou seja, contas de natureza operacional; b)
contas erráticas, ou seja, as demais contas do circulante.
As contas cíclicas são as que se relacionam diretamente com o ritmo
operacional, refletindo, em seus saldos, o nível de operações fins da empresa e
as contas erráticas são aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação
com o ritmo das operações podendo, portanto, ser zerados quando a empresa
estiver desempenhando normalmente suas atividades.
As contas cíclicas relevantes são: duplicatas a receber de clientes,
estoques, despesas pagas antecipadamente, no ativo; duplicatas a pagar de
fornecedores, obrigações tributárias incidentes sobre o faturamento, obrigações
trabalhistas, no passivo. As contas erráticas relevantes são: caixa, bancos,
aplicações financeiras, mútuas como controladas e coligadas, outras contas
correntes, no ativo; financiamentos bancários, títulos descontados, provisões de
impostos sobre o lucro, mútuos com controladas e coligadas, outras contas a
pagar, no passivo.
Considerando as naturezas diferentes das contas do giro, há uma
reclassificação do capital circulante: as contas cíclicas são classificadas como
giro, e, consequentemente, o total dos ativos cíclicos menos os passivos
cíclicos indica a Necessidade de Capital de Giro. As demais contas, de caráter
financeiro e não vinculadas às operações são denominadas de contas de
Tesouraria, e só com essas é que se deveria calcular a liquidez empresarial e a
capacidade de solvência da empresa no curto prazo.
Quadro 6 – Reclassificação de Balanço na abordagem
dinâmica do Modelo Fleuriet
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO CIRCULANTE
Contas Cíclicas
PASSIVO CIRCULANTE
Contas Cíclicas
Dupls. Receber - Clientes
Dupls. Pagar –
Fornecedores
Estoques
Salários/Contas a Pagar
Contas Erráticas
Impostos a Recolher
Caixa/Bancos/Aplic.Finance Contas Erráticas
iras
Outros realizáveis
Empréstimos
REALIZÁVEL A LONGO
EXIGÍVEL A LONGO
PRAZO
PRAZO
Incentivos Fiscais
Empréstimos
PERMANENTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimentos
Capital Social
Imobilizados
Reservas e Lucros
Retidos
Diferidos
Entretanto, por outro lado, encontram-se as contas erráticas que são as
demais contas do circulante. A expressão errática vem da característica de que
o seu valor contém caráter de aleatoriedade, porque não têm uma relação
proporcional às alterações das vendas ou da produção. Elas se alteram apenas
a determinados momentos, esporádicos, quando há necessidade de suprimento
de capital para aplicações no giro ou quando há excedentes de recursos
financeiros no ativo circulante. As principais contas do ativo, caixa, bancos,
aplicações financeiras, e outros valores a receber. O passivo é: empréstimos,
duplicatas descontadas, distribuição e resultados e impostos sobre o lucro.
A variável T – Tesouraria, também obtida da reclassificação das contas do
Ativo (caixa, bancos, aplicações financeiras) mais os outros valores realizáveis
de curto prazo e Passivos Circulantes (empréstimos de curto prazo), indica a
folga financeira da empresa (quando positiva) ou, quando negativa, a utilização
de recursos de terceiros de curto prazo para financiar as atividades. A
“tesouraria” relaciona os ativos circulantes erráticos com os passivos circulantes
erráticos
não compreendendo os valores a receber de clientes nem os
estoques, nem utiliza no passivo circulante as obrigações decorrentes do giro
das operações.
A variável LP – Longo Prazo, obtida pela diferença dos saldos das contas
do realizável a Longo Prazo e do Exigível a Longo Prazo, expressa fontes de
recursos de longo prazo financiando as atividades da empresa (quando
positiva) ou aplicações de recursos no longo prazo (quando negativa).
A variável CDG – Capital de Giro, obtida pela diferença das contas do
Patrimônio Líquido e do Ativo Permanente, indica o montante de recursos
próprios disponíveis para financiar outras atividades que não as aplicações em
ativos fixos (quando positiva) ou a indisponibilidade de recursos próprios para
financiar as imobilizações (quando negativa).
Esses conceitos podem ser melhor visualizados nos exemplos seguintes:
Quadro 7 –
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 1
Exemplo 1
NLCG
T
4.000
800
CDG
4.800
Não possui operações de longo prazo.
Análise: a empresa possui recursos próprios suficientes para a imobilização
(CDG positivo), para suas necessidades de capital de giro (CDG > NLCDG) e
ainda para manter uma folga financeira (T positiva). Assim, temos:
CDG = NLCDG + T ou 4.800 = 4.000 + 800
Quadro 8 –
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 2
Exemplo 2
NLCDG
4.000
T
- 800
CDG
3.200
Não possui operações de longo prazo.
Análise: a empresa possui recursos próprios para imobilização (CDG positivo),
mas insuficientes
para a cobertura das necessidades de capital de giro
(NLCDG < CDG), utilizando-se de recursos de terceiros de curto prazo (T
negativa) para suprir esta falta. A utilização de tais recursos corresponde a 20%
da necessidade de capital para o giro dos negócios ( | T | DIVIDIDO POR
NLCDG).
Neste caso temos:
CDG + | T | (1) = NLCDG ou
CDG = NLCDG – T ou
3.200 = 4.000 – 800
Quadro 9 –
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 3
Exemplo 3
NLCDG
-800
T
400
LP
-500
CDG
100
Análise: a empresa possui recursos para imobilização (CDG positivo) e não tem
necessidade de recursos para o giro dos negócios (NLCDG negativo). Além
disso, possui grande folga financeira. Grande parte dos recursos obtidos do giro
dos negócios (NLCDG negativa), bem como uma parcela dos recursos próprios
disponíveis (CDG positivo), estão aplicados em operações de longo prazo (LP
negativo). Neste caso temos:
| NLCDG | + CDG= | LP| + T ou
| 800 | + 100 = | 500 | + 400
Quadro 10 –
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 4
Exemplo 4
NLCDG
2.500
T
- 500
LP
1.800
CDG
200
Análise: a empresa possui recursos para imobilização (CDG positivo), mas
insuficientes para a cobertura de toda a necessidade de capital de giro (NLCDG
> CDG). Recorre a fontes de curto e a fontes de longo prazo para suprir a
insuficiência de recursos próprios. Neste caso temos:
CDG + LP + | T | = NLCDG ou
CDG + LP = NLCDG - T ou
200 + 1.800 = 2.500 - 500
Quadro 11 –
Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 5
Exemplo 5
NLCDG
T
CDG
4.500
- 5.000
- 500
Não possui operações de longo prazo
Análise: a empresa não possui recursos próprios sequer para a imobilização,
financiando, inclusive, parte dela com recursos de curto prazo (CDG negativo).
As necessidades de capital de giro são totalmente financiadas com recursos de
curto prazo (T negativa). Assim, temos:
| T | = NLCDG + | CDG | ou
| 5.000 | = 4.500 + | 500 |
Como pode ser observado nesses exemplos, apresentados nos
quadros de 07 a 11, a primeira preocupação na análise das quatro variáveis
enfoca a disponibilidade ou não de recursos próprios para financiar as
atividades. O endividamento oneroso surge da falta de tais recursos. Sempre
que a variável CDG – Capital de Giro apresentar um valor inferior à variável
NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, a empresa recorre ao curto
prazo – Tesouraria negativa – ou ao longo prazo - LP- Longo Prazo positivo.
Utilizar-se-á para aplicação do modelo, os dados do exemplo numérico
apresentado no anexo. Analisando especificamente o período de 31.12.x1, temse:
NLCDG = Necessidade Líquida de Capital de Giro igual a R$ 3.812,00; T –
Tesouraria negativa em R$ 346,00; Ciclo Financeiro de 57 dias, assim
decomposto: estoques 49 dias; clientes 30 dias; fornecedores 10 dias; impostos
a recolher 8 dias e salários e encargos sociais 4 dias. Assim: 49 (+) 30 = 79, 79
(-) 10 (-) 4 (-) 8 (=) 57 dias.
O ciclo financeiro é de 57 dias, assim, a necessidade de capital para o giro
dos negócios corresponde ao faturamento em torno de 2 meses. Este período é
a pratica da decomposição do ciclo financeiro.
Se for comparada a evolução da variável NLCDG encontra-se acréscimo
de R$ 291, assim calculado: NLCDG em 31.12.x1 de R$ 3.812,00 menos
NLCGD em 31.12.x0 de R$ 3.521,00. Para manter o andamento dos negócios,
em decorrência das diversas políticas praticadas foi necessária uma geração de
recurso nesse valor.
Para análise da geração de recursos e comportamento da variável CDG –
Capital de Giro, utilizar-se-á o modelo a seguir, demonstrativo do Capital de
Giro.
CDG – Capital de Giro em 31/12.x0
Patrimônio Líquido........................................................ 4.000
(-) Ativo Permanente..................................................... 5.990
(1.990)
Fontes de Recursos em 31/12.x1
Caixa Gerado pelas Operações
Lucro Operacional.........................................................
646
(+) Depreciação............................................................. 1.081
1.727
CDG – Capital de Giro em 31.12.x1
Patrimônio Líquido.........................................................
4.270
(-) Ativo Permanente....................................................
(5.634)
(1.364)
Faz-se, agora, a comparação das duas variáveis, evolução da variável
NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, que expressa a necessidade
adicional para manter o giro dos negócios, foi de R$ 291,00; a evolução da
variável CDG – Capital de Giro, que se constitui na principal fonte de recursos
na empresa, foi de R$ 1.727,00 proveniente pelos recursos gerados pelas
operações, o ciclo financeiro de 57 dias foram mais do que suficientes para
atender ao crescimento das necessidades determinadas pelo negócio.
Os recursos gerados pelas operações foram de
R$ 1.727,00 e o
crescimento das necessidades de capital de giro foi de R$ 291,00, tem-se um
excedente de R$ 1.436,00, (R$ 1.727,00 (-) 291,00), aplicados na tesouraria.
3.3 Efeito – Tesoura
O “efeito–Tesoura” provem do desequilíbrio econômico-financeiro, onde
fica evidenciado a necessidade de recursos para o giro crescendo mais do que
os recursos próprios disponíveis, obrigando a empresa a recorrer ao
endividamento junto às instituições financeiras. Segundo OLIQUEVITCH e
SANTI FILHO (1987; p. 119), tendo em vista que no Brasil as fontes de longo
prazo são escassas, a grande maioria das empresas endivida-se no curto
prazo, tornando
extremamente vulnerável a situação econômico-financeira.
“Quando a NLCDG dimensionar-se maior que o valor dos RPR (Recursos
Próprios Realizáveis), e esta defasagem (ou desajuste financeiro) aumentar em
períodos subsequentes, configura-se uma clara tendência ao desequilíbrio
econômico-financeiro que, entretanto, poderá ser atenuado pela existência de
recursos líquidos de longo prazo (variável Longo Prazo positiva), financiando a
defasagem em sua totalidade, ou parcialmente” (FIORAVANTI, 1999; p. 40).
O efeito–tesoura é a tendência desse desequilíbrio, e através da análise
do comportamento das variáveis NLCDG e CDG deve-se buscar suas causas.
Causas essas que podemos evidenciar: crescimento das vendas com baixa
rentabilidade; imobilização excessiva; distribuição excessiva de lucros;
descontrole no ciclo financeiro; prejuízos etc.
O efeito-tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte do
investimento operacional em giro através de curto prazo não renovável
automaticamente, como são as operações de financiamento que integram o
passivo circulante oneroso. Neste caso, o saldo de tesouraria apresenta-se
negativo e com taxa de crescimento superior à do investimento operacional em
giro.
3.4 Conclusão de Análise
O modelo de Michel Fleuriet enfatiza os aspectos de liquidez, ou seja,
pensa a firma como uma entidade dinâmica, que cresce com a economia do
país, e acumula experiência operacional na sua área específica de ação, com
capacidade financeira de resgatar seus compromissos no prazo, ao mesmo
tempo que injeta recursos no seu ativo econômico.
Quadro 12 – Modelo Fleuriet – Balanço Patrimonial
APLICAÇÕES
Contas erráticas
FONTES
Caixa e Bancos
do ativo
Contas
cíclicas
Clientes
do ativo
Estoques
Contas
Imobilizações
e
Financiamentos
Contas erráticas do
a curto prazo
passivo
Fornecedores
Contas
cíclicas
passivo
Instituições
permanentes do
Financeiras
ativo
Patrimônio
Contas
e
permanentes
do passivo
Neste modelo as contas cíclicas, sejam ativas ou passivas, não devem
fazer parte da liquidez. A liquidez da empresa é exclusivamente decorrente do
seu saldo de tesouraria, representado pelas contas erráticas. Assim sendo,
passa-se a entender a capacidade de pagamento da empresa sob um aspecto
mais profundo e realístico, não enviesando os fundamentos de liquidez e
necessidade de investimentos no giro.
Comparando a liquidez tesouraria e o índice de liquidez imediata, verificase que a fórmula
do
difere apenas na aplicação do denominador, a primeira
(liquidez tesouraria) expressa as contas cíclicas do passivo, a segunda
(liquidez imediata) trata o passivo circulante como um todo. Portanto, diante
desta divergência no tratamento dos elementos do denominador, IUDÍCIBUS
(1988; p. 147), evidencia: “No denominador, dívidas que, embora de curto prazo,
vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365 dias. Assim, a comparação mais correta
seria com o valor presente de tais vencimentos, ou
colocando-se no
denominador o valor que pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar as dívidas
de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obteríamos um desconto.
Este quociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado
financeiro e de capitais era restrita. Hoje, sem desprezar-se certo limite de
segurança que irá variar de acordo com a natureza do empreendimento, com o
tamanho da empresa e o “estilo” da administração, sem dúvida que, na
verdade, se procura ter uma relação disponível/passivo corrente a menor
possível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar
com disponibilidades quando as dívidas vencerem. Todavia, o orçamento de
caixa é o melhor instrumento para prever ou prevenir tais acontecimentos.
Devemos lembrar, por outro lado, que disponível ocioso perde substância
líquida quando nos encontramos em período de inflação”.
A composição dos elementos do denominador da fórmula deve ser
analisada convenientemente antes de sua aplicação, diante disto concordamos
com a classificação denominada de contas erráticas.
No formato Fleuriet, as contas cíclicas representam aquelas fontes e
aplicações que giram e se renovam ao ritmo da produção da firma (comprar,
fabricar e vender).
O endividamento neste modelo tem pouco significado, visto que a
classificação dos financiamentos a curto prazo como passivo errático
representa uma fonte de recurso esporádico, sendo pouco provável a
renovabilidade destes financiamentos. Colocam no mesmo lugar os recursos
dos acionistas e dos banqueiros, pelo que enfatiza a responsabilidade social
dos bancos na permanência da instituição, considerando como fonte
permanente de fundos. Mas por outro lado, a responsabilidade dos dirigentes
de fazer a empresa produzir recursos suficientes para suas operações.
Assim, julga-se oportuno analisar a liquidez na abordagem MM
(Modigliani e Miller), na qual a estrutura de capital da empresa difere
significativamente
da
abordagem
tradicional
(clássica).
Ela
parte
do
pressuposto de que em mercados perfeitos é irrelevante a estrutura de capital,
e, consequentemente a política de dividendos. Conforme Modigliani e Miller (in:
BREALEY e MYERS, 1992, p. 395) mostram, a política de dividendos não é
relevante nos mercados de capitais perfeitos. A sua proposição estabelece que
uma empresa não pode alterar o valor total dos seus títulos, através da simples
repartição dos seus fluxos de tesouraria em diferentes correntes: o valor da
empresa é determinado pelos seus ativos reais e não pelos títulos que emite.
Dentro das condições de mercados de capitais perfeitos, haveria
abundância de capital. Portanto, os investidores estariam dispostos a correr os
mesmos riscos dos tradicionais proprietários. Dentro dessa linha, alguns pontos
podem ser levantados, como premissas da abordagem MM:
a) não há donos na empresa;
b) não é relevante a fonte de capital; todas têm uma remuneração,
cuja diferença é apenas de nome (juros, prêmios, dividendos);
c) não há risco financeiro (todos são identicamente fornecedores de
capital);
d) portanto não há alavancagem financeira que possa maximizar o
valor da empresa;
e) há apenas o risco do negócio (risco não sistemático).
Dentro desta abordagem, não havendo risco financeiro, não há, portanto, problemas de
liquidez, já que todos os investidores estão dispostos ao mesmo risco da empresa. Não
há diferença entre capital de terceiros e capital próprio, já que todos são considerados
investidores.
Em resumo, dentro da abordagem Modigliani e Miller não há porque
calcular índices de liquidez.
As empresas são analisadas e avaliadas na sua relação de capital próprio
versus capital de terceiros, e o objetivo tem sido a maximização do valor da
empresa, sob a ótica do patrimônio líquido contábil (ou do capital próprio) que é
de propriedade de seus acionistas.
Diante da análise realizada nos modelos, entende-se que é possível
incorporar os conceitos do Modelo Fleuriet com a análise tradicional, para o que
desenvolveu-se um Modelo Integrado, apresentado no capítulo 5.
CAPÍTULO 4
INVESTIMENTO
Os dois modelos de análise financeira são importantes e, como já se pode
verificar preliminarmente, eles se complementam.
Outrossim, novos conceitos têm sido apresentado nos últimos anos, os
quais entende-se devam fazer parte definitivamente do conjunto de indicadores
de análise financeira ou contábil.
Basicamente esses novos conceitos centram-se na rentabilidade do
investimento, a incorporação do conceito de custo de oportunidade do capital e
o conceito de avaliação econômica da empresa pelos fluxos futuros de
benefícios (fluxos de lucro, fluxos de caixa ou fluxo de dividendos).
Apresenta-se a seguir os fundamentos e conceitos que julga-se serem
necessários para complementar a metodologia de análise contábil.
4.1 Decisão
A decisão de investir é de natureza complexa, porque muitos fatores,
inclusive de ordem pessoal, entram no cenário. Todavia, é necessário que se
desenvolva um modelo teórico mínimo para explicar e prever essas decisões.
Portanto, deixa-se de lado, a pretensão de desenvolver um modelo completo
para a decisão de investir. “O processo de administração pode ser visualizado
como o esforço administrativo global em dado empreendimento, envolvendo a
tomada de decisões, a aplicação de
determinadas técnicas e de certos
procedimentos e a motivação de indivíduos ou grupos no sentido da
consecução de objetivos específicos.” (WELSH, 1979; p. 19).
A principal idéia que surge é a decisão de investir, dependente do retorno
esperado: quanto maiores forem os ganhos futuros que podem ser obtidos de
certo investimento, tanto mais atraente esse investimento parecerá para
qualquer investidor, assim temos, na decisão de investir os recursos de capital
que são aplicados e que produzem receitas, custos e lucros.
Depara-se nesse momento com uma questão de suma importância: como
avaliar os ganhos futuros de certa alternativa de investimento? Farão todos os
investidores potenciais iguais avaliação dos ganhos futuros de certos
investimentos? Essas perguntas levam a concluir que, estando os agentes
econômicos inseridos de forma diferenciada no cenário econômico, farão
avaliações distintas de uma mesma oportunidade e investimento.
Mais importante do que isso, os ganhos futuros não são certos, embora,
em alguns casos, como na aquisição de títulos da dívida pública, possam ser
considerados quase certos. Então, existem dois fatores atuando em sentidos
opostos: os retornos esperados do investimento que atraem o investidor e o
risco que o afasta. WESTON e BRIGHAM (2000, p. 155), referem-se ao risco
como um perigo; exposição à perda ou ao dano. Assim, risco refere-se à
possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer.
Os ganhos futuros podem ser avaliados diferentemente por gestores
distintos, mas é necessário adicionar que o risco de certa alternativa pode
receber diferentes avaliações e que, sobretudo, os gestores assumem atitudes
diferenciadas diante do risco.
Para elucidar um pouco mais essa questão, é necessário explicar um
pouco melhor a natureza do risco associado à decisão de investir. A primeira
observação a ser feita é de quanto melhor for o nível de informação do gestor
tanto menor será o nível a que estará sujeito . No extremo, se fosse possível
ante ver com segurança o futuro, a partir do conhecimento perfeito das forças
que atuam nos ambientes interno e externo do projeto, a decisão de
investimento seria tomada sem risco. Para WESTON e BRIGHAM (2000; p. 660) o
risco empresarial é definido como sendo a incerteza inerente a projeções de
futuros retornos sobre ativos (ROA), ou de retornos sobre o patrimônio líquido
(ROE), se a empresa não utiliza dívida, e constitui o fator determinante mais
importante da estrutura de capital.
O projeto de investimento, em sentido amplo, pode ser interpretado como
um esforço para elevar o nível de informação a respeito de todas as
implicações, tanto desejáveis quanto indesejáveis, para diminuir o nível de
risco. Melhor dizendo, o projeto de investimento é uma simulação da decisão de
investir, o que se apresenta OPORTUNIDADE – PROJETO (estudos,
pesquisas, análises e avaliações) – DECISÃO. Conforme coloca WELSH (1979;
p. 420): “Há várias razões pelas quais a alta administração deve elaborar um
orçamento formal de investimento em ativos fixos. Os objetivos mais
importantes desse programa orçamentário são:
1- Planejamento – Permite o planejamento adequado de despesas de capital.
2- Coordenação – Permite a coordenação adequada de despesas de capital no
que diz respeito a:
a. Necessidades de financiamento – exigência de caixa e recursos
financeiros.
b. Investimento total em operações.
c. Vendas em potencial.
d. Lucros em potencial.
e. Retorno do investimento.
f.
Posição financeira da empresa.
3- Controle – Permite o controle de (1) numerosos investimentos de pequeno
valor e (2) custos de investimentos mais importantes”.
Quando se menciona risco de forma genérica, está-se, na verdade,
utilizando linguagem pouco precisa, porque não se está fazendo distinção entre
duas situações significativamente diferentes: (1) situação de risco – em que os
eventos possíveis e suas probabilidades de ocorrência são conhecidos; (2)
situação de incerteza – em que não se sabe quais são os eventos possíveis, ou
não se conhecem suas probabilidades de virem a ocorrer.
Os projetos de investimento, geralmente, conseguem apenas melhorar a
tomada de decisão, diminuindo o nível de incerteza. De qualquer forma, a
avaliação da situação de risco, em si, constitui importante informação para a
tomada de decisão. “Os modelos de decisão dentro da teoria contábil podem e
devem
atender
às
necessidades
gerenciais
sobre todos
os
eventos
econômicos, para qualquer nível hierárquico dentro da empresa” (PADOVEZE,
1998; p.128).
4.2 Meta do Planejamento
Em geral, a decisão de investir envolve imobilização de apreciáveis
quantidades de capital em ativos reais de pouca ou nenhuma liquidez, por
períodos de tempo relativamente longos.
Os métodos de avaliação das oportunidades de investimento, como é
lógico, baseiam-se na comparação da magnitude do investimento, ou seja, do
dispêndio de capital, com os ganhos líquidos esperados durante certo período
de tempo.
Os projetos, por sua natureza, diferem muito quanto à vida estimada.
Determinados projetos de infra-estrutura costumam ter vidas estimadas
superiores a
10 anos. Isso quer dizer que para avaliar tais projetos é
necessário prever os custos e receitas relevantes para a próxima década. Isso
parece muito problemático, pois estimar custos e receitas para daqui dez anos
parece uma tarefa totalmente impossível. Porém, se é verdade, quanto mais
adiante no tempo se buscam estimar custos e receitas, mais imprecisas serão
as estimativas; é também verdade, quanto mais distantes no tempo estiverem
tais custos e receitas, menores serão seus impactos sobre a avaliação que se
faz hoje da oportunidade de investimento. Observa-se facilmente isso quando
se examina o valor atual de uma receita ou de um desembolso futuro, temos:
valor atual (VA), valor futuro (VF), taxa de juros (R) e número de períodos de
tempo (N). Para WESTON e BRIGHAM (2000; p. 201), uma das ferramentas mais
importantes na análise do valor do dinheiro no tempo é a linha de tempo, que é
empregada para nos ajudar a visualizar o que está acontecendo com um
problema em particular e, assim, montar o problema para solução. Ainda
segundo estes mesmos autores, o valor futuro (FV) é a quantia para a qual um
fluxo ou uma série de fluxos de caixa se expandirá por um dado período de
tempo quando composta a uma determinada taxa de juros. E finalmente,
sempre segundo WESTON e BRIGHAM (2000; p. 209), “valor presente (PV) é
o valor hoje de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa”.
Por outro lado, as empresas também se diferenciam substancialmente
umas das outras quanto às políticas de investimento. Essas diferenças surgem
em decorrência dos ramos no qual atuam, de fatores ligados à história de cada
empresa, da forma como cada empresa está constituída, dos padrões de
administração adotados e, sobretudo, da capacidade financeira e das
estratégias de médio e longo prazo.
Pode-se concluir, a decisão quanto ao horizonte de planejamento é
influenciada tanto por fatores ligados à natureza dos projetos de investimento,
quanto por fatores relacionados a características das empresas. A mesma
empresa pode admitir meta de planejamento diferente do usual para certo
projeto, assim como projetos idênticos podem ser analisados sob meta de
planejamento diferente, por empresas distintas.
A decisão quanto ao horizonte de planejamento é influenciada tanto por
fatores ligados à natureza dos projetos de investimento, quanto por fatores
relacionados a características das empresas. A mesma empresa pode admitir
meta de planejamento diferente do usual para certo projeto, assim como
projetos idênticos podem ser analisados sob meta de planejamento diferente,
por empresas distintas.
De modo geral, a meta de planejamento será tanto mais curta quanto
menor for a vida útil dos ativos fixos envolvidos e quanto menor for a
capacidade financeira da empresa. Isso se deve ao fato de as empresas
dependerem em grande escala de capital de terceiros e estarem sujeitas à
maior margem de risco e, por isso, tenderem a emprestar menor importância
aos ganhos potenciais que se distanciam no tempo. As pequenas e médias
empresas em sua maioria, tendem também a ser mais suscetíveis a mudanças
na conjuntura econômica, encurtando drasticamente seu horizonte de
planejamento em situações de turbulência e alto risco. “O planejamento
financeiro é a projeção de vendas, lucros e de ativos baseada em estratégias
alternativas de produção e de marketing, bem como a determinação dos
recursos necessários para alcançar essas projeções.” (WESTON e BRIGHAM,
2000; p. 343).
Os ganhos futuros influenciam menos a decisão de investir, tanto à medida
que se distanciam no tempo, como à medida que se eleva a taxa de juros à
qual são descontados. Essa taxa de juros é a taxa mínima de retorno, ou taxa
mínima de atratividade.
4.3 Custo de Oportunidade
O conceito de custo de oportunidade é geral e aplica-se não somente às
decisões de investimento.
Sobre o assunto, os autores a seguir fazem os seguintes comentários.
Para SANTOS (1995; p. 11), custo de oportunidade é a expressão monetária do
benefício sacrificado por uma entidade por ter investido seus recursos numa
alternativa de ação ao invés de em outra. WONNACOTT e WONNACOT (1994;
p. 802), consideram esse custo como “o montante de recurso podendo render
no melhor de seus usos alternativos. A alternativa que é preterida quando algo
é produzido”. Já para MOCHÓN MORCILLO e TROSTER(1994; p. 12), o custo
de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou
serviços que se deve renunciar para obtê-lo.
Considere-se, primeiramente, um contexto determinante, sem risco.
Admita-se sendo possível ordenar todas as oportunidades relevantes de
aplicação do capital disponível de acordo com alguma medida do ganho
associado a cada uma delas.
Se a decisão for a melhor possível, essa ordem será rigorosamente
seguida, de forma às oportunidades contempladas serem as primeiras da
ordenação, ou seja, as mais lucrativas. Nesse caso, não se pode falar de custo
de oportunidade, ou pelo menos de custo de oportunidade positivo, uma vez
que a última oportunidade escolhida apresenta ganho pelo menos igual ao da
primeira não escolhida.
Porém, se por exemplo, a segunda oportunidade for selecionada sem a
primeira ou seja, estar-se-á incorrendo em perda de oportunidade de obter
maiores ganhos. Nesse caso, haverá custo de oportunidade positivo,
equivalente à diferença entre os ganhos deixados de ser obtidos e os que
realmente o são.
Podemos,
imaginar
que
se
possa
construir
uma ordenação
da
oportunidade de investimento de forma segura significa fazer abstração da
realidade. Já
se mencionou que as oportunidades de investimento diferem
entre si não apenas quanto aos ganhos associados, mas também quanto ao
nível de risco de cada uma. E mais, onde o termo genérico risco engloba
situações absolutamente diferentes, situações em que o nível de conhecimento
é suficiente para estabelecer os resultados possíveis e suas probabilidades e
situações em que essas probabilidades não são conhecidas, ou mesmo sequer
os resultados possíveis são conhecidos.
SOUZA (1997; p. 22) diz: “Então, adicione-se à ordenação anterior o nível
de risco associando às oportunidades de investimento. Sejam risco 1, risco
2,...., risco n esses níveis de risco. Mantendo-se a ordenação segundos os
ganhos, ganho 1, ganho 2..., ganho n, certamente os níveis de risco não
resultarão ordenados. Agora, a melhor alternativa é a de apresentar a melhor
combinação de ganhos e risco. Como, então, determinar essa melhor
alternativa se os gestores encaram o risco de forma diferenciada?”.
A ordenação anteriormente mencionada pode ser modificada. Isso pode
ser feito através do desenvolvimento do projeto de investimento para cada
oportunidade, ou de estudos, pesquisas, análises e avaliações adicionais, se o
projeto já existe. O desenvolvimento e o aprimoramento do projeto que resultem
em alteração de novas oportunidades, e, portanto, dêem origem a uma nova
ordenação das oportunidades.
Primeiramente, admita-se, ser possível o aprimoramento máximo dos
projetos de investimento. Esse é o caso analisado anteriormente, onde a
escolha da combinação ótima de ganhos e risco dependerá de características
pessoais do gestor.
A situação real enfrentada pelo gestor, entretanto, é mais complexa.
Convém lembrar que o desenvolvimento e o aprimoramento de projetos
envolvem despesas e demandam tempo.
Com relação aos recursos alocados para o desenvolvimento ou o
aprimoramento de projetos, pode-se pensar, teoricamente, em otimização na
margem segundo o raciocínio. As atividades de busca de informação devem
prosseguir até o ponto em que o custo marginal da busca igualar o ganho que
se espera obter com o uso da informação. É evidente, não há forma imediata de
medir essas variáveis, e essa regra não pode ser traduzida em procedimento
prático, a não ser de forma grosseiramente aproximada.
Ainda,
há de se acrescentar, a busca de informação
para o
desenvolvimento e o aprimoramento de certo projeto de investimento demanda
tempo. Se os recursos de capital disponíveis para investimento não puderem
ser aplicados a curto prazo, ou, mesmo podendo, não for possível obter com
esse tipo de aplicação a remuneração mínima deseja, o tempo, por si,
representará perda.
A maior perda pode não ser essa, uma vez que, enquanto se elaboram
atividades de desenvolvimentos e aprimoramento do projeto de investimento,
podem ocorrer mudanças no ambiente de atuação da empresa, incluindo
regulamentação, atuação de concorrentes e descobertas tecnológicas. Essas
mudanças podem inviabilizar totalmente o investimento ou significar substancial
diminuição dos ganhos inicialmente projetados, mas também podem tornar
evidente que o projeto não obteria êxito.
4.4 Taxa Mínima de Retorno
A taxa mínima de retorno é a taxa de desconto imposta a qualquer ganho
futuro por não estar disponível imediatamente. Sua importância não pode ser
exagerada, pois é evidente de planejamento, pode mostrar-se viável ou
inviáveis dependendo da taxa mínima de retorno à qual são descontados os
ganhos futuros líquidos. De acordo com WESTON e BRIGHAM (2000; p. 537).
se os dois projetos têm um custo de capital ou taxa exigida de retorno de 10%,
então a regra da taxa interna de retorno indica que, se os projetos são
independentes, ambos deveriam ser aceitos – espera-se que ambos ganhem
mais do que o custo de capital necessário para financiá-los.
A primeira idéia é a taxa mínima de retorno utilizada na avaliação de certo
projeto; ela deve ser tanto maior quanto maior for o risco envolvido. Isso, ainda
intuitivamente correta, é metodologicamente indesejável, pois deveria ser
cotejado com os níveis de risco envolvidos, sendo os valores presentes obtidos
com base em certa taxa mínima de retorno ou a taxa interna de retorno.
SOUZA (1997; p. 26) destaca: “Outra idéia que pode surgir é a taxa
mínima de retorno ser inversamente relacionada com o tempo de maturação do
investimento. Essa idéia também é inadequada, porque a distribuição dos
ganhos no tempo é levada em conta através do expoente do denominador, no
cálculo do valor presente”.
A taxa mínima de retorno, à medida que as empresas que possuem
estratégias de médio e longo prazo a serem observadas
estarão menos
suscetíveis às flutuações de curto prazo do mercado financeiro. Ou seja, o
custo de oportunidade do capital tende a ser estável para empresas com
planejamento de longo prazo, enquanto tende a flutuar de acordo com o
mercado financeiro na ausência de planejamento de longo prazo.
Pode-se concluir que a taxa mínima de retorno é a taxa de juros que deixa
de ser obtida na melhor aplicação alternativa quando há emprego de capital
próprio, ou é a melhor taxa de juros que tem de ser paga quando recursos de
terceiros são aplicados.
Empresas com pequeno aporte de capital, não conseguem tornar efetivo
um largo horizonte de planejamento; dependem mais estreitamente do mercado
financeiro
e,
então,
têm
taxa
mínima
de
retorno
estabelecida
preponderantemente por fatores externos, entre os quais se destaca a
conjuntura do mercado financeiro. Por outro lado, grandes empresas,
financeiramente sólidas e com grande capacidade de autofinanciamento,
podem estabelecer metas de longo prazo de ganhos sobre o capital investido,
constituindo o que se denomina taxa mínima de juro própria. Nesse caso, são
principalmente fatores internos à própria empresa os determinantes da taxa
mínima de retorno.
SOUZA (1997; p. 27) fala sobre o assunto nos seguintes termos:
“Pequenas empresas, com pequeno aporte de capital, não conseguem tornar
efetivo um largo horizonte de planejamento; dependem mais estreitamente do
mercado financeiro e, portanto, têm taxa mínima de retorno estabelecida
preponderantemente por fatores externos, entre os quais se destaca a
conjuntura do mercado financeiro”.
É preciso, entretanto, observar que
novamente o nível de informação
desempenha papel central. Variações no nível de conhecimento tanto do
ambiente externo, incluindo possíveis fontes de financiamento e suas condições
de acesso, prazos e custos, quanto do ambiente interno da empresa, ou seja,
da situação financeira atual e futura, geralmente implicam variações na taxa
mínima de retorno.
4.5 Lucro antes dos Juros, Impostos (sobre o lucro), Depreciações e
Amortizações
EBITDA
(
Earnings
Depreciation and Amortization)
Before
Interest,
Taxes,
Ultimamente, vêm ocorrendo diversas maneiras de reorganizar
os
negócios através de fusão, cisão, incorporação etc. Vamos ficar somente com
essas três modalidades, por estarem elencadas no texto da lei das sociedades
anônimas.
Mas o fator presente é o da avaliação da empresa como um todo, não
avaliando somente seu ativo tangível e a capacidade de gerar resultados
positivos no curto prazo, mas também
medindo o “Goodwill” (ativos
intangíveis), intrínseco na empresa negociada. Por outro lado os proprietários
devem querer saber o valor do seu negócio, mesmo que não pretendam realizar
nenhuma dessas modalidades de negócios, apenas para saber sua posição no
mercado.
Quando se fala em avaliar um negócio, vem em mente a atribuição de
valores monetários aos ativos de uma empresa . Contudo também não devem
ser esquecidos os itens não explícitos na contabilidade, difíceis de medir por se
tratar de ativos intangíveis.
O EBITDA está ligado ao conceito de caixa gerado pelos ativos
operacionais, aonde temos as vendas menos o CMV/CPV (custo das
mercadorias vendidas/custo dos produtos vendidos) igual ao lucro bruto menos
as despesas operacionais igual ao lucro operacional que vem a ser o EBITDA,
menos juros, impostos, depreciação é igual ao lucro líquido.
Mostrando sua aplicação,
usa-se
os demonstrativos apresentados na
revista IOB, caderno de Temática Contábil e Balanços, bol. 6/98.
Quadro 13
EBITDA
Vendas
1.200.000
CMV
(720.000)
Lucro Bruto
480.000
Despesas Operacionais
(240.000)
EBITDA
240.000
Verifica-se que o EBITDA deste demonstrativo é de R$ 240.000,
significando que os ativos foram capazes de gerar esse potencial de dinheiro.
Partindo desse valor, lucro operacional ou EBITDA pode-se usá-lo para avaliar
a empresa, da seguinte forma: a) multiplica-se o EBITDA por um certo
multiplicador (que vem a ser a taxa de retorno esperada); b) adiciona-se o valor
das aplicações financeiras; c) diminui-se, dessa importância, o valor das dívidas
de financiamento; d) chega-se ao valor do patrimônio líquido da empresa para
efeito de negociação.
Supondo que o multiplicador fosse 4, ter-se-ia o valor patrimonial da
empresa na seguinte forma:
a) EBITDA (240.000) x 4
960.000
b) Mais Aplicações Financeiras
110.171
c) Menos Dívidas Bancárias
-348.000
d) Valor da Empresa
602.171
Concluindo, pode-se integrar o fluxo de caixa e verificar que o dinheiro
entrado na empresa é genuinamente oriundo das negociações operacionais e
após o pagamento dos dividendos, o saldo disponível foi investimento em
aplicação financeira, como podemos verificar no balanço de 31/12/01.
4.6 EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic
Value
Added)
Segundo KASSAI, SANTOS e ASSAF NETO (1999; p. 178), o conceito
de Economic Value Added (EVA), apesar de ter se popularizado nesta década,
na verdade não é uma novidade nos meios acadêmicos e empresariais. David
Ricardo, em seus tratados de econômica, já em 1823 tratava da riqueza da
empresa dessa forma, considerando o valor econômico agregado.
Pode-se traduzir o EVA como custo de oportunidade, o qual é o lucro
mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o
investimento do acionista. Melhor dizendo, se o acionista aplicasse seu dinheiro
em outro negócio, teria no mínimo aquele rendimento. Portanto, valor agregado
só pode ser considerado quando o lucro obtido pelo acionista, é maior que um
rendimento mínimo de mercado.
O EVA pode ser aplicado tanto para a rentabilidade do ativo total, quanto
para a rentabilidade do acionista. Diante de sua aplicação surgem dois
parâmetros a serem definidos: a) qual taxa de desconto a adotar?; b) qual o
valor do investimento?
Quanto a que taxa descontar, pode-se buscar
indicadores no mercado financeiro, e dentro da cesta de indicadores temos:
taxa de rendimento de aplicação em poupança; taxa de juros de longo prazo
(TJLP); taxa de juros de títulos do governo norte-americano etc.
O valor do investimento pode ser considerado o ativo operacional líquido,
assim calculado (Ativo Total menos Investimentos, menos Aplicações
Financeiras, menos Fornecedores, menos Salários e Encargos a Pagar, menos
contas a Pagar, menos Impostos a Recolher e menos Adiantamento de
Cliente); o valor contábil do ativo; o valor econômico da empresa (goodwill) etc.
A fórmula para aplicação do EVA é a seguinte:
EVA = NOPAT – C% (TC)
Onde:
NOPAT = Lucro Operacional Líquido Após os Impostos
C% = Custo percentual do Capital
TC = Capital Total
Dá-se a seguir um exemplo de aplicação do EVA para análise de
rentabilidade.
Aplicação numérica – custo de oportunidade 6% aa.
Quadro 14
Aplicação Numérica do EVA
31.12X0
31.12.X1
1.582
1.070
(-) Imposto sobre o lucro (40%)
632
428
= Lucro Operacional Líquido dos Impostos (A)
950
642
11.523
12.554
(-) Investimentos
200
230
(-) Aplicações Financeiras
777
1.596
Lucro Operacional
Ativo Operacional:
Ativo Total
(-) Fornecedores
460
679
(-) Salários e Encargos a Pagar
200
265
(-) Contas a Pagar
100
121
(-) Impostos a Recolher s/ Merc.
460
475
(-) Impostos a Recolher s/ Lucros
100
72
3
5
9.223
9.111
Custo de Oportunidade – (6% x B) (C)
553
546
Valor Econômico Adicionado (A – C) (D)
397
96
4,3%
4,4%
(-) Adiantamento de Clientes
= Ativo Operacional (B)
Rentabilidade Adicional (D / B) (E)
Nesta aplicação numérica verifica-se que em 31.12.X0 houve um valor
adicionado de R$ 397,00 e em 31.12.X1 de R$ 96,00 representando
respectivamente uma rentabilidade adicionada de 4,3% e 1,0 %.
CAPÍTULO 5
MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE CONTÁBIL DE
BALANÇO
5.1 Modelos
O foco principal deste capítulo é a formulação de um modelo
conceitual de análise contábil de balanço. Para isso, evidencia-se a ênfase
dada ao modelo Tradicional e ao modelo Fleuriet. São apresentados o Painel
de Indicadores Econômico – Financeiros Fleuriet e o Painel de Indicadores
Econômico–Financeiros Tradicional, complementados com novos indicadores
de geração e análise de rentabilidade.
SANTOS (1995; p. 17 - 18), diz que diversos modelos são utilizados no
estudo e na compreensão de vários fenômenos da realidade.
Permitem o
entendimento das características básicas de objetos reais através da
representação simplificada de seus aspectos relevantes. Conseqüentemente,
pode-se simular, pelo modelo, eventuais resultados e
conseqüências de
fenômenos, sistemas ou objetos, através da manipulação de suas variáveis
principais. MIRANDA (1985; p. 42-8) enumera as seguintes vantagens na
utilização de modelos corporativos na gestão empresarial:
a) permitem a experimentação;
b) têm finalidade pedagógica;
c) são um sistema de referência;
d) permitem a simulação computacional;
e) facilitam a comunicação empresarial;
f) têm maior capacidade preditiva;
g) transformam experiências e conhecimentos pessoais em patrimônio da
empresa;
h) podem ser utilizados como elementos de controle da previsão.
SANTOS (1995; pp.45-47), comenta que diferentes tipos de modelos
de decisão poderão compor o banco de modelos do decisor, conforme a natureza
da situação decisória, alguns modelos serão mais apropriados do que outros. O
tipo mais adequado dependerá da natureza matemática ou não das variáveis
envolvidas, dos objetivos do decisor, do grau de controle exercido sobre as
variáveis de decisão e do nível de certeza associado com o ambiente da decisão.
Considerando estas observações, de acordo com KOTLER (1993; p. 1605), os modelos de decisão poderiam ser classificados em três tipos, segundo sua
natureza:
Modelos de decisão de simulação
São
modelos
que
permitem
a
formulação e avaliação de alternativas,
antes da implementação de qualquer
uma delas. O decisor pode criar
cenários futuros possíveis e testar
alternativas,
procurando
responder
questões do tipo o que acontecerá se
....?. Como exemplo, temos alguns
modelos contábeis; como o orçamento
e a análise custo-volume-lucro.
Modelos de decisão de otimização
Estes
modelos
são
estruturados,
geralmente por relações matemáticas,
para selecionar uma única alternativa
ótima,
tendo
como
função-objetivo
do
orientação
decisor.
a
Essa
análise matemática é processada por
métodos
sistemáticos
conhecidos
exemplo,
por
de
solução,
algoritmos.
temos
as
Como
técnicas
de
programação linear.
Modelos de decisão heurísticos
São aqueles que através de rotinas,
geralmente
permitem
computadorizadas,
encontrar
uma
solução
satisfatória. A heurística é um conjunto
de regras de decisão que eliminam
alternativas inadequadas para solução
de
problemas
exemplo:
um
complexos.
analista,
Por
desejando
selecionar a melhor cidade para sediar
um
novo
projeto
industrial,
pode
consultar um banco de dados de
cidades e aplicar a heurística com
gerenciadores de banco de dados, do
seguinte modo: “Considerar as cidades
com mais de 50.000 habitantes e com
renda per capita superior a $ 5.000
anuais”.
Por outro lado, os modelos de decisão também poderiam ser classificados
de acordo com a técnica utilizada na sua elaboração e manipulação,
independentemente de sua finalidade. Sendo assim, seriam enquadrados como
Modelos de decisão conceituais, Modelos de decisão gráficos, Modelos de
decisão matemáticos.
Quadro 15 - Modelo de Decisão
Modelos
de
decisão
conceituais
Modelos
de
decisão
gráficos
O relacionamento entre as
Como exemplo: Modelos
variáveis são descritos na
de
forma de prosa
consumidor.
Utilizam-se
de
símbolos
comportamento
do
Como
exemplos:
para descrever um modelo
Fluxogramas,
Diagramas
verbal.
de
caminho
Diagramas
casual,
crítico,
de
análise
Diagramas
de
árvore de decisão.
Modelos
matemáticos
de
decisão
Utilizam-se da matemática
Como
para
Programação
relacionar
variáveis do problema
as
exemplos:
matemática
linear e não-linear, Cálculo
diferencial,
Matriz
de
resultados, Teoria de jogos
e
outros
modelos
derivados
da
pesquisa
operacional
As premissas para construção do Modelo Integrado são:
Análise Tradicional
- Enfoca a liquidez de forma muito simples, sem se ater profundamente, na
questão da característica de fixidez (ou de investimento necessário) dos ativos
circulantes.
-
Enfoca a rentabilidade de investimento com ênfase adequada; porém não
considera normalmente, o enfoque de ativo operacional.
Modelo Fleuriet
-
Enfoca a liquidez de forma adequada.
-
Oferece subsídios para gestão do capital de giro (como investimento e não
como ativos passíveis de utilização para pagamento de dívidas de curto
prazo).
-
Enfatiza, com propriedade, a figura de NLCG, mas não finaliza o modelo com
a análise de rentabilidade.
Proposta
-
Incluir no modelo proposto a NLCDG
-
Incluir no modelo proposto a Liquidez de Tesouraria.
-
Fleuriet leva a considerar o investimento como “ativo operacional” NLCG +
AP (ativo permanente)
-
Nova forma de análise de rentabilidade.
-
Incorporar novos conceitos (EVA e EBITDA)
Quadro 16
Painel Comparativo Modelo Tradicional/Modelo Fleuriet
Análise Tradicional
Modelo Fleuriet
Análise Vertical e Horizontal
Indicadores de Liquidez
Tesouraria – Liquidez
Endividamento
LP – Longo Prazo
Atividade
NLCDG
Rentabilidade
A seguir apresentamos o modelo integrativo dos indicadores da Análise
Tradicional e o Modelo Fleuriet, complementados com os indicadores de análise
de geração de lucro e rentabilidade (EBITDA, EVA).
Quadro 17
Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional / Modelo Fleuriet
Bloco 1 – Capacidade de Pagamento:
Bloco 2 – Atividade:
Tesouraria – Liquidez
Prazo Médio de Recebimento (dias)
Liquidez Corrente
Prazo Médio de Pagamentos (dias)
Endividamento
Giro do Estoque
NLCDG – Necessidade Líquida de Capital
de Giro
Bloco 3 – Rentabilidade:
Bloco 4 – Adicional
Margem Operacional Bruta
Margem Operacional Líquida
Rentabilidade do Ativo – Bruta
Investimentos
Custo do Capital de Terceiros
EBITDA
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
EVA
O painel comparativo Análise Tradicional/Modelo Fleuriet mostra os
pontos focados na análise tradicional e análise Fleuriet. Da Tradicional a ênfase
na
Análise
Vertical
e
Horizontal,
nos
Indicadores
de
Liquidez,
no
Endividamento, Atividade e Rentabilidade; do Modelo Fleuriet foca na
Tesouraria – Liquidez, LP. Longo Prazo e Necessidade Líquida de Capital de
Giro.
Neste modelo, a Tesouraria–Liquidez compara-se com a Liquidez
Imediata, se considerarmos o denominador da fórmula ajustado nos parâmetros
do passivo errático. Também a variável LP – Longo Prazo equipara-se com o
Endividamento – LP , considerado como fonte constante de recursos.
Segundo OLINQUEVICH e SANTI FILHO (1987; p. 158), a variável LP –
Longo Prazo indicará a existência de fontes de financiamento de longo prazo
(quando positiva) financiando as atividades da empresa ou aplicações líquidas
(quando negativa) de longo prazo. Nas empresas brasileiras esta variável
geralmente é inexpressiva. FLEURIET e BRASIL (1979; p. 21 e 39), comentam:
“Vimos que uma das mais importantes fontes de fundos que financiam as
operações correntes de produção e comercialização são os empréstimos a
longo prazo, um dos componentes do CDG. São recursos que propiciam uma
potente alavanca para o crescimento da empresa, desde que, evidentemente,
preencham alguma condições. ...As contas permanentes do passivo incorporam
não só o patrimônio, mas os financiamentos a longo prazo, de forma a
representar um conjunto de fontes permanentes que irão financiar o ativo
econômico da empresa.”
Diante disso, Fleuriet considera como não cíclicos o realizável de longo
prazo e o exigível de longo prazo de forma aglutinativa ao permanente (ativo) e
ao patrimônio líquido (passivo). Desta forma, essas contas compõem a variável
CDG – Capital de Giro (Patrimônio Líquido menos Ativo Permanente). Esta
sistemática pode ser considerada como sendo calculada de forma inversa, visto
que no sistema tradicional é tratado como a diferença do ativo circulante e
passivo circulante. Sobre esse assunto, FIORAVANTI (1999; p. 27) coloca que,
ao classificar as contas do Balanço Patrimonial como cíclicas, erráticas ou não
cíclicas, o “Modelo Fleuriet” é estruturado pelo cálculo de três variáveis que
abrangem, na totalidade, a situação patrimonial retratada no balanço.
Entretanto, apesar dos méritos contidos na referida classificação, uma
análise mais exigente sobre a formação de fundos e a aplicação de recursos
em uma empresa, requer um tratamento de forma diferenciada, em destaque,
do Realizável a Longo Prazo e do Exigível de Longo Prazo em relação ao
universo das contas não cíclicas ou não circulante.
Finalizando, contrapondo Atividade e NLCDG – Necessidade Líquida de
Capital de Giro, “Fleuriet”, considera essa variável como operacional,
ressaltando o nome ativo cíclico e passivo cíclico, tendo como principal se a
empresa possui ou não necessidade de fundos alternativos para o
financiamento de seu ciclo operacional.
Na NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro temos a variável
positiva e a variável negativa, quando positiva indica que a empresa tem
necessidades de capitais para financiar o giro dos negócios. Quando negativo
indica que a empresa não necessita de recursos para financiar o giro dos
negócios.
Na Análise Tradicional tem-se o exposto em outras formas, como os
quocientes de atividade que representam a velocidade com que o ativo
circulante e o passivo circulante se renovam durante determinado período, com
seus resultados apresentados em dias, meses, ano etc. IUDÍCIBUS (1988; pp.
153-154), coloca: “A importância de tais quocientes consiste em expressar
relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de quociente de atividade
(rotação) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição
de liquidez e rentabilidade”.
5.2 Painel de Indicadores Integrando o Método Tradicional e Fleuriet
A integração do modelo de decisão de simulação está integrado em quatro
blocos:
Bloco 1 – Capacidade de Pagamento. Esses indicadores possibilitam uma
avaliação da capacidade da empresa em saldar as suas dívidas, a partir do
confronto do Ativo Circulante e Passivo Circulante (considerar a composição de
cada fórmula). Se os índices de liquidez forem bons, a empresa possui
condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas. Isso não significa que
ela está pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis, que
podemos citar, renegociação de dívida, prazo e outros.
No entanto, poderia parecer que, quanto maior o índice, maior a
segurança da empresa. Porém, apesar disso ser válido do ponto de vista do
credor, deixa de sê-lo, referente à habilidade do administrador.
Bloco 2 – Atividade. Esses indicadores mostram a eficiência operacional da
empresa, que envolvem comparações entre receitas auferidas e a contrapartida
de diversas contas patrimoniais. Assim, é de interesse saber quantos dias a
empresa demora para receber suas vendas, qual o prazo médio de
pagamentos, a rotação do estoque e qual a necessidade de capital de giro, o
que vem refletir as políticas da empresa em relação ao fluxo de caixa e a
corrente contínua das atividades operacionais.
Bloco 3 – Rentabilidade. Os índices de lucratividade mostram as margens de
lucro da empresa, e poderemos compará-las em diversas modalidades, tais
como padrões internos, e, estatisticamente aos períodos passados e futuros.
Objetivando o binômio lucratividade e rentabilidade, essa relação afere-se a
posição da empresa junto ao setor e o comportamento das alternativas de
investimento.
Nesta evidência, a empresa tem por objetivo alcançar lucros, e remunerar
seus acionistas. Portanto,
temos margem operacional bruta, margem
operacional líquida, rentabilidade do ativo – bruta, custo do capital de terceiros
e rentabilidade do patrimônio líquido.
Bloco 4 – Adicional. Este ponto enfatiza a complementação do modelo de
decisão de simulação tratado: Investimentos, EBITDA e EVA. Neste adicional
deparamos com a questão de como avaliarmos os ganhos futuros de certa
alternativa de investimentos. Farão todos os investidores potenciais igual
avaliação dos ganhos futuros de certos investimentos? Essas perguntas levam
a concluir que, estando os agentes econômicos inseridos de forma diferenciada
no cenário econômico, farão avaliações distintas de uma mesma oportunidade
de investimento. Com o EBITDA, avaliar a empresa como um todo, não
avaliando somente seu ativo e a capacidade de gerar resultados positivos, já
que o EBITDA está ligado ao conceito de caixa gerado pelos ativos
operacionais. O EVA, ou custo de oportunidade representa o lucro mínimo que
a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do
acionista. Se o acionista aplicar seu dinheiro em outro negócio, teria no mínimo
aquele rendimento. Portanto, valor agregado só pode ser considerado quando
o lucro obtido pelo acionista, é maior que um rendimento mínimo de mercado.
5.3 Aplicação Numérica
Quadro 18
Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional /Modelo Fleuriet
31.12.X0
31.12.X1
Tesouraria – Liquidez
-725
-309
Para cada Unidade Monetária
0,52
0,84
Liquidez Corrente
2,03
2,01
Endividamento
1,88
1,94
Prazo médio de Recebimento (dias)
25
30
Prazo médio de Pagamentos (dias)
17
25
Giro do Estoque
4,7
4,6
3.529
3.775
5,80
3,40
4,0
2,4
Rentabilidade do Ativo – Bruta
9,30
5,10
Custo do Capital de Terceiros
9,20
9,10
Bloco 1 – Capacidade de Pagamento:
Bloco 2 – Atividade:
NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro
Bloco 3 – Rentabilidade:
Margem Operacional Bruta
Margem Operacional Líquida
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
18,50
10,50
8,0%
4,9%
Lucro Operacional
1.582
1.070
(+) Depreciações
1.053
1.082
(=) EBITDA (A)
2.635
2.152
Ativo Operacional Líquido (B)
9.223
9.111
28,6 %
23,6%
397
96
4,3 %
1,0 %
Bloco 4 – Adicional
Investimentos
Lucro Líquido / Ativo Operacional
EBITDA
Rentabilidade de Caixa (A / B)
EVA = Valor Econômico Adicionado
Lucro Líquido (-) Custo de Oportunidade 6%
Rentabilidade Adicional
Na análise de liquidez mais uma vez verifica-se o aspecto segurança
prevalecendo sobre o risco, medindo a capacidade de pagamento nesse período
analisado. Pois, enquanto os índices de liquidez corrente em 31.12.x0 e 31.12.x1
eram de 2,03 e 2,01 respectivamente; a liquidez de tesouraria de 0,52 e 0,84;
considerando a relação entre circulantes erráticos e passivos erráticos.
A renovação dos estoques permanece praticamente na mesma velocidade
de rotação 4,7 e 4,6; no entanto na relação recebimento e pagamento, foi
reduzido em 3 dias o prazo de pagamento, mostrando uma maior necessidade
liquida de capital de giro em torno de $ 246,00.
O retorno sobre o investimento teve uma redução de 3,1%, o qual pode
ser comparado com outra alternativa de investimento. O elemento de ligação é o
valor das vendas envolvendo a margem de lucro sobre vendas e o giro do ativo,
assim, para retomada de 8%, de 31.12.x0, podemos:
a) aumentar o volume vendido;
b) diminuir os custos;
c) aumentar o preço de venda;
d) diminuir o ativo operacional.
O EBITDA produziu redução de 5,0% na capacidade operacional de
geração lucro/caixa da empresa, levando-se em conta esse impacto convém um
redimensionamento do seu ativo operacional.
O valor econômico adicional, EVA, considera-se o custo de oportunidade
de 6%, no período 31.12.x0 e 31.12.x1 obtendo-se respectivamente 4,3% e
1,00% de rentabilidade adicional; embora se verifique essa adicionalidade, a
redução da mesma foi na ordem de 3,3%.
A empresa em análise, embora forte em capacidade de pagamento, deve
redimensionar a administração da rentabilidade que envolve a margem de lucro
sobre vendas; como pontos de verificação cita-se:
a) volume de vendas;
b) custos;
c) preço de vendas;
d) volume de recurso aplicado no ativo operacional.
5.4
Contribuições
Este estudo contém uma proposta conceitual, baseada em premissas
orientadoras e estruturada sistemicamente, para a construção de modelo de
decisão de análise de balanço, que possa apoiar os gestores empresariais na
formulação de análise, mensuração econômica e avaliação das conseqüências
de alternativas encontradas, procurando otimizar esta decisão através da escolha
da melhor opção que satisfaça seus objetivos.
A base de informações são as demonstrações contábeis, com ênfase
para o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados.
A importância do tema também é ressaltada pelas novas realidades que
as empresas estão enfrentando no ambiente de negócios, inclusive com reflexos
em sua organização interna.
As maiores contribuições do trabalho centram-se em :
a) considerar que os dois modelos de análise financeira existentes, Análise
Tradicional e o Modelo Fleuriet, não são excludentes, e, sim, ao contrário, se
complementam;
b) verificar as principais fragilidades conceituais dos dois modelos existentes,
reforçando-as com a adoção do modelo integrado;
c) complementar os dois modelos com uma visão atualizada e mais profunda
para a análise e geração de lucros e da mensuração da rentabilidade
gerencial e dos acionistas.
Esse modelo não apresenta a meta final da análise contábil-econômica,
mas, o despertar da contabilidade saindo do processo de escrituração para o
estudo das mutações patrimoniais.
Finalmente, este trabalho é de natureza interdisciplinar, pois busca
agregar conceitos e vários ramos de conhecimento, dentro os quais, destacamse: os conceitos de contabilidade gerencial, as teorias econômicas e de
administração.
CONCLUSÃO
A Análise de Balanço ou Análise Financeira se constitui num dos
instrumentos mais importantes no processo de Gerenciamento Contábil. É
comum o conceito de Análise de Balanço das Demonstrações Contábeis de
outras empresas, através de Balanços publicados.
Entende-se que as técnicas de Análise de Balanço são importantes
para o conhecimento econômico-financeiro de outras empresas, notadamente
concorrentes e fornecedores. Porém, o mais importante do instrumento de
Análise de Balanço é a sua utilização internamente pela empresa, utilizando-a
como sistema de informação.
Também não se julga importante a visão de Análise de Balanço
apenas com relação aos relatórios contábeis publicados. A grande utilidade
dessa ferramenta, técnica de análise de balanço, é o acompanhamento mensal
dos indicadores escolhidos. Através desse acompanhamento, e da tendência que
os mesmos irão evidenciar, ter-se-á seguramente uma visão real das operações
e do patrimônio empresarial, e poder-se-á tomar medidas corretivas do rumo dos
negócios, se as conclusões do acompanhamento analítico dos indicadores assim
o exigir.
Na aplicação da técnica de análise de balanço pode-se extrair muitos
indicadores para possibilitar a análise. Porém, entende-se, que os indicadores a
serem calculados através do Sistema de Informação Contábil devem se restringir
à quantidade mínima possível, sob pena de a análise financeira mensal se tornar
muito prolixa.
Esses indicadores deverão ser escolhidos pela controladoria da
empresa, já que em princípio a Análise de Balanço é o de acompanhamento em
nível global da empresa.
Os indicadores escolhidos deverão ser claros e todos os usuários do
sistema de informação contábil deverão estar plenamente familiarizados com a
sua composição e entendimento.
Um aspecto relevante dos indicadores é o potencial cultural que eles
provocam quando de seu acompanhamento adequado. O usuário, mesmo aquele
que não é profundo conhecedor das técnicas contábeis, tendo conhecimento do
significado dos indicadores, rapidamente atentam para sua validade, através do
acompanhamento dos relatórios mensais.
A eficiência do sistema de informações contábeis de uma empresa é
fundamental para a análise das demonstrações contábeis, pois quanto mais
deficiente o sistema contábil da empresa, menor o grau de confiabilidade nas
informações contidas em suas demonstrações contábeis.
A análise do “Modelo Tradicional” das demonstrações financeiras
geralmente se inicia com o cálculo da análise vertical e da análise horizontal, e de
uma série de índices financeiros destinados a revelar os aspectos relativos das
potencialidades e fraquezas de uma empresa, em comparação com outras
companhias do mesmo setor, e a mostrar se a posição da empresa melhorou ou
não com o tempo. Incorporou-se no bojo da análise o quadro Du Pont destinado
a mostrar a margem de lucros sobre as vendas, o índice e rotação dos ativos e o
uso de capital de terceiros que interagem para determinar a taxa de retorno sobre
as ações.
O modelo Fleuriet denominado de análise financeira dinâmica, retoma
o tema da liquidez e seus indicadores, sugerindo uma abordagem diferente da
análise de balanço tradicional. O fundamento encontra-se em reclassificar os
elementos patrimoniais do Circulante em dois tipos de contas: contas erráticas e
contas cíclicas.
São consideradas contas cíclicas do circulante, tanto do ativo quanto
do passivo, quando os elementos patrimoniais que essas contas representam
têm uma movimentação física e, conseqüentemente, em valor, que mantém
alguma relação com as atividades operacionais da empresa.
Essas contas acompanham o movimento operacional da empresa. Se
a produção aumenta, essas contas tendem a aumentar. Se a produção diminui,
essas contas tendem a diminuir. O mesmo acontecerá com as vendas. Essas
contas se alteram quando as vendas se alteram.
Essas contas representam o cerne do giro empresarial. Dependendo
da estrutura de produção, políticas de financiamento das vendas e administração
dos estoques, essas contas evidenciam uma necessidade constante de
aplicações de recursos pelas empresas.
Propõe-se, portanto, o “Modelo Integrado Análise Tradicional/Modelo
Fleuriet”, abrigando a inclusão de: NLCDG – necessidade líquida de capital de
giro, a liquidez de tesouraria, o conceito de ativo operacional, a nova forma de
análise de rentabilidade e finalizando com a incorporação dos conceitos EVA e
EBITDA. Entende-se que a sua aplicabilidade fortalece os aspectos relativos ao
processo de planejamento, execução, controle e
organizações.
decisão dentro das
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTHONY, Robert N. Contabilidade gerencial: uma introdução à
contabilidade. São Paulo: Atlas, 1976. 483 p.
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um
enfoque econômico – financeiro. 3ª ed. , São Paulo , Atlas, 1987. 315 p.
BLATT, Adriano. Avaliação de risco e decisão de crédito: um enfoque
prático. São Paulo: Nobel, 1999. 232 p.
BREALEY, Richard A . e MYERS, Stewart C. Princípios de Finanças
Empresariais. Portugal, Mc-Graw Hill, 1992. 924 p.
ERHRBAR, AL. EVA – Valor Econômico Agregado. Rio de Janeiro,
Qualitymark, 1999. 183 p.
FIORAVANTI, Maria Antonia . Análise da Dinâmica Financeira das
Empresas: uma abordagem didática do “modelo Fleuriet”. São Paulo, 1999. 96
p. Dissertação de Mestrado, Universidade Metodista de São Paulo, 1999.
FLEURIET, Michel; BRASIL, Haroldo Vinagre. Planejamento financeiro das
pequenas e médias empresas: um modelo integrado. Belo Horizonte: Fundação
Dom Cabral, 1979. 159 p.
FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANC, Georges. A dinâmica
financeira das empresas brasileiras: um novo método de análise, orçamento e
planejamento financeiro. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 1978. 181 p.
FRANÇA, José Antonio. A Liquidez Efetiva. RBC – Revista Brasileira
de Contabilidade nº 112, Jul/Ago, 1998.
FRANCO, Hilário. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 12
Ed., São Paulo: Atlas, 1976. 311 p.
GIL, Antônio de Loureiro. Sistemas de Informações Contábeis: o
enfoque sistêmico para a contabilidade, a computação de dados contábeis, a
auditoria de sistemas computarizados. São Paulo, Atlas: 1978. 261 p.
HENDRINSEN, Eldon S.; BREDA, Michael e Van. Teoria da
Contabilidade. São Paulo – Atlas: 1999. 550 p.
IOB . Ebitda – Bol. 6/98 – Temática Contábil e Balanços – IOB.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas,
1981. 352 p.
IUDÍCIDUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5ª ed. , São Paulo: Atlas,
1988. 355 p.
IUDÍCIDUS, Sérgio de. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 1978.
222 p.
KASSAI, Sílvia, SANTOS, Ariovaldo, ASSAF NETO, Alexandre.
Retorno de Investimento: Abordagem Matemática e Contábil do Lucro
Empresarial. São Paulo: Atlas, 1999. 242 p.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade Versus Fluxo de Caixa, Temática
Contábil e Balanços – IOB Bol. 20.
MARTINS, ELISEU. Contribuição à Avaliação do Ativo Intangível. São
Paulo, 1972. 109 p. Tese de Doutorado em Ciências Contábeis – Universidade
de São Paulo ,.
MARTINS, Eliseu; ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira
- As Finanças das Empresas sob Condições Inflacionárias.1ª ed. , São Paulo:
Atlas, 1985. 562 p.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem
básica. 2a. ed. São Paulo: Atlas, 1987, v. 1. 295 p.
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem
básica. São Paulo: Atlas, 1984–1985, v. 2. 232 p.
MOCHÓN MORCILLO, Francisco; TROSTER, Roberto Luís . Introdução à
Economia. São Paulo , Makron Books, 1994. 391 p.
OLIQUEVITCH, José Leonidas; SANTI FILHO, Armando de. Análise
de balanços para controle gerencial: enfoque sobre o fluxo de recursos e
previsão de rentabilidade. São Paulo, Atlas, 1987. 282 p.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Análise do Índice de Liquidez sob o Conceito
de Avaliação Econômica da Empresa. RBC – Revista Brasileira de
Contabilidade, Maio/junho/2000.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Aspectos Metodológicos do Ensino da
Disciplina Contabilidade Gerencial.São Paulo, 1992. v.1 300 p. e v. 2 296 p.
Dissertação de Mestrado em Ciências Contábeis. Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC-SP.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em
sistema de informação contábil. São Paulo, Atlas, 1997. 414 p.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Sistemas de Informações Contábeis:
Fundamentos e Análise. São Paulo ,Atlas, 1998. 264 p.
PIZZOLATO, Nélio Domingues. Introdução à Contabilidade Gerencial.
2ª Ed. São Paulo , Makdron Books , 2000.
SÁ, A Lopes de Sá. Teoria do Capital das Empresas – Rio de Janeiro
– Fundação Getúlio Vargas , 1965. 163 p.
SANTOS, Roberto Vatan dos. Modelos de Decisão para Gestão de
Preço de Venda. São Paulo, 1995. 346 p. Dissertação de Mestrado em Ciências
Contábeis. Universidade de São Paulo.
SOUZA, Alceu. Decisões financeiras e análise de investimentos:
fundamentos, técnicos e aplicações. São Paulo, Atlas, 1997. 142 p.
TREUHERZ, Rolf Mário. Análise Financeira por Objetivos. 5ª ed. , São
Paulo , Pioneira, 1999. 114 p.
WELSCH, Glen
A . Orçamento Empresarial: Planejamento de
Controle. 3ª ED. ,São Paulo , Atlas, 1979. 711 p.
WESTON,
J.
Fred;
BRIGHAM,
Eugene
F.
Fundamentos
da
Administração Financeira. São Paulo, Makron, 2000. 1030 p.
WONNACOTT, Paul ; WONNACOT , Ronald. Economia. 2ª ed. , São
Paulo – Makron Books, 1994. 833 p.
Anexo
1- MODELO DE RECLASSIFICAÇÃO DO CIRCULANTE
Ativo Circulante
Aplicações de Capital de Giro
31.12.x0
31.12.x1
Clientes
1.620
2.005
Estoques
3.124
3.303
4.774
5.308
778
1.597
5
7
783
1.604
5.527
6.912
460
679
3
5
Salários e Encargos Sociais
200
265
Impostos a Recolher
560
547
1.223
1.496
OUTRAS CONTAS DO AC
Disponibilidades e Aplicações
Outros Créditos
Soma
Total do Ativo Circulante
FONTES DE CAPITAL DE GIRO
Fornecedores
Adiantamento de Clientes
Soma
OUTRAS CONTAS DO PC
Outras Contas a Pagar
100
121
Dividendos e Participações
200
180
Empréstimos
1.200
1.649
Soma
1.500
1.950
Total do Passivo Circulante
2.723
3.446
2- APURAÇÃO DA NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro
Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro
= NLCDG
31.12.x0
4.744 – aplicações
(1.223) – fontes
3.521
– NLCDG
31.12.x1
5.308 - aplicações
(1.496) - fontes
3.812 – NLCDG
3- APURAÇÃO DA TESOURARIA – T
Outras Contas do AC (-) Outras Contas do PC
= Tesouraria – T
31.12.x0
783 AC
(1.500) PC
(717) Tesouraria – T
31.12.x1
1.604 AC
(1.950) PC
(346) – Tesouraria – T
CICLO FINANCEIRO
NLCDG / VENDAS BRUTAS* x Nº De Dias do Período
*receita operacional bruta (-) vendas canceladas
31.12.x0
3.521 / 23.787 x 360 = 53 dias
31.12.x1
3.812 / 23.883 x 360 = 57 dias
DECOMPOSIÇÃO DO CICLO FINANCEIRO
Estoques
31.12.x0
3.124 / 23.787 x 360 = 47 dias
31.12.x1
3.303 / 23.883 x 360 = 49 dias
Clientes
31.12.x0
1.620 / 23.787 x 360 = 24 dias
31.12.x1
2.005 / 23.883 x 360 = 30 dias
Impostos a Recolher
31.12.x0
560 / 23.787 x 360 = 8 dias
31.12.x1
547 / 23.883 x 360 = 8 dias
Fornecedores
31.12.x0
460 / 23.787 x 360 = 6 dias
679 / 23.883 x 360 = 10 dias
Adiantamento de Clientes
31.12.x0
3 / 23.787 x 360 = 0
31.12.x1
5 / 23.883 x 360 = 0
Salários e Encargos Sociais
31.12.x0
200 / 23.787 x 360 = 3 dias
31.12.x1
265 / 23.883 x 360 = 4 dias
Download

View/Open