MAEI ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA ECONÔMICA, ESTRATÉGIA E PREVENÇÃO DE PERDAS NA INDUSTRIA - CEPI JÚLIO CÉSAR HAYASHI AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETO DE REDUÇÃO DE EFLUENTES DE UMA PLANTA DE DIBP SALVADOR 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETO DE REDUÇÃO DE EFLUENTES DE UMA PLANTA DE DIBP Júlio César HAYASHI Professor Orientador: Antônio Francisco A. Silva Jr Co-Orientador: Engenheiro Jorge E. F. Costa Monografia submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia como requisito final para a obtenção do Diploma de Especialização em Engenharia Econômica, Estratégia e Prevenção de Perdas na Indústria. Salvador 2011 AGRADECIMENTOS Aos meus orientadores, Francisco e Jorge, pela disposição, paciência e auxílio. À minha companheira Ester, por sua alegria e incentivo. Ao Fernando, pelo apoio e amizade de tantos anos. Ao Loschi, por sua participação e competência. Aos professores e profissionais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial, que estiveram sempre prontos a me atender quando precisei. E a todos que, de alguma forma, contribuíram para minha formação acadêmica. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a meus estimados pais, Kentaro Hayashi e Irene Bachmann, meus irmãos, Rui Fernando Hayashi e Luiz Alberto Hayashi, e meu tio e incentivador nos estudos, Sérgio Krug; e aos prezados colegas de curso Juliane Sanguino e Robson Souza. RESUMO Neste trabalho, objetiva-se, além da tradicional realização da avaliação econômica de um projeto com base em fluxo de caixa e nos principais indicadores econômicos utilizados neste tipo de tarefa – VPL e TIR, realizar uma análise de sensibilidade para encontrar as principais variáveis que poderiam impedir a viabilização do projeto e avaliar de maneira qualitativa motivos pelos quais um projeto relacionado à redução de efluentes poderia ser recomendado mesmo sem a aprovação da engenharia econômica. Palavras-chave: avaliação econômica, projetos. ABSTRACT In this paper, it is aimed, beyond traditional economic evaluation of a project based in cash flow and main economic indicators used in this kind of task – NPV and IRR, to build a sensitivity analysis to find main variables that could prevent feasibility of the project and to evaluate qualitative reasons which a wastewater reduction project could be recommended even without approval of economic engineering. Keywords: economic evaluation, projects. LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Organograma Itaúsa................................................................................................02 Figura 1.2: Reação de formação de plastificante......................................................................04 Figura 2.1: Fluxo de caixa do projeto em planilha...................................................................23 Figura 2.2: Fluxo de caixa em versão gráfica...........................................................................23 Figura 2.3: Histórico de preços de IBA e DIBP.......................................................................26 Figura 2.4: Histórico de preços de tarifa de DBO e projeções de preço futuro........................28 Figura 2.5: Sensibilidade quanto ao custo do projeto...............................................................30 Figura 2.6: Sensibilidade quanto à recuperação de DIBP.........................................................30 Figura 2.7: Sensibilidade quanto à recuperação de IBA...........................................................31 Figura 2.8: Sensibilidade quanto à redução de DBO................................................................31 Figura 2.9: Sensibilidade quanto ao preço do DIBP.................................................................32 Figura 2.10: Sensibilidade quanto ao preço do IBA.................................................................32 Figura 2.11: Dispersão: TIR x preços históricos de IBA e DIBP.............................................33 Figura 2.12: Sensibilidade quanto ao preço do DBO................................................................34 Figura 2.13: Sensibilidade quanto ao tempo de operação.........................................................34 Figura 2.14: Sensibilidade quanto ao nível de alavancagem da empresa.................................35 LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Relação de equipamentos ao objetivo de redução de efluente...............................06 Tabela 2.1: Escopo de itens compreendidos na estimativa de investimento............................14 Tabela 2.2: Preço de produtos...................................................................................................15 Tabela 2.3: Tarifas para tratamento de efluentes pela Cetrel....................................................15 Tabela 2.4: Índices técnicos e produção 2010..........................................................................16 Tabela 2.5: Recuperação anual estimada de IBA e DIBP.........................................................16 Tabela 2.6: Índices técnicos e produção futura.........................................................................16 Tabela 2.7: Estimativa de economia anual do projeto..............................................................18 Tabela 2.8: Análise estatística de dados....................................................................................27 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................01 1.1 A Empresa...............................................................................................................01 1.2 Organograma Corporativo e da Empresa................................................................02 1.3 O Site de Camaçari..................................................................................................03 1.4 O Produto................................................................................................................03 1.5 O Processo de Produção de Plastificantes...............................................................03 1.6 O Problema de Geração e Custo de Efluentes.........................................................05 1.7 O Projeto de Redução de Efluentes.........................................................................06 1.8 Engenharia Econômica e Investimentos.................................................................08 1.8.1 Valor Presente Líquido – VPL.................................................................10 1.8.2 Indice de Lucratividade – IL....................................................................11 1.8.3 Taxa Interna de Retorno – TIR.................................................................12 1.9 Análise de Risco e a Incerteza.................................................................................12 2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................13 2.1 Premissas para Geração do Fluxo de Caixa............................................................13 2.1.1 Estimativa de Investimento - Custo do Projeto........................................13 2.1.2 Preços de Produtos...................................................................................15 2.1.3 Custo de Disposição de Efluentes............................................................15 2.1.4 Premissas e Dados do Balanço de Massa.................................................15 2.2 Fluxo de Caixa........................................................................................................18 2.2.1 Investimento Fixo.....................................................................................18 2.2.2 Tempo de Vida do Projeto/Sistema..........................................................18 2.2.3 Receita Operacional..................................................................................18 2.2.4 Custos Fixos.............................................................................................19 2.2.5 Custos Variáveis.......................................................................................19 2.2.6 Depreciação/Retorno de Depreciação......................................................19 2.2.7 PIS e COFINS..........................................................................................19 2.2.8 ICMS........................................................................................................21 2.2.9 Juros e Amortização de Empréstimo........................................................21 2.2.10 Imposto de Renda...................................................................................22 2.2.11 Planilha de Fluxo de Caixa.....................................................................23 2.3 Base para Avaliação Econômica.............................................................................24 2.3.1 TMA.........................................................................................................24 2.3.2 TIR............................................................................................................24 2.3.3 VPL...........................................................................................................24 2.3.4 IL..............................................................................................................24 2.3.5 Custo de Mercado.....................................................................................24 2.3.6 Payback Simples.......................................................................................24 2.4 Premissas para Análise de Sensibilidade................................................................25 2.4.1 Custo do Projeto.......................................................................................26 2.4.2 Balanço de Massa.....................................................................................26 2.4.3 Preços de IBA e DIBP..............................................................................26 2.4.4 Preço do DBO...........................................................................................27 2.4.5 Anos de Operação do Projeto...................................................................28 2.4.6 Nível de Alavancagem.............................................................................29 2.5 Resultados...............................................................................................................29 2.6 Discussão.................................................................................................................35 2.6.1 Avaliação Econômica...............................................................................35 2.6.2 Análise de Sensibilidade...........................................................................36 2.6.3 Projetos Estratégicos – Indo Além da Avaliação Econômica..................36 3. CONCLUSÃO......................................................................................................................38 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................39 1 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como escopo a avaliação econômica de um projeto de redução de efluentes. Nesta introdução abrangeremos assuntos referentes à empresa (histórico, organograma, site e planta industrial referentes ao projeto) e avaliação de projetos. 1.1 A Empresa A Elekeiroz é uma empresa brasileira fabricante de produtos químicos, tais como: Ácido Sulfúrico, álcoois, Anidrido Ftálico e Maleico, Ácido Fumárico e 2-Etil Hexanóico, resinas e plastificantes. A Elekeiroz S.A. tem sido pioneira na produção de diversos produtos químicos no país, como Anidrido Ftálico, Octanol, entre outros. Possui atualmente dois sites localizados em Várzea Paulista e Camaçari. A empresa foi fundada em 1894 pelo farmacêutico Luiz M. Pinto de Queiroz, como um laboratório de manipulação de produtos à base de extratos vegetais. Anos mais tarde, em 1909, transformou-se na Sociedade L.Queiroz & Cia, razão que deu nome à atual Elekeiroz. Em 1910, foi instalada, em São Paulo, a primeira fábrica de Ácido Sulfúrico da América Latina. Em 1954, foi inaugurada a primeira fábrica de Anidrido Ftálico do Brasil e, um ano depois, a Ucebel Produtos Químicos, uma empresa controlada da Elekeiroz, iniciou suas atividades produzindo Anidrido Maleico e resinas de poliéster. Em 1960 foi implantada em Igarassu, Pernambuco, a primeira fábrica de Octanol da América do Sul, através da Elekeiroz do Nordeste. Mais tarde, em 1972, foi iniciada a produção de plastificantes ftálicos. No ano de 1969 o capital da empresa foi aberto à subscrição pública e, em 1986, o controle acionário foi assumido pela Itaúsa - Investimentos Itaú S.A., holding do conglomerado empresarial brasileiro. Em 2000, a Companhia obteve sua primeira ISSO 9001, certificação referente ao sistema de gestão da qualidade para o desenvolvimento e produção de resinas poliéster, o que nos anos seguintes se estendeu para todas as unidades industriais. 2 Em 2002, a Elekeiroz S.A. adquiriu o controle acionário da Ciquine Companhia Petroquímica com sede em Camaçari – BA, ampliando sua capacidade de produção de Anidrido Ftálico e plastificantes e voltando a atuar na fabricação de alcoóis. Em 2005, a Companhia iniciou a produção do Ácido 2-Etil Hexanóico no seu complexo de Camaçari, agregando assim mais um produto ao seu portfólio. 1.2 Organograma Corporativo e da Empresa A Itaúsa - Investimentos Itaú S.A. é uma holding que controla empresas atuantes em diversas áreas como: setor financeiro e imobiliário, indústrias de painéis de madeira, louças e metais sanitários, química e eletrônica. O organograma corporativo geral é apresentado na figura abaixo e a Elekeiroz encontra-se dentro da área industrial: Figura 1.1: Organograma Itaúsa A hierarquia na Elekeiroz é estabelecida através de um Conselho de Administração em que se encontra o Presidente da Organização, o Diretor Presidente e o Diretor Geral. Na Diretoria Geral se subdividem as áreas de Diretoria Comercial, Industrial e Administrativa. 3 A Diretoria Industrial tem responsabilidade de administrar funcionalmente as seguintes divisões e áreas de apoio: Gerência de Produção 1 (produtos: Formol, Concentrado Uréia Formol, Anidrido Ftálico, Ácido Fumárico e plastificantes), Gerência de Produção 2 (produtos: Anidrido Maleico, Ácido Sulfúrico, Bissulfeto de Carbono e utilidades), Gerência de Produção 3 (produtos: N-butanol, Isobutanol, Octanol e Ácido 2-Etil-Hexanóico), Engenharia e Manutenção, Segurança e Meio Ambiente, Laboratórios de Controle de Qualidade e de Pesquisa e Desenvolvimento e Desenvolvimento Industrial. 1.3 O Site de Camaçari Este site situa-se no Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, sendo que a existência da fábrica precede a do complexo industrial. A antiga Ciquine foi fundada em 1964 e passou por aquisições e fusões diversas. O histórico de parceria com a Elekeiroz já vinha desde 1989, com a formação da CIEK (Associação Ciquine/Elekeiroz). Em 2002, o controle da Ciquine foi adquirido pela Itaúsa e a empresa Elekeiroz passou a ter dois sites. Em Camaçari são produzidos os seguintes produtos: o Anidrido Ftálico, o Ácido Fumárico, os plastificantes DOP (Dioctil Ftalato), DBP (Dibutil Ftalato) e DIBP (Diisobutil Ftalato), os álcoois N-butanol, Isobutanol e Octanol e o Ácido 2-Etil-Hexanóico. 1.4 O Produto O DIBP apresenta propriedades a baixas temperaturas, possui baixa viscosidade e é compatível com a maioria das resinas e polímeros, exceto resinas solúveis em água, acetato de celulose e alguns tipos de ésteres celulósicos. É especialmente indicado para a produção de pastas e pigmentos e de plastissóis, além das seguintes aplicações: plastificante externo para PVC, tintas, cola branca, calçados compostos de PVC e para plastificados de baixo custo. 1.5 O Processo de Produção de Plastificantes No site de Camaçari, há duas plantas de plastificantes com diferentes tecnologias de processo. A planta mais antiga utiliza o processo com o catalisador PTSA (ácido paratolueno- 4 sulfônico), enquanto a nova planta, construída em 2004, utiliza uma tecnologia mais moderna com o catalisador organometálico TIPT (tetra-isopropil-titanato). A grande diferença entre os processos é que justamente com titanato quase não há geração de efluente líquido na produção. foco do projeto foi direcionado apenas para a planta antiga, maior geradora de efluentes orgânicos pelo uso de tecnologia antiga. Na planta antiga de plastificantes usam-se como matéria prima o anidrido ftálico e os alcoóis isobutanol (para produção do DIBP) e n-butanol (para produção do DBP). Os plastificantes ftálicos são produzidos através da esterificação do anidrido ftálico em meio catalítico com alcoóis. A dupla substituição no anidrido ftálico com os radicais dos alcoóis ocorre basicamente em duas etapas como nas reações representadas abaixo. A primeira etapa é instantânea. O catalisador favorece a segunda substituição, finalizando a reação. Figura 1.2: Reação de formação de plastificante A reação se dá com excesso de álcool e a água é retirada do sistema para o deslocamento do equilíbrio da reação de formação do diéster. O intermediário da reação é ácido, de maneira que o fim da reação é estabelecido por determinado valor ácido da mistura. Em seguida o sistema é colocado em vácuo para destilação parcial do álcool em excesso. O próximo passo se dá com a neutralização da massa reacional com hidróxido de sódio. É feita decantação e drenado efluente orgânico. No vaso seguinte, a massa é colocada sob vácuo para minimização do teor de água e álcool no produto final, que ainda é filtrado antes de chegar ao tanque de armazenamento. 5 1.6 O Problema de Geração e Custo de Efluentes Em 2003, a Elekeiroz na busca de aumento de produção atrelado à melhoria de índices, redução de custos e minimização de efluentes decidiu instalar uma nova planta com tecnologia que utiliza o catalisador TIPT. A nova tecnologia apresenta diversas vantagens em relação ao processo com PTSA, que são: maior produtividade, melhores índices técnicos de consumo e menor geração de efluentes líquidos orgânicos. A partir de 2005, com a partida da nova planta, a planta velha seria mantida desativada porque alguns vasos foram reaproveitados no novo empreendimento, por exemplo, seu reator e o vaso de decantação de efluentes para recuperação de plastificante. Entretanto, com o aumento da demanda de DIBP, a Elekeiroz decidiu comprar um vaso preaquecedor para a planta nova recuperando o reator da planta antiga para a mesma. Admitiu-se que apenas o reator era essencial para a produção, deixando-se de lado o vaso de decantação para recuperação de plastificante. Desta forma, com o barateamento do projeto sabia-se que a planta geraria maiores custos com efluentes que no passado e perda de produto. Entretanto a planta deveria ser apenas brevemente reativada para atender a demanda de DIBP, o que ocorreu a partir de março de 2007. Com a continuação do período de aquecimento no mercado de plastificantes foi necessário manter a planta operando e aumentar a produção, o que aumentou a produção de efluentes. Visando produzir plastificantes DIBP e DBP na planta antiga com PTSA com menos efluente foi necessário projetar um sistema de tratamento de efluentes diferenciado devido à alta solubilidade dos alcoóis IBA e NBA em água. A partir daí foi estudado e desenvolvido o projeto a que se refere este trabalho. A emissão de efluentes desta planta acontece por meio de diversas operações, tais como: drenagem do vaso receptor de água de reação e do álcool destilado, drenagem do vaso receptor de álcool recuperado, drenagem do vaso de neutralização e decantação, condensado dos ejetores, vazamentos/problemas operacionais, armazenamento de bigbags com torta e papel de filtração. Todo este efluente é encaminhado para a empresa de tratamento de efluentes do Pólo de Camaçari, a Cetrel. 6 A fatura da Cetrel leva em conta o volume de efluentes, a demanda biológica de oxigênio (DBO), material em suspensão (MS) e pode eventualmente gerar multas em caso de presença de óleos e graxas (O&G) ou sólidos solúveis (SS) acima dos limites estabelecidos. O custo deste envio para a empresa é alto devido à associação de preços praticados e má qualidade do efluente, devido ao elevado DBO. 1.7 O Projeto de Redução de Efluentes O projeto de redução de efluentes objetivou primariamente a redução dos itens que geram custo do efluente. Além disso, a empresa teve como objetivo recuperar matéria prima e produto final do efluente, levando a redução dos índices técnicos da planta. São relacionados a seguir os equipamentos previstos no projeto ao parâmetro principal que leva a sua existência. Tabela 1.1: Relação de equipamentos ao objetivo de redução de efluente ITEM DBO MS VOL O&G SS 1 Coluna X X 2 Condensador X X 3 Refervedor X X 4 Vaso separador água/álcool X X 5 Bomba de alimentação da coluna X X 6 Bomba de recirculação do fundo da coluna X X 7 Preaquecedores X X 8 Vaso separador água/plastificante/sólidos X 9 Vaso de alimentação da coluna X X 10 Bomba de transferência de álcool recuperado X X 11 Vaso pulmão de álcool recuperado X X 12 Vaso separador água/plastificante X X 13 Dique e local para tambores X 14 Local coberto para armazenagem de tambores X 15 Vaso receptor de condensado dos ejetores X X 16 Bomba de transferência de condensado X X X X X X X X X X X X X X X X X 7 Como o plastificante DIBP apresentou, em 2010, produção anual maior que 17 mil toneladas enquanto o DBP teve produção esporádica e bastante menor, a análise das melhorias do projeto foi feita considerando o álcool IBA e o plastificante DIBP. O principal gerador de DBO no efluente orgânico é o álcool (IBA). Diante disso, para minimização do DBO o projeto previu uma coluna operando a pressão atmosférica para retirada do IBA do efluente. Pelo topo, a 92°C, retira-se o azeótropo de IBA e água. Pelo fundo segue o efluente isento de IBA. Para a operação da coluna e transferências do álcool recuperado se faz necessária a presença de outros equipamentos: vaso de alimentação, refervedor, bomba de alimentação, condensador, preaquecedores, vaso separador de água/álcool, vaso pulmão de álcool recuperado. Para retirada de óleo e sólidos foi previsto um vaso separador para receber efluente exclusivo da seção de neutralização. Nele separam-se três fases. Recupera-se a fase superior, composta de plastificantes e álcool, para o processo. Retira-se a fase intermediária, rica em sais (com presença de plastificante, álcool e água), lateralmente ao tanque para entamboramento, para ser descartada como lama. Bombeia-se a fase inferior, aquosa, para o tanque que alimenta a coluna de recuperação de álcool. Desta maneira, o vaso separador tem atuação na retirada de óleos e graxas, através da recuperação de DIBP, e material em suspensão, pela retirada de fase rica em sais. Para operação deste vaso, se faz necessária a instalação de bomba de transferência, vaso auxiliar para recolhimento da fase superior com bomba de transferência (ambos existentes), espaço com dique e local para posicionamento de tambores para drenagem da fase intermediária, espaço coberto para posicionamento dos tambores cheios no aguardo de carregamento para disposição final externa à Elekeiroz. Também foi previsto um vaso separador de água/DIBP posterior à coluna, para prevenir a emissão de óleos e graxas no efluente final. Para reaproveitamento de água, foi proposto um vaso para recebimento da água dos ejetores e da reação de maneira a reutilizar esta água para diluição de soda. A este se adiciona uma bomba de transferência. Desta maneira conseguiu-se a melhoria com o seguinte número mínimo de equipamentos: 6 vasos, 6 bombas, 5 trocadores e 1 coluna. 8 1.8 Engenharia Econômica e Investimentos A decisão de realizar projetos não pode ser baseada em intuição ou hipóteses, sem uma análise criteriosa. Num cenário econômico globalizado, o mercado altamente competitivo torna indispensável o estudo de viabilidade econômica e financeira de um projeto. A escassez de recursos, frente às diversas necessidades das empresas, faz com que se procure aperfeiçoar a utilização de tais recursos, minimizando riscos e maximizando retorno financeiro associado. Ao aceitar um novo investimento, os responsáveis pela direção da empresa acreditam que os resultados futuros serão melhores que sem o mesmo (LAPPONI, 2000). Os gestores buscam operar de forma saudável e criar valor para empresa e para acionistas, além de evitar comprometer a existência da companhia. Geram-se projetos de implantação de novas atividades, expansão, modernização, etc., que imobilizam capital da empresa e dos quais se espera obter uma boa rentabilidade. Como critério geral, a renda total deve exceder o total de gastos e investimento inicial, considerando o valor presente dos fluxos de caixa. As técnicas de Engenharia Econômica são a base para avaliação de soluções alternativas para determinada necessidade ou problema que a empresa enfrente. Estas técnicas se baseiam na ciência exata chamada Matemática Financeira, que descreve as relações do binômio Tempo e Dinheiro. De acordo com COSTA NETO (2003), a análise econômica de investimentos consiste em coletar informações e aplicar técnicas de engenharia econômica, considerando as taxas de desconto, os prazos e valores previstos em fluxo de caixa. Já a viabilização financeira leva em conta a disponibilização de recursos, com o objetivo de se obter o equilíbrio das entradas e saídas, levando-se em conta os saldos a cada momento. O presente trabalho não abrange o estudo de viabilização financeira, uma vez que a mesma está garantida baseada no fato de a empresa já possuir recurso para execução do projeto. Exclui-se a necessidade de calcular despesas futuras decorrentes de empréstimo de capital. Desta maneira, o escopo se resume a avaliar economicamente o projeto, existindo diversas maneiras de fazê-lo. 9 GUIMARÃES NETO ET AL. (2007) realizaram avaliação econômica de projeto de fornos utilizando dois conceitos fundamentais de matemática financeira: VPL e TIR, e ainda os indicadores B(C)PE (Benefício-Custo-Periódico Equivalente) e B/C (Benefício Custo). Além disso, para análise financeira utilizou os indicadores: Lucratividade, Rentabilidade, Prazo de retorno do Investimento e Ponto de Equilíbrio. SILVA (2005) comparou os critérios de avaliação econômica VPL (valor presente líquido), VAE (valor anual equivalente) e VET (valor esperado da terra) aplicando-os num estudo de caso de projeto de investimento em reflorestamento com eucaliptos. Seus resultados indicaram que todos os critérios são adequados e podem ser aplicados, bastando conhecer bem a diferença entre eles e a correta forma de interpretá-los. Em TAVARES (2007), avaliou-se como eficaz a metodologia de análise expedita de viabilidade econômico-financeira para investimento imobiliário, dando segurança ao investidor em sua decisão. LIMA (2006) apresentou nova proposta de análise de investimento e de fluxo de caixa, utilizando a metodologia de Anuidades Crescentes, propondo ser possível sugerir que as empresas adotem essa metodologia no processo de formação de fundos, a partir de seus lucros retidos anualmente, para substituição de equipamentos de produção numa data futura, sem recorrer ao financiamento bancário. Em GOMES (1991), apresentou-se a necessidade da avaliação de projetos com múltiplos critérios na tomada de decisão associada a sistemas complexos pela vantagem da possibilidade de se utilizar tanto dados quantitativos, quanto qualitativos. Usualmente, decidese com base em medidas monetárias, como por exemplo, valor presente líquido, custo total, etc. Entretanto, em alguns casos a solução é a utilização de critérios de natureza qualitativa, onde a escala de comparação pode ser construída para a atribuição de medidas às alternativas sob consideração de acordo com o julgamento pessoal do decisor. A capacidade de levar em consideração todos os diferentes aspectos que se relacionam a diferentes critérios escolhidos para a análise é outra vantagem do método. Segundo ROSS (1995) apud FONSECA (2003), o investimento deve ser comparado com uma alternativa relevante disponível do mercado financeiro e, se não for atraente, é melhor recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto. Para GALESNE, FENSTERSEIFER e LAMB (1999), os critérios de rentabilidade recomendados pela teoria financeira são baseados em fluxos de caixa descontados. Entre esses critérios, os encontrados com maior 10 freqüência são os três a seguir: o critério do valor presente líquido (VPL), o critério do índice de lucratividade (IL), e o critério da taxa interna de retorno (TIR). Para se analisar determinados projetos, se faz necessário, primeiramente, definir a taxa mínima de rentabilidade ou taxa mínima de atratividade, TMA, que se deseja alcançar. Esta taxa refere-se à rentabilidade mínima exigida dos investimentos pelos dirigentes da empresa como parte de sua política de investimentos. A TMA se torna a base de comparação com o lucro ou taxa interna de retorno (TIR) do projeto. Uma TIR maior que a taxa de atratividade é o indicativo para a aprovação ou a identificação de lucro. Sendo determinada a TMA, o executivo pode partir para a aplicação de diferentes técnicas de análise de investimento, de forma que consiga selecionar a mais viável em termos financeiros. Há de se estudar minuciosamente os itens relacionados na construção do fluxo de caixa do projeto para buscar a maximizar os resultados. Por exemplo, FREITAS (2007) investigou o impacto do método de depreciação no cálculo do imposto de renda e, portanto, no valor presente líquido de um transporte florestal, concluindo que existe necessidade de critérios mais justos na cobrança de impostos através da adoção de metodologias mais adequadas às realidades dos equipamentos. 1.8.1 Valor Presente Líquido – VPL O Valor Presente Líquido, VPL, constitui um dos instrumentos mais utilizados para se avaliar propostas de investimento. O VPL de um projeto de investimento é igual à diferença entre o valor presente das entradas líquidas de caixa associadas ao projeto e ao investimento inicial necessário, com o desconto dos fluxos de caixa feito a uma taxa k definida pela empresa, ou seja, sua TMA. (GALESNE, FENSTERSEIFER e LAMB, 1999). Dessa forma, pode-se considerar o VPL como a somatória dos valores presentes de cada período relacionado no fluxo de caixa do projeto. O cálculo do Valor Presente é feito de acordo com a equação (1) abaixo: PV = FV / ((1+i)^n) (1) 11 Em que: PV= Valor Presente (do Inglês Present Value); FV= Valor Futuro (do Inglês Future Value); i= taxa de juros (do Inglês Interest); n= número de períodos. A taxa de juros a ser utilizada é a taxa mínima de atratividade definida anteriormente. O cálculo do VPL segue a equação a seguir: VPL = ΣPV = ΣFV(n)/((1+i)^n) (2) Logo, se o projeto de investimento tiver um VPL positivo conclui-se que é mais rentável que a TMA e, portanto, o empreendimento é viável; para um projeto analisado, havendo mais de uma variante rentável, o de maior VPL será o mais lucrativo. De acordo com BARREIROS (2004), a grande vantagem do VPL deve-se na revelação do quanto que o projeto enriquecerá a empresa – representado pelo próprio VPL, além do retorno mínimo. E a desvantagem está na dificuldade de determinar a TMA, que muitas vezes está ligada à subjetividade do tomador de decisão. 1.8.2 Índice de Lucratividade – IL O Índice de Lucratividade consiste em estabelecer a razão entre o saldo dos PV (valores presentes) das entradas e saídas líquidas de caixa do projeto e o investimento inicial. Os cálculos também são efetuados com base na taxa mínima de atratividade (k) da empresa. Este índice informa a percentagem de quanto se está ganhando, além do custo do capital, em relação ao valor presente do investimento (GALESNE, FENSTERSEIFER e LAMB 1999). LAPPONI (2000) recomenda obter o IL como resultado de dividir o valor presente dos retornos do fluxo de caixa pelo valor presente do investimento, desconsiderando o sinal negativo do desembolso. A equação a seguir representa o cálculo do IL: 12 IL = PV dos Retornos (t = 1,2,...,n) / Investimento (t = 0) (3) O critério para aceitação do projeto é que PV dos Retornos seja maior que o investimento, isto é, IL > 1. Para IL<=1, o projeto é rejeitado. A diferença fundamental entre o VPL e o índice de lucratividade é que este último normaliza o fluxo de caixa pelo valor do investimento inicial. 1.8.3 Taxa Interna de Retorno – TIR GONZÁLEZ e FORMOSO (1999) definem taxa interna de retorno como sendo uma taxa média de desconto de fluxo de caixa. Por definição, TIR é a taxa que torna o valor presente das entradas líquidas de caixa associadas ao projeto igual ao investimento inicial, ou ainda, é a taxa que produz um VPL do projeto igual a zero. Para LAPPONI (2000), esse critério aplicado num investimento com fluxo de caixa simples estabelece que, enquanto o valor da TIR for maior que a taxa mínima requerida k, o investimento deverá ser aceito. Desta forma, TIR > TMA é o critério para aceitação do projeto. Para um projeto com diferentes alternativas, a vencedora é aquela que tiver maior TIR, desde que esta seja maior que a TMA. Caso contrário, nenhuma das alternativas é viável. 1.9 Análise do Risco e a Incerteza A tomada de decisão baseada pela análise de VPL, IL ou TIR, apesar de correta matematicamente, não é garantia de sucesso de um empreendimento uma vez que não há como conhecer exatamente o que o futuro nos trará. A incerteza é um fato que introduz uma nova dimensão na análise de projetos de investimento. Ela surge como conseqüência da falta de controle absoluto sobre a forma como os eventos irão ocorrer no futuro. Diversos fatores internos e externos à empresa podem criar novos cenários econômicos nos quais se questione ou até invalide a tomada de decisão anterior. 13 Sobre alguns eventos, pode-se estimar e fazer previsões sobre tendência e comportamento no futuro, mas nunca determinar de maneira precisa o que acontecerá, como, por exemplo, o curso da economia de um país, demanda de determinado produto ou serviço, os gastos com manutenção de equipamentos, os avanços da tecnologia, etc. (SOUZA E CLEMENTE, 2001). A diferença entre risco e incerteza encontra-se no conhecimento da distribuição de probabilidade de ocorrência de possíveis estados futuros. Para BARREIROS (2004), o risco acontece quando todas as ocorrências possíveis ou estados futuros, de certa variável, são conhecidos e encontram-se sujeitos a uma distribuição de probabilidade também conhecida. A incerteza ocorre quando esta distribuição de probabilidade não é conhecida. Em resumo, a incerteza não pode ser medida, enquanto o risco pode ser avaliado. Conseqüentemente, para basear a tomada de decisão numa análise mais minuciosa, o empreendedor deve fazer com que as incertezas se transformem em risco, pois, assim, as variabilidades no retorno podem ser estimadas, o que permite avaliar a relação entre risco e retorno para diversas alternativas de investimento. BRUNI (1998) cita que o método mais usual para análise de risco na avaliação de projetos baseia-se na análise de sensibilidade. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Premissas para Geração do Fluxo de Caixa A seguir citam-se as fontes para os dados estabelecidos no fluxo de caixa. 2.1.1 Estimativa de Investimento - Custo do Projeto A estimativa de investimento foi realizada pela equipe de engenharia da Elekeiroz baseando-se em cotações recentes e com referências de custo R$/kg sobre o peso estimado dos equipamentos. O número calculado nesta fase do projeto possui erro na faixa de 30%. Os seguintes itens abrangem o escopo do projeto e foram estimados nos seguintes valores: 14 Tabela 2.1: Escopo de itens compreendidos na estimativa de investimento (Fonte: Elekeiroz) Item Serviços Preliminares de Civil e Obras Civis Instalações e Estruturas Metálicas Equipamentos Equipamentos Elétricos Descrição Estimativa (10³ R$) Topografia, Canteiro, Base de Equipamentos 390 Aterramento e SPDA, Plataformas 50 Vasos, bombas, coluna, trocadores de calor e agitador Subestações Unitárias de Média Tensão, Distribuição de Força, Iluminação 1.400 250 Válvulas ON-OFF, Válvulas de Controle, Transmissores de Nível, Dispositivos de Instrumentação Segurança, Elementos/Transmissores de 400 temperatura, Placa de Orifício/Transmissão de Vazão, Transmissor de Pressão e Outros Tubulação, Válvulas e Acessórios Material Elétrico/Instrumentação Outros Materiais Tubulações industriais, Válvulas manuais, Válvulas de retenção, Flanges, Curvas, Tês, 210 Estojos, Filtros e Juntas Material Elétrico/Instrumentação 180 Isolamento Térmico e Materiais Diversos 200 Base, Contratadas, Montagem de Andaime, Montagem Desmontagens, Equipamento de apoio e 1.100 Outros Serviços Gerenciamento e Engenharia Básica, Engenharia de Engenharia Detalhamento e Estudos Técnicos (Inspeção) Contingências Contingência total dos itens acima Investimento Total Portanto, foi calculado o custo total de 5,4 milhões de reais. 600 600 5.400 15 2.1.2 Preços de Produtos Para elaboração do fluxo de caixa do projeto, foi assumido o preço médio de venda do período de abril de 2010 a março de 2011. Obtiveram-se os seguintes resultados aproximados: Tabela 2.2: Preço de produtos R$/t IBA 2500 DIBP 3300 2.1.3 Custo de Disposição de Efluentes A disposição de efluentes orgânicos da Elekeiroz é feita na Cetrel. Atualmente as tarifas praticadas pela Cetrel são as seguintes: Tabela 2.3: Tarifas para tratamento de efluentes pela Cetrel Item Tarifa DBO (R$/kg) 1,68 MS (R$/kg) 3,09 VOLUME (R$/m³) 0,79 Através do balanço de massa observa-se que as variações de MS e volume são insignificantes com relação à variação de custo gerada pela redução de DBO, por isso, a economia relacionada aos sólidos em suspensão e volume não entrará no cálculo de retorno financeiro do projeto. 2.1.4 Premissas e Dados do Balanço de Massa Foi elaborado balanço de massa da planta para representar os índices técnicos realizados no ano de 2010. 16 Tabela 2.4: Índices técnicos e produção 2010 Índices 2010 IBA/DIBP (t/t) 0,575 PA/DIBP (t/t) 0,567 Produção de DIBP (t) 17071 Além dos índices técnicos, para construção do balanço de massa foi necessário estudo de caracterização de efluentes. Neste, foram analisadas em laboratório as correntes de efluente geradas na planta, caracterizando sua quantidade e componentes “poluentes”. Com tudo isso se pode calcular a perda de produto final e de matéria prima para o efluente orgânico, e, a partir daí, é possível dimensionar os equipamentos que permitirão minimizar estas perdas. Incluindo os novos equipamentos, foi elaborado novo balanço de massa indicando os seguintes resultados: Tabela 2.5: Recuperação anual estimada de IBA e DIBP Recuperação anual IBA 133 t R$ 340.000 DIBP 384 t R$ 1.300.000 Com este resultado se atingiriam os seguintes índices futuros: Tabela 2.6: Índices técnicos e produção futura Índice Futuro IBA/DIBP (t/t) 0,555 PA/DIBP (t/t) 0,555 Produção de DIBP (t) 17071 A redução de DQO pela retirada de IBA foi avaliada em 505 toneladas de DBO. Portanto, uma economia de 850 mil reais ao ano. 17 Foi avaliada a redução de volume através da recuperação de matéria prima, produto e reaproveitamento de água, em 950 m³/ano. A economia equivalente foi inferior a mil reais por ano. Por sua magnitude, este dado não foi considerado na avaliação econômica. A redução de MS no efluente não foi avaliada devido às características do sistema de efluentes geral da empresa. Neste, ocorre mistura de efluentes orgânicos de diversas plantas e observa-se deposição de material no fundo de tanques impossibilitando a avaliação de participação atual da planta no MS que chega até a Cetrel. Desta maneira, a melhoria futura relacionada a este item poderá aparecer ou ser imperceptível nos custos (como a redução de volume). Portanto, não foi considerado na avaliação econômica. Os custos adicionais associados à operação dos equipamentos foram resumidos ao aumento de consumo de vapor e energia elétrica. A energia elétrica foi calculada a partir do dimensionamento das bombas e do agitador do vaso de alimentação da coluna. A potência total requerida foi de 66,7 kWh. Para o custo atual de 15 centavos de real por kWh foi calculado o custo anual de 10 mil reais. O consumo de vapor está relacionado com a qualidade da operação da coluna, com a quantidade de efluente gerada e a energia para vaporizar o azeótropo de água e IBA presente no efluente. Foi estimada, através de simulação em Hysys (simulador de processos da Aspentech), a vazão de vapor horária de 782 kg/h para o funcionamento de 7,3 horas diárias da coluna para todo efluente gerado em quatro bateladas diárias. Diante deste valor, foram acrescidas folgas de projeto para uma estimativa conservativa em relação à realidade. Foram acrescidos 3000 kg de vapor por dia para partida da coluna. O valor total foi multiplicado pelo fator de 1,5 prevendo aumento do custo do vapor e erro de simulação. Nova multiplicação por fator 1,25 foi relacionada com problemas operacionais. Usando o preço do custo de vapor gerado na caldeira da Elekeiroz como aproximadamente 80 reais, foi calculado um gasto extra de 330 mil reais por ano. Estes dados foram resumidos na tabela a seguir: 18 Tabela 2.7: Estimativa de economia anual do projeto Dados do projeto Recuperação IBA (R$/ano) 340.000 Recuperação DIBP (R$/ano) 1.300.000 Redução de custo com efluentes (R$/ano) 850.000 Custo com vapor e energia elétrica (R$/ano) 340.000 Economia anual (R$/ano) 2.150.000 2.2 Fluxo de Caixa O fluxo de caixa do projeto foi definido a partir de valores anuais como especificado a seguir. 2.2.1 Investimento Fixo O investimento foi determinado pelo valor da estimativa de investimento: 5,4 milhões de reais. O valor foi dividido em duas partes, 600 mil reais para serem gastos no ano de 2011, representando o detalhamento do projeto citado na estimativa de investimento, e o restante para ser gasto em 2012, representando os demais itens da estimativa de investimento. 2.2.2 Tempo de Vida do Projeto/Sistema Didaticamente foi estipulado tempo de oito anos, assumindo que este plastificante deixará de ser produzido, por exemplo, para entrada de um novo produto, até 2020. 2.2.3 Receita Operacional A receita operacional consistiu nos valores da recuperação de DIBP e IBA somada à redução de custos com DQO. Portanto, 2,5 milhões de reais. 19 2.2.4 Custos Fixos Assumiu-se que o projeto não cria variação de custos fixos na operação da planta, de maneira que não foi levado em conta no fluxo de caixa. 2.2.5 Custos Variáveis Nos custos variáveis foram incluídos: o gasto estimado com energia elétrica e com vapor, totalizando 340 mil reais. 2.2.6 Depreciação/Retorno de Depreciação Os bens do ativo imobilizado das empresas têm um prazo limitado de vida útil econômica. Em decorrência do uso, ou mesmo por ação da natureza ou obsolescência, o bem do ativo imobilizado vai se desgastando, acarretando na diminuição do seu valor, o que deverá ser reconhecido como depreciação. Este valor em hipótese alguma deve ultrapassar o valor investido. Através das Instruções Normativas SRF n°162/98 e SRF n° 130/99, a Receita Federal fixou prazos de vida útil e taxa anual de depreciação para diversos bens, sendo que as máquinas, equipamentos e instalações industriais constantes no anexo e utilizados na indústria química, serão depreciados em cinco anos à taxa de 20% ao ano. Dividindo o valor investido por cinco temos cerca de 1,1 milhões de reais anuais. Este valor foi empregado como negativo para representar a depreciação. O valor foi utilizado com valor positivo para ajuste contábil no retorno de depreciação. 2.2.7 PIS e COFINS PIS e COFINS são impostos federais tributados sobre a receita operacional da pessoa jurídica. O PIS/PASEP tem como finalidade o financiamento do programa do SeguroDesemprego e o abono aos empregados que recebem até dois salários mínimos mensais. A Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) foi instituída pela 20 Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, destinada a financiar as despesas das áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social. A Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, segue duas regras gerais de apuração: incidência não-cumulativa e incidência cumulativa. Além disso, possui diversos regimes especiais de apuração. A Elekeiroz enquadra-se no regime de incidência não-cumulativa. Sobre este regime o site da Receita Federal informa: “Regime de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS instituídos em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004, respectivamente. O diploma legal da Contribuição para o PIS/PASEP não-cumulativa é a Lei nº 10.637, de 2002, e o da COFINS a Lei nº 10.833, de 2003. Permite o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente, de 1,65% e de 7,6%. As pessoas jurídicas de direito privado e as que lhe são equiparadas pela legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro real, estão sujeitas à incidência não-cumulativa, exceto: as instituições financeiras, as cooperativas de crédito, as pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros, as operadoras de planos de assistência à saúde, as empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores de que trata a Lei nº 7.102, de 1983, e as sociedades cooperativas (exceto as sociedades cooperativas de produção agropecuária e as sociedades cooperativas de consumo). As pessoas jurídicas submetidas à incidência não-cumulativa integram a essa incidência as receitas obtidas nas vendas de bens submetidos a alíquotas diferenciadas, excetuadas as receitas de venda de álcool para fins carburantes, que permanecem excluídas da incidência nãocumulativa. [Lei nº 10.637, de 2002; Lei nº 10.833, de 2003; Lei nº 10.865, de 2004; Lei nº 10.925, de 2004; IN SRF nº 404, de 2004]” 21 Portanto, o valor atual utilizado para PIS/COFINS foi a soma de 1,65% e 7,6%, totalizando 9,25%. 2.2.8 ICMS O ICMS é um imposto estadual sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços. O ICMS incide sobre a circulação de produtos como gêneros alimentícios, utilidades domésticas e eletrodomésticos, dentre outros, e também sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Os recursos arrecadados se destinam ao atendimento de exigências sociais e melhoria dos serviços públicos, tais como educação, saúde e segurança. No site do SEFAZ encontramos a legislação referente a este imposto. Na seção V – Das Alíquotas e da Base de Cálculo, subseção I – Das Alíquotas, o artigo 15 cita três alíquotas, sendo que a primeira, de 17%, está relacionada às “operações e prestações internas, em que o remetente ou prestador e o destinatário da mercadoria, bem ou serviço estejam situados neste Estado” e “operações e prestações em que os destinatários das mercadorias ou os tomadores dos serviços estejam localizados em outra unidade da Federação e não sejam contribuintes do imposto” que é o caso da empresa. Portanto, o valor atual utilizado para ICMS foi de 17% de acordo com o decreto n°6284, de 14/03/97, Diário Oficial do Estado de 15 e 16/03/97. 2.2.9 Juros e Amortização de Empréstimo Para o caso base, foi assumido que não haverá tomada de empréstimo para este projeto, portanto não há juros e amortização sobre empréstimo. No entanto, foi feita averiguação da influência do nível de alavancagem da empresa, ou porcentagem de financiamento, na taxa interna de retorno do projeto. Nesta avaliação, foi utilizado o sistema de amortização constante (SAC) no qual as prestações são a soma da amortização, que equivale ao valor emprestado dividido pelo número de parcelas, aos juros de empréstimo, calculados multiplicando-se a taxa de juro do período pelo saldo devedor. 22 2.2.10 Imposto de Renda As alíquotas de imposto de renda de pessoas jurídicas são tributadas pelo lucro real, presumido ou arbitrado. De acordo com o site da receita federal as alíquotas do imposto de renda em vigor desde o ano-calendário 1996 são as seguintes: a) 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado apurado pelas pessoas jurídicas em geral, seja comercial ou civil o seu objeto; b) 6% (seis por cento) sobre o lucro inflacionário acumulado até 31 de dezembro de 1987, das empresas concessionárias de serviços públicos de energia elétrica e telecomunicações, das empresas de saneamento básico e das empresas que exploram a atividade de transporte coletivo de passageiros, concedida ou autorizada pelo poder público e com tarifa por ele fixada, realizado no período de apuração (trimestral ou anual) do imposto; c) Alíquota adicional de 10% referente a parcela do lucro real que exceder ao resultado mensal de R$20.000,00 (vinte mil reais) no período de apuração ou exceder o resultado anual de R$240.000,00 para as pessoas jurídicas que optaram pela apuração do imposto de renda sobre o lucro real anual, presumido ou arbitrado. Desta maneira o imposto de renda praticado sobre a empresa é a soma de 15% com a parcela adicional de 10%, totalizando 25%. Entretanto, além destas alíquotas existe a CSLL, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. De acordo com o site da receita federal, a partir de 1º de maio de 2008, a alíquota da CSLL é de (Lei nº 11.727, de 2008, art. 17): I - 15% (quinze por cento), no caso das pessoas jurídicas de seguros privados, das de capitalização e das referidas nos incisos I a VII, IX e X do § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001; e II - 9% (nove por cento), no caso das demais pessoas jurídicas. Portanto, no fluxo de caixa, o imposto total sobre o lucro foi a soma de 25% de imposto de renda a 9% de CSLL, totalizando 34%. 23 2.2.11 Planilha de Fluxo de Caixa A planilha de fluxo de caixa elaborada a partir dos dados citados é apresentada na figura a seguir: Figura 2.1: Fluxo de caixa do projeto em planilha Podemos representar o fluxo de caixa líquido graficamente, como a seguir: Figura 2.2: Fluxo de caixa em versão gráfica 24 2.3 Base para Avaliação Econômica 2.3.1 TMA A taxa mínima de atratividade (TMA) padrão requerida pela Elekeiroz é de 12%. Este valor foi a base de comparação para a avaliação econômica. 2.3.2 TIR A partir do fluxo de caixa, a planilha de Excel calculou automaticamente o valor da taxa interna de retorno do projeto: 15%. Uma TIR maior que a TMA indica que o projeto é viável. 2.3.3 VPL Analogamente a TIR, o valor presente líquido foi calculado pela planilha gerando o valor positivo de 490 mil reais. O valor positivo indica coerência com a análise anterior. O projeto deve ser aprovado, uma vez que o VPL é positivo. 2.3.4 IL O IL calculado foi de 1,10. Sendo maior que 1 aponta para viabilidade do projeto. 2.3.5 Custo de Mercado Caso a Elekeiroz não tivesse outros projetos na carteira e viesse investir o capital em CDI. Seu lucro anual seria cerca de 8%. Como o custo de mercado é inferior a TIR do projeto não faria sentido deixar o dinheiro rendendo juros. Assim, a preocupação da empresa reside apenas na priorização de projetos viáveis. 2.3.6 Paypack Simples 25 Apesar de toda teoria da matemática financeira, parte das empresas ainda utiliza o simples cálculo de payback para aprovação de projetos, cálculo que não leva em conta o custo de oportunidade do dinheiro e seu valor no tempo. Para este caso: Payback = Custo do projeto/Economia do projeto = 5,4/2,15 = 2,5 anos. Para a Elekeiroz não há um número definido como atraente para payback simples. Entretanto, um valor inferior a 3 anos é, geralmente, indicativo de que o projeto deve ser estudado. 2.4 Premissas para Análise de Sensibilidade Em qualquer tipo de análise econômica, é coerente se fazer um estudo de sensibilidade dos dados buscando se medir o risco associado ao projeto. Em nosso caso particular, um estudo de sensibilidade se torna essencial principalmente porque (1) a estimativa de investimento tem +/- 30% de erro e porque (2) o mercado altera o preço de produtos constantemente. Para esta etapa foram utilizadas quatro possibilidades de erro: (1) custo do projeto, (2) balanço de massa (recuperação de IBA, recuperação de DIBP e redução do DQO), (3) preços do IBA, DIBP e DBO e (4) anos de operação do projeto. Alterando-se os valores na planilha do fluxo de caixa, foram obtidos novos valores para o VPL e TIR revelando, ou não, a possibilidade de aquele elemento intervir no retorno do projeto. Além disso, outra investigação teve lugar nesta análise de sensibilidade: nível de alavancagem, ou porcentagem de empréstimo tomado pela empresa para investimento no empreendimento. O mérito reside em dois fatos: (1) nem sempre as empresas possuem capital próprio para investir em um dado projeto, sendo imprescindível lançar mão de empréstimos para aproveitar oportunidades e, por outro lado, (2) a tomada de empréstimo pode ser interessante, mesmo para a empresa que possui capital suficiente para o investimento requerido, desde que aumente a TIR do projeto. 26 A seguir, são elucidadas as premissas para definição da amplitude da variação de cada item: 2.4.1 Custo do Projeto Como citado anteriormente, o erro da estimativa de investimento é de 30%. Portanto, foi variado o valor do custo do projeto entre -30% e +30%. 2.4.2 Balanço de Massa Assumiu-se didaticamente um erro no balanço de massa de 10% para a recuperação de IBA e DIBP, além da redução de DQO. 2.4.3 Preços de IBA e DIBP Foi coletado o preço histórico de IBA e DIBP de Março de 2007, data da partida da planta, até Março de 2011. Figura 2.3: Histórico de preços de IBA e DIBP (Fonte: Elekeiroz) 27 A partir dos dados foi elaborada em Excel uma análise estatística dos dados como apresentado a seguir: Tabela 2.8: Análise estatística de dados O dado de interesse para análise de sensibilidade é o desvio padrão. Utilizou-se a proporção do desvio padrão em relação à média do período para definir a amplitude de variação dos preços de IBA e DIBP. Para o IBA obteve-se 408/2415 ≈ 16,9%. Para o DIBP, 335/3164 ≈ 10,6%. Portanto, a partir do preço base, foram variados os preços com as respectivas amplitudes calculadas. Para uma análise de risco complementar, foi calculado o valor da TIR do projeto para cada valor de preço dos dados históricos. Desta forma, se obtém a TIR média e sua variabilidade associada aos preços de IBA e DIBP. 2.4.4 Preço da DBO Neste caso específico foi avaliado que a tarifa imposta pela Cetrel não deve se reduzir com o passar do tempo, apenas aumentar. No gráfico a seguir, apresenta-se o valor da tarifa praticada de 2004 a 2011 (seqüência DQO 2004-2011) e estimativas de valores futuros da tarifa em quatro diferentes cenários. 28 No primeiro cenário (1 = FLAT) se assumiu manter o preço atual até 2020. O fluxo de caixa do projeto foi calculado usando este caso mais otimista de não haver correção no custo de disposição de efluente orgânico. No segundo cenário (2 = LINEAR), foi extrapolada a regressão linear dos dados de 2004 a 2011. No terceiro (3 = STEP ATUAL +), foi incrementada anualmente a média do valor corrigido nos últimos dois anos (equivalente a 13,5 centavos de real). No quarto cenário (4 = STEP ATUAL %) foi multiplicada anualmente a correção proporcional dos últimos dois anos (aproximadamente a 1,09). Figura 2.4: Histórico de preços de tarifa de DBO e projeções de preço futuro A partir das extrapolações foram gerados novos fluxos de caixa baseados agora na previsão de preços futuros de DBO. 2.4.5 Anos de Operação do Projeto É difícil prever por quantos anos a empresa produzirá DIBP, ou manterá a tecnologia atual para produção deste produto, ou até mesmo definir por quantos anos ainda o produto será demandado no mercado de plastificantes. 29 Foi assumido para desenvolvimento da avaliação econômica que o sistema projetado deveria operar até o ano de 2020. Para análise de sensibilidade, foi reduzido o número de anos de operação do projeto avaliando seu impacto no retorno do projeto. 2.4.6 Nível de Alavancagem Para um financiamento pelo BNDES a empresa pode, através do FINAME, tomar até 80% do valor do projeto mais o capital de giro. Assumiu-se que esta averiguação deve envolver valores entre 0% e 40% de capital emprestado para se descobrir a influência deste fator na TIR e VPL do projeto. 2.5 Resultados Os resultados das análises de sensibilidade são apresentados a seguir através de gráficos na mesma seqüência de premissas anteriormente citadas: • Custo do projeto • Balanço de massa (recuperação de IBA e DIBP, e redução de DBO) • Preços de IBA e DIBP • Preço do DBO • Anos de operação do projeto • Nível de alavancagem 30 Figura 2.5: Sensibilidade quanto ao custo do projeto Quanto ao custo do projeto, observou-se que o VPL torna-se negativo a partir de um erro superior a 15% para mais no investimento. . Figura 2.6: Sensibilidade quanto à recuperação de DIBP A sensibilidade relacionada à recuperação do DIBP não originou preocupação uma vez que, mesmo com um erro máximo esperado para o balanço de massa, o VPL manteve-se positivo. 31 Figura 2.7: Sensibilidade quanto à recuperação de IBA Da mesma maneira, a quantidade recuperada de IBA não apresentou sensibilidade para prejudicar a avaliação econômica. Figura 2.8: Sensibilidade quanto à redução de DBO Novamente, mesmo uma menor redução de DBO que a prevista não influenciou na decisão de aprovação do projeto. 32 Figura 2.9: Sensibilidade quanto ao preço do DIBP A sensibilidade quanto ao preço do DIBP não apresentou impedimento para aprovação do projeto. O VPL manteve-se positivo em todos cenários instituídos. Figura 2.10: Sensibilidade quanto ao preço do IBA Em relação ao preço do IBA, mais uma vez a análise de apresentou VPL positivo em todos cenários não havendo obstáculo para o empreendimento. 33 Figura 2.11: Dispersão: TIR x preços históricos de IBA e DIBP No gráfico acima, se apresenta o valor da TIR do projeto calculada para cada valor de preço histórico de IBA e DIBP. Nesta análise, os dados históricos permitiram avaliar o risco associado à variação de preço de IBA e DIBP. A TIR média referente ao IBA foi de 14,8% e seu desvio padrão de 0,6%. Enquanto a TIR referente ao DIBP apresentou média de 14,2% e desvio padrão de 1,5%. Apesar de 14,3% dos preços de DIBP apresentarem TIR abaixo da TMA de 12%, a média e o desvio padrão da TIR calculados apontaram para a expectativa de que a oscilação deste preço não deverá atrapalhar a viabilização do projeto. 34 Figura 2.12: Sensibilidade quanto ao preço do DBO No eixo x do gráfico, os números representam o método de extrapolação utilizado para o preço futuro do DBO, sendo: (1) FLAT, (2) LINEAR, (3) STEP ATUAL + e (4) STEP ATUAL %. Quanto ao preço do DBO, como foi assumido unicamente aumento do preço, naturalmente os cenários 2, 3 e 4 apresentaram maior retorno que o cenário 1, utilizado no fluxo de caixa. Figura 2.13: Sensibilidade quanto ao tempo de operação 35 Quanto ao tempo de operação do sistema, foi observada uma grande sensibilidade para viabilização do projeto. O período mínimo de operação para resultado positivo no VPL é de sete anos, referente ao ano de 2019. Qualquer período inferior a este inviabiliza o projeto. Observou-se também que quanto maior o tempo de utilização do sistema, tanto maior seu retorno financeiro. Figura 2.14: Sensibilidade quanto ao nível de alavancagem da empresa Observou-se que, quanto maior a porcentagem financiada do investimento, maior a TIR do projeto. O pagamento de juros inserido no lucro antes do imposto de renda refletiu em redução da carga tributária do projeto. Isto permitiu o crescimento do VPL com o aumento da parcela de capital financiado. Foi averiguado que para 80% de financiamento, o VPL atinge 1.8 milhões de reais, aproximadamente quatro vezes o VPL do caso base. 2.6 Discussão 2.6.1 Avaliação Econômica 36 De acordo com o estabelecido no fluxo de caixa, foram encontrados indicadores baseados na matemática financeira que comprovam a viabilidade do projeto. Através da recuperação de matéria prima e produto final e da redução de custos com efluentes orgânicos, superou-se a taxa mínima de atratividade imposta pela empresa. Além disso, como fator adicional para segurança do tomador da decisão: o fluxo de caixa pode ser considerado pessimista ou conservativo uma vez que utiliza a projeção de tarifa constante de DBO igual ao praticado pela Cetrel a partir de Maio de 2011. Desta maneira, sabe-se que, mesmo se mantendo o nível de tarifação atual, o projeto apresentou viabilidade. 2.6.2 Análise de Sensibilidade O retorno econômico do projeto apresentou baixo risco em relação ao balanço de massa e aos preços de IBA, DIBP e DBO. Dentro da faixa de valor esperada para cada item, foram observados apenas valores de VPL positivos. O principal risco do projeto foi relacionado ao tempo de operação do projeto, que, imperativamente, deveria ser superior a sete anos. Outro risco foi associado à estimativa de investimento, na qual um erro para mais em 15% tornou o projeto economicamente inviável. Observou-se que a tomada de empréstimo alterou de maneira positiva o retorno financeiro do projeto, sendo aconselhado financiamento de 80% do valor do investimento (máximo estabelecido pelo BNDES) que induziria um VPL 3,6 vezes maior que no caso de ausência de financiamento. 2.6.3 Projetos Estratégicos – Indo Além da Avaliação Econômica No presente trabalho a presença de uma única alternativa de projeto parece resumir o processo decisório a constatar (ou não) a viabilidade de efetuar o investimento do projeto em relação ao custo de oportunidade estabelecido pela taxa mínima de atratividade definida pela empresa. Na verdade, entretanto, pode haver mais que a mera rentabilidade de um projeto para ser avaliada. Questiona-se o conceito de engenharia econômica puramente matemática, 37 porque existem benefícios que não são calculados na matemática financeira, são benefícios intangíveis, que podem pesar na balança na hora da decisão. A finalidade dos projetos para o investidor é obter algum ganho, seja ele financeiro, social, ambiental ou de qualquer outro tipo. Portanto, a mera avaliação econômica não pode ser a única diretriz na aprovação de projetos sendo necessária a definição de critérios associados ao projeto que permitam avaliálo de maneira quantitativa ou qualitativa. Observe-se que o assunto tratado está intrinsecamente relacionado ao conceito de sustentabilidade. Pode-se facilmente associar: sustentabilidade ↔ manter as condições necessárias para as gerações futuras ↔ minimizar geração de lixo ↔ redução de efluentes ↔ melhoria de imagem da empresa ↔ continuidade dos negócios. O raciocínio também se fecha por outro caminho: redução de efluentes ↔ melhoria de índices técnicos ↔ maior competitividade ↔ continuidade dos negócios. A política da Elekeiroz prega a busca da melhoria contínua para continuidade dos negócios, estando assim atrelada ao conceito de sustentabilidade. E, naturalmente, a política da empresa deve ser levada em conta na decisão de aprovar ou não o projeto. Portanto, por vezes os benefícios intangíveis podem ter importância tal que possam viabilizar um projeto que matematicamente pareça não ser o melhor investimento. Apesar de não ser este o caso no presente estudo. O que pode ser levado em conta para aprovação deste projeto? O projeto melhora a imagem da empresa pela associação que é feita entre redução de efluentes e compromisso com a sustentabilidade. E quanto vale a imagem de uma empresa? A imagem positiva da empresa aumenta a receptividade de empregados, clientes e fornecedores. Aumenta a possibilidade de negociações, fechamentos de contratos, vendas, entre outros. Além disso, a firmação da sustentabilidade na cultura da empresa gera outro benefício. A percepção da cultura da empresa pelos funcionários os leva na direção da consciência ambiental. Isto permite que, no curto e longo prazo, estes colaboradores passem a reduzir perdas da empresa, seja com desperdício de água, energia elétrica, geração de efluentes, entre 38 outros, atuando como mais um pilar para melhoria da competitividade da empresa. Isto fecha o ciclo ideal na busca da sustentabilidade. 3. CONCLUSÃO O trabalho atingiu seu objetivo de auxiliar a empresa na tomada de decisão sobre o projeto de redução de efluentes da planta de plastificantes. Primeiramente, o projeto foi avaliado economicamente apresentando indicadores de viabilidade do projeto. Em seguida, avaliando o risco do projeto, a análise de sensibilidade consegue apontar para os dois principais elementos que podem inviabilizar o projeto: a estimativa de investimento e o período de operação do sistema. Com relação ao investimento, o detalhamento do projeto pode melhorar a precisão da estimativa. Além disso, pode-se buscar a redução de custos com a aquisição ou reutilização de equipamentos usados. Quanto ao período de operação do sistema, é fundamental que o projeto esteja alinhado com outros projetos da empresa e com as projeções da demanda no mercado de DIBP. Para que não se opere por tempo inferior ao mínimo necessário para o adequado retorno econômico. No estudo de sensibilidade também se concluiu que é vantajoso para a empresa buscar financiamento para o projeto, elevando seu lucro. Além dos benefícios financeiros deste projeto, existe o aspecto da imagem da empresa junto aos clientes e fornecedores, ao pólo petroquímico e aos seus funcionários. Cada vez mais, é imperativa a busca da sustentabilidade e redução de efluentes nos processos industriais. A preocupação com o meio ambiente mostra uma empresa consciente, que entendeu que sua continuidade no mercado está atrelada a maior competitividade e eliminação de desperdícios. E nada melhor que desenvolver a imagem de preocupação ambiental através de atos concretos. Ficar para trás em relação aos concorrentes neste aspecto pode ser muito arriscado. Por isso a grande importância deste tipo de projeto. 39 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e Suas Aplicações. 4.ª ed., São Paulo: Atlas, 1998. 2. BARREIROS, F. A. M. Projeto de investimento: uma análise estratégica a partir do conceito de cadeia de suprimentos. 2004. 221 f. Dissertação (Mestrado em Produção)Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. 3. BRUNI, A. et al. Análise do Risco na Avaliação de Projetos de Investimento: Uma Aplicação do Método de Monte Carlo. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.1, n°6, 1° trim./1998. 4. COSTA NETO, J. A. L.; BRIM JÚNIOR, J. V.; AMORIN, P. H. M. Estudo de modelo para análise prévia de viabilidade econômico-financeira de empreendimentos imobiliários em Salvador – Ba. 2003. 5. FREITAS, L. et al. Influência do Cálculo de Depreciação no Imposto de Renda e no Fluxo de Caixa de uma Atividade de Transporte Florestal. 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