Os militares que ocupam terrenos sabem o que lhes aguarda Angolense... 10-17-05 Na voz do Procurador Geral das F.A.A., General João Maria, as justificações para as constantes denúncias de que militares têm ocupado terrenos e a promessa firme de que essas práticas serão combatidas Segundo o Procurador geral das FAA, João Maria, esta problemática dos terrenos abrange normalmente militares desmobilizados. "A maior parte da população jovem teve que deixar a sua província, devido ao conflito armado, e tornar-se militares", começou por dizer a referida autoridade militar. "Depois de ter perdido tudo o que tinha, o militar não vê outra alternativa senão procurar soluções, recorrendo por vezes a meios errados", explicou ainda a mesma fonte. João Maria fez questão de esclarecer que actos do género extravasam as competências do órgão que representa, mas informou que têm sido ramadas algumas providências. "Não posso dizer que nunca nos apercebemos dessa situação, mas das vezes que tivemos de resolver um problema parecido, primeiro, mandamos chamar o responsável, depois, caso ficasse provado que ele tem culpa, conversamos com o acusado no sentido de fazê-lo entender que deve devolver o terreno", revelou ainda o General. Nos casos em que o militar mostra renitência, segundo João Maria, têm sido aplicadas sanções disciplinares que podem resultar em prisão. No quadro das medidas educativas, o responsável pela procuradoria das Forças Armadas Angolanas realçou a realização de palestras, com o intuito de transmitir aos efectivos regras de educação jurídicas. "Realizamos mensalmente palestras nas diversas unidades existentes, pelo que acreditamos que com o trabalho a situação vai melhorar significativamente", disse realçando também que este tipo de actividades são voltadas inclusive aos Generais". Esclareceu ainda que, por vezes, o problema torna-se mais sério quando a própria administração concede um terreno a duas pessoas, tendo acrescentado que tal acontece, normalmente, quando o primeiro beneficiário, por diversas razões, não faz absolutamente nada no terreno por um longo período. "Quando isso acontece ainda é mais difícil de se resolver, porque neste caso existem dois donos, aí já não podemos fazer nada. Sempre que alguém compra um terreno é aconselhável que se coloque nele qualquer coisa que sirva para identificar o proprietário", aconselhou João Maria. Outra situação que tem incomodado, segundo a fonte, é a burla que se nota nesses últimos tempos, pois muitas são as pessoas que se fazem passar por militares para conseguirem o que querem. "Muitos vestem uma farda, mesmo sem estarem incorporados no exército, tudo isso para se aproveitarem da situação", disse. "As medidas para se evitar esse tipo de situação já foram tomadas, por isso, doravante, qualquer pessoa que for encontrada vestindo uma farda, sem ser militar, prestará contas", tranquilizou. Mais adiante acrescenta que os soldados já estão consciencializados de que não devem se apropriar de terrenos alheios. "Caso não cumpram com isso, sabem o que lhes aguarda", frisou. Com o intuito de se resolver definitivamente a problemática habitacional, o General João Maria é de opinião que o Estado tem de criar políticas para colocar um ponto final nas ocupações ilegais, responsabilizando os culpados. Para o nosso interlocutor o Estado deveria mudar o método de distribuição de terrenos, pois assim tudo ficaria resolvido. "Os terrenos deviam ser cedidos de acordo com o bolso de cada pessoa. Se assim acontecesse, este problema estaria ultrapassado", concluiu.