O comportamento de compra do consumidor da classe C Josiane Wengrzynek, [email protected], Av. das Araucárias, s/n, fone: (46) 559-1142 Quedas do Iguaçu-PR, 85460-000 Eliane Rodrigues do Carmo (FAQ), [email protected], R. Recife, 2414, (45) 226-5630 Cascavel-PR, 85807-060 RESUMO É de fundamental importância conhecer o comportamento de compra do consumidor, pois existem vários fatores que influem na escolha no processo de compra. Sendo assim, se faz necessário conhecê-lo para que o mercado atenda realmente aos seus desejos e necessidades. O comportamento de compra do consumidor está relacionado ao estudo dos indivíduos na compra de bens ou serviços que atendam as suas necessidades e desejos, sendo muito importante conhecer como é realizado o seu processo de compra, o seu comportamento e decisão frente as influências na sua escolha, como os diferentes hábitos, opiniões, estilo de vida, o conhecimento. Assim também, tem como influência no comportamento e decisão de compra a classe social, como a classe C, responsável por 28% do consumo nacional que corresponde á R$ 226 bilhões por ano em compras. Palavras-Chave: Consumidor; comportamento; classe C. 1. INTRODUÇÃO O objetivo de marketing é atender às necessidades e desejos dos consumidores. A área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, idéias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos. Pode-se questionar o que é necessidade, desejo por parte do consumidor. Conforme KOTLER (1998), nunca foi simples entender e conhecer o comportamento dos consumidores, por que podem declarar as suas necessidades e desejos, mas agir de outra maneira. Para lançar um produto no mercado que satisfaça realmente os consumidores é necessário entender a razão pela qual estes realizam suas compras. Não é uma tarefa fácil de entender o consumidor, a lógica é entrar no mundo deles para descobrir e entender como eles pensam e agem, e usar este conhecimento para oferecer melhores produtos ou serviços para que estes atendam exatamente aos seus desejos e necessidades, que são fatores de sucesso para as empresas. Devido à importância do conhecimento do consumidor, foram desenvolvidos estudos e teorias que pudessem traduzir e ajudar na interpretação dos diferentes motivos e razões no processo de compra. LAS CASAS ( 2001) relata que apesar de aparentemente simples, o consumidor, na situação de compra agem em decorrência de várias influências de ordem interna e externa. Para COBRA (1997), cada consumidor tem conhecimento, opinião ou crença, hábito diferente, que faz reagir de forma diferente na decisão de compra. Para o melhor entendimento, alguns conceitos importantes à seguir: 2. O PROCESSO DE COMPRA DO CONSUMIDOR E AS INFLUÊNCIAS NA SUA ESCOLHA Lucas e Paola resolveram comprar um novo CD player antes da festa que estavam planejando. Então, deram um olhada nos anúncios de aparelhos eletrônicos do jornal e visitaram algumas lojas para avaliar os modelos que estavam interessados. O processo de compra do consumidor, como este exemplo indica, representa que o primeiro fator a desencadear um processo de compra é a necessidade por um produto, depois será a coleta de informações deste produto oferecidas no mercado. Assim será feita uma análise quanto às características, os preços, as condições de pagamento, comparação das várias marcas e os seus benefícios, que é a etapa de avaliação. Finalmente é decidido qual produto irá proporcionar maiores vantagens. Após a compra poderá surgir dúvidas por não ter certeza se a compra deste produto foi bem feita ou não. Conforme LAS CASAS (2001), é extremamente importante entender o processo de compra dos consumidores, por que são várias as etapas até a decisão final. Por isso os mercadólogos procuram agir em cada uma destas etapas estimulando o consumo de seus produtos. BLACKWELL (2003), apresenta que as forças sociais (tendências econômicas, geográficas e demográficas) juntamente com os fatores individuais (o estilo de vida, a personalidade, as atividades e opiniões de cada um) influem no comportamento de compra. COBRA (1992) afirma que é preciso entender o comportamento do consumidor, pois o consumo é influenciado pela idade, renda, nível de educação e gosto dos consumidores. Ainda COBRA(1992), apresenta que o consumidor recebe do meio ambiente várias espécies de influências, como: a) Ambiente físico: o lugar, as pessoas, as coisas, o clima, os costumes do ambiente, etc. b) Tecnologias: as expectativas de inovações tecnológicas que podem retardar a compra. c) Economia: a inflação que pode estar diminuindo o poder dos consumidores. d) Política: o sistema político de um país poderá estimular o consumo de alguns produtos e inibir o de outros. e) Legal: normas, leis, e regulamentos podem inibir ou estimular a compra de determinados bens, como um filme ou livro proibido que estimulam o comprador a querer assistir ou comprar. Assim, segundo COBRA (1992, p. 203) “A compreensão dos fatores ambientais que agem sobre o consumidor moldando o seu processo decisório de compra é o primeiro passo para entender o que leva as pessoas a comprar ou rejeitar um produto ou serviço.” Para melhor compreensão, temos como exemplo no ambiente físico o clima quente, que leva ao consumo de bebidas e roupas que o aliviam do calor. Já no clima frio, a busca é por produtos e objetos que minimizem o desconforto do frio. E na economia, quando a renda disponível aumenta, a tendência e crescer o consumo. Os principais fatores segundo KOTLER (1998), que influenciam o comportamento de compra na sua escolha são os culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Nos fatores culturais são incluídos: cultura, subcultura e classe social. Nos fatores sociais tem os grupos de referência, famílias e papéis e posições sociais. Por fim, fatores pessoais, que incluem a idade e o estágio do ciclo de vida, ocupação, situação econômica, estilo de vida, personalidade e auto-estima. 2.1 A INFUÊNCIA DA CLASSE SOCIAL: FATOR CULTURAL O termo classe social refere-se a uma hierarquia pela qual indivíduos e grupos são classificados em termos de valor e prestígio, com base em sua riqueza, habilidade e poder. O modo mais confiável de classificá-las é por ocupação. Assim, um cirurgião, um gerente de vendas e um funcionário de processamento de dados provavelmente são membros de classes diferentes. CHURCHILL (2000), afirma que as classes sociais mostram não só diferenças em renda, mas também diferenças em valores e comportamento. Por exemplo, as pessoas de classes mais baixas tendem a pensar em termos concretos e a ser emocionais em suas tomadas de decisões. Os consumidores de classe alta, por sua vez, valorizam alta qualidade, prestígio, gastos com bom gosto, tendendo a ser mais abstratos e mais orientados para o futuro em seu modo de pensar. De acordo, LAS CASAS (2001, p. 147) afirma que “É evidente que as classes sociais determinam diferenças no comportamento dos indivíduos. Esta afirmativa poderá facilmente ser constatada com o simples convívio com pessoas de diferentes classes.” As pessoas de diferentes classes sociais tendem a fazer escolhas diferentes em relação a sua roupas, decoração doméstica, uso do tempo de lazer, escolha de meios de comunicação e padrões de gastos e poupança. Os consumidores das classes sociais mais altas preferem revistas e livros e os das classes sociais mais baixas, televisão. Mesmo dentro da categoria TV, os consumidores das classes mais altas preferem noticiários e dramas e os das classes mais baixas preferem novelas e programas de auditório e de concursos. Há também diferenças de linguagem entre as classes sociais, por isso o anunciante tem que preparar textos e diálogos que soem como verdadeiros para a classe social-alvo. 2.2 O COMPORTAMENTO DA CLASSE C Segundo estudos da Boston Consulting Group-BCG (2003), apresenta o consumidor brasileiro típico da classe C, é o que possui o equivalente a um ou dois televisores, máquina de lavar, geladeira, automóvel e um banheiro. Além disso, tem escolaridade ginasial, completa ou incompleta. Outra forma de cálculo é baseada na renda. Por esse método, um domicílio de classe C possui renda mensal familiar de quatro a dez salários mínimos (R$ 800 a R$ 2.000) domicílios e é constituída por cerca de 30% dos domicílios do País. Esta classe é responsável por 28% do consumo nacional, equivalente a R$ 226 bilhões por ano em compras. A BCG (2003) apresentou a classe C cresceu bastante, passou de 26% para 30% do total do consumo em 1993, para 31% em 1996 e para 34% em 2000. É um crescimento bem significativo. Desde então, a única classe que apresentou crescimento foi a C. Hoje, o nível está em 35% (o que significa que de cada 100 produtos vendidos dentre as 59 categorias estudadas, 35 são consumidos por membros da classe C). Alimentação e moradia são os itens que mais consomem os recursos da classe C: respondem por 65% dos gastos mensais. Esse percentual é dividido em gastos com supermercado-48%, e com o domicílio ( água, luz, aluguel, condomínio, prestação da casa e IPTU)-17%. Já o lazer representa apenas 3% dos gastos mensais. Os gastos com supermercado representam o maior item de gastos da classe C. Em média, estas famílias consomem R$ 337 por mês em alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza. A mulher da classe C, é a responsável pela tomada de decisão nas compras, pelo fato de não contar com os serviços de empregadas domésticas. Na compra ela segue uma lista de compras que organiza a pesquisa de preço realizada por 58% das consumidoras. Esta pesquisa de preço garante reduções de até 12% nos gastos mensais com alimentação, higiene e limpeza. Nestas listas de compras, a presença de produtos supérfluos é de apenas 42%. Por exemplo doces, alimentos semiprontos, maquiagem, tintura de cabelo são adquiridos com sobras de recurso nas compras picadas ou apenas em ocasiões especiais. Se sobrar dinheiro, 50% das mulheres compram mais que o programado. Se ela estiver acompanhada do marido e dos filhos, esse percentual pode atingir 61%; e essa compra excedente, inclui itens considerados supérfluos, para proporcionar satisfação e prazer à família. As compras de abastecimento são as mais importantes e representam 62% do consumo total da classe C. As compras de reposição, que representam 30% do consumo, são sempre pagas à vista, e feitas geralmente em feiras, açougues, padarias e mercados de vizinhança. O sabão em pó, óleo, sabonete e arroz são produtos que integram as compras de abastecimento. Mas quando o dinheiro está escasso, alguns itens costumam ser abandonados, como os xampus e amaciantes de roupas. Mas a cerveja, mesmo sendo considerada supérflua, tem um peso considerável nas compras de abastecimento e de reposição, o que se entende claramente a importância dos bens de consumo na satisfação das necessidades de compensação e prazer da classe C. A queda da inflação da classe C faz com que as compras “picadas”(reposição do diaa-dia) em feiras, açougues, padarias e mercados de vizinhança sejam significativas nos gastos mensais. Assim, a BCG (2003) observa que, a meta da classe C é guardar dinheiro mensalmente mesmo que em pouca quantidade, motivada pelo sonho da casa própria, pela necessidade de se precaver quanto a possíveis problemas futuros e como forma de acumular as reservas que financiem o futuro dos filhos. Trata-se de um consumidor que prefere pagar á vista sempre que pode. As mulheres dessa classe são as mais ativas no exercício de poupar dinheiro. De fato, cabe às mulheres o papel de economizar com as sobras das compras, com as miudezas do dia-a-dia ou mesmo com os pequenos rendimentos extras que conseguem. CONCLUSÃO Como podemos observar no decorrer deste trabalho, é muito importante conhecer e entender o comportamento de um consumidor para que os bens ou serviços realmente atenda as necessidades e desejos. E isto acontece através de estudos e pesquisas do seu comportamento como consumidor devido aos seus hábitos, conhecimento, estilo de vida e as influências de escolha na sua compra relacionada a sua cultura, a sua família, a sua personalidade, como também a classe social, como a classe C que foi observado neste trabalho, que apresentou claramente que o consumidor pertencente á esta classe primeiro atende as suas necessidades mais importante, como a alimentação, realiza pesquisas de preços e a família influência na compra a influência, e que também não deixam de lado um dos desejos que é a cerveja. Por isso é de grande importância entender o estilo de vida do consumidor, o que é mais importante para ele decisão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHURCHILL, G. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. COBRA, M. Administração de Marketing: A análise do mercado de consumo e o comportamento do consumidor. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1992. COBRA, M. Marketing Básico. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. KOTLER, F. Administração de Marketing. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998. LAS CASAS, A. Marketing. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2001. Boston Consulting Group, Mercados poucos explorados: descobrindo à classe C. São Paulo, 2003. BLACKWELL, R. in HSM Management: Informação e conhecimento para gestão empresarial. Tudo sobre o comportamento do consumidor. N.º 37. Volume 02, março-abril, 2003. Acessos em: www.pernambuco.com/tecnologia.htm (10/06/03 - 09:20 h) www.br.google.yahoo.com/bin/query (10/06/03 - 10:03 h) www.idecon.org.br/subpages/cartilha.htm (11/06/03 - 23:44 h) www.portaldomarketing.com/artigos/marketing (11/06/03 - 23:57 h) www.terra.com.br/isto e/ 1774/economia (15/06/03 - 14:20 h) www.tb.bol.com.br/simple redirect.html? srv=cn&trg (15/06/03 - 14:27 h) www.estado.com.br/editorias//2003/02/26/eco 029.html (15/06/03 - 14:54 h)