MAEI
ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA ECONÔMICA,
ESTRATÉGIA E PREVENÇÃO DE PERDAS NA INDUSTRIA - CEPI
JÚLIO CÉSAR HAYASHI
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETO DE
REDUÇÃO DE EFLUENTES DE UMA PLANTA DE DIBP
SALVADOR
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DA
BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA INDUSTRIAL
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETO DE REDUÇÃO DE
EFLUENTES DE UMA PLANTA DE DIBP
Júlio César HAYASHI
Professor Orientador: Antônio Francisco A. Silva Jr
Co-Orientador: Engenheiro Jorge E. F. Costa
Monografia submetida ao corpo docente do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Industrial da Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia como
requisito final para a obtenção do Diploma de
Especialização em Engenharia Econômica, Estratégia e
Prevenção de Perdas na Indústria.
Salvador
2011
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores, Francisco e Jorge, pela disposição, paciência e auxílio.
À minha companheira Ester, por sua alegria e incentivo.
Ao Fernando, pelo apoio e amizade de tantos anos.
Ao Loschi, por sua participação e competência.
Aos professores e profissionais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Industrial, que estiveram sempre prontos a me atender quando precisei.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para minha formação acadêmica.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus estimados pais, Kentaro Hayashi e Irene Bachmann, meus
irmãos, Rui Fernando Hayashi e Luiz Alberto Hayashi, e meu tio e incentivador nos estudos,
Sérgio Krug; e aos prezados colegas de curso Juliane Sanguino e Robson Souza.
RESUMO
Neste trabalho, objetiva-se, além da tradicional realização da avaliação econômica de
um projeto com base em fluxo de caixa e nos principais indicadores econômicos utilizados
neste tipo de tarefa – VPL e TIR, realizar uma análise de sensibilidade para encontrar as
principais variáveis que poderiam impedir a viabilização do projeto e avaliar de maneira
qualitativa motivos pelos quais um projeto relacionado à redução de efluentes poderia ser
recomendado mesmo sem a aprovação da engenharia econômica.
Palavras-chave: avaliação econômica, projetos.
ABSTRACT
In this paper, it is aimed, beyond traditional economic evaluation of a project based in
cash flow and main economic indicators used in this kind of task – NPV and IRR, to build a
sensitivity analysis to find main variables that could prevent feasibility of the project and to
evaluate qualitative reasons which a wastewater reduction project could be recommended
even without approval of economic engineering.
Keywords: economic evaluation, projects.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Organograma Itaúsa................................................................................................02
Figura 1.2: Reação de formação de plastificante......................................................................04
Figura 2.1: Fluxo de caixa do projeto em planilha...................................................................23
Figura 2.2: Fluxo de caixa em versão gráfica...........................................................................23
Figura 2.3: Histórico de preços de IBA e DIBP.......................................................................26
Figura 2.4: Histórico de preços de tarifa de DBO e projeções de preço futuro........................28
Figura 2.5: Sensibilidade quanto ao custo do projeto...............................................................30
Figura 2.6: Sensibilidade quanto à recuperação de DIBP.........................................................30
Figura 2.7: Sensibilidade quanto à recuperação de IBA...........................................................31
Figura 2.8: Sensibilidade quanto à redução de DBO................................................................31
Figura 2.9: Sensibilidade quanto ao preço do DIBP.................................................................32
Figura 2.10: Sensibilidade quanto ao preço do IBA.................................................................32
Figura 2.11: Dispersão: TIR x preços históricos de IBA e DIBP.............................................33
Figura 2.12: Sensibilidade quanto ao preço do DBO................................................................34
Figura 2.13: Sensibilidade quanto ao tempo de operação.........................................................34
Figura 2.14: Sensibilidade quanto ao nível de alavancagem da empresa.................................35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Relação de equipamentos ao objetivo de redução de efluente...............................06
Tabela 2.1: Escopo de itens compreendidos na estimativa de investimento............................14
Tabela 2.2: Preço de produtos...................................................................................................15
Tabela 2.3: Tarifas para tratamento de efluentes pela Cetrel....................................................15
Tabela 2.4: Índices técnicos e produção 2010..........................................................................16
Tabela 2.5: Recuperação anual estimada de IBA e DIBP.........................................................16
Tabela 2.6: Índices técnicos e produção futura.........................................................................16
Tabela 2.7: Estimativa de economia anual do projeto..............................................................18
Tabela 2.8: Análise estatística de dados....................................................................................27
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................01
1.1 A Empresa...............................................................................................................01
1.2 Organograma Corporativo e da Empresa................................................................02
1.3 O Site de Camaçari..................................................................................................03
1.4 O Produto................................................................................................................03
1.5 O Processo de Produção de Plastificantes...............................................................03
1.6 O Problema de Geração e Custo de Efluentes.........................................................05
1.7 O Projeto de Redução de Efluentes.........................................................................06
1.8 Engenharia Econômica e Investimentos.................................................................08
1.8.1 Valor Presente Líquido – VPL.................................................................10
1.8.2 Indice de Lucratividade – IL....................................................................11
1.8.3 Taxa Interna de Retorno – TIR.................................................................12
1.9 Análise de Risco e a Incerteza.................................................................................12
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................13
2.1 Premissas para Geração do Fluxo de Caixa............................................................13
2.1.1 Estimativa de Investimento - Custo do Projeto........................................13
2.1.2 Preços de Produtos...................................................................................15
2.1.3 Custo de Disposição de Efluentes............................................................15
2.1.4 Premissas e Dados do Balanço de Massa.................................................15
2.2 Fluxo de Caixa........................................................................................................18
2.2.1 Investimento Fixo.....................................................................................18
2.2.2 Tempo de Vida do Projeto/Sistema..........................................................18
2.2.3 Receita Operacional..................................................................................18
2.2.4 Custos Fixos.............................................................................................19
2.2.5 Custos Variáveis.......................................................................................19
2.2.6 Depreciação/Retorno de Depreciação......................................................19
2.2.7 PIS e COFINS..........................................................................................19
2.2.8 ICMS........................................................................................................21
2.2.9 Juros e Amortização de Empréstimo........................................................21
2.2.10 Imposto de Renda...................................................................................22
2.2.11 Planilha de Fluxo de Caixa.....................................................................23
2.3 Base para Avaliação Econômica.............................................................................24
2.3.1 TMA.........................................................................................................24
2.3.2 TIR............................................................................................................24
2.3.3 VPL...........................................................................................................24
2.3.4 IL..............................................................................................................24
2.3.5 Custo de Mercado.....................................................................................24
2.3.6 Payback Simples.......................................................................................24
2.4 Premissas para Análise de Sensibilidade................................................................25
2.4.1 Custo do Projeto.......................................................................................26
2.4.2 Balanço de Massa.....................................................................................26
2.4.3 Preços de IBA e DIBP..............................................................................26
2.4.4 Preço do DBO...........................................................................................27
2.4.5 Anos de Operação do Projeto...................................................................28
2.4.6 Nível de Alavancagem.............................................................................29
2.5 Resultados...............................................................................................................29
2.6 Discussão.................................................................................................................35
2.6.1 Avaliação Econômica...............................................................................35
2.6.2 Análise de Sensibilidade...........................................................................36
2.6.3 Projetos Estratégicos – Indo Além da Avaliação Econômica..................36
3. CONCLUSÃO......................................................................................................................38
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................39
1
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como escopo a avaliação econômica de um projeto de redução
de efluentes. Nesta introdução abrangeremos assuntos referentes à empresa (histórico,
organograma, site e planta industrial referentes ao projeto) e avaliação de projetos.
1.1 A Empresa
A Elekeiroz é uma empresa brasileira fabricante de produtos químicos, tais como:
Ácido Sulfúrico, álcoois, Anidrido Ftálico e Maleico, Ácido Fumárico e 2-Etil Hexanóico,
resinas e plastificantes. A Elekeiroz S.A. tem sido pioneira na produção de diversos produtos
químicos no país, como Anidrido Ftálico, Octanol, entre outros. Possui atualmente dois sites
localizados em Várzea Paulista e Camaçari.
A empresa foi fundada em 1894 pelo farmacêutico Luiz M. Pinto de Queiroz, como
um laboratório de manipulação de produtos à base de extratos vegetais. Anos mais tarde, em
1909, transformou-se na Sociedade L.Queiroz & Cia, razão que deu nome à atual Elekeiroz.
Em 1910, foi instalada, em São Paulo, a primeira fábrica de Ácido Sulfúrico da
América Latina.
Em 1954, foi inaugurada a primeira fábrica de Anidrido Ftálico do Brasil e, um ano
depois, a Ucebel Produtos Químicos, uma empresa controlada da Elekeiroz, iniciou suas
atividades produzindo Anidrido Maleico e resinas de poliéster.
Em 1960 foi implantada em Igarassu, Pernambuco, a primeira fábrica de Octanol da
América do Sul, através da Elekeiroz do Nordeste. Mais tarde, em 1972, foi iniciada a
produção de plastificantes ftálicos.
No ano de 1969 o capital da empresa foi aberto à subscrição pública e, em 1986, o
controle acionário foi assumido pela Itaúsa - Investimentos Itaú S.A., holding do
conglomerado empresarial brasileiro.
Em 2000, a Companhia obteve sua primeira ISSO 9001, certificação referente ao
sistema de gestão da qualidade para o desenvolvimento e produção de resinas poliéster, o que
nos anos seguintes se estendeu para todas as unidades industriais.
2
Em 2002, a Elekeiroz S.A. adquiriu o controle acionário da Ciquine Companhia
Petroquímica com sede em Camaçari – BA, ampliando sua capacidade de produção de
Anidrido Ftálico e plastificantes e voltando a atuar na fabricação de alcoóis.
Em 2005, a Companhia iniciou a produção do Ácido 2-Etil Hexanóico no seu
complexo de Camaçari, agregando assim mais um produto ao seu portfólio.
1.2 Organograma Corporativo e da Empresa
A Itaúsa - Investimentos Itaú S.A. é uma holding que controla empresas atuantes em
diversas áreas como: setor financeiro e imobiliário, indústrias de painéis de madeira, louças e
metais sanitários, química e eletrônica.
O organograma corporativo geral é apresentado na figura abaixo e a Elekeiroz
encontra-se dentro da área industrial:
Figura 1.1: Organograma Itaúsa
A hierarquia na Elekeiroz é estabelecida através de um Conselho de Administração em
que se encontra o Presidente da Organização, o Diretor Presidente e o Diretor Geral. Na
Diretoria Geral se subdividem as áreas de Diretoria Comercial, Industrial e Administrativa.
3
A Diretoria Industrial tem responsabilidade de administrar funcionalmente as
seguintes divisões e áreas de apoio: Gerência de Produção 1 (produtos: Formol, Concentrado
Uréia Formol, Anidrido Ftálico, Ácido Fumárico e plastificantes), Gerência de Produção 2
(produtos: Anidrido Maleico, Ácido Sulfúrico, Bissulfeto de Carbono e utilidades), Gerência
de Produção 3 (produtos: N-butanol, Isobutanol, Octanol e Ácido 2-Etil-Hexanóico),
Engenharia e Manutenção, Segurança e Meio Ambiente, Laboratórios de Controle de
Qualidade e de Pesquisa e Desenvolvimento e Desenvolvimento Industrial.
1.3 O Site de Camaçari
Este site situa-se no Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, sendo que a existência
da fábrica precede a do complexo industrial.
A antiga Ciquine foi fundada em 1964 e passou por aquisições e fusões diversas. O
histórico de parceria com a Elekeiroz já vinha desde 1989, com a formação da CIEK
(Associação Ciquine/Elekeiroz). Em 2002, o controle da Ciquine foi adquirido pela Itaúsa e a
empresa Elekeiroz passou a ter dois sites.
Em Camaçari são produzidos os seguintes produtos: o Anidrido Ftálico, o Ácido
Fumárico, os plastificantes DOP (Dioctil Ftalato), DBP (Dibutil Ftalato) e DIBP (Diisobutil
Ftalato), os álcoois N-butanol, Isobutanol e Octanol e o Ácido 2-Etil-Hexanóico.
1.4 O Produto
O DIBP apresenta propriedades a baixas temperaturas, possui baixa viscosidade e é
compatível com a maioria das resinas e polímeros, exceto resinas solúveis em água, acetato de
celulose e alguns tipos de ésteres celulósicos. É especialmente indicado para a produção de
pastas e pigmentos e de plastissóis, além das seguintes aplicações: plastificante externo para
PVC, tintas, cola branca, calçados compostos de PVC e para plastificados de baixo custo.
1.5 O Processo de Produção de Plastificantes
No site de Camaçari, há duas plantas de plastificantes com diferentes tecnologias de
processo. A planta mais antiga utiliza o processo com o catalisador PTSA (ácido paratolueno-
4
sulfônico), enquanto a nova planta, construída em 2004, utiliza uma tecnologia mais moderna
com o catalisador organometálico TIPT (tetra-isopropil-titanato). A grande diferença entre os
processos é que justamente com titanato quase não há geração de efluente líquido na
produção.
foco do projeto foi direcionado apenas para a planta antiga, maior geradora de
efluentes orgânicos pelo uso de tecnologia antiga.
Na planta antiga de plastificantes usam-se como matéria prima o anidrido ftálico e os
alcoóis isobutanol (para produção do DIBP) e n-butanol (para produção do DBP).
Os plastificantes ftálicos são produzidos através da esterificação do anidrido ftálico em
meio catalítico com alcoóis. A dupla substituição no anidrido ftálico com os radicais dos
alcoóis ocorre basicamente em duas etapas como nas reações representadas abaixo. A
primeira etapa é instantânea. O catalisador favorece a segunda substituição, finalizando a
reação.
Figura 1.2: Reação de formação de plastificante
A reação se dá com excesso de álcool e a água é retirada do sistema para o
deslocamento do equilíbrio da reação de formação do diéster. O intermediário da reação é
ácido, de maneira que o fim da reação é estabelecido por determinado valor ácido da mistura.
Em seguida o sistema é colocado em vácuo para destilação parcial do álcool em excesso.
O próximo passo se dá com a neutralização da massa reacional com hidróxido de
sódio. É feita decantação e drenado efluente orgânico.
No vaso seguinte, a massa é colocada sob vácuo para minimização do teor de água e
álcool no produto final, que ainda é filtrado antes de chegar ao tanque de armazenamento.
5
1.6 O Problema de Geração e Custo de Efluentes
Em 2003, a Elekeiroz na busca de aumento de produção atrelado à melhoria de
índices, redução de custos e minimização de efluentes decidiu instalar uma nova planta com
tecnologia que utiliza o catalisador TIPT. A nova tecnologia apresenta diversas vantagens em
relação ao processo com PTSA, que são: maior produtividade, melhores índices técnicos de
consumo e menor geração de efluentes líquidos orgânicos.
A partir de 2005, com a partida da nova planta, a planta velha seria mantida desativada
porque alguns vasos foram reaproveitados no novo empreendimento, por exemplo, seu reator
e o vaso de decantação de efluentes para recuperação de plastificante.
Entretanto, com o aumento da demanda de DIBP, a Elekeiroz decidiu comprar um
vaso preaquecedor para a planta nova recuperando o reator da planta antiga para a mesma.
Admitiu-se que apenas o reator era essencial para a produção, deixando-se de lado o
vaso de decantação para recuperação de plastificante. Desta forma, com o barateamento do
projeto sabia-se que a planta geraria maiores custos com efluentes que no passado e perda de
produto. Entretanto a planta deveria ser apenas brevemente reativada para atender a demanda
de DIBP, o que ocorreu a partir de março de 2007.
Com a continuação do período de aquecimento no mercado de plastificantes foi
necessário manter a planta operando e aumentar a produção, o que aumentou a produção de
efluentes.
Visando produzir plastificantes DIBP e DBP na planta antiga com PTSA com menos
efluente foi necessário projetar um sistema de tratamento de efluentes diferenciado devido à
alta solubilidade dos alcoóis IBA e NBA em água. A partir daí foi estudado e desenvolvido o
projeto a que se refere este trabalho.
A emissão de efluentes desta planta acontece por meio de diversas operações, tais
como: drenagem do vaso receptor de água de reação e do álcool destilado, drenagem do vaso
receptor de álcool recuperado, drenagem do vaso de neutralização e decantação, condensado
dos ejetores, vazamentos/problemas operacionais, armazenamento de bigbags com torta e
papel de filtração.
Todo este efluente é encaminhado para a empresa de tratamento de efluentes do Pólo
de Camaçari, a Cetrel.
6
A fatura da Cetrel leva em conta o volume de efluentes, a demanda biológica de
oxigênio (DBO), material em suspensão (MS) e pode eventualmente gerar multas em caso de
presença de óleos e graxas (O&G) ou sólidos solúveis (SS) acima dos limites estabelecidos.
O custo deste envio para a empresa é alto devido à associação de preços praticados e
má qualidade do efluente, devido ao elevado DBO.
1.7 O Projeto de Redução de Efluentes
O projeto de redução de efluentes objetivou primariamente a redução dos itens que
geram custo do efluente. Além disso, a empresa teve como objetivo recuperar matéria prima e
produto final do efluente, levando a redução dos índices técnicos da planta.
São relacionados a seguir os equipamentos previstos no projeto ao parâmetro principal
que leva a sua existência.
Tabela 1.1: Relação de equipamentos ao objetivo de redução de efluente
ITEM
DBO MS VOL O&G SS
1
Coluna
X
X
2
Condensador
X
X
3
Refervedor
X
X
4
Vaso separador água/álcool
X
X
5
Bomba de alimentação da coluna
X
X
6
Bomba de recirculação do fundo da coluna
X
X
7
Preaquecedores
X
X
8
Vaso separador água/plastificante/sólidos
X
9
Vaso de alimentação da coluna
X
X
10
Bomba de transferência de álcool recuperado
X
X
11
Vaso pulmão de álcool recuperado
X
X
12
Vaso separador água/plastificante
X
X
13
Dique e local para tambores
X
14
Local coberto para armazenagem de tambores
X
15
Vaso receptor de condensado dos ejetores
X
X
16
Bomba de transferência de condensado
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
7
Como o plastificante DIBP apresentou, em 2010, produção anual maior que 17 mil
toneladas enquanto o DBP teve produção esporádica e bastante menor, a análise das
melhorias do projeto foi feita considerando o álcool IBA e o plastificante DIBP.
O principal gerador de DBO no efluente orgânico é o álcool (IBA). Diante disso, para
minimização do DBO o projeto previu uma coluna operando a pressão atmosférica para
retirada do IBA do efluente. Pelo topo, a 92°C, retira-se o azeótropo de IBA e água. Pelo
fundo segue o efluente isento de IBA.
Para a operação da coluna e transferências do álcool recuperado se faz necessária a
presença de outros equipamentos: vaso de alimentação, refervedor, bomba de alimentação,
condensador, preaquecedores, vaso separador de água/álcool, vaso pulmão de álcool
recuperado.
Para retirada de óleo e sólidos foi previsto um vaso separador para receber efluente
exclusivo da seção de neutralização. Nele separam-se três fases. Recupera-se a fase superior,
composta de plastificantes e álcool, para o processo. Retira-se a fase intermediária, rica em
sais (com presença de plastificante, álcool e água), lateralmente ao tanque para
entamboramento, para ser descartada como lama. Bombeia-se a fase inferior, aquosa, para o
tanque que alimenta a coluna de recuperação de álcool.
Desta maneira, o vaso separador tem atuação na retirada de óleos e graxas, através da
recuperação de DIBP, e material em suspensão, pela retirada de fase rica em sais.
Para operação deste vaso, se faz necessária a instalação de bomba de transferência,
vaso auxiliar para recolhimento da fase superior com bomba de transferência (ambos
existentes), espaço com dique e local para posicionamento de tambores para drenagem da fase
intermediária, espaço coberto para posicionamento dos tambores cheios no aguardo de
carregamento para disposição final externa à Elekeiroz.
Também foi previsto um vaso separador de água/DIBP posterior à coluna, para
prevenir a emissão de óleos e graxas no efluente final.
Para reaproveitamento de água, foi proposto um vaso para recebimento da água dos
ejetores e da reação de maneira a reutilizar esta água para diluição de soda. A este se adiciona
uma bomba de transferência. Desta maneira conseguiu-se a melhoria com o seguinte número
mínimo de equipamentos: 6 vasos, 6 bombas, 5 trocadores e 1 coluna.
8
1.8 Engenharia Econômica e Investimentos
A decisão de realizar projetos não pode ser baseada em intuição ou hipóteses, sem
uma análise criteriosa.
Num cenário econômico globalizado, o mercado altamente competitivo torna
indispensável o estudo de viabilidade econômica e financeira de um projeto.
A escassez de recursos, frente às diversas necessidades das empresas, faz com que se
procure aperfeiçoar a utilização de tais recursos, minimizando riscos e maximizando retorno
financeiro associado.
Ao aceitar um novo investimento, os responsáveis pela direção da empresa acreditam
que os resultados futuros serão melhores que sem o mesmo (LAPPONI, 2000). Os gestores
buscam operar de forma saudável e criar valor para empresa e para acionistas, além de evitar
comprometer a existência da companhia.
Geram-se projetos de implantação de novas atividades, expansão, modernização, etc.,
que imobilizam capital da empresa e dos quais se espera obter uma boa rentabilidade. Como
critério geral, a renda total deve exceder o total de gastos e investimento inicial, considerando
o valor presente dos fluxos de caixa.
As técnicas de Engenharia Econômica são a base para avaliação de soluções
alternativas para determinada necessidade ou problema que a empresa enfrente. Estas técnicas
se baseiam na ciência exata chamada Matemática Financeira, que descreve as relações do
binômio Tempo e Dinheiro.
De acordo com COSTA NETO (2003), a análise econômica de investimentos consiste
em coletar informações e aplicar técnicas de engenharia econômica, considerando as taxas de
desconto, os prazos e valores previstos em fluxo de caixa. Já a viabilização financeira leva em
conta a disponibilização de recursos, com o objetivo de se obter o equilíbrio das entradas e
saídas, levando-se em conta os saldos a cada momento.
O presente trabalho não abrange o estudo de viabilização financeira, uma vez que a
mesma está garantida baseada no fato de a empresa já possuir recurso para execução do
projeto. Exclui-se a necessidade de calcular despesas futuras decorrentes de empréstimo de
capital. Desta maneira, o escopo se resume a avaliar economicamente o projeto, existindo
diversas maneiras de fazê-lo.
9
GUIMARÃES NETO ET AL. (2007) realizaram avaliação econômica de projeto de
fornos utilizando dois conceitos fundamentais de matemática financeira: VPL e TIR, e ainda
os indicadores B(C)PE (Benefício-Custo-Periódico Equivalente) e B/C (Benefício Custo).
Além disso, para análise financeira utilizou os indicadores: Lucratividade, Rentabilidade,
Prazo de retorno do Investimento e Ponto de Equilíbrio.
SILVA (2005) comparou os critérios de avaliação econômica VPL (valor presente
líquido), VAE (valor anual equivalente) e VET (valor esperado da terra) aplicando-os num
estudo de caso de projeto de investimento em reflorestamento com eucaliptos. Seus resultados
indicaram que todos os critérios são adequados e podem ser aplicados, bastando conhecer
bem a diferença entre eles e a correta forma de interpretá-los.
Em TAVARES (2007), avaliou-se como eficaz a metodologia de análise expedita de
viabilidade econômico-financeira para investimento imobiliário, dando segurança ao
investidor em sua decisão.
LIMA (2006) apresentou nova proposta de análise de investimento e de fluxo de caixa,
utilizando a metodologia de Anuidades Crescentes, propondo ser possível sugerir que as
empresas adotem essa metodologia no processo de formação de fundos, a partir de seus lucros
retidos anualmente, para substituição de equipamentos de produção numa data futura, sem
recorrer ao financiamento bancário.
Em GOMES (1991), apresentou-se a necessidade da avaliação de projetos com
múltiplos critérios na tomada de decisão associada a sistemas complexos pela vantagem da
possibilidade de se utilizar tanto dados quantitativos, quanto qualitativos. Usualmente, decidese com base em medidas monetárias, como por exemplo, valor presente líquido, custo total,
etc. Entretanto, em alguns casos a solução é a utilização de critérios de natureza qualitativa,
onde a escala de comparação pode ser construída para a atribuição de medidas às alternativas
sob consideração de acordo com o julgamento pessoal do decisor. A capacidade de levar em
consideração todos os diferentes aspectos que se relacionam a diferentes critérios escolhidos
para a análise é outra vantagem do método.
Segundo ROSS (1995) apud FONSECA (2003), o investimento deve ser comparado
com uma alternativa relevante disponível do mercado financeiro e, se não for atraente, é
melhor recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto. Para GALESNE, FENSTERSEIFER
e LAMB (1999), os critérios de rentabilidade recomendados pela teoria financeira são
baseados em fluxos de caixa descontados. Entre esses critérios, os encontrados com maior
10
freqüência são os três a seguir: o critério do valor presente líquido (VPL), o critério do índice
de lucratividade (IL), e o critério da taxa interna de retorno (TIR).
Para se analisar determinados projetos, se faz necessário, primeiramente, definir a taxa
mínima de rentabilidade ou taxa mínima de atratividade, TMA, que se deseja alcançar. Esta
taxa refere-se à rentabilidade mínima exigida dos investimentos pelos dirigentes da empresa
como parte de sua política de investimentos.
A TMA se torna a base de comparação com o lucro ou taxa interna de retorno (TIR)
do projeto. Uma TIR maior que a taxa de atratividade é o indicativo para a aprovação ou a
identificação de lucro.
Sendo determinada a TMA, o executivo pode partir para a aplicação de diferentes
técnicas de análise de investimento, de forma que consiga selecionar a mais viável em termos
financeiros.
Há de se estudar minuciosamente os itens relacionados na construção do fluxo de
caixa do projeto para buscar a maximizar os resultados. Por exemplo, FREITAS (2007)
investigou o impacto do método de depreciação no cálculo do imposto de renda e, portanto,
no valor presente líquido de um transporte florestal, concluindo que existe necessidade de
critérios mais justos na cobrança de impostos através da adoção de metodologias mais
adequadas às realidades dos equipamentos.
1.8.1 Valor Presente Líquido – VPL
O Valor Presente Líquido, VPL, constitui um dos instrumentos mais utilizados para se
avaliar propostas de investimento.
O VPL de um projeto de investimento é igual à diferença entre o valor presente das
entradas líquidas de caixa associadas ao projeto e ao investimento inicial necessário, com o
desconto dos fluxos de caixa feito a uma taxa k definida pela empresa, ou seja, sua TMA.
(GALESNE, FENSTERSEIFER e LAMB, 1999).
Dessa forma, pode-se considerar o VPL como a somatória dos valores presentes de
cada período relacionado no fluxo de caixa do projeto.
O cálculo do Valor Presente é feito de acordo com a equação (1) abaixo:
PV = FV / ((1+i)^n)
(1)
11
Em que:
PV= Valor Presente (do Inglês Present Value);
FV= Valor Futuro (do Inglês Future Value);
i= taxa de juros (do Inglês Interest);
n= número de períodos.
A taxa de juros a ser utilizada é a taxa mínima de atratividade definida anteriormente.
O cálculo do VPL segue a equação a seguir:
VPL = ΣPV = ΣFV(n)/((1+i)^n)
(2)
Logo, se o projeto de investimento tiver um VPL positivo conclui-se que é mais
rentável que a TMA e, portanto, o empreendimento é viável; para um projeto analisado,
havendo mais de uma variante rentável, o de maior VPL será o mais lucrativo.
De acordo com BARREIROS (2004), a grande vantagem do VPL deve-se na
revelação do quanto que o projeto enriquecerá a empresa – representado pelo próprio VPL,
além do retorno mínimo. E a desvantagem está na dificuldade de determinar a TMA, que
muitas vezes está ligada à subjetividade do tomador de decisão.
1.8.2 Índice de Lucratividade – IL
O Índice de Lucratividade consiste em estabelecer a razão entre o saldo dos PV
(valores presentes) das entradas e saídas líquidas de caixa do projeto e o investimento inicial.
Os cálculos também são efetuados com base na taxa mínima de atratividade (k) da
empresa.
Este índice informa a percentagem de quanto se está ganhando, além do custo do
capital, em relação ao valor presente do investimento (GALESNE, FENSTERSEIFER e
LAMB 1999).
LAPPONI (2000) recomenda obter o IL como resultado de dividir o valor presente dos
retornos do fluxo de caixa pelo valor presente do investimento, desconsiderando o sinal
negativo do desembolso.
A equação a seguir representa o cálculo do IL:
12
IL = PV dos Retornos (t = 1,2,...,n) / Investimento (t = 0)
(3)
O critério para aceitação do projeto é que PV dos Retornos seja maior que o
investimento, isto é, IL > 1. Para IL<=1, o projeto é rejeitado.
A diferença fundamental entre o VPL e o índice de lucratividade é que este último
normaliza o fluxo de caixa pelo valor do investimento inicial.
1.8.3 Taxa Interna de Retorno – TIR
GONZÁLEZ e FORMOSO (1999) definem taxa interna de retorno como sendo uma
taxa média de desconto de fluxo de caixa.
Por definição, TIR é a taxa que torna o valor presente das entradas líquidas de caixa
associadas ao projeto igual ao investimento inicial, ou ainda, é a taxa que produz um VPL do
projeto igual a zero.
Para LAPPONI (2000), esse critério aplicado num investimento com fluxo de caixa
simples estabelece que, enquanto o valor da TIR for maior que a taxa mínima requerida k, o
investimento deverá ser aceito. Desta forma, TIR > TMA é o critério para aceitação do
projeto.
Para um projeto com diferentes alternativas, a vencedora é aquela que tiver maior TIR,
desde que esta seja maior que a TMA. Caso contrário, nenhuma das alternativas é viável.
1.9 Análise do Risco e a Incerteza
A tomada de decisão baseada pela análise de VPL, IL ou TIR, apesar de correta
matematicamente, não é garantia de sucesso de um empreendimento uma vez que não há
como conhecer exatamente o que o futuro nos trará.
A incerteza é um fato que introduz uma nova dimensão na análise de projetos de
investimento. Ela surge como conseqüência da falta de controle absoluto sobre a forma como
os eventos irão ocorrer no futuro.
Diversos fatores internos e externos à empresa podem criar novos cenários
econômicos nos quais se questione ou até invalide a tomada de decisão anterior.
13
Sobre alguns eventos, pode-se estimar e fazer previsões sobre tendência e
comportamento no futuro, mas nunca determinar de maneira precisa o que acontecerá, como,
por exemplo, o curso da economia de um país, demanda de determinado produto ou serviço,
os gastos com manutenção de equipamentos, os avanços da tecnologia, etc. (SOUZA E
CLEMENTE, 2001).
A diferença entre risco e incerteza encontra-se no conhecimento da distribuição de
probabilidade de ocorrência de possíveis estados futuros. Para BARREIROS (2004), o risco
acontece quando todas as ocorrências possíveis ou estados futuros, de certa variável, são
conhecidos e encontram-se sujeitos a uma distribuição de probabilidade também conhecida. A
incerteza ocorre quando esta distribuição de probabilidade não é conhecida. Em resumo, a
incerteza não pode ser medida, enquanto o risco pode ser avaliado.
Conseqüentemente, para basear a tomada de decisão numa análise mais minuciosa, o
empreendedor deve fazer com que as incertezas se transformem em risco, pois, assim, as
variabilidades no retorno podem ser estimadas, o que permite avaliar a relação entre risco e
retorno para diversas alternativas de investimento.
BRUNI (1998) cita que o método mais usual para análise de risco na avaliação de
projetos baseia-se na análise de sensibilidade.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Premissas para Geração do Fluxo de Caixa
A seguir citam-se as fontes para os dados estabelecidos no fluxo de caixa.
2.1.1 Estimativa de Investimento - Custo do Projeto
A estimativa de investimento foi realizada pela equipe de engenharia da Elekeiroz
baseando-se em cotações recentes e com referências de custo R$/kg sobre o peso estimado
dos equipamentos. O número calculado nesta fase do projeto possui erro na faixa de 30%.
Os seguintes itens abrangem o escopo do projeto e foram estimados nos seguintes
valores:
14
Tabela 2.1: Escopo de itens compreendidos na estimativa de investimento (Fonte: Elekeiroz)
Item
Serviços Preliminares
de Civil e Obras Civis
Instalações e Estruturas
Metálicas
Equipamentos
Equipamentos Elétricos
Descrição
Estimativa
(10³ R$)
Topografia, Canteiro, Base de Equipamentos
390
Aterramento e SPDA, Plataformas
50
Vasos, bombas, coluna, trocadores de calor e
agitador
Subestações Unitárias de Média Tensão,
Distribuição de Força, Iluminação
1.400
250
Válvulas ON-OFF, Válvulas de Controle,
Transmissores de Nível, Dispositivos de
Instrumentação
Segurança, Elementos/Transmissores de
400
temperatura, Placa de Orifício/Transmissão
de Vazão, Transmissor de Pressão e Outros
Tubulação, Válvulas e
Acessórios
Material
Elétrico/Instrumentação
Outros Materiais
Tubulações industriais, Válvulas manuais,
Válvulas de retenção, Flanges, Curvas, Tês,
210
Estojos, Filtros e Juntas
Material Elétrico/Instrumentação
180
Isolamento Térmico e Materiais Diversos
200
Base, Contratadas, Montagem de Andaime,
Montagem
Desmontagens, Equipamento de apoio e
1.100
Outros Serviços
Gerenciamento e
Engenharia Básica, Engenharia de
Engenharia
Detalhamento e Estudos Técnicos (Inspeção)
Contingências
Contingência total dos itens acima
Investimento Total
Portanto, foi calculado o custo total de 5,4 milhões de reais.
600
600
5.400
15
2.1.2 Preços de Produtos
Para elaboração do fluxo de caixa do projeto, foi assumido o preço médio de venda do
período de abril de 2010 a março de 2011. Obtiveram-se os seguintes resultados aproximados:
Tabela 2.2: Preço de produtos
R$/t
IBA
2500
DIBP
3300
2.1.3 Custo de Disposição de Efluentes
A disposição de efluentes orgânicos da Elekeiroz é feita na Cetrel. Atualmente as
tarifas praticadas pela Cetrel são as seguintes:
Tabela 2.3: Tarifas para tratamento de efluentes pela Cetrel
Item
Tarifa
DBO (R$/kg)
1,68
MS (R$/kg)
3,09
VOLUME (R$/m³)
0,79
Através do balanço de massa observa-se que as variações de MS e volume são
insignificantes com relação à variação de custo gerada pela redução de DBO, por isso, a
economia relacionada aos sólidos em suspensão e volume não entrará no cálculo de retorno
financeiro do projeto.
2.1.4 Premissas e Dados do Balanço de Massa
Foi elaborado balanço de massa da planta para representar os índices técnicos
realizados no ano de 2010.
16
Tabela 2.4: Índices técnicos e produção 2010
Índices 2010
IBA/DIBP (t/t)
0,575
PA/DIBP (t/t)
0,567
Produção de DIBP (t)
17071
Além dos índices técnicos, para construção do balanço de massa foi necessário estudo
de caracterização de efluentes. Neste, foram analisadas em laboratório as correntes de efluente
geradas na planta, caracterizando sua quantidade e componentes “poluentes”.
Com tudo isso se pode calcular a perda de produto final e de matéria prima para o
efluente orgânico, e, a partir daí, é possível dimensionar os equipamentos que permitirão
minimizar estas perdas.
Incluindo os novos equipamentos, foi elaborado novo balanço de massa indicando os
seguintes resultados:
Tabela 2.5: Recuperação anual estimada de IBA e DIBP
Recuperação anual
IBA
133 t
R$ 340.000
DIBP
384 t
R$ 1.300.000
Com este resultado se atingiriam os seguintes índices futuros:
Tabela 2.6: Índices técnicos e produção futura
Índice Futuro
IBA/DIBP (t/t)
0,555
PA/DIBP (t/t)
0,555
Produção de DIBP (t)
17071
A redução de DQO pela retirada de IBA foi avaliada em 505 toneladas de DBO.
Portanto, uma economia de 850 mil reais ao ano.
17
Foi avaliada a redução de volume através da recuperação de matéria prima, produto e
reaproveitamento de água, em 950 m³/ano. A economia equivalente foi inferior a mil reais por
ano. Por sua magnitude, este dado não foi considerado na avaliação econômica.
A redução de MS no efluente não foi avaliada devido às características do sistema de
efluentes geral da empresa. Neste, ocorre mistura de efluentes orgânicos de diversas plantas e
observa-se deposição de material no fundo de tanques impossibilitando a avaliação de
participação atual da planta no MS que chega até a Cetrel. Desta maneira, a melhoria futura
relacionada a este item poderá aparecer ou ser imperceptível nos custos (como a redução de
volume). Portanto, não foi considerado na avaliação econômica.
Os custos adicionais associados à operação dos equipamentos foram resumidos ao
aumento de consumo de vapor e energia elétrica.
A energia elétrica foi calculada a partir do dimensionamento das bombas e do agitador
do vaso de alimentação da coluna. A potência total requerida foi de 66,7 kWh. Para o custo
atual de 15 centavos de real por kWh foi calculado o custo anual de 10 mil reais.
O consumo de vapor está relacionado com a qualidade da operação da coluna, com a
quantidade de efluente gerada e a energia para vaporizar o azeótropo de água e IBA presente
no efluente.
Foi estimada, através de simulação em Hysys (simulador de processos da Aspentech),
a vazão de vapor horária de 782 kg/h para o funcionamento de 7,3 horas diárias da coluna
para todo efluente gerado em quatro bateladas diárias. Diante deste valor, foram acrescidas
folgas de projeto para uma estimativa conservativa em relação à realidade.
Foram acrescidos 3000 kg de vapor por dia para partida da coluna. O valor total foi
multiplicado pelo fator de 1,5 prevendo aumento do custo do vapor e erro de simulação. Nova
multiplicação por fator 1,25 foi relacionada com problemas operacionais.
Usando o preço do custo de vapor gerado na caldeira da Elekeiroz como
aproximadamente 80 reais, foi calculado um gasto extra de 330 mil reais por ano.
Estes dados foram resumidos na tabela a seguir:
18
Tabela 2.7: Estimativa de economia anual do projeto
Dados do projeto
Recuperação IBA (R$/ano)
340.000
Recuperação DIBP (R$/ano)
1.300.000
Redução de custo com efluentes (R$/ano)
850.000
Custo com vapor e energia elétrica (R$/ano)
340.000
Economia anual (R$/ano)
2.150.000
2.2 Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa do projeto foi definido a partir de valores anuais como especificado a
seguir.
2.2.1 Investimento Fixo
O investimento foi determinado pelo valor da estimativa de investimento: 5,4 milhões
de reais. O valor foi dividido em duas partes, 600 mil reais para serem gastos no ano de 2011,
representando o detalhamento do projeto citado na estimativa de investimento, e o restante
para ser gasto em 2012, representando os demais itens da estimativa de investimento.
2.2.2 Tempo de Vida do Projeto/Sistema
Didaticamente foi estipulado tempo de oito anos, assumindo que este plastificante
deixará de ser produzido, por exemplo, para entrada de um novo produto, até 2020.
2.2.3 Receita Operacional
A receita operacional consistiu nos valores da recuperação de DIBP e IBA somada à
redução de custos com DQO. Portanto, 2,5 milhões de reais.
19
2.2.4 Custos Fixos
Assumiu-se que o projeto não cria variação de custos fixos na operação da planta, de
maneira que não foi levado em conta no fluxo de caixa.
2.2.5 Custos Variáveis
Nos custos variáveis foram incluídos: o gasto estimado com energia elétrica e com
vapor, totalizando 340 mil reais.
2.2.6 Depreciação/Retorno de Depreciação
Os bens do ativo imobilizado das empresas têm um prazo limitado de vida útil
econômica. Em decorrência do uso, ou mesmo por ação da natureza ou obsolescência, o bem
do ativo imobilizado vai se desgastando, acarretando na diminuição do seu valor, o que
deverá ser reconhecido como depreciação. Este valor em hipótese alguma deve ultrapassar o
valor investido.
Através das Instruções Normativas SRF n°162/98 e SRF n° 130/99, a Receita Federal
fixou prazos de vida útil e taxa anual de depreciação para diversos bens, sendo que as
máquinas, equipamentos e instalações industriais constantes no anexo e utilizados na indústria
química, serão depreciados em cinco anos à taxa de 20% ao ano.
Dividindo o valor investido por cinco temos cerca de 1,1 milhões de reais anuais. Este
valor foi empregado como negativo para representar a depreciação.
O valor foi utilizado com valor positivo para ajuste contábil no retorno de depreciação.
2.2.7 PIS e COFINS
PIS e COFINS são impostos federais tributados sobre a receita operacional da pessoa
jurídica.
O PIS/PASEP tem como finalidade o financiamento do programa do SeguroDesemprego e o abono aos empregados que recebem até dois salários mínimos mensais. A
Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) foi instituída pela
20
Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991, destinada a financiar as despesas das
áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social.
A Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, segue duas regras gerais de apuração:
incidência não-cumulativa e incidência cumulativa. Além disso, possui diversos regimes
especiais de apuração. A Elekeiroz enquadra-se no regime de incidência não-cumulativa.
Sobre este regime o site da Receita Federal informa:
“Regime de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da
COFINS instituídos em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004,
respectivamente. O diploma legal da Contribuição para o PIS/PASEP
não-cumulativa é a Lei nº 10.637, de 2002, e o da COFINS a Lei nº
10.833, de 2003.
Permite o desconto de créditos apurados com base em custos,
despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da
Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente,
de 1,65% e de 7,6%.
As pessoas jurídicas de direito privado e as que lhe são equiparadas
pela legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no
lucro real, estão sujeitas à incidência não-cumulativa, exceto: as
instituições financeiras, as cooperativas de crédito, as pessoas
jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos
imobiliários e financeiros, as operadoras de planos de assistência à
saúde, as empresas particulares que exploram serviços de vigilância e
de transporte de valores de que trata a Lei nº 7.102, de 1983, e as
sociedades cooperativas (exceto as sociedades cooperativas de
produção agropecuária e as sociedades cooperativas de consumo).
As pessoas jurídicas submetidas à incidência não-cumulativa integram
a essa incidência as receitas obtidas nas vendas de bens submetidos a
alíquotas diferenciadas, excetuadas as receitas de venda de álcool para
fins carburantes, que permanecem excluídas da incidência nãocumulativa.
[Lei nº 10.637, de 2002; Lei nº 10.833, de 2003; Lei nº 10.865, de
2004; Lei nº 10.925, de 2004; IN SRF nº 404, de 2004]”
21
Portanto, o valor atual utilizado para PIS/COFINS foi a soma de 1,65% e 7,6%,
totalizando 9,25%.
2.2.8 ICMS
O ICMS é um imposto estadual sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre Prestações de Serviços. O ICMS incide sobre a circulação de produtos como gêneros
alimentícios, utilidades domésticas e eletrodomésticos, dentre outros, e também sobre serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Os recursos arrecadados se
destinam ao atendimento de exigências sociais e melhoria dos serviços públicos, tais como
educação, saúde e segurança.
No site do SEFAZ encontramos a legislação referente a este imposto. Na seção V –
Das Alíquotas e da Base de Cálculo, subseção I – Das Alíquotas, o artigo 15 cita três
alíquotas, sendo que a primeira, de 17%, está relacionada às “operações e prestações internas,
em que o remetente ou prestador e o destinatário da mercadoria, bem ou serviço estejam
situados neste Estado” e “operações e prestações em que os destinatários das mercadorias ou
os tomadores dos serviços estejam localizados em outra unidade da Federação e não sejam
contribuintes do imposto” que é o caso da empresa.
Portanto, o valor atual utilizado para ICMS foi de 17% de acordo com o decreto
n°6284, de 14/03/97, Diário Oficial do Estado de 15 e 16/03/97.
2.2.9 Juros e Amortização de Empréstimo
Para o caso base, foi assumido que não haverá tomada de empréstimo para este
projeto, portanto não há juros e amortização sobre empréstimo. No entanto, foi feita
averiguação da influência do nível de alavancagem da empresa, ou porcentagem de
financiamento, na taxa interna de retorno do projeto.
Nesta avaliação, foi utilizado o sistema de amortização constante (SAC) no qual as
prestações são a soma da amortização, que equivale ao valor emprestado dividido pelo
número de parcelas, aos juros de empréstimo, calculados multiplicando-se a taxa de juro do
período pelo saldo devedor.
22
2.2.10 Imposto de Renda
As alíquotas de imposto de renda de pessoas jurídicas são tributadas pelo lucro real,
presumido ou arbitrado. De acordo com o site da receita federal as alíquotas do imposto de
renda em vigor desde o ano-calendário 1996 são as seguintes:
a) 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado apurado pelas
pessoas jurídicas em geral, seja comercial ou civil o seu objeto;
b) 6% (seis por cento) sobre o lucro inflacionário acumulado até 31 de dezembro de
1987, das empresas concessionárias de serviços públicos de energia elétrica e
telecomunicações, das empresas de saneamento básico e das empresas que exploram a
atividade de transporte coletivo de passageiros, concedida ou autorizada pelo poder público e
com tarifa por ele fixada, realizado no período de apuração (trimestral ou anual) do imposto;
c) Alíquota adicional de 10% referente a parcela do lucro real que exceder ao resultado
mensal de R$20.000,00 (vinte mil reais) no período de apuração ou exceder o resultado anual
de R$240.000,00 para as pessoas jurídicas que optaram pela apuração do imposto de renda
sobre o lucro real anual, presumido ou arbitrado.
Desta maneira o imposto de renda praticado sobre a empresa é a soma de 15% com a
parcela adicional de 10%, totalizando 25%.
Entretanto, além destas alíquotas existe a CSLL, Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.
De acordo com o site da receita federal, a partir de 1º de maio de 2008, a alíquota da
CSLL é de (Lei nº 11.727, de 2008, art. 17):
I - 15% (quinze por cento), no caso das pessoas jurídicas de seguros privados, das de
capitalização e das referidas nos incisos I a VII, IX e X do § 1º do art. 1º da Lei
Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001; e
II - 9% (nove por cento), no caso das demais pessoas jurídicas.
Portanto, no fluxo de caixa, o imposto total sobre o lucro foi a soma de 25% de
imposto de renda a 9% de CSLL, totalizando 34%.
23
2.2.11 Planilha de Fluxo de Caixa
A planilha de fluxo de caixa elaborada a partir dos dados citados é apresentada na
figura a seguir:
Figura 2.1: Fluxo de caixa do projeto em planilha
Podemos representar o fluxo de caixa líquido graficamente, como a seguir:
Figura 2.2: Fluxo de caixa em versão gráfica
24
2.3 Base para Avaliação Econômica
2.3.1 TMA
A taxa mínima de atratividade (TMA) padrão requerida pela Elekeiroz é de 12%. Este
valor foi a base de comparação para a avaliação econômica.
2.3.2 TIR
A partir do fluxo de caixa, a planilha de Excel calculou automaticamente o valor da
taxa interna de retorno do projeto: 15%.
Uma TIR maior que a TMA indica que o projeto é viável.
2.3.3 VPL
Analogamente a TIR, o valor presente líquido foi calculado pela planilha gerando o
valor positivo de 490 mil reais.
O valor positivo indica coerência com a análise anterior. O projeto deve ser aprovado,
uma vez que o VPL é positivo.
2.3.4 IL
O IL calculado foi de 1,10. Sendo maior que 1 aponta para viabilidade do projeto.
2.3.5 Custo de Mercado
Caso a Elekeiroz não tivesse outros projetos na carteira e viesse investir o capital em
CDI. Seu lucro anual seria cerca de 8%. Como o custo de mercado é inferior a TIR do projeto
não faria sentido deixar o dinheiro rendendo juros. Assim, a preocupação da empresa reside
apenas na priorização de projetos viáveis.
2.3.6 Paypack Simples
25
Apesar de toda teoria da matemática financeira, parte das empresas ainda utiliza o
simples cálculo de payback para aprovação de projetos, cálculo que não leva em conta o custo
de oportunidade do dinheiro e seu valor no tempo. Para este caso:
Payback = Custo do projeto/Economia do projeto = 5,4/2,15 = 2,5 anos.
Para a Elekeiroz não há um número definido como atraente para payback simples.
Entretanto, um valor inferior a 3 anos é, geralmente, indicativo de que o projeto deve ser
estudado.
2.4 Premissas para Análise de Sensibilidade
Em qualquer tipo de análise econômica, é coerente se fazer um estudo de sensibilidade
dos dados buscando se medir o risco associado ao projeto. Em nosso caso particular, um
estudo de sensibilidade se torna essencial principalmente porque (1) a estimativa de
investimento tem +/- 30% de erro e porque (2) o mercado altera o preço de produtos
constantemente.
Para esta etapa foram utilizadas quatro possibilidades de erro: (1) custo do projeto, (2)
balanço de massa (recuperação de IBA, recuperação de DIBP e redução do DQO), (3) preços
do IBA, DIBP e DBO e (4) anos de operação do projeto.
Alterando-se os valores na planilha do fluxo de caixa, foram obtidos novos valores
para o VPL e TIR revelando, ou não, a possibilidade de aquele elemento intervir no retorno
do projeto.
Além disso, outra investigação teve lugar nesta análise de sensibilidade: nível de
alavancagem, ou porcentagem de empréstimo tomado pela empresa para investimento no
empreendimento.
O mérito reside em dois fatos: (1) nem sempre as empresas possuem capital próprio
para investir em um dado projeto, sendo imprescindível lançar mão de empréstimos para
aproveitar oportunidades e, por outro lado, (2) a tomada de empréstimo pode ser interessante,
mesmo para a empresa que possui capital suficiente para o investimento requerido, desde que
aumente a TIR do projeto.
26
A seguir, são elucidadas as premissas para definição da amplitude da variação de cada
item:
2.4.1 Custo do Projeto
Como citado anteriormente, o erro da estimativa de investimento é de 30%. Portanto,
foi variado o valor do custo do projeto entre -30% e +30%.
2.4.2 Balanço de Massa
Assumiu-se didaticamente um erro no balanço de massa de 10% para a recuperação de
IBA e DIBP, além da redução de DQO.
2.4.3 Preços de IBA e DIBP
Foi coletado o preço histórico de IBA e DIBP de Março de 2007, data da partida da
planta, até Março de 2011.
Figura 2.3: Histórico de preços de IBA e DIBP (Fonte: Elekeiroz)
27
A partir dos dados foi elaborada em Excel uma análise estatística dos dados como
apresentado a seguir:
Tabela 2.8: Análise estatística de dados
O dado de interesse para análise de sensibilidade é o desvio padrão. Utilizou-se a
proporção do desvio padrão em relação à média do período para definir a amplitude de
variação dos preços de IBA e DIBP.
Para o IBA obteve-se 408/2415 ≈ 16,9%. Para o DIBP, 335/3164 ≈ 10,6%. Portanto, a
partir do preço base, foram variados os preços com as respectivas amplitudes calculadas.
Para uma análise de risco complementar, foi calculado o valor da TIR do projeto para
cada valor de preço dos dados históricos. Desta forma, se obtém a TIR média e sua
variabilidade associada aos preços de IBA e DIBP.
2.4.4 Preço da DBO
Neste caso específico foi avaliado que a tarifa imposta pela Cetrel não deve se reduzir
com o passar do tempo, apenas aumentar.
No gráfico a seguir, apresenta-se o valor da tarifa praticada de 2004 a 2011 (seqüência
DQO 2004-2011) e estimativas de valores futuros da tarifa em quatro diferentes cenários.
28
No primeiro cenário (1 = FLAT) se assumiu manter o preço atual até 2020. O fluxo de
caixa do projeto foi calculado usando este caso mais otimista de não haver correção no custo
de disposição de efluente orgânico.
No segundo cenário (2 = LINEAR), foi extrapolada a regressão linear dos dados de
2004 a 2011. No terceiro (3 = STEP ATUAL +), foi incrementada anualmente a média do
valor corrigido nos últimos dois anos (equivalente a 13,5 centavos de real). No quarto cenário
(4 = STEP ATUAL %) foi multiplicada anualmente a correção proporcional dos últimos dois
anos (aproximadamente a 1,09).
Figura 2.4: Histórico de preços de tarifa de DBO e projeções de preço futuro
A partir das extrapolações foram gerados novos fluxos de caixa baseados agora na
previsão de preços futuros de DBO.
2.4.5 Anos de Operação do Projeto
É difícil prever por quantos anos a empresa produzirá DIBP, ou manterá a tecnologia
atual para produção deste produto, ou até mesmo definir por quantos anos ainda o produto
será demandado no mercado de plastificantes.
29
Foi assumido para desenvolvimento da avaliação econômica que o sistema projetado
deveria operar até o ano de 2020. Para análise de sensibilidade, foi reduzido o número de anos
de operação do projeto avaliando seu impacto no retorno do projeto.
2.4.6 Nível de Alavancagem
Para um financiamento pelo BNDES a empresa pode, através do FINAME, tomar até
80% do valor do projeto mais o capital de giro. Assumiu-se que esta averiguação deve
envolver valores entre 0% e 40% de capital emprestado para se descobrir a influência deste
fator na TIR e VPL do projeto.
2.5 Resultados
Os resultados das análises de sensibilidade são apresentados a seguir através de
gráficos na mesma seqüência de premissas anteriormente citadas:
• Custo do projeto
• Balanço de massa (recuperação de IBA e DIBP, e redução de DBO)
• Preços de IBA e DIBP
• Preço do DBO
• Anos de operação do projeto
• Nível de alavancagem
30
Figura 2.5: Sensibilidade quanto ao custo do projeto
Quanto ao custo do projeto, observou-se que o VPL torna-se negativo a partir de um
erro superior a 15% para mais no investimento.
.
Figura 2.6: Sensibilidade quanto à recuperação de DIBP
A sensibilidade relacionada à recuperação do DIBP não originou preocupação uma
vez que, mesmo com um erro máximo esperado para o balanço de massa, o VPL manteve-se
positivo.
31
Figura 2.7: Sensibilidade quanto à recuperação de IBA
Da mesma maneira, a quantidade recuperada de IBA não apresentou sensibilidade para
prejudicar a avaliação econômica.
Figura 2.8: Sensibilidade quanto à redução de DBO
Novamente, mesmo uma menor redução de DBO que a prevista não influenciou na
decisão de aprovação do projeto.
32
Figura 2.9: Sensibilidade quanto ao preço do DIBP
A sensibilidade quanto ao preço do DIBP não apresentou impedimento para aprovação
do projeto. O VPL manteve-se positivo em todos cenários instituídos.
Figura 2.10: Sensibilidade quanto ao preço do IBA
Em relação ao preço do IBA, mais uma vez a análise de apresentou VPL positivo em
todos cenários não havendo obstáculo para o empreendimento.
33
Figura 2.11: Dispersão: TIR x preços históricos de IBA e DIBP
No gráfico acima, se apresenta o valor da TIR do projeto calculada para cada valor de
preço histórico de IBA e DIBP.
Nesta análise, os dados históricos permitiram avaliar o risco associado à variação de
preço de IBA e DIBP. A TIR média referente ao IBA foi de 14,8% e seu desvio padrão de
0,6%. Enquanto a TIR referente ao DIBP apresentou média de 14,2% e desvio padrão de
1,5%.
Apesar de 14,3% dos preços de DIBP apresentarem TIR abaixo da TMA de 12%, a
média e o desvio padrão da TIR calculados apontaram para a expectativa de que a oscilação
deste preço não deverá atrapalhar a viabilização do projeto.
34
Figura 2.12: Sensibilidade quanto ao preço do DBO
No eixo x do gráfico, os números representam o método de extrapolação utilizado para
o preço futuro do DBO, sendo: (1) FLAT, (2) LINEAR, (3) STEP ATUAL + e (4) STEP
ATUAL %.
Quanto ao preço do DBO, como foi assumido unicamente aumento do preço,
naturalmente os cenários 2, 3 e 4 apresentaram maior retorno que o cenário 1, utilizado no
fluxo de caixa.
Figura 2.13: Sensibilidade quanto ao tempo de operação
35
Quanto ao tempo de operação do sistema, foi observada uma grande sensibilidade para
viabilização do projeto. O período mínimo de operação para resultado positivo no VPL é de
sete anos, referente ao ano de 2019. Qualquer período inferior a este inviabiliza o projeto.
Observou-se também que quanto maior o tempo de utilização do sistema, tanto maior
seu retorno financeiro.
Figura 2.14: Sensibilidade quanto ao nível de alavancagem da empresa
Observou-se que, quanto maior a porcentagem financiada do investimento, maior a
TIR do projeto.
O pagamento de juros inserido no lucro antes do imposto de renda refletiu em redução
da carga tributária do projeto. Isto permitiu o crescimento do VPL com o aumento da parcela
de capital financiado.
Foi averiguado que para 80% de financiamento, o VPL atinge 1.8 milhões de reais,
aproximadamente quatro vezes o VPL do caso base.
2.6 Discussão
2.6.1 Avaliação Econômica
36
De acordo com o estabelecido no fluxo de caixa, foram encontrados indicadores
baseados na matemática financeira que comprovam a viabilidade do projeto.
Através da recuperação de matéria prima e produto final e da redução de custos com
efluentes orgânicos, superou-se a taxa mínima de atratividade imposta pela empresa.
Além disso, como fator adicional para segurança do tomador da decisão: o fluxo de
caixa pode ser considerado pessimista ou conservativo uma vez que utiliza a projeção de
tarifa constante de DBO igual ao praticado pela Cetrel a partir de Maio de 2011. Desta
maneira, sabe-se que, mesmo se mantendo o nível de tarifação atual, o projeto apresentou
viabilidade.
2.6.2 Análise de Sensibilidade
O retorno econômico do projeto apresentou baixo risco em relação ao balanço de
massa e aos preços de IBA, DIBP e DBO. Dentro da faixa de valor esperada para cada item,
foram observados apenas valores de VPL positivos.
O principal risco do projeto foi relacionado ao tempo de operação do projeto, que,
imperativamente, deveria ser superior a sete anos.
Outro risco foi associado à estimativa de investimento, na qual um erro para mais em
15% tornou o projeto economicamente inviável.
Observou-se que a tomada de empréstimo alterou de maneira positiva o retorno
financeiro do projeto, sendo aconselhado financiamento de 80% do valor do investimento
(máximo estabelecido pelo BNDES) que induziria um VPL 3,6 vezes maior que no caso de
ausência de financiamento.
2.6.3 Projetos Estratégicos – Indo Além da Avaliação Econômica
No presente trabalho a presença de uma única alternativa de projeto parece resumir o
processo decisório a constatar (ou não) a viabilidade de efetuar o investimento do projeto em
relação ao custo de oportunidade estabelecido pela taxa mínima de atratividade definida pela
empresa.
Na verdade, entretanto, pode haver mais que a mera rentabilidade de um projeto para
ser avaliada. Questiona-se o conceito de engenharia econômica puramente matemática,
37
porque existem benefícios que não são calculados na matemática financeira, são benefícios
intangíveis, que podem pesar na balança na hora da decisão.
A finalidade dos projetos para o investidor é obter algum ganho, seja ele financeiro,
social, ambiental ou de qualquer outro tipo.
Portanto, a mera avaliação econômica não pode ser a única diretriz na aprovação de
projetos sendo necessária a definição de critérios associados ao projeto que permitam avaliálo de maneira quantitativa ou qualitativa.
Observe-se que o assunto tratado está intrinsecamente relacionado ao conceito de
sustentabilidade.
Pode-se facilmente associar: sustentabilidade ↔ manter as condições necessárias para
as gerações futuras ↔ minimizar geração de lixo ↔ redução de efluentes ↔ melhoria de
imagem da empresa ↔ continuidade dos negócios.
O raciocínio também se fecha por outro caminho: redução de efluentes ↔ melhoria de
índices técnicos ↔ maior competitividade ↔ continuidade dos negócios.
A política da Elekeiroz prega a busca da melhoria contínua para continuidade dos
negócios, estando assim atrelada ao conceito de sustentabilidade. E, naturalmente, a política
da empresa deve ser levada em conta na decisão de aprovar ou não o projeto.
Portanto, por vezes os benefícios intangíveis podem ter importância tal que possam
viabilizar um projeto que matematicamente pareça não ser o melhor investimento. Apesar de
não ser este o caso no presente estudo.
O que pode ser levado em conta para aprovação deste projeto?
O projeto melhora a imagem da empresa pela associação que é feita entre redução de
efluentes e compromisso com a sustentabilidade.
E quanto vale a imagem de uma empresa?
A imagem positiva da empresa aumenta a receptividade de empregados, clientes e
fornecedores. Aumenta a possibilidade de negociações, fechamentos de contratos, vendas,
entre outros.
Além disso, a firmação da sustentabilidade na cultura da empresa gera outro benefício.
A percepção da cultura da empresa pelos funcionários os leva na direção da consciência
ambiental. Isto permite que, no curto e longo prazo, estes colaboradores passem a reduzir
perdas da empresa, seja com desperdício de água, energia elétrica, geração de efluentes, entre
38
outros, atuando como mais um pilar para melhoria da competitividade da empresa. Isto fecha
o ciclo ideal na busca da sustentabilidade.
3. CONCLUSÃO
O trabalho atingiu seu objetivo de auxiliar a empresa na tomada de decisão sobre o
projeto de redução de efluentes da planta de plastificantes.
Primeiramente, o projeto foi avaliado economicamente apresentando indicadores de
viabilidade do projeto.
Em seguida, avaliando o risco do projeto, a análise de sensibilidade consegue apontar
para os dois principais elementos que podem inviabilizar o projeto: a estimativa de
investimento e o período de operação do sistema.
Com relação ao investimento, o detalhamento do projeto pode melhorar a precisão da
estimativa. Além disso, pode-se buscar a redução de custos com a aquisição ou reutilização de
equipamentos usados.
Quanto ao período de operação do sistema, é fundamental que o projeto esteja
alinhado com outros projetos da empresa e com as projeções da demanda no mercado de
DIBP. Para que não se opere por tempo inferior ao mínimo necessário para o adequado
retorno econômico.
No estudo de sensibilidade também se concluiu que é vantajoso para a empresa buscar
financiamento para o projeto, elevando seu lucro.
Além dos benefícios financeiros deste projeto, existe o aspecto da imagem da empresa
junto aos clientes e fornecedores, ao pólo petroquímico e aos seus funcionários.
Cada vez mais, é imperativa a busca da sustentabilidade e redução de efluentes nos
processos industriais. A preocupação com o meio ambiente mostra uma empresa consciente,
que entendeu que sua continuidade no mercado está atrelada a maior competitividade e
eliminação de desperdícios.
E nada melhor que desenvolver a imagem de preocupação ambiental através de atos
concretos. Ficar para trás em relação aos concorrentes neste aspecto pode ser muito arriscado.
Por isso a grande importância deste tipo de projeto.
39
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UFBA
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