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Revista de Bordo - Jul/Ago – Inflight Magazine - Jul/Aug
A valorização
da arte angolana
Promoting angolan art
Massangano: onde a história de Angola começa
Massangano: where Angola’s history begins
Khoisan: os primeiros habitantes da Terra?
Khoisan: the first humans on Earth?
Júlio Guerra: um jornalista para sempre
Júlio Guerra: forever a journalist
nº
www.taag.com
call center 923 190 000
80
2010
linha directa
direct line
Estimado passageiro
Dear passenger
Bem-vindo a Bordo
Welcome aboard
Uma vez mais queremos reiterar o nosso propósito de uma busca
Once again we would like to reiterate our purpose of incessant
incessante pela melhoria do conforto a si oferecido, mantendo a
search for the improvement of the comfort we provide you,
nossa alta exigência com a segurança.
while maintaining our high demands with safety.
Sabemos que neste processo de transformação, ainda temos um
We know that in this transformation process we still have a
longo caminho a percorrer, mas paulatinamente tornam-se visí-
long way to go, but gradually the results of our efforts become
veis os resultados do nosso empenho.
visible.
A TAAG continua a dinamizar os modernos canais de comunicação,
TAAG continues to boost the modern communication channels,
nomeadamente o seu website (www.taag.com), oferecendo-lhe
including its website (www.taag.com), offering you, very soon,
muito em breve a possibilidade de efectuar o check-in on-line,
the possibility of doing online check-in, in addition to the pur-
para além da aquisição do seu bilhete de passagem. Um número
chase of your ticket. A growing number of passengers have
crescente de passageiros tem recorrido ao Call Center (923 190
used the Call Center (923 190 000) for ticket reservations and
000) para reservas de bilhetes e obtenção de informações. A TAAG
to obtain information. TAAG is also on Facebook.
também está no Facebook.
We continue to develop a major effort to improve connections
Continuamos a desenvolver um grande esforço para melhorar as
from Angola to the rest of the World, according to your prefe-
ligações de Angola ao Mundo, de acordo com as suas preferências.
rences. Internally, the main domestic destinations are served
A nível interno, os principais destinos nacionais são servidos com
with 2-3 flights daily, allowing you to travel and return in the
2-3 voos diários, permitindo viagens com regresso no próprio dia,
same day, for greater passenger convenience. The regularity
para maior comodidade do passageiro. A regularidade e a pontua-
and punctuality in our operation have been improving, and
lidade na nossa operação têm vindo a melhorar, sendo que estes
these parameters continue to pose a great challenge for us.
parâmetros continuam a representar para nós um grande desafio.
Onboard you will be able to enjoy the most recent films and
A bordo poderá apreciar os filmes mundiais mais recentes e bre-
soon you’ll be also able to make purchases in a duty free
vemente poderá efectuar compras no sistema de duty free.
system.
O acordo celebrado com a Boeing para a aquisição de duas aero-
The agreement with Boeing to purchase two aircrafts type
naves do tipo B777-300ER permitir-lhe-á no próximo ano efectuar
B777-300ER will allow you, next year, to fly with greater comfort
voos com maior conforto e comodidade.
and convenience.
Estes resultados animadores encorajam-nos a prosseguir!
These promising results encourage us to continue!
Outrossim, foi já empossado o novo Conselho de Administração
Moreover, TAAG has a new Board of Directors, which comprises
TAAG, do qual fazem parte os membros da então Comissão de
members of the Management Committee, with the inclusion of
Gestão, com a inclusão de mais dois administradores não-execu-
two more non-executive directors. We reiterate our commit-
tivos. Reiteramos o nosso compromisso de atingir os objectivos de
ment to achieving the advocated excellence objectives.
excelência preconizados.
Muito obrigada por ter escolhido a TAAG e esperamos continuar
Thank you for choosing TAAG, we hope we continue having you
a contar com a sua presença a bordo das aeronaves da TAAG.
aboard TAAG’s aircrafts.
Boa viagem!
Have a nice flight!
O Conselho de Administração
The Board of Directors
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mapa de bordo
inflight map
Propriedade
TAAG Linhas Aéreas de Angola
8 TORRE DE CONTROLO / CONTROL TOWER
TAAG voa para todo o mundo
TAAG flies all over the world
www.taag.com • call center 923 190 000
Editor Executivo
António Piçarra
31 CHECK-IN / CHECK IN
De olho na segurança
With an eye on safety
Coordenação
Maria de Sousa Martins
Colaboradores
Agnela Barros Wilper,
Alexandra Aparício, Américo Gonçalves,
Ana Maria de Oliveira, Antónia Onofre,
António Simões, Arnaldo Santos,
Aurora da Fonseca Ferreira, Brandão
Lucas, Cátia Oliveira, Dario de Melo,
Jaime Azulay, Januário Marra,
Jomo Fortunato, Maria da Conceição
Neto, Mário Rui Silva, Marta Lança,
Miguel Gomes, Óscar Guimarães,
Rosa Cruz e Silva, Rui Galhanas,
Ruy Duarte de Carvalho, Samuel Aço,
Salas Neto e Sérgio Piçarra
Colaboração Editorial
Ciao Escritório de Conteúdos
Fotografia
António Bernardo, Bruno Miguel
Bruno Renato, Carlos Lousada,
Emídio Canha, Sérgio Afonso
Produção Gráfica
Iona - Comunicação e Marketing, Lda
(Grupo Executive)
40
46 CONEXÃO INTERNACIONAL / INTERNATIONAL CONNEXION
Moçambique.
Ao som das timbilas. Terra da boa gente
Mozambique.
With the strains of the timbila. The land of good people
Ilha do futuro
An island of the future
60 UM FIM-DE-SEMANA EM... / A WEEKEND IN...
Paradíseos.
O paraíso em formato de complexo turístico
A tourist resort paradise
Impressão e Acabamento
Lisgráfica, SA
Queluz - Portugal
Tiragem
50.000 exemplares
Registo Nº
17/B/92
46
66 RAIO X / X-RAY
João Melo. O homem dos sete ofícios
João Melo. A man of many parts
76 CLASSE EXECUTIVA / EXECUTIVE CLASS
Júlio Guerra. Uma vez jornalista, para sempre jornalista
Júlio Guerra. Once a journalist, always a journalist
Secretariado
Aida Chimene
Delegação em Lisboa
Rua Fialho de Almeida, 30 - 2º E
1070-129 Lisboa
Tel. (351) 213 813 566/7/8
Fax: (351) 213 813 569
[email protected]
Capital dos perfumes
The capital of perfume
Guerreiros e feras
Warriors and wild animals
Publicidade
Cláudia Oliveira, Paulo Simões
Administração, Redacção
e Publicidade
Edicenter Publicações Lda.
Rua Comandante Gika, nº 49-51,
r/c esquerdo, Luanda, Cx. Postal 1348
Tel. (244) 222 329 217
Fax: (244) 222 329 461
[email protected]
40 CARTÃO POSTAL / POSTCARD
Em casa pelo mundo
A home anywhere in the world
86 VIAGENS NO TEMPO / JOURNEYS IN TIME
Khoisan. Os primeiros habitantes da Terra?
Khoisan. The first humans on Earth?
76
96 À MESA / AT TABLE
Restaurante Bar Yate. A orla marítima de Luanda
a seus pés.
The Bar Yate Restaurant. The Luanda coastline at your feet
102 EMBARQUE DOMÉSTICO / NATIONAL BOARDING
Massangano. Onde a história de Angola começa
Massangano. Where Angola’s history begins
114 ROTA CULTURAL / THE CULTURAL ROUND
Angola na EXPO Shanghai 2010
Angola in the 2010 Shanghai EXPO
124 NOVOS VOOS / NEW FLIGHTS
Afrikkanitha. O Jazz no feminino
Afrikkanitha. Women and Jazz
132 LONGO CURSO / LONG HAUL
O selo postal e os seus coleccionadores
The stamp and its collectors
147 HORA DO DESCANSO / RELAX TIME
148 PORTA DE SAÍDA / EXIT DOOR
124
torre de controlo
control tower
TAAG voa para todo o mundo
TAAG flies all over the world
TAAG received with pride, but also with great responsibility, the
news that all the restrictions imposed by the European
Commission, had been removed, enabling it to operate to all
European destinations with its modern fleet of Boeing 777.
This success is a corollary of the enormous effort that the
company has developed in favor of substantial changes and
that has been reflected in the improvement of services provided by the company. TAAG invested in the areas of maintenance
and engineering, ensuring the full operability of its modern
aircraft fleet. Formed and reclassified technicians of various
specialties, because it pretends to achieve excellence in operational, financial and commercial levels.
ACQUISITION OF NEW AIRCRAFTS
A TAAG recebeu com orgulho, mas também com grande responsabilidade, a notícia do levantamento das restrições impostas
pela Comissão Europeia, o que lhe permite operar para todos os
destinos europeus com a sua moderna frota de Boeing 777. Este
sucesso constitui o corolário do esforço ingente que a empresa
tem desenvolvido em prol de substanciais mudanças e que se
tem traduzido no melhoramento dos serviços prestados pela
companhia. A TAAG investiu nas áreas da manutenção e da engenharia, garantindo a plena operacionalidade da sua frota de aeronaves modernas. Formou e requalificou técnicos de diversas
especialidades, pois pretende atingir a excelência a nível operacional, financeiro e comercial.
Transport Minister of Angola, Augusto da Silva Tomás, and the
coordinator of TAAG’s Management Committee, Pimentel
Araújo, signed an agreement to purchase two B-777-300ER
from Boeing, at a ceremony which was attended by the responsible members for this company, members of the Angolan
government and that was held at the U.S. Corporate Council
on Africa in Washington DC.
The B777-300 is considered, by both airlines and passengers,
as the main option for long trips. It is 19% lighter than competitors, considerably reducing its fuel demand and producing
22% less carbon dioxide.
With the anticipated prevision of the aircraft’s arrival in 2011,
TAAG hopes to improve passenger’s comfort, offering a better customer service and greater diversification of its destinations.
AQUISIÇÃO DE NOVOS AVIÕES
IMPROVEMENT OF INTERNAL COMMUNICATION
O ministro dos Transportes de Angola, Augusto da Silva Tomás, e
o coordenador da Comissão de Gestão da TAAG, Pimentel Araújo,
celebraram um acordo para a aquisição de dois B-777-300ER à
Boeing, numa cerimónia que contou com a presença de responsáveis desta empresa, de membros do Governo angolano e que
teve lugar no Corporate Council on África U.S, em Washington DC.
O B777-300 é considerado, tanto pelas empresas aéreas como
pelos passageiros, como a principal opção para as viagens de
longo curso. É 19% mais leve do que os concorrentes, reduzindo
consideravelmente a sua exigência de combustível e produzindo
menos 22% de dióxido de carbono.
Com previsão de chegada dos aparelhos em 2011, a TAAG espera assim melhorar a comodidade dos passageiros, oferecendo
um melhor serviço ao cliente, bem como uma maior diversificação dos seus destinos.
The excellence desired by TAAG, especially regarding customer
service, demands awareness, continuous improvement and
corporate unit. In short, it demands changes in the behavioral
area. Deeply influenced by cultural habits, the change of attitude is not easy. Aiming to overcome the difficulties, TAAG has
intensified the dialogue with its employees, through regular
meetings in Luanda and in the provinces, to where the
Management Committee and the Directorate of TAAG have
been going. In May, the heads of all National Ranges held a
meeting in the province of Namibe. In June, a similar meeting
occurred in Luanda, with all international delegations from
TAAG, where issues like improving passenger’s service, cargo
and mail were discussed.
The importance of the Cockpit Cabin crew (PNC) in this whole
process is crucial, because the employees are the ones who
spend more time with the passengers, being responsible for
their safety and comfort. For this reason, TAAG, on the occasion
of the International Day of the PNC, held a meeting where the
relationship of the PNC with the passenger was discussed.
MELHORIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA
A excelência ambicionada pela TAAG, mormente no que concerne ao serviço ao cliente, exige consciencialização, melhoria con-
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torre de controlo
control tower
tínua e espírito corporativo. Em suma, mudanças na área comportamental. Profundamente influenciada por hábitos culturais,
a mudança de atitude não se afigura fácil. Com o intuito de ultrapassar as dificuldades, a TAAG tem intensificado o diálogo com
os seus colaboradores, através da realização de reuniões regulares em Luanda e nas províncias, para onde se têm deslocado a
Comissão de Gestão e a Direcção da TAAG. No mês de Maio, os
chefes de todas as Escalas Nacionais tiveram um encontro na
província do Namibe. No mês de Junho, verificou-se um encontro de igual cariz em Luanda, com todas as Delegações internacionais da TAAG, tendo sido abordadas questões que se prendem
com a melhoria do serviço aos passageiros, carga e correios.
A importância do papel do Pessoal Navegante de Cabine (PNC)
em todo este processo é fulcral, pois são os colaboradores que
mais tempos ficam com os passageiros, sendo responsáveis pela
sua segurança e conforto. Por esta razão, a TAAG, por ocasião do
Dia Internacional do PNC, organizou um encontro em que foi
debatida a relação do PNC com o passageiro.
NEW PHYSICAL STRUCTURES
The renovation and modernization of physical structures and materials have also been being carried out by TAAG. In this context, the
transport minister, Augusto da Silva Tomás, recently opened two
new operating structures of TAAG, including an Aeronautical
Medical Centre and a Centre for Operational Control, integrated
projects in the restoration works of the International Airport 4 de
Fevereiro.
TAAG’s Aeronautical Medicine Center is provided with different specialties physicians and was properly equipped in terms of its purpose. The nem Operational Control Center integrates the area of
Flight Operations and coordinates all operational activities of the
company: the daily schedule, control of all arrivals and departures
and the fulfillment of all programming.
NOVAS ESTRUTURAS FÍSICAS
A renovação e modernização das estruturas físicas e materiais
também têm estado a ser efectuadas pela TAAG. Neste âmbito, o
ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, inaugurou
recentemente duas novas estruturas operacionais da TAAG,
nomeadamente um Centro de Medicina Aeronáutico e um Centro
de Controlo Operacional, empreendimentos integrados nas obras
de restauração do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
O Centro de Medicina Aeronáutica da TAAG é assegurado por
médicos de diferentes especialidades e foi devidamente equipado em função do seu objectivo. O novo Centro de Controlo
Operacional integra a área de Operações de Voo e coordena todas
as actividades operacionais da empresa: a programação diária, o
controlo de todas as partidas e chegadas e o cumprimento de
toda a programação.
Publicidade da TAAG ganha três prémios em Moçambique
TAAG advertising wins three awards in Mozambique
A publicidade da companhia de bandeira TAAG conquistou três
prémios na quinta edição do Festival Internacional de
Publicidade de Moçambique. Os trabalhos premiados, criados
pela Executive Center para a TAAG, foram um anúncio para o voo
Luanda-Rio de Janeiro, outro anúncio para o voo LuandaHavana e uma campanha para o novo serviço de bilhetes electrónicos da TAAG e ganharam respectivamente dois prémios de
bronze e um de prata.
Apresentaram-se a concurso 263 peças de vinte agências de
publicidade de África, Europa e América Latina. De acordo com
os organizadores do Festival, o número de participantes tem
vindo a aumentar, assim como os critérios do Júri, que cada vez
mais exige trabalhos de qualidade mundialmente reconhecida,
o que vem provar que a comunicação da TAAG está ao nível do
melhor marketing internacional.
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The company’s advertising banner TAAG won three awards at
the fifth edition of the International Advertising Festival in
Mozambique. The winning works, created by the Executive
Center for TAAG, was an ad for a flight between Luanda and
Rio de Janeiro, another ad for the flight between Luanda and
Havana and a campaign for the new service of electronic
tickets TAAG and respectively won two bronze awards and
one silver.
263 ads from twenty agencies in Africa, Europe and Latin
America entered the competition. According to the Festival
organizers, the number of participants has increased, as well
as the jury criteria, which increasingly demands globally recognized work quality, which proves that TAAG advertising is in
the same level of the best international marketing.
responsabilidade social
social responsability
TAAG associa-se e ajuda actividades infantis
TAAG becomes an associate and helps children’s activities
Nos últimos meses, realizaram-se várias actividades significativas visando o público infantil. Preocupada com a situação
da criança angolana, a TAAG apoiou algumas delas, sobretudo as de carácter desportivo e cultural.
Neste sentido, a TAAG solidarizou-se com o projecto da
Associação Kandengue Habilidoso, presidida pelo renomado
futebolista Akwá, que com o fim de ajudar crianças carenciadas da província de Benguela, convidou figuras emblemáticas do nosso passado futebolístico e outras para um jogo
amistoso entre os Amigos de Akwá e os Amigos de Luís Figo
(Fundação Luís Figo). As receitas do jogo, realizado no estádio Ombaka e integrado nas festas da Cidade das Acácias
Rubras, reverteram a favor de instituições que protegem
crianças e outros carenciados.
Uma outra actividade em Luanda revelou igual sensibilidade
pelas necessidades das nossas crianças. Com efeito, o Grupo
de Amizade liderado por várias senhoras, incluindo algumas
embaixatrizes de países amigos, organizou um jantar de
beneficência, onde se fez o sorteio de duas viagens internacionais oferecidas pela TAAG. As receitas do mesmo também
se destinaram a instituições de solidariedade, em que se
incluíam as de apoio às crianças.
A Rádio Nacional de Angola e a Televisão Popular de Angola
comemoraram o Dia Internacional da Criança com um grande espectáculo infantil no Cine Tropical, para o qual convidaram o grupo “Estrelinhas D’Alva”, da província do Huambo. A
TAAG teve o maior prazer em apoiar o transporte de um
grupo infantil que tem feito muito sucesso pelo país e que
interpreta essencialmente canções religiosas que proclamam a união, o amor e a fraternidade.
A TAAG quis também juntar-se às comemorações da Casa
70, pelo seu 12º aniversário. Atendendo a tudo o que esta
instituição tem feito pela cultura angolana, a TAAG deu o seu
apoio incondicional à deslocação a Angola da banda da cantora brasileira Alcione e do cantor Neguinho da Beija-Flor,
associando-se assim à comemoração daquela data.
In recent months, there were several significant activities
aimed at children. Concerned with the situation of the
Angolan child, TAAG has supported some of them, especially
those activities regarding sports and culture.
Due to this situation, TAAG became part of the project
Kandengue Habilidoso Association, chaired by the renowned
footballer Akwá, who, in order to help needy children from the
province of Benguela, invited emblematic football figures
from the past and others for a friendly match between Akwá
Friends and Luis Figos’ Friends (Luis Figo Foundation). The
revenues of the game, held at Ombaka stadium and integrated in the Cidade das Acácias Rubras feasts, reversed in favor
of institutions that protect children and other needy people.
Another activity in Luanda showed equal sensitivity to the
needs of our children. Indeed, the Friendship Group led by
several ladies, including some ambassadors of friendly
countries, organized a charity dinner, where two international trips offered by TAAG were drawn. The revenues of the dinner were also for charity, which included the ones that support children.
The Angola National Radio and the Angolan Television celebrated the International Children’s Day with a big children’s
show ate Cine tropical, to which the group “Estrelinhas
D’Alva” from the province of Huambo, was invited. TAAG was
happy to support the transport of a children’s group that has
been successful all over the country and who plays primarily
religious songs that proclaim the unity, love and brotherhood.
TAAG also wanted to join the celebrations of Casa 70, for its
12th birthday. Given all that this institution has done for the
Angolan culture, TAAG supported unconditionally the visit of
the Brazilian singers Alcione and Neguinho from Beija-Flor,
thus joining the celebration that day.
bem-vindo a bordo
welcome aboard
Hospitalidade TAAG
TAAG hospitality
O comandante e a tripulação têm o prazer de lhe dar
as boas-vindas a bordo deste avião da TAAG - Linhas
Aéreas de Angola. Agradecemos por escolher a TAAG
para a sua viagem. Nos voos da TAAG, os passageiros
são recebidos à boa maneira angolana, com simpatia e
cordialidade. E será desta mesma maneira que
vamos fazer tudo para tornar a sua viagem o mais
agradável possível.
The captain and crew are delighted to wecome you
aboard this TAAG – Angolan Airlines flight. Thank
you for choosing to fly with TAAG. All our passengers
will enjoy the very finest Angolan friendliness and
hospitality. The steward and crew are to make your
flight as comfortable and enjoyable as possible.
SEGURANÇA A BORDO
• Os tripulantes de cabina ajudá-lo-ão na acomodação da
bagagem de mão nos compartimentos próprios ou debaixo
da cadeira à sua frente.
• Antes da descolagem, o pessoal de cabina informará ou
demostrará a forma de utilização dos sistemas de emergência existentes a bordo.
• Durante as descolagens e aterragens coloque as costas
das sua cadeira na posição vertical.
• Mantenha o seu cinto de segurança apertado enquanto
estiver sentado e sempre que o sinal de ‘‘apertar cintos’’
estiver aceso.
ON-BOARD SECURITY
• Our crewmembers are available to help you stow your hand
luggage in the lockers above your head or under the seat in
front of you.
• Before takeoff our crewmembers will introduce you to the
safety measures aboard this aircraft.
• During takeoff and landing, please place your seat in upright
position.
• Please fasten your seatbelts whenever you are seated and
whenever the fasten “fasten seatbelt” sign is lit up.
PASSAGEIROS FUMADORES
SMOKERS
This is a “Clean Cabin Air” flight (Blue Flight). All TAAG
flights are non-smoking, in line with guidelines set out by the
World Health Organization (WHO) for a healthier non-smoking environment.
Este é um voo do tipo “Cabina ar puro” (voo azul). Todos os
voos da TAAG são livres de tabaco, no quadro da adesão à iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) por um
mundo sem tabaco. Não é, pois, permitido fumar em qualquer área do avião.
ON-BOARD COMFORT
On long-haul flights, the following items will be made available
by TAAG to make your journey more comfortable:
pillows, blankets, toiletry kit, cots for babies weighing up to 16Kg
CONFORTO A BORDO
Para maior conforto e comodidade, nos voos de longa duração,
a TAAG coloca à disposição dos seus passageiros: almofadas,
cobertores, estojos de higiene individual, berço para bebés
até 16 kg.
ENTRETENIMENTO
A bordo dos aviões Boeing a TAAG dispõe de: canais de música, programa de cinema (projecção de filmes e documentários), auscultadores para audição dos canais de música e
som de filmes. E ainda para a leitura a TAAG oferece: jornais,
revistas e livros infantis.
Este exemplar da revista Austral é seu e pode ser levado consigo quando chegar ao seu destino.
IN FLIGHT ENTERTAINMENT
TAAG’s Boeings offers passengers:
Music channels
Movies (motion pictures and documentaries)
Earphones to listen to music and to movie soundtracks
(these will be handed out free of charge during the flight)
TAAG also offers its passengers a choice of reading:
Newspaper, magazines, children’s books
We highly recommend reading our in-flight magazine, Austral.
This is your copy to take away.
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frota
fleet
Boeing 777-200 ER
Velocidade Cruzeiro / Max. Cruising Speed 930 Km/h
Altitude Máxima / Max. Altitude 13.060 m
Raio de Acção/ Maximum Range 14.316 Km
Capacidade de Combustível / Fuel Capacity 171.190 L
Nº de Passageiros / Seating Capacity
14 (Primeira Classe / First Class)
50 (Classe Executiva / Executive Class)
190 (Classe Económica / Economic Class)
Boeing 747-300 Combi
Velocidade Cruzeiro / Max. Cruising Speed 983 Km/h
Altitude Máxima / Max. Altitude 13.030 m
Capacidade de Combustível / Fuel Capacity 180.710 L
Nº de Passageiros / Seating Capacity
16 (Primeira Classe / First Class)
54 (Classe Executiva / Executive Class)
200 (Classe Económica / Economic Class)
Boeing 737-700
Velocidade Cruzeiro / Max. Cruising Speed 900 Km/h
Altitude Máxima / Max. Altitude 12.424 m
Raio de Acção/ Maximum Range 6.035 Km
Capacidade de Combustível / Fuel Capacity 26.025 L
Nº de Passageiros / Seating Capacity
12 (Classe Executiva / Executive Class)
108 (Classe Económica / Economic Class)
Boeing 737-200
Velocidade Cruzeiro / Max. Cruising Speed 750 Km/h
Altitude Máxima / Max. Altitude 11.000 m
Raio de Acção/ Maximum Range 2.250 Km
Capacidade de Combustível / Fuel Capacity 19.000 L
Nº de Passageiros / Seating Capacity
12 (Classe Executiva / Executive Class)
116 (Classe Económica / Economic Class)
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Mapa de Rotas / Route Maps
Nacionais e Internacionais / Domestic and International
Londres
Bruxelas
Frankfurt
Pequim
Paris
Lisboa
Havana
Sal
Praia
Douala
Bangui
São Tomé
Ponta Negra
Brazzaville
Kinshasa
Lusaka
Lubango
Soyo
Harare
Rio de Janeiro
São Paulo
Windhoek
Joanesburgo
Maputo
Cape Town
rota TAAG / TAAG route
Code Share
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www.taag.com • call center 923 190 000
informação aos passageiros
notice for travellers
VOCÊ PODE, POR DESCONHECIMENTO OU NEGLIGÊNCIA, E SEM SE APERCEBER,
TRANSPORTAR PRAGAS E DOENÇAS PASSÍVEIS DE INFECTAR AS CULTURAS, OS
ANIMAIS E AS PESSOAS DESTE PAÍS.
PLEASE NOTE THAT YOU MAY, THROUGH IGNORANCE OR NEGLIGENCE, BE TRANSPORTING
DISEASES THAT COULD INFECT THE ANIMALS AND PEOPLE OF THIS COUNTRY
O que precisa de saber?
O estimado passageiro poderá querer trazer para Angola alimentos de origem vegetal ou animal, animais e troféus de caça,
mas sabe que existem restrições ao que pode transportar?
O Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural
(MINADER), através dos seus serviços especializados, assegura a sanidade e salubridade dos produtos de origem vegetal e animal, salvaguardando assim a saúde das plantas e dos
animais e o bem-estar dos angolanos e de todos os que visitam o país. Cada um de nós pode ajudar nesta tarefa, observando as normas e restrições relativas ao transporte de alimentos e de outros produtos de origem vegetal e animal:
? As pequenas quantidades (1 a 5 kg) para consumo próprio ou oferta não precisam de autorização prévia. Porém, os viajantes devem estar informados sobre os riscos associados ao transporte e consumo de alimentos
que não tenham sido inspeccionados pelas autoridades
competentes dos países de origem;
? Frutas e vegetais provenientes de qualquer parte do
mundo são aceites, excepto das seguintes regiões:
Sudeste Asiático, América Central, América Latina e
outros países onde existam moscas da fruta (Ceratati
capitata);
? Não podem ser transportadas mais de 200 gramas de
sementes e 3 plantas ornamentais por passageiro. É
proibida a introdução de sementes de ervas e plantas
silvestres, insectos vivos e microorganismos;
? Grandes quantidades destes produtos requerem autorização prévia de importação. Para tal, são necessários os
seguintes documentos: licença prévia de importação,
Certificado Fitossanitário ou Sanitário de Origem e
Alvará Comercial;
? Animais ou aves selvagens de estimação só podem entrar
no país, acompanhados de certificado sanitário, CITES de
origem e de número de Microchip, a informar ao IDF;
? Deve permitir que os produtos sejam inspeccionados pelas autoridades competentes do país.
Porque razão estas recomendações?
Para evitar que, por desconhecimento ou negligência, o
transporte de ovos ou larvas de insectos, esporos de fungos,
bactérias e/ou doenças de animais e plantas possam causar
prejuízos económicos, financeiros e sociais a este país.
Algumas doenças dos animais, tais como a Febre Aftosa e a
Peste Suína Africana, não são transmissíveis ao homem mas
são doenças virais dos animais, altamente contagiosas, que
What do you need to know?
We understand that travellers coming to Angola may wish to
bring in food from plants or animals, live animals or hunting
trophies. But do you know that there are restrictions on what
you can bring in from abroad?
The specialist services of the Ministry of Agriculture and
Rural Development (MINADER) are responsible for the quality of food from plants or animals. They apply norms regarding sanitation and safety to ensure the health of plants and
animals for the well-being of the Angolan people and of our
visitors. We can all help by observing the norms and restrictions relating to the transport of food and other plant and animal-based products:
? No permit is required for small amounts of 1 to 5 kg. if
these are strictly for personal consumption or gifts. However, travellers must be aware of the risks associated
with carrying and consuming food which has not undergone checks by the authorities in the country of origin;
? Fruit and vegetables from any part of the world are accepted except from South East Asia, Central and Latin America, and other countries with fruit fly (Ceratati Capitata);
? A maximum of 200 gr. of seed and 3 ornamental plants per
passenger can be carried. Seed for grass and woodland
plants, live insects and micro-organisms are forbidden;
? Large quantities of these products require prior authorisation for import. For this the following documents are required: import licence, health certificate or proof of origin indicating plant free from disease, and a commercial licence.
? Animals or wild birds carried as pets can only be brought
into the country if they have a health certificate, CITES
from the country of origin and microchip number. The IDF
must be informed;
? All products must be available for inspection by accredited Angolan authorities.
Why do we make these recommendations?
We want to avoid you transporting, through ignorance or negligence, eggs, insect larvae, fungus spores, bacteria and/or
animal and plant diseases that could cause economic, financial and social damage to Angola.
Some animal diseases, such as FMD or African swine fever,
cannot be passed to humans but they are highly contagious in
the animal world and widespread infection can cause enormous financial and economic damage. There are also viral
diseases, such as rabies and avian flu, that are extremely
contagious and can be passed to humans.
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informação aos passageiros
notice for travellers
podem causar prejuízos financeiros e económicos muito
avultados em caso de infecção generalizada. Por seu lado,
doenças virais dos animais como a Raiva e a Gripe Aviária
são altamente contagiosas e transmissíveis ao homem.
Formas de Transmissão
Quase todas as pragas e doenças são transmitidas por produtos vegetais e animais infectados ou por roupas e sapatos
contaminados. Se vai entrar em Angola solicitamos que
informe o Inspector Fitossanitário, o Veterinário Inspector
ou o Oficial da Alfândega no local de desembarque, nos
seguintes casos:
? Se transportar na sua bagagem produtos de origem vegetal
para consumir em Angola, plantas ornamentais, sementes
e partes de plantas para propagação;
? Se vem de um país onde se identificaram animais infectados com as doenças já referidas (febre aftosa, peste suína
africana, raiva e gripe aviária) ou se traz consigo um animal de estimação, peles, couros ou troféus de caça;
? Se nas duas semanas anteriores à viagem visitou alguma
exploração com bovinos, ovinos, caprinos ou aves. Se for
o caso, deverá desinfectar os seus sapatos e roupas e
evitar visitas a locais com animais sensíveis, durante o
período de uma semana.
Outras recomendações
? Se esteve num país afectado pela gripe aviária e tiver
febres altas (mais de 38ºC), depressão, tosse, congestão
nasal, dor de garganta, dor de cabeça e muscular, deve
ir imediatamente a uma consulta médica. Caso tenha
estes sintomas durante o voo, informe, no momento, a
tripulação.
? Se traz consigo um cão ou outro animal de estimação
sem vacinação actualizada, deve contactar o veterinário
ou a clínica veterinária mais próxima.
? Solicita-se ainda que se cumpram estritamente os seguintes princípios: não dê restos de alimentos que tenha
trazido da sua viagem aos animais; guarde os restos de
alimentos em sacos plásticos e coloque-os em contentores ou outros recipientes de lixo fechados, previstos
para o efeito.
OBRIGADO PELA SUA COMPREENSÃO E COOPERAÇÃO
Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural
Direcção Nacional de Agricultura,
Pecuária e Florestas (DNAPF)
Cx. Postal 1257 – Luanda, Angola
Telefax: +244 222 321 429
E-mail: [email protected]
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Forms of transmission
Almost all these scourges can be transmitted through infected
plant and animal products, from clothes or from contaminated
shoes. If you are entering Angola, please inform the health
inspector, vet or customs officer in the following cases:
? If you are carrying with you products of plant origin for
consumption in Angola, ornamental plants, seeds or
other parts of plants for propagating;
? If you come from a country where animals infected with
diseases already mentioned have been identified (FMD,
African swine fever, rabies and avian flu) or if you are
bringing in pets, furs, leather or hunting trophies;
? If you have visited, within two weeks prior to your journey,
any operation with cattle, sheep, goats or poultry. If so,
you should disinfect your shoes and clothes and avoid
visits within a week to places where there are animals
that could be at risk.
Other recommendations
? You should consult a doctor immediately if you have been
in a country affected by avian flu if you are running a temperature (above 38ºC), or you are affected by depression,
coughing, nasal congestion, sore throat, head ache or
muscular pains. If these symptons start during your
flight, you should inform the cabin crew immediately.
? If you are bringing a dog or other pet without up-to-date
vaccination, you should contact a vet or the nearest veterinary clinic.
? We would also ask that you comply strictly with the following principles: if you have left-over food from your journey, do not feed the animals with it. Keep it in plastic
bags and put it in containers or other purpose-made closed rubbish bins.
THANK YOU FOR YOUR UNDERSTANDING AND COOPERATION
Ministry of Agriculture and Rural Development
National Directorate of Agriculture,
Livestock and Forestry (DNAPF)
C. Postal 1257 – Luanda, Angola
Telefax: (+244) 222 321 429
E-mail: [email protected]
alfândegas
customs
Bagagem acompanhada
Accompanied Luggage
Passageiros e tripulantes
Passengers and crew
Canal verde / Canal Vermelho
Green channel / Red channel
É competência das Alfândegas efectuar o controlo da entrada e saída de mercadorias no país, inclusive a bagagem de
passageiros e tripulantes, dispondo para o efeito de um sistema de duplo canal de declaração e revisão de bagagem
acompanhada identificado pelas cores verde e vermelha.
It is the responsibility of Customs to control goods entering and
exiting Angola, including luggage carried by travellers (passengers and crew). For this reason there is a double channel system for clearing and checking passengers’ luggage. They are
designated as Red and Green Channels.
Canal vermelho: Mercadorias a Declarar
Sempre que os viajantes forem portadores de bagagem
acompanhada, cujo conteúdo possua carácter comercial e
por isso sujeita ao pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras, devem declará-las em consciência ao funcionário aduaneiro de serviço e passar pelo canal vermelho.
Em caso de dúvida na identificação de mercadoria comercial
ou não comercial dirija-se sempre ao canal vermelho. Sendo
que declarações incorrectas são passíveis de sanções previstas no art. 12º do Decreto Excutivo nº 27/02 de 5 de Julho.
Red channel: Goods to Declare:
Travellers carrying luggage with goods subject to payment of
duties and other custom tariffs must voluntarily and consciously declare them to the customs officer on duty or simply go
through the red channel.
In case of any query, go through the red channel. Inaccurate or
false declarations are liable to penalties stipulated under art. 12
of Executive decree no. 27/02 of July 5.
Canal verde: Nada a Declarar
Sempre que os viajantes não tiverem nada a declarar, devem
optar pelo canal verde.
Os artigos que se seguem constituem parte da bagagem
acompanhada e não precisam ser declarados, pois são
livres de direitos e demais imposições aduaneiras:
• Até 400 cigarros, ou tabaco fabricado, 500 charutos ou
cigarrilhas até 500 gramas;
• Até 1 litro de bebidas espirituosas com 40% de volume;
• 2 litros de vinho fortificados, espumante ou de mesa;
• Até 250 ml de água de toillette ou de loção para depois de
barbear ou produtos similares;
• Até 50 ml de perfume;
• Objectos de uso pessoal: vestuário, calçado, bijutarias (novos
ou usados), bem como presentes ou lembranças adquiridos
cujo valor não seja superior ou equivalente a USD 1000,00
• A menores de 18 anos de idade não é permitida a importação de cigarros, produtos derivados do tabaco e bebidas
alcoólicas.
São também considerados bens de uso pessoal, porém já
usados e, em apenas uma unidade de cada espécie, os seguintes objectos:
• Câmara fotagráfica ou de filmar portátil;
• Mini televisor portátil;
• Mini aparelho de som portátil;
Green channel: Nothing to Declare:
Travellers who do not have anything to declare should walk
through the green channel.
The following articles are seen as passenger luggage that does
not need to be declared. These items are exempted from duties
and other custom tariffs:
• Up to 400 cigarettes or manufactured tobacco, 500 cigars or
up to 500 grams of cigarillos;
• Up to 1 litre of liquor, 40% proof
• 2 litres of fortified, sparkling or table wine
• Up to 250 mls of eau de toilette, aftershave or similar products
• Up to 50 mls of perfume
• Personal effects: clothing, trousers, jewels (new or used) as
well as presents or souvenirs, purchased for less than or
equivalent to USD 1,000
• Travellers under 18 years of age are not permitted to import
cigarettes, tobacco products or alcoholic drinks.
The following articles are also considered to be items for personal use. Only one of each item is authorized:
• Photo camera or portable video camera
• Mini portable TV sets
• Mini portable hi-fi system
• Cellular or mobile phone
• Laptop
• Calculator
• Pushchair
• Wheelchair
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alfândegas
customs
• Celular ou móvel;
• Computador portátil (laptop);
• Calculadora;
• Carrinho de bebé;
• Cadeira de rodas.
Artigos como televisores, aparelhos de video ou DVD, sistemas de som, computadores, fornos, fogões, micro-ondas,
arcas, frigoríficos, ou qualquer outro artigo fora do previsto
no nº 2 acima, não estão classificados como objectos de uso
pessoal mas como electrodomésticos ou mobiliário sujeitos
ao pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras.
Tome nota:
• A revisão de bagagem é regulada pelo Decreto-Lei nº 2/05,
de 28 de Fevereiro - Pauta Aduaneira de Importação e
Exportação de Angola e o Decreto Executivo nº27/02, de 5
de Julho.
• Todas as mercadorias importadas para fins comerciais,
independentemente do seu valor estão sujeitas ao pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras conforme a legislação angolana.
• Os montantes cobrados pelas companhias aéreas aos
passageiros referentes ao excesso de peso da bagagem
permitida não têm nenhuma relação nem dependência
com o desembaraço aduaneiro e os impostos a pagar ao
Estado.
• Embora o despacho aduaneiro de mercadorias com valor
inferior a USD 1000,00 possa ser efectuado pelo importador, a mercadoria cujo valor seja igual ou superior a USD
1000,00 deve ser desalfândegada através de um
Representante do declarante (Despachante) ou outro
agente autorizado pelas Alfândegas.
• Em caso de necessidade de esclarecimentos adicionais,
dirija-se ao funcionário em serviço, na Direcção Nacional
das Alfândegas, Gabinete do Director Nacional (GDN), na
Delegação Aduaneira do Piquete do Aeroporto ou nos
piquetes aduaneiros em funcionamento nos aeroportos
com trâfego internacional.
Nota: O Pagamento dos direitos e demais imposições
aduaneiras deverão ser efectuados em moeda nacional,
conforme as taxas de referência do Banco Nacional de
Angola.
Artigo 12º (Decreto Executivo nº27/02
de 5 de Julho)
1. Para os viajantes não
residentes no território nacional,
para além do vestuário, artigos de
toillete e os definidos no artigo
9º, são-lhes particularmente considerados bens de uso
pessoal os seguintes:
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Articles such as TV sets, VCDs or DVDs, hi-fi systems, computers, ovens, gas cookers, microwaves, freezers, refrigerators or
any other item not included in point 2 above are not classified as
items for personal use but as electrical appliances or furniture,
subject to payment of duties and other customs tariffs.
Note:
• The checking of luggage is governed by Decree Law 2/05,
dated 28 February - Angolan Customs Tariff Code and by
Executive Decree 27/02, dated 5 July.
• Any goods imported for commercial purposes, irrespective of
their value, are subject to payment of duties and other custom
tariffs in accordance with Angolan legislation.
• Charges on excess luggage levied by air companies on passengers is in no way related to or dependant on customs
clearance and taxes payable to the state.
• Clearance of goods under USD 1,000 can be carried out by the
importer. However, goods above or equivalent to USD 1,000
must be cleared by a customs broker or any agent authorized
by customs.
• For further information, please contact the customs officer on
duty, in the DNA (National Directorate of Customs) or at the
customs post at the airport or customs points in airports with
international traffic.
Note: Payment of duties and other custom tariffs must be made
in Angolan currency in accordance with the reference rates of
the National Bank of Angola.
Article 12 (Executive decree no. 27/02 of July 5th)
1. Regarding travellers who do not reside in Angola, apart from
clothing, toilet requisites and other belongings defined in article 9, the items below are specifically considered as personal
effects:
(a) Used portable camera for photos or video with a reasonable quantity of films, tapes, and other accessories to be
used with it;
(b) Used portable sound recorder system including tape
recorders, CDs or and any educational equipment with
tapes, tape-recorder and records;
c) Used portable radio;
d) Used mobile phone;
e) Used portable typewriter;
f) Used laptop and accessories to go with it;
g) Used calculator;
h) Used baby’s pram;
i) Used wheelchair for an invalid.
2. When entering Angola with personal effects mentioned in
points a) to i) of the previous paragraph, non residents should
declare them on a proper form at the customs post
on entry and should keep the duplicate of the
form.
3. When leaving Angola, non residents
should present the duplicate of the declaration form mentioned above, which
allows the traveller to leave the country
with the items declared on the form.
(a) Câmara de filmar e máquina fotocopiadora acompanhadas
de uma quantidade razoável de películas, cassetes e outros
acessórios específicos ao seu uso, usados;
(b) Aparelho de reprodução de som portátil, incluindo gravador de cassete, discos compactos (CDs) e máquina
didáctica com fitas, gravador e discos, usados;
(c) Rádio receptor portátil, usado;
(d) Celular ou telefone móvel, usado;
(e) Máquina de escrever portátil, usada;
(f) Computador portátil e acessórios para seu uso, usado;
(g) Calculadora, usada;
(h) Carrinho de bebé, usado;
(i) Cadeira de rodas para inválidos, usada.
2. Na sua entrada em território nacional com bens de uso
pessoal referidas nas alíneas a) a i), do número anterior
devem os viajantes não residentes declará-los em formulário próprio junto da estância aduaneira de entrada, conservando o duplicado do documento resultante desse procedimento aduaneiro em seu poder.
3. No acto da saída do território nacional os viajantes não
residentes deverão fazer-se acompanhar do duplicado do
formulário da declaração referida no nº1 que permite ao
passageiro sair do território nacional com os bens nele
declarados.
REGIME ADUANEIRO E PORTUÁRIO ESPECIAL
PARA A PROVÍNCIA DE CABINDA
Abrange as mercadorias importadas para a Província de Cabinda sob o Regime Aduaneiro e Portuário Especial, consumidas e
usadas apenas na Província de Cabinda (Decreto Lei 4/04 de 21
de Setembro e Decreto Lei 6/06 de 20 de Dezembro).
No caso das mercadorias com carácter comercial, importadas sob o Regime Aduaneiro Portuário Especial para
Cabinda, saírem desta Província, os seus proprietários
devem declará-las junto das Alfândegas de Cabinda, antes
de fazer o check-in no Aeroporto ou de transportá-las por
qualquer outro meio.
Para fins desta declaração, é necessário apresentar os
documentos que comprovem a importação das mercadorias, nomeadamente, a cópia do (s) DU (s) franqueado (s)
pelas Alfândegas no momento da sua importação sob o
Regime Aduaneiro Especial de Cabinda; a cópia da(s) Nota
de Desalfandegamento e o(s) original (ais) do(s) DAR (s),
respectivamente, a fim de efectuar o pagamento dos encargos aduaneiros adicionais correspondentes ao Regime
Aduaneiro Geral.
Recomenda-se aos proprietários das mercadorias conservar os documentos que comprovem o pagamento dos
encargos aduaneiros adicionais. Recomenda-se ainda aos
passageiros apresentarem-se no Aeroporto de Cabinda
atempadamente antes do check-in, para poderem cumprir
com este trâmite e evitar constrangimentos e demoras desnecessárias.
As falsas declarações são passíveis de multas e penalizações de conformidade com as disposições da lei.
SPECIAL CUSTOMS AND PORT PROCEDURES
FOR CABINDA PROVINCE
Goods imported into the Province of Cabinda under the Special
Customs and Port Procedures are to be consumed and used
only in the Province of Cabinda (Decree Law 4/04 of 21
September and Decree Law 6/06 of 20 December).
Any goods of commercial value which were imported under the
Special Customs and Port Procedures of the Province of
Cabinda and are being taken out of the Province must be
declared at Customs by their owners before checking in at the
airport or before they are transported by other means.
For the purposes of this declaration, it is necessary to present
documents confirming the importation of the goods, which
means a copy of the DU stamped by Customs at the time of
import under the Special Customs and Port Procedures for
Cabinda, a copy of the Notice of clearance and the original copies
of the DAR (Document confirming Collection of Revenue). This
will serve as the basis for the payment of additional customs
charges as per the General Customs Procedures.
It is recommended that the owners of the goods keep the documents proving payment of additional customs charges. It is
also recommended that passengers turn up in good time for
checking in at Cabinda airport so as to carry out these procedures and avoid unnecessary constraints and delays.
False declarations are liable to penalties in accordance with
legislation in force.
check-in
check-in
De olho na segurança
With an eye on safety
Prepare-se para as novas regras
adoptadas nos aeroportos de todo o mundo
Get ready for the new rules in force in all
the world’s airports.
Desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, em
Nova Iorque, o procedimento de segurança a que os passageiros são submetidos antes do embarque nos aeroportos de
todo o mundo é cada vez mais minucioso. Em Agosto de
2006, uma nova tentativa (frustrada) de ataque utilizando
aviões – desta vez com explosivos líquidos e em Inglaterra –
tornou as medidas ainda mais severas. Imediatamente a
Transportation Security Administration, órgão que controla a
segurança aérea nos Estados Unidos, decretou uma série de
novas regras seguidas por inúmeros aeroportos. Embora
elas possam variar de país para país, há uma série de procedimentos recomendados para viagens por todo o planeta.
Antes de fazer as malas e preparar-se para o embarque, é
prudente conhecer quais são eles e como evitar dores de
cabeça antes da viagem:
É proibido levar grandes quantidades de líquido na bagagem
de mão. Cada produto (inclusive gel, espuma de barbear,
pasta de dente e sprays) deve estar acondicionado em recipientes com menos de 100 ml cada, que deverão ser colocados numa pequena bolsa de plástico transparente (de 20 X 20
All over the world since the terrorist attacks in New York on
11 September 2001, there has been an ever more detailed
scrutiny of passengers before embarkation. In August 2006
there was another attempt (this one frustrated), again using
planes, this time with liquid explosives and in England.
Measures became even more stringent. The Transportation
Security Administration, which controls air safety in the
United States, immediately set out a new series of rules
governing security. These are being followed by a great many
airports. Procedures may vary from country to country but
there are a number of precautions recommended for all
passengers in whatever part of the globe they happen to be.
Before you pack your bags and get ready for flying, it is a good
idea to get to know the rules and avoid headaches before your
flight leaves.
Large quantities of liquid in hand baggage are not allowed. Every product (including gel, shaving cream, toothpaste and sprays) must be in recipients of less than100 ml
each, and should be placed in a small transparent plastic
bag (20 cm x 20 cm) with a hermetic seal. It should be given
•
•
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•
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•
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•
cm) com fecho hermético, e que deve ser apresentada separadamente no raio-X. O limite máximo é de um litro e uma
bolsa plástica por passageiro. Maiores quantidades de líquido
continuam permitidas nas bagagens de porão.
Medicamentos, comida de bebé e leite materno não têm
restrição de quantidade, mas é preciso apresentá-los às
autoridades aeroportuárias e justificar a necessidade do
uso de tal quantidade durante o voo.
Líquidos adquiridos em lojas, cafés e restaurantes localizados após os aparelhos de raio-X são permitidos a
bordo. É recomendável não abrir as embalagens antes de
entrar nos aviões.
Passageiros com necessidades especiais devem comunicálas às autoridades. É o caso, por exemplo, de diabéticos que
precisam de viajar com seringas e dispositivos de insulina.
Embora não seja obrigatório, é aconselhável calçar sapatos e vestir casacos que possam ser retirados facilmente.
Muitos aeroportos pedem aos passageiros para tirá-los
para verificação no raio-X e, quanto mais demorado o processo, maior fica a fila e o seu mau humor – e também o
dos demais passageiros.
Portáteis e aparelhos electrónicos em geral serão analisados fora de suas bagagens e deverão estar prontos para
isso no tapete do raio-X.
Por todos os motivos acima mencionados, recomenda-se chegar aos aeroportos pelo menos duas horas antes da partida.
ANTES DA PARTIDA:
• Durma bem antes da partida. Se viajar para países com diferença horária superior a cinco horas, altere uns dias antes os
in for X-ray separately. The maximum limit is one litre and
one bag per passenger. Larger quantities of liquid are allowed for baggage stowed in the hold.
There are no restrictions on medicine, baby food and mother’s milk, but items must be presented to airport authorities and the quantities needed for the flight must be justified.
Liquids acquired in shops, cafés and restaurants after the
X-ray procedure are allowed. You are recommended not to
open packages before entering the plane.
Passengers with special needs must inform the authorities. This covers, for example, passengers with diabetes
who are travelling with syringes and insulin.
It is better to wear shoes and coats that can be taken off
easily, though this is not compulsory. Many airports ask
passengers to take off shoes and coats for X-ray, and the
longer this takes, the longer – and more irritable – you and
the queue can become.
Laptop computers and electronic equipment are normally
screened separately and should be ready for this when
placed on the X-ray carpet.
• Given all the procedures mentioned above, arrival at the
airport at least 2 hours before departure is recommended.
•
•
•
•
•
BEFORE DEPARTURE
• Sleep well before you leave. If you're travelling to countries
with more than 5 hours time difference, change your own
timetable to get close to the time where you're going.
• Eat light meals and avoid alcohol and gassy drinks.
• Take with you in your hand luggage any medicine you need
regularly and take as prescribed by your doctor.
• You should wear comfortable clothes made of natural fibres,
long enough to cover your arms and legs. Shoes should be
made of leather, comfortable and without high heels.
• If you go diving frequently, you should only travel 12 to 48
hours after your last dive to avoid risk of sickness brought
on by decompression.
• If you have breathing or heart problems, or if you've had
abdominal surgery or recent blood loss, you should check
with your doctor before flying.
• There are procedures and special facilities for passengers
with motor deficiency problems or special needs.
• If you are ill and being flown somewhere, the secondary
effects you experience will depend on the pathology, the aircraft, the medical equipment available and the specialist
who is with you on the flight.
• Many people suffer anxiety attacks when there is no alternative
transport available, so keep them calm using specialist help.
ON DEPARTURE
• When you are in the plane, look carefully at the safety instructions
provided by the cabin crew and on leaflets that are available.
• Make sure your luggage does not hinder circulation and
make your own movements difficult.
• Keep your seat belt on while seated, as there may be unexpected turbulence. - During the flight, the atmospheric con-
seus horários para aproximar-se do horário do país de destino.
• Coma refeições leves e evite o consumo de bebidas alcoólicas
ou gaseificadas.
• Leve na bagagem de mão os seus medicamentos habituais e
tome-os conforme a indicação do médico.
• Recomenda-se a utilização de roupa confortável em fibras
naturais que tape os braços e as pernas. Os sapatos devem ser
de couro, confortáveis e sem salto.
• Os praticantes de mergulho devem viajar cerca de 12 a 48
horas após o ultimo mergulho, devido ao risco de doença de
descompressão.
• Os passageiros com problemas respiratórios ou cardíacos não
compensados, bem como aqueles com cirurgias abdominais ou
hemorragias recentes devem obter autorização médica para viajar.
• Existem procedimentos e facilidades específicas direccionados
para o serviço dos passageiros com limitações motoras ou
necessidades especiais.
• As contra-indicações médicas absolutas para o transporte de
doentes dependem do tipo de patologia, de avião, equipamento médico e técnico de saúde acompanhante.
• Muitas pessoas sentem ansiedade quando não podem usar um
meio de transporte alternativo, por isso é importante tranquilizá-las através de ajuda especializada.
PARTIDA:
• Dentro do avião preste atenção às instruções de segurança
facultadas pela tripulação e pelos folhetos disponíveis.
• Acomode bem a bagagem de mão de forma a não impedir a
circulação e a não limitar os seus movimentos.
• Mantenha o cinto apertado sempre que estiver sentado porque
pode surgir turbulência inesperadamente.
• Durante o voo, o ambiente é diferente daquele a que somos
submetidos na superfície terrestre, dado que com a altitude
surge a descida de pressão atmosférica. No interior da cabine
dos aviões comerciais a pressão é correspondente a 2000
metros de altitude, a qual o organismo saudável se adapta.
NO DESTINO:
• É comum surgirem perturbações fisiológicas quando se atravessa vários fusos horários, tais como alterações de sono, problemas digestivos, dificuldade de concentração e cansaço.
• Adapte-se de imediato ao ritmo do país de destino, fazendo
refeições e períodos de sono de acordo com a hora local.
Exponha-se ao sol a faça exercícios físicos.
• Se a estadia for curta, mantenha os ritmos do país de origem.
PREPARAR A DESCIDA:
• Durante a descida, pode sentir desconforto ou tensão nos ouvidos devido à variação da pressão, que pode causar otite.
• Evite esta situação através da aplicação de gotas descongestionantes nasais, 15 minutos antes da descida. Faça movimentos
de mastigação amplos ou masque uma pastilha.
• Se tiver crianças de colo coloque-lhes uma chupeta ou dê-lhes
o biberão.
• Não deve aterrar adormecido.
ditions are different from what you are used to on land. This
is because atmospheric pressure drops as you climb. Cabin
pressure in commercial aircraft corresponds to the pressure at 2000 metres, and a healthy organism adapts easily.
ON ARRIVAL
• If you travel across various time zones, don't be surprised if your
system plays up. Common problems involve sleep patterns, your
digestive system, difficulties with concentration and tiredness.
• Get adapted to the new country's rhythm as soon as possible: have meals and get to sleep in accordance with local
time. Get some sunshine and do some physical exee rcise.
• If you're on a short trip, keep to your normal behaviour.
GETTING READY TO LAND
• As you come into land, you may feel some discomfort or problems in your ears. The change in pressure can cause ear pains.
• You can avoid this by taking nasal drops 15 minutes before going
in to land. Move your jaw as much as possible or suck a sweet.
• If you have young children with you, give them a lollypop or
a dummy to suck.
• You shouldn't be asleep as the plane lands.
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Viajante hi-tech
SEGMENTO
SECTOR
NOVIDADES
LATEST TRENDS
VESTUÁRIO
Tecidos corta-vento, impermeáveis, bloqueadores
solares e até repelentes de insetos, todos
altamente tecnológicos e “respiráveis”.
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MOCHILAS
Modelos com rodas acopladas, que podem ser
levados às costas, como de costume, ou puxados
por uma alça.
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BACKPACKS
Backpacks with in-built wheels, that can be
carried on your back, as standard, or pulled along
with a handle.
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BARRACAS
Auto-montáveis, que se abrem e fecham em
segundos, sem a necessidade de estacas e
grampos, apenas dobraduras.
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close in seconds without the need for poles or
pegs, only folds.
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SACOS DE DORMIR
Para o calor, há modelos 100% em seda; para o
frio, há aqueles térmicos graduados para diferentes
níveis de temperaturas. Leves e compactos.
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SLEEPING BAGS
For hot weather, get the 100% silk ones; for cold
weather get thermal bags graded by temperature.
Lightweight and compact.
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ACESSÓRIOS
Toalhas em 100% microfibra, que ocupam três
vezes menos espaço, pesam muito pouco e têm
secagem quase instantânea.
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Versões digitais para download em iPods e
iPhones.
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Digital versions available to download to your iPod
or iPhone.
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Malhas de aço de difícil ruptura que “vestem” a
bagagem e podem ser presas a objectos fixos
através de cadeados.
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to padlock to non-moving objects.
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Hi-tech traveller
CLOTHING
Abrigos corta-vento. Calças à prova de água.
Camisas que impedem a passagem da
radiação solar, ou ainda que repelem
os indesejados mosquitos. Hoje em
dia, a simples tarefa de arrumar
a mala para uma viagem de
aventura pode transformar-se em algo extremamente complexo. Isto
porque nos últimos anos
a gama de artigos especializados cresceu
enormemente, e actualmente há desde toalhas de secagem instantânea
até sacos de dormir térmicos a
fazer companhia aos bons e velhos
canivetes suíços (que, aliás, estão
sempre a inovar e já não se limitamse à função). As maiores marcas
mundiais do segmento desportivo
estão a investir pesadamente nas
pesquisas de materiais inovadores e futuristas, e o resultado está
já ao alcance do viajante profissional que deseja acrescentar ao passeio uma boa dose do espírito Indiana Jones. Ou um
toque de futuro – afinal, até
mesmo os guias de viagem
agora já vêm em formatos digitais...
Wind cheaters and waterproof
trousers. UV sun shirts to block sun
rays. Clothes to repel undesirable
mosquitoes. These days the simple
task of packing your bag for an adventure
trip can become extremely complicated.
That is because for the past few years
the range of specialised gear has
grown tremendously, and currently
there are items from quick-dry towels
to thermal sleeping bags sold alongside the trusty Swiss army knives
(which, in any case, are always
being innovated and are no
longer seen as just a tool to do
a job). The sporting world’s
biggest names are investing
heavily in researching new
materials that are both groundbreaking and forward thinking. Any
professional traveller wanting to
add a good dose of Indiana Jones
spirit to a trip now has access to
new products as a result. Or
maybe just a taste of the
future — after all, even travel guides are digital now...
TENTS
GUIAS DE VIAGEM
TRAVEL GUIDES
SEGURANÇA
SECURITY
MARCAS DE REFERÊNCIA
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35
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AEROPORTOS DO MUNDO
THE WORLD’S AIRPORTS
Curiosidades sobre as obras mais
emblemáticas do planeta
Interesting facts about the most
iconographic structures on the planet
O MELHOR DE ÁFRICA
THE BEST OF AFRICA
É já sabido que a África do Sul esteve a modernizar todos os
seus principais aeroportos, tendo em vista a Taça do Mundo
de Futebol de 2010. Mas os bons frutos vieram antes mesmo
do Mundial. Na última eleição organizada pela empresa de
consultoria inglesa Skytrex, que elege os melhores aeroportos do mundo anualmente, o Cape Town International Airport
foi eleito o melhor de África. Participaram das pesquisas
cerca de 9,8 milhões de pessoas. Os trabalhos de ampliação
do aeroporto tiveram início em 2005 e foram finalizados este
ano. A grande estrela do projecto foi inaugurada em
Novembro do último ano: um novo terminal central, com
exactas 120 posições de check-in, onde o tecto curvilíneo e
as paredes de vidro são os destaques da arquitectura.
Quando totalmente finalizado, o novo edifício de estacionamentos terá o tamanho equivalente a 16 campos oficiais de
futebol. O aeroporto, com capacidade de transportar 8,5
milhões de passageiros por ano, terminou o ano de 2009 com
3,9 milhões de passageiros e 47.805 aterragens. Trata-se do
segundo maior aeroporto da África do Sul (perdendo apenas
para o O R Tambo International, em Johannesburgo) e o terceiro maior de todo o continente.
It is well known that South Africa has been modernising all its
main airports in preparation for the 2010 Football World Cup.
But we can enjoy the fruits before the competition even starts.
At the last event organised by the British consultancy firm
Skytrex, to decide which of the world’s airports wins the
annual price for best airport, Cape Town was awarded best
airport in Africa. More than 9.8 million people were canvassed. In 2005, the expansion of Cape Town Airport got
underway and work was finished that same year. The jewel of
the project was officially opened in November last year: a new
central terminal, with precisely 120 check-in desks. Its curvy
roofline and glass walls are an architectural triumph. When it
is finally ready, the new car park will span 16 regulation size
football fields. The airport has the capacity to handle 8.5 million passengers a year, and by the end of 2009, 3.9 million
passengers had gone through its doors, and 47,805 planes
had landed there. This is the second largest airport in South
Africa, second only to O. R. Tambo International in
Johannesburg, and it is the third largest on the continent.
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A FORÇA DO HOMEM
MAN’S STRENGTH
Quando a região de Osaka, no Japão, optou por construir um
novo aeroporto, nos anos 80, os esforços não foram poupados. A começar pelo sítio escolhido: o vasto Golfo de Osaka,
que naquela altura era só mar. A solução? Construir uma ilha
artificial para abrigá-lo, com cerca de 4 quilómetros de comprimento. As obras hercúleas tiveram início em 1987, e contaram com a participação de 10.000 trabalhadores. Na
sequência entrou em cena o trabalho genial do arquitecto italiano Renzo Piano, o mesmo que assina os traços do Centre
Georges Pompidou de Paris, ganhador do Prémio Pritzker de
1998. O terminal, inaugurado em 1994, tem a forma de um
grande tubo de metal e vidro onde, no segundo andar, podese ver as estruturas expostas – a marca registada do arquitecto. A ilha fica a pouco mais de 3 quilómetros de distância
da costa e é acessível unicamente por uma ponte de 3.750
metros de extensão, onde também circulam trens. A obra foi
uma das vencedoras do importante prémio Monumentos do
Milênio da Sociedade Americana de Engenheiros Civis.
When the city of Osaka in Japan decided to build a new airport
in the 1980s, no effort was spared. First came the site: the
vast Gulf of Osaka, which in those days was only sea. And the
solution? To build an artificial island to house the airport,
around 4km long. This herculean task started in 1987, and
more than 10,000 workers were employed on construction.
Soon after, the architectural genius Renzo Piano got involved
— the man who created the Georges Pompidou Centre in
Paris and winner of the Pritzker Architecture Prize in 1998.
The terminal was opened in 1994, and is shaped like a long
metal and glass tube, and from the second floor you can see
its inner structure exposed – the trademark of this architect.
The island is just over 3km off the coast and is only accessible by a bridge spanning 3,750m, used also by trains. The
work was one of the winners of the renowned Monuments of
the Millennium prize awarded by the American Society of Civil
Engineers.
cartão postal
postcard
EM CASA PELO MUNDO
O mercado do aluguer de imóveis de
férias está a crescer em todo o mundo,
com alternativas que vão de castelos a
apartamentos de luxo
Uma nova modalidade de viagens está a surgir com grande
força: o aluguer de casas de férias pelo mundo. E já não é preciso que as férias no estrangeiro sejam longas – já é possível
alugar um imóvel para estadias a partir dos três dias. As vantagens vão além da impessoalidade dos hotéis. Quem escolhe
ficar em casa pode rechear a rotina de actividades típicas dos
moradores locais, tais como ir aos melhores mercados ou
tomar um vinho na varanda ao final da tarde, por exemplo.
Outro ponto alto, para além do espaço, é o preço. Na Europa,
um apartamento duplex com todo o conforto pode custar o
mesmo que um hotel três estrelas sem qualquer atractivo. A
Internet tornou-se a melhor aliada destes viajantes – os sítios
das imobiliárias e intermediadores especializados no tema
mostram uma variada gama de fotografias, para além da
localização exacta no mapa, o que é fundamental na eleição
do imóvel perfeito. Quem vai à França, por exemplo, encontra
desde apartamentos em Paris até castelos inteiros na
Provença. Na Itália, há desde villas renascentistas com piscina na Toscânia até estúdios em Milão e Roma. Em Buenos
Aires, na Argentina, destacam-se os apartamentos de alto
design. Alguns dos melhores sites de aluguer de casas no
estrangeiro são o VRBO (www.vrbo.com), o Rent4Days
(www.rent4days.com), o Vacation Home Rentals (www.vacationhomerentals.com) e o Friendly Rentals (www.friendlyrentals.com), mas há outras centenas mais.
A HOME ANYWHERE
IN THE WORLD
The holiday home business is booming
globally; you can rent anything from a luxury
flat to a castle
A new kind of break is taking the holiday market by storm:
rent a home anywhere in the world. Gone are the days when
holidays abroad needed to be lengthy – these days a property
can be rented for just 3 days or more. It is not just that homes
are more personal than hotels. Holidaymakers who choose to
rent a home can spend their break on local day-to-day routines, like going to the best markets, or relaxing with a glass
of wine on the balcony at sundown. Another attraction, in
addition to having more space, is the price. In Europe, a luxurious fully-equipped duplex apartment will cost the same as
a three-star hotel with no frills. The Internet has now become
the best asset for travellers. Real estate agents and specialist brokers display a comprehensive set of photographs on
their sites with the property’s exact location pinpointed on a
map: both essential when choosing the perfect place to rent.
If you are going to France, for example, you can find everything from flats in Paris to whole palaces in Provence. In Italy,
you can rent renaissance villas with a pool in Tuscany, or a
studio in Milan or Rome. In Buenos Aires, Argentina, high-end
designer flats are the properties of choice. Some of the best
holiday home rental sites abroad include:
VRBO (www.vrbo.com); Rent4Days (www.rent4days.com);
Vacation Home Rentals (www.vacationhomerentals.com); and
Friendly Rentals (www.friendlyrentals.com); but there are hundreds more.
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CAPITAL DOS PERFUMES
THE CAPITAL OF PERFUME
Mais de metade de todas as essências do
mundo nasce em Grasse, uma pequenina
cidade do Sul da França.
More than half of the world’s fragrances
come from Grasse, a small city in the south
of France.
Cercada de campos floridos, entre as terras da Provença e as
praias mediterrânicas da Riviera Francesa, está a pequena
cidade de Grasse, com menos de 50 mil habitantes.
Localizada na famosa Rota de Napoleão (o trajecto percorrido pelo governante na volta do exílio na Ilha de Elba, rumo a
Lyon, no ano de 1814), ela é a capital mundial dos perfumes.
Cerca de 60% de todas as essências do planeta saem dos
seus laboratórios – há mais de 50 deles na cidade. A tradição
existe desde o século XVI, quando a indústria do curtume foi
substituída pela indústria das fragrâncias. A grande responsável pelo feito foi a rainha Catarina de Médicis. Incomodada
pelos odores das luvas de couro cru, ela lançou a moda das
luvas perfumadas. E então a cidade, rodeada por um verdadeiro jardim de rosas, jasmins, mimosas e lavandas (ou seja,
matéria-prima em abundância), descobriu a sua verdadeira
vocação. Toda esta história é contada no museu dedicado à
perfumaria, localizado no seu centro histórico. É também
possível visitar as suas principais fábricas e acompanhar,
passo a passo, como os perfumes são criados.
With a population of less than 50,000 inhabitants, the small
city of Grasse is surrounded by fields of flowers, nestled
between Provence and the Mediterranean beaches of the
French Riviera. It is a historic spot on the famous trail blazed
by Napoleon after his exile on Elba en route to Lyon in 1814.
Around 60% of the world’s fragrances come from laboratories
in Grasse – there are more than 50 of them in the city. The tradition of making perfume dates back to the 16th
C, when perfume replaced the leather tanning industry. Queen Catherine de
Medici of Italy was the decisive
figure who changed the fate of
Grasse forever. She disliked the
unpleasant smell of rawhide
gloves and only wore perfumed
gloves – soon this became the
height of fashion in France. At the
time, Grasse was surrounded by
gardens of
roses, jasmine,
mimosa and lavender - a true
abundance of raw
materials. The city
had found its
true vocation.
You can discover the whole story at a
museum dedicated to perfume in the
city’s historic
centre. Or you
could also drop into one of
Grasse’s main factories to learn the art
of making perfume step by step.
cartão postal
postcard
GUERREIROS E FERAS
A Reserva Nacional de Masai Mara, no
sudoeste do Quénia, é um dos mais
impressionantes sítios de África para
observar a vida selvagem
Todo ano, ao final do mês de Julho, a Reserva Nacional de
Masai Mara, no Quénia, recebe dois milhões de novos visitantes. Não estamos a falar dos turistas do mundo inteiro que de
facto invadem esta que é uma das mais importantes reservas
de animais de África, mas de um contingente impressionante
de gnus e zebras que se deslocam a uma velocidade impressionante desde as terras da vizinha Tanzânia, em busca de
água e novos pastos. Trata-se da maior migração animal do
planeta – os animais chegam a percorrer, em todo o trajecto,
quase 3 mil quilómetros. No mês de Outubro, com a volta das
chuvas ao lugar de origem, retornam às reservas do
Serengeti e protagonizam novamente o espectáculo, que tem
o seu auge na travessia dos dois rios que cortam os parques
– onde enormes crocodilos os aguardam. Mas, apesar de
estrelas da festa, eles não são os únicos atractivos da Reserva
Nacional de Masai Mara, um enorme parque que ocupa uma
área de 1.510 quilómetros quadrados no sudoeste do Quénia.
Terra dos Masai Mara, os destemidos guerreiros que estabeleceram-se no país no século XVII, é também um dos melhores sítios para espreitar animais selvagens, a incluir os big
five: leões, rinocerontes, elefantes, búfalos e leopardos.
WARRIORS
AND WILD ANIMALS
The Masai Mara National Reserve, in
southwest Kenya, is amongst the most
impressive locations in Africa to
observe wildlife
Each year, towards the end of the month of July, the Masai
Mara National Reserve in Kenya welcomes two million new
visitors. But we are not talking about tourists here (although
they really do flood in from all over the world to come here, as
this is one of the most important wildlife reserves in Africa).
No, we are talking about an impressive gathering of gnus and
zebras who travel at an astonishing pace from neighbouring
Tanzania in search of water and new pastures. This is the
biggest migration of wildlife on the planet – the animals cover
almost 3 thousand kilometres from start to finish. In October,
when the rainy season starts back home, the animals return
to reserves in the Serengeti. They steal the show, especially
at the highlight of their journey, when they have to cross both
of the rivers cutting through the parks – and where enormous
crocodiles lie in wait. But despite being the stars of the show,
they are not the only thing worth seeing in the Masai Mara
National Reserve, a massive park stretching 1.510km2 in
southwest Kenya. The land of the Masai Mara, home to the
fearless warriors who settled here in the 12th century, is also
one of the best places to spot wildlife, especially the big five:
lion, rhino, elephant, buffalo and leopard.
conexão internacional
international connexion
MOÇAMBIQUE MOZAMBIQUE
AO SOM DAS TIMBILAS
Tomado de uma estranha ansiedade, corri pela
TERRA DA BOA GENTE
amurada do “barco de viagem” e fui postar-me no
WITH THE STRAINS OF THE TIMBILA — THE LAND OF GOOD PEOPLE
num céu de estrelas. E logo me tocou a alma, me
balanço da proa, o olhar em busca do segredo da
noite. E logo o infinito se mostrou. No tecto do mar,
preveniu o engenho e as ideias. Mas não deu som
às palavras. Foi no mistério do absoluto silêncio
que o “ouvi” e entendi.
Texto/text: Carlos Brandão Lucas
Fotos/photos: Marina Brandão Lucas
– Sou o Infinito e por mim passa todo o tempo.
Nasci com o Universo há mais de 15.000 milhões de anos.
Depois foi a explosão do brilho de todos os sóis. O rodopio de
todos os mercúrios e todas as luas. Na terra desmoronou-se
a Pangeia, alinharam-se outros perfis de continentes e oceanos, Himalaias e fossas de Mindanau. Surgiram os perfumes
dos ares, os clarões dos raios, os traços da chuva. Até que,
há 50.000 anos nasceu o Sapiens Sapiens, o homem.
Sou o Infinito, tão infinito como o tempo …
E nem mais um quadro de silêncio!
Quanto ao “barco de viagem” aí vai ele rasgando picos de
mar, na esperança de que o sol da manhã vença a escuridão
e aponte o caminho do porto.
Mas, surpresa num instante! Deitaram-se gestos aos ventos
forçando-os à bonança. Enquanto a noite se escondia noutros algures do céu. Enquanto os verdes e amarelos dos
coqueiros e das casuarinas pintavam florestas na beira-mar.
Já as âncoras se afundavam na quebra das ondas, na toalha
de espuma que se estendia pela areia.
Assim naveguei este retalho do oceano Índico, este lanço da
costa de Moçambique, assim aportei a Inhambane. E não foi
a primeira vez !
Ah! Bem me recordo das belas praias do Tofo, do Tofinho e da
Barra; dos muitos dhows, velas latinas, carregando gente e gente
que chega e parte de Maxixe, no outro lado da baía de J’Bane …
…Novamente a ansiedade. Novamente o absoluto silêncio.
– Sou eu, o Infinito, o tempo!
É a imagem dos dhows – essas embarcações de vela triangular – que me traz de regresso ao século VII, tempo já de
grande afluência/influência árabe sobre os povos da costa
oriental de África.
Os árabes. Também indonésios, indianos, chineses, persas.
Mercadores e artesãos. Traziam consigo a febre do ouro, do
marfim, das peles de leopardo, das carapaças de tartaruga,
dos escravos. Pagavam com tecidos, armas, louças, missangas. Foi assim no desfiar de séculos.
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conexão internacional
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Gripped by an inexplicable anxiety, I ran along the
‘tour boat’ bows and perched on the prow lookout,
my eyes keenly seeking for the secret of the night.
Suddenly, I saw the infinite on the roof of the sea in
a sky of stars. Immediately, it touched my soul, laying the ground for creativity and ideas. But not a
word was spoken. It was in the midst of total silence
that I ‘listened’ and understood.
“I am the Infinite and all of time flows through me.”
I was born with the Universe more than 15,000 million years
ago. The light of every sun combined exploded next. Each
Mercury and Moon began their swirl. On earth, Pangaea
broke apart, giving rise to new outlines of continents and
oceans, birthing the Himalayas and the trenches of
Mindanau. The air filled with perfume, rays of light shone
through, and the first drops of rain were felt. Until one day,
some 50,000 years ago, Sapiens Sapiens, or man, was born.
I am the Infinite, as infinite as time itself …
And no more silence was heard!
As for the ‘tour boat’, just watch it tear through the sea’s
troughs and peaks, yearning hopefully for the dawn’s first
rays to banish the dark and show the way to a safe port.
Instead, we get an instant surprise! The winds begin forming
and taking shape, forced into fair winds. Meanwhile, the night
took refuge in other corners of the sky; and meanwhile, the
greens and yellows of coconut groves and casuarina pines
tinged the seaside forests. Anchors were already cast overboard, sinking fast through the rollers, cutting through a
swathe of foam stretching along the sand.
That is how I sailed this corner of the Indian Ocean, this
stretch of Mozambique’s coastline; how I gained Inhambane.
Furthermore, this was not my maiden voyage!
Oh! How well I recall the beautiful Tofo, Tofinho and Barra
beaches; the myriad dhows, latin sails, transporting more and
more folk to and from Maxixe on the far side of J’Bane Bay...
That anxiety once more; that absolute silence once more.
“It is I, the Infinite, time itself!”
It is this image of dhows – these vessels with triangularshaped sails – that transports me back to the 7th century, a
time of great Arabian wealth and influence on the communities of the eastern coast of Africa.
The Arabs were here, but so were travellers from Indonesia,
India, China and Persia, both tradesmen and artisans. They
brought with them a thirst for gold, ivory, leopard skins, turtle shells and slaves. They paid in kind with cloth, weapons,
porcelain and beads. And so it remained as many centuries
filed past.
How I wish I could also time travel to the past! Say, back to
January 1498, for example.
“For you to see Vasco da Gama’s armada, on its ‘sea passage
to India’ resting at the mouth of the Cobre river (called
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ilusão inventada pela força do longe? Ou apenas um eco?
Timbila. Um som de fausto. O ritmo. A dança.
– E como se constrói este instrumento musical? – pergunto,
curioso.
– Vamos no mato, buscamos maçalas, que parecem cabaças.
Mas têm que ser de muito tamanhos. Depois também trazemos a cera das abelhas e a planta donde se tira borracha. E
noutros sítios a gente vai buscar pele de vaca. Mas para
construir as timbilas sempre vai demorar. E ainda faltam
mais coisas … – responde-me o régulo.
– E esse problema do Mwenje ?
– Esse é que está um bocadinho difícil. Mas já foi pior. Porque
a árvore Mwenje, essa é muito boa para fazer as teclas das
timbilas. E tinha muita gente a cortar mwenje só para queimar na fogueira, até que ia fazer carvão e trabalhar na padaria. Então até mesmo nós encomendámos mwenje que vinha
da África do Sul para arranjar boas timbilas. Tem lá um
primo que mandava.
Timbila. A música, o coro, o ritmo, a dança. Com todo o povo
de Zavala aplaudindo, rasgando sorrisos, balançando os corpos, elegendo o ardor da vida na sua grande festa de M’saho.
Timbila. Soprano/chilanzane. Alto/sanje. Tenor/mbingwe.
Baixo/dibinda. Contrabaixo/chikuulu. E está aqui uma
orquestra com quinze timbilas; e com os chocalhos, os njele,
Quanto eu gostaria de poder também viajar regressos! Até
Janeiro de 1498 por exemplo.
- Para veres a armada de Vasco da Gama, no seu “caminho
marítimo para a Índia” pousada na foz do rio do Cobre – hoje,
rio Inharrime – na Terra da Boa Gente?
É impossível, eu sei.
Mas vou folheando o texto de Álvaro Velho, o relato, o testemunho da viagem.
“ (…) indo numa quinta feira que eram dez dias de Janeiro,
houvemos vista de um rio pequeno e aqui pousámos ao longo
da costa.
(…) Aqui estivemos cinco dias tomando água (…) Não tomámos
água quanto nós quiséramos porque o vento nos iguava de viagem (…) E a esta terra pusemos nome Terra da Boa Gente!”
E vou folheando também POETAS DE MOÇAMBIQUE – literatura oral.
Vimos os brancos chegando em barcos
Tais brancos eram barbudos
Dizem que Vasco da Gama entrou em Nhamue
Encontrou Mahamugue e a mãe Khudzi a pescarem
Saíram dos barcos, inquiriram-nos
Chuviscava nesse dia e Mahamugue
Disse-lhes: entrem, “belani Khu nyuinbani”
E os brancos escreveram: Inhambane
Até hoje a cidade assim se chama
Toquem as timbilas saudando-a
Então, hoje mesmo, e em obediência ao poema, as timbilas
(marimbas) lançam a música nos caminhos, na distância que
vai de Zavala (Quissico) até à cidade de Inhambane. Ou é mera
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Inharrime today) – in the Terra da Boa Gente (The Land of
Good People)?
It is not possible. I know.
But nonetheless, I keep leafing through the chronicles of
Álvaro Velho, a witness to the voyage.
“(...) it being a Thursday, the tenth day of January, we sighted a small river and we anchored here on the coast.
(...) We stayed here ‘watering’ for five days (...) We did not get
as much water as we had wished for, though, as the wind
egged us on to set sail (...) And we christened this place Terra
da Boa Gente – The Land of Good People!”
And so I leaf through THE POETS OF MOZAMBIQUE – an oral
literature
We saw the whites arrive by boat
These whites wore beards
They say that Vasco da Gama entered Nhamue
He saw Mahamugue and mother Khudzi fishing
They left their boats, and posed us questions
It was raining softly that day and Mahamugue
Said to them: enter, “belani Khu nyuinbani”
And the whites wrote down: Inhambane
And that remains the city’s name to this day
Timbilas are playing to welcome it
So, to this very day, and in calling with the poem, the timbilas
or marimbas reveal their songs on the far off road leading
from Zavala (Quissico) to the city of Inhambane. Or could it
just be an illusion created by the power of distance?
The timbila is a sound for pomp and circumstance; a rhythm
and a dance.
“How do you make this musical instrument?” I ask curiously.
“We go into the bush to find maçalas, they look like gourds.
But we have to find ones of many different sizes. We also fetch
beeswax and a plant you get rubber from. In other places
people use cowhide. It always takes a long time though to
make timbilas. And there are other things we also need...” a
local leader replies.
“What about the problem of the Mwenje?”
“That is still a little bit tricky. But we have seen worse. The
Mwenje tree, you see, that’s the good one to use to make timbila keys. And many people used to cut the Mwenje just for
firewood, in large enough quantities to make coal so they
could make bread. It got to a point that we even had to order
Mwenje from South Africa if we wanted to make good timbilas. A cousin of ours who lives there used to send them over.”
The timbila conjures up music, chorus, rhythm and dance.
Witness the people of Zavala bursting into applause, grinning
from ear to ear, swaying their bodies, and choosing the
ardour of life during their grand M’saho festival.
The timbila parts play soprano (chilanzane), alto (sanje), tenor
(mbingwe), bass (dibinda) and double bass (chikuulu). Here is
an orchestra of 15 timbilas; with the cymbals, the njele, and
the seeds of the white lily setting the pace; and the macetas
(hammers) striking the keys.
“It is I again, the Infinite.”
“Remember the year 1953. Many people will still recall, but...
“Around that time, an orchestra was founded, made up of
around forty timbilas and eighty dancers from Zavala. It performed in Mozambique’s capital city, in Beira, Bulawayo and
in Harare, formerly Salisbury.
As someone commented: “These shows were performed at an
incredibly high level, a testimony of extraordinary virtuosity...”
“Something certainly worth bearing in mind.”
After all, it was not by chance that the Zavala Marimbeiros
were formally recognised as a cultural World Heritage by
UNESCO in 2005.
“Here I am again once more. With the experience of time I can
echo your very words.” That is how I sailed this corner of the
Indian Ocean, this stretch of Mozambique’s coastline; how I
gained Inhambane – Terra da Boa Gente – The Land of Good
People.
One day we will return! Who knows?!
Absolute silence…
com as sementes de lírio branco marcando os compassos; e
as macetas, com que se batem as teclas.
– Sou eu de novo, o Infinito.
Para lembrar o ano de 1953. Muita gente se há-de recordar
mas …
Formou-se por essa altura uma orquestra com cerca de
quarenta timbilas e oitenta bailarinos, gente de Zavala, que
se exibiu na capital de Moçambique, na Beira, em Bulawayo
e em Harare, a antiga Salisbúria.
Como alguém disse “foram espectáculos de um nível de execução e de um virtuosismo extraordinários” …
– … que vale a pena ter em conta.
Aliás, não foi por acaso que, em 2005 os Marimbeiros de
Zavala foram classificados pela UNESCO como Património
Cultural da Humanidade.
– Agora eu, mais uma vez. Com a experiência do tempo.
Capaz até de repetir palavras tuas.”Assim naveguei este
retalho do oceano Índico, este lanço da costa de Moçambique,
assim aportei a Inhambane” – Terra da Boa Gente.
Havemos de voltar ! Quem sabe !
Absoluto silêncio …
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conexão internacional
international connexion
Singapura, um dos menores países do mundo, é
um oásis de excelência no Sudeste Asiático.
No último mês de Janeiro, a Ilha de Sentosa, em Singapura,
viu surgir, da noite para o dia, 1.350 novos quartos na sua
rede hoteleira, com a inauguração de quatro hotéis no
novíssimo Resort World (um deles a exibir a grife Hard
Rock). Nos próximos meses, quando estiver 100% finalizado, este número saltará a quase 2.000 com duas outras
novas unidades. O complexo, que inclui ainda uma filial
asiática dos Universal Studios, dos Estados Unidos, é um
dos maiores investimentos naquele que é um dos menores
e mais desenvolvidos países do mundo. Mas não é o único.
Do outro lado da cidade, na região de Marina Bay, acaba de
abrir as portas mais um empreendimento megalómano: o
Marina Bay Sands, um conjunto de três edifícios futuristas
onde, a 200 metros de altura, ergue-se um parque de 12,5
mil metros quadrados, com uma piscina que percorre todo
o topo das três torres a desafiar as leis da gravidade. Entre
os “pormenores” do complexo está um casino de 15 mil
metros quadrados, com 500 mesas de jogos e 1.600 máquinas caça-níqueis e um shopping center entrecortado por
canais a ocupar uma área de 75.000 metros quadrados,
onde tamanho exagero permite passear de barco por entre
lojas como a Prada, a Gucci, a Ralph Lauren.
Tudo isto vem somar-se a um esforço sem precedentes do
Governo de lançar holofotes a esta cidade-país localizada
entre a Malásia e a Indonésia, no coração do Sudeste
Asiático. Um dos maiores trunfos desta estratégia foi o lançamento, dois anos atrás, do primeiro Grande Prémio de
Fórmula 1, a realizar à noite e em circuito de rua. Tamanha
curiosidade demandou um poderoso sistema de iluminação
capaz de simular as condições diurnas da corrida, e voltou
Ilha do futuro
An island of the future
conexão internacional
international connexion
Singapore is one of the smallest countries in the world,
yet it is an oasis of excellence in south-east Asia.
Last January, the number of hotel rooms on the island of
Sentosa, Singapore, jumped practically overnight when 1,350
rooms opened up in four new hotels at the brand new Resort
World complex, which includes a Hard Rock branded hotel.
Over the next few months, once the complex is fully completed, the number of rooms will reach almost 2,000 as two new
establishments are added on. Resort World also has an Asian
branch at Universal Studios in the United States. It is one of
the largest investments of its kind in one of the smallest and
most developed nations on earth, but it is not alone.
Across town, at Marina Bay, a mega-project has just opened
its doors: the Marina Bay Sands, which brings together three
futuristic buildings. At 200m up, a 12,500m2 park has been
built with a swimming pool that spans the top of all three towers to defy the laws of gravity. Some of the ‘extras’ at the complex include a 15,000m2 casino, with 500 gaming tables and
1,600 slot machines and a shopping mall interwoven by
canals and covering a massive 75,000m2. It is so big in fact
that you can even travel by boat between stores like Prada,
Gucci and Ralph Lauren.
These projects are examples of the Singapore government’s
unprecedented move to rocket launch this city (and country)
located between Malaysia and Indonesia, in the heart of
south-east Asia. One of the stand-out successes of the
Government’s approach was the launch two years ago of the
Grand Prix Formula I championship, which takes place at
night on an urban road circuit. This unusual nocturnal event,
which requires a powerful lighting system to simulate daytime racing conditions, drew everyone’s attention to the
region. Now, Singapore is once again dominating world headlines.
Singapore comprises a main island and a few smaller adjacent islands, and its land area is just 710km2 (that’s less than
a third of Luanda province). It only gained independence from
neighbouring Malaysia in 1965, after centuries of British colonial rule. Its population has reached 5 million, made up mainly of Chinese, Indian and Malay residents, a fascinating cultural melting pot, influenced heavily by the West. You can visit
temples here similar to those found in China, you can tour
spice markets right out of India, and go to mosques just like
those in Malaysia. All this set against a high-tech backdrop,
perfectly graced by a sea of skyscrapers.
Despite being less than 50 years old, Singapore has achieved
some surprising feats. It has attracted massive foreign inward
investment, increased its population’s life expectancy to more
than 80 years of age, and lifted its GDP per capita to reach one
of the highest levels in the world: around US$35,000. Its
transport system is flawless and Singapore has become a
main stop-off on the global shopping circuit. Its elegant
avenues are packed with enormous malls and big name
shopping centres selling top electronic brands, where the lat-
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conexão internacional
international connexion
todas as atenções para a região. Agora, Singapura está de
novo a dominar as manchetes mundiais.
A ocupar uma ilha principal e as ilhotas adjacentes a ela,
Singapura, com apenas 710 quilómetros quadrados de área
(o equivalente a menos de 30% do tamanho da província de
Luanda), só tornou-se independente da vizinha Malásia em
1965, depois de estar por séculos sob domínio da Coroa
Britânica. A sua população, de quase 5 milhões de pessoas,
é formada basicamente por chineses, indianos e malaios,
em um mix cultural fascinante com fortes influências ocidentais. É possível visitar templos como aqueles da China,
fazer compras em mercados de especiarias que poderiam
estar na Índia, visitar mesquitas como aquelas da Malásia.
Mas tudo isto em um ambiente hi-tech e impecavelmente
decorado por um mar de arranha-céus.
Nos seus menos de 50 anos de vida, Singapura foi capaz de
feitos surpreendentes. Atraiu investimentos estrangeiros
em massa, aumentou a expectativa de vida da sua população a mais de 80 anos de idade, elevou o PIB per capita a um
dos mais altos índices mundiais: cerca de US$ 35.000. Tem
um sistema de transportes impecável e é um dos principais
destinos do mundo no quesito compras. As suas avenidas
elegantes estão recheadas de enormes galerias e shoppings
de grandes grifes e electrónicos, que vendem o que há de
mais moderno a preços mais baixos do que no Ocidente – e
com direito a devolução de impostos aos estrangeiros.
Agora, com os novos investimentos que estão a abrir as portas em 2010, os quase 10 milhões de turistas só devem
aumentar ainda mais e contribuir logo-logo para mais um
recorde singapurense.
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est innovations are sold for less than in the West – and there’s
a tax refund for foreigners too. Now, with new attractions
coming online in 2010, the number of tourists arriving here is
only set to rise (tourists currently number almost 10 million)
and no doubt this surge will swiftly mark yet another
Singapore record.
um fim-de-semana em...
a weekend in...
PARADÍSEOS
O paraíso em formato de complexo turístico
A tourist resort paradise
Texto/text e/and Fotos/photos: Carlos Lousada
PARADÍSEOS traduz-se num paradisíaco complexo turístico
que se estende a escassos 59 quilómetros de Luanda, mas já
na vizinha província do Bengo, para onde se vai em estrada
nova e com bonita paisagem a desfilar pelos olhos.
O nome ‘Paradíseos’ assenta-lhe como uma luva, integrado
que está num espectacular cenário e em ambiente de sossego que faz pensar no ambicionado Paraíso Terrestre: as falésias da Barra do Dande, a sombra das frondosas Matebeiras
(espécies de Palmeira) e quilómetros de areia branca da
praia de águas despoluídas.
Aberto desde 1996, é provavelmente dos complexos turísticos mais antigos e há mais tempo em permanente função,
possuindo 20 tendas de campismo, com duas camas cada, 5
bungalows e 2 cabanas com quarto de banho privativo e frigobar. Tem parque de estacionamento privativo gratuito com
Paradíseos is a tourist resort paradise a mere 59km from
Luanda, just inside neighbouring Bengo Province, accessible
by a brand new road with breathtaking views as you go past.
The name ‘Paradíseos’ fits like a glove, as the resort is located in spectacular countryside and is marked by tranquil surroundings that give you an inkling of heaven on earth: the
cliffs of Barra do Dande, the shade of the leafy Matebeiras (of
the Palm tree family) and miles of white sands and unpolluted waters.
Open since 1996, this is probably one of the most longstanding and oldest tourist resorts operating in Angola. It offers 20
camping tents (each with twin beds), 5 bungalows and 2 cabins with an en suite bathroom and a mini-bar. There’s a complimentary private car park on site and you do not have to
worry about breakfast as it is included in the daily rate.
um fim-de-semana em...
a weekend in...
segurança permanente, mas também não precisa de pagar o
pequeno-almoço, que está incluído no aluguer da habitação.
Falando em comida, o local é ideal para se comer peixe fresco,
proporcionado pelas condições de pesca à linha. Do mar, bem
perto da foz do rio Dande, saem os peixes linguado, pargo,
garoupa, pungo e, em termos de marisco, a lagosta e a gamba.
Mas também se pode dar um passeio de barco ao longo do rio
e, se desejar, pescar meia dúzia de choupas (tilápia grande).
A casa é especializada em grelhados, normalmente acompanhados de abundantes saladas, batata cozida, arroz de tomate e feijão preto. Mas há um serviço à lista bastante variado,
entre carnes, peixes e mariscos, sendo as refeições servidas
tanto no restaurante, como em mesas dispostas na praia.
É assim que, logo pela manhã, desfilam pelas mesas os
pequenos-almoços Continental, Combinado ou Americano.
Ao almoço, é possível deliciar fumaça cheirosa proveniente
de pratos como Corvina na Brasa, Garoupa Grelhada,
Linguado Dourado, Cacusso ou Choupa ou de um apetitoso
Bacalhau a Lagareiro… Os mariscos não lhe ficam atrás:
choco grelhado, gambas grelhadas, lagosta grelhada ou em
forma de caril.
Em matéria de carnes, a escolha pode recair para os churrascos, bitoques, picanha, tornedó em cama de legumes,
entrecostos e bifes, não faltando a batata frita e cozida, arroz
branco e de legumes, banana frita e saladas diversas. As
sobremesas são preenchidas com frutas soltas ou em salada, pudim da casa, bolo do dia, mousses…
Também é dedicada uma atenção religiosa às bebidas, da água
ao vinho, passando pelos sumos naturais, cervejas, cocktails e
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Still on the subject of meals, this is the ideal place to sample
fresh fish, as there are ample opportunities for angling. From
the sea, near the mouth of the river Dande, catches include
sole, pargo, grouper fish, pungo and seafood includes lobster
and king prawn. But you can also take a tour by boat along the
river, if you wish, to fish for half a dozen choupas (large st
peter’s fish).
The restaurant’s speciality is the grill, normally served with
heaps of salads, boiled potatoes, tomato-flavoured rice and
black beans. But there is also a comprehensive à la carte
menu, offering meat, fish and seafood. Meals are served both
at the restaurant and on tables set out on the beach.
Tables are laid out for breakfast first thing in the morning and
you can order continental, American or a combination of the
two. At lunchtime, the barbecue smokes with a delicious
aroma of flame-grilled Sea Bass, Grilled Grouper, Yellow
Sole, and the local Cacusso or Choupa, or even the tasty
Bacalhau a Lagareiro (Dried Cod Lagareiro style). Not forgetting the seafood: grilled calamari, grilled king prawns, and
lobster either grilled or curried.
As for the meat menu, you could opt for a mixed grill, steaks,
picanha fillet, rib-eye served on a bed of vegetables, spare
ribs and beefsteaks, served with potatoes (fried and boiled),
white rice and vegetables, fried plantain and various salads.
Desserts range from fruit dishes or fruit salads, the house
pudding, the cake of the day, and mousses...
There is a wide variety of drinks everything on offer from
water to wine, from freshly made juices, beers, and cocktails
to a post meal tipple. Bottled water from near and far is avail-
um fim-de-semana em...
a weekend in...
digestivos. Água engarrafada de todas as proveniências, vinhos
novos, velhos, brancos, tintos e rosés (chilenos, sul-africanos,
portugueses, franceses…) fazem as delícias da casa.
Bebidas espirituosas também estão à disposição dos que
gostam de abrir e fechar as refeições com Whiskies, Brandys,
Conhaques, Aguardentes, novos e velhos, não faltando evidentemente uma chávena de saboroso e cheiroso café.
able, new world and old world wines, whites, reds and rosés
(from Chile, South Africa, Portugal and France...) all making
up a delicious wine list.
The house also offers spirits for those who like to start and
finish off a meal with a whisky, brandy, cognac or firewater,
young or old. A cup of tasty, aromatic coffee rounds off the
meal nicely.
LOCALIZAÇÃO
LOCATION
Saindo de Luanda pela estrada de Cacuaco, antes de Caxito
desvie à esquerda, até à Ponte do Rio Dande, já na Província
do Bengo, está o complexo turístico Paradíseos.
Abre das sextas-feiras a domingos, incluindo feriados. Normalmente a partir de sábado fica lotado, pelo que convém fazer
reserva através dos números: 93638889/ 912436457/ 923716791.
De acordo com o seu responsável, Samuel dos Santos, 32
anos de idade, formado em hotelaria, o complexo turístico
está mais vocacionado para o descanso, “depois do buliço da
cidade de Luanda ter ficado para trás”.
“A ideia não é fazer farra na praia, é descansar e viver a calma”,
disse Samuel dos Santos, ele que foi o nosso cicerone durante
a visita àquele complexo turístico – enquadrado em hotelaria
nos empreendimentos destinados à exploração turística, aproximando-se do conjunto de serviços prestados pelos ‘resorts’.
To get to Paradíseos, just set off from Luanda on the Cacuaco
road, turn left before Caxito and drive to the Rio Dande
Bridge, just inside Bengo Province. It opens from Fridays
through to Sundays, even during holidays. As it is often fully
booked from Saturday onwards, advance booking is recommended. Please call: 93638889/912436457/923716791.
The manager, Samuel dos Santos, is 32 and a hotel school
graduate. He explains that “once the hustle and bustle of
Luanda is left far behind” the resort is a great place to chill out.
“The whole idea is for our guests to rest and relax peacefully
here, not to have a rave party on the beach,” says Samuel, our
guide during the tour of Paradíseos. This establishment is
one of many designed to cater for tourists, offering nearly the
same services as a fully-fledged resort.
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JOÃO
MELO
o homem dos sete ofícios
a man of many parts
Activo e interventivo, João Melo responde às ques-
João Melo is an active interventionist. He answers
tões sentado na diversidade que a vida lhe trouxe.
the questions posed from a standpoint based on the
Poeta, contista, empresário, político é uma figura
diversity that life has brought him. He is a poet,
reconhecida na sociedade angolana pela sua ver-
story teller, businessman, politician and a figure
satilidade. Vencedor do Prémio Nacional de
known in Angolan society for his versatility. He won
Cultura e Artes de 2009, assume na entrevista que
the national culture and arts prize in 2009, and in
se segue algumas ideias para o país sem deixar de
the following interview he puts forward some ideas
opinar sobre as suas duas paixões: o jornalismo e
on the country while also giving his opinion on his
a escrita.
two passions: journalism and creative writing.
O João Melo é um homem com várias actividades – jornalista, escritor, deputado, empresário... Com qual delas se
identifica melhor?
Na verdade vejo-me, basicamente, como escritor-jornalista
ou jornalista-escritor, a ordem depende daquilo que estou a
fazer no momento. É claro que também tenho, desde os
meus 18 anos, um envolvimento político formal. Venho, aliás,
de uma família que sempre esteve relacionada com a política, mas também com a cultura e com o jornalismo. O meu
pai [Aníbal de Melo] foi jornalista e também nacionalista. Os
meus tios estiveram envolvidos na luta nacionalista e ao
mesmo tempo são escritores, artistas plásticos... Essa
marca genética é evidente. Por outro lado, o exercício de cargos políticos é sempre uma coisa momentânea.
João Melo is known as a man of many parts – journalist,
writer, member of partliament, businessman... With which
of these do you identify most clearly?
In all truth, I see myself fundamentally as a writer-journalist
or a journalist-writer. The order depends on what I am doing
at the time. Since I was 18, of course, I have also been specifically involved in politics. In fact I come from a family that has
always been involved in politics, though also with culture and
journalism. My father [Aníbal de Melo] was a journalist and
also a nationalist. My uncles were involved in the nationalist
struggles but at the same time they are writers and artists in
the plastic arts... The genetic imprint is there for all to see.
And there is also the fact that holding a political post is never
a matter for all time.
É assim como que uma espécie de passagem...
Pois. Costumo brincar com a situação, porque quando me
nasceram na barriga da minha mãe, ninguém me nasceu
deputado. É um pouco como dizia um antigo ministro da
Cultura brasileiro: Eu "estou" deputado, não "sou" deputado.
O que eu sou realmente é escritor e jornalista.
So it’s a kind of passage...
Something of the kind. I often joke about it. After all, when I was
born from my mother’s womb, I was not born a member of parliament. It’s a bit like a former Minister for Culture in Brazil said:
Being a member of parliament is a temporary not an essential
part of oneself. What I really am is a writer and a journalist.
Falou da marca genética. Considera que existe em si uma
forte influência familiar, paternal, no seu trajecto ou acaba
por ser um seguimento natural da vida?
Acho que é um pouco das duas coisas. A influência do meu pai
é mais natural, porque convivi pouco com ele. Ele saiu do país
You mentioned a genetic imprint. Do you consider that there
is a strong family, or paternal influence here in your path
through life or is it just something that happened naturally?
I think it’s a bit of both. In terms of my father’s influence, it is
more a question of nature, since I spent little time with him.
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He left the country in 1961, in the early days of the uprising (I
was six at the time), and he only returned fourteen years later.
I spent a year with him and then he died. But I remember
some things: the first time I went to an editorial office was
with him. It’s one of the few complex memories that I have –
a curious thing, because I have few memories of my childhood. I remember another thing that he also said when we
met after his return: "If you want to be a writer, you have to
read Eça [de Queirós]".
And did you?
Sure I did. But a clearer influence came through my uncles on
my mother’s side. I ended up spending a lot of time with them
and to a certain extent they were a real influence on me. Not
many people know that in terms of reading and drawing, it was
as a cartoonist that I first got into journalism, before I went to
study in Coimbra [Portugal]. Generally speaking, it was the family atmosphere that fostered this taste for reading and culture.
When did you go to Coimbra to study?
In 1973, the idea being to study law – which I never finished.
In December 74 I returned to Angola, along with many youngsters who had been in Lisbon and Coimbra. In March 75 I
began at Rádio Nacional de Angola as an editor.
em 1961, no início da luta armada (tinha eu 6 anos), e só voltei
a vê-lo catorze anos mais tarde. Convivi com ele mais um ano
e entretanto ele morreu. Mas lembro-me de algumas coisas: a
primeira vez que visitei uma redacção foi com ele. É das poucas
lembranças conjuntas que guardo – é curioso porque tenho
poucas lembranças da minha infância. Também me lembro de
outra coisa que ele me disse, já quando nos reencontrámos:
"Se queres ser escritor tens de ler Eça [de Queirós]".
E leu?
Li, claro. Agora, uma influência mais próxima veio através
dos meus tios maternos. Acabei por conviver com eles mais
tempo e de certo modo influenciaram-me. Em termos de leitura, de desenho, pouca gente sabe mas iniciei-me no jornalismo como cartoonista, ainda antes de ir estudar para
Coimbra [Portugal]. De um modo geral, o ambiente familiar
estimulou esse gosto pela leitura e pela cultura.
Em que altura foi para Coimbra estudar?
Fui em 1973, para fazer Direito – coisa que nunca mais acabei. Em Dezembro de 74 voltei para Angola, juntamente com
uma série de jovens que estavam em Lisboa e em Coimbra,
e em Março de 75 comecei a trabalhar na Rádio Nacional de
Angola como redactor.
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What do you remember of those times, a young 18, 19-year
old Angolan in Coimbra, in the period just before the revolution?
Up to 25 April 74, the general approach in Portugal was to be
tight-lipped. Nobody opened up to anybody... We found out
about some things, and others things were reported, but we
shared the information with very few of the people we knew.
We never let on who we were or what we thought, because
many of us already had a nationalist streak. The ideas behind
this had already been born in fact, in the Salvador Correia
High School in Luanda. We talked about these things in small
groups, but always very cautiously.
And then you returned to Luanda. What do you remember of
those times?
The times were unique. As soon as the 25th April happened,
the connections with the people who were in Portugal became
very close. At the time, and before we returned permanently,
we got involved in activities focused on immediate independence for Angola. We organized meetings, parties, debates in
Coimbra, in Covilhã, in Aveiro... It was at this time that
Agostinho Neto came through Coimbra, and he was destined
to be the country’s first president. He exhorted us to get
involved in the process of building the country. Most of us did.
On top of this, I got a phone call from my father, who told me
simply: "Come back". Today, that’s all history. But they are
moments you will never live through twice.
Is it possible to draw anything parallel with what we are living through in Angola today?
Como se recorda desses tempos, de um jovem angolano de
18, 19 anos em Coimbra, numa época de pré-revolução?
Até ao 25 de Abril de 74, o ambiente em Portugal era muito
fechado, ninguém se abria para ninguém... Sabíamos e
tínhamos notícias de alguns episódios, mas partilhávamos
essas informações com muito pouca gente. Nunca dissemos
bem aquilo que éramos e o que pensávamos, porque muitos
de nós já tínhamos pensamentos nacionalistas. Essas
noções tinham começado, aliás, ainda antes, em Luanda, no
Liceu Salvador Correia. Num pequeno grupo, conversávamos
sobre essas coisas. Mas com muita cautela.
E depois, o regresso a Luanda, que sentimentos carrega
ainda hoje sobre essa fase?
Foram momentos únicos. Logo após o 25 de Abril, as ligações com o pessoal que estava em Portugal tornaram-se
muito mais estreitas. Naquele período, e até ao regresso
definitivo, envolvemo-nos logo em actividades em prol da
independência imediata de Angola. Organizámos encontros,
festas, debates, em Coimbra, na Covilhã, em Aveiro... Foi
nessa altura também que passou por Coimbra Agostinho
Neto, que viria a ser o primeiro presidente de Angola, e que
pediu que nos integrássemos no processo de ascensão do
país. A maior parte de nós assim o fez. A juntar-se a isso,
também recebi um telefonema do meu pai, que me disse
There are two differences right from the start. One is that
there was a great sense of solidarity at that time. The concerns we had were for all of us collectively. Today this is not
the case. There is extreme individualism, with social and
community aspirations at a low ebb. This is very dispiriting.
The other thing is that in spite of the difficulties of the time,
there were great expectations and real enthusiasm... What I
see today is deep scepticism, with real suspicions about what
the future will bring... This is, in fact, not unconnected with
the extreme individualism I mentioned. The country needs a
new vision. It’s not enough to say that we are building a new
Angola. And we need to take this on board.
And what should be the pillars holding up this "new Angola"?
The political, economic and military powers are mainly
responsible for the situation, and they should set an example. In the first place, this example should be concern for
everybody. They have to take the moral high ground, so that
they can get people up and involved in the discussion of the
really serious problems the country is facing. In no way will
the country be transformed just by diktat or through propaganda.
That could be a good cue for a glance at the situation of
journalism in Angolan, since it would seem to have been
raio-x
x-ray
simplesmente: "Volta". Hoje é história, mas são momentos
que não se vivem duas vezes.
Será que é possível fazer algum paralelismo com o momento que se vive actualmente em Angola?
Há desde logo duas diferenças. Uma delas é que naquela
altura havia um grande sentimento colectivo. As preocupações que tínhamos eram eminentemente colectivas. Hoje
não, há um individualismo exacerbado e as preocupações
colectivas e sociais estão em baixa, o que não deixa de ser
lamentável. A outra diferença é que, apesar das dificuldades
daquele momento, havia uma grande esperança, uma grande expectativa, um entusiasmo... Hoje noto que parte da
nossa sociedade está mergulhada num grande cepticismo,
desconfiança em relação ao futuro... O que, aliás, não deixa
de estar ligado ao exacerbamento individualista. O país precisa de um novo projecto, não basta dizer que estamos a
construir a nova Angola. É preciso que interiorizemos isso.
E quais deveriam ser os pilares dessa "nova Angola"?
As elites políticas, económicas, militares são as principais
responsáveis e são elas que devem dar o exemplo. O exemplo
de, em primeiro lugar, preocupação com os problemas da
colectividade. Têm que dar um exemplo de moralização e têm
que saber mobilizar a sociedade e envolver todos na discus-
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reborn over the past few years with new ideas and new proposals. Are we on the right path?
The climate for the press is totally different now from what it
was in the first 16 years after independence and even from the
period that was ushered in after the conflicts of 92. We are in
a period of far more political freedom and this in itself is a
good thing. But democracy, as Gorbatchov once said, is a
very good thing but it means we have to listen to a lot of prattle. (baboseiras)... This happens not only in the press in
Angola. Around the world there are trends that end up having
an effect on us as well. I would mention two or three: campaign journalism, personal attack journalism and even in
some cases smears – using unfounded innuendo without any
basis in fact, without doing background work. And the use of
communication for real lynchings in public. But these are
issues that should be discussed in society, because it cannot
be solved by the police. It’s good that this becomes clear. And
it’s obvious that there may be some disenchantment on my
part, but I still believe that journalism is one of the pillars of
a really democratic system.
What do Angola’s journalists need to enhance their performance, to create their own style?
A large part of the Angolan press is still following a style used
in a Portuguese newspaper now no longer in print, "O
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são sobre os gravíssimos problemas que o país tem. Não se
transforma o país por decreto ou apenas com propaganda.
Essa pode ser uma boa deixa para olhar um pouco para o
jornalismo angolano, já que nos últimos anos também
parece estar a renascer, com novos projectos e novas propostas. Estamos no bom caminho?
O clima que a imprensa vive hoje é totalmente diferente dos
primeiros 16 anos de independência, e mesmo do período
que se seguiu aos conflitos de 92. É um período de maior
liberdade política, o que em si mesmo é uma coisa boa. Mas,
como disse uma vez Gorbatchov, a democracia é uma coisa
muito boa mas também nos obriga a escutar muitas baboseiras... O que não é exclusivo da imprensa em Angola. No
mundo inteiro vão-se registando novas tendências que acabam por nos afectar também. Mencionaria duas ou três: o
jornalismo de campanha, o jornalismo de ataque e até
mesmo algum denuncismo – a denúncia pela denúncia sem
bases factuais, sem investigação. E a utilização da comunicação para autênticos linchamentos públicos. Mas são questões que devem ser discutidas pelas sociedades, até porque
isto não se resolve com a Polícia. É bom que fique claro. E é
óbvio que, apesar de algum desencanto, continuo a acreditar
que o jornalismo é um dos pilares de um verdadeiro sistema
democrático.
O que falta aos jornalistas angolanos para melhorar o seu
desempenho, para criar um estilo próprio?
Grande parte da imprensa angolana ainda imita o estilo de
um antigo jornal português, "O Independente", dirigido por
Paulo Portas [actualmente líder político em Portugal]. O que
é lamentável! Realmente não existe ainda uma Escola
Angolana de Jornalismo. Embora a história contenha bases
para que isso possa ser formulado. Mas é preciso, em primeiro lugar, conhecer essa história. Por exemplo, temos
uma tradição de cronistas, de rádio. São elementos que
podem ser trabalhados hoje em dia. Mas para além da história, que é fundamental, creio que falta reflexão e discussão.
Salvo algumas excepções, o jornalismo angolano actual é
uma imitação do que de pior se faz no jornalismo português.
Falta reflexão para ir além de uma certa retórica em questões-chave, como por exemplo a liberdade de imprensa,
democracia, mas que não resistem a uma análise aprofundada. Como não reflectimos sobre isso, somos incapazes de
perceber que os jornais e os jornalistas não passam de instrumentos nas mãos de determinadas fontes.
O João Melo estudou no Brasil, foi delegado da agência de
notícias angolana (a Angop) naquele país, que é um dos
mercados mais maduros ao nível da comunicação. Pode o
Brasil ser uma referência para nós?
Em termos técnico-expressivos acho que só temos a aprender. A escola brasileira de jornalismo é talvez a mais avançada na nossa língua. Temos muito a aprender em termos de
objectividade, de estilo directo e objectivo, de um estilo mais
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Independente", run by Paulo Portas [now the leader of a political party in Portugal]. This really is beyond the pale. There is
just no Angolan school of journalism yet, although we can
look back and see that the seeds were there to be sown. But
first you need to know the history. We have, for example, a tradition of columnists and the radio. They are factors that could
be worked on now. But over and above history, which is fundamental, I think we need reflection and discussion. Leaving
aside some exceptions, Angolan journalism as it stands is an
imitation of the worst aspects of journalism in Portugal.
There needs to be reflection if we are to go beyond rhetoric
used for a few key issues, such as freedom of the press,
democracy, subjects that do not allow for a deeper analysis as
things stand. As we do not look straight at this, we cannot see
that the papers and the journalists are mere tools in the
hands of certain forces.
You studied in Brazil, and you were a delegate for an
Angolan news agency (Angop) in that country. It is one of the
most mature markets in terms of communication, so can it
be a point of reference for us?
In terms of techniques and forms of expression, we just need
to learn. The Brazilian school of journalism is perhaps the
most advanced in our language. We have a lot to learn in
terms of objectivity, direct and objective style, a clearer style,
the use of humour in prose... Here, the kind of journalism
raio-x
x-ray
Porquê?
Enfim, há sempre várias explicações. Parece-me que esta situação está relacionada com o sistema de ensino, porque não há
comunicação, não há literatura sem cultura geral. Pode ter muito
talento natural, mas nunca se afirmará como um grande escritor.
E a verdade é que o sistema de educação tem vindo a perder qualidade. Isto reflecte-se na prosa. Os autores da geração 2000 são
muito menos inventivos do que os autores mais velhos. Há uma
tendência para o naturalismo. Salvo uma ou outra excepção,
podemos dizer que há um retrocesso, que não será da responsabilidade dos autores. Aqueles nomes que se têm destacado são
pessoas que estudaram fora ou que tiveram outras experiências,
outros conhecimentos que lhes deram mais ferramentas. Não
basta ter uma ideia e vocação natural, é preciso trabalho.
Estamos a viver um momento de crise, que só é salvo porque os
autores mais antigos continuam bastante activos.
clarividente, do uso do humor na prosa... Aqui ainda praticamos um jornalismo excessivamente formal. Nesse sentido,
só temos a aprender com a escola brasileira. Agora, o que é
fundamental é utilizar a experiência dos outros para criar a
nossa própria escola, mas numa dimensão profundamente
cultural.
Utilizou a expressão "cultural", que nos vai dar a possibilidade de fazer uma ponte interessante com a Literatura.
Enquanto contista, poeta, em que estado se encontra a
Literatura angolana?
A Literatura angolana não parou na geração da independência, porque mesmo depois disso não podemos esquecer a
geração de 80 - com nomes como Paula Tavares, João
Maimona, Alexandre Dáskalos, José Luís Mendonça... Eu
próprio me incluo nessa fase, em termos geracionais. Depois
ainda podemos referir José Eduardo Agualusa, já nos finais
dos anos 80, princípios de 90. A meu ver, esta é a segunda
geração literária mais importante, já que permitiu a consolidação definitiva da Literatura angolana como sistema. Para
além disso, é bastante diversificada em termos de estilo, ao
contrário da geração de 50, 60. Depois dessa geração de 80,
surgiram alguns valores, sobretudo na poesia. Podemos
referir João Tala, por exemplo. Acho que, em termos de ficção, de prosa, dos anos 90 para cá (e para além do Ondjaki,
já reconhecido em vários países) podemos falar do Ismael
Mateus, que apesar de ser lembrado como jornalista é também um contista de mérito. Poderia citar outros menos
conhecidos, como Izequiel Cori. A realidade é que, dos anos
90 para cá tem havido melhores poetas do que ficcionistas,
com excepção do Ondjaki.
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produced is excessively formal. In this sense, there is much
that we can learn from the Brazilian school of journalism.
What is fundamental here and now is to use the experience of
others to create our own school, but in a sphere that is profoundly cultural.
You used the word "cultural", and that gives us an interesting bridge to literature. As a story teller and a poet, what do
you make of Angolan literature as it stands?
Angolan literature did not stop with the generation that lived
through independence. After that there came the generation
of the 80s – with names such as Paula Tavares, João
Maimona, Alexandre Dáskalos, José Luís Mendonça... I
include myself in that group, in generation terms. Then we
can point out José Eduardo Agualusa, towards the end of the
80s, early 90s. As I see it, this is the second important literary
generation. It meant that there was a definitive consolidation
of Angolan literature as a system. Apart from this, there is a
considerably diverse style, unlike the generation of the 50s
and 60s. After the 80s, there are other names that stand out,
João Tala, for example. I think that in terms of prose fiction,
from the 90s to the present day (and apart from Ondjaki, who
is already known in other countries) we can talk of Ismael
Mateus, who is remembered as a journalist but is in fact a
quality story teller, and I could mention other less famous
names, such as Izequiel Cori. The fact is, though, that since
the 90s there have been better poets than writers of fiction,
with the exception of Ondjaki.
Why is this?
Well, there are always vaious explanations. My view is that
Para terminar, deixou-lhe uma última questão: se fizéssemos esta entrevista daqui a dez anos, que Angola gostaria
de descrever?
Uma Angola mais desenvolvida do ponto de vista humano (e
não meramente económico), um país mais culto, com mais
educação e saúde, com mais convivência e mistura entre
todos, com maior abertura (política, cultural, moral), mais
equilibrado regionalmente e com menos corrupção.
this situation is related to the education system, because
there can be no communication, no literature without general
culture. You may have natural talent, but you will never reach
the status of a great writer. And the truth is that the education
system has been losing quality. This is reflected in prose writing. The authors from the 2000 generation are much less
inventive than older writers. There is a tendency towards naturalistic writing. Apart from the occasional exception, we
seem to be going backwards, but we cannot blame the writers. The names that have been put forward have studied outside the country or they have had other experiences, they have
knowledge that has given them more tools. It’s not enough to
have an idea and a vocation, you have to work. We are living
through a crisis, and the only saving grace is that there are
older writers that are still relatively active.
One last question to finish off: if we were to have this interview ten years up the line, what description of Angola would
you like to be able to give?
An Angola that was more developed from the human point of
view (and not merely from the economic angle), a country with
more learning, more education and better health services,
working and living better together, with more openings (political, cultural, moral), more balanced in terms of regions and
with less corruption.
executive class
Júlio Guerra
UMA VEZ JORNALISTA, PARA SEMPRE JORNALISTA
Texto/text: Miguel Gomes
Fotos/photos: Arquivo / Archives
Vamos partir neste caminho para recordar o
We are about to embark on a record of a man and a
homem e a carreira, mas também para falar de
career, but we shall also talk of values. The history
valores. A história do mundo está marcada pela
of the world is marked by the attitude of sensible,
atitude dos homens sensatos e verticais, apesar de
upright men and women, even though they may not
nem sempre agraciados na sua verdadeira dimen-
always have the chance to show the real scale of
são. Muitos serão incógnitos. Outros chegam aos
their being. Many will be unknown. Others will
mais altos patamares de reconhecimento público.
reach the pinnacle of public recognition. Júlio
Júlio Guerra era apenas um jornalista.
Guerra was just a journalist.
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10 de Novembro de 1976. Angola estava a um dia de comemorar um ano de vida como país independente e Júlio
Guerra recebia o seu Bilhete de Identidade. Agora era angolano de papel passado, reconhecido por ter prestado “altos
serviços” à Pátria – na mesma data foram entregues os
documentos nacionais a Maria Eugénia Neto (à época esposa de Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola),
António Jacinto (político e poeta), Henrique Abranches (político e escritor), Manuel Berenguel (jornalista), Luandino
Vieira (ex-político e escritor) e Ruth Lara (esposa do nacionalista Lúcio Lara), entre outras personalidades.
Se ele pudesse, talvez tivesse publicado a reportagem daquele dia. É próprio. Os repórteres que percorrem os caminhos
da informação, das histórias de vida e das vivências históricas
têm várias virtudes: uma delas será a alegria de estar permanentemente a exercitar a visão, a escrita (nas suas mais
variadas formas) e o intelecto – não há reportagem sem exercício mental. A vivência apaixona. E Júlio Guerra foi um dos
atacados pelo vírus – benigno – da escrita e dos jornais.
Em Angola, começou por ser colaborador do Rádio Clube e
da Emissora Católica. Foi ainda redactor nas revistas “Noite
e Dia” e “Notícia” (de 1969 a 1973), publicadas em Luanda.
Eram anos de agitação interna e mudanças à vista. A administração colonial portuguesa não rejeitou um combate pela
terra. E acabou por estoirar a guerra de libertação.
A consciência política de Júlio Guerra estava formatada.
Terá sido, porventura, o jogo que mais dissabores lhe trouxe. Mas terá sido também um apoiante das causas oprimidas e por isso alinhou com um dos blocos que se batia pela
mudança, o Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), neste caso. Depois de 11 de Novembro de 1975 (que
marca o nascimento da então República Popular de Angola),
e mesmo tendo visto o mundo pela primeira vez em Freixode-Espada-à-Cinta (Portugal), foi-lhe entregue a nacionalidade angolana.
Tudo era diferente, mas havia a necessidade de fazer jornalismo. Neste aspecto pouco mudara. Mesmo assim seria
natural promover novas caras e, sobretudo, novas perspectivas. Com outros valores em cima da mesa. O nascimento
do “novo jornalismo” angolano foi feito em parceria com a
ideologia política, é certo, mas também com a motivação da
juventude.
Lançaram-se vários jovens na profissão. Alguns acabaram
por subir alto. Entre 1976 e 1977, Júlio Guerra foi nomeado
Director Interino e mais tarde Chefe de Redacção do Jornal
de Angola, ainda hoje o único diário do país.
Eram anos de euforia, mas também de aprendizagem. E de
conflito. Júlio Guerra passou então pela Direcção de
Informação da Televisão Popular de Angola (agora Televisão
Pública de Angola), entre 1977 e 1984. Enveredou pela diplomacia e representou Angola enquanto adido de imprensa
em países como Cuba (onde residiu de 1985 a 1987),
Nicarágua, México e Venezuela. Assumiu depois a Direcção
Geral da agência de notícias estatal Angola Press (Angop),
onde esteve dois anos, de 1987 a 1989.
Júlio Guerra com um dos filhos
Júlio Guerra with one of his children
Júlio Guerra na Assembleia Nacional com Ana Maria Carreira
e antigo dirigente da FNLA
Júlio Guerra in the National Assembly with Ana Maria Carreira
and former head of FNLA
Reunião de trabalho na TPA
Business meeting at TPA
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executive class
No Jornal de Angola
At Jornal of Angola
Júlio Guerra enquanto adido de imprensa em Cuba nos anos 80
Júlio Guerra as press attaché in Cuba in the 80s
Júlio Guerra com Paulino Pinto João, Director do DIP do MPLA
Júlio Guerra with Paulino Pinto João, Director of DIP from MPLA
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It was 10 November 1976. A day before Angola was set to celebrate a year as an independent country and Júlio Guerra was
to get his ID. Now he was fully an Angolan, recognised as having given “great services” to the nation – and on the same
date that national documentation was given to Maria Eugénia
Neto (at the time wife of Agostinho Neto, the first President of
Angola), António Jacinto (politician and poet), Henrique
Abranches (politician and writer), Manuel Berenguel (journalist), Luandino Vieira (former politician and writer) and Ruth
Lara (wife of the nationalist Lúcio Lara), along with other figures. If he could have done so, maybe he would have written
a piece on that day. He himself. There are many different
virtues among reporters who travel on the road which leads to
information, to stories of life and to moments of history that
people live through together: one of them must certainly be
the pleasure of being able constantly to giver rein to your
vision, to your writing (in its most varied forms) and to your
intellect – there being no reporting without the mind exerting
itself. Living events together is a passion. And Júlio Guerra
was one of those possessed of a virus – a benign one – that
tied him to writing and to newspapers.
In Angola, he began by working on Rádio Clube and the
Emissora Católica. He was also (from 1969 to 1973) an editor for
the magazines “Noite e Dia” (Night and Day) and “Notícia”
(News) published in Luanda. These were years of internal strife,
with changes looming. The Portuguese colonial administration
was not prepared to give up the struggle on the ground, and this
led to the outbreak of what became the war for freedom.
Júlio Guerra’s political conscience firmed up. This could well
have been the moment in his life that brought him most heartburn. But he was also a supporter of oppressed causes and this
is why he took the side of one of the movements for change, and
as it happened this was the Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA). After 11 November 1975 (the birth date of
what was then the República Popular de Angola), he was given
Angolan nationality, even though he saw the world for the first
time in Freixo-de-Espada-à-Cinta (Portugal).
Everything was different, but journalism was needed. From
this angle, little had changed. Even so, it was only natural that
new faces would be highlighted and above all new perspectives. And other values on the table. The birth of “a new journalism” in Aangolan came hand in hand with, of course, political ideology, but also with the enthusiasm of youth.
A number of young figures came into the profession. Some
ended in high places. Between 1976 and 1977, Júlio Guerra
was first appointed as interim director and later as chief editor of the Jornal de Angola, which is still today the country’s
only daily paper.
These were years of euphoria but also of learning. And of conflict. Júlio Guerra moved at the time into management of the
news section (Direcção de Informação) in the Televisão
Popular de Angola (now Televisão Pública de Angola), where
he stayed between 1977 and 1984. He then moved into the
field of diplomacy and became press attaché for Angola in
countries such as Cuba (where he lived from 1985 to 1987),
executive class
Nicaragua, Mexico and Venezuela. He then took over as director general of the state news agency Angola Press (Angop),
where he spent two years from 1987 to 1989.
It was here that he once again met João Melo, now a member
of parliament but with a career linked to journalism and to
creative writing. “I didn’t really get to know Júlio Guerra in the
aftermath of the 25 April revolution in Portugal in 1974”, he
recalls, “but later there developed a strong bond of friendship.” “I can even say that we confided in each other and faced
certain problems together”, in the words of the journalistcum-poet-cum-writer. And there was a curious interchange
here, since João Melo was Júlio Guerra’s director at the
Jornal de Angola, while Guerra was director of Angop when
Melo was the correspondent in Brazil.
A WALL THAT CHANGED THE WORLD
Em reportagem com o apoio da Sonangol
During a report with Sonangol’s support
Júlio Guerra com a esposa Teresa Cardoso
Júlio Guerra with his wife Teresa Cardoso
Júlio Guerra com França Van-Dunen
Júlio Guerra with França Van-Dunen
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In the early 90s, the world was shaken again. The Wall (in Berlin)
came down. And socialism, as a limb separated from the rest of
the body, fell too. Angola moved forward and Júlio Guerra found
himself in a new era. He became part of the team that founded
the magazine Austral, which started flying on board TAAG
planes in 1992. He was part of the project from the very beginning, first as editor and then as director for publication.
This was also a time to become a businessman. He was
always connected to the world of communications and he
founded – along with his lifelong friend and Angolan journalist Nuno Fernandes – one of the first Angolan advertising
agencies, Executive Center. From October 1992 he was a
director of the company with 50% of the shares. Another milestone on the path of his life.
It was here that he had the chance to develop the close link he
had with culture, with the emphasis on literary publication. At
one point in time, Executive Center even became a publisher
for a number of authors: from Henrique Abranches to the
Angolan journalist Sebastião Coelho, and others. In this field,
he realized a personal dream through his involvement in a
book of photographs that depict the path of Lúcio Lara as a
politician, published in November 2009. It was the last great
work of his life, though he never saw it in print.
José Guerreiro, the director general of TVC (the commercial
arm of TPA, Televisão Pública de Angola) and chairman of the
Associação Angolana de Publicidade e Marketing, was yet
another of the people who came into contact with Júlio Guerra
on professional terms. Their relationship became close when
they were both in television, the former as news director and
Guerreiro holding the brief covering administrative and financial management of the public company.
In the words of José Guerreiro: “This was a time of many
strategic problems, with the TPA lacking any prestige and
bereft of many skills, but I remember that the management of
the news section was running the best organised department.”
The man now running the management also highlights his strong
personality, “which at times bordered on stubbornness”, along
with the self-sufficient way that he carried on his professional life
and maintained his loyalty to his values and friendships.
Foi aqui que contactou, mais uma vez, com João Melo,
actualmente deputado, mas com uma carreira ligada ao jornalismo e à escrita. “Conheci o Júlio Guerra pouco depois do
25 de Abril de 74”, recorda, “e desde aí que se consolidou
uma forte amizade”. “Posso mesmo dizer que fomos confidentes um do outro e que enfrentámos alguns problemas
juntos”, lembra o jornalista-poeta-escritor. Com uma curiosidade adicional, já que foram directores um do outro.
Assim: João Melo dirigiu Júlio Guerra no Jornal de Angola,
enquanto Guerra foi director da Angop quando Melo era seu
correspondente no Brasil.
. “I remember,” says José Guerreiro, “a simple but revealing
episode. One day, the director general of TPA, Ruy de
Carvalho (a man of strict principles), told me that some journalists were to be reprimanded for a mistake they had committed. I went to see Júlio, who always defended his people,
and he came straight out with: “a good job it’s you, since you
have a diplomatic streak to you… If it had been Ruy, I don’t
know how I would have reacted.” The two were always on
edge with each other, but in fact, from the team that Ruy de
Carvalho found at the start, Júlio Guerra was the only one to
be there at then end.”
UM MURO QUE MUDOU O MUNDO
THE THEATRE, A MIRROR HELD UP TO LIFE
No início da década de 90, o mundo voltou a sacudir. O Muro
(de Berlim) caiu. E o socialismo, enquanto bloco separado
do resto do corpo, também. Angola avançou e Júlio Guerra
enfrentou uma nova era – fez parte da equipa fundadora da
revista Austral, que começou a viajar a bordo dos aviões da
TAAG em 1992. Esteve no projecto desde o início. Começou
por ser editor e mais tarde assumiu o cargo de Director da
publicação.
Foi também altura de se tornar empresário. Sempre ligado
à comunicação, funda com o jornalista angolano e amigo
intemporal, Nuno Fernandes, uma das primeiras agências
It is important to mention also his links with the theatre and
with culture in general. Everyone you speak to says that Júlio
Guerra was fundamentally a man of letters, a man who loved
writing and reading and a connoisseur of painting. This is
clear, in fact, from everything mentioned in this text.
His interest in the theatre began in Portugal, when he was
still young. He wrote and recited poetry and took part in
plays. But one of the most salient projects of his, and one
that surely had a great effect on him at the time, was the
foundation of the Clube de Teatro de Angola, in Luanda during the 70s.
executive class
competências, recordo que a Direcção de Informação era,
ainda assim, o departamento mais organizado”, lembra
José Guerreiro.
O agora gestor destaca também a forte personalidade, “às
vezes chegava a teimosia”, a auto-suficiência com que levava a sua actividade profissional e a fidelidade a valores e
amizades.
“Lembro um episódio simples, mas revelador. Certo dia, o
director-geral da TPA, Ruy de Carvalho (um homem muito
exigente), informa-me que alguns jornalistas seriam penalizados por um erro que tinham cometido. Fui ter com Júlio,
que defendia sempre a sua gente, e ele logo atirou: “ainda
bem que vens tu, que és meio diplomata... Se fosse o Ruy,
não sei qual seria a minha reacção”. Os dois sempre tiveram
uma relação meio crispada, mas o facto é que da equipa que
Ruy de Carvalho encontrou, o único que se manteve foi o
Júlio Guerra”, recorda José Guerreiro.
O TEATRO, REPRESENTAÇÃO DA VIDA
Importa também realçar a sua ligação ao teatro e à cultura
em geral. Todas as fontes ouvidas ressalvam que Guerra foi
sempre um homem das letras, da escrita e da leitura e apreciador de pintura. Já deu para constatar, aliás, pelo relato
incluído neste texto.
Júlio Guerra numa Conferência Internacional da PANA – agência Pan-africana de notícias
Júlio Guerra in an International Conference from PANA – Pan-African news agency
angolanas de publicidade, a Executive Center. Desde
Outubro de 1992 que era administrador e detinha 50% das
acções. Mais um marco na sua vida.
Aqui teve oportunidade para explorar a sua forte ligação à
cultura, tendo enveredado pela edição literária. A determinada altura, a Executive Center publicou mesmo vários
autores: de Henrique Abranches ao jornalista angolano
Sebastião Coelho, entre outros. Neste campo, realizou um
desejo pessoal ao colaborar no livro de fotografias que
retrata a trajectória de Lúcio Lara enquanto político, lançado em Novembro de 2009. Foi o último grande projecto da
sua vida, apesar de já não o ter visto nascer.
José Guerreiro, director-geral da TVC (braço comercial da
Televisão Pública de Angola – TPA) e presidente da
Associação Angolana de Publicidade e Marketing, foi mais
uma das muitas pessoas que contactaram profissionalmente com Júlio Guerra. Estreitaram relações na Televisão,
quando este era Director de Informação e Guerreiro assumia a pasta da Direcção Administrativa e Financeira da
empresa pública.
“Num contexto de muitas dificuldades estratégicas, numa
TPA completamente desprestigiada e com falta de diversas
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Júlio Guerra com Lopo do Nascimento, 1º Ministro de Angola nos anos 70,
pós-independência
Júlio Guerra with Lopo do Nascimento, Prime Minister of Angola in the 70s,
post-independence
It was a time when there was hardly anything put on stage.
What impetus there was came from outside, with visits from
Portuguese companies, above all during the holidays “back in
the metropolis”. It was to prove scant support.
The theatre as an art had to be fostered and brought to the
attention of a wider public. Synergies had to be created.
Ordinary people had to talk and think theatre – and it does,
after all, have everything to do with the roots of being African.
So, alongside Angerino de Sousa, he became one of the prime
movers of the Clube, where he wore a variety of hats.
One of the most important was to edit and produce a periodical bulletin (starting in May 72), which he chose to break up
into various sections, with discussion of the theatrical arts
well and truly in the public eye. As one of the main editors,
Júlio Guerra was like a fish in water.
On 7 July 1972, in the Diário de Luanda, which is no longer
published, the Clube undertook an analysis of the circumstances of the times: “We believe that the current state of
socio-political development of our people is the right one at
the right time for a work that has to be built from the foundations, there being no tradition to continue and respect. The
theatre can become a free-flowing volcanic eruption, a real
event that can map out the future.” José Mena Abrantes, a
journalist and man of the theatre, says in his work “O teatro
executive class
O interesse pela arte da representação começou ainda
em Portugal, enquanto jovem. Escrevia poesia, declamava e participava em várias peças. Mas, um dos projectos
mais destacados e que o terá marcado bastante, na altura, foi a fundação do Clube de Teatro de Angola, na
Luanda dos anos 70.
Era uma época em que a representação era quase inexistente. A dinamização vinha apenas de fora para dentro, com a
vinda de companhias portuguesas e sobretudo durante o
seu período de férias “metropolitanas”. Seria escasso.
Havia a necessidade de divulgar e incentivar as artes cénicas, de criar sinergias, de pôr a “malta” a falar e a pensar
teatro – sobretudo porque tem tudo a ver com a genética
africana. Assim, ao lado de Angerino de Sousa, acabou por
ser um dos dinamizadores do Clube, onde exerceu variadas
funções.
Uma das mais destacadas era a edição e produção de um
boletim periódico (a partir de Maio de 72), que ousou criar
diferentes secções especializadas, lançando definitivamente a discussão sobre esta arte cénica. Sentindo-se
como peixe na água, Júlio Guerra era um dos principais
editores.
Na edição do extinto Diário de Luanda, de 7 de Julho de
1972, o Clube analisava o contexto: “Cremos que o actual
estádio de desenvolvimento sóciopolítico do nosso povo é o
mais indicado e o mais receptivo a uma obra que terá de se
erguer a partir dos alicerces, pois não há uma tradição a
continuar e respeitar. O teatro pode surgir em Angola como
uma erupção imparável, como uma realidade dinamizadora
que se projectará no futuro”. José Mena Abrantes, jornalista e homem do teatro, na sua obra “O teatro em Angola” ressalta que ainda hoje este olhar “faz todo o sentido”.
Entretanto, em Abril de 1974, o Clube de Teatro era presidido pelo arquitecto Troufa Real, tendo na direcção
Angerino de Sousa, Júlio Guerra, Beltrão Coelho e J.M.
Araújo. A última grande actividade foi realizada no dia 27
de Março do mesmo ano, quando Ruy Mesquita apresentou, num estrado improvisado na Avenida Marginal “A
Estalajadeira”, de Goldoni.
Júlio Guerra faleceu em Lisboa, a 14 de Junho de 2009.
Tinha 67 anos de idade. Vivia na capital portuguesa desde
1997 devido a questões familiares. Passou grande parte da
sua trajectória em Luanda, de onde nunca gostaria de ter
saído – e acabou por deixar na gaveta os poemas que desejava ter editado.
Nota do tradutor:
Desde o início que tenho colaborado na tradução inglesa da Austral e, tal
como Júlio Guerra tinha orgulho em afirmar: "Nunca falhámos um prazo
durante todo aquele tempo, fossem quais fossem os problemas que
tivéssemos enfrentado." Alegro-me com o facto de, durante todo este
trabalho, ter trabalhado com um jornalista que era um profissional 24
horas por dia e 7 dias por semana. Para parafrasear Hamlet, com palavras que não são uma citação exacta da respectiva peça, mas que, por
direito próprio, se a universalmente conhecidas: “Nunca voltaremos a
encontrar alguém igual a ele”. J.P.
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Júlio Guerra recebendo estudantes no Jornal de Angola
Júlio Guerra receiving some students in Jornal of Angola
Júlio Guerra representando Angola numa Conferência Internacional
Júlio Guerra representing Angola in an International Conference
em Angola” (The Theatre in Angola) that even today this view
“makes a very great deal of sense.”
At the time, in April 1974, the president of the Clube de Teatro
was the architect Troufa Real, and on the board there were
Angerino de Sousa, Júlio Guerra, Beltrão Coelho and J.M.
Araújo. The last great event they put on was on 27 March that
year, when Ruy Mesquita presented “La Locandiera” (The
Mistress of the Inn), by Goldoni on an improvised stage in the
Avenida Marginal.
Júlio Guerra passed away in Lisbon on 14 June 2009. He was
67. He had lived in the Portuguese capital since 1997 for family reasons. Most of his life was spent in Luanda, which he
would have liked never to leave – and he left in a drawer the
poems that he would have liked to publish.
Translator's note
I have worked on the English translation for each edition of Austral since the
start, and as Júlio Guerra was proud to say: "We never missed a deadline in
all that time, whatever the problems around us." I am glad to have played a
part in this work with a journalist who was a professional 24/7. To paraphrase
Hamlet, in words that are not an exact quote from the play but have become
so well known in their own right: "We shall not see his like again." J.P.
viagens no tempo
journeys in time
KHOISAN
Os primeiros habitantes da Terra?
Os Khoisan são considerados os primeiros habitantes de África a sul do Sahara, mas outros estudos consideram-nos mesmo como Adão e Eva da humanidade. Chamados pejorativamente pelos colonos europeus de
bosquímanes (homens do bosque), eles têm também o Sul de Angola como habitat.
The Khoisan are known as the first inhabitants of sub-Saharan Africa, but recent studies point to them being
the Adam and Eve of all humanity. They were given the pejorative name of bushmen (men of the bush) and
southern Angola is part of their habitat.
The first humans on Earth?
Texto (recolha documental / archive research) / text: Carlos Lousada
Khoisan é o nome dado à família dos grupos étnicos Khoikhoi
e San, que possuem características físicas e linguísticas
semelhantes. Utilizando os cliques como fonemas na sua linguagem, a sua história é estimada em vários milhares de
anos, mas actualmente correm perigo de extinção, existindo
apenas pequenas populações no sudoeste de África.
Estimativas recentes estabelecem que deverão existir
actualmente cerca de 100 mil Khoisan em África, dos quais
50 mil vivem no Botswana, 35 mil na Namíbia, 5 mil na África do Sul e os restantes 10 mil em Angola, Zâmbia e
Zimbabwé.
Os actuais Khoisan são frequentemente apontados como
descendentes de povos caçadores-recolectores que habitavam toda a África Austral e que desapareceram com a chegada dos Bantos à região, há cerca de dois mil anos. O seu
desaparecimento poderá estar associado à redução do seu
território de caça, devido à instalação dos agricultores
Bantos.
Porém, o perigo de extinção continua a ameaçar os actuais
Khoisan quando, de acordo com certas correntes, “até à instalação dos colonos holandeses e franceses na África do Sul,
há cerca de 200 anos, estes povos ainda povoavam grandes
extensões da Namíbia e do actual Botswana, mas foram praticamente exterminados, uma vez que não aceitavam trabalhar nas condições que os novos colonos exigiam”.
A palavra Khoisan deriva de Khuá-San, que de forma geral
significa ‘Homens’, tanto na língua Khoikhoi, como na San.
Mas na língua Khoikhoi, a palavra ganha outro contorno e
significa particularmente ‘Homens dos Homens’.
Com efeito, a anterior sociedade Khoikhoi, constituída por
pastores, era vista como mais organizada, possuindo hierarquias determinadas pela riqueza do gado. A comunidade San
era constituída por caçadores/recolectores, sem hierarquias,
onde todos os seus membros eram iguais. Apesar das diferenças, a proximidade uniu-os e a miscigenação, até mesmo
com outros povos, contribuiu para a sua evolução ao longo
dos tempos.
Fotos/photos: Chico Júnior
Khoisan is the name given to a family of ethnic groups, the
Khoikhoi and the San, as they share similar physical and language characteristics. They use click consonants when they
speak, and their history is thought to go back thousands of
years. They are currently at risk of extinction, as only a few
populations still survive in southwest Africa.
Recent estimates reveal that there are currently around
100,000 Khoisan in Africa, of which 50 thousand live in
Botswana, 35 thousand in Namibia, 5 thousand in South
Africa and the remaining 10 thousand across Angola, Zambia
and Zimbabwe.
Present day Khoisan are frequently claimed to be direct descendants of the first hunter-gatherers to inhabit the full
expanse of western Africa but they later disappeared with the
arrival of the Bantu, around 2 thousand years ago. Their
disappearance could down to the occupation of their hunting
grounds by Bantu farmers.
The risk of extinction, though, continues to threaten today’s
Khoisan. Research has revealed that “up to the arrival of
Dutch and French colonists in South Africa around 200 years
ago, the Khoisan people still inhabited large swathes of
Namibia and the Botswana of today. But they were practically wiped out because they refused to work under the terms
set by the new colonists.”
The name Khoisan comes from Khuá-San, which in general
terms means ‘Men’ both in Khoikhoi and in San. But in the
Khoikhoi language, the word has another connotation and
actually means ‘Men of Men’.
In fact, the previous Khoikhoi society, made up of herders and
shepherds, was more organised, with hierarchies governed by
who owned the most cattle. The San community included
both hunters and gatherers, without hierarchies, where all
members were equal. Despite these differences, their proximity brought them together and they intermingled with other
peoples, their people evolving with the passing of time.
Today’s Khoisan are recognised as the descendants of the
first inhabitants of western Africa. They live in patriarchal
viagens no tempo
journeys in time
Os actuais Khoisan são portanto tidos como descendentes
dos primeiros habitantes de toda a África Austral. São povos
que vivem em clãs patriarcais praticando a exogamia, ou
seja, a obtenção das esposas fora do clã, como forma de
afastar a consanguinidade, multiplicar a sua população e,
consequentemente, assegurar a sua sobrevivência. A miscigenação levou a que algumas das suas características físicas
e linguísticas fossem assimiladas por alguns grupos Bantos,
em particular os Xhosas, os Zulus e os Sothos.
Em termos físicos, os Khoisan são geralmente mais baixos e
esguios em relação aos outros povos africanos, possuindo
uma coloração de pele amarelada e os olhos com o formato
dos povos asiáticos. Mas, ao contrário das asiáticas, as
mulheres Khoisan são bafejadas por nádegas com contornos
bem africanos.
As línguas Khoisan, caracterizadas pelo uso de cliques, são
as de menor expressão em África, praticamente reduzidas à
região do Kalahari, englobando Angola, Namíbia, Botswana e
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viagens no tempo
journeys in time
Os Khoisan em filme
O modo de vida dos Khoisan pode ser visto num filme documental, de 30
minutos, realizado e produzida pelo operador da Televisão Pública de Angola
Chico Júnior, inserido num projecto denominado “Quem Somos”.
O filme, que poderá ser levado à exibição no canal televisivo National
Geografic, foi exibido no passado mês de Abril na Galeria Celamar, em
Luanda, onde também pelo menos 58 fotografias retratavam o Modus Vivendi
daquela que é considerada como a mais antiga etnia angolana.
O documentário foi rodado durante 45 dias nas províncias do Cunene e Huíla,
e 25 dias na província do Kuando-Kubango, mais precisamente em Caiundo,
Nancova e Menongue, onde em convívio com este grupo étnico os cineastas
recolheram imagens dos seus aspectos socioculturais em Angola.
Patrocinado pela L.R. Produções e com direcção de Isequiel Pedro, a exposição
da Galeria Celamar destinou-se a mostrar, no geral, o Modus Vivendi e a
Idiossincrasia dos primeiros habitantes do continente africano a Sul do Sahara.
Alguns estudiosos sustentam que os Khoisan em Angola estão “muito mais
avançados” em relação aos dos países vizinhos, pelo facto de possuírem
mais conhecimentos sobre agricultura. “São bons a cultivar a terra; aprendem muito rapidamente a cuidar deles próprios e não se tornam dependentes das organizações de desenvolvimento”.
Explorados durante séculos, martirizados pela guerra e descritos como “os
mais pobres dos pobres”, em Angola os activistas procuram ajudar o povo
Khoisan a recuperar os níveis de segurança alimentar, alargando os seus
conhecimentos sobre plantações (sobretudo milho, feijão e frutos) e gado
Isequiel Pedro
(leite e carne).
O objectivo é que os Khoisan evoluam e “se tornem auto-suficientes daqui a
duas gerações”, também na área dos medicamentos naturais (através do aproveitamento de plantas medicinais, sementes e raízes),
porque apesar do actual estado evolutivo dos Khoisan “é importante manter vivas as práticas tradicionais”.
viagens no tempo
journeys in time
África do Sul. Numa pequena região da Tanzânia, também
são faladas línguas Khoisan, mas estão a tornar-se raras,
havendo mesmo algumas que já se extinguiram. No Quénia,
a língua Hadza também é classificada como Khoisan, encontrando-se no entanto bastante distante em termos linguísticos. As línguas mais faladas do grupo Khoisan são a Kwadi e
a Sandawe.
BERÇO DA HUMANIDADE
A investigadora Sara A. Tishkoff, da Universidade da
Pensilvânia, que em 2003 efectuou um estudo genético de
um grande grupo de populações humanas actuais, chegou à
conclusão que o “Berço da Humanidade” ficaria na região
dos Khoisan, na área mais próxima do litoral na fronteira
entre Angola e a Namíbia.
Foi nessa região onde ela diz ter encontrado “a maior diversidade genética, baseada num gene traçador que, comparado com outras populações, indica a possível migração das
populações ancestrais para o norte e para fora de África, há
cerca de 250 gerações”.
De acordo com o estudo, os Khoisan possuem “o mais elevado grau de diversidade do DNA Mitocondrial de todas as
populações humanas, o que indica serem uma das populações humanas mais antigas”. Em cada um dos Khoisan ana-
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Khoisan on film
The Khoisan way of life is showcased in a 30 minute documentary directed and produced by the Angola State Television Station
Chico Júnior, as part of a programme called “Who we are”.
The film, due to be shown later on the National Geographic television channel, was exhibited last April at the Galeria Celamar
in Luanda, along with an exhibition of up to 58 photographs
depicting the modus vivendi of the oldest ethnic group in Angola.
The documentary was shown over a period of 45 days in the provinces of Cunene and Huíla, and a further 25 days in the province of Kuando-Kubango, or more precisely in Caiundo, Nancova
and Menongue. The film-makers lived alongside the Khoisan in
Angola capturing images depicting their society and culture.
The exhibition at the Galeria Celamar, sponsored by LR
Produções and directed by Isequiel Pedro, was aimed at presenting the way of life and the special features particular to the
first inhabitants of sub-Saharan Africa.
Some researchers maintain that the Khoisan of Angola are
“much more advanced” than those in neighbouring countries,
given their broader knowledge of farming. “They are good at tilling the earth; they learn quickly how to fend for themselves
and they are not dependent on development organisations.”
The Khoisan have been exploited throughout the centuries,
martyred by war and described as “the poorest of the poor”.
Activists here in Angola are helping the Khoisan people to raise
the level of food security, increasing their knowledge both of
farming crops (especially corn, beans and fruit) and rearing
cattle (for milk and beef).
The aim is to ensure the Khoisan people evolve and “become
self-sufficient within two generations.” They also need to develop their practice of homeopathy (the use of herbal remedies,
seeds and roots). It doesn’t matter what stage the Khoisan have
reached in evolutionary terms, it is still “important to keep traditional practices alive.”
viagens no tempo
viagens no tempo
journeys in time
journeys in time
lisados, “existem mais variações genéticas do que entre um
europeu e um asiático, o que prova a sua enorme riqueza
genética”.
O estudo identificou 1,3 milhões de variantes genéticas que
ainda não tinham sido observadas. O seu cromossoma Y
também sugere que os Khoisan se encontram do ponto de
vista evolucionário muito perto da raiz da espécie humana”,
acreditando-se que vivem na região há mais 100 mil anos.
Segundo reza a lenda Khoisan, o Deus Ticqua terá enviado
Noh (homem) e Hingnoh (mulher) para darem início ao
povoamento da terra – o que é corroborado por Axel Thoma,
coordenador do grupo de trabalho para as minorias naturais
do Sul de África WIMSA, citado pelo Digital News, que asse-
clans, and practice the culture of exogamy, or marrying outside the clan, to avoid inbreeding, to multiply their numbers
and consequently guarantee their survival. Some Bantu ethnic groups have assimilated Khoisan physical characteristics
as a result of intermarriage over the generations, particularly the Xhosa, Zulu and Sotho.
Khoisan have short frames with long legs when compared
with other African peoples, they have copper brown skin and
eye folds similar to Asian peoples. But in contrast with Asian
women, Khoisan women tend to have rounder, broader hips,
more characteristic in African women.
Khoisan languages, known for their use of clicking sounds, are
not spoken very widely across Africa, and are to all intents and
purposes limited to the Kalahari region spanning Angola,
Namibia, Botswana and South Africa. In a small part of Tanzania,
Khoisan languages are also spoken but are becoming increasingly rare, and in some places have died out altogether. In Kenya,
the Hadza language is also classified as a Khoisan language,
despite being quite distinct in linguistic terms. The most spoken
Khoisan group languages are Kwadi and Sandawe.
CRADLE OF HUMANITY
Sara A. Tishkoff, a researcher at the University of
Pennsylvania, undertook a genetic study of a large group of
present-day humans in 2003, and concluded that the cradle of
humanity lies in the Khoisan region, in the coastal zone nearest to the Angola and Namibia border.
It was here she says that she found “the greatest genetic
diversity traced by a gene marker which once compared with
other populations indicates the possible migration of ancestral populations to the north and out of Africa, around 250
generations ago.”
According to the study, the Khoisan people have “the highest
degree of mitochondrial DNA diversity of all human populations,
which indicates that they are among the most ancient of human
populations.” In each of the Khoisan individuals analysed,
“there are more genetic variations than between a European
and an Asian, which proves their extraordinary genetic wealth.”
The study pinpointed 1.3 million genetic variations that had
not until then been observed. The Khoisan Y chromosome
also suggests that they are close, in evolutionary terms, to the
root of human species,” and it is believed that they have lived
in this region for more than 100 thousand years.
Khoisan legend has it that God Ticqua sent Noh (man) and
gura que “os Khoisan são Adão e Eva, de acordo com provas
de DNA”.
O livro “Os Bosquímanos de Angola”, da autoria de António
de Almeida, diz que a região de Angola do deserto do
Namibe, que faz parte do Kalahari, pode ser considerada
como “Berço da Humanidade”, pelos vestígios arqueológicos
do paleolítico e as múltiplas estações arqueológicas pré-históricas ali existentes.
De facto, em pleno deserto do Namibe, perto da região angolana do Virei, existe uma vasta área com gravuras rupestres
em Tchitundo-Hulo ou Tchitundulo, e mesmo grutas com
vestígios de terem sido habitadas na Idade da Pedra, também consideradas como sendo “um dos mais belos conjuntos rupestres da Pré-História de Angola”.
As gravuras foram feitas e ainda são visíveis num morro granítico, o Morro do Tchitundo-Hulo ou Tchitundulo, situado em
Capolopopo, a cerca de 137 quilómetros a leste da cidade do
Namibe: são sobretudo figuras de animais, círculos concêntricos representando astros, em particular o Sol, plantas,
figurações cruciformes e desenhos “radiográficos”.
A ciência ainda procura determinar com exactidão quem
teriam sido os primeiros habitantes daquele lugar e a idade
exacta daquelas gravuras e desenhos. Esses habitantes das
cavernas, esses artistas rupestres, teriam sido os parentes
mais antigos dos Khoisan e os pioneiros da raça humana?
Hingnoh (woman) to start populating the earth – and the
legend is corroborated by Axel Thoma, of WIMSA, the working
group coordinator for minorities from southern Africa, quoted
by Digital News, who assures us that “the Khoisan are Adam
and Eve, according to DNA findings.”
The book The Bushmen of Angola written by António de Almeida,
states that the desert region of Namib in Angola, a part of the
Kalahari, can indeed be considered as the ‘Cradle of Humanity’.
This theory is backed up by archaeological palaeolithic remains
and the many pre-historic archaeological sites found there.
In fact, right in the middle of the Namib Desert, near the
Angolan region of Virei, there is a large area with cave paintings in Tchitundo-Hulo or Tchitundulo; some caves even have
evidence of dwellings from the Stone Age. They are said to be
“one of the most beautiful collections of cave paintings of
Angolan pre-history.”
The carvings were traced on the granite rock Morro do
Tchitundo-Hulo or Tchitundulo, in Capolopopo, about 137kms
east from Namibe city: they are mainly engravings of animals;
concentric circles representing the stars, in particular the
sun; plants; stick figures; and ‘x-ray’ drawings.
The scientific world is still debating over who the first inhabitants
here were and the precise age of the engravings and drawings.
Could these cave dwellers, these cave-painting artists, be the
Khoisan’s most distant ancestors and pioneers of the human race?
à mesa
at table
Restaurante Bar Yate
The Bar Yate Restaurant
A orla marítima de Luanda
a seus pés The Luanda coastline at your feet
A localização do Restaurante Bar Yate é ainda privilegiada
pelo facto de o alcance visual abranger também a parte contrária à Baía – um cenário não menos espectacular, com a
leve sensação de se estar dentro de um veleiro ao sabor das
ondas do mar alto…
Depois de apreciar e captar as imagens desta generosa beleza da natureza, os seus passos podem conduzi-lo ao serviço
de bar, que funciona 24 horas por dia, ou directamente ao
restaurante, aberto todos os santos dias, mas com algumas
especificidades: de segunda a quinta-feira, somente serviço
à la carte ao almoço e ao jantar; na sexta-feira, almoço à la
carte e buffet ao jantar; aos sábados e domingos, buffet ao
almoço e ao jantar, embora também não se ponha de parte o
atendimento à la carte.
Mas a conjugação do verbo ‘mastigar’ começa com as ‘entradas’, confeccionadas na hora: selecção de charcutaria
Ibérica; tártaro de polvo com sardinha algarvia; bacalhau
com lâminas de queijo e alho; crocante de bacalhau com
molho tártaro; lombo de novilho laminado com “aceto” balsâmico; camarão com azeite, alho e coentros, enfim…
Seguem-se as sopas: sopa do dia; sopa de peixe e creme de
legumes Juliana.
Posto isto, o cardápio oferece um verdadeiro festival de pratos de peixe e mariscos: filetes de garoupa com açorda de
coentros; tranche de cherne “Grenoblesa”; lombo de cherne
grelhado em cama de grelos; postas de cherne ou de garou-
The site of the Bar Yate restaurant is also special because it
also takes in the opposite side of the bay – and this is a scene
no less spectacular, leaving you with the light headed feeling
that you are in a sailing ship adrift on the waves in the high
seas…
After taking in and capturing the images of this marvellous
natural beauty, let your steps lead you to the bar, which is
open 24 hours of the day, or find your way directly to the
restaurant, which is open every working day, though not
always with the same bill of fare: from Monday to Thursday
there is only à la carte service for lunch and dinner; on Friday,
the lunch is à la carte and the evening is buffet style; on
Saturday and Sunday, there is a buffet for lunch and dinner,
though à la carte can also be arranged.
But if you conjugate the verb “to chew”, the first part of the
verb is ‘starters’, and these are made on the spot: a selection
of Iberian sausage meats; octopus tartar with sardines from
the Algarve; cod with slices of cheese and diced garlic; battered cod with tartar sauce; slices of rump steak with balsamic sauce; shrimps flavoured with olive oil, garlic and
coriander, and so on… Then here are the soups: soup of the
day; fish soup and cream of vegetables Juliana style.
To follow up, the menu offers a real festival of fish and shellfish dishes: slices of grouper with açorda (a kind of savoury
bread pudding) flavoured with coriander; a slice of bass
“Grenoblesa” style; grilled bass on a bed of vegetable leaves;
Texto/text Fotos/photos: Carlos Lousada
Leve a máquina fotográfica quando eleger, para des-
Take your camera when you go for a meal at the
frutar de uma simpática refeição, o Restaurante Bar
friendly Bar Yate restaurant on the 4th floor of the
Yate, no 4º andar do Hotel Praia Mar, na Ilha de Luanda.
Praia Mar Hotel, on the island of Luanda. From this
A partir daquele privilegiado ponto, estende-se a seus
very special site you can look over the magnificent
pés a magnífica vista das marinas, com os seus elegan-
vista of the marinas with their elegant yachts bob-
tes iates que se multiplicam pela Baía de Luanda.
bing across the Luanda bay.
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à mesa
at table
pa cozidas ou grelhadas; arroz de cherne perfumado com
coentros; cabeça de garoupa ou de cherne com todos; bacalhau no braseiro com alho laminado e batatas com pele; lascas de bacalhau com grelos e broa de milho. Em matéria de
mariscos: lagosta ao natural grelhada com diversos molhos;
caril de camarão com sabores do Índico; açorda de lagosta.
Mas o restaurante ainda tem a oferta de pratos de carne: tornedó de novilho com molho mostarda; bife de lombo com
três pimentas; chateaubriand com molho bearnês; medalhão de lombo salteado com alho e louro; maigret de pato;
costeletas de borrego grelhadas com molho de hortelã; peito
de frango grelhado com molho agridoce.
slices of bass or grouper boiled or grilled; bass in rice
flavoured with coriander; the head of the bass with mixed vegetables; cod on the grill with sliced garlic and potatoes in
their jackets; slices of cod with vegetable leaves and corn
bread. Where the shellfish is concerned: grilled lobster
served plain with a variety of sauces; shrimp curry with a
range of flavour from the Indies; and lobster with açorda.
And the restaurant also has meat dishes: tournedos with
mustard sauce; rump steak with three types of pepper;
chateaubriand with Béarnaise sauce; chunks of steak sautée
with garlic and bay leaf; duck maigret; grilled lamb chops
with mint sauce; and grilled chicken breast with sweet and
sour sauce.
VEGETARIANOS
O Restaurante Bar Yate faz questão de ter um serviço virado
para os vegetarianos, onde se destaca a muito apreciada
lasanha de vegetais. Mas o serviço à la carte contém também
salada da estação com vinagreta e “penne rigatte all arrabiata” com tomate e manjericão.
Na carta das sobremesas pode-se observar a seguinte oferta: tarte fina de maçã com gelado baunilha; abacaxi polvilhado com lima; mousse de maracujá; pudim de mandioca com
sabayon de canela; mousse de chocolate com puré de frutos.
Como acompanhantes das refeições, as marcas de vinhos
VEGETARIANS
The Bar Yate restaurant has a focused approach for vegetarians, and among the dishes that are most appreciated is vegetable lasagna. But the à la carte service also includes salad
in season with vinaigrette and “penne rigatte all arrabiata”
with tomatoes and basil.
On the list of desserts there are the following: apple tart with
vanilla ice cream; pineapple sprinkled with lime; passion fruit
mousse; mandioc pudding with cinnamon sabayon; chocolate
mousse with fruit purée.
portugueses são as privilegiadas, entre tintos, brancos e
rosés, novos e velhos. É assim possível sorver reputadas
marcas das regiões do Alentejo (Herdade do Peso, Herdade
do Esporão Reserva, Tapada de Chaves Mouchão, Tapada de
Coelheira) e do Douro (Ferreirinha Reserva Especial, Quinta
do Vale Meão, Periquita, José Maria da Fonseca, Quinta da
Bacalhoa). Mas também não faltam as mais famosas marcas
de champanhe: Moet e Chandon, Imperial, ou D. Perignon.
Entretanto, entra-se para o capítulo dos ‘digestivos’, ou das
chamadas bebidas espirituosas: whiskies novos (Red Label,
Famouse, Grous Jameson ou Jack Daniel) e velhos (Old Parr,
Chivas, Black Label, Dimple ou Grants), mas também os
mais renomados conhaques, brandis e aguardentes.
To accompany the meal, Portuguese wines have pride of
place, red, white and rosés, old and young. This means that
you can get to taste established names from the Alentejo
(Herdade do Peso, Herdade do Esporão Reserva, Tapada de
Chaves Mouchão, Tapada de Coelheira) and from the Douro
(Ferreirinha Reserva Especial, Quinta do Vale Meão,
Periquita, José Maria da Fonseca, Quinta da Bacalhoa). And
there are also famous champagnes available: Moet et
Chandon, Imperial, or D. Perignon.
Then you move into the realm of the after-dinner, in other
words, spirits: young whiskies (Red Label, Famous Grouse,
Jameson or Jack Daniel) and old (Old Parr, Chivas, Black
Label, Dimple or Grants), and there are famous cognacs,
brandies and firewater.
SUGESTÃO DO CHEFE
O Chefe de Cozinha do Restaurante Bar Yate sugere aos
clientes um prato de peixe e outro de carne: Bacalhau
Panado ou Bife à Portuguesa, ao sabor de um vinho velho
tinto ou branco à escolha.
Como Sobremesa, o Chefe sugere Bolo de Frutos Secos com
Passas, Nozes ou Leite-Creme com Natas, acompanhada de
Vinho do Porto Ferreirinha.
De acordo com o Chefe, os preços estão ao alcance da maioria das algibeiras, tanto para as refeições como para as bebidas, e faz votos de Bom Apetite!
THE CHEF’S SUGGESTION
This is the chef’s suggestion: a fish or meat dish: Breaded
Cod or Steak Portuguese style, along with an old red or white
wine at your choice.
For dessert, the chef suggests dried fruit cake with raisins,
nuts or custard with fresh cream, with a glass of Ferreirinha
port to wash it down.
The chef considers that prices are within the range of most
pockets, both for the meals and for the drinks, so enjoy your
meal!
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embarque doméstico
national boarding
Massangano
A lenda remonta ao tempo das caravelas que trans-
The legend goes back to the days of the caravels,
portavam os primeiros portugueses para Angola. O
the ships that brought the first Portuguese to
seu timoneiro, Paulo Dias de Novais, após desembar-
Angola. As he set foot on African soil for the first
car em terra africana, terá perguntado o nome do
time, the pilot Paulo Dias de Novais may have asked
ONDE A HISTÓRIA DE ANGOLA COMEÇA
local a um nativo que sossegadamente pisava (amas-
a local calmly pounding corn in his mortar, “what is
sava) milho no seu pilão: “como se chama este
the name of this place?” Given that the question
Where Angola’s history begins
lugar?”, perguntou ele. Vindo a pergunta em língua
was asked in an unknown language, the man may
estranha, o homem terá pensado que o estrangeiro
have thought instead the foreigner was asking him
lhe perguntava o que ele estava a fazer e, assim pen-
what he was doing. He duly replied in Kimbundu:
sando, respondeu em língua kimbundu: “massa n’ga-
“massa n’gana” (“corn, sir!”). Paulo Dias de Novais
na!” (“milho senhor!”). Paulo Dias de Novais terá
naturally thought that the place was called
entendido que o local se chamava “Massangano” –
Massangano – a name that has stuck till today.
Texto/text e/and Fotos/photos: Carlos Lousada
nome que permanece até aos dias de hoje.
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Na verdade, o local denominava-se N’Guimbi yá Songo
(Cidade do Songo), área paradisíaca onde dois grandes rios
se abraçam como eternos amantes: o portentoso Kwanza e o
Lucala, famosos por oferecerem a Angola as maiores quedas
de água. Mas o nome ‘Massangano’ acabou por se impor e é
lá onde até hoje se encontra o túmulo de Paulo Dias de
Novais, falecido em 1589, cujas cinzas foram posteriormente
depositadas na Igreja dos Jesuítas, em Luanda.
Alguns historiadores sustentam que Paulo Dias de Novais
efectuou a sua primeira viagem a África no ano de 1560,
tendo chegado à foz do rio Kwanza, em território angolano,
acompanhado dos primeiros missionários jesuítas. Penetrou
então pela barra do Kwanza e chegou aos domínios do soberano do Reino do N’Dongo, o rei N´Gola Kiluanji, que o fez
prisioneiro durante cinco ou seis anos. Conseguiu evadir-se
com o auxílio de uma das filhas de N’gola Kiluanji, a quem
prometera regressar a Portugal em busca de apoio para suster um levantamento contra o seu pai, desencadeado por
Kiloango Kyá Kongo, seu temido rival.
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The place was in fact called N’Guimbi yá Songo (Songo City),
a paradise on earth, where two great rivers intertwine like
eternal lovers. The mighty Kwanza and the Lucala rivers are
famous for creating Angola’s largest waterfalls. But the name
‘Massangano’ took firm hold and the tombstone of Paulo Dias
de Novais is still here. He passed away in 1589, and his ashes
were later moved to the Jesuit church in Luanda.
Some historians maintain that Paulo Dias de Novais, accompanied by the first Jesuit missionaries, made his pioneering
trip to Africa in 1560, landing at the mouth of the river
Kwanza, on Angolan territory. He travelled inland via the
Kwanza delta to reach the lands of the N’Dongo kingdom,
ruled by King N’Gola Kiluanji, who held him captive for around
five or six years. Novais managed to escape with the help of
one of N’gola Kiluanji’s daughters. In return, Novais promised
that he would return to Portugal to get reinforcements to
back an insurgency against her father, set in motion by the
King’s fearful rival, Kiloanga Kyá Kongo.
This is how Novais ended up departing for Lisbon and on 20
embarque doméstico
national boarding
Paulo Dias de Novais conseguiu desta
forma partir para Lisboa e em 20 de
Fevereiro de 1575 estava de regresso a território angolano, onde desembarcou na então
chamada Ilha das Cabras, actual Ilha de
Luanda, que de acordo com alguns cronistas
da época já ostentava sete povoados, uma
igreja, sete embarcações fundeadas e cerca
de 40 europeus estabelecidos. Partiu então
para Massangano em 1580, comandando forças da coroa portuguesa, que lograram
derrotar N’Gola Kiluanji na conhecida
“Batalha de Massangano”.
A obsessão em descobrir supostas minas
de prata (muito propaladas, mas nunca
encontradas), levou os portugueses a insistir na conquista territorial, mas sofrendo
muitos percalços, como uma derrota com o
mesmo N’Gola Kiluanji numa outra batalha
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February 1575 he returned to Angolan territories, when he anchored at Ilha das Cabras
(Ilha de Luanda today). According to chroniclers at the time, Ilha das Cabras already
had seven hamlets, a church, seven moorings and around 40 settled Europeans.
Novais set off for Massangano in 1580, leading Portuguese troops and they defeated
N’Gola Kiluanji in the now famous Battle of
Massangano.
The reason Portugal was so determined to
conquer this territory was because of its
obsession with discovering the fabled silver
mines (often spoken of, but never found). Many
setbacks were faced, not least a defeat by the
very same N’Gola Kiluanji at a subsequent
battle in 1582. The Portuguese were met
with fierce resistance, so they built
Massango Fort in 1583. This did not,
embarque doméstico
national boarding
em 1582. A forte resistência obrigou à construção do Forte de
Massangano, em 1583, o que no entanto não impediu que as
forças da rainha N’Ginga o atacassem, em 1640, apesar do
saldo negativo do aprisionamento das suas duas irmãs
Kambu e Funji, sendo esta última executada.
A construção do Forte tinha também em vista a defesa das
redes comerciais que desabrochavam, sobretudo a venda de
escravos às Américas, e a segurança do presídio de
Massangano, que a monarquia portuguesa também o utilizou
como local de degredo. Foi lá onde estiveram degredados
alguns dos participantes da chamada Inconfidência Mineira,
no século XVIII, movimento que no Estado de Minas Gerais,
Brasil, reclamava contra o pesado pagamento de um tributo
em ouro cobrado aos mineiros brasileiros pela coroa portuguesa. Reinava então a rainha D. Maria I, que exigia o pagamento anual de cerca de 1.500 quilogramas de ouro.
A Inconfidência Mineira consistiu nessa revolta, liderada pelo
célebre alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido pela
alcunha de Tiradentes, que posteriormente ganhou outros
contornos e foi tida como uma conjura a favor da indepen-
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however, deter the troops of Queen N’Ginga attacking the
Portuguese in 1640, even though both her sisters, Kambu and
Funji, were captured and the latter executed.
The fort was also built to help guard trade routes that were
opening up, especially the slave trade to the Americas. It also
housed Massangano Prison, which the Portuguese monarchy
used as a gaol. This was where rebels of the Inconfidência
Mineira (Minas Conspiracy) were banished in perpetuity in the
18th c. Miners in the state of Minas Gerais, Brazil, rebelled
against the crown and its imposition of high tax duties on
gold. D. Maria I was on the throne then, and she demanded an
annual levy of 1,500kg of gold.
The Minas Consipiracy was a revolt led by the infamous highranking knight Joaquim José da Silva Xavier, nicknamed
Tiradentes (Tooth Puller). He gained new accolades as his
revolt was later interpreted as the first push for independence in Minas Gerais. His backers and direct supporters
were put on trial, and Tiradentes was hung for his role, whilst
others were incarcerated in Massango in 1790. The most
prominent figure to be banished was José Alvares Maciel. He
embarque doméstico
national boarding
dência de Minas Gerais. Presos os seus alegados mentores e
apoiantes directos, foram submetidos a julgamento,
Tiradentes foi enforcado e os outros desterrados para
Massangano em 1790, cujo nome mais sonante foi o de José
Alvares Maciel, que veio a ser solto para divagar como pombeiro (vendedor ambulante) até morrer na desgraça.
Mas antes, Massangano já havia sido local de abrigo dos portugueses fugidos de Luanda, aquando da ocupação militar
holandesa, em 1641, tendo mesmo sido considerada como
capital provisória da província ultramarina de Angola. Reza a
História que quando o almirante holandês da Companhia das
Índias Ocidentais tomou Luanda, os portugueses fugiram
todos para Massangano, tendo ali permanecido durante a
ocupação, até à chegada do luso-brasileiro Salvador Correia
de Sá e Benevides, que reconquistou a Fortaleza de S.
Miguel, na baía de Luanda, em 1648.
Actualmente, em pleno século XXI, a pequena localidade de
Massangano, a cerca de 200 quilómetros de Luanda, na província do Kwanza-Norte, continua a ostentar um património
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was eventually set free and he lived out his days as a travelling salesman or pombeiro and died penniless.
Before this, Massangano was used as a refuge by Portuguese
fleeing Luanda when the Dutch took over the city in 1641. It
even became the temporary capital of the overseas territory
of Angola. History recalls that when the admiral of the Dutch
West India Company took Luanda, the Portuguese all left for
Massangano. There they remained whilst Luanda was occupied, until the arrival of the Portuguese-Brazilian Salvador
Correia de Sá e Benevides, who retook the Fort of S. Miguel in
Luanda bay in 1648.
Today, in the 21st century, the small town of Massangano,
around 200kms from Luanda in the North Kwanza province
com mais de 500 anos: o local onde os escravos africanos
eram baptizados antes de partirem para as Américas, o Forte
de Massangano, a Igreja de Nossa Senhora da Victória, o
Tribunal, o Presídio e o edifício da antiga Câmara Municipal.
São autênticos monumentos classificados e preservados
como património cultural nacional, que estão em vias de reabilitação do seu estado de degradação provocada pela mais
recente guerra.
A agricultura e a pesca são a forma de vida da sua população
agora bastante reduzida, quando “no século XVII era habitada
por cerca de 10 mil pessoas, na qualidade de capital civil e a
sede governamental da Igreja Católica”, segundo se lê em
alguns escritos. No entanto, é uma população que alimenta
a esperança de que Massangano venha a reconquistar o
estatuto de importante ponto turístico, recolhendo os benefícios económicos do seu vasto património cultural e que
representa sobretudo a resistência dos primeiros reis angolanos ao início da presença colonial estrangeira em Angola.
Massangano mantém a deslumbrante cor verde da soberba
vegetação, o brilho das águas dos rios Kwanza e do seu
afluente Lukala, que proporcionam um fenomenal espectáculo em forma de paisagem – local onde o poeta Agostinho
Neto, primeiro presidente de Angola já independente, buscava inspiração. Mas o local sempre exerceu especial atracção,
tendo em conta que em 1954 o então presidente de Portugal,
Craveiro Lopes, visitou Massangano, que também era o destino de enormes peregrinações católicas a partir de Luanda.
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still boasts a heritage dating back 500 years: the place where
African slaves were baptized before they left for the Americas;
Massangano Fort; the Church of Our Lady of Victory; The
Courthouse; The Gaol; and the old Town Hall. These are
authentic monuments, classified and preserved as part of the
national cultural heritage. They are all currently under renovation after falling into disrepair as a result of the recent hostilities.
Farming and fishing remain a way of life here, though the
town’s population is now greatly diminished. According to
written records, in the “17th century Massangano was home
to around 10 thousand people, as it was both the civilian capital and the administrative centre for the Catholic church.”
The town’s people, however, keep the hope alive that one day
Massangano will regain its importance as a tourist attraction,
bringing in much needed resources from its significant cultural heritage. Most of all, this is the place where Angola’s
native kings rose up against colonial outsiders.
Massangano’s lush countryside is still a stunning green, the
waters of the rivers Kwanza and its tributary Lukala sparkling
bright. The panoramic views here are a phenomenal sight to
behold – this is the where the poet Agostino Neto, the country’s first post-Independence president, came for inspiration.
But this place is special, and has always drawn people to it. In
1954, after all, Craveiro Lopes, the Portuguese President at
the time, visited Massangano, a holy destination for large
Catholic pilgrimages leaving Luanda.
rota cultural
the cultural round
ANGOLA NA EXPO SHANGHAI 2010
Engenheira Albina Assis,
Comissária de Angola
Angola in the 2010 Shanghai EXPO
A EXPO Shanghai 2010 tem proporcionado a Angola a satisfação de uma forte participação em cerimónias de carácter
nacional, continental e mundial no certame internacional da
China.
0 Dia de África, 25 de Maio, foi um dos eventos devidamente
assinalados pela parte angolana presente em Shanghai,
sobretudo através de um concerto musical marcadamente
africano proporcionado por vários músicos.
Também o 1 de Junho, Dia Internacional da Criança, foi
comemorado com uma Semana Infantil no pavilhão de
Angola, com várias actividades culturais e recreativas,
enquanto que o Dia da Mulher Africana (31 de Julho), foi
marcado por uma exposição feminina de pintura e escultura.
O passado mês de Maio foi igualmente marcado pela realização, no pavilhão angolano, do programa Angola After 10,
destinado ao intercâmbio cultural entre povos das diferentes
nações presentes em Shanghai.
A data mais importante para o país acontecerá em 26 de
Setembro, dia dedicado a Angola naquela Exposição Interna-
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The 2010 Shanghai EXPO has given Angola great satisfaction,
with participation in ceremonies ranging from national
through continental to global in the world exhibition held in
China.
Africa day was on May 25 and it was duly marked by the
Angolan team in Shanghai, the highlight being a concert
which involved a number of musicians in a show with a pronounced African slant.
International Children’s day on June 1 was also celebrated in
the Angolan pavilion with a week dedicated to children,
including cultural and recreational activities. The Day of the
African Woman (July 31) featured an exhibition of painting and
sculpture done by women.
May also saw the Angola After 10 programme in the country’s
pavilion, given over to cultural interchange between different
nations represented in Shanghai.
The most important date for Angola is September 26, the day
dedicated to the country in the international exhibition. A high
level official delegation is due in Shanghai on that date,
cional, altura em que deverá estar presente em Shanghai
uma delegação oficial de alto nível, de acordo com a Comissária de Angola, Albina Assis.
Segundo a engenheira Albina Assis, será uma cerimónia ao
nível da que Angola marcou o dia da abertura da Expo, a 1 de
Maio, “com espectáculos de manhã à noite de grupos e artistas angolanos, não apenas no palco do nosso pavilhão, mas
em vários palcos espalhados pela Expo”.
O pavilhão de Angola está montado numa área de mil metros
quadrados, onde regularmente acontecem exposições de
arte, exibições de filmes documentais, shows musicais e de
dança tradicional e um serviço de gastronomia típica no seu
restaurante.
Uma área de negócios e outra de exibição das potencialidades do país, procura tirar partido da vertente económica do
evento, pelo facto de proporcionar a atracção de novos investimentos e parcerias. Aliás, logo à entrada, uma área VIP
está reservada às altas entidades nacionais e estrangeiras.
Nos dois primeiros dias da abertura, o pavilhão angolano foi
rota cultural
the cultural round
according to the country’s commissionaire, Albina Assis.
According to Albina Assis, this will be a ceremony on a par
with the Angolan celebration at the opening of Expo on May
1st, “with shows from morning to night comprising Angolan
groups and artists, not only on the stage in our pavilion, but
also on other stages around Expo”.
The Angolan pavilion covers a thousand square metres, where
there are frequent art exhibitions, films and documentaries on
show, musicals and traditional dance routines and a service
providing typical food and drink in the country’s restaurant.
There is a business area and another area for a display of the
country’s potential. Both try to take advantage of the economic side of the event since it can provide an attraction for new
investment and partnerships. In fact, right at the entrance
there is a VIP area reserved for dignitaries both Angolan and
from foreign countries.
In the first two days after opening, around 9 thousand people
visited the Angolan pavilion, including Chinese dignitaries,
and the forecast is that by the end of the exhibition (October
31) there will have been around six million people seeing the
site, higher than the number for Zaragoza in Expo 2008.
The Angolan pavilion has caused particular interest because the
exterior has been based on the famous Welwitschia Mirabilis – a
species that only exists in Angola, in the Namibe desert. Another
Angolan symbol – the giant black antelope – is also represented
in the pavilion and there are a number of areas put aside for
showing the historic and present day reality of the country.
Angola, using the catchphrase “New Angola, Better Life”
(Nova Angola, Vida Melhor), is taking part in the 2010
Shanghai EXPO along with 242 countries and international
organisations. The exhibition has been put on at an estimated
cost of 200 thousand million dollars and has been a way to
bring countries and peoples together, to foster closer ties and
to put on display the specific cultural, social and economic
reality of each country.
visitado por cerca de 9 mil visitantes, incluindo entidades chinesas, esperando-se que até ao final do certame (31 de
Outubro) seja visitado por cerca de seis milhões de pessoas,
superando os números da Expo Saragoça 2008.
O pavilhão angolano desperta particular atenção pelo facto
de o seu exterior ser inspirado na célebre Welwitschia
Mirabilis – espécie vegetal somente existente em Angola, no
deserto do Namibe. Outro símbolo angolano – a Palanca
Negra Gigante – também está representado no pavilhão,
possuindo várias áreas destinadas à mostra da realidade histórica e actual do país.
Sob o lema “New Angola, Better Life” (Nova Angola, Vida
Melhor), Angola participa na Expo Shanghai 2010 ao lado de
um total de 242 países e organizações internacionais – certame avaliado em 200 mil milhões de dólares, que serve para
aproximar países e povos, estreitar relações e mostrar cada
uma das realidades e especificidades culturais, sociais e
económicas.
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rota cultural
the cultural round
ATRIBUÍDOS PRÉMIOS
ENSA-ARTE 2010
THE AWARD OF THE ENSA-ARTE 2010 PRIZES
mos encontrar no infinito. O encontro com novos horizontes
dá à obra a sensação do esplendor, ensinando-nos o equilíbrio de formas e pensamentos”.
No segundo lugar da mesma categoria classificou-se o artista plástico Ângelo de Carvalho, da província do Kuanza-Sul,
que recebeu 7 mil e 500 dólares mais a estatueta do prémio
pela obra “Sonha com Casa Própria”. Este mesmo artista
recebeu o Prémio de Pintura Especial para uma província,
categoria lançada pela primeira vez este ano.
Na disciplina de Escultura, o júri decidiu pela não atribuição
do primeiro prémio, tendo em conta que “as onze obras concorrentes não tinham atributos para receber a recompensa”,
um facto que acontece pela primeira vez.
O artista plástico Miguel DaFranca foi o vencedor da décima
edição do Grande Prémio EnsaArte em Pintura com a obra
“A+B”, tendo recebido o valor de
15 mil dólares e uma estatueta.
O veterano pintor, de 67 anos de
idade, apresentou uma obra
composta por duas telas, pintadas com técnica acrílica, que
o Júri considerou como sendo de “sublime execução” e possuindo “uma maturidade indescritível”.
A acta do Júri afirma que a obra “aponta-nos para caminhos
de reflexão sem precedentes, na busca de algo que possa-
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The artist Miguel DaFranca, was
the winner of the 10th Ensa-Arte
prize for painting, with the work
“A+B”. He was presented with the
prize of 15 thousand dollars and a
statuette.
The veteran painter is now 67, and
his work was made up of two canvasses painted in acrylics, which
the jury considered to be of “sublime execution”, demonstrating “an indescribable maturity”.
The jury’s notes state that the work “points us towards
unprecedented paths of reflection, in search of something we
may find in infinity. The meeting with new horizons gives the
work an aura of splendour, teaching us about the balance of
shapes and thoughts”.
Second in the same category was the artist Ângelo de
Carvalho, from the province of Kuanza-Sul. He received 7
thousand 500 dollars and a statuette for his work “Sonha com
Casa Própria” (Own House Dream). The same artist was
awarded the Special Painting Prize for a province, a new category instituted this year.
In the Sculpture category, the jury decided not to award a first
prize, noting that “the eleven works entered did not have the
qualities necessary for the award”. This was the first time that
this had happened.
rota cultural
the cultural round
Quanto ao segundo lugar da categoria de Escultura, o prémio
avaliado em 7 mil e 500 dólares foi entregue ao criador da
obra “Divas do Dia-a-Dia”, António Toko, que igualmente foi
contemplado com uma bolsa de estudo em França, patrocinada pela Alliance Française.
O Júri concedeu ainda menções honrosas (cheques de 5 mil
dólares) nas duas categorias, respectivamente a Sónia
Lukene e a Luís António Domingos. Na categoria ‘Juventude’
em Pintura, foi distinguido Manuel Ventura, enquanto que na
categoria ‘Juventude’ em Escultura o prémio foi outorgado a
Amândio Vemba, os dois também no valor de 5 mil dólares.
O júri desta edição era constituído pelo historiador Simão
Souindoula, pelo gravador e pintor Álvaro Cardoso, o escultor Masongui Afonso, o pintor António Bastos e pelo representante da Ensa (Empresa de Seguros de Angola), João
Freitas.
O Prémio Ensa-Arte é atribuído desde 1991, cujo primeiro
vencedor foi o falecido artista plástico Victor Teixeira (Viteix).
Inicialmente restrito à categoria de Pintura, passou a abranger a partir de 1998 outras modalidades artísticas. As obras
premiadas passam a fazer parte da colecção da Ensa, que já
possui o maior acervo do ramo das artes do país.
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The second prize for Sculpture, to the value of 7 thousand 500
dollars, was awarded for the work “Divas do Dia-a-Dia”
(Everyday Divas), by António Toko. He was also given a scholarship to study in France, awarded by the Alliance Française.
The jury also gave two special mentions (cheques for 5 thousand dollars) in the two categories, in the first for Sónia
Lukene and in the second for Luís António Domingos. In the
‘Juventude’ category for painting, the 5 thousand dollar award
went to Manuel Ventura, and for sculpture (the same amount)
to Amândio Vemba.
This year’s jury was made up of the historian Simão
Souindoula, the engraver and painter Álvaro Cardoso, the
sculptor Masongui Afonso, the painter António Bastos and
João Freitas, the representative of Ensa (Empresa de Seguros
de Angola).
The Ensa-Arte award has been given since 1991, the first winner being the late Victor Teixeira (Viteix). In the first instance,
there was only one award, for painting, but other categories in
the arts were included from 1998. The works for which prizes
were awarded are now in the Ensa collection, which has
become the biggest trove of arts in the country.
rota cultural
the cultural round
Pianista Mike
Del Ferro em Luanda
The pianist Mike Del Ferro in Luanda
O pianista-jazzista americano Mike del Ferro concedeu dois
concertos ao vivo no mês de Maio em Luanda, no quadro de
uma digressão que efectua pelo mundo.
Nome de referência mundial do Piano-Jazz, del Ferro efectuou o primeiro concerto no espaço cultural Elinga, com a
participação do cantor angolano Wyza, e o segundo no restaurante Miami Beach, com a jazzista angolana Affrikkanitha.
O músico foi acompanhado pelos angolanos Hélio Cruz, na
bateria, e Vando Moreira, na guitarra baixo, formando um trio
que proporcionou aos luandenses grandes momentos de
música jazz, mas também do estilo musical angolano
Kilapanda.
Além dos espectáculos, Mike del Ferro trocou impressões
com professores e alunos da Academia de Música de Luanda,
tendo afirmado que a sua estada em Angola, a convite da
embaixada norte-americana, teve o objectivo de partilhar
com os angolanos o amor que sente pela música.
Antes de Angola, esteve na vizinha Namíbia, onde fez dois
concertos em Windhoeck, mas também na África do Sul,
Tunísia, Mauritânia, Moçambique, Gâmbia, Senegal, Mali,
Togo, Quénia, Ruanda e Eritreia.
“África é o berço da música mundial”, disse ele durante a sua
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digressão pelo continente, apoiando-se no facto de grande
parte das estrelas mundiais terem origem africana.
Pianista, compositor e arranjador, Mike Del Ferro tem no seu
repertório mais de uma dezena de discos, interpretados em
diferentes estilos musicais. Uma das suas músicas foi adaptada para o filme de animação “Rum of the Mill”, que ganhou
um Óscar.
Nascido em Amesterdão, Holanda, é filho do cantor de ópera
Leonardo del Ferro (1921-1992), que cantou e gravou com
Maria Callas em 1958. Começou a sua carreira estudando
piano clássico aos nove anos de idade. Apaixonou-se pelo
jazz, tendo concentrado os seus estudos neste estilo. Mais
tarde recebeu um mestrado de Música Contemporânea em
Amesterdão.
Em 1989, ganhou o primeiro prémio no Concurso de Piano
Jazz Rotterdam, o prémio de solista no Concurso Europe
Jazz, em Bruxelas, e o primeiro prémio no concurso de
Karlovy Vary Jazz.
Vencedor do Oscar Borge Ring, é actualmente director de
Programas de Jazz de vozes norte-americanas, além de
coordenar a programação artística para os festivais
American Jazz Voices no Azerbaijão, Cazaquistão e Taiwan.
The American jazz pianist Mike del Ferro gave two live concerts
in Luanda in May, as part of his worldwide tour.
Del Ferro is internationally known in the world of piano jazz and in
his first concert in the Elinga cultural centre he was joined by the
Angolan singer Wyza; in the second, in the Miami Beach restaurant, he was joined by the Angolan jazz musician Affrikkanitha.
The backup was in the hands of two Angolan musicians, Hélio
Cruz on drums and Vando Moreira on bass guitar. The trio gave
the people of Luanda some great jazz moments in addition to
music in the Angolan style Kilapanda.
In addition to the shows, Mike del Ferro chatted with teachers
and pupils at the Luanda Musical Academy. His stay in Angola,
at the invitation of the United States embassy, was, in his own
words, to share his love for music with the people of Angola.
Before coming to Angola, he had been in the neighbouring state
of Namibia, where he gave two concerts in Windhoek. Before that
he had been in South Africa, Tunisia, Mauritania, Mozambique,
Gambia, Senegal, Mali, Togo, Kenya, Ruanda and Eritreia.
“Africa is the cradle of the world’s music”, he said during his
tour of the continent, basing his assertion on the fact that so
many of the great musicians in the world have African origins.
Mike Del Ferro is a pianist, composer and musical arranger. He
has more than a dozen records to his name in a range of different styles. One of his pieces was adapted for the cartoon film
“Rum of the Mill”, winner of an Oscar.
He was born in Amsterdam in Holland and is the son of the
opera singer Leonardo del Ferro (1921-1992), who sang and
recorded with Maria Callas in 1958. His career started with classical piano studies from the age of nine. He fell in love with jazz
and has focused primarily on this style. He later took a Master’s
in Contemporary Music in Amsterdam.
In 1989 he won first prize in the Rotterdam Jazz Contest, the
soloist prize in the Europe Jazz Contest in Brussels and first
prize in the Karlovy Vary Jazz Contest.
He has won the Borge Ring Oscar, and is currently director of
jazz programmes for North American voices. He is also coordinator for the artistic programme in the American Jazz Voices
festivals in Azerbaijan, Kazakhstan and Taiwan.
novos voos
new flights
Afrikkanitha
O Jazz no feminino
Women and Jazz
Texto/text: Aoaní d’Alva
Fotos/photos: Arquivo de Afrikkanitha
Com cerca de quatro anos já gostava de cantar,
She was four, but already she liked to sing. She was
após ter vindo ao mundo no dia 8 de Agosto de
born into the world on 8 August 1974 and was given
1974. Recebeu o nome de Eunice Quipuco Piedade
the name Eunice Quipuco Piedade José. Later she
José, mas mais tarde viria a ser novamente bapti-
got baptised again, this time with the nom de plume
zada, desta vez com o nome artístico Afrikkanitha,
Afrikkanitha, after she had really gone in for music
após ter enveredado a sério pela música – o grande
– the great love of her life.
amor da sua vida.
Apesar da vocação de nascença, ela nunca pensou que algum
dia viria a tornar-se profissional, pois “nem sabia que tinha
um potencial vocal que me levasse a tanta responsabilidade”,
diz Afrikkanitha – nome artístico que escolheu quando se
apercebeu da importância de valorizar as raízes africanas.
Confessa que a princípio penetrou no mundo da música apenas
para se divertir, porque também tinha consciência de que em
Angola “a música nunca foi aceite como profissão”. Impulsionada
pela mãe, enquanto o pai defendia um maior apego aos estudos,
começou a cantar os ritmos Rn’B e Soul, juntando-se de seguida
a um grupo da altura denominado Vozes Negras.
Aprendeu a cantar Semba e outros ritmos da terra, esteve
durante ano e meio a cantar com o famoso grupo musical N’Sex
Love e, depois, começou a encarar a música mais a sério.
Afrobeat, Soul, Rn’B e variados estilos africanos foram muitos dos ritmos pelos quais Afrikkanitha passou antes de se
fixar finalmente no Jazz, que se tornou na sua verdadeira
paixão. Hoje, ela é uma das vozes mais promissoras do panorama musical angolano, principalmente neste estilo de
música, tendo já feito um dueto em Luanda com Mike Del
Ferro, o internacionalmente conhecido cantor de Jazz.
O caminho do Jazz foi-lhe sugerido pelo veterano cantor
angolano Mendes Ribeiro, que lhe falou sobretudo das brilhantes vozes e das magníficas carreiras de Ella Fitzegerald
She may have had a vocation from birth, but she never
thought that one day she would become a professional, since
“I didn’t think I had such potential in my voice that would take
me to such responsibility”, says Afrikkanitha – to use the
name that she chose when she realized the importance of
giving value to her African roots.
She confesses that she only got into the world of music to
enjoy herself, because she was also aware that in Angola
“music has never been accepted as a profession”. Spurred by
her mother (her father thought she should concentrate on her
studies more) she began to sing then in the style of Rn’B and
Soul. Following this, she joined a band of the times called
Vozes Negras.
She learnt to sing Semba and other local music and spent a
year and a half singing with the famous band N’Sex Love.
After this, she began to look at music more seriously.
Afrobeat, Soul, Rn’B and a number of other African styles
formed many of the African rhythms that Afrikkanitha tried
before finally coming to rest with jazz, which became her real
passion. Today, she is one of the most promising voices on the
Angolan musical scene, mainly in this style. She has already
sung a duet in Luanda with Mike Del Ferro, the internationally
recognised jazz singer.
Jazz was suggested by the veteran Angolan singer Mendes
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e Louis Armstrong. Afrikkanitha enveredou assim pelo Jazz
e, na altura de lançar o seu primeiro álbum, decidiu ser ela
mesma a gravar o que gostava “independentemente de as
pessoas ouvirem e gostarem ou não, numa altura em que
ninguém cobria esse estilo de música em Angola”.
Ela também esteve inserida na organização em 2009 do primeiro festival de Jazz em Angola, ao qual ela atribuiu nota
positiva tendo em conta o engajamento dos músicos e a participação do público. Na sua opinião, “cada um dos artistas
angolanos presentes no primeiro festival deu o melhor de si
e a receptividade do público foi boa, não se podendo exigir
mais de um povo que só agora está a consumir Jazz”. O festival passou a ser anualmente uma tradição, realizando-se
sempre no último fim-de-semana de Julho.
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Ribeiro, who spoke to her mainly of the brilliant voices and
marvellous careers of Ella Fitzegerald and Louis Armstrong.
And so it was that Afrikkanitha devoted herself to jazz and
when she came to record a CD she decided that she would do
what she wanted “whether people who listen like it or not, at
a time when nobody in Angola was into this kind of music”.
She gave it the thumbs up when there was clearly both
engagement from the musicians and participation from the
general public. In her opinion, “every single Angolan artist
who was at the first festival gave their all, and the public was
receptive. And you can’t expect more from people who are
only now starting to take jazz on board”. The festival has
become an annual tradition, slated every year for the last
weekend in July.
novos voos
new flights
Dinamismo invulgar
A dynamism out of the ordinary
Revelando um dinamismo invulgar, está engajada num projecto futuro de encaminhar a música Jazz às outras províncias do país, depois de também ter realizado em Luanda um
espectáculo feminino de Jazz, apenas com instrumentistas
femininas, nove no total, todas da brasileira Orquestra Lunar.
Essa ideia surgiu de um encontro com uma das integrantes
do grupo, a trompetista Sueli Faria, o que em princípio deverá ter continuidade.
A cantora sente-se consciente de que está “a dar à sociedade
angolana um contributo positivo, revelando-se satisfeita consigo própria. É uma tarefa que reconhece como sendo difícil
e muito trabalhosa, mas que pretende continuar a fazer “com
With a dynamism out of the ordinary, she is already involved
in another project that will take jazz to other provinces around
the country, following a show in Luanda featuring women in
jazz, with totally feminine players, nine to be precise, all from
the Brazilian Orquestra Lunar. The idea came up in a meeting
with one of the musicians in the band, the trumpet player
Sueli Faria. The idea will in principle result in future shows.
The singer is aware that she is “making a positive contribution to Angolan society” and she is satisfied with what has
been done. She recognizes that the task will not be easy and
will demand a lot of work, but she intends to carry on “with a
sense of responsibility, trying my utmost to set a good exam-
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novos voos
new flights
responsabilidade, tentando ao máximo ser um bom exemplo”. É um exemplo que tem sido reconhecido, considerando
os convites que tem vindo a receber, o último dos quais proveio da Embaixada americana para cantar ao lado de Mike
Del Ferro. Na sua opinião, esse convite foi “um claro sinal de
confiança e reconhecimento, já que os americanos são muito
atentos e exigentes”.
Afrikkanitha revela-se como uma artista “não comercial”, não
desperdiçando o seu “escasso tempo a fazer música de consumo rápido”. A seu ver, “a música merece muito mais,
merece todo o nosso respeito. Gosto de coisas sérias, que exijam trabalho”. Quando não está a cantar, ela faz outra coisa
de que gosta muito: escrever. Por causa dessa paixão pela
escrita, ela diz que se não fosse cantora seria jornalista.
Mas não está muito longe do jornalismo, pois é autora e
apresentadora do programa “Jazz em Casa”, que vai ao ar na
“Rádio Mais” aos domingos às 21h e às segundas-feiras às
22h na frequência 99.1.
É casada com uma pessoa ligada também à música,
Simmons Massini, com quem tem dois filhos. Ele também
gosta de cantar Jazz, além de Funk e Gospel. Para os próximos tempos, aquela que foi intitulada pela imprensa nacional como “Rainha do Jazz” tem novos projectos sociais em
carteira e o lançamento de um novo álbum, “com outras
influências – uma outra maneira de fazer Afro-Jazz. Será o
álbum “Ainda Sonho”.
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ple”. Her example has been recognised, if the invitiations she
has been receiving are anything to go by. The most recent was
from the United Sates Embassy and was to sing alongside
Mike Del Ferro. In her opinion, this invitation was “a clear sign
of trust and recognition, since the Americans are both very
attentive and very demanding”.
Afrikkanitha says she is an artist who is “not commercial”,
and will not waste “the little time she has doing fast consumption music”. In her view, “music is worth far more, in
fact it warrants all our respect. I like serious things that
demand hard work”. When she is not singing, she does
another thing she loves: writing. Because of her passion for
writing, she says that if she had not been a singer she would
have been a journalist.
In fact she is never far from journalism, since she is the
author and presenter of the programme “Jazz em Casa”,
which is broadcast on “Rádio Mais” every Sunday at 9 p.m.
and on Mondays at 10 p.m. on frequency 99.1.
She is married to someone who is also linked to the world of
music, Simmons Massini, and they have two children. He also
likes to sing jazz, along with funk and gospel. In the near
future, the woman dubbed by the Angolan press as “Queen of
jazz” has new social projects up her sleeve, along with the
launch of a new album “with other influences – another way
of doing Afro-Jazz. This will become the album “Ainda Sonho”
(I still dream).
longo curso
long haul
O SELO POSTAL
E OS SEUS COLECCIONADORES
THE STAMP AND ITS COLLECTORS
“O selo mais caro dos Estados Unidos da América foi vendido
há pouco tempo por cerca de três milhões de dólares”
“The most expensive stamp in the United States of American was sold recently for around 3 million dollars.”
Texto/text: Recolha documental / Archive research Fotos/photos: Carlos Lousada
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A circulação do selo (móvel) em Angola tem 140
Postage stamps have been in circulation in Angola
anos. O primeiro selo foi emitido em Angola, então
for 140 years. The first stamp in Angola was issued
colónia portuguesa, no dia 1 de Julho de 1870, mas
on 1 July 1870, when Angola was a Portuguese over-
terá sido trinta anos antes, em 1840, que o inglês
seas territory, but it was thirty years earlier in 1840
Sir Rowland Hill inventou o selo de correio móvel
that the Englishman, Sir Rowland Hill, created the
ou adesivo. Antes, apenas existia o selo fixo a tinta
first adhesive postage stamp. Before this, stamps
aplicado por um instrumento manual, semelhante
were not transferable but were stamped by hand in
ao posterior selo branco.
ink, similar to the white relief seal stamp used later.
O primeiro selo posto a circular em Angola pelas autoridades
portuguesas em 1870 foi o Coroa, no valor de 5 réis (moeda
da época), com circulação simultânea em S.Tomé e Príncipe.
Em Portugal, o uso dos selos postais havia iniciado em 1853,
com a efígie da rainha D. Maria II. O primeiro selo emitido em
massa foi o comemorativo “Jornaes”, impresso em 1879.
Tal como as estampilhas postais portuguesas, as das colónias portuguesas ultramarinas, como o caso de Angola, também eram litografados na Casa da Moeda em Lisboa, sendo
uma componente essencial no serviço de Correios. De início,
os Correios eram uma instituição ao serviço exclusivo da
The first postage stamp in Angola, issued by Portuguese
authorities in 1870, was the Coroa stamp, worth 5 réis (the
currency of the day). It was put into circulation at the same
time in both S. Tomé e Príncipe and Angola. In Portugal,
stamps had been in use since 1853, bearing the image of
queen D. Maria II. The first mass circulation stamp was the
commemorative “Jornaes” issued in 1879.
Similar to Portuguese postage stamps, overseas territories
like Angola had its stamps fashioned by the Casa da Moeda
(The Mint) in Lisbon. This was an integral part of the Post
Office service. To begin with, the Post Office was an institution
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Coroa portuguesa, mas depois foram paulatinamente postos
à disposição de todo o público.
No caso particular de Angola, até 1974 (últimos tempos da
dominação portuguesa) foram emitidas variadíssimas séries
de selos postais com vários motivos: culturais, desportivos,
escudos de armas de cidades e vilas de Angola, fardamento
das tropas portuguesas, flora, fauna, combate ao paludismo
e ao gafanhoto vermelho….
O selo de correio, a par da sua função postal, é descrito como
um elemento “sem fronteiras, divulgador privilegiado da história, do património e da cultura dos povos”. Portanto, sendo
um mensageiro sem fronteiras, “descreve em todos os idiomas as maravilhas da natureza e a longa história das civilizações”.
Carimbo nascido do Kimbundu
Sendo um elemento essencial da carta – esse privilegiado
meio de diálogo entre pessoas distantes umas das outras –
ao selo tinha que ser aplicado o carimbo, que constituía a
marca de proveniência com que se inutilizavam os selos à
sua passagem pelos correios. A História retrata que “sempre
fora do costume do clero e da nobreza apor nos seus documentos o sinal autêntico da sua proveniência”.
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reporting exclusively to the Portuguese Crown, but later on it
gradually began providing services to the general public.
In Angola specifically, up to 1974 (the final days of Portuguese
rule) a wide variety of stamp series were issued with diverse
themes: cultural; sporting; Angolan cities’ and towns’ coats
of arms; Portuguese troops’ uniforms; flora; fauna; the fight
against malaria; and even the red grasshopper...
The postage stamp, as well as being a mailing tool, has been
described as an item “without borders, a distinct broadcaster of
history, heritage and peoples’ culture.” In other words it is a
messenger that transcends borders: “It depicts the marvels of
nature and the long histories of civilisations in every language.”
The Kimbundu Stamp
The stamp is an intrinsic part of a letter – that unique way for
people who are apart to keep in touch – but all stamps need
be franked. A frank marks where a letter comes from and
stops stamps being used twice once they are mailed. History
recalls that “it was always the practice of the clergy and nobility to mark their documents with an authentic seal signalling
their provenance.”
But where did the stamp come from? The English word
‘stamp’ was used for a fixed seal first found in 17th ccentury
longo curso
long haul
Mas como surgiu o carimbo? Com a denominação inglesa
‘Stamp’, com cariz de selo fixo, terá também nascido na
Inglaterra no século XVII, antes portanto do selo móvel ou
adesivo. É conhecido o Aviso do Correio-mór inglês Henry
Bishop, datado de 1661, onde se lê: «A stamp is invented that
is put upon every letter». Este primeiro “Stamp” postal
inglês era de forma circular, ostentando o dia e o mês da manipulação
da carta, impressos com tinta preta
por meio de um instrumento manual.
Em Portugal enveredou-se pelo
mesmo caminho e, logo de seguida, o
processo foi também aplicado nas
suas colónias, como sinal de autenticidade ou de identificação das repartições de correio, tal como actualmente
ainda sucede com o selo branco das
repartições oficiais.
Mas se a palavra ‘selo’ tem origem no
Latim, a língua mãe do Português, qual
é a proveniência da palavra ‘carimbo’? Os filólogos são unânimes em afirmar que a palavra ‘carimbo’ é de origem angolana Kimbundo (Kirimbo, Karimba).
A utilização da palavra ficou a dever-se ao francês François
Fournier, ele que anunciou a emissão do primeiro selo ango-
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England, before the postage and adhesive stamps were created. There is a notice issued by the English postmaster Henry
Bishop dated 1661 that reads: “A stamp is invented that is put
upon every letter”. This first English franking ‘stamp’ was
round in shape, and stated the day and month the letter was
mailed. It was stamped by hand with
black ink.
Portugal followed suit, and shortly
thereafter, introduced the same
process in its colonies, as a way for
post offices to check authenticity and
identity, not unlike the white seal of
official administrative departments
still in use today.
But if the word for stamp in
Portuguese – selo - comes from the
Latin, where did the word carimbo
come from? Linguists unanimously
agree that the word carimbo
comes from the Angolan language Kimbundo and its words
Kirimbo, Karimba.
The word entered the common vernacular when the
Frenchman François Fournier announced in his magazine “Le
Facsimile” in 1910 that the first Angolan stamp had been
issued (forty years after the event).
longo curso
long haul
lano na sua revista “Le Facsimile”, em 1910 (quarenta anos
depois da sua emissão).
A origem da palavra dever-se-á ao facto de naquela altura
em Angola, uma mensagem (verbal) para ser bem aceite
pelos chefes e reis autóctones deveria ter como portador
uma pessoa com Kirimbo ou Karimba (marca, sinal), que significava “idoneidade, posição social reconhecida”. A palavra
também poderá também ter sido inspirada na marcação,
com ferro em brasa, que os amos faziam na pele dos seus
escravos negros.
O caso não será inédito, uma vez que o Português moderno incorporou muitas palavras de origem africana no seu léxico, como
são os casos de “bunda”, “cachimbo”, “cacimba”, “candonga”,
“careca”, “cubata”, “missanga”, “sanzala”, “soba”, “tanga”, etc.
Segundo a investigadora brasileira Rosa Alice CunhaHenckel, da Universidade Livre de Berlim (FU Berlin) e da
Universidade de Jena, ambas no Leste da Alemanha, que
estuda a influência das línguas bantu de Angola no português do Brasil, no seu país além de se ter adoptado também
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The word initially came into use because at that time in
Angola, a verbal message between chiefs and native kings
was only accepted if delivered by a person with a Kirimbo or
Karimba (mark or sign) which meant that they were “competent, a well-known person in society.” The word could also
have been inspired by the brands found on black slaves who
were marked by their masters with a branding iron.
This was not an isolated adoption of an African word. Modernday Portuguese has incorporated many African words into the
language. Take for example the terms: bunda, cachimbo,
cacimba, candonga, careca, cubata, missanga, sanzala, soba,
tanga, and so on.
The Brazilian researcher, Rosa Alice Cunha-Henckel of the
Free University of Berlin and the University of Jena, both in
longo curso
long haul
A FILATELIA
A pergunta ecoa cada vez mais sonante: “sem cartas,
estará a Filatelia em vias de extinção? Ter-se-á acabado o
século das colecções e da propaganda muda que os selos
constituíam?”.
A Filatelia é considerada pelos entendidos como “uma
das viroses culturais mais absorventes do último século”
(XX), sendo o selo um componente preponderante na correspondência através da carta, uma vez que “carta sem
selos, não é carta”.
A Filatelia é definida como “o estudo e o coleccionismo de
selos postais e materiais relacionados”, possuindo várias
áreas de estudo. O objectivo deste hobby é seleccionar
selos para compor uma colecção, que pode ser geral por
país ou temática. Existem colecções que, além dos selos,
possui informações sobre o tema – um parâmetro utilizado por muitas pessoas nas colecções temáticas.
Mas o único ideal que procura unir os filatelistas de todo
o mundo é: “a vontade de conhecer mais sobre um lugar,
objecto, pessoa, país, etc. É o conhecimento que estimula
os filatelistas a continuar com seu hobby, apesar da diminuição das correspondências via Correios”.
Apesar dos pesares, a Filatelia, considerado “o mais
popular de todos os passatempos”, ainda conta mundialmente com cerca de 30 milhões de adeptos e movimenta
cerca de 16 biliões de doláres por ano.
Na Inglaterra, de onde proveio o selo em 1840, a estampilha surgiu em 1856 em Londres como passatempo e actividade comercial, com a abertura da casa filatélica
Stanley Gibbons, considerada equivalente ao Índice Dow
Jones, realizando avaliações de preços de selos a nível
mundial. Este país europeu também se destaca com a
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Exposição Filatélica Mundial, que acontece de dez em dez
anos. No Brasil, o terceiro país do mundo a emitir selos
em 1843 (o segundo foi lançado na Suiça no mesmo ano),
a Filatelia é tida como “uma das mais ricas do planeta”.
Mas a Filatelia não é apenas uma actividade lúdica, pois a
quadra (quatro selos juntos) com a imagem do avião
Jenny, o selo mais caro dos Estados Unidos da América,
foi vendida há pouco tempo por cerca de três milhões de
dólares.
Em Angola, o serviço de Correios tem manifestado orgulho pelo reconhecimento que as suas colecções de selos
têm tido a nível internacional e que “permitem divulgar
um grande número de referências culturais angolanas.
Tudo isso, apesar do facto de “os angolanos desinteressaram-se um pouco em coleccionar selos e não haver uma
associação de Filatelistas”.
De acordo com Fernando Cabuço, responsável para a área
de Filatelia dos Correios de Angola, após a independência,
em 1975, a primeira emissão de um selo angolano foi
dedicado à mulher africana. Desde aquela altura, os
Correios de Angola efectuavam pelo menos oito emissões
por ano, “mas a partir de 2000 as coisas inverteram-se
negativamente e, hoje, são apenas cinco emissões por
ano”.
É um facto que se repete por todo o mundo e que suscita
a questão: “estará a Filatelia realmente em perigo? Esta
prática que junta milionários, reis, operários, pessoas
humildes? Outras fontes indicam que a sua popularidade
anda de vento em popa graças à Internet, com mais de 2,6
milhões de páginas e com a palavra Philately a render 2,1
milhões de sítios adicionais, com milhões de visitantes.
longo curso
long haul
o termo ‘Carimbo’, ainda se inventou o neologismo ‘Carimbologia’ para designara arte de coleccionar os carimbos de
correio.
Em Portugal, em vez de Carimbologia, introduziu-se o neologismo Marcofilia, do francês Marcophilie, segundo certos
entendidos, que é uma palavra híbrida, metade germânica e
metade grega.
Terá então sido o francês François Fournier a emprestar a
palavra Kimbunda à língua portuguesa. Mas, apesar de ter
cometido esse feito de realce, François Fournier cometeu
outro acto menos digno: as mais perfeitas falsificações de
peças filatélicas, o que ele replicava argumentando que apenas imitava.
Carta em desuso
Pela força evolutiva do mundo, a carta acabou por cair em
desuso, foi ficando para trás como meio de comunicação e
troca de informações e os selos também, constituindo no
entanto preciosas peças para os seus coleccionadores.
Nos tempos de hoje, as cartas perderam sentido, já não são
necessários os envelopes que se colocavam nas estações ou
nos postos de correio. Hoje enviam-se mensagens por tele-
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the eastern part of Germany, has studied the influence of
Angolan Bantu languages on Brazilian Portuguese. In Brazil,
according to her, in addition to the word Carimbo, the neologism Carimbologia has emerged as the word for the art of
stamp collecting.
In Portugal, however, instead of Carimbologia, the neologism
Marcofilia has been adopted, taken from the French
Marcophilie. According to experts, this is a hybrid term, half
Germanic and half Greek.
So it was that the Frenchman François Fournier borrowed a
word from Kimbunda and gave it to Portuguese. But although
he accomplished this significant feat, François Fournier also
did something a little less dignified: he made the most perfect
copies of stamps, all the while claiming that he was just imitating the original, not falsifying them.
The letter falls into disuse
The way the world is evolving today means that the humble
letter is falling into disuse. It has lagged behind as a means
of communication, as a way of exchanging information.
Stamps are in danger too, yet they remain precious items for
collectors.
longo curso
long haul
PHILATELY
The question is growing louder every day: “Without letters,
is philately on the brink of extinction? Is a century’s worth
of collecting and the silent campaign that was the postage
stamp at an end?”
Philately has been recognised by those in the know as
“one of the most absorbing cultural viruses of the last
century (20th c.), the fact being that the stamp is a prerequisite in corresponding by letter, because a ‘letter without a stamp, just isn’t a letter’. Philately is defined as “the
study and collection of postage stamps and related materials”, and covers several areas of expertise. The objective
of this hobby is to choose stamps to make a collection,
grouped generally by country or theme. Collections are not
only of stamps but are supplemented by information about
the theme in question – an approach used by many who
collect stamps by theme.
The ideal, though, that unites philatelists from around the
world is: “The will to learn more about a place, an object,
a person, a country etc. This understanding is what moves
philatelists to keep up with their hobby, despite there
being fewer letters circulating by post.”
Despite the downsides, philately remains “the most popular of all hobbies,” with around 30 million fans around the
world. The hobby generates around 16 billion dollars a year.
Stamps were first issued in England in 1840, and in 1856,
the first event related to collecting took place, introduced
both as a hobby and a commercial venture at the opening
of Stanley Gibbons, the philatelic specialists. This is seen
as the Dow Jones Index of the philately world, and sets the
international price of stamps. England is also host to the
móvel para qualquer parte do mundo, as pessoas correspondem-se de forma instantânea através do e-mail da Internet,
utilizando o Fax, sem necessidade de selos. A escrita agora é
feita de forma rápida sem rigor e quase taquigráfica, que privilegia as abreviaturas e as siglas.
Com efeito, as novas tecnologias trouxeram elementos que
reduziram a necessidade da correspondência por carta.
Ligados à Internet e ao telefone, as pessoas conseguem
resolver tudo quase que instantaneamente, não importando
a distância, sem necessidade de envelopes, nem de se deslocarmos às estações de correio.
No entanto, as novas tecnologias implicaram um recuo em
matéria de escrita, pois actualmente o erro ortográfico
quase que deixou de ter importância – comunicar rapidamente é o objectivo a atingir.
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World Philatelic Exhibition, held once every ten years. The
third country ever to issue stamps was Brazil in 1843, (the
second stamp was issued in Switzerland earlier the same
year), and Brazilian philately is considered to be “one of
the richest in the world”.
But philately isn’t just a playful hobby, because a block of
four stamps with an inverted image of the plane Jenny, the
most expensive stamp in the United States of America,
was sold recently for around three million dollars.
In Angola, the postal service is proud to see how well its
collections have been received internationally. They “allow
us to share a great deal of cultural references from
Angola. This is despite the fact that “Angolans are not that
interested in collecting stamps and there is no association
of philatelists.”
According to Fernando Cabuço, who heads up the section
of philately at Angola Mail, after 1975 and Independence,
the first stamps issued in Angola were dedicated to the
women of Africa. Since then, Angola Mail has issued at
least 8 series of stamps a year, “but from 2000 things
changed for the worse and today we are down to 5 sets a
year.”
The same trend can be seen all over the world, which begs
the question: “Can philately really be in trouble? The hobby
that captivates millionaires, kings, labourers, and humble
folk alike? Other sources indicate that its popularity is
going from strength to strength thanks to the Internet,
with more than 2.6 million pages listing the word philately
linked to a further 2.1 million additional sites, with millions
of visitors.
These days, letters have all but lost their meaning. We no
longer use the envelopes we needed to post letters in stations
or at post offices. Today, messages are sent by mobile phones
to any part of the world, people correspond with each other
instantly by email through the internet, and by fax, all without
the need for stamps. Writing these days is abrupt, without
rules, like a sort of shorthand, favouring abbreviations and
symbols.
In effect, new technologies mean we write fewer letters.
People can sort things out by internet and by telephone
almost instantly, regardless of distance, without the need for
envelopes or getting to a post office.
These new technologies, however, are a retrograde step when
it comes to writing, because now spelling mistakes are ignored.
Getting your message across quickly is the main thing.
hora do descanso
relax time
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porta de saída
exit door
Vivinho da Silva!
Vivinho da Silva! Mr. Lively!
Texto/text: Dario de Melo
Velha, de muitos anos, a escada do “Jornal” tremeu debaixo dos
pés. O homem subiu-a lentamente, apoiando-se ao corrimão.
Foi ao guiché ao cimo das escadas pedir as informações que já
conhecia. Se não parasse a dizer ao que ia, seria impedido pelo
segurança: “Quer ir aonde?” Vou à publicidade. “Primeiro precisa tirar informações. Não é só andar assim à toa”. Mas eu estive aqui ontem. Sei bem aonde é... À porta, outro segurança
tinha-lhe perguntado como sempre: “Vai aonde, fazer o quê,
anúncio é de quem, deixa bilhete de identidade”...
Perguntara educadamente:
- Por favor, a publicidade…
A menina da recepção apontara com displicência e desinteresse,
como se estivesse a fazer um favor:
...naquela porta.
Partiu para a porta. Bateu. Entrou sem esperar licença (no dia
anterior tinha estado ali, educadamente, batendo e rebatendo
uma boa meia hora) até que a menina lhe gritou:
- Ó senhor, por amor de Deus, deixe de bater e entre!
Pois então, agora nem bateu – entrou. Não havia qualquer balcão que o separasse do funcionário: entrava-se e ficava-se de
frente para a secretária onde se sentava um jovem. Cadeira para
visitas, clientes, ou coisa assim, não havia. Só papéis: montes e
montanhas de jornais espalhados: estantes de jornais, chão de
jornais, paredes encostadas a jornais e, no meio de tudo, numa
sobra pequenina de espaço, o jovem, o funcionário, um rapazola
de olhos mortiços e sonolentos. Feito de propósito para o lugar.
Daqui a trinta anos estará ali, ligeiramente mais branco de cabelo, mas como se nunca se tivesse levantado do lugar.
- Bom dia. Diga por favor...
Pousou o jornal em cima da secretária e disse:
- Ontem vim pôr um anúncio, mas não saiu.
- Não saiu como?
- Não saindo, pura e simplesmente!
Falou-lhe assim, em letras grossas e maiúsculas para demonstrar a sua indignação. O homem da secretária deu um pulo.
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Ilustração/Illustration: SUCA
Down at the ‘Paper’, the decades old staircase shuddered
beneath his feet. The man climbed the steps slowly, leaning
on the handrail. He went to the counter at the top of the stairs
and asked for directions he already knew. If he hadn’t stopped
to ask where to go, he would have been halted by the guard:
“Where are you trying to get to?”
I’m going to place an ad.
“Well, first I need to ask you a few questions. You can’t just
wander about willy nilly.”
But I was here yesterday. I know where it is...
At the door, another guard asked him the same questions
over again: “Where are you going, what are you going to do
there, whose ad is it, leave your I.D. card here...”
He had asked politely:
“The Ads section please...”
The girl on reception pointed the way, disgruntled and disinterested, as if she were doing him a big favour:
“...that door.”
He set off for the door. He rapped. He went right in without
waiting for permission. The day before he had knocked politely, again and again, for a good half hour until the girl had
shouted at him:
“Please sir, for the love of god, stop knocking and just go in!”
So this time he went right in, no point in knocking. There wasn’t a counter separating the public from the staff: you just
went right in and stood there facing a desk where a young
man was sitting. There was no such thing as a chair for visitors, customers or anyone like that. There were only papers:
piles and piles of newspapers sprawled everywhere, bookcases of newspapers, a sea of newspapers with walls leaning on
newspapers. In the middle of all this, in the only space left, sat
a young man. The worker was a strapping lad, with dead,
sleepy eyes. He fitted right in. In thirty years’ time he would
still be here, with slightly greying hair, sitting in the same
place like he had never left his seat.
“Good day. Please, how can I help...”
He set the newspaper down on top of the desk and replied:
“Yesterday I came here to place an ad, but it didn’t come out.”
“Didn’t come out how?”
“It just simply didn’t come out!”
He spoke this way, in bold capital letters to show how angry
he was. The man behind the desk jumped.
“Wait!” There seemed to be a light at the end of the dark, narrow tunnel of his memory.
“Wait! You’re the gentleman who came here to place this ad...”
He rifled through his papers until he found it – paper, photograph, the lot.
- Espere! como se fizesse uma luz no túnel escuro e fechado das
suas lembranças... Espere! O senhor é que veio cá pôr este
anúncio...
E procurou no meio da papelada até encontrar – papel, fotografia e tudo...
Entregou com um sorriso bom de quem pede desculpa, mas não
há nada a fazer. O cliente falou, ainda meio zangado:
- Sim senhor. Fui eu mesmo que vim pôr esse anúncio. Paguei,
vocês receberam e não publicaram...
O funcionário, simpático e contemporizador:
- Veja: não publicámos, porque não podemos publicar. Quer
dizer: não se podem publicar anúncios desse tipo.
- Essa agora! Não se podem publicar? admirou-se o homem. E
ao abrigo de que Lei é que não se pode publicar?
O funcionário engasgou. De leis não entendia. Estava ali para
obedecer à direcção e cobrar aos clientes: tantas linhas é tanto,
meia página é xis, um quarto é assim ou assado...
- Lei? Não sei. Mas a gente vai devolver–lhe o dinheiro do anúncio. O Senhor compreende...
O senhor parece que não compreendia e começava a irritar–se.
Estava verdadeiramente pelos cabelos. Isto, só mesmo em
Angola é que acontece!
- Não. Não quero dinheiro nenhum! Quero é saber a lei que proíbe a publicação do meu anúncio!
E a voz elevava-se irritada. De baixo, o segurança espreitou, a ver
He handed it over with the smile of someone apologising
while saying there’s nothing to be done. The customer spoke
gruffly, a bit angry still:
“Yes sir. I placed this ad myself. I paid, and you took my
money, and you didn’t print it...”
The attendant was all smiles, and said appeasingly:
“Look, we didn’t print it because we can’t print it. What I mean
is, we just can’t print these sorts of ads.”
“That’s rich! Can’t print them?” The man was amazed. “Which
law are you hiding behind to get out of printing it?”
The lad choked. He didn’t know a thing anything about any
law. His job was to do what he was told by his manager and to
charge customers: this many lines is this much, half a page
is x, quarter of a page is this or that...
“Which law? I’m afraid I don’t know. But we will refund your
ad money in full. You understand sir...”
But ‘Sir’ did not look like he understood at all and was starting to get irritated. He had had it up to here. Something like
this could only happen in Angola!
“No. I don’t want my money! I want to know which law then
says my ad can’t be printed!”
His voice rose in annoyance. Down below, the guard glanced
round to check how people were feeling about this. The
reception girls whispered anxiously.
“This is...” He fumbled his words and changed tack. “At a time
porta de saída
exit door
como estavam os ânimos. As meninas da recepção bichanavam
apreensões.
- Isto é... (e engasgou-se e mudou de discurso) numa altura em
que em qualquer parte do mundo, os jornais aceitam até publicidade de prostitutas: “ Sou loira. Tenho dezoito anos, etc...” Aqui
em Angola recusa-se um anúncio. E porquê? Diga-me porquê...
(e respondia) porque em Angola, qualquer idiota metido a director de um jornal se sente no direito de fabricar as suas próprias
leis para atentar contra a livre expressão do cidadão.
E olhando de frente o funcionário: O senhor diga-me – eu venho
aqui pôr um anúncio de que fulano faleceu. Posso ou não posso?
E o outro, atarantado e a medo:
- Pode, sim senhor.
E ele, vitorioso e incisivo:
- Preciso trazer certidão de óbito?
- Não senhor, não precisa.
E ele calminho, como quem agarra um falsário na meia volta de
uma mentira.
- Então diga-me: como é que você sabe, sem atestados de óbito
que o homem morreu mesmo?
E o rapaz confuso, idiota de todo:
- Mas qual homem?
- O tal fulano que lhe vieram trazer o nome para dizer que morreu.
- Mas afinal, de qual pessoa que morreu está o senhor a falar?
- Falo de todos os nomes dos que morreram desde o princípio do
mundo e vêm pôr aqui o seu nome no jornal a dizer que morreram.
- Mas o Senhor não veio pôr nome nenhum.
- Vim, sim senhor. Está aqui (e bateu com força nos papéis, quase
que enfiando-os pelos olhos do outro) está aqui: Álvaro Manuel
Duarte (que por acaso é o meu nome), comerciante (e há mais de
quarenta anos. Já no tempo do colono eu era um senhor que me
mandava a mim mesmo), comunica aos seus amigos, clientes e
fornecedores que ainda não faleceu.
O funcionário respirou fundo: agora já percebia o engano e podia
dar uma justificação.
- Parece que o problema é do local aonde o senhor mandou pôr
o anúncio. O Senhor lembra-se que mandou pôr na necrologia.
E o outro, mais sossegado. Afinal sempre recebera uma explicação. Era tudo uma questão de mal entendidos e a conversar é
que a gente se entende.
- Na necrologia, mas sem cruz.
- Pois é: mas na necrologia não pode.
E o homem admirado:
- E não pode, porquê?
- Porque ali é lugar de pôr só os mortos.
- E eu já lhe disse: como é que você sabe que eles estão mortos,
se não apresentaram nem o cadáver, nem a certidão de óbito?
- Bem, calculo: se vêm aqui dizer que morreu, é porque morreu
mesmo.
- Se uns dizem que faleceram, eu estou no meu direito de dizer
que não faleci. E qual é o melhor sítio para dizer que estou vivo,
Vivinho da Silva, senão naquele lugar aonde, todos os dias, as
pessoas vão ver o nome e as fotografias dos que faleceram?
Vocês, por acaso, têm no vosso jornal uma secção para os vivos
– uma viviologia?
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when, no matter where you go in the world, newspapers print
ads about prostitutes things like ‘I’m blonde. I’m 18 years old,
etc...” . But here in Angola, you refuse to print an ad. And why?
Tell me why...”
Replying to his own question: “Because in Angola, any old fool
running a newspaper feels they have the right to make up
their own laws to cut off a citizen’s freedom of speech.”
He looked the lad straight in the eye: “You tell me, sir. I come
here to place a notice that so and so died. Can I or can’t I?”
The young man replied, flustered in fear:
“Yes sir, you can.”
He retorted then, victorious and incisive:
“Do I need to produce a death certificate?”
“No sir, you don’t.”
Calm now, like he had caught him out red handed in the middle of a lie, he went on: “So tell me this: how do you know,
without a death certificate, that a chap is really dead?”
The boy, confused and lost, answered:
“What chap?”
“The chap whose name they’ve brought in to say he’s dead.”
“I’m sorry sir, but who is the dead chap you are talking about?”
“I’m talking about all the names of those who have died since
the dawn of time; the names people come here to put in the
paper to say that they’re dead.”
“But sir, you didn’t put any name in.”
“Yes, I did too. It’s right here,” he replied, rapping the papers
hard, almost rubbing them in the young man’s eyes.
“Right here: Álvaro Manuel Duarte (which just happens to be
my name), tradesman (for more than 40 years now. I’ve been
my own boss now since the old colonial days), wishes to inform
his friends, customers and suppliers that he isn’t dead yet.”
The newspaper worker sighed long and hard: he understood
the mix up now and knew how to explain himself.
“Ah. The problem seems to be where you wanted the ad
placed. Do you remember sir? You asked for it to be put in the
death notices.”
The other man looked calmer. After all, he had got an explanation. It was all a misunderstanding; you just need to talk to
sort this all out.
“Yes. Death notices, but without a cross.”
“That’s right: but you can’t print this ad in the death notices.”
The man was stunned:
“And pray, why not?”
“Because only dead people get put there.”
“But I just asked you how do you know if they are dead or not,
if you’ve seen neither a body nor a death certificate?”
“Well, I suppose: if people come here to say they’re dead, it’s
because they really are dead.”
“So if some people can say they have died, I’m well within my
rights to say that I haven’t. And what better place to announce
that I’m Vivinho da Silva – Mr. Lively – than the very place
where, every day, people are going to scan the names and
photographs of those who have passed away? Do you lot, by
any chance, have a spot in your paper for the living – The
Living Notices?
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Revista de Bordo - Jul/Ago – Inflight Magazine - Jul/Aug
A valorização
da arte angolana
Promoting angolan art
Massangano: onde a história de Angola começa
Massangano: where Angola’s history begins
Khoisan: os primeiros habitantes da Terra?
Khoisan: the first humans on Earth?
Júlio Guerra: um jornalista para sempre
Júlio Guerra: forever a journalist
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