ISSN 0034-7280 Versão impressa Publicação bimestral Vol. 74 - nº 4 - Julho/Agosto 2015 REVISTA BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA JUL/AGO 2015 VOLUME 74 NÚMERO 4 P. 197-268 100 w Correlation of accommodation and asthenopia in hyperopic patients w Biomarkers and surrogate endpoints in glaucoma w Granuloma macular por tuberculose w Perda visual irreversível após uso de Paclitaxel 95 75 25 5 0 capa-JULHO-AGOSTO sexta-feira, 22 de maio de 2015 16:35:20 197 ISSN 0034-7280 Revista Brasileira de (Versão impressa) ISSN 1982-8551 (Versão eletrônica) Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL: SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CATARATA E IMPLANTES INTRAOCULARES SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA REFRATIVA Sociedade Brasileira de Oftalmologia Indexada nas bases de dados: LILACS Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde SciELO Scientific Electronic Library OnLine WEB OF SCIENCE www.freemedicaljournals.com Disponível eletronicamente: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior www.sboportal.org.br Publicação bimestral Editor Chefe André Luis Freire Portes (RJ) Editor Executivo Arlindo José Freire Portes (RJ) Co-editores André Luiz Land Curi (RJ) Bruno Machado Fontes (RJ) Carlos Eduardo Leite Arieta (SP) Hamilton Moreira (PR) Liana Maria Vieira de Oliveira Ventura (PE) Marcony R. Santhiago (RJ) Mario Martins dos Santos Motta (RJ) Maurício Maia (SP) Newton Kara-Junior (SP) Niro Kasahara (SP) Renato Ambrósio Jr. (RJ) Ricardo Augusto Paletta Guedes (MG) Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira (PE) Silvana Artioli Schellini (SP) Walton Nosé (SP) Corpo Editorial Internacional Baruch D. Kuppermann - Califórnia - EUA Christopher Rapuano - Phyladelphia - EUA Curt Hartleben Martkin - Colina Roma - México Daniel Grigera - Olivos - Argentina Deepinder Kauer Dhaliwal - Pittsburg - EUA Felipe A. A. Medeiros - Califórnia - EUA Felix Gil Carrasco - México – México Fernando Arevalo - Riyadh - Arábia Saudita Francisco Rodríguez Alvira – Bogotá - Colombia Howard Fine - Eugene - EUA Jean Jacques De Laey - Ghent - Bélgica Kevin M. Miller - Califórnia - EUA Lawrence P. Chong - Califórnia - EUA Lihteh Wu – San José - Costa Rica Liliana Werner - Utah - EUA Miguel Burnier Jr. - Montreal - Canadá Pablo Cibils - Assunção - Paraguai Patricia Mitiko Santello Akaishi – Arábia Saudita Peter Laibson - Phyladelphia - EUA Steve Arshinoff - Toronto - Canadá Corpo Editorial Nacional Abelardo de Souza Couto - Rio de Janeiro- RJ Abrahão da Rocha Lucena - Fortaleza - CE Alexandre Augusto Cabral de Mello Ventura - Recife - PE Alexandre H. Principe de Oliveira – Salvador – BA Alexandre Seminoti Marcon – Porto Alegre - RS Ana Carolina Cabreira Vieira – Rio de Janeiro – RJ Ana Luisa Hofling de Lima - São Paulo - SP André Correa de Oliveira Romano – Americana - SP André Curi - Rio de Janeiro - RJ André Luis Freire Portes - Rio de Janeiro - RJ André Marcio Vieira Messias – Ribeirão Preto – SP Andrea Kara José Senra - São Paulo – SP Antonio Marcelo Barbante Casella - Londrina - PR Armando Stefano Crema- Rio de Janeiro- RJ Beatriz de Abreu Fiuza Gomes – Rio de Janeiro - RJ Bruna Vieira Ventura - Recife - PE Bruno Diniz – Goiânia - GO RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd197 http://www.capes.gov.br Rev Bras Oftalmol, v. 74, n. 4, p. 197-268, Jul./Ago. 2015 Carlos Augusto Moreira Jr.- Curitiba- PR Carlos Gabriel Figueiredo - São José do Rio Preto - SP Carlos Ramos de Souza Dias- São Paulo- SP Claudio do Carmo Chaves - Manaus - AM Cristiano Caixeta Umbelino - São Paulo - SP Daniel Lavinsky – Porto Alegre - RS David Leonardo Cruvinel Isaac – Goiania - GO Diego Tebaldi Q. Barbosa - São Paulo - SP Edmundo Frota De Almeida Sobrinho- Belém- PA Eduardo Buchele Rodrigues – Florianópolis - SC Eduardo Cunha de Souza – São Paulo - SP Eduardo Damasceno - Rio de Janeiro - RJ Eduardo Dib – Rio de Janeiro - RJ Eduardo Ferrari Marback- Salvador- BA Eliezer Benchimol - Rio de Janeiro - RJ Enzo Augusto Medeiros Fulco – Jundiaí - SP Eugenio Santana de Figueiredo – Juazeiro do Norte - CE Fábio Marquez Vaz – Ondina – BA Felipe Almeida - Ribeirão Preto - SP Fernando Cançado Trindade - Belo Horizonte- MG Fernando Marcondes Penha - Florianópolis - SC Fernando Oréfice- Belo Horizonte- MG Fernando Roberte Zanetti – Vitória - ES Flavio Rezende- Rio de Janeiro- RJ Francisco de Assis Cordeiro Barbosa - Recife - PE Frederico Valadares de Souza Pena – Rio de Janeiro - RJ Frederico Guerra - Niterói - RJ Giovanni N.U.I.Colombini- Rio de Janeiro- RJ Guilherme Herzog Neto- Rio de Janeiro- RJ Harley Biccas - Ribeirão Preto - SP Haroldo Vieira de Moraes Jr.- Rio de Janeiro- RJ Hélcio Bessa - Rio de Janeiro - RJ Helena Parente Solari - Niterói - RJ Heloisa Helena Abil Russ – Curitiba – PR Henderson Celestino de Almeida- Belo Horizonte- MG Hilton Arcoverde G. de Medeiros- Brasilia- DF Homero Gusmao de Almeida- Belo Horizonte- MG Italo Mundialino Marcon- Porto Alegre- RS Iuuki Takasaka – Santa Isabel - SP Ivan Maynart Tavares - São Paulo - SP Jaco Lavinsky - Porto Alegre - RS Jair Giampani Junior – Cuiabá - MT Jeffersons Augusto Santana Ribeiro - Ribeirão Preto - SP João Borges Fortes Filho- Porto Alegre- RS João Luiz Lobo Ferreira – Florianópolis – SC João Marcelo de Almeida G. Lyra - Maceió - AL João Orlando Ribeiro Goncalves- Teresina- PI Jorge Carlos Pessoa Rocha – Salvador – BA JorgeAlberto de Oliveira - Rio de Janeiro - RJ José Augusto Cardillo – Araraquara – SP José Beniz Neto - Goiania - GO José Ricardo Carvalho L. Rehder- São Paulo- SP Laurentino Biccas Neto- Vitória- ES Leonardo Akaishi - Brasília - DF Leonardo Provetti Cunha - SP Leticia Paccola - Ribeirão Preto - SP Liana Maria V. de O. Ventura- Recife- PE Luiz Alberto Molina - Rio de Janeiro - RJ Manuel Augusto Pereira Vilela- Porto Alegre- RS Marcelo Hatanaka – São Paulo – SP Marcelo Netto - São Paulo - SP Marcelo Palis Ventura- Niterói- RJ Marcio Bittar Nehemy - Belo Horizonte - MG Marco Antonio Bonini Filho - Campo Grande - MS Marco Antonio Guarino Tanure - Belo Horizonte - MG Marco Antonio Rey de Faria- Natal- RN Marcos Pereira de Ávila - Goiania - GO Maria de Lourdes Veronese Rodrigues- Ribeirão Preto- SP Maria Rosa Bet de Moraes Silva- Botucatu- SP Maria Vitória Moura Brasil - Rio de Janeiro - RJ Mário Genilhu Bomfim Pereira - Rio de Janeiro - RJ Mario Luiz Ribeiro Monteiro - São Paulo- SP Mário Martins dos Santos Motta- Rio de Janeiro- RJ Marlon Moraes Ibrahim – Franca - SP Mauricio Abujamra Nascimento – Campinas - SP Maurício Bastos Pereira - Rio de Janeiro - RJ Maurício Dela Paolera - São Paulo - SP Miguel Ângelo Padilha Velasco- Rio de Janeiro- RJ Miguel Hage Amaro - Belém - PA Milton Ruiz Alves- São Paulo- SP Moyses Eduardo Zadjdenweber - Rio de Janeiro - RJ Nassim da Silveira Calixto- Belo Horizonte- MG Nelson Alexandre Sabrosa - Rio de Janeiro – RJ Newton Kara-José - São Paulo - SP Newton Leitão de Andrade – Fortaleza – CE Núbia Vanessa dos Anjos Lima Henrique de Faria - Brasília-DF Octaviano Magalhães Júnior - Atibaia - SP Oswaldo Moura Brasil- Rio de Janeiro- RJ Otacílio de Oliveira Maia Júnior – Salvador - BA Patrick Frensel de Moraes Tzelikis – Brasília – DF Paulo Augusto de Arruda Mello Filho – São Paulo – SP Paulo Augusto de Arruda Mello- São Paulo- SP Paulo Schor - São Paulo - SP Pedro Carlos Carricondo – São Paulo – SP Pedro Duraes Serracarbassa – São Paulo – SP Priscilla de Almeida Jorge – Recife – PE Rafael Ernane Almeida Andrade - Itabuna – BA Raul N. G. Vianna - Niterói - RJ Remo Susanna Jr.- São Paulo- SP Renata Rezende - Rio de Janeiro - RJ Renato Ambrosio Jr.- Rio de Janeiro- RJ Renato Luiz Nahoum Curi- Niterói- RJ Richard Yudi Hida – São Paulo – SP Riuitiro Yamane - Niterói - RJ Roberto Lorens Marback - Salvador - BA Roberto Pinto Coelho – Ribeirão Preto – SP Rodrigo França de Espíndola – São Paulo – SP Rogerio Alves Costa- Araraquara- SP Rogerio de Almeida Torres - Curitiba - PR Rubens Belfort Neto – São Paulo – SP Rubens Camargo Siqueira- São José do Rio Preto- SP Sebastião Cronemberger So.- Belo Horizonte- MG Sérgio Henrique S. Meirelles- Rio de Janeiro- RJ Sérgio Kwitko - Porto Alegre - RS Sérgio Luis Gianotti Pimentel – São Paulo – SP Silvana Artioli Schellini - Botucatu- SP Suel Abujamra- São Paulo - SP Suzana Matayoshi - São Paulo - SP Tânia Mara Cunha Schaefer – Curitiba – PR Vitor Cerqueira - Rio de Janeiro - RJ Walter Yukihiko Takahashi – São Paulo – SP Walton Nose- São Paulo- SP Wener Passarinho Cella - Plano Piloto - DF Wesley Ribeiro Campos- Passos- MG Yoshifumi Yamane- Rio de Janeiro- RJ 25/5/2015, 14:47 Redação: Rua São Salvador, 107 Laranjeiras - CEP 22231-170 Rio de Janeiro - RJ Tel: (0xx21) 3235-9220 Fax: (0xx21) 2205-2240 Tiragem: 5.000 exemplares Edição:Bimestral Secretaria: Marcelo Diniz Editoração Eletrônica: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Responsável: Marco Antonio Pinto DG 25341RJ Publicidade: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Responsável: João Diniz [email protected] Revisão: Eliana de Souza FENAJ-RP 15638/71/05 Normalização: Edna Terezinha Rother Assinatura Anual: R$420,00 ou US$280,00 Impressão: Gráfica Stamppa Associada a ABEC - Associação Brasileira de Editores Científicos 198 Revista Brasileira de Oftalmologia Rua São Salvador, 107 - Laranjeiras - CEP 22231-170 - Rio de Janeiro - RJ Tels: (0xx21) 3235-9220 - Fax: (0xx21) 2205-2240 - e-mail: [email protected] - www.sboportal.org.br Revista Brasileira de Oftalmologia, ISSN 0034-7280, é uma publicação bimestral da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Diretoria da SBO 2015-2016 Presidente: João Alberto Holanda de Freitas (SP) Vice-presidentes: Armando Stefano Crema (RJ) Durval Moraes de Carvalho Jr. (SP) Francisco de Assis Cordeiro Barbosa (PE) Miguel Hage Amaro (PA) Sérgio Kwitko (RS) Secretário Geral: Arlindo José Freire Portes (RJ) 1º Secretário: Oswaldo Ferreira Moura Brasil (RJ) 2º Secretário: Jorge Carlos Pessoa Rocha (BA) Tesoureiro: Mário Martins dos Santos Motta (RJ) Diretor de Cursos: Gustavo Amorim Novais (RJ) Diretor de Publicações: André Luis Freire Portes (RJ) Diretor de Biblioteca: Evandro Gonçalves de Lucena Junior (RJ) Conselho Consultivo: Carlos Alexandre de Amorim Garcia (RN) Eduardo Henrique Morizot Leite (RJ) Marco Antonio Rey de Faria (RN) Conselho Fiscal: Efetivos: Jacqueline Coblentz (RJ) Marcelo Lima de Arruda (RJ) Ricardo Lima de Almeida Neves (RJ) Suplentes: Arnaldo Pacheco Cialdini (GO) Helcio José Fortuna Bessa (RJ) Silvana Maria Pereira Vianello (MG) SOCIEDADES FILIADAS À SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA Associação Brasileira de Banco de Olhos e Transplante de Córnea Presidente: Ari de Souza Pena Associação Maranhense de Oftalmologia Presidente: Romero Henrique Carvalho Bertand Associação Matogrossense de Oftalmologia Presidente: Jair Giampani Junior Associação Pan-Americana de Banco de Olhos Presidente: Alvio Isao Shiguematsu Associação Paranaense de Oftalmologia Presidente: Otavio Siqueira Bisneto Associação Rondoniense de Oftalmologia Presidente: Renata Campos Sales Associação Sul Matogrossense de Oftalmologia Presidente: Elson Yamasato Associação Sul-Mineira de Oftalmologia Presidente: Mansur Elias Ticly Junior Sociedade Alagoana de Oftalmologia Presidente: Mário Jorge Santos Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia Presidente: Ronald Fonseca Cavalcanti Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares Presidente: Carlos Gabriel de Figueiredo Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular Presidente: Guilherme Herzog Neto Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa Presidente: Carlos Gabriel de Figueiredo Sociedade Brasileira de Ecografia em Oftalmologia Presidente: Leila Sueli Gouveia José Sociedade Brasileira Glaucoma Presidente: Francisco Eduardo Lopes Lima RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd198 Sociedade Capixaba de Oftalmologia Presidente: Adriana Vieira Cardozo Sociedade Catarinense de Oftalmologia Presidente: Ayrton Roberto Bravo Ramos Sociedade Cearense de Oftalmologia Presidente: Newton Andrade Júnior Sociedade Goiana de Oftalmologia Presidente: José Eduardo Simarro Rios Sociedade Norte-Nordeste de Oftalmologia Presidente: Carlos Alexandre de Amorim Garcia Sociedade de Oftalmologia do Amazonas Presidente: Leonardo Bivar Sociedade de Oftalmologia da Bahia Presidente: André Hasler Príncipe de Oliveira Sociedade de Oftalmologia do Nordeste Mineiro Presidente: Mauro César Gobira Guimarães Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco Presidente: Alexandre Augusto Cabral de Mello Ventura Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Norte Presidente: Nelson Roberto Salustino Galvão Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul Presidente: Afonso Reichel Pereira Sociedade de Oftalmologia do Sul de Minas Presidente: Mansur Elias Ticly Junior Sociedade Paraense de Oftalmologia Presidente: Frederico José Correia Lobato Sociedade Paraibana de Oftalmologia Presidente: Saulo Zanony Lemos Neiva Sociedade Piauiense de Oftalmologia Maria de Lourdes Cristina Alcântara Paz Carvalho do Nascimento Sociedade Sergipana de Oftalmologia Presidente: Carlos Barreto Barbosa Jr. 09/06/2015, 17:54 199 Revista Brasileira de ISSN 0034-7280 (Versão impressa) ISSN 1982-8551 (Versão eletrônica) Oftalmologia PUBLICAÇÃO OFICIAL: SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CATARATA E IMPLANTES INTRAOCULARES SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA REFRATIVA Fundada em 01 de junho de 1942 CODEN: RBOFA9 Indexada nas bases de dados: LILACS Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde SciELO Scientific Electronic Library OnLine WEB OF SCIENCE www.freemedicaljournals.com Disponível eletronicamente: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior www.sboportal.org.br http://www.capes.gov.br Publicação bimestral Rev Bras Oftalmol, v. 74, n. 4, p. 197-268, Jul./Ago. 2015 Sumário - Contents Editorial 201 Triancinolona no tratamento da retinopatia diabética Triamcinolone for diabetic retinopathy Otacílio de Oliveira Maia Júnior Artigos originais 203 Prevalência de conjuntivite adenoviral em clínica oftalmológica no município de Viçosa(MG) Prevalence of adenoviral conjunctivitis at the ophthalmologic clinic on municipality of Viçosa (MG) Euldes Nei Rosado-Filho, Silvia Almeida Cardoso, Lorena Nacif Marçal, Eliziária Cardoso dos Santos, Eduardo de Almeida Marques da Silva, Sérgio Oliveira de Paula, Leandro Licursi de Oliveira 209 Life quality of low-vision elderly people: before and after hearing and speech intervention Qualidade de vida de idosos com baixa visão adquirida: pré e pós intervenção fonoaudiológica Mayla Myrina Bianchim Monteiro, Keila Miriam Monteiro de Carvalho 216 Qualidade de vida relacionada com a visão em pacientes com degeneração macular relacionada à idade neovascular Health and vision related quality of life among patients with choroidal neovascular age related macular degeneration Maria Picoto, José Galveia, Sara Patrício, António Rodrigues, Fernanda Vaz 222 Calázio e características demográficas dos portadores em uma amostra populacional Chalazion and demographic characteristics of patients in a population sample Marjorie Fornazier do Nascimento, Ana Claudia Viana Wanzeler, Roberta Lilian Fernandes Sousa, Larissa Horikawa Satto, Carlos Roberto Padovani, Silvana Artioli Schellini RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd199 09/06/2015, 17:54 200 225 Correlation between the use of the accommodation and symptoms of asthenopia in hyperopic patients Correlação entre o uso da acomodação e sintomas de astenopia em pacientes hipermétropes Juan Carlos Luna da Costa, Ian Beltrão de Sá Martins, Larissa Tavares Albuquerque Nóbrega, Maria Odília Navarro Medeiros, Luciana Maria Palitot, Marília Bezerra Cavalcanti Dias, Tarcízio José Dias 231 Alterações palpebrais: frequência de ocorrência e perfil dos portadores em amostra populacional brasileira Eyelid disorders: frequency of occurrence and profile of carriers in a Brazilian population sample Ana Cláudia Viana Wanzeler, Marjorie Fornazier do Nascimento, Roberta Lilian Fernandes Sousa, Carlos Roberto Padovani, Silvana Artioli Schellini 235 Percepção do paciente sobre e os diferentes tipos de tratamento (clínico versus cirúrgico) Patient’s perception on glaucoma and different types of treatment (medical versus surgical treatment) Augusto Alves Pinho Vieira, Ricardo Augusto Paletta Guedes, Rita de Cássia Padula Alves Vieira, Vanessa Maria Paletta Guedes Relato de Casos 241 Retinosquise juvenil ligada ao X X-linked juvenile retinoschisis Cesar Gomes da Silveira, Gabriela Hertz Soares, Jacqueline Provenzano 244 Apresentação atípica da oftalmopatia de Graves Atypical presentation of Graves’ ophthalmopathy Flávia Marques Rodrigues, Nilson Lopes da Fonseca Junior, José Ricardo Carvalho Lima Rehder , Celso Lopez Fernandez, Debora Mayumi Sugano 248 Tumoração retro-orbitária sugestiva de meningocele da bainha do nervo óptico Retro-orbital tumor suggestive of optic nerve sheath meningocele Michelle Rodrigues Gonçalves Dias Chaves, Isabella Bezerra Wanderley de Queiroga, Mario Augusto Pereira Dias Chaves, Fernando Melo Gadelha, Debora Apolônio Vieira 251 Granuloma macular por tuberculose sem manifestação pulmonar Macular granuloma due to tuberculosis without pulmonary symptoms Albert Costa Rebello, João Helio Leonardo de Sousa, José Gilberto de Sá, Karime Kalif de Sousa Rebello 254 Perda visual irreversível após uso de Paclitaxel Irreversible visual loss after use of Paclitaxel Maria Helena Lopes Amigo, Paulo Falabella, Ângela Bettarello, Wagner Ghirelli Artigo de Atualização 257 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review Biomarcadores e desfechos substitutos na neuropatia óptica glaucomatosa: novos desenvolvimentos e uma revisão Niro Kasahara Instruções aos autores 266 Normas para publicação de artigos na RBO RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd200 09/06/2015, 17:54 EDITORIAL 201 Triancinolona no tratamento da retinopatia diabética Triamcinolone for diabetic retinopathy abordagem terapêutica atual da retinopatia diabética, baseada em alto nível de evidência científica, incluí medicamentos administrados via injeção intraocular na cavidade vítrea associados ou não à fotocoagulação a laser da retina, além de intervenção multidisciplinar para controle metabólico sistêmico. O tratamento é indicado na forma proliferativa da doença e/ou no edema macular diabético (principal causa de perda visual). O Early Treatment Diabetic Retinopathy Study (ETDRS) definiu estratégias do tratamento à laser na retinopatia diabética de acordo com a classificação, avaliando efeitos da panfotocoagulação em estágios mais precoces e a fotocoagulação macular para o edema de mácula(1,2). Quanto aos medicamentos, temos disponíveis para uso exclusivamente ocular (ranibizumabe e o aflibercepte) e os utlizados de forma “off label” com larga experiência mundial quanto à eficácia (triancinolona e o bevacizumabe). Invariavelmente envolvemos pacientes na discussão sobre escolha da droga, conveniência, potência, custos e efeitos colaterais. Dentre estes, um fator importante para acesso ao tratamento é o custo, sendo o grande diferencial competitivo das drogas “off label”. A abordagem da triancinolona neste editorial se deve a nossa opinião de que é uma excelente opção de tratamento para pacientes selecionados devido às propriedades que possui em relação à fisiopatologia da retinopatia diabética, além do baixo custo das aplicações. Acredita-se que o mecanismo de ação da triancinolona na retinopatia diabética produza um efeito anti-inflamatório não apenas pela redução dos mediadores celulares da inflamação, mas também pela estabilização da barreira hematorretiniana(3,4). Por outro lado, o edema macular diabético é considerado uma doença multifatorial, com fatores inflamatórios e VEGF (Vascular Endothelial Growth Factor) atuando. Estudos demonstraram superioridade dos anti-VEGF vs laser, e atualmente há indicação de tratamento farmacológico do edema macular diabético naqueles pacientes com edema envolvendo o centro da mácula, definido como espessura de subcampo central ³ 250 micra e acuidade visual como equivalente de Snellen de 20/32 a 20/320(5). No entanto, evidências mostram que a interleucina 8 (IL-8) pode ter papel importante nos casos refratários aos anti-VEGF e que a triancinolona pode ser uma opção para esses casos. A presença de IL-8 suporta a hipótese que os pacientes não responsivos aos anti-VEGF parecem ter preponderância dos efeitos inflamatórios na gênese do edema macular. Joen et al. demonstraram níveis baixos de VEGF no humor aquoso no momento da injeção da triancinolona, inferindo que redução apenas do VEGF não foi suficiente para resolver o edema macular(6). O grupo DRCR net, em estudo de fase 3, não observou nenhuma diferença na acuidade visual entre triancinolona intravítrea mais tratamento a laser (n=203) e monoterapia com laser (n=186) após um ano. Porém, no subgrupo de olhos pseudofácicos tratados com triancinolona e laser obteve melhores resultados na acuidade visual em comparação com o laser apenas(7). Outro estudo deste grupo mostrou efeito similar da triancinolona e do ranibizumabe nos pacientes pseudofácicos ou com mínima alteração do cristalino(8). Assim, a triancinolona pode ser considerada o medicamento de primeira escolha naqueles pacientes com edema macular diabético pseudofácicos e que não tenham hipertensão ocular e/ou glaucoma(9). Estudos pioneiros mostraram efeito favorável da triancinolona intravítrea como adjuvante ao tratamento à laser em pacientes portadores de retinopatia diabética proliferativa e edema macular em relação àqueles tratados apenas com laserterapia(10,11). Este achado foi ratificado em estudo multicêntrico do DRCR net e a triancinolona, atualmente, pode ser opção em pacientes com retinopatia diabética proliferativa e edema macular que serão submetidos ao tratamento a laser(12). Recentemente, foi demonstrado que não apenas a triancinolona eleva a pressão intraocular (PIO). O tratamento contínuo com ranibizumabe pode aumentar o risco de elevar a PIO ou a necessidade de hipotensor ocular(13). Devemos ser criterioso independente da droga escolhida e realizar uma avaliação pós-operatória mais de perto. Embora a maioria dessas complicações seja transitória e/ou tratável, o retinólogo deve considerá-las na avaliação dos riscos e benefícios do tratamento, sendo fundamental relatar aos pacientes a possibilidade de efeitos adversos dessas medicações. Portanto, o uso da triancinolona na retinopatia diabética pode ser considerado em pacientes selecionados após uma análise criteriosa de custo-eficácia imperativo para adesão ao tratamento. Assim facilita acesso mais universal aos benefícios farmacológicos no tratamento desta doença multifatorial. A Otacílio de Oliveira Maia Júnior Assistente do Hospital São Rafael – Fundação Monte Tabor, Salvador (BA) Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 201-2 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd201 09/06/2015, 17:54 202 Maia Júnior OO REFERÊNCIAS 1. Treatment techniques and clinical guidelines for photocoagulation of diabetic macular edema. Early Treatment Diabetic Retinopathy Study Report Number Early Treatment Diabetic Retinopathy Study Research Group. Ophthalmology. 1987;94(7):761-74. 2. Techniques for scatter and local photocoagulation treatment of diabetic retinopathy: Early Treatment Diabetic Retinopathy Study Report no. 3. The EarlyTreatment Diabetic Retinopathy Study Research Group. Int Ophthalmol Clin. 1987;27(4):254-64. 3.Wilson CA, Berkowitz BA, Sato Y, Ando N, Handa JT, de Juan E Jr. Treatment with intravitreal steroid reduces blood-retinal barrier breakdown due to retinal photocoagulation. Arch Ophthalmol. 1992;110(8):1155-9. 4. Funatsu H, Noma H, Mimura T, Eguchi S, Hori S. Association of vitreous inflammatory factors with diabetic macular edema. Ophthalmology. 2009;116(1):73-9. 5. Wells JA, Glassman AR, Ayala AR, et al; Diabetic Retinopathy Clinical Research Network. Aflibercept, bevacizumab, or ranibizumab for diabetic macular edema. N Engl J Med. 2015;372(13):1193-203. 6. Jeon S, Lee WK. Effect of intravitreal triamcinolone in diabetic macular edema unresponsive to intravitreal bevacizumab. Retina. 2014;34(8):1606-11. 7. Diabetic Retinopathy Clinical Research Network, Elman MJ, Aiello LP, Beck RW, Bressler NM, Bressler SB, Edwards AR, Ferris FL 3rd, Friedman SM, Glassman AR, Miller KM, Scott IU, Stockdale CR, Sun JK. Randomized trial evaluating ranibizumab plus prompt or deferred laser or triamcinolone plus prompt laser for diabetic macular edema. Ophthalmology. 2010 Jun;117(6):1064-1077.e35. 8. Elman MJ, Bressler NM, Qin H, Beck RW, Ferris FL 3rd, Friedman SM, GlassmanAR, Scott IU, Stockdale CR, Sun JK; Diabetic Retinopathy Clinical Research Network. Expanded 2-year follow-up of ranibizumab plus prompt or deferred laser or triamcinolone plus prompt laser for diabetic macular edema. Ophthalmology. 2011;118(4):609-14. 9. Dewan V, Lambert D, Edler J, Kymes S, Apte RS. Cost-effectiveness analysis of ranibizumab plus prompt or deferred laser or triamcinolone plus prompt laser for diabetic macular edema. Ophthalmology. 2012;119(8):1679-84. 10. Bandello F, Polito A, Pognuz DR, Monaco P, Dimastrogiovanni A, Paissios J. Triamcinolone as adjunctive treatment to laser panretinal photocoagulation for proliferative diabetic retinopathy. Arch Ophthalmol. 2006;124(5):643-50. 11. Maia OO Jr, Takahashi BS, Costa RA, Scott IU, Takahashi WY. Combined laser and intravitreal triamcinolone for proliferative diabetic retinopathy and macular edema: one-year results of a randomized clinical trial. Am J Ophthalmol. 2009;147(2):291-7 e2. 12. Diabetic Retinopathy Clinical Research Network, Googe J, Brucker AJ, Bressler NM, Qin H, Aiello LP, Antoszyk A, Beck RW, Bressler SB, Ferris FL 3rd, Glassman AR, Marcus D, Stockdale CR. Randomized trial evaluating short-term effects of intravitreal ranibizumab or triamcinolone acetonide on macular edema afterfocal/grid laser for diabetic macular edema in eyes also receiving panretina photocoagulation. Retina. 2011 Jun;31(6):1009-27. 13. Bressler SB, Almukhtar T, Bhorade A, Bressler NM, Glassman AR, Huang SS, Jampol LM, Kim JE, Melia M; for the Diabetic Retinopathy Clinical Research Network Investigators. Repeated intravitreous ranibizumab injections for diabetic macular edema and the risk of sustained elevation of intraocular pressure or the need for ocular hypotensive treatment. JAMA Ophthalmol. 2015 Feb 26. doi:10.1001/ jamaophthalmol.2015.186. [Epub ahead of print] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 201-2 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd202 09/06/2015, 17:54 ARTIGO ORIGINAL 203 Prevalência de conjuntivite adenoviral em clínica oftalmológica no município de Viçosa (MG) Prevalence of adenoviral conjunctivitis at the ophthalmologic clinic on municipality of Viçosa (MG) Euldes Nei Rosado-Filho1, Silvia Almeida Cardoso2, Lorena Nacif Marçal3, Eliziária Cardoso dos Santos3, Eduardo de Almeida Marques da Silva4, Sérgio Oliveira de Paula4, Leandro Licursi de Oliveira4 RESUMO Objetivo: Avaliar a prevalência de Adenovírus como agente etiológico da conjuntivite, em clínica médica oftalmológica especializada, em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Métodos: Amostras da secreção conjuntival de 91 pacientes clinicamente diagnosticados com conjuntivite foram submetidos à reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizando primers degenerados para a região codificadora do gene da proteína estrutural II. Posteriormente as amostras positivas foram submetidas a sequenciamento e genotipagem. Resultados: A análise dos resultados de PCR revelou prevalência de 36,3% de Adenovírus. Não havendo distinção entre os sexos e com maior prevalência na faixa etária de 26 a 65 anos com 60,60% dos casos positivos. O sequenciamento dos casos positivos por Adenovírus revelaram a presença dos sorotipos 3, 4, 7, 8 e 34 circulante na região. Conclusão: No município de Viçosa, dois em cada cinco casos de conjuntivite são de etiologia adenoviral. Descritores: Virologia; Adenovírus/epidemiologia; Conjuntivite viral/etiologia; Conjuntivite viral/diagnóstico; Reação em cadeia da polimerase ABSTRACT Objective: To evaluate the prevalence of Adenovírus as a etiologic agent of conjunctivitis on a ophthalmic clinic in Viçosa, Minas Gerais, Brazil. Methods: Samples of conjunctival secretion from 91 patients clinically diagnosed with conjunctivitis were subjected to polymerase chain reaction (PCR) using degenerate primers targeted to the gene encoding the structural protein II. Positive samples were subsequently subjected to sequencing and genotyping. Results: PCR results showed 36.3% prevalence of Adenovírus. No differences between the sexes and was found to be higher in the age group 26-65 years with 60.60% of the positive cases. Sequencing of positive cases showed the presence of Adenovírus serotypes 3, 4, 7, 8, and 34 circulating in the region. Conclusion: In Viçosa two in five cases of conjunctivitis has Adenovírus as etiologic agent. Keywords: Virology; Adenovírus/epidemiology; Conjunctivitis viral/etiology; Conjunctivitis viral/diagnosis; Polimerase chain reaction 1,4 2,3 Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Viçosa (MG), Brasil; Pós-doutoranda, departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Viçosa (MG), Brasil. Trabalho realizado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Viçosa (MG), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 29/10/2012 - Aceito para publicação em 28/01/2013 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd203 25/5/2015, 14:47 204 Rosado-Filho EN, Cardoso SA, Marçal LN, Santos EC, Silva EAM, Paula SO, Oliveira LL INTRODUÇÃO MÉTODOS onjuntivite é considerada uma das desordens mais comuns de emergência oftálmica no mundo(1). Apresenta como agentes etiológicos, principalmente vírus e bactérias, é altamente contagiosa e pode ocorrer em surtos epidêmicos(2,3). A conjuntivite de origem viral, na maioria dos casos tem como agente causador os Adenovírus (AdVs), que são vírus de DNA dupla fita, não envelopados, líticos e com morfologia icosaédrica. Existem mais de 55 sorotipos de AdVs já identificados, esses são classificados em sete grupos distintos (AdV A-F), baseados em suas características biológicas, fisioquímicas e genéticas(4). Casos de conjuntivite adenoviral, na maioria das vezes são causados por AdV-3 (AdV-B), AdV-4 (AdV-E), AdV-8, -19a, -37, -53, e -54 (AdV-D)(4, 5). A conjuntivite pode ainda ser causada por outros vírus como Herpes Virus, Coxsackievirus, Rhinovirus, Echovirus, Enterovirus, Molluscum Contagiosum Virus, dentre outros. O Enterovirus 70 e Coxsackievirus A4 estão ambos relacionados à forma hemorrágica da conjuntivite viral(6). Grande parte das afecções oculares, secundárias à infecção por adenovírus, apresenta-se na forma de conjuntivite folicular simples, febre faringoconjuntival e ceratoconjuntivite epidêmica. A conjuntivite folicular simples é autolimitada, transitória e não se associa a disfunções sistêmicas(7). Os sorotipos 1 a 11 e 19, são as causas primárias de conjuntivites foliculares não específicas (8-10) . A febre faringoconjuntival, mais comumente causada pelos sorotipos 3, 4, 5 e 7 do adenovírus, caracteriza-se por febre, cefaleia, faringite, conjuntivite folicular e adenopatia pré-auricular. Em alguns casos isolados, os sinais sistêmicos podem mimetizar uma infecção causada pelo vírus influenza(11,12). A ceratoconjuntivite epidêmica é frequentemente causada pelos sorotipos 8, 19 e 37 do grupo AdV-D, com envolvimento significativo da córnea. Na maioria dos pacientes ela se apresenta na forma bilateral, precedida por infecção do trato respiratório superior(13). A avaliação dos sinais sistêmicos associados a técnicas precisas de biologia molecular são de fundamental importância para o diagnóstico clínico e prevenção de epidemias durante a fase aguda da conjuntivite adenoviral(3). Algumas das mais importantes técnicas convencionais para diagnóstico clínico da conjuntivite viral incluem, dentre outras, investigação citológica da conjuntiva, avaliação de efeito citopático em linhagens celulares susceptíveis, detecção de antígenos nas células da conjuntiva por fluorescência direta ou ainda detecção de anticorpos. Apesar da sensibilidade de detecção das mesmas, essas técnicas são demoradas e dispendiosas do ponto de vista econômico, o que se torna um desafio para detecção e diagnóstico rápido do AdV como causados da conjuntivite. Outro importante método de diagnóstico, relativamente simples, rápido, altamente sensível e de baixo custo que vem sendo muito utilizado na última década é a reação em cadeia da polimerase (PCR) (13-16). Considerando a importância da acurácia do diagnóstico precoce e tratamento específico da conjuntivite adenoviral, objetivou-se no presente estudo, avaliar a frequência de adenovírus na secreção conjuntival de pacientes assistidos em clínica oftalmológica localizada no município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil, no período de maio de 2009 a janeiro de 2011, usando como técnica o PCR. Trata-se de um estudo transversal com pacientes assistidos em uma clínica médica oftalmológica especializada, situada no município de Viçosa (MG), no período entre maio de 2009 a janeiro de 2011. Um total de 91 pacientes de ambos os gêneros, com idade entre 1 e 74 anos e sintomas indicativos de conjuntivite viral (olhos hiperemiados, secreção aquosa e desconforto), foram submetidos à inspeção ocular, seguido de avaliação oftalmológica minuciosa. Após a avaliação, considerou-se como casos possíveis de conjuntivite de etiologia adenoviral, pacientes que apresentaram hiperemia conjuntival difusa com desconforto ocular, edema palpebral e lacrimejamento com secreção aquosa, reação folicular na conjuntiva tarsal, linfadenopatia satélite e ceratite com infiltrados subepiteliais múltiplos. Confirmado o diagnóstico, os pacientes foram esclarecidos da possibilidade da prevalência do Adenovírus, como agente causador da doença e convidados a participarem de uma pesquisa clínica para detecção do mesmo. Os 91 pacientes voluntários ficaram cientes das implicações clínicas deste estudo e deram seu consentimento por escrito. Os princípios de Bioética foram garantidos a todos os participantes de acordo com a regulamentação 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que determina aspectos éticos necessários para realização de pesquisa em seres humanos (CEPH-167741). Posteriormente de cada paciente foi coletada secreção conjuntival da região anterior do globo ocular, com auxílio de swab de rayon, esterilizado, embebido em solução de cloreto de sódio a 0,9%, utilizando biomicroscópio (Topcon 3E). O material obtido foi colocado em tubos de polipropileno de 1,5mL, previamente identificado, contendo solução tampão fosfato salina (PBS) estéril e acondicionado em freezer para posterior extração do DNA viral, análise de PCR e sequenciamento gênico para identificação do sorotipo responsável pela infecção. O DNA viral de todas as amostras da secreção conjuntival, supostamente infectadas por adenovírus, foram extraídos utilizando kit específico para extração de RNA e DNA viral (QIAamp UltraSens Virus - Quiagen). A extração procedeu-se de acordo com instruções do fabricante. Brevemente, 500mL de amostra foram tratadas com 500 mL de tampão AR e 20 mL de proteinase K, e incubadas a 40ºC por 10 min. Posteriormente foram adicionados 300 mL de tampão AB e o material foi aplicado a coluna de afinidade QIAamp, lavado e eluído com 30 mL do tampão AVE. O material eluído foi utilizado para nas reações de PCR, como controle negativo foi utilizado amostras de pacientes com conjuntiva saudável, sem nenhum sinal de infecção. O DNA total extraído foi então submetido à reação de PCR usando os primers degenerados hex1deg (5’-GCC (C,G)CA (AG)TG G(G,T)C (A,T)TA CAT GCA CAT C-3’) de 25 nucleotídeos e hex2deg (5’-CAG CAC (C,G)CC (A,T,C,G)GG (A,G)AT GTC AAA-3’) de 21 nucleotídeos(17). Os primers geram um amplicon compreendido entre a posição 21 e 322 da região codificadora do gene da proteína estrutural II, está é sensível a múltiplos sorotipos de adenovírus para amplificação de um fragmento de aproximadamente 301 pb do DNA. A reação de PCR foi processada em termociclador (Mastercycler, Eppendorf) usando os seguintes parâmetros: 1 ciclo a 94°C por 2 min. (desnaturação), seguidos por 30 ciclos de 94°C por 30 seg. (desnaturação), 55ºC por 30 seg. (anelamento) e 72°C de 30 seg. (síntese) e 1 ciclo de 72°C por 10 min. (extensão). O produto da C Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd204 25/5/2015, 14:47 Prevalência de conjuntivite adenoviral em clínica oftalmológica no município de Viçosa (MG) reação de PCR foi submetido à eletroforese em gel de agarose 1,5% contendo 1.0 µg/mL de gel red (UniScience), utilizando como marcador molecular padrão Read-load de 100pb DNA Ladder (Invitrogen, LT) tendo como parâmetros de corrida 60 mV por aproximadamente 1,5h. Após a corrida eletroforética o gel foi visualizado em câmera de irradiação ultravioleta e fotodocumentação digital. As bandas das amostras positivas, confirmadas por eletroforese, foram recortadas dos géis e submetidas a sequenciamento para a confirmação da identidade do isolado viral. O sequenciamento foi realizado em aparelho ABI Prism 377 DNA Sequencer de acordo com o protocolo descrito nos kits utilizados (Templiphi DNA amplification, Amersham Biosciences; Big DyeTM Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction, PE Applied Biosystems). As sequências de nucleotídeos obtidas foram alinhadas com auxílio do programa CAP 3, para obtenção da sequência consenso final do DNA viral. A identidade foi analisada utilizando o programa Blast do ‘National Center for Biotechnology Information’ (NCBI) (http://www.ncbi.nlm.nih.gov). O alinhamento das seqüências consenso foi realizado pelo programa Multalin (INRA) (http://prodes.toulouse.inra.fr/multalin/ multalin.html). 205 percentual de mulheres e homens com a doença confirmada representou 55,17% e 45,83% respectivamente (figura 2A). Já em relação à distribuição dos casos de conjuntivite por faixa etária observou-se maior prevalência entre indivíduos economicamente ativos (26 a 65 anos) em 60,60% dos casos confirmados (figura 2B). Houve uma alta incidência de casos confirmados por Adenovírus em crianças com menos de dois anos de idade (75%). RESULTADOS Dos 91 pacientes clinicamente diagnosticados com conjuntivite e que tiveram a secreção conjuntival coletada para análise, 36,3% (33) dos casos foram confirmados como portadores de conjuntivite de origem adenoviral. A distribuição dos casos positivos na análise por PCR, durante o estudo foi mais prevalente entre maio e junho de 2009, período em que ocorreu um surto da doença na cidade. Foi encontrada ainda a presença considerável de adenovírus nas secreções coletadas dos pacientes no mês de fevereiro, novembro, dezembro de 2010 e janeiro de 2011 em menor proporção (figura 1). Figura 2: Prevalência de casos de conjuntivite de acordo com o sexo (A) e a idade (B). Figura 1: Distribuição de casos de conjuntivite entre os meses de maio de 2009 a janeiro de 2011; as amostras foram testadas por PCR para a reação positiva ou negativa para a detecção de Adenovírus em swabs conjuntivais A prevalência da conjuntivite adenoviral, quando comparada entre os gêneros, no período do estudo, pouco diferiu e o Em relação aos diferentes sorotipos de Adenovírus causadores da conjuntivite no município, os sorotipos 3, 4, 7, 8 e 34 foram identificados nas amostras provenientes dos casos confirmados (figura 3A). Desses o sorotipo 8 mostrou-se mais prevalente com aproximadamente 33,33% dos casos avaliados, seguido pelo sorotipo 4 com 25%, sorotipo 7 que apresentou 17% e os sorotipos 3 e 34 com menos de 10% dos casos. Outros sorotipos não identificados no sequenciamento (8,33%), também foram detectados no período do estudo (figura 3A). Em relação ao grupo de Adenovírus causadores da conjuntivite, os grupos B e D apresentaram 33,33% dos casos cada, seguido pelo grupo E com 25% dos casos, os grupos A, C e F não foram encontrados no presente estudo e 8,33% de Adenovírus que não foram identificados constituiram o Grupo NI (figura 3B). Os sinais e sintomas apresentados pelos pacientes durante a avaliação oftálmica minuciosa, previamente a coleta e análise da secreção conjuntival, foram utilizados para complementar o diagnóstico laboratorial de detecção de Adenovírus nas secreções Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd205 25/5/2015, 14:47 206 Rosado-Filho EN, Cardoso SA, Marçal LN, Santos EC, Silva EAM, Paula SO, Oliveira LL DISCUSSÃO Figura 3: Identificação do agente etiológico causador de conjuntivite adenoviral: sorotipos identificados através de sequenciamento (A); prevalência dos grupos causadores de conjuntivite (B) analisadas (tabela 1). Todos os pacientes avaliados (91 casos) apresentaram hiperemia ocular e lacrimejamento, sinais comuns de conjuntivite. Já quando se analisou sinais e sintomas fortemente relacionados à conjuntivite adenoviral foram encontrados pacientes com linfadenopatia satélite 66,67% (22 casos), quemose conjuntival 81,82% (27 casos) e ceratite numular 75,76% (25 casos) foram mais expressivos nos casos confirmados para conjuntivite adenoviral. É estabelecido na literatura científica que o Adenovírus é responsável por surtos epidêmicos de conjuntivites no mundo inteiro, afetando todas as faixas etárias em cronologia variada e em diferentes ordens de gravidade(18-20). O diagnóstico precoce e a eficácia no controle da infecção é processo chave para minimizar a incidência da doença(17,20). Um dos métodos considerados como padrão ouro para detecção de adenovírus é o PCR e o real-time PCR devido à rapidez de análise, alta sensibilidade e precisão na identificação molecular dos diferentes sorotipos envolvidos na afecção ocular(20-22). De acordo com Allard et al., primers degenerados para a região codificadora do gene da proteína estrutural II de adenovírus têm se mostrado eficientes em evidenciar diferentes sorotipos de AdVs em estudos epidemiológicos(17). Considerando esses achados, a reação de PCR utilizando esses primers foi o método empregado para analisar a frequência e detectar diferentes sorotipos causadores de conjuntivite adenoviral no município de Viçosa (MG), entre o período de maio de 2009 a janeiro de 2011, sem a necessidade de cultivo para isolamento viral. A prevalência das amostras positivas para conjuntivite adenoviral analisadas foi de 36,3% no presente estudo. Estudos prévios têm demonstrado prevalência variando entre 15%(23), 70%(24), e 82%(20). Diferentes fatores ambientais podem estar relacionados a essas discrepâncias. Na literatura científica tem sido relatadas diferenças na sazonalidade em relação ao surgimento do adenovírus como agente causador da conjuntivite em diversas partes do mundo. De acordo com Matsui et al., em um estudo realizado no Japão, o adenovírus mantém uma baixa frequência ao longo de todo o ano, no entanto um surto foi relatado no mês de setembro(20). Outro estudo, realizado por Maranhão et al. no Brasil, o qual foi relacionado à distribuição sazonal de infecções oculares por AdV nos anos de 2004 a 2007, demonstrou a ocorrência de apenas um Tabela 1 Avaliação da frequência de sintomatologia das conjuntivites Conjuntivite não adenoviral Sinais ou sintomas Hiperemia ocular Lacrimejamento Secreção serosa Secreção purulenta Linfadenopatia satélite Quemose conjuntival Membrana conjuntival Hemorragia subconjuntival Desconforto Dor moderada Dor forte Ferida na córnea Ceratite numular Febre Mal-estar geral Conjuntivite adenoviral Nº de casos (n=58) % Nº de casos (n=33) % 58 58 51 3 12 21 3 3 35 18 0 1 7 7 22 100,00 100,00 87,93 5,17 20,69 36,21 5,17 5,17 60,34 31,03 0,00 1,72 12,07 12,07 37,93 33 33 32 1 22 27 7 7 15 11 7 4 25 6 16 100,00 100,00 96,97 3,03 66,67 81,82 21,21 21,21 45,45 33,33 21,21 12,12 75,76 18,18 48,48 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd206 25/5/2015, 14:47 Prevalência de conjuntivite adenoviral em clínica oftalmológica no município de Viçosa/MG surto no mês de abril de 2004 não apresentando uma constância ao longo dos anos de estudo(3). No presente estudo foram encontradas diferenças em relação a essa distribuição sazonal e o AdV mais frequente nos meses de maio e junho, período de surto da doença na cidade. Uma possível justificativa para essas diferenças podem estar relacionadas às condições climáticas, devido a maior prevalência dos casos terem ocorrido no início do inverno. Allard et al. ao analisar amostras de secreção de 40 pacientes com sintomas clínicos de conjuntivite causada por AdV, considerando a faixa etária dos pacientes, encontrou uma distribuição bastante heterogênea, com uma frequência variando entre 9 meses a 74 anos de idade(17). Esse achado está de acordo com nossa abordagem, apesar da maior frequência dos casos, no presente estudo, terem ocorrido na faixa etária entre 26 e 65 anos de idade. Com intuito de determinar os sorotipos presentes nas amostras confirmadas de conjuntivite adenoviral, os produtos de PCR foram caracterizados por sequenciamento(17). Observou-se o predomínio do sorotipo 8 (33,33%) seguido por 4 (25%), associados com ceratite, assim como no estudo de Jin et al. em Hanoi, Vietnan(25). A presença do sorotipo 7 (17%), trouxe particular preocupação, visto que esse sorotipo vem sendo associado a casos mais graves de infecção por adenovírus, como pneumonia e miocardite, com possível desfavorável evolução para insuficiência respiratória e cardiovascular(5). Os principais sintomas clínicos apresentados pelos pacientes com conjuntivite foram hiperemia ocular, secreção serosa e lacrimejamento. Os pacientes com conjuntivite adenoviral apresentaram uma frequência maior de linfodenopatia satélite, quemose conjuntival e ceratite numular. A ceratite usualmente aparece no 5 o dia após o início da conjuntivite seguido do surgimento de opacidade numulares na córnea no 7o dia, assim como é relatada por vários autores(26,27). 3. CONCLUSÃO 13. O presente estudo revelou que no município de Viçosa (MG), dois em cada cinco casos de conjuntivite são de etiologia adenoviral. Considerando a possibilidade de surtos de conjuntivite adenoviral ao longo do ano, e dos diferentes sorotipos que podem levar a afecção ocular, ressalta-se a importância da realização de testes de diagnóstico rápido, como o PCR, para reconhecimento do sorotipo e tratamento específico como medida potencial de redução do vírus e consequentemente do potencial de transmissão. 14. AGRADECIMENTOS 17. Às agências de fomento Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 18. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 15. 16. 19. REFERÊNCIAS 1. 2. Adlhoch C, Schöneberg I, Fell G, Brandau D, Benzler J. Increasing case numbers of adenovirus conjunctivitis in Germany, 2010. Euro Surveill. 2010;15(45):pii: 19707. González-Sotero J, Rojas-Álvarez E, Correa-Rojas O, IviricuTielves R. Resistencia antimicrobiana en oftalmología. Rev Mex Oftalmol. 2011;85(3):148-55. 20. 21. 207 Maranhão AG, Soares CC, Albuquerque MC, Santos N. Molecular epidemiology of adenovirus conjunctivitis in Rio de Janeiro, Brazil, between 2004 and 2007. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2009;51(4):227-9. Aoki K, Kaneko H, Kitaichi N, Ohguchi T, Tagawa Y, Ohno S. Clinical features of adenoviral conjunctivitis at the early stage of infection. Jpn J Ophthalmol. 2011;55(1):11-5. Robinson CM, Shariati F, Zaitshik J, Gillaspy AF, Dyer DW, Chodosh J. Human adenovirus type 19: genomic and bioinformatics analysis of a keratoconjunctivitis isolate. Virus Res. 2009;139(1):122-6. Flint SJ, Enquist LW, Racaniello VR, Skalka AM. Principles of virology: molecular biology, pathogenesis, and control of animal viruses. 2nd ed. Washington: ASM Press; 2003. Weber CM, Eichenbaum JW. Acute red eye. Differentiating viral conjunctivitis from other, less common causes. Postgrad Med. 1997;101(5):185-6, 189-92, 195-6. Comment in Postgrad Med. 1997;102(3):63-4. Takeuchi S, Itoh N, Uchio E, Aoki K, Ohno S. Serotyping of adenoviruses on conjunctival scrapings by PCR and sequence analysis. J Clin Microbiol. 1999;37(6):1839-45. Weiss A, Brinser JH, Nazar-Stewart V. Acute conjunctivitis in childhood. J Pediatr. 1993;122(1):10-4. Wood SR, Sharp IR, Caul EO, Paul I, Bailey AS, Hawkins M, et al. Rapid detection and serotyping of adenovirus by direct immunofluorescence. J Med Virol. 1997;51(3):198-201. Bell JA, Rowe WP, Engler JI, Parrott RH, Huebner RJ. Pharyngoconjunctival fever; epidemiological studies of a recently recognized disease entity. J Am Med Assoc. 1955;157(13):1083-92. Weiss A. Acute conjunctivitis in childhood. Curr Probl Pediatr. 1994;24(1):4-11. Review. Elnifro EM, Cooper RJ, Klapper PE, Bailey AS, Tullo AB. Diagnosis of viral and chlamydial keratoconjunctivitis: which laboratory test? Br J Ophthalmol. 1999;83(5):622-7. Review. Allard A, Girones R, Juto P, Wadell G. Polymerase chain reaction for detection of adenoviruses in stool samples. J Clin Microbiol. 1990;28(12):2659-67. Erratum in J Clin Microbiol. 1991;29(11):2683. Pring-Akerblom P, Adrian T. Type- and group-specific polymerase chain reaction for adenovirus detection. Res Virol. 1994;145(1):25-35. Van Rij G, Klepper L, Peperkamp E, Schaap GJ. Immune electron microscopy and a cultural test in the diagnosis of adenovirus ocular infection. Br J Ophthalmol. 1982;66(5):317-9. Allard A, Albinsson B, Wadell G. Rapid typing of human adenoviruses by a general PCR combined with restriction endonuclease analysis. J Clin Microbiol. 2001;39(2):498-505. Cheung D, Bremner J,Chan JT. Epidemic keratoconjunctivitis—do outbreaks have to be epidemic? Eye (Lond). 2003;17(3):356-63. Matsui K, Saha S, Saitoh M, Mizuki N, Itoh N, Okada E, et al. Isolation and identification of adenovirus from conjunctival scrapings over a two-year period (between 2001 and 2003) in Yokohama, Japan. J Med Virol. 2007;79(2):200-5. Matsui K, Shimizu H, Yoshida A, Nagaoka E, Nishio O, Okuda K. Monitoring of adenovirus from conjunctival scrapings in Japan during 2005—2006. J Med Virol. 2008;80(6):997-1003. Cooper RJ, Yeo AC, Bailey AS, Tullo AB. Adenovirus polymerase chain reaction assay for rapid diagnosis of conjunctivitis. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1999;40(1):90-5. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd207 25/5/2015, 14:47 208 Rosado-Filho EN, Cardoso SA, Marçal LN, Santos EC, Silva EAM, Paula SO, Oliveira LL 22. Heim A, Ebnet C, Harste G, Pring-Akerblom P. Rapid and quantitative detection of human adenovirus DNA by real-time PCR. J Med Virol. 2003;70(2):228-39. Erratum in J Med Virol. 2003;71(2):320. 23. Aoki K, Tagawa Y. A twenty-one year surveillance of adenoviral conjunctivitis in Sapporo, Japan. Int Ophthalmol Clin. 2002;42(1):49-54. 24. Mejía-López H, Matías-Florentino M, Vélez-Montoya R. [Identification of adenovirus associated with conjunctivitis by molecular methodology]. Arch Soc Esp Oftalmol. 2006;81(7):37582. Spanish. 25. Jin XH, Ishiko H, Nguyen TH, Ohguchi T, Akanuma M, Aoki K, et al. Molecular epidemiology of adenoviral conjunctivitis in Hanoi, Vietnam. Am J Ophthalmol. 2006;142(6):1064-6. 26. Durand M, Weber DJ, Rutala WA. Nosocomial ocular infections. In: Mayhall CG,editor. Hospital epidemiology and infection control. 3rd ed. Baltimore: Lippincott, Williams & Wilkins; 2004. 27. Melendez CP, Florentino MM, Martinez IL, Lopez HM. Outbreak of epidemic keratoconjunctivitis caused by adenovirus in medical residents. Mol Vis. 2009;15:557-62. Autor correspondente: Leandro Licursi de Oliveira Av. PH Rolfs, s/nº – Campus Universitário CEP 36570-000 – Viçosa (MG), Brasil E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 203-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd208 25/5/2015, 14:47 ARTIGO ORIGINAL 209 Life quality of low-vision elderly people: before and after hearing and speech intervention Qualidade de vida de idosos com baixa visão adquirida: pré e pós-intervenção fonoaudiológica Mayla Myrina Bianchim Monteiro1 , Keila Miriam Monteiro de Carvalho2 ABSTRACT Objective: To evaluate life quality of elderly people with acquired low vision before and after hearing and speech intervention. Methods: This was a descriptive cross-sectional study. The study was made with 52 elderly people with acquired low vision. Two questionnaires that measures life quality were used in this study. The first was ‘Low Quality of Life Vision (LVQOL)’ and the second ‘National Eye Institute Visual Function Questionnaire (NEIVFQ-25)’. The study included people with more than 60 years with acquired low vision and who accepted to participate signing the consent form. The hearing and speech therapy were made into three months, one meeting a week. The questionnaires were applied in the first and last day of the intervention. Results: The age ranged between 60 and 91 years. The macular disorder (38%), such as age-related macular degeneration, macular hole and high myopia were the main causes of visual loss. Although the tests show superior performance after the intervention, there was no statistically significant difference. On the question about difficulties seeing in general, 17 participants answered that they had much more difficulty before the intervention and only 5 participants have reported having much difficulty after the intervention. Conclusion: The intervention trended to positive results, and after the meetings, participants showed improvements in aspects of the two questionnaires used in the study, decreasing the degree of difficulty in performing activities. Keywords: Quality of life; Low vision; Elder; Questionnaire; Rehabilitation RESUMO Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de idosos com baixa visão adquirida antes e depois de intervenção fonoaudiológica. Métodos: Estudo descritivo e transversal foi realizado numa população de 52 idosos com baixa visão adquirida. Dois questionários que mensuram qualidade de vida foram aplicados neste estudo. Primeiro foi o “Low Quality of Life Vision” (LVQOL) e o segundo o “National Eye Institute Visual Function Questionnaire” (NEIVFQ-25). Foram incluídos na pesquisa indivíduos com mais de 60 anos, portadores de baixa visão adquirida que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A intervenção fonoaudiológica tinha duração de três encontros, um por mês. Os questionários foram aplicados no primeiro e no último dia da intervenção. Resultados: A idade variou entre 60 e 91 anos e alterações maculares (38%) como degeneração macular relacionada à idade, buraco macular e alta miopia foram as principais causas da perda visual. Apesar dos testes mostrarem um desempenho superior após a intervenção, não houve diferença estatisticamente significativa. Na questão sobre dificuldades em enxergar em geral, 17 indivíduos responderam que tinham muita dificuldade antes da intervenção, e após a intervenção somente 5 indivíduos relataram ter muita dificuldade. Conclusão: A intervenção tendenciou a resultados positivos e após aos três encontros os idosos apresentaram melhora em aspectos avaliados nos dois questionários utilizados no estudo, diminuindo o grau de dificuldade na realização de atividades. Descritores: Qualidade de vida; Baixa visão; Idoso; Questionário; Reabilitação 1 2 Post-graduate program in Ophthalmology, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (SP), Brazil; Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (SP), Brazil; Study carried out at Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (SP), Brazil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 19/03/2013 - Aceito para publicação em 08/01/2014 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd209 25/5/2015, 14:47 210 Monteiro MMB , Carvalho KMM INTRODUCTION I n the last decade, life quality related to health has become an important issue and also the need of researches regarding this issue. Investigations of the conditions that allow life quality in old age and also the variations that the best age provides is getting great scientific and social importance and attention. Attempting to answer the apparent contradiction that exists between old age and wellbeing, or even the association between old age and diseases, researches may contribute towards understanding the aging process and the limits and attainability of human development. In addition to this, such investigations will give the possibility of creating alternatives for interventions aimed at promoting wellbeing at the best age(1). According to the World Health Organization (WHO)(2), health is a state of complete physical, mental and social wellbeing and not merely the absence of disease. The term “quality of life” (QOL) is the subjective perception of wellbeing and wholeness. It is a broad concept affected in a complex way by a person’s physical health, psychological state, level of independence, social relationships, and his or her relationship to the salient features of his or her environment(3). There is a need on measure the results of low-vision rehabilitation to be able to discuss the case of low-vision assessment within manage care plans, to improve services offered, and to secure and enhance funding for low-vision services (4,5). Several questionnaires were developed to measure the life quality of people with visual impairments(6). There are non disease-specific vision-related QOL instruments that include: the National Eye Institute Visual Function Questionnaires (NEIVFQ and NEIVFQ25) and the Low Vision Quality of Life (LVQOL) described by Wolffsohn and Cochrane(7). Most of the instruments contain measures that capture a combination of visual symptoms, visual physical function, performance and participation of the low vision elderly in daily activities. In vision rehabilitation, an instrument to specifically address restriction of participation (handicap) is necessary to add to measures of impairment such as visual acuity and subjective or objective measures of activity limitation(8). Patient-reported outcomes (PROs) are the measurement of patients’ perception of the impact of a disease and its treatment(s), which are typically reported by questionnaire. PROs are increasingly being accepted as the primary endpoints of clinical trials in health research. Therefore, it is critical that data collected by PROs are accurate and reliable, which is only possible when patients are able to understand the questions asked and select response categories that represent their status. Poorly understood questions, or underutilized rating scale categories can seriously impair the accuracy and reliability of PRO measurements(9,10). The role of speech therapy in the rehabilitation of visually impaired elderly aims to maintain communication, both oral and written, in full use. Some studies related that there is a decrease of written communication between the effects of visual impairment. The aim of this study was to evaluate life quality of lowvision elderly before and after Hearing and Speech Intervention. METHODS The research was conducted through longitudinal study. The study was approved by the Committee of Ethics in Research of the Faculty of Medical Sciences, State University of Campinas under the protocol number 1041/2010. The study was made with 52 elderly participants. The inclusion criteria were: participants over 60 years, according to the World Health Organization (WHO); acquired low vision (visual acuity equal or less than 6/18 (0.3), according to WHO); attended at Outpatient Low Vision/HC/UNICAMP (VSN-HCUNICAMP); with no other associated disabilities and/or mental illness; subjects who participated in three meetings called Hearing and speech’ intervention consecutively; participants who answered both questionnaires before and after hearing and speech’ intervention; Inclusion voluntary, by signing Consent Form for the period from february 2011 to june 2012 (16 months). Two questionnaires that deal with quality of life were chosen for use in this study. The first questionnaires was the ‘Low Quality of Life Vision’ (LVQOL) which contains 25 questions specifically for low vision, and evaluated sub-items for each point analyzed, for instance, the basic aspects, mobility, adaptation, reading and working. In this study, it was used a Portuguese version, which is a result of the thesis entitled “Low Vision Elderly: Causes, Functional Status, Perceptions of Constraints and Visual Rehabilitation Unit at University Hospital” by Prof. Dr. Keila M. M. de Carvalho (11), obtained in 2007. The questionnaire consists of 23 questions. Some items from life quality questionnaire addressed to the topic of low vision, LVQOL, Low Vision Quality of Life as described by Wolffsohn and Cochrane (7) , translated and subjected to changes given the local reality, were used to prepare this instrument. The second questionnaire, the VFQ-25 is a version that reliable and valid 25-item National Eye Institute. The National Eye Institute (NEI) sponsored the development of the VFQ-25 in order to create a survey that would measure the dimensions of self-reported health of vision that are most important for people who have chronic eye diseases. Based on this goal, the study measures the influence of visual disability and visual symptoms on generic health domains such as welfare and social and emotional functioning, as well as oriented tasks related to the daily visual operation(12). Simon et al, investigated its reliability and validity in a group of Brazilian patients with different eye conditions in Minas Gerais. The version used in the 2008 study, was also used in this research (13). When one participant arrived at the Outpatient Low Vision/ HC/UNICAMP (VSN-HC-UNICAMP), he/she was invited to participate on the study. Once agreed, two questionnaires were applied and the three meetings were scheduled. At the end of the third meeting, both questionnaires were reapplied for comparison of responses. The questionnaires were applied by the researcher. The reading of the questionnaire was made reliably for both questionnaires. Intervention speech was accomplished through three meetings, monthly. The meetings were conducted in groups, lasting 50 minutes. - 1st meeting: The theme was activities of daily living. Perform activities of daily living with facilitators. In this meeting, the Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd210 25/5/2015, 14:47 Life quality of low-vision elderly people: before and after hearing and speech intervention researcher stressed the need of the use of communication in routine tasks like grocery shopping, taking a bus, leave a note or ask someone for some information on the street. All these activities require the use of communication, both oral and written; - 2nd meeting: The theme was the optical and non-optical aids. If the participant had the need of prescription use, frequency of use and improved vision. The optical aids had been previously prescribed by the ophthalmologist for the subjects during the consultation at the outpatient Low Vision. However, to date the intervention, some subjects had still not managed to get the aid, or saw no need to use it. Optical aids are generally used in closely activities, especially for reading. Thus at this meeting, was necessary the use of an optical aid to perform readings. - 3rd meeting: The theme of the meeting was reading and writing. The use, frequency, difficulty, use of optical and non optical aids to carry out the activities, the importance of continuing these activities. This meeting covered an important area of the Hearing and Speech Pathology. Reading and writing not only refers to writing code or decipher them, we must interpret and use them socially. During the meetings, the researcher offered new options for participants conduct their daily activities, as well answered questions regarding optical and non-optical aids and reading and writing. Patients were encouraged to discuss on the issues and also share their own experiences. Life quality was measured after the intervention to verify if it had an impact on the visual function and life quality by comparing the results obtained by the two quizzes. VEM-test was performed for question 7 and 18 and descriptive analyses was used for other data for questionnaire 1 (LVQOL). 211 For questionnaire 2 (VFQ-25) the average score for each sub domain was calculated and the t-test was performed to observe if the treatment lead to an improvement of visual function and the communication. The difference between the measures before versus after the treatment were compared and values with interval equal to or greater than zero, were considered a confidence level of 95%. The choice of t-test was due to paired terms. The same test was applied to the check difference between the VEM before versus the intervention. RESULTS Seventy-one subjects were selected to participate on the study, but only fifty-two subjects participated in all phases. The participants’ age was from 60 to 91 years. Most participants were retired, and among them, 70% were retired due to visual problems. The educational level of the participants is low: 81% have primary education. The results involving issues of Q1 - LVQOL are presented below. The q7 sought to examine the degree of difficulty in performing some activities. Table 1 (q7) presents the comparison for conducting such activities before and after the intervention. The statistical test showed no significant improvement after the intervention, however, by observing the table above it is possible to infer that the VEM value to each question is a little different, there was a tendency to improvement. Despite the statistics have shown that there was no significant difference before and after the intervention, it was possible to observe an Table 1 Comparison of pre and post intervention speech: degree of difficulty performing activities of daily living (questionnaire 1) Before intervention Difficulty in some activities Few (2) After intervention A lot (4) Media None (1) VEM A lot (PRE) (4) Media Few (2) None (1) VEM (Post) 1. To see generally? 17 26 9 0 3.2 5 31 10 3 2.8 2. To use vision for 22 22 8 0 3.3 9 30 7 3 2.9 23 16 14 0 3.2 12 28 6 3 3.0 long time? 3. To use the night vision at home? 4. To see with glare? 17 25 10 0 3.1 16 23 7 3 3.1 5. To see street signs? 24 18 10 0 3.3 15 26 5 3 3.1 6. To watch TV? 18 23 11 0 3.1 8 31 7 3 2.9 7. Seeing objects that move? 20 23 9 0 3.2 23 18 5 3 3.2 29 22 11 0 3.3 24 17 5 3 3.3 25 18 9 0 3.3 26 16 4 3 3.3 24 18 10 0 3.3 23 19 4 3 3.3 26 17 9 0 3.3 25 17 4 3 3.3 8. To calculate the distance between you and an object? 9. To see steps or holes in the sidewalk ? 10. To walk on the neighborhood ? 11. To cross the street with traffic? Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd211 25/5/2015, 14:47 212 Monteiro MMB , Carvalho KMM improvement in the items 1-5 that the VEM decreased after speech therapy and in items 7-11, the results of VEM remained the same, showing no improvement or worsening after the intervention. In the question about difficulty seen in general (item 1), 17 subjects reported that they had much more difficulty before the intervention, whereas after the intervention only 5 subjects still reported such problem. The q8 questions are about use and types of optical aids used, before and after Intervention. For better visualization, the responses to q8 are divided into two tables presented below: table 2 and table 3. Note that not all participants in the study to make use of optical aids both pre and post intervention. Table 3 Comparison of before and after intervention speech: types of optical aids used (questionnaire 1) Table 2 Yes No Total Before intervention 37 15 52 Before intervention Glasses Magnifying glasses Others Do not use Total 27 10 4 15 52 After intervention 52% 19% 8% 39% 100% 31 18 5 7 52 60% 35% 10% 14% 100% *Multiple Answers Comparison of before and after intervention speech: using optical aids (questionnaire 1) Use of optical aids (N=52) Types of optical aids (N=52) 61% 39% 100% Q12 is questioned on the purpose of using the optical feature. The answers are manifold, because the subjects were free to choose more than one answer. On this issue there was also an increase of the activities for which the subjects are using their optical devices (Table 4). For Q18 and Q19 also statistical test was used VEM. The two questions sought to know the great difficulty performing certain activities using optical aids (Table 5). After intervention 45 7 52 86% 14% 100% Table 4 Comparison of before and after intervention speech: intended use of the optical feature (questionnaire 1) Intended use of the optical feature Before intervention (N=37) To read close, yes or no? To read To watch TV, yes or no? To write, yes or no? To do manual work, yes or no? To walk on the street, yes or no? Yes No Yes No 27 14 15 20 19 15 10 23 31 17 18 22 73% 38% 33% 54% 51% 41% 27% 62% 67% 46% 49% 59% After intervention (N=45) Yes No Yes No 36 12 15 34 30 18 9 33 31 11 15 27 80% 27% 33% 76% 67% 40% 20% 73% 67% 24% 33% 60% Table 5 Comparison of before and after intervention speech: difficulty with activities performed with optical aids (questionnaire 1) Before intervention Using optical aids, the degree of difficulty you have to (n=52) A Lot Media Few To read large letters in newspaper? To read text of journal or book? To read labels for medicines? To read letters? To thread the needle? To cut with scissors? To write? To read what you write? To do housework? 8 11 12 12 16 16 11 11 11 13 15 15 14 10 10 10 11 11 12 8 7 8 8 8 11 12 8 After intervention None VEM(PRE) A Lot For Q2 - VFQ-25 was also performed a comparison before and after the intervention. For a confidence level of 95% using the t test concluded that there is no difference in the results of the responses given by patients after treatment (p-value> 0.05). 4 3 3 3 3 3 5 3 7 2.68 2.92 2.97 2.95 3.05 3.05 2.73 2.81 2.70 4 7 25 23 26 26 13 11 6 Media 26 26 10 12 8 8 20 22 23 11 8 7 7 8 7 9 9 11 None VEM (PRE) 4 4 3 3 3 3 3 3 3 2.67 2.80 3.27 3.22 3.27 3.30 2.96 2.91 2.71 But there was a tendency to improvement, post intervention, the sub domain related to: vision (q20), psychological aspects (q3, q21, q22, q25), difficulties everyday (q17, q18), dependence (q20, q23, q24), peripheral vision (q10) (table 6). Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd212 Few 25/5/2015, 14:47 Life quality of low-vision elderly people: before and after hearing and speech intervention 213 Table 6 Comparison of pre and post intervention speech: medium ‘score’ for sub domain of questionnaire 2 Sub domains VFQ (N=52) Before intervention (average) After intervention (average) 46 61 61 46 42 39 53 56 54 0 50 44 46 58 62 48 43 42 50 48 50 0 52 42 Geral health Vision Ocular pain Closer activities Far activities Social aspects Psychological aspects Daily life activities Dependency Ability to drive motor Color vision Peripheral vision The statistical analysis of the overall VFQ-25 in this study is not presented statistical variation between subdomains. Five subdomains showed statistical improvement after the intervention, and five did not. Two subdomains showed no differences before and after the intervention. DISCUSSION The purpose of this study was to know if there was an improvement on life quality of those people who attended the research, after hearing and speech intervention. The impact of the eyesight loss has adverse individual and collective consequences, giving rise to psychological, social and economic problems, because implies loss of self-esteem, status in occupational restrictions and consequent income decrease(14,15). Low-vision rehabilitation maximizes a person’s residual vision, with the use of visual aids and adaptive skills, improving their ability to perform specific tasks that were previously considered difficult(16). Macular disease (38%) such as age-related macular degeneration, macular hole and high myopia syndrome, were the related causes regarding visual loss. Similar data were found in others studies about low vision in the elderly(17). Visual rehabilitation aims to enhance an individual’s functional ability and independence, as well as maximize their use of any residual vision. Approximately 90% of visually impaired patients have sufficient residual vision to allow them to benefit from low-vision rehabilitation. At the present, there is no literature available to demonstrate which strategies are the most effective for low-vision rehabilitation. Part of the difficulty in collecting such information lies in the numerous forms of lowvision rehabilitation strategies available. Low-vision rehabilitation is becoming increasingly important in the wider community, once visual impairment affects approximately 314 million people worldwide. The number is about to rise with increased life expectancy and, therefore, more age-related visual problems are appearing(18,19). Recognizing that the hearing and speech therapist is a professional who works in the habilitation and rehabilitation of Difference pre x post 0 -3 1 2 1 3 -3 -7 -5 0 2 -2 Itens num 1 1 2 3 3 2 4 2 3 2 1 1 Questions 1 2 4,19 5,6,7 8,9,14 11,13 3,21,22,25 17,18 20,23,24 15,16 12 10 communication between people, their participation in this process for people with low vision is extremely important, considering that subjects with visual impairment need to use different means from those used for effective communication, thus enabling the continuity of social relationships, so important to life quality(20). The difficulties presented by the elderly involves both activities near and far, showed that the visual impairment brought involvement in various activities of the daily life. This whole impact of impairment in vision entails a greater reliance of the elderly. Such dependence is closely linked to poorer mental health in the elderly with low vision or blind, as well as the loss of social life, relationships with friends and family. The visual impairment influences not only the near vision and also as far peripheral vision, leading the elderly has greater insecurity to get around or run errands. All these findings demonstrate the great impact that the visual impairment brings to life of the elderly, as well as its consequences interact, causing a vicious cycle(21). The number of participants using optical aids increased after the intervention. As this was one of the topics discussed during the intervention, it was expected that this number actually increased and that more seniors begin to make use of the aids(17,20). During the appointment the help was rewritten, perhaps because the participants had no questions about the help that only arise with their use. It is important that local professionals and the elderly people are able to train using their aids, since this helps in better quantitative and qualitative vision. Without doing the training, it is possible that the elderly gives up from using the aids and then becomes unused. Moreover, during the intervention was enhanced the explanation about the use of optical aids. The researcher demonstrated how to use each aid, and stressed that training is necessary to use them correctly. Activities with reading and writing were conducted with the participants to show its effectiveness in carrying out this activity. Question 12 asks the surveyed to consider in which activities the optical aids are used, and also a comparison of the use of optical aids before and after the intervention. For closer reading activities, write and walk down the street, the use of aids was increased after the intervention. As for the reading activities of posters, watching television and crafts, the use of optical aids has decreased. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd213 25/5/2015, 14:47 214 Monteiro MMB , Carvalho KMM Relate to the use of optical aids, participants have reported that the degree of difficulty in relation to read large print in a newspaper, read a text book or newspaper, write, read what you write and do housework, has decreased. Related on how to read labels of remedies, threading the needle and cut with scissors, there was no change in the degree of difficulty after the intervention. As those activities requires more accurace of vision, then are considered more difficult to realize. The “VFQ” evaluates both quality of life and visual function. For this reason, the option was use “VFQ” as an instrument for evaluation of elderly life quality; moreover, this questionnaire was already validated for utilization with the brazilian population(22). In relation to overall health, there was no significant difference before and after intervention. As for vision, psychological, everyday difficulties, dependence and peripheral vision significantly improved after the intervention. Analyzing the answers, it was expected that the vision (with the increased use and time of optical aids using), the vision has improved and everyday life difficulties had decreased. One of the intervention goals was to introduce strategies to improve visual functionality during daily tasks so could continue to be performed by the elderly without help(17). A dependency is a factor directly proportional. The lower the difficulty in performing activities, the less dependency is expected. The psychological aspects showed up as a surprise satisfactory, since it is known psychological impairment of people with visual impairment acquired(23). In the sub domains of ocular pain, near and distance activities, color vision has improved after intervention, although were not significant. The VFQ-25 has three relevant items to mobility of people with low vision. As this issue was not addressed during the intervention, it won’t be discussed in this study. It is understood the importance of orientation mobility and to improve the life quality of elderly visually impaired, and it is known that these aspects influences its independence and autonomy(12). The majority aspects of the two questionnaires used in the study tendency to improvement after intervention. There was no statistically significant overall improvement. We believe that this is due to the short time intervention (three sessions), but we believe that if the intervention lasted a little longer, we would have less surveyed interested to participate in the entire study. Other professionals participated in the evaluation and prescription of optical aids, they were ophthalmologists and educator, who were in the subjects appointment at the Low Vision Clinic of UNICAMP. The subjects passing by this appointment are referred to the Visual Rehabilitation Group in another center within the UNICAMP own. There is an interdisciplinary team for Visual Rehabilitation in this center, consisting of a social worker, educator, occupational therapist, psychologist, computer science and orientation and mobility professor. Some subjects who participated in this study has also participated in visual rehabilitation groups previously, others don’t. We should also take into consideration the participation of other professionals, previously consulted, in improving the quality of life of participants in this study. CONCLUSION After three meetings of hearing and speech intervention, the communication and life quality of elderly with acquired low vision had improvements in the aspects regarding the questioned items in the two questionnaires used for this research: LVQOL and VFQ-25. AUTHORS CONTRIBUTIONS Both, the authors Mayla Myrina Bianchim Monteiro and Keila Miriam Monteiro de Carvalho participated in the design, analysis of results, and contributed effectively in the realization of this manuscript. REFERENCES 1. Chachamovich E, Fleck MP, Trentini C, Power M. Brazilian WHOQOL-OLD Module version: a Rasch analysis of a new instrument. Rev Saúde Pública. 2008;42(2):308-16. 2. World Health Organization. Global data on blindness: an update [internet]; 1995. Geneva: Switzerland [cited 2013 Oct 15] Available from: www.who.int/ncd/.../WHO_PBL_94.38.pdfý 3. Lamoureux EL, Pallant JF, Pesudovs K, Hassell JB, Keeffe JE. The Impact of Vision Impairment Questionnaire: an evaluation of its measurement properties using Rasch analysis. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006;47(11):4732-41. 4. Avis M, Bond M, Arthur A. Questioning patient satisfaction: an empirical investigation in two out-patients clinics. Soc Sci Med. 1997;44(1):85-93. 5. Nobre MI, Temporini ER, Montilha RC, Gasparetto ME, KaraJosé N. [Low vision and rehabilitation: knowledge of ophthalmology residents]. Medicina (Ribeirão Preto). 2006;39(2):253-9. Portuguese. 6. Khadka J, McAlinden C, Gothwal VK, Lamoureux EL, Pesudovs K. The importance of rating scale design in the measurement of patient-reported outcomes using questionnaires or item banks. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2012;53(7):4042-54. 7. Wolffsohn JS, Cochrane AL. Design of the low vision quality-oflife questionnaire (LVQOL) and measuring the outcome of lowvision rehabilitation. Am J Ophthalmol. 2000;130(6):793-802. 8. Wright SE, McCarty CA, Burgess M, Keeffe JE. Vision impairment and handicap: The RVIB Employment Survey. The Steering Committee for the RVIB Employment Survey. Aust N Z J Ophthalmol. 1999;27(3-4):204-7. 9. Varma R, Richman EA, Ferris FL 3rd, Bressler NM. Use of patient-reported outcomes in medical product development: a report from the 2009 NEI/FDA Clinical Trial Endpoints Symposium. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2010;51(12):6095-103. 10. Fayers PM, Sprangers MA. Understanding self-rated health. Lancet. 2002;359(9302):187-8. 11. Carvalho KM. Baixa visão em idosos: causas, estado funcional, percepções de limitações e reabilitação visual em unidade hospitalar universitária. Campinas. [tese Livre-Docência em Ciências Médicas]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2007. 12. Mangione CM, Lee PP, Gutierrez PR, Spritzer K, Berry S, Hays RD; National Eye Institute Visual Function Questionnaire Field Test Investigators. Development of the 25-item National Eye Institute Visual Function Questionnaire. Arch Ophthalmol. 2001;119(7):1050-8. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd214 25/5/2015, 14:47 215 Life quality of low-vision elderly people: before and after hearing and speech intervention 13. Simão LM, Lana-Peixoto MA, Araújo CR, Moreira MA, Teixeira AL. The Brazilian version of the 25-Item National Eye Institute Visual Function Questionnaire: translation, reliability and validity. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(4):540-6. 14. Bravo Filho VT, Ventura RU, Brandt CT, Sarteschi C, Ventura MC. [Visual impairment impact on the quality of life of the elderly population that uses the public health care system from the western countryside of Pernambuco State, Brazil]. Arq Bras Oftalmol. 2012;75(3):161-5. Portuguese. 15. Chia EM, Wang JJ, Rochtchina E, Smith W, Cumming RR, Mitchell P. Impact of bilateral visual impairment on health-related quality of life: the Blue Mountains Eye Study. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2004;45(1):71-6. 16. Wang BZ, Pesudovs K, Keane MC, Daly A, Chen CS. Evaluating the effectiveness of multidisciplinary low-vision rehabilitation. Optom Vis Sci. 2012;89(9):1399-408. 17. Carvalho KM, Monteiro GB, Isaac CR, Shiroma LO, Amaral MS. Causes of low vision and use of optical aids in the elderly. Rev Hosp Clin Fac Med São Paulo. 2004;59(4):157-60. 18. Stelmack J. Quality of life of low-vision patients and outcomes of lowvision rehabilitation. Optom Vis Sci. 2001;78(5):335-42. Review. 19. Hinds A, Sinclair A, Park J, Suttie A, Paterson H, Macdonald M. Impact of an interdisciplinary low vision service on the quality of life of low vision patients. Br J Ophthalmol. 2003;87(11):1391-6. 20. Monteiro MM, Montilha RC, Gasparetto ME. [Speech and language pathology therapy and the reading and writing of a person with visual disabilitie: exploratory study]. Rev Bras Ed Espec. 2011;17(1):121-36. Portuguese. 21. Trauzettel-Klosinski S, Hahn GA. Support for patients loosing sight. Dev Ophthalmol. 2003;37:199-214. Review. 22. Ferraz EV, Lima CA, Cella W, Arieta CE. [Adjustment of a quality of life evaluation questionnaire to aplication in cataract patients]. Arq Bras Oftalmol. 2002;65(3):293-8. Portuguese. 23. Mello PR, Roma AC, Moraes Junior HV. [Analysis of the life quality of infectious and non-infectious patients with uveitis using the NEI-VFQ-25 questionnaire]. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(6):847-54. Portuguese. Corresponding author: Mayla M. B. Monteiro Rua Renato Portioli, nº 509 – Jardim Itapema Zip code: 138010-036 – Mogi Mirim (SP), Brazil Fax: (19) 3862-1839 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 209-15 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd215 25/5/2015, 14:47 A 216 RTIGO ORIGINAL Qualidade de vida relacionada com a visão em pacientes com degeneração macular relacionada à idade neovascular Health and vision related quality of life among patients with choroidal neovascular age related macular degeneration Maria Picoto1, José Galveia1, Sara Patrício1, António Rodrigues1, Fernanda Vaz2 RESUMO Objetivo: Avaliar o impacto da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) na qualidade de vida relacionada com a visão (QVRV) numa amostra de pacientes portugueses. Métodos: Estudo observacional em corte transversal, não comparativo no qual foram incluídos 68 pacientes seguidos no departamento de Retina Médica do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, entre janeiro e abril de 2011. A QVRV foi avaliada por meio do questionário National Eye Institute Visual Functioning Questionnaire (NEI-VFQ-25), traduzido para o português. Os scores obtidos foram analisados e correlacionados com os seguintes parâmetros idade, sexo, lateralidade da doença, tempo de follow-up, acuidade visual (AV) e EFC iniciais e finais do melhor (MO) e pior olho (PO). Resultados: A AV do PO apresentou valor preditivo nos scores global, atividade para longe, visão cromática, visão periférica, desempenho, função social e saúde mental (p<0,05). Num modelo de multivariáveis com inclusão de todos os parâmetros clínicos analisados, as variáveis estudadas explicaram 60% da variância do score global (SG) com um valor preditivo de 0,08 (R2 0,57, p=0,088). Conclusões: A DMRI NV está associada a uma diminuição da QVRV. A AV do PO tem valor preditivo nos scores do NEI-VFQ-25. Descritores: Qualidade de vida; Degeneração macular; Acuidade visual; Saúde mental; Questionário; Doença crônica ABSTRACT Purpose: To describe the impact of aged-related macular degeneration (AMD) on vision-related quality of life (QOL) on a sample of portuguese patients and explore the association with vision, Central Foveal Thickness (CFT) and demographic variables in a Portuguese population. Methods: Observational, interview study of 68 patients with clinical diagnosis of NV AMD seen between january and april 2011 at the Ophthalmology Department of Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Health-related quality of life (HRQL) was measured with a Portuguese version of the 25-item National Eye Institute Visual Function Questionnaire (NEI VFQ-25). Scores were analysed and correlated with age, gender, laterality of the disease, initial and final visual acuity (VA), CFT and duration of follow-up. Results: Worst eye VA had predictive value in the following scores: global, distance activities, color vision, peripheral vision, role difficulties, social functioning and mental health (p<0.05). In a multivariable model with inclusion of all the parameters studied, the analysed variables explained 60% of the variability of the Global Score, with a predictive value of 0.08 (R2 0.57, p=0.088). Conclusion: NV AMD is associated with impairment in reported vision related QOL in our group of patients. The VA of the worst eye has a predictive value in NEI VFQ-25 scores. Keywords: Quality of life; Macular degeneration; Visual acuity; Mental health; Questionnaires; Chronic disease 1,2 Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Lisboa, Portugal Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 19/05/2013 - Aceito para publicação em 29/09/2013 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd216 25/5/2015, 14:47 Qualidade de vida relacionada com a visão em doentes com degeneração macular relacionada à idade neovascular INTRODUÇÃO A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) constitui a principal causa de perda grave de visão em pessoas com mais de 65 anos(1,2). A sua incidência aumenta exponencialmente com a idade. O estudo Framingham(3) mostrou uma incidência de 11% em pessoas com idades compreendidas entre 65 e 74 anos e de 30% entre 75 e 85 anos. Apesar de apenas 10 a 20% dos casos de DMRI serem identificados como forma exsudativa, esta é responsável por 80-90% dos casos de cegueira por esta patologia(3). Nesta doença ocorre uma perda progressiva da visão central com um impacto mensurável na qualidade de vida do paciente(4). Quando se avalia o impacto de uma doença, consideramse quatro categorias de marcadores. Os marcadores fisiológicos (p.ex: Hb glicosilada na Diabetes Mellitus), os marcadores clínicos (p.ex: medição da AV), os marcadores reportados pelo clínico da sua percepção do impacto da doença e por último os marcadores reportados pelo doente. A medição clínica objetiva das medidas de função visual num doente, como a AV, providencia dados quantitativos(5). Contudo, esta análise não reflete o impacto das dificuldades da visão (DV) nas atividades de vida diária (AVD) do paciente(6). A quantificação da qualidade de vida relacionada com a visão (QVRV) fornece informação extra sobre o impacto de uma doença na função, particularmente nas AVD. Esta medição é importante nos pacientes com DMRI, pois além de apresentarem elevada propensão para Síndrome Depressivo(7), apresentam DV que comprometem as AVD e a mobilidade, que de acordo com Williams et al. colaboradores é superior a doentes da mesma idade e comparável a doentes com doenças crônicas(4). O alerta sobre o impacto da QVRV entre profissionais de saúde e membros da comunidade é baixo(8). Brown et al., Stein et al., Hart et al. verificaram que estes grupos, nomeadamente os oftalmologistas, subestimam o impacto da DMRI leve, moderada e grave na QVRV(9,10,11). O objetivo primário deste estudo foi determinar o impacto da DMRI NV na qualidade de vida relacionada com a visão (QVRV) numa amostra populacional de pacientes portugueses. Os objetivos secundários foram perceber o impacto de algumas variáveis na QVRV, nomeadamente a presença de doença unilateral versus bilateral, o valor de AV do melhor e pior olho (MO e PO) e da EFC do MO e PO. Por último, interpretar um modelo global de interação das variáveis estudadas. MÉTODOS Estudo observacional de 68 pacientes, seguidos em consulta de retina por DMRI NV, entre janeiro e abril de 2011 no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Os critérios de inclusão foram a assinatura do consentimento informado para participação no estudo; idade igual ou superior a 50 anos; diagnóstico clínico de DMRI NV. Como critérios de exclusão foram considerados o follow-up inferior a 6m; história de doença oftalmológica, além da DMRI, que possa comprometer a AV (isto é, ambliopia, glaucoma não controlado com PIO>30mmHg, neuropatia óptica isquêmica, edema macular diabético com significado clínico, retinopatia diabética significativa, uveíte ativa, sinais clínicos de coroidose miópicas ou refração > -8D na prescrição atual; evidência clínica de adelgaçamento da esclera. 217 Aos participantes do estudo foi aplicado o questionário VFQ-25 traduzido para o português durante a consulta de rotina. Os parâmetros revistos foram os seguintes: idade; gênero; número de injeções de anti-VEGF efetuadas; lateralidade da doença; AV inicial determinada na consulta antes do tratamento pela escala de Snellen e pelo mesmo técnico de ortóptica; acuidade visual final avaliada na última consulta de follow-up pela escala de Snellen e pelo mesmo técnico de ortóptica; EFC, determinada pelo TD OCT (Stratus, Carl Zeiss Meditec, Inc) e em dois momentos. O primeiro, antes do início do tratamento com antiVEGF e o segundo na última consulta de follow-up. Medição da EFC A EFC (espessura média nos 1000µm de diâmetro centrais) foi determinada utilizando o TD OCT (Stratus, Carl Zeiss Meditec, Inc) e por um único operador experiente nos dois momentos. Apenas os scans com qualidade suficiente foram aceitos (força de sinal ≥8, cortes sem áreas com sinal ausente ou diminuído, cortes centrados na mácula e limites de segmentação corretos). Os participantes encontravam-se em midríase iatrogênica (diâmetro pupilar ≥6mm) utilizando Tropicamida 0,5% e foram instruídos a fixar um alvo de fixação interna. Após efetuado o ajuste de focagem e adquirida uma boa fixação central, o processo foi iniciado. Os mapas de espessura foram calculados a partir do software de análise do aparelho. Questionário VFQ-25 Os doentes classificaram-se a si mesmos em 12 dimensões: (1) saúde geral; (2) visão geral; (3) visão para perto; (4) atividades relacionadas com a visão para longe; (5) dor ocular; (6) função social relacionada com a visão; (7) desempenho relacionado com a visão; (8) saúde mental relacionada com a visão; (9) dependência relacionada com a visão; (10) dificuldades na condução; (11) visão cromática e (12) visão periférica. O score total varia entre 0 (pior função possível) e 100 (melhor função possível). Para a análise estatística dos resultados foram determinados: - Média de idade, desvio padrão e distribuição por faixas etárias; - Número de doentes do sexo feminino e masculino; - Número de doentes com doença uni e bilateral; - Tempo médio de follow-up e desvio padrão; - Acuidades visuais iniciais e finais médias e desvio padrão respectivo; - Média de injeções e desvio padrão; - Scores basais médios para cada dimensão estudada do questionário VFQ-25 e desvio padrão respectivo; - Impacto dos fatores AV, lateralidade, idade, sexo e EFC de forma independente nos scores do questionário VFQ-25 (análise de variância ANOVA); - Impacto dos fatores mencionados na alínea 8 em conjunto com scores do questionário VFQ-25 (análise de variância ANOVA). RESULTADOS Participaram do estudo 68 pacientes seguidos em consulta de rotina médica no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, com DMRI. A média de idade foi de 79,2 anos, com 75% da amostra com idade superior a 75 anos. Todos os doentes eram de raça caucasiana. A maioria eram mulheres (n=44). A AV final média do MO era de 0,55 ± 0,27 e do PO de 0,22 ± 0,22. A AV final Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd217 25/5/2015, 14:47 218 Picoto M, Galveia J, Patrício S, Rodrigues A, Vaz F do MO era ≥ a 0,5 em 42 (62%) dos doentes e a AV final do PO era < 0,1 em 34 (50%) dos doentes. A distribuição das AV do MO e PO estão descritas na tabela 1. Tabela 1 Distribuição da AV do MO e PO por subgrupos ≥ 0,1 e < 0,25 ≥ 0,25 e <0,5 ≥ 0,5 AV <0,1 Final MO 3 (4%) 8 (12%) 15 (22%) 42 (62%) Final PO 34 (50%) 12 (18%) 10 (15%) 12 (18%) AV: acuidade visual; MO: melhor olho; PO: pior olho Quanto à lateralidade da doença, 44 (68%) doentes tinham doença em um só olho e 21 (32%) tinham doença bilateral. O tempo médio de follow-up foi de 22,63 ± 13,11. O número médio de injeções de anti-VEGF efetuadas por doente foi de 3,73 ± 3,06. Os scores obtidos em cada domínio do questionário VFQ25 estão descritos na tabela 2. Tabela 2 Scores de QVRV do NEI-VFQ 25 Score NEI-VFQ-25 n Média (%) Saúde geral Visão geral Dor ocular At. para longe At. para perto Função social Saúde mental Desempenho Dependência Condução Visão cromática Visão periférica ‘Score’ total 68 68 68 68 68 67 68 68 68 25 65 66 68 27 43 76 51 53 66 47 45 77 54 75 64 57,4 Dp (%) 20 19 26 26 32 36 26 36 28 36 38 35 23 À exceção do score de condução, a taxa de resposta foi perto de 100%. Os valores médios mais altos foram observados nos scores de dependência (77%), dor ocular (76%) e visão cromática (75%). Os scores com médias mais baixa foram os de saúde geral (27%), visão geral (43%), desempenho relacionado com a visão (45%), saúde mental (47%) e atividades para longe (53%). A tabela 3 mostra os valores de p para o impacto da AV do MO e do PO de forma independente. Os resultados da ANOVA são apresentados para cada uma das dimensões estudadas. A AV do MO e PO explicaram mais de 40% da variância observada nos seguintes scores do NEI-VFQ 25: função social relacionada com a visão (51%), visão periférica (49%), desempenho relacionado com a visão (45%), score total (44%) e saúde mental (42%). Em relação ao efeito específico da AV de cada olho nas dimensões estudadas, os valores de p apresentaram valor com significado estatístico (p<0,05) para o impacto do PO nas seguintes dimensões: visão periférica (p=0,002), score total (gráfico 1, p=0,009), desempenho relacionado com a visão (p=0,01), saúde mental (p=0,01), função social relacionado com a visão (p=0,01), atividades para perto (p=0,02) e visão cromática (p=0,046). O impacto do MO nos scores analisados não apresentou significado estatístico. Tabela 3 Análise de variância (valor p) dos scores de QVRV (NEI-VFQ 25) de acordo com a AV do MO e PO Score NEI-VFQ-25 R2 Saúde geral Visão geral Dor ocular At. para longe At. para perto Função social Saúde mental Desempenho Dependência Condução Visão cromática Visão periférica Score total 0,16 0,15 0,1 0,25 0,34 0,51 0,42 0,45 0,27 0,25 0,22 0,49 0,44 MO (p) 0,18 0,96 0,86 0,42 0,81 0,41 0,75 0,79 0,96 0,81 0,42 0,76 0,90 0,996 0,19 0.35 0,22 0,02 0,01 0,01 0,01 0,06 0,998 0,0463 0,0024 0,0092 Interação (p) 0,61 0,0071 0,70 0,39 0,17 0,04 0,62 0,16 0,28 0,32 0,41 0,05 0,02 Gráfico 1 Impacto da AV PO no ‘score’ total (p=0,0092) Uma interação significativa entre as AV do MO e PO foi observada nas dimensões: visão geral (p=0,007), função social relacionada com a visão (p=0,04), visão periférica (p=0,05) e score total (p=0,02). Relativo à lateralidade da doença, os doentes bilateral apresentaram piores resultados nos scores à exceção da dimensão condução, conforme descrito no gráfico 2, contudo a diferença de valor entre os scores não teve significado estatístico (tabela 4). Quanto ao estudo do impacto da variável de gênero nos resultados dos scores, não se observou diferença com significado estatístico nas dimensões estudadas entre os dois sexos. Estratificando a amostra por 4 grupos etários (grupo 1: <65 anos, grupo 2: 65-74 anos, grupo 3: 75-84 anos, grupo 4: 85-91 anos) não se verificaram diferenças com significado estatístico para as dimensões estudadas (gráfico 3). Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd218 PO (p) 25/5/2015, 14:47 Qualidade de vida relacionada com a visão em doentes com degeneração macular relacionada à idade neovascular 219 Gráfico 2 Tabela 4 ‘Scores’ de QVRV do NEI-VFQ 25 de acordo com a lateralidade da doença Análise de variância (valor p) dos ‘scores’ de QVRV (NEI-VFQ 25) de acordo com a lateralidade da doença Gráfico 3 Análise de variância do ‘score’ total por grupos etários ‘Score’ NEI- VFQ-25 n Doença unilateral Doença Doença unilateral bilateral /bilateral (p-value, T (student) Saúde geral 68 25% 30% 0,37 Visão geral 68 43% 43% 0,92 Dor ocular 68 76% 79% 0,68 At. para longe 68 55% 44% 0,18 At. para perto 68 56% 48% 0,32 Função social 67 70% 58% 0,24 Saúde mental 68 49% 44% 0,54 Desempenho 68 51% 35% 0,102 Dependência 68 78% 75% 0,64 Condução 25 65% 33% 0,11 Visão cromática 65 76% 73% 0,73 Visão periférica 66 67% 58% 0,39 Score total 68 59% 54% 0,42 Analisando a EFC final do MO e do PO, verificou-se um valor preditivo com significado estatístico da EFC final do PO nas dimensões de desempenho relacionado com a visão (p=0,03) e visão periférica (p=0,03). Por último, através da análise de variância, avaliamos o impacto das variáveis estudadas em cada um dos scores de QVRV. Verificamos que as variáveis estudadas explicam mais de 40% da variância dos scores (tabela 5). Tabela 5 Análise de variância (ANOVA) dos scores de QVRV, NEI-VFQ25 de acordo com as variáveis estudadas ‘Score’ NEI - VFQ-25 n R2 Idade (p) AV Inicial AV Inicial MO(p) PO(p) AV Final AV Final MO(p) PO(p) EFC Inicial MO(p) EFC Inicial PO(p) EFC Final EFC Final MO(p) PO(p) No de Injeções Follow - up Saúde geral 68 0,61 0,51 0,66 0,03 0,95 0,26 0,24 0,60 0,31 0,0085 0,26 0,0085 Visão geral 68 0,66 0,3 0,02 0,92 0,11 0,41 0,33 0,15 0,18 0,89 0,64 0,64 Dor ocular 68 0,4 0,54 0,59 0,33 0,14 0,09 0,19 0,57 0,18 0,4 0,67 0,35 At. para longe 68 0,63 0,3 0,0063 0,66 0,42 0,87 0,33 0,07 0,36 0,57 0,39 0,33 At. para perto 68 0,63 0,28 0,03 0,81 0,14 0,31 0,03 0,93 0,03 0,04 0,87 0,067 Função social 67 0,53 0,46 0,04 0,76 0,07 0,27 0,45 0,24 0,24 0,34 0,71 0,11 Saúde mental 68 0,4 0,58 0,09 0,99 0,64 0,6 0,16 0,71 0,12 0,47 0,82 0,28 Desempenho 68 0,46 0,57 0,15 0,86 0,11 Dependência 68 0,67 0,16 0,0032 0,3194 0,9771 0,83 0,52 0,9 0,27 0,87 0,34 0,87 0,0069 0,116 0,72 0,08 0,445 0,860 0,011 Visão cromática 65 0,38 0,14 0,15 0,84 0,78 0,84 0,18 0,78 0,11 0,96 0,57 0,95 Visão periférica 65 0,58 0,4 0,11 0,17 0,1 0,2 0,41 0,2 0,15 0,26 0,57 0,09 ‘Score’ total 0,6 0,37 0,0076 0,71 0,27 0,3 0,16 0,21 0,09 0,36 0,86 0,37 68 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd219 25/5/2015, 14:47 220 Picoto M, Galveia J, Patrício S, Rodrigues A, Vaz F Este modelo construído a partir da análise de variância de multivariáveis explica 60% da variância do score total, com um valor preditivo de 0,08 (gráfico 4). Gráfico 4 Análise de variância do ‘score’ total (‘score’ total= -0,773 + 0,0076 idade + 0,0076 nº inj + 0,625 Avi MO + 0,032 Avi PO + 0,271 Avf MO – 0,287 Avf PO – 0,001 EFCi MO + 0,001 EFCi PO + 0,0016 EFC FMO + 0,003 EFC PO) DISCUSSÃO As características demográficas da amostra demonstram que 75% dos doentes com mais de 75 anos têm predominância de indivíduos do sexo feminino e estão de acordo com a distribuição normal de uma população de pacientes com DMRI(12). Os resultados do estudo apresentam claramente que a AV tem um impacto maior na QVRV, achado já documentado em outros estudos(7,8). Quanto à utilização do questionário NEIVFQ 25 como forma de medição da QVRV, até à data vários investigadores mostraram de forma consistente a associação entre baixa AV e baixa QVRV com recurso desta ferramenta de avaliação(5,13). Este efeito na QV é particularmente importante em doentes idosos, na medida em que leva à dependência, incapacidade, ansiedade e depressão. Alguns domínios foram mais afetados do que outros pela AV. O impacto foi praticamente inexistente na dor ocular (R2=0,1) e na saúde geral (R2=0,15), ao contrário dos domínios função social relacionado com a visão (R2=0,51), visão periférica (R2=0,49), desempenho relacionado com a visão (R2=0,45), score total (R2=0,44) e saúde mental (R2=0,42) em que o impacto foi bastante forte. Este resultado é consistente com estudos anteriores(4). O perfil sintomático da doença, em que existe perda progressiva da visão central explica as alterações reportadas pelos pacientes nas atividades que dependem desta, incluindo a leitura de rótulos de medicamentos e efetuar as compras diárias no supermercado. Os baixos scores na saúde mental, função social e desempenho relacionado com a visão demonstram o efeito isolador desta doença e refletem a perda da independência e o aumento da ansiedade. Observou-se que a AV do PO tinha um valor preditivo superior à AV do MO nos seguintes scores do questionário: visão periférica, score total, desempenho relacionado com a visão, saúde mental, função social, atividades para perto e visão cromática. Este achado é apoiado por vários estudos descritos na literatura. No estudo de Berdeaux(8) et al. a AV do PO teve impacto mensurável na saúde mental, dependência, visão cromática e visão para longe. No estudo Los Angeles Latino Eye Study(14) os doentes com AV no PO <20/200 tinham piores scores em todas as dimensões, à exceção da saúde geral e dor ocular. De acordo com o estudo de Azen et al.(15) ambos os olhos contribuem de forma independente para a QVRV e a preservação de uma AV mínima no PO e poderá contribuir para QVRV. Acresce-se ainda o fato de que os doentes com piores visões, mesmo que em apenas um dos olhos sem reflexo na visão binocular, apresentam maiores taxas de depressão, o que tem impacto na QVRV, como reportado por vários investigadores(4,7). Os achados nestes estudos acima mencionados confirmam publicações anteriores sobre a influência da AV do PO na QVRV em doenças oftálmicas. O impacto definitivo da AV do PO foi inicialmente demonstrado em artigos sobre os benefícios da cirurgia de catarata no segundo olho (14). Artigos subsequentes confirmaram estes resultados para outras patologias oftalmológicas caracterizadas por perda crônica da função visual, nomeadamente no glaucoma, DMRI e uveítes. O impacto da AV do PO pode ser explicado pelo fenômeno de inibição visual, onde a visão binocular é pior do que a visão do MO em 1 ou mais linhas. O estudo Los Angeles Latino Eye Study(14) demonstrou que uma grande proporção de indivíduos poderão ser afetados por este fenômeno. Assim a avaliação da visão binocular deve ser uma medida primária no estudo das dificuldades na visão, uma vez que reflete o modo usual de funcionamento. Neste estudo, observou-se que o impacto da doença unilateral e bilateral na QVRV era comparável. Isto é, apesar de os scores de QVRV em doentes com doença bilateral serem mais baixos do que nos doentes com doença unilateral, não se observou diferença entre estes dois grupos, tendo ambos efeitos semelhantes na QVRV. Este achado tem várias implicações. Dada a situação econômica atual, por vezes o tratamento da DMRI NV num segundo olho, sobretudo quando a AV deste é muito baixa e pior do que a do 1º olho tratado tem de ser ponderada. Podendo ser decidido não tratar o 2º olho, caso a melhora maior da AV e da QVRV se desse após tratamento do primeiro olho. Neste estudo, um dado que se observou foi que a doença unilateral tem impacto semelhante à doença bilateral, e que a AV do PO tem um impacto maior na QVRV, o que poderá estar indicado que tratar o segundo olho, mesmo que este tenha um AV pior do que o primeiro olho tratado. Estes achados foram também descrito por Varma et al.(5) e por Javitt et al.(16,17) relativamente a outra patologia ocular, a catarata. Do modelo de multivariáveis com inclusão de todos os parâmetros clínicos analisados, concluiu-se que as variáveis estudadas explicam 60% da variância do score global (SG) com um valor preditivo de 0,08 (R2 0,57, p 0,088). Contudo de forma individual as variáveis idade e gênero não explicaram a variância dos scores, tal como a EFC para a maioria dos scores. Estes resultados são importantes, dado que a idade e o gênero são muitas vezes fatores que confundem a análise de QV, o que não se verificou na nossa amostra. Relativamente à EFC, esta é uma medida anatômica e que muitas vezes não tem correlação com os aspectos funcionais, sobretudo quando se avalia uma dimensão funcional psicossocial. Acresce-se ainda que na DMRI o valor de EFC pode ser alta ou baixa em doentes com AV baixas, quer por edema intrarretiniano quer por atrofia das camadas da retina. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd220 25/5/2015, 14:47 Qualidade de vida relacionada com a visão em doentes com degeneração macular relacionada à idade neovascular Atualmente, o tratamento da DMRI tende maioritariamente a preservar a visão e acarreta pesados encargos financeiros. Na decisão de tratar um doente com NV a análise da relação custo-benefício é essencial. A avaliação da QVRV poderá ser uma ferramenta extra nesta tomada de decisão tanto para início como para a manutenção da terapêutica, caso esta se traduza numa melhoria QVRV. Este estudo apresenta várias limitações, nomeadamente a dimensão da amostra e a idade avançada dos pacientes, o que pode colocar alguns vieses na aplicação de um questionário. Além do que a amostra não foi controlada para o grau de diferenciação. A QVRV de doentes com NV, avaliada pelo NEI-VFQ 25, revela uma associação à AV do doente. A doença unilateral e bilateral têm impacto semelhante na QVRV. A preservação da AV no PO é importante na manutenção da QVRV. Este estudo sugere, que o PO deve ser tratado para a manutenção de uma boa QVRV em longo prazo. A avaliação da QVRV deveria ser incluída em estudos futuros com o objetivo de uma melhor compreensão do impacto desta doença na vida dos doentes e uma perfeita avaliação do efeito do tratamento. 6. REFERÊNCIAS 13. 1. 2. 3. 4. 5. Klein R, Klein BE, Linton KL. Prevalence of age-related maculopathy. The Beaver Dam Eye Study. Ophthalmology. 1992;99(6):933-43. Vingerling JR, Dielemans I, Hofman A, Grobbee DE, Hijmering M, Kramer CF, et al. The prevalence of age-related maculopathy in the Rotterdam Study. Ophthalmology. 1995;102(2):205-10. Leibowitz HM, Krueger DE, Maunder LR, Milton RC, Kini MM, Kahn HA, Nickerson RJ, Pool J, Colton TL, Ganley JP, Loewenstein JI, Dawber TR. The Framingham Eye Study monograph: An ophthalmological and epidemiological study of cataract, glaucoma, diabetic retinopathy, macular degeneration, and visual acuity in a general population of 2631 adults, 1973-1975. Surv Ophthalmol. 1980;24(Suppl):335-610. Williams RA, Brody BL, Thomas RG, Kaplan RM, Brown SI. The psychosocial impact of macular degeneration. Arch Ophthalmol. 1998;116(4):514-20. Varma R, Wu J, Chong K, Azen SP, Hays RD; Los Angeles Latino Eye Study Group. Impact of severity and bilaterality of visual impairment on health-related quality of life. Ophthalmology. 2006;113(10):1846-53. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 14. 15. 16. 17. 221 Margolis MK, Coyne K, Kennedy-Martin T, Baker T, Schein O, Revicki DA. Vision-specific instruments for the assessment of health-related quality of life and visual functioning: a literature review. Pharmacoeconomics. 2002;20(12):791-812. Review. Brody BL, Gamst AC, Williams RA, Smith AR, Lau PW, Dolnak D, et al. Depression, visual acuity, comorbidity, and disability associated with age-related macular degeneration. Ophthalmology. 2001;108(10):1893-900; discussion 1900-1. Berdeuax GH, Nordmann JP, Colin E, Arnould B. Vision-related quality of life in patients suffering from age-related macular degeneration. Am J Ophthalmol. 2005;139(2):271-9. Brown GC, Brown MM, Sharma S. Difference between ophthalmologists’ and patients’ perceptions of quality of life associated with age-related macular degeneration. Can J Ophthalmol. 2000;35(3):127-33. Stein JD, Brown MM, Brown GC, Hollands H, Sharma S. Quality of life with macular degeneration: perceptions of patients, clinicians, and community members. Br J Ophthalmol. 2003;87(1):8-12. Hart PM, Chakravarthy U, Stevenson MR. Questionnaire-based survey on the importance of quality of life measures in ophthalmic practice. Eye (Lond). 1998;12(Pt 1):124-6. Delcourt C. Epidemiology of AMD. In: Silva R., coordinator. AMD Age-related macular degeneration. GER Group; 2010. p.11-20. Cahill MT, Banks AD, Stinnett SS, Toth CA. Vision-related quality of life in patients with bilateral severe age-related macular degeneration. Ophthalmology. 2005;112(1):152-8. Globe DR, Wu J, Azen SP, Varma R; Los Angeles Latino Eye Study Group. The impact of visual ----impairment on self-reported visual functioning in Latinos: The Los Angeles Latino Eye Study. Ophthalmology. 2004;111(6):1141-9. Azen SP, Varma R, Preston-Martin S, Ying-Lai M, Globe D, Hahn S. Binocular visual acuity summation and inhibition in an ocular epidemiological study: the Los Angeles Latino Eye Study. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2002;43(6):1742-8. Javitt JC, Steinberg EP, Sharkey P, Schein OD, Tielsch JM, Diener M, Cataract surgery in one eye or both. A billion dollar per year issue, Ophthalmology. 1995;102(11):1583-92 Javitt JC, Brenner MH, Curbow B, Legro MW, Street DA, Outcomes of cataract surgery. Improvement in visual acuity and subjective visual function after surgery in the first, second, and both eyes, Arch Ophthalmol. 1993;111(5):686-91. Autor correspondente: Mario Picoto Rua Silva e Albuquerque, 15, rc dto Zip code: 1700-360 – Lisboa, Portugal E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 216-21 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd221 25/5/2015, 14:47 A 222 RTIGO ORIGINAL Calázio e características demográficas dos portadores em uma amostra populacional Chalazion and demographic characteristics of patients in a population sample Marjorie Fornazier do Nascimento1, Ana Claudia Viana Wanzeler1, Roberta Lilian Fernandes Sousa1, Larissa Horikawa Satto1, Carlos Roberto Padovani 2, Silvana Artioli Schellini1 RESUMO Objetivo: Apresentar a frequência de ocorrência do calázio em uma amostra populacional, assim como as características de seus portadores. Métodos: Estudo transversal utilizando amostra populacional aleatorizada, realizado nos anos 2004/2005, na região centro-oeste do estado de São Paulo. Os participantes foram avaliados segundo variáveis demográficas e exame oftalmológico. Resultados: A frequência de ocorrência do calázio foi de 1,56%, sendo mais frequente em mulheres, portadores de astigmatismo ou hipermetropia de pequenos graus, com grande variação de idade de acometimento. Foi necessária prescrição de correção óptica e cirurgia em número expressivo de casos. Conclusão: O calázio tem baixa frequência de ocorrência na população geral. Ocorre predominantemente em mulheres e há associação importante com ametropia. Descritores: Calázio/epidemiologia; Terçol; Pálpebra/lesões; Erros de refração ABSTRACT Purpose: To show the frequency of occurrence of chalazion in a population sample, as well as the characteristics of patients. Methods: A cross-sectional study using randomized population sample was carried out during 2004/2005, in the Midwest region of the state of São Paulo. Participants were evaluated according to demographic variables and ocular examination. Results: The frequency of occurrence of chalazion was 1.56‰, more common in women, people with astigmatism or low hyperopia, with wide variation in age of onset. It was necessary to prescribe optical correction and surgery in a significant number of cases. Conclusion: The chalazion has low frequency of occurrence in the general population. It occurs predominantly in women and there is a significant association with refractive error. Keywords: Chalazion/epidemiology; Hordeolum; Eyelid/injuries; Refractive errors 1 2 Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Botucatu (SP), Brasil; Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Botucatu (SP), Brasil. Trabalho realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Botucatu (SP), Brasil Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 08/03/2014 - Aceito para publicação em 23/10/2014 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 222-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd222 25/5/2015, 14:47 223 Calázio e características demográficas dos portadores em uma amostra populacional INTRODUÇÃO O calázio é a lesão inflamatória mais frequente da pálpebra e representa uma reação granulomatosa, causada pela retenção da secreção das glândulas de Meibômio devido à inflamação crônica, resultante de um hordéolo interno ou de meibomite(1). É comumente causado pelo Staphylococcus sp e pode se resolver com tratamento clínico, porém quando não há resolução e há cronificação do processo, pode ser necessária intervenção cirúrgica(2-5). Após a remoção, é necessário realizar exame histológico, principalmente quando se tratar de lesões recorrentes, devido à possibilidade de ocorrência de um tumor maligno, como o carcinoma de células sebáceas(6-8). Apesar de ser uma lesão comum nos serviços oftalmológicos, não há estudos sobre a distribuição do calázio na população geral, o que motivou este estudo que teve por objetivo observar a frequência de ocorrência do calázio em uma determinada população, assim como descrever o perfil demográfico dos portadores. MÉTODOS Foi feita a análise de portadores de calázio tendo como base dados obtidos em estudo transversal, de amostra populacional aleatorizada, de caráter observacional, realizado entre março de 2004 e junho de 2005. O estudo foi feito em nove cidades da região centro-oeste do estado de São Paulo, para as quais o centro de referência é a cidade de Botucatu. O protocolo da pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). Os participantes foram determinados por sorteio, levando em conta o local de moradia, tendo por base os setores censitários do IBGE (Censo, 2000). Foi estabelecido o tamanho amostral com 8010 indivíduos, tendo sido examinados 7654 pessoas. O tamanho amostral foi baseado no número total de habitantes da região do estudo e na prevalência histórica de cegueira e baixa visão na população analisada. Os indivíduos da pesquisa foram convidados a participar e uma consulta foi agendada. A abordagem da população de estudo foi feita utilizando uma Unidade Oftalmológica Móvel, registrando-se dados de identificação dos participantes, história clínica, antecedentes oculares e sistêmicos. Em seguida foi realizado o exame oftalmológico que consistiu de avaliação da acuidade visual (AV), utilizando-se tabelas de Snellen para iletrados, colocada a 5 metros de distância e com boas condições de iluminação, com e sem correção óptica. O exame ocular externo foi realizado com uso de lanterna de mão. Foram registrados os valores de refratometria estática e dinâmica, utilizando autorrefrator (Topcon KR-7000, Japão) e foróptero (Topcon VT10, Japão). A avaliação biomicroscópica foi realizada utilizando lâmpada de fenda (ShinNippon, Japão) e para a fundoscopia indireta utilizou-se lente de Volk 90D (Mentor, USA). Nos indivíduos com idade abaixo de 40 anos, a cicloplegia foi obtida instilando-se uma gota de colírio ciclopentolato (Cicloplégico, Allergan, São Paulo- Brasil), com exame realizado após 30 minutos. Foram considerados emétropes os indivíduos com componente esférico entre -0,50 e +0,50, como hipermétropes com grau maior que +0,50 e astigmatas os com grau menor que -0,50. Todos os dados obtidos foram categorizados e transferidos para tabela Excel, recebendo tratamento estatístico para análise de frequência de ocorrência dos fenômenos observados. RESULTADOS Foram encontrados 12 casos de calázio na população geral da região do centro-oeste paulista, resultando em 1,56% de frequência de ocorrência da afecção. Avaliando-se as características dos portadores, 11 (91,7%) indivíduos eram do sexo feminino, com grande variação na idade de acometimento, entre 31 a 77 anos. Nove (75%) casos foram observados do lado direito sendo a queixa principal a sensação de corpo estranho, referida por 33%. Não houve associação do calázio com doenças sistêmicas ou locais. A acuidade visual (AV) apresentada (sem correção) foi > 0,7 em 25%, entre 0,3 e 0,7 em 66,7% e < 0,05 em 8,3% dos casos. Quando avaliada AV corrigida, 91,7% apresentavam AV>0,7 e 8,3% entre 0,3 e 0,05 (figura 1). O exame refracional mostrou que 58,3% dos portadores de calázio eram emétropes, 33% apresentavam hipermetropia (variando de +1 a +3,75) e 41,7% apresentavam astigmatismo (variando de -0,50 a -2,00). O tratamento instituído foi a prescrição de correção óptica para 41,7% e 75% foram encaminhados para tratamento cirúrgico (figura 2). Figura 1: Distribuição da acuidade visual (AV) não corrigida e com a melhor correção óptica em portadores de calázio Figura 2: Distribuição dos portadores de calázio com relação ao erro de refração e tratamento adotado Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 222-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd223 25/5/2015, 14:47 224 Nascimento MF, Wanzeler ACV, Sousa RLF, Satto LH, Padovani CR, Schellini SA DISCUSSÃO O principal valor do presente estudo foi utilizar avaliação aleatorizada dos participantes, o que permitiu conhecer a frequência de ocorrência do calázio na população geral. Esta lesão que é bastante frequente nos consultórios oftalmológicos, quando pesquisada em amostra que não é a de conveniência, possui baixa prevalência. A lesão foi predominante no sexo feminino, como descrito em outros estudos(9,10). Houve variação importante da idade do portador, com predomínio em idosos, o que surpreendeu, já que o calázio é tido como uma afecção que ocorre mais em jovens(9,10). Não houve relação da presença do calázio com antecedentes oculares ou sistêmicos, apesar de ser conhecida a associação com afecções como blefarite, acne rosácea e ceratite seborreica(3,9,11). A acuidade visual não corrigida foi maior que 0,3 para 91,7% dos portadores de calázio. Com a melhor correção óptica houve melhora da AV, que ficou acima de 0,7 em 91,7% dos indivíduos. É clássica a associação do calázio com erros refrativos de baixo grau. Quando se trata de lesões de repetição, as ametropias frequentemente estão associadas. O presente estudo confirma esta associação, tendo sido observado o astigmatismo e a hipermetropia frequentemente associados com a presença do calázio, inclusive com necessidade de correção óptica. Além disso, o astigmatismo pode ser induzido pelo calázio, principalmente quando localizado na pálpebra superior, por provocar achatamento e deformidade corneana(12,13). Apesar de alguns casos apresentarem melhora com medidas conservadoras, tais como compressas quentes e úmidas3,4,5,14, o tratamento clínico é efetivo apenas na fase inflamatória aguda, ou seja, nos hordéolos. Na fase crônica, quando já se instalou o processo granulomatoso, somente os calázios pequenos podem apresentar resolução espontânea. Na amostra aqui estudada, houve indicação de exérese cirúrgica para a grande maioria dos casos, ficando sem a indicação de remoção os portadores de lesões pequenas. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Onesti MG, Troccola A, Maruccia M, Conversi A, Scuderi G. Suspected spinocellular carcinoma of the inferior eyelid resulted multiple chalazion. Ann Ital Chir. 2013;23:84(ePub). pii: S2239253X13019592. Matayoshi S, Forno EA, Moura EM. Manual de cirurgia plástica ocular. São Paulo: Roca, 2004. 370p. Arbabi EM, Kelly RJ, Carrim ZI. Chalazion. BMJ. 2010;341:c4044. Gilchrist H, Lee G. Management of chalazia in general practice. Aust Fam Physician. 2009;38(5):311-4. Duarte AF, Moreira E, Nogueira A, Santos P, Azevedo F. Chalazion surgery: advantages of a subconjunctival approach. J Cosmet Laser Ther. 2009;11(3):154-6. Pavan-Langston D. Manual de Oftalmologia – diagnóstico e tratamento. 4 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001. 592p. Pereira PR, Odashiro AN, Rodrigues-Reyes AA, Correa ZM, de Souza Filho JP, Burnier MN Jr. Histopathological review of sebaceous carcinoma of the eyelid. J Cutan Pathol. 2005;32(7):496-501. Ozdal PC, Codère F, Callejo S, Caissie AL, Burnier MN. Accuracy of the clinical diagnosis of chalazion. Eye (Lond). 2004;18(2):135-8. Nemet AY, Vinker S, Kaiserman I. Associated morbidity of chalazia. Cornea. 2011;30(12):1376-81. Netto AA, Rolim APQ, Müller, TPS. Prevalência de doenças palpebrais no serviço emergencial de oftalmologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Arq Catarin Med. 2006;35(4):64-9. Bagheri A, Hassani HR, Karimian F, Abrishami M, Yazdani S. Effect of chalazion excision on refractive error end corneal topography. Eur J Ophthalmol. 2009;19(4):521-6. Santa Cruz CS, Culotta T, Cohen EJ, Rapuano CJ. Chalazioninduced hyperopia as a cause of decreased vision. Ophthal Surg Lasers. 1997;28(8):683-4. Honda M, Honda K. Spontaneus resolutions of chalazion after 3 to 5 years. Eye Contact Lens. 2010;36(4):230-2. Nemet AY, Vinker S, Kaiserman I. Associated morbidity of blepharitis. Ophthalmology. 2011;118(6):1062-8. CONCLUSÃO O calázio ocorreu em 1,56‰ dos habitantes da região estudada, predominantemente em mulheres, com grande variação de idade de acometimento. Houve associação importante com baixas ametropias, sendo necessárias prescrição de correção óptica e cirurgia em número expressivo de casos. Autor correspondente: Marjorie Fornazier do Nascimento Rua Antonio Amando de Barros, nº 241 CEP 18601-260 – Botucatu (SP), Brasil E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 222-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd224 25/5/2015, 14:47 ARTIGO ORIGINAL 225 Correlation between the use of the accommodation and symptoms of asthenopia in hyperopic patients Correlação entre o uso da acomodação e sintomas de astenopia em pacientes hipermétropes Juan Carlos Luna da Costa1 , Ian Beltrão de Sá Martins1, Larissa Tavares Albuquerque Nóbrega1, Maria Odília Navarro Medeiros1, Luciana Maria Palitot1, Marília Bezerra Cavalcanti Dias1, Tarcízio José Dias1 ABSTRACT Objective: The objective of this paper was to compare the symptoms of asthenopia in patients at different levels of hyperopia and corrected for different accommodative efforts. Methods: This study is an experimental design and quantitative approach. Sixty-nine hyperopic patients aged between 15 and 40 were selected. Individuals with a diagnosis of accommodative insufficiency and paralysis, accommodative spasm or any type of ocular deviation were excluded. Subjects were randomly divided into four groups. Each one performed a near-vision task with different corrective lenses, varying the value of the accommodative effort. Results: There is significant reduction in the asthenopia score during the near-vision task when leaving 35% or more of the amplitude of accommodation in reserve. The linear regression showed that the variables total hyperopia (r = 0.109) and the difference between static and dynamic refraction (r = 0.135) did not obtain significant linear relationship to the asthenopia score. Conclusion: There is significant reduction in the asthenopia score when leaving 35% or more of the amplitude of accommodation in reserve. The symptoms of asthenopia are not associated to the severity of the hyperopic refractive error. The search for symptoms before the near vision task, using a questionnaire, related to the symptoms during the accommodative effort task, revealing the importance of searching for complaints about asthenopia during anamnesis, which can help ophthalmologists with prescriptions of glasses for hyperopic patients with asthenopia. Keywords: Accommodation, ocular; Hyperopia; Asthenopia; Refraction, ocular; Eyeglasses RESUMO Objetivo: O presente estudo avalia os efeitos do esforço acomodativo e do poder do erro refrativo nos sintomas de astenopia. Métodos: Trata-se de um modelo de estudo experimental e abordagem quantitativa, cuja amostra consistiu de 69 pacientes hipermétropes entre 15 e 40 anos de idade. Foram excluídos os indivíduos com diagnóstico de insuficiência ou paralisia da acomodação, espasmo de acomodação ou qualquer tipo de desvio ocular. Os pacientes foram alocados aleatoriamente em quatro grupos. Cada grupo realizou o trabalho de visão para perto com correções diferentes, variando o valor do esforço acomodativo. Resultado: Houve melhora significativa dos sintomas de astenopia com correções que proporcionaram mais de 35% da amplitude de acomodação em reserva. Não houve relação estatisticamente significativa entre os sintomas e o valor do erro refrativo. Conclusão: Há uma redução significativa dos sintomas quando os pacientes mantêm 35% ou mais de sua acomodação em reserva. Os sintomas de astenopia não estão associados à gravidade do defeito hipermetrópico. A pesquisa de sintomas antes do teste, através de um questionário, foi o fator que melhor se relacionou com os sintomas durante o teste de visão para perto, revelando a importância da pesquisa das queixas de astenopia durante anamnese na prescrição de lentes para visão de perto. Descritores: Acomodação ocular; Hiperopia; Astenopia; Refração ocular; Óculos Centro Oftálmico Tarcízio Dias – João Pessoa (PB), Brazil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 29/09/2014 - Aceito para publicação em 08/03/2015 1 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd225 25/5/2015, 14:47 226 Costa JCL , Martins IBS, Nóbrega LTA, Medeiros MON, Palitot LM, Dias MBC, Dias TJ INTRODUÇÃO H yperopia is the condition of the eye where incoming rays of light reach the retina before they converge into a focused image. Total hyperopia is divided into latent hyperopia and manifest hyperopia. Latent hyperopia is the one which is physiologically supplanted by the tonus of the ciliary muscles. Manifest hyperopia is divided into facultative hyperopia and absolute hyperopia. Facultative hyperopia is the one which can be overcome by the accommodative effort, while this is not possible in the case of the absolute hyperopia(1). For several ophthalmologists, the prescription for the near vision is based on the claim that only half or two-thirds of an individual’s amplitude of accommodation is sustainable for an extended period of time(2). Donders (1972) recommended, for the correction of hyperopia, the value of the manifest hyperopia added to a fourth of the latent hyperopia(3). A rule of thumb which received wide acceptance is that the lens used for near vision should allow that half of the patient’s amplitude of accommodation remain in reserve(4). The younger the patient, the more active is the accommodation; therefore, less correction for the hyperopia is needed. In normal individuals, right after birth the hyperopia is about 2 to 3 diopters. It can increase slightly in the first years of life, but it rapidly and gradually diminishes according to the somatic growth until after the puberty, in which the individuals tend to become emmetropic. After the growth period, refraction tends to remain stationary. In old age, the tendency to hyperopia is greater, due to modifications in the curvature and in the refraction indexes of the crystalline lens layers(1,5). There is also an apparent increase of hyperopia due to progressive insufficiency of accommodation. With the decrease of the ciliary muscle tonus, part of the latent hyperopia also manifests itself and with the reduction of the accommodation capacity, most of the facultative hyperopia becomes absolute. Therefore, in the beginning of life, unless the error is very high, the accommodation capacity is able to correct it entirely, if absolute hyperopia is absent. After the age of 65 virtually all the error becomes absolute(4). The symptoms of eye strain are, in part, due to extreme accommodation and to the extra convergence effort. Asthenopia is the term used to describe the sensation of extreme effort and weakness or eye fatigue derived from the use of vision. It is a common manifestation in many patients with convergence insufficiency, accommodation insufficiency, refractive error and strabismus. Its symptoms are headache, diplopia, difficulty in focusing the image, fatigue, reading problems, blurred vision(6). Accommodative fatigue can be described as the reduction of the performance of the accommodation system due to a prolonged or repetitive accommodative effort(7). In near vision, the temporary insufficiency of the ciliary muscle to maintain contraction can result in visual impairment, on the other hand extreme accommodation or spasm of the ciliary muscle, may cause an artificial condition of myopia(8). Accommodation is a key factor in the correction of hyperopia(5), which motivated us to construct a diagram (diagram J) to correlate the refractive error with the amplitude of accommodation and find the ideal value of the most comfortable reading prescription for the hyperopic patients. In the diagram, the j value can be found relating the values of total hyperopia of the patient to his accommodation and represents the comfortable refraction for near vision. This way, the diagram can be constructed according to the adequate refraction to hold a determinate fraction of the accommodation in reserve. In other words, the fraction of the accommodation not used by the eyes while fixing in a point in space, avoiding over or undercorrection. The j(50) means the value in the diagram calculated to leave in reserve 50% of the patient’s accommodation. The value of j can be found through the following equation, in which jc is the value of prescription for certain accommodative reserve C; D is the value of the hyperopia in diopters; P is the additional dioptric power for near vision; AA is the amplitude of accommodation in diopters and C is the value of the accommodative reserve in percentage: j(C)= D + P – [AA(100-C).10-2] The deduction of this equation is based on the maintenance of a fraction of the accommodation during near vision effort. Hence, near vision requires the total correction D summed to the value of P (3 diopters in usual conditions), but in these circumstances the prescription of lens would cancel the accommodative effort. The reduction of this value would imply in a progressive increase in the use of accommodation to the maximum of the individual’s accommodation capacity. An evidence of this effort would be the increase of the reduction factor “AA(100-C).10 -2”. Therefore, it was observed that the higher the accommodative reserve C, the lower the accommodative effort, in a way that a correction j(100) would cancel the reduction factor and, consequently, accommodation. This equation explains why individuals with high amplitude of accommodation tend to tolerate higher degrees of hyperopia. For instance, a five-year-old child’s amplitude of accommodation is about 16D. Considering that this child is hyperopic and his/her hyperopia measures two diopters, in order to hold 50% of his/her accommodation in reserve while he/she reads from a distance of 33cm, the ideal prescription would be: j(50) = +2 +3 – [16(100-50).10-2] = -3D. The value of -3D implies that, at this moment, it is not necessary to correct this patient’s near vision, while symptoms are absent. With aging and loss of accommodation, the hyperopic patients tend to present symptoms of asthenopia. Thus, a patient with the same 2 diopters of hyperopia will need +1,5 D correction when his/her amplitude is reduced to 7D (which happens approximately at 30 years of age), to ensure that 50% of his/her accommodation remains in reserve and the patient will be able to read comfortably. Despite the fact that, according to many ophthalmologists, the prescription for near vision is based on the claim that only half or two-thirds of the amplitude of accommodation is sustainable for an extended period of time, a research developed by Wolffsohn et al. showed that adults’ accommodation system is robust and resistant to fatigue during an intensive and prolonged task(2) . Besides, a greater proportion of the amplitude of accommodation can be exercised in a continuous way, in spite of what was suggested previously. Alves suggests the correction of hyperopia for occasional use, for reading or any other activity that requires accommodative effort, in those cases where there is difficulty to relate the symptoms(5). Based on this dissent, one of the objectives of the present article is to compare the symptoms of accommodative effort in patients with correction for j(20), j(35), j(50) and j(60) during a sustained and intensive task for near vision. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd226 25/5/2015, 14:47 Correlation between the use of the accommodation and symptoms of asthenopia in hyperopic patients The main objective of this paper was to compare the symptoms of asthenopia in patients at different levels of hyperopia and corrected for different accommodative efforts. The specific objectives were: to compare the relation between the level of asthenopia before and after near vision task; to evaluate the symptoms of accommodative effort in patients with correction for j(20), j(35), j(50) and j(60); to relate the symptoms of asthenopia with the value of refractive error; to construct a diagram to guide the ophthalmologist in prescribing glasses for near vision. METHODS This study is an experimental design and quantitative approach. The sample consists of hyperopic patients treated at Instituto Visão para Todos (IVPT) of Centro Oftálmico Tarcízio Dias, in João Pessoa – State of Paraíba, Brazil, from january, 2013 to april, 2014. Hyperopic patients aged between 15 and 40 were selected. Individuals with a diagnosis of accommodative insufficiency and paralysis, accommodative spasm or any type of ocular deviation were excluded from the study. All the individuals were carefully evaluated with regard to the amplitude of accommodation, refractive error, visual acuity and ocular deviation. The push-up method was adopted in order to obtain the amplitude of accommodation. The method consists of Snellen optotypes for near vision 40 cm distant from the eye with corrected ametropia. In this method the patient is oriented to find the best optotype of the chart that could be clearly seen. Then the chart is placed closer to the patient until a blurred vision of the letters is obtained. This distance is converted into diopters, which corresponds to its amplitude of accommodation(9). Automated refraction without cyclopegia was conducted with the Huvitz MRK-3100 Premium refractor. The total hyperopia was evaluated with the same refractor 40 min after the instillation of Cyclopentolate 1%. Over recent years, several studies comparing the cycloplegic effect of various drugs to the required number of drops have proved that the instillation of a drop of Cyclopentolate 1% is sufficient to obtain adequate cycloplegia(10-13). The individuals were requested to return one week after the refractive evaluation for an accommodative effort task. Before the near-vision task, all the individuals answered the asthenopia symptoms survey (ASS), a questionnaire about symptoms of asthenopia, which was translated to Portuguese. The questionnaire consists of eight questions, which involve symptoms during near-vision task (discomfort, headache, eye pain, blurred vision, double vision, burning sensation, eye strain). Each symptom is graded in five points according to its severity(14). The participants were randomly divided into four groups. Each one performed the near-vision task with different corrections: j(20), j(35), j(50) and j(60). The diagrams that relate the amplitude of accommodation with the total hyperopia were used to find a prescription for each group. The right eye underwent a 20-minute near-vision task, consisting of the use of a computer monitor 33 cm distant from the eye, showing a 2.0 mm wide and 3.0 mm long rectangular white line on a black background. The rectangle was programmed to randomly move, every 4 seconds in the same position of its geometric center, in the following directions: vertical, horizontal, and diagonal. The patients were requested to read the rectangle and inform its direction. This modality was chosen because of the fact that it was ensured that the individuals evaluated kept focusing on their target during most part of the time in order that the blur could be identified as the patient’s difficulty to define the 227 directions. Furthermore, the eye movement effort, which is commonly used in reading, was eliminated in order to evaluate the symptoms related solely to accommodation. By means of monocular testing, we minimized the convergence effort. In order to minimize the dry-eye effect, all the patients received one drop of carmellose sodium 5mg/ml on both eyes before the near-vision task. Astigmatism was completely corrected with cylindrical lens. The average luminance in the monitor position was of 290 Lux, measured with the digital CEL luxmeter, model LD-511. The data was registered on a formulary containing information about the symptoms experienced (headache, blurred vision, double vision, pain, burning sensation, eye strain) and the moment when they occurred. Each of the five symptoms was classified into a scale from 0 to 1, taking into account the time (T) when the symptom appeared. Thus, punctuation 0 means that the symptom did not occur during the 20-minute test; the punctuation tends to the maximum of 1 when the symptom occurs at the very beginning of the test. The resulting asthenopia score was the sum of the punctuation of all the symptoms: Asthenopia Score during the task = Σ (1 – T/20) The IBM SPSS Statistics® software version 18 for Windows was used in the data analysis. ANOVA (analysis of variance), Turkey HSD test and linear regression were used. A significance level of 5% was adopted. The project was approved by the Research Ethics Committee from Paraíba-Brazil (Protocol ID: 652.767). The patients’ identification data were kept confidential during their collection and they were not exposed in the study. Informed consent was obtained. RESULTS Sixty-nine individuals were evaluated (30 male and 39 female). The average age was 26.77, with standard deviation of 6.975. The linear regression showed that the variables age (r = 0.006), total hyperopia (r = 0.109) and the difference between static and dynamic refraction measured by autorefractor (r = 0.135) did not obtain significant linear relationship to the asthenopia score. The factor that contributed the most to the prediction of the symptoms was the Asthenopia Symptoms Survey ASS (r = 0.39), which corresponded to a direct and positive relation (figure 1). Figure 1: Graph of linar regression that shows the relation between the asthenopia symptoms score during the test (r=0,39) and the asthenopia symptoms survey (ASS) Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd227 25/5/2015, 14:47 228 Costa JCL , Martins IBS, Nóbrega LTA, Medeiros MON, Palitot LM, Dias MBC, Dias TJ There was not a linear relationship between the groups and the asthenopia score during the task, but there was a significant decrease in the asthenopia score between the j(20) and j(35) groups, remaining unchanged after the j(35) (figure 2). Figure 2: Graph the relates the symptoms scores during the nearvision task (mean and confidence interval) the groups tested Analysis of variance (one-way ANOVA) and Turkey HSD test revealed a statistical difference between level of accommodation and the asthenopia score (F-value = 5.553; p = 0.002). The tests show difference between groups j(20) and j(35) (p=0.03). The ANOVA also shows difference between j(20) and j(50) (p=0.033). The Groups j(20) and j(60) were statistically different as well (p=0.005), but there was no difference in the following analysis: j(35) versus j(50) (p=0,870), j(35) versus j(60) (p=0.999), j(50) versus j(60) (p=0.931), (table 1). The j(20) group was paired with the other groups concerning their gender and age, without interference of such factors. Analysis of variance (one-way ANOVA) showed no significant difference between groups concerning the intensity of hyperopia (F-value = 1.445; p = 0.238). Table 1 Relation between the level of accommodation and the variables age, gender and asthenopia score during the nearvision task. One-way ANOVA showed difference between group j(20) and the other groups concerning the asthenopia score (F-value = 5,553; p = 0,002) Group n Age in years (mean ±SD) Gender M F 20% of accommodation in reserve: j(20) 17 27.80 (±6.66) 8 9 1.479 (±0.31) 35% of accommodation in reserve: j(35) 19 30.13 (±5.18) 7 12 0.786 (±0.735) 50% of accommodation in reserve: j(50) 17 24.93 (±7.92) 8 9 0.932 (±0.534) 60% of accommodation in reserve: j(60) 16 24.20 (±6.85) 7 9 0.812 (±0.591) DISCUSSION The value of total hyperopia and the difference between the pre-cycloplegia and the post-cycloplegia refraction measured by the autorefractor were not associated to the symptoms presented during near vision effort. In his book, Duke-Elder states that symptoms do not appear in the proportion of severity of causal defect. The symptoms vary from individual to individual, reaching surprising levels without any apparent cause(1). Among the variables of the study, the one that contributed the most to the linear prediction of the symptoms was the Asthenopia Symptoms Survey (ASS). The pre-test complaint scores had a positive relation with the complaints during the test, regardless of the group tested. Thus, it is possible to conclude that some research on the symptoms of asthenopia during anamnesis is valid in order to help in the refraction and prescription of glasses for near vision. There was no linear relationship between the treatment groups and the asthenopia score during the near vision task. Nevertheless, it could be concluded, from the results, that the prescription of lenses over j (35) considerably reduces the symptoms of asthenopia. Hence, there are no guarantees that the prescription of highly positive lenses, such as the prescription over j(50), will reduce more the patients’ symptoms of asthenopia. We will illustrate the findings of the results into the following example: a 25-year-old individual (amplitude of accommodation of 8.5 D), with total hyperopia of +3.0 D spherical, has a correction of +0.50 D spherical in diagram J35 (Figure 3); the same individual presents a correction of +1.75 D spherical in diagram J50 for near vision lenses. The results pointed out significant improvement in +0.50 D or over lenses prescription. The prescription of highly positive lenses, namely over +1.75 D, does not ensure improvement in relation to +0.50 D. Therefore, it is possible to infer that, in isolation, the power of accommodation does not explain the symptoms of asthenopia in a linear way. The use of extrinsic muscles was minimized by the test methodology, reducing the biases of the variable in the study. Several studies in the medical literature search for other factors as the causes of eye strain. Studies have shown the effects of psychological and environmental factors, such as stress at work, burnout, luminous intensity, thermal comfort in the ocular complaints at work(15-17). The discovery of this effect may have an ergonomic influence on health, safety and comfort conditions. The complaints during the test could be interpreted as the result of the uninterrupted use of accommodation for 20 min. It is important that longer accommodative effort tests be performed and that new studies aim at evaluating the appearance of symptoms due to prolonged accommodative effort or with pauses for resting. We conclude, therefore, that the accommodative effort, in isolation, does not explain the symptoms presented by patients; however, there is significant reduction in the asthenopia score when leaving 35% or more of the amplitude of accommodation Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd228 Asthenopia score during the task (mean ±SD) 25/5/2015, 14:47 Correlation between the use of the accommodation and symptoms of asthenopia in hyperopic patients in reserve. It was also concluded that the symptoms of asthenopia are not associated to the severity of the hyperopic refractive error. The search for symptoms before the near vision task was the factor that correlated the most with the symptoms during 229 the accommodative effort test, revealing the importance of searching for complaints about asthenopia during anamnesis, which can help ophthalmologists with prescriptions of glasses for hyperopic patients with asthenopia. Figure 3: Diagrams J(20), J(35), J(50) and J(60); colored cell: diopter is zero or negative, it may not be prescribed for hyperopia; blank cell: diopter is positive, it may be prescribed for hyperopia Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd229 25/5/2015, 14:47 230 Costa JCL , Martins IBS, Nóbrega LTA, Medeiros MON, Palitot LM, Dias MBC, Dias TJ ACKNOWLEDGEMENTS We are very grateful to translators Rodrigo Araújo e Castro and Raquel Rossini Martins Cardoso. REFERENCES 1. Duke-Elder S. Refração Prática. Rio de Janeiro: Rio Med Livros; 1997. 2. Wolffsohn JS, Sheppard AL, Vakani S. Davies LN. Accommodative amplitude required for sustained near work. Ophthalmic Physiol Opt. 2011;31(5):480-6. 3. Donders FC. On the anomalies of accommodation and refraction of the eye. Boston: Milford House; 1972 4. Yanoff M, Duker JS. Oftalmologia. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011. 5. Alves AA. Refração. 5a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2008. 6. Abdi S, Lennerstrand G, Pansell T, Rydberg A. Orthoptic findings and asthenopia in a population of Swedish schoolchildren aged 6 to 16 years. Strabismus. 2008;16(2):47-55. 7. Hasebe S, Graf EW, Schor CM. Fatigue reduces tonic accommodation. Ophthalmic Physiol Opt. 2001;21(2):151-60. 8. Kasthurirangan S, Vilupuru AS, Glasser A. Amplitude dependent accommodative dynamics in humans. Vision Res. 2003;43(27):2945-56. 9. Duane A. Normal values of the accommodation at all ages. JAMA. 1912; 59(2):1010–13. 10. Celebi S, Aykan U. The comparison of cyclopentolate and atropine in patients with refractive accommodative esotropia by means of retinoscopy, autorefractometry and biometric lens thickness. Acta Ophthalmol Scand. 1999;77(4):426-9. 11. Hertwig RV, Netto AL , Souza-Dias CR. Acomodação residual sob o efeito cicloplégico do cloridrato de ciclopentolato a 1%. Arq Bras Oftalmol. 1994;57(6):407-10, 12. Stolovitch C, Loewenstein A, Nemmet P, Lazar M. Atropine cycloplegia: how many instillations does one need? J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1992;29(3):175-6. 13. Pinheiro RK, Netto AL . Estudo comparativo da acomodação residual após instilação de colírios de tropicamida a 1%, ciclopentolato a 1% e associação de tropicamida a 1% + ciclopentolato a 1%. Arq Bras Oftalmol. 2000;63(6): 475-9. 14. Chatterjee D, Kothari M, Mody K. Anomalies of accommodation, fusion and refraction in patients with low asthenopia symptom survey score. AIOC Proceedings; 2010. 15. Ostrovsky A, Ribak J, Pereg A, Gaton D. Effects of job-related stress and burnout on asthenopia among high-tech workers. Ergonomics. 2012;55(8):854-62. 16. Azmoon H, Dehghan H, Akbari J, Souri S. The relationship between thermal comfort and light intensity with sleep quality and eye tiredness in shift work nurses. J Environ Public Health. 2013;2013:639184. 17. Ustinaviciene R, Januskevicius V. Association between occupational asthenopia and psycho-physiological indicators of visual strain in workers using video display terminals. Med Sci Monit, 2006; 12(7): CR296–301. Corresponding author José Faustino Cavalcanti 700, Pedro Gondim, João Pessoa (PB), Brazil Zip code: 58031180 Phone: +55 (83) 8808-2328 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 225-30 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd230 25/5/2015, 14:47 ARTIGO ORIGINAL 231 Alterações palpebrais: frequência de ocorrência e perfil dos portadores em amostra populacional brasileira Eyelid disorders: frequency of occurrence and profile of carriers in a brazilian population sample Ana Cláudia Viana Wanzeler1, Marjorie Fornazier do Nascimento1, Roberta Lilian Fernandes Sousa1, Carlos Roberto Padovani2, Silvana Artioli Schellini1 RESUMO Objetivo: Apresentar a frequência de ocorrência das alterações palpebrais em uma amostra populacional brasileira, assim como as características de seus portadores. Métodos: Estudo transversal utilizando amostra populacional aleatorizada, realizado nos anos de 2004/2005, em nove cidades da região centro-oeste do estado de São Paulo. Foram examinadas 7654 pessoas sendo os participantes avaliados segundo variáveis demográficas e exame oftalmológico completo. As alterações palpebrais foram avaliadas por meio de exame externo usando lanterna e lâmpada de fenda. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente. Resultados: As alterações palpebrais como a triquíase e o ectrópio foram mais relacionadas às características homens, brancos, queixa de redução de acuidade visual para perto. Foi realizado tratamento cirúrgico em 72,7% das triquíases detectadas, assim como 28,5% dos ectrópios. Já os casos de ptose palpebral foram relacionados ao sexo feminino, brancas, com queixa de diminuição da acuidade visual para perto e 26,3% necessitaram de cirurgia. Entrópio foi detectado em um caso, masculino, branco e epibléfaro foi observado em um indivíduo do sexo feminino, parda. Conclusão: A alteração palpebral mais presente na população geral brasileira é a triquíase, seguida da ptose palpebral e do ectrópio. Os autores chamam a atenção para o fato de os portadores não possuírem queixas relacionadas às alterações palpebrais. Descritores: Doenças palpebrais/epidemiologia; Estudos populacionais; Brasil ABSTRACT Purpose: To show the frequency of occurrence of the eyelid disorders in a brazilian population sample, as well as the characteristics of the carriers. Methods: A transversal study using a random population sample was carried out in the years 2004/2005, involving nine cities of the middle west region of the State of São Paulo - Brazil. We had 7654 participants which were evaluated according to demographic variables and complete ophthalmological examination. The eyelid disorders were detected using a lantern and slit lamp. Data were statistically analyzed. Results: Eyelid disorders such as of trichiasis and ectropion were more related to the characteristics men, whites, complaining of reduced near visual acuity and 72.7% of trichiasis underwent surgical treatment, as well as 28.5% of patients with ectropion. Ptosis was related to the females, whites, complaining of reduced near visual acuity and 26.3% required surgery. Entropion was detected only in one case, male, white and a case of epiblepharon was observed in a female, brown. Conclusion: the most frequent palpebral disorder observed in the brazilian general population is trichiasis, followed by ptosis and ectropion. The authors call attention to the fact that carriers do not have complaints related to the eyelid disorders. Keywords: Eyelid diseases/epidemiology; Population studies; Brazil 1 2 Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (SP), Brasil; Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (SP), Brasil. Trabalho realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 07/10/2014 - Aceito para publicação em 16/03/2015 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 231-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd231 25/5/2015, 14:47 232 Wanzeler ACV, Nascimento MF, Sousa RLF, Padovani CR, Schellini SA INTRODUÇÃO A s pálpebras fazem parte do mecanismo protetor dos olhos e são estruturas compostas por tecidos muito delicados que se movimentam constantemente, com possibilidade de sofrerem alterações em decorrência de fatores externos ou alterações próprias da senilidade, com instalação de deformidades (1) . Possuem em sua composição glândulas sudoríparas e sebáceas, além de cílios que são folículos pilosos diferenciados que crescem com convexidade que os afasta dos olhos, de forma que a base do folículo está próxima e a extremidade mais distante do bulbo ocular(2). A manutenção das pálpebras apostas ao bulbo ocular é importante para a integridade e distribuição do filme lacrimal. Quando ocorre a eversão, a inversão da margem palpebral, ou mesmo a perda da convexidade dos cílios, o bulbo ocular sofre pela falência do mecanismo protetor, com possibilidade da instalação de inflamações e infecções da margem ou da superfície ocular, o que realça a importância do posicionamento normal das pálpebras (3). Não há dados da presença e da distribuição das alterações do posicionamento palpebral na população geral. Estão disponíveis dados relativos às alterações palpebrais em amostras de conveniência, assim como em idosos, o que levou a realizar este estudo, desenvolvido com o objetivo de descrever as alterações palpebrais mais encontradas em uma amostra populacional aleatorizada, assim como as características demográficas dos portadores. MÉTODOS Foi feita a análise das alterações de posicionamento palpebral tendo como base dados obtidos em estudo transversal, de amostra populacional aleatorizada, realizado entre março de 2004 e junho de 2005, em nove cidades da região centro-oeste do Estado de São Paulo. O protocolo da pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). Os participantes foram determinados por sorteio, levando em conta o local de moradia, seguindo os setores censitários do IBGE (Censo, 2000). Foi estabelecido o tamanho amostral 8010 indivíduos, dos quais foram examinados 7654 pessoas. O tamanho amostral foi baseado no número total de habitantes da região do estudo e na prevalência de cegueira e baixa visão na população analisada. Os sujeitos da pesquisa foram convidados a participar e uma consulta foi agendada, sendo a abordagem feita utilizando uma Unidade Oftalmológica Móvel. Foram registrados dados de identificação dos participantes, história clínica, antecedentes oculares e sistêmicos. Em seguida foi realizado o exame oftalmológico completo, com avaliação da acuidade visual (AV) por meio de tabela de Snellen para iletrados, exame externo (usando lanterna de mão), exame em lâmpada de fenda (Shin Nippon SL-203, Japão) e refratometria. Para o presente estudo foi analisada uma subamostra de indivíduos portadores de alterações palpebrais. Quando necessário, os sujeitos receberam tratamento cirúrgico. A triquíase foi definida quando da existência de cílios tocando o olho, em que apesar de implantados na lamela anterior, apresentam-se anormalmente encurvados e dirigidos para superfície ocular(4). Já o ectrópio é o mal posicionamento palpebral caracterizado pela eversão da margem palpebral para longe do bulbo ocular. Entende-se por entrópio palpebral a inversão da borda da pálpebra, levando os cílios a tocarem o globo ocular(1). A ptose palpebral é uma condição em que a borda palpebral superior está situada abaixo da sua posição normal de 2mm, cobrindo o limbo superior em posição primária do olhar(3). Os dados obtidos foram categorizados e transferidos para tabela Excel, recebendo tratamento estatístico para análise de frequência de ocorrência dos fenômenos observados. RESULTADOS A alteração mais observada foi a triquíase, tendo sido detectados 22 casos, com frequência de ocorrência de 0,29%, sendo 59% em homens, 86,3% brancos, idosos, 63,6% com queixa de redução de acuidade visual para perto. O tratamento cirúrgico foi necessário e realizado em 72,7% dos casos. Foram encontrados 19 casos de ptose palpebral, com frequência de ocorrência de 0,24%, 63,1% do sexo feminino, 84,2% brancos, idosos, com queixa de diminuição da acuidade visual (AV) para perto em 52,6% e 26,3% realizaram a cirurgia. O ectrópio foi observado em 14 casos, com frequência de ocorrência de 0,18%, sendo 78,5% do sexo masculino, 100% brancos, idosos, com queixa principal de diminuição da AV para perto (50%) e hiperemia ocular (42,8%), com necessidade de cirurgia em 28,5% dos casos. Entrópio foi detectado em um caso, masculino, branco e um caso de epibléfaro, sexo feminino, parda (tabela 1). A frequência de ocorrência destas duas afecções foi de 0,01%. Para todas as afecções detectadas exceto a ptose palpebral, a pálpebra inferior foi a mais afetada. Tabela 1 Frequência de ocorrência de alterações palpebrais na região centro-oeste do Estado de São Paulo Alteração Nº casos Gênero Cor Ectrópio Ptose Triquíase Entrópio Epibléfaro 14 19 22 1 1 78,5% masc 63,1% fem 59% masc 100% masc 100% fem 100% 84,2% 86,3% 100% 100% Queixas branco branco branco branco parda BAV PP (50%) / Hiperemia (42,8%) 52,6% BAV PP 63,6% BAV PP 100% Lacrimejamento BAV PP E Hiperemia Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 231-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd232 Tratamento cirúrgico 25/5/2015, 14:47 28,5% 26,3% 72,7% 0% 0% Alterações palpebrais: frequência de ocorrência e perfil dos portadores em amostra populacional brasileira Figura 1: Frequência de ocorrência de alterações palpebrais em habitantes da região centro-oeste do Estado de São Paulo -Brasil DISCUSSÃO O principal valor do presente estudo foi a avaliação ter sido feita em amostra populacional aleatorizada, o que permitiu conhecer a frequência de ocorrência das alterações de posicionamento palpebral na população geral, sem o viés de considerar amostras de conveniência. Conhecer a frequência de ocorrência das alterações palpebrais é interessante devido a características dos indivíduos que habitam em determinada área, assim como é importante para planejar treinamento em programas de residência médica. A alteração mais encontrada nas pálpebras foi a triquíase que é uma condição adquirida, em geral, decorrente de inflamações crônicas da margem palpebral, como blefarites e meibomites, das doenças conjuntivais cicatrizantes e das anomalias cicatriciais da margem palpebral, associadas ou não a cirurgias prévias(4). As dermatoses, assim como o efeito da radiação solar sobre a delicada pele da pálpebra inferior também são importantes(2), coincidindo em se ter observado a triquíase principalmente em homens, brancos e que muito provavelmente trabalharam expostos ao sol, já que a região do estudo é, prioritariamente, agrícola. Outra causa de triquíase e entrópio é o tracoma, que foi muito prevalente no interior paulista no início do século passado, com a característica de que afeta a pálpebra superior, local onde a placa tarsal é mais larga, havendo relatos da afecção ser mais frequente em mulheres(5,6). A ptose palpebral foi observada em 0,24% da população estudada, predominante no sexo feminino e cor branca. A prevalência de ptose em outra região foi maior que a que observada no presente estudo(7), provavelmente pela idade mais avançada naquele grupo de pacientes ou pelo tipo de seleção que foi proposta para os estudos. Não há dados suficientes disponíveis a respeito da frequência de ocorrência de ptose palpebral, porém sabe-se que há igual frequência entre diferentes raças e entre os sexos(8). A cirurgia foi realizada em apenas 26,3% dos portadores de ptose. O tratamento cirúrgico é mandatório apenas nas ptoses graves e que podem levar a sério deficit funcional(9). O ectrópio corresponde à eversão da pálpebra inferior, podendo ser de causa congênita ou adquirida e o tipo involucional é o mais frequente(10). Estudo envolvendo apenas idosos em São Paulo apontou a prevalência de ectrópio em 2,9%, ao passo que, na população geral, encontramos ectrópio em 0,18%. Foi mais encontrado no sexo masculino e de cor branca, sendo consenso que os homens são mais propensos a apresentar afecções 233 oculares e dos anexos, talvez por exercerem profissões mais expostas aos fatores de risco(11). Vários portadores de ectrópio (42,8%) apresentavam hiperemia ocular, o que pode ser justificado pela concomitância de meibomite, blefarite e ceratite com a posição ectropiada da pálpebra(2,12). No entanto, a cirurgia foi realizada em apenas 28,5% dos casos, muito provavelmente pela não aderência ao tratamento cirúrgico por parte dos portadores que não apresentavam queixas exuberantes. Em relação ao entrópio, verificou-se a frequência de ocorrência de 0,01%, embora outros, avaliando apenas idosos, tenham encontrado entrópio em 2,1%(13). O entrópio involucional é o mais frequente e acomete exclusivamente a pálpebra inferior(14). O epibléfaro tem nítida influência da raça, sendo muito mais frequente em crianças japonesas, com prevalência de 4,3%, sem predileção por sexo, com pálpebras inferiores acometidas e envolvimento bilateral(15). É raro em nosso meio, tendo sido detectado em 0,01% dos participantes do estudo. Por representar uma dobra de pele, na maioria das vezes da pálpebra inferior, que empurra os cílios contra o bulbo ocular(2) e que pode sofrer redução com o crescimento da face, em geral, não sendo necessário o tratamento cirúrgico, assim como ocorreu no indivíduo que fez parte deste estudo. Muito importante é a observação de que a grande maioria dos portadores de alterações de posicionamento palpebral apresentavam queixas relacionadas apenas aos erros refrativos concomitantes, o que valoriza a necessidade de exames oftalmológicos completos. CONCLUSÃO A alteração palpebral mais presente na população geral de uma região do estado de São Paulo foi a triquíase, seguida da ptose e do ectrópio. Os autores chamam a atenção para o fato de os portadores não possuírem queixas relacionadas com as alterações do posicionamento palpebral. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Schellini AS, Zimmermann GPM, Hoyama E, Padovani CR, Padovani CRP. Alterações da margem palpebral associadas ao ectrópio. Arq Bras Oftalmol. 2005; 68(5):619-22. Matayoshi S, Forno EA, Moura EM. Manual de cirurgia plástica ocular. São Paulo: Roca; 2004. Vital Filho J, Cruz AA, Schellini AS, Matayoshi S, Figueiredo AR, Herzog Neto G. Órbita, sistema lacrimal e oculoplástica. 3a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, Guanabara Koogan; 2013. Hirai FE, Shiguematsu AI, Schellini SA, Padovani CR. Tratamento cirúrgico da triquíase maior. Rev Bras Oftalmol. 1998;57(5):357-61. Muñoz B, Bobo L, Mkocha H, Lynch M, Hsieh YH, West S. Incidence of trichiasis in a cohort of women with and without scarring Int J Epidemiol.1999, 28(6):1167-71. Khandekar R, Mohammed AJ. The prevalence of trachomatous trichiasis in Oman (Oman eye study 2005). Ophthalmic Epidemiol. 2007, 14(5):267-72. Van-Langston D. Manual de oftalmologia: diagnóstico e tratamento. 4a ed. Rio de Janeiro: Ed Medsi; 2001. Finsterer J. Ptosis: causes, presentation, and management. Aesthet Plast Surg. 2003;27(3):193-204. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 231-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd233 25/5/2015, 14:47 234 9. 10. 11. 12. 13. Wanzeler ACV, Nascimento MF, Sousa RLF, Padovani CR, Schellini SA Soares EJ, Figueiredo AR, Souza GL, Almeida HC, Oliveira LR, Magalhães MM, Portellinha WM. Blefaroptose. In: Soares EJ, Moura EM, Gonçalves JOR, ed. Cirurgia plástica ocular. São Paulo: Rocca; 1997. p.77-152. Cruz AA, Chahud F, Guimarães FC. Patologias dos anexos oculares. Medicina(Ribeirão Preto). 1997;30(1):36-51. Romani FA. Prevalência de transtornos oculares na população de idosos residentes na cidade de Veranópolis - RS, Brasil. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(5):649-55. Veloso CE, Schellini SA, Padovani CR, Padovani CR. Ectrópio palpebral: características e relação com alterações óculopalpebrais. Rev Bras Oftalmol. 2006;65(3):147-51. Damasceno RW, Osaki MH, Dantas PE, Belfort Jr R. Involutional entropion and ectropion of the lower eyelid: prevalence and associated risk factors in the elderly population. Ophthal Plast Resconstr Surg. 2011;27 (5): 317-20. 14. Kersten RC, Hammer BJ, Kulwin DR. The role of enophthalmos in involutional entropion. Ophthal Plast Reconstr Surg. 1997;13(3):195-8. 15. Hayasaka Y, Hayasaka S. Epiblepharon with inverted eyelashes and high body mass index in Japanese children. J Pediatr Ophthalmol Strab. 2005;42 (5):300-3. Autor correspondente: Ana Cláudia Viana Wanzeler Rua Antônio Amando de Barros, nº 241 CEP 18601-260 – Botucatu (SP), Brasil E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 231-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd234 25/5/2015, 14:47 ARTIGO ORIGINAL235 Percepção do paciente portador de glaucoma e os diferentes tipos de tratamento (clínico versus cirúrgico) Patient’s perception on glaucoma and different types of treatment (medical versus surgical treatment) Augusto Alves Pinho Vieira1, Ricardo Augusto Paletta Guedes2, Rita de Cássia Padula Alves Vieira3, Vanessa Maria Paletta Guedes4 RESUMO Objetivo: Identificar a percepção dos pacientes sobre o significado de ser portador de glaucoma e a percepção que tem sobre o tratamento clínico ou cirúrgico. Métodos: Para a coleta dos dados utilizou-se a pesquisa qualitativa através da estratégia de grupos focais realizados com pacientes em tratamento clínico (grupo 1) e pacientes submetidos à cirurgia antiglaucomatosa (grupo 2). A análise e a interpretação dos resultados foram feitas pela técnica da análise de conteúdo. Resultados: O medo da cegueira e a desinformação sobre a doença foram os aspectos negativos mais encontrados com relação a ser portador de glaucoma. O grupo cirúrgico preferiu a situação atual quando comparada à necessidade do uso de medicação. Verificou-se que tanto o glaucoma quanto o seu tratamento impactaram profundamente esses pacientes e que, embora a preocupação com a doença ainda persista, os pacientes operados demonstraram apresentar menos impacto no seu cotidiano. Foram determinantes para a aceitação da indicação da cirurgia a falta de controle da doença e a confiança no médico, sendo esta última considerada um fator primordial nos dois grupos pesquisados, o que aponta para sua importância, independente da decisão tomada pelo paciente na convivência com sua doença. Conclusão: Identificaram-se os aspectos negativos mais relevantes com relação ao glaucoma e ao seu tratamento. A confiança na correta indicação do tipo de tratamento, clínico ou cirúrgico, e uma relação sólida entre o paciente e o médico são os fatores determinantes para uma maior tranquilidade dos pacientes em tratamento de glaucoma (clínico ou cirúrgico). Descritores: Glaucoma de ângulo aberto/psicologia; Glaucoma de ângulo aberto/terapia; Glaucoma de ângulo aberto/cirurgia; Qualidade de vida ABSTRACT Objective: To identify the meaning and impact on their quality of life of having glaucoma and to understand the patients’ perception on the different types of treatment (medical or surgical). Methods: Through a qualitative research, focus groups were conducted with patients in clinical treatment (group 1) and patients who underwent glaucoma surgery in both eyes and were without medication (group 2). The responses were analyzed using the technique of content analysis. Results: Fear of blindness and lack of information about the disease were the most cited issues in relation to how it is like to having glaucoma. Medication costs, impact of drops on patients’ daily lives and the side effects were the main points discussed in relation to medical treatment. All patients in the surgical group preferred the current situation (without medication) when compared to the need for chronic use of medication. In the two groups, both glaucoma and its treatment had a profound impact on people, not only from a psychological standpoint, but also affecting their daily lives. Patients operated on for glaucoma appear to have less impact on their daily lives, but the concern about the disease persists. Conclusion: We identified the most significant negative aspects of glaucoma and its treatment from patients’ perspectives. Confidence in the correct indication of the type of treatment, clinical or surgical, and a solid relationship between the patient the doctor are determining factors for extra peace of mind of patients being treated for glaucoma. Keywords: Glaucoma, open-angle/psychology; Glaucoma, open-angle/therapy; Glaucoma, open-angle/surgery; Quality of life 1 2 3 4 Fundação Hilton Rocha – Belo Horizonte (MG), Brasil; Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Brasil; Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (MG), Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (MG), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 04/03/2015 - Aceito para publicação em 29/03/2015 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd235 25/5/2015, 14:47 236 Vieira AAP, Guedes RAP, Vieira RCPA, Guedes VMP INTRODUÇÃO A manutenção e/ou melhoria da qualidade de vida, a um custo aceitável, deve ser encarada como a maior meta do tratamento do glaucoma(1,2). A qualidade de vida está intimamente relacionada com o estágio de dano da função visual do paciente; o impacto psicológico da doença e de seu tratamento; a relação médico-paciente; o custo e os efeitos indesejáveis do tratamento; a independência para realizar tarefas domésticas e de trabalho, tais como dirigir e ler; a inconveniência das aplicações de colírios; e a descrença em sua verdadeira utilidade e eficiência, frutos da desinformação(3-11). Para se atingir de maneira adequada e eficiente o objetivo do tratamento do glaucoma, configura-se de fundamental importância a educação do paciente e aconselhamento por parte do médico na busca pelo estabelecimento de um regime terapêutico capaz de transpor as seguintes barreiras: idade, etnia, gênero e classe social(2,4). Existem, ainda, outros fatores mais subjetivos, que possam servir como barreiras ao tratamento proposto, tais como: valores, crenças e cultura dos pacientes(11,12). Basicamente o tratamento do glaucoma é feito através do controle adequado da pressão intraocular e pode ser realizado através de medicamentos (colírios), laser ou cirurgia(13). As diretrizes para tratamento do glaucoma aconselham iniciar o tratamento sempre através de colírios e, classicamente, a cirurgia é deixada para os casos onde o tratamento clínico não está bem indicado (intolerância, custo, baixa aderência e persistência) ou não é suficiente(14,15). Não há evidência na literatura de qual o tipo de tratamento para glaucoma seja preferível por parte dos pacientes. Qual o impacto de ser portador de glaucoma para o paciente? O que ele pensa sobre o tratamento? De que forma encara a possível necessidade da cirurgia e como esta influencia o tratamento? Estes são alguns exemplos de questões que seriam muito difíceis de serem respondidas através de uma metodologia quantitativa. Na literatura médica são praticamente ausentes estudos qualitativos que procuram elucidar as crenças e os valores atribuídos pelos próprios pacientes portadores de glaucoma ao tipo de tratamento (clínico ou cirúrgico) proposto pelo médico. Este estudo buscou identificar, sob a perspectiva dos pacientes, o significado de ser portador de glaucoma, privilegiando o impacto dessa doença na sua qualidade de vida e a percepção (valores, crenças, medos) que tinham sobre o tipo de tratamento (clínico versus cirúrgico). MÉTODOS O método proposto para a realização deste estudo baseiase nos pressupostos da pesquisa qualitativa, onde se trabalha com as noções de significado, crenças, aspirações, motivos, valores e atitudes, visando uma aproximação com o objeto de estudo, conforme proposto por Minayo(16). O campo de estudo escolhido foi uma clínica privada especializada em glaucoma, sendo que o projeto de pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (SCMJF), através do Parecer nº 040/2011. Como estratégia metodológica para coleta de dados, este estudo utilizou grupos focais (discussões e exposições de ideias em grupo) e entrevistas semiestruturadas individuais, quando necessárias, utilizadas para complementar os dados obtidos durante a discussão em grupo. Os dados clínicos dos pacientes foram obtidos através da análise de seus prontuários médicos e serviram para caracterizar os participantes da pesquisa. Os grupos estudados constituíram-se de pacientes em tratamento clínico (grupo 1) e de pacientes que haviam sido submetidos à cirurgia antiglaucomatosa (grupo 2), sendo que os critérios de inclusão no estudo foram: pacientes maiores de 21 anos, portadores de glaucoma primário de ângulo aberto controlado e em estágio avançado (índice Mean Deviation da campimetria computadorizada < -12,00 dB) em pelo menos 1 olho. No grupo 1 os pacientes estavam em uso contínuo de colírio antiglaucomatoso em ambos os olhos e no grupo 2 haviam sido submetidos à cirurgia em ambos os olhos há pelo menos um ano. Foram excluídos aqueles pacientes que tinham sido operados e que tinham retornado ao uso crônico de colírios antiglaucomatosos, assim como pacientes que não estavam com sua doença considerada controlada pelo médico assistente (tabela 1). A seleção dos pacientes que preenchiam os critérios de inclusão foi feita através de convites aos mesmos, assim que compareciam a consulta, consecutivamente, até completar o número de 10 pacientes por grupo. Todos os sujeitos da pesquisa leram, concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SCMJF. Para a realização do grupo focal, utilizou-se um roteiro de perguntas previamente elaborado, baseado em questões norteadoras (exemplo: Como você lida com o fato de estar com glaucoma? O que você pensa sobre o tratamento? De que forma você encara a necessidade de cirurgia e como esta influencia o tratamento?). As perguntas foram previamente testadas junto a pacientes com as mesmas características dos futuros sujeitos participantes da pesquisa. As reuniões com os grupos ocorreram em dias diferentes, e a coleta de dados foi interrompida ao se atingir o “ponto de saturação”, ou seja, quando se tornaram recorrentes as informações obtidas durante as dinâmicas de grupos e as entrevistas. Os debates e entrevistas foram gravados em mídia eletrônica, sendo posteriormente transcritos de forma literal. O conteúdo obtido foi organizado e categorizado, juntamente com os da pesquisa documental, a partir de operacionalização sintetizada em Minayo(16), que consiste em três etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Os procedimentos para a análise dos dados tiveram como base a técnica de análise de conteúdo. Por fim, buscou-se relacionar os dados obtidos com o referencial teórico adotado, no sentido de se apreender a percepção dos sujeitos da pesquisa frente à questão central deste trabalho, ou seja, a percepção dos sujeitos pesquisados sobre o glaucoma e seu tratamento. RESULTADOS Dos 10 pacientes selecionados para compor a amostra em cada grupo, somente 9 compareceram no dia da reunião. As características de cada um dos participantes estão descritas na tabela1, sendo que os sujeitos participantes do grupo 1 encontram-se codificados por números (1 a 9), e os do grupo 2 por letras (‘A’ a ‘I’). Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd236 25/5/2015, 14:47 Percepção dos pacientes portadores de glaucoma sobre sua doença e os diferentes tipos de tratamento (clínico versus cirúrgico) 237 Tabela 1 Características dos participantes da pesquisa Grupo 1: Tratamento clínico Idade (anos) Etnia 75 63 69 65 93 72 63 72 83 Branca Negra Negra Negra Branca Branca Branca Branca Branca Grupo 2: Tratamento clínico Idade (anos) Etnia Sexo Paciente A Paciente B Paciente C Paciente D Paciente E Paciente F Paciente G Paciente H Paciente I 78 59 80 55 81 47 70 68 58 Negra Negra Branca Branca Branca Branca Branca Branca Branca M F F M F M F F F Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5 Paciente 6 Paciente 7 Paciente 8 Paciente 9 Sexo Escolaridade M F F F F M F M M 2º grau 1º grau 3° grau 1º grau 1º grau 3º grau 1º grau 1º grau 3º grau Escolaridade 1º 1º 2º 3º 2º 1º 3º 2º 1º grau grau grau grau grau grau grau grau grau Tempo de descoberta da doença (anos) 7 3 10 11 2 4 15 1 20 Tempo de descoberta da doença (anos) 12 25 16 13 6 34 26 30 10 Número de gotas por dia por olho 5 3 1 5 6 3 6 3 3 Número de gotas por dia por olho 2 5 3 3 2 5 5 4 3 M: Masculino / F: Feminino O discurso médico e o senso comum contribuem, simultaneamente, para a significação do “estar com glaucoma”, traduzido, de forma unânime, pelo medo da cegueira, mencionado várias vezes pelos sujeitos entrevistados (tabela 2). Alguns pacientes relataram desconhecimento sobre o glaucoma antes de ser diagnosticado com a doença. Falas do tipo: “Assustei por não conhecer” (paciente 1); “Eu nunca tinha ouvido falar em determinada enfermidade” (paciente 1) são exemplos de como o desconhecimento pode gerar um impacto negativo ainda maior no diagnóstico do glaucoma. Tabela 2 Exemplos de falas sobre o tema “estar com glaucoma” Paciente 4 “No início, fiquei muito preocupada com a cegueira. Tinha dificuldade de ler.” Paciente 5 “Muita preocupação em ficar cega. Medo de tombo, tinha muita preocupação mesmo,” Paciente 8 “Eu ouvia falar que o glaucoma era cegueira certa, mas o médico falou que não era nada disso não.” Paciente 9 “Eu fiquei muito preocupada, né? Porque minha mãe morreu cega.” Os pacientes se referiram à renúncia de atividades que lhe traziam prazer ou que faziam parte da sua rotina como uma mudança de difícil aceitação. Alguns exemplos estão a seguir: “Parei de trabalhar mais cedo do que eu queria. Dirigir, por exemplo, eu sempre quis tirar carteira, mas nunca tive condição” (paciente 6); “Quando eu descobri que eu tinha glaucoma, eu tive que parar de trabalhar e hoje eu não trabalho mais, sabe.....” (paciente 7). Durante as reuniões dos grupos focais, as falas sobre o uso dos colírios foram recorrentes, mesmo nos pacientes que haviam sido submetidos à cirurgia e não estavam mais os utilizando. A necessidade de uso crônico de colírio gerou discussões fomentadas pela preocupação em dependerem de um medicamento custoso, além do incômodo representado pela mudança de rotina devido aos cuidados envolvidos no correto uso do colírio. Os pacientes do grupo clínico foram os que mais se expressaram em relação ao custo do tratamento medicamentoso. Todos os pacientes deste grupo foram unânimes ao relatar os problemas relacionados ao uso crônico da medicação. A tabela 3 traz alguns exemplos de falas sobre a percepção dos pacientes sobre a rotina do tratamento crônico com colírios. O tratamento farmacológico passa a se constituir em desconforto necessário, de acordo com as falas de todos os pacientes entrevistados. No grupo clínico, a convivência com o colírio é considerada uma dependência da qual reclamam, alegando a preocupação com o esquecimento ou a dificuldade de deslocamento por causa da necessidade da conservação em geladeira de alguns medicamentos. A preocupação com os horários foi dominante, chegando alguns a afirmar que recorrem a recursos os mais diversos e criativos, como o uso de cartazes ou de timer. No grupo cirúrgico nota-se uma espécie de libertação em relação a tal rotina. Esse grupo demonstrou satisfação com a liberdade que a cirurgia proporcionou, porém persistiu a preocupação com a doença e com a possível necessidade de retorno do uso da medicação. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd237 25/5/2015, 14:47 238 Vieira AAP, Guedes RAP, Vieira RCPA, Guedes VMP Tabela 3 Tabela 4 Exemplos de falas sobre as dificuldades e as preocupações com o tratamento clínico do glaucoma Exemplos de falas sobre a percepção dos pacientes sobre o tratamento cirúrgico Paciente 2 “Além do preço, o que eu acho um absurdo é a quantidade que vem. A quantidade é mínima! Se a gente perde uma gota, uma gota vale ouro!” Paciente A “...de qualquer jeito eu optaria pela cirurgia...colírio é caro e você vai ficar usando e não tá resolvendo o caso da pressão.””...o médico me passou segurança.” Paciente 3 “De um mês para cá, situação difícil, três usando colírios” (na família). Paciente B “...eu prefiro mesmo a cirurgia. E confiar primeiro em Deus e depois no médico.” Paciente 4 “Mas tá tão caro, tão caro, que por mim mesma, eu vim e falei com a médica se não poderia trocar os remédios” Paciente D Paciente 2 “Eu deixo os meus colírios em duas prateleiras, nos banheiros...e com um cartaz!” Paciente 6 “Para mim, é ruim o tal de usar o colírio de dez em dez minutos. Eu uso o timer...para o tal do horário.” “...a cirurgia é o último estágio.” “Então eu acho que existem muitos fatores nisso aí. (Nota dos autores: em relação à indicação do tratamento), principalmente a confiança entre o paciente e o médico. Muitas vezes mais importante que o tratamento clínico ou cirúrgico é o médico.” Paciente E “...depois da cirurgia estou melhor porque eu acho que tirei um mal....” “E quando a gente encontra um médico que dê atenção a gente, que fale claramente, objetivamente. A gente confia e segue em frente.” Paciente F “...eu tenho mais confiança na cirurgia. A cirurgia cortou o mal pela raiz.” Paciente G “...meu olho ficava muito vermelho quando eu pingava os colírios. Prefiro a cirurgia.” “...no meu caso foi que os colírios não esta vam fazendo efeito, então tive que partir para a cirurgia. Mas sempre encarando com firmeza mesmo, porque eu sabia que Deus e o médico estavam comigo.” Paciente H “Os colírios não estavam mais funcionando para mim ... medo de ficar cega.” “A gente tem que confiar é no médico.” Paciente I “...sou alérgica aos colírios. Não posso usar colírio nenhum! Então eu tive que fazer cirurgia sabe...” “...eu também prefiro a cirurgia, porque na doutora, confio muito. Primeiro em Deus, depois nela.” Paciente 8 “Nesse sentido, de pingar, esse negócio do colírio de pingar em tal hora me incomodou muito e me incomoda até hoje.” A tabela 4 apresenta exemplos de falas sobre a percepção dos pacientes a respeito do tratamento cirúrgico do glaucoma. Os efeitos adversos foram lembrados pelos pacientes pertencentes ao grupo cirúrgico, tais como: gosto amargo, visão embaçada após a instilação, olho seco e alergia, confirmados pelos pacientes do grupo clínico, que ainda fazem uso crônico dos mesmos. Para os pacientes do grupo de tratamento cirúrgico, a principal motivação para a realização da cirurgia foi a indicação médica, diante da incapacidade do controle do glaucoma somente com a medicação tópica. O medo de ficar cego, mesmo estando em tratamento com colírios, levou os pacientes a aceitarem a indicação cirúrgica como opção válida. DISCUSSÃO Na busca pela compreensão do significado de “estar com glaucoma”, devem ser considerados outros aspectos, além dos biológicos, fisiológicos e do tratamento do corpo doente. O portador do glaucoma assimila o que a sociedade lhe oferece em termos de valores, informações, ideais, teorias, construindo a partir desse arsenal sua própria história, tornando-se um ser sóciohistórico-cultural(17,18). Frequentemente valoriza-se mais a avaliação visual em si (dados clínicos do exame oftalmológico) do que o impacto da perda visual, ou mesmo a ameaça que essa perda possa ter nas vidas destas pessoas, pois “estar com glaucoma” é o mesmo que não mais ser produtivo, não mais ser independente, se ver diante do desconhecido, situações que o paciente passa a temer. A falta de informação sobre a doença e o medo da cegueira foram temas bastante abordados pelos pacientes deste estudo. “Estar com glaucoma” para alguns pacientes significava a certeza de cegueira e a desinformação se tornava geradora de ansiedade e medo em relação à doença. A educação sobre a doença se torna importante, não só para o paciente já diagnosticado com a doença, mas também para a população em geral. Uma sociedade mais consciente sobre o glaucoma ajudaria a diminuir o impacto psicológico do “estar com glaucoma”. O tratamento clínico do glaucoma pode, paradoxalmente, comprometer a qualidade de vida do paciente. Necessidade de uso crônico de medicação, possibilidade de efeitos colaterais, preocupações e ansiedades à respeito da rotina diária do tratamento são alguns exemplos, citados pelos pacientes do presente estudo, a respeito do impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes usuários crônicos de colírios. Outro fator não menos importante é o custo do tratamento. Falas do tipo “gota que vale ouro” foram recorrentes durante as entrevistas. A necessidade de sacrificar parte do orçamento familiar também tem um impacto grande, uma vez que o paciente abre mão de atividades Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd238 25/5/2015, 14:47 Percepção dos pacientes portadores de glaucoma sobre sua doença e os diferentes tipos de tratamento (clínico versus cirúrgico) consideradas “extras”. Tais atividades, que dependeriam de parte de seu salário, agora comprometido com a medicação, poderiam representar melhoria da mesma qualidade de vida. Neste contexto, incluem-se viagens, alimentação diferenciada, lazer dentre outras. O glaucoma, com seu curso crônico, exige acompanhamento e tratamento prolongados, aliados a um elevado custo que pode comprometer 25% ou mais da renda familiar do paciente. Um estudo brasileiro apontou que a falta de recursos financeiros foi apontada por 47,6% dos entrevistados como a principal causa da interrupção do tratamento, dificultando a adesão e sendo responsável pela perda do campo visual(8). As dificuldades em usar o colírio se somam ao custo propriamente dito, uma vez que cada gota perdida deve ser novamente administrada. Estudos que comparam os diferentes tipos de tratamento do glaucoma utilizando a qualidade de vida como desfecho são raros. Estimulados pela impressão clínica de que pacientes operados de glaucoma teriam uma melhor qualidade de vida do que aqueles em uso crônico de colírios, pesquisadores nos Estados Unidos (Collaborative Initial Glaucoma Treatment Study – CIGTS) randomizaram pacientes recém-diagnosticados com glaucoma para tratamento clínico ou cirúrgico (trabeculectomia). Ambos os grupos apresentaram piores índices de qualidade de vida logo após o diagnóstico. Os índices foram melhorando ao longo do acompanhamento (9 anos), demonstrando que os pacientes tendem a se acostumar com a doença e seu tratamento. Os pacientes do grupo cirúrgico apresentaram discreta piora de qualidade de vida na fase de pós-operatório precoce, ligada diretamente aos efeitos locais da cirurgia. Em longo prazo, os índices de qualidade de vida não apresentaram diferenças(19). No Brasil, Paletta Guedes et al. identificaram, também através de questionário, que pacientes em estágio inicial de glaucoma apresentavam uma associação entre tratamento cirúrgico e índices mais baixos de qualidade de vida, o que não acontecia para estágios mais avançados da doença. A dimensão mais afetada nestes casos foi a psicológica, levando a crer que ao se indicar uma cirurgia para portadores de glaucoma inicial, o impacto psicológico pode ser grande(20). A questão sobre a preferência do paciente sobre o tipo de tratamento (clínico ou cirúrgico) fica difícil de ser elucidada com pesquisas quantitativas como as citadas anteriormente. O CIGTS não conseguiu responder a esta pergunta e nota-se na pesquisa de Paletta Guedes et al.(20) que a escolha do tipo de tratamento pode ter um impacto psicológico não negligenciável em alguns pacientes. Antes da cirurgia, os pacientes do presente estudo, que haviam sido submetidos ao tratamento cirúrgico tinham sido usuários crônicos de colírio por muito tempo e agora estavam livres deste compromisso. Por isto, eles tinham uma condição única de ter vivido o problema tanto do ponto de vista do tratamento clínico quanto do ponto de vista do tratamento cirúrgico. Quando questionados sobre a preferência entre as duas condições (tratamento clínico versus tratamento cirúrgico), eles foram unânimes em relatar que preferiam a cirurgia, sendo que, apesar do incômodo do uso dos colírios, a confiança na indicação do médico e o bom controle da doença foram os fatores mais importantes para esta opção de tratamento. A confiança na indicação do tipo de tratamento, clínico ou cirúrgico, e uma relação sólida entre o paciente o médico são os achados mais importantes desta presente pesquisa. Resultado semelhante foi encontrado por Lemaitre et al.(21). Em estudo 239 realizado com pacientes portadores de glaucoma que necessitavam de cirurgia filtrante, estes autores encontraram que, tanto a doença quanto o procedimento cirúrgico, são fontes de ansiedade. A relação médico-paciente e a confiança na indicação do tratamento apareceram como peças fundamentais para diminuição da ansiedade pré-operatória relatada pelos pacientes(21). Uma limitação do presente estudo é que a amostra pode não ser representativa para toda a população de portadores de glaucoma primário de ângulo aberto. Este fato é inerente a qualquer pesquisa realizada através de método qualitativo, pois nele a intenção é aprofundar ao máximo a questão a ser respondida e não generalizá-la. O ponto de saturação usado na metodologia qualitativa é um indicativo que uma amostra maior seria desnecessária para atingir o objetivo proposto nesta pesquisa. Uma compreensão profunda dos valores, crenças, preocupações, ansiedades e medos só é possível através de pesquisa qualitativa. Outra limitação é que os pacientes do grupo cirúrgico podem ter sofrido influência do viés de conduta dos médicos assistentes (tipo de técnica cirúrgica). Ainda como limitação, pode-se relatar o fato de a pesquisa ter sido realizada em um ambiente de clínica privada, o que pode ter influência na percepção dos pacientes. Imagina-se que os valores, crenças e base cultural sejam diferentes entre pacientes que frequentam uma clínica privada e aqueles que são atendidos no ambiente do SUS. Uma outra pesquisa, nos mesmo moldes, com pacientes atendidos pelo sistema público de saúde (SUS) poderia esclarecer esta questão. No entanto, estas limitações não invalidam os presentes resultados. Concluindo, o glaucoma desperta nos pacientes um sentimento profundo de medo e preocupação não somente com a perda da visão, mas também com o impacto da doença e de seu tratamento no dia a dia. O custo e os efeitos colaterais do tratamento clínico foram os fatores negativos mais relevantes levantados pelos pacientes. Os pacientes do grupo cirúrgico foram unânimes em preferir a cirurgia em relação ao uso crônico de colírios. Pacientes operados de glaucoma parecem apresentar menos impacto negativo no seu cotidiano, porém a preocupação com a doença persiste. A confiança no médico e na correta indicação do tratamento adequado, seja ele clínico ou cirúrgico, é fator preponderante para uma maior tranquilidade do paciente. O oftalmologista ocupa uma posição privilegiada no que diz respeito à possibilidade de contribuir para a redução da ansiedade do paciente em relação aos procedimentos necessários para sua melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. Dietlein TS, Hermann MM, Jordan JF. The medical and surgical treatment of glaucoma. Dtsch Arztebl Int. 2009; 106(37):597-606. Silva LR, Paula JS, Rocha EM, Rodrigues ML. Fatores relacionados à fidelidade ao tratamento do glaucoma: opiniões de pacientes de um hospital universitário Arq Bras Oftalmol. 2010; 73(2):116-9. Hong S, Kang SY, Yoon JU, Kang U, Seong GJ, Kim CY. Drug attitude and adherence to anti-glaucoma medication. Yonsei Med J. 2010; 51(2):261-9. Kulkarni SV, Damji KF, Buys YM. Medical management of primary open-angle glaucoma: best practices associated with enhanced patient compliance and persistency. Patient Prefer Adherence. 2008; 2:313-4. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd239 25/5/2015, 14:47 240 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Vieira AAP, Guedes RAP, Vieira RCPA, Guedes VMP World Health Organization (WHO)/ International Agency for the Prevention of Blindness. Data Vision 2020: the right to sight. Global initiative for the elimination of avoidable blindness: action plan 2006-2011. Geneva: WHO International Agency for the Prevention of Blindness; 2007. Mello PA, Melo Júnior LA. Glaucoma dos nossos dias: revendo conceitos e custos. Rev Bras Oftalmol. 2003; 62(9):669-77. Ramulu P. Glaucoma and disability: which tasks are affected, and at what stage of disease? Curr Opin Ophthalmol. 2009; 20(2):92-8. Silva LM, Vasconcellos JP, Temporini ER, Costa VP, NewtonCara J. Tratamento clínico do glaucoma em um hospital universitário: custo mensal e impacto na renda familiar. Arq Bras Oftalmol. 2002;65(2):299-303. European Glaucoma Society (EGS). Terminology and guidelines for glaucoma. 3a ed. Savona: Dogma; 2008. Severn P, Fraser S, Finch T, May C. Which quality of life score is best for glaucoma patients and why? BMC Ophthalmol. 2008;8:2. Lacey J, Cate H, Brodway DC. Barriers to adherence with glaucoma medications: a qualitative research study. Eye (Lond). 2009; 23(4):924-32. Almeida LD, Machado MC. Atitude médica e autonomia do doente vulnerável. Rev Bioética. 2010;18(1):165-83. Leske MC, Heijl A, Hyman L, Bengtsson B, Komaroff E. Factors for progression and glaucoma treatment: the early manifest glaucoma trial. Curr Opin Ophthalmol. 2004;15(2):102-6. Nayak B, Gupta S, Kumar G, Dada T, Gupta V, Sihota R. Socioeconomics of long-term glaucoma therapy in India. Indian J Ophthalmol. 2015;63(1):20-4. 15. Heijl A, Leske MC, Bengtsson B, Hyman L, Bengtsson B, Hussein M; Early Manifest Glaucoma Trial Group. Reduction of intraocular pressure and glaucoma progression: results from the early manifest glaucoma trial. Arch Ophthalmol. 2002;120(10):1268-79. 16. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9a ed. São Paulo: Hucitec; 2006. 17. Cintra FA, Sawaia BB. A significação do glaucoma e a mediacão dos significados de velhice na perspectiva Vygotskiana: subsídios para a educação à saúde. Rev Esc Enferm USP. 2000; 34(4): 339-46. 18. Vigotsky LS. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes; 1994. 19. Burr J, Azuara-Blanco A, Avenell A. Medical versus surgical interventions for open-angle glaucoma. Cochrane Database Syst Rev. 2007; (4):CD004399. 20. Paletta Guedes RA, Paletta Guedes VM, Freitas SM, Chaoubah A. Quality of life of medically versus surgically treated glaucoma patients. J Glaucoma. 2012; 22(5):369-73. 21. Lemaitre S, Blumen-Ohana E, Akesbi J, Lapalce O, Nordmann JP. Evaluation of preoperative anxiety in patients requiring glaucoma filtration surgery. J Fr Ophtalmol. 2014; (1):47-53. Autor correspondente: Augusto Alves Pinho Vieira Rua Dr. Asclepíades da Paixão Lucas, nº 147 – Portal da Torre CEP 36037-462 – Juiz de Fora (MG), Brasil Tel: (32) 3231 2111 / (31) 8811 3691 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 235-40 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd240 25/5/2015, 14:47 RELATO DE CASO241 Retinosquise juvenil ligada ao X X-linked juvenile retinoschisis Cesar Gomes da Silveira1, Gabriela Hertz Soares2, Jacqueline Provenzano3 RESUMO Relatar o caso de um paciente masculino de 28 anos que foi encaminhado ao Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados (RJ) para avaliação de retina e apresentou os achados típicos de retinosquise juvenil ligada ao cromossomo X: maculopatia cistóide com formação de cistos na fóvea e retinosquise periférica. Foi realizado o manejo conservador, com atenção para as complicações. Descritores: Retinosquise/diagnóstico; Doenças genéticas ligadas ao cromossomo X/diagnóstico; Relato de caso ABSTRACT Report the case of a male 28 years-old patient, who was referred to Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados – RJ, to retina assessment and presented the tipical findings of the X-Linked Juvenile Retinoschisis: A cystoid maculopathy with formation of foveal cysts and schisis of the peripheral retina. It was carried out the conservative management, with attention to the complications. Keywords: Retinoschisis/diagnosis; Genetic diseases, X-linked/diagnosis; Case report 1 2 3 Médico residente do Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados (CEPOA) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Médica residente do Ambulatório de Dermatologia Sanitária – Porto Alegre (RS), Brasil; Chefe do Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados (CEPOA) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 18/11/2011 - Aceito para publicação em 20/01/2013 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 241-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd241 25/5/2015, 14:47 242 Silveira CG, Soares GH, Provenzano J INTRODUÇAO R etinosquise juvenil ligada ao cromossomo X (XLRS) é uma degeneração vitreorretiniana hereditária e recessiva, mais frequente em homens jovens, caracterizada por maculopatia bilateral, com retinosquise periférica associada em 50% dos pacientes(1-6). Estima-se sua prevalência em 1:5000 a 1:28000(1,3). Há descrições de mutações no gene XLRS1(1-3,7), responsável pela codificação da retinosquisina - proteína que proporciona adesão e interação entre as células e entre as camadas retinianas. Defeitos ou ausência de sua secreção podem reduzir a aderência entre a camada de fibras nervosas e o restante da retina sensorial, formando cavidades císticas(1,6). A XLRS se manifesta com diminuição da acuidade visual (AV) entre os cinco e dez anos de idade, e evolui com perda visual progressiva durante as duas primeiras décadas de vida. Há possibilidade de estabilização da AV até a quinta ou sexta década, quando pode evoluir para piora devido à atrofia macular, já não se evidenciando o aspecto cístico(5). A acuidade visual pode ser menor que 20/200, mantendo a média de 20/70 em adultos jovens. Anormalidades de ângulo da câmara anterior, tais como oclusão do ângulo, estrabismo e nistagmo foram descritos como outros achados. Hemorragia vítrea e descolamento de retina são as- principais complicações (1,3,5). A retinosquise foveal é caracterizada pelo padrão em “roda de carroça” de estrias radiais, devido a alterações na camada de fibras nervosas relacionadas a um defeito das células de Müller (8). Apesar da aparência cística, ao exame de angiografia fluoresceínica, não se evidencia extravasamento progressivo característico do edema macular cistoide contribuindo para o diagnóstico diferencial entre as patologias (8). A retinosquise periférica envolve predominantemente o quadrante temporal inferior, muitas vezes com grandes descolamentos das camadas internas retinianas. Essas alterações das camadas internas da retina predispõem à hemorragia vítrea e ao descolamento de retina(8). RELATO DE CASO MJS, masculino, 28 anos, branco, solteiro, natural e procedente do Rio de Janeiro foi encaminhado ao Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados (CEPOA), em fevereiro de 2011, para avaliação de retina sob o diagnóstico de XLRS. Indagado sobre sua história familiar refere um irmão, com o qual não possui mais contato, ser portador da mesma patologia diagnosticada. Trouxe exames complementares realizados em 2008, nos quais observa-se na fotografia anéritra o padrão de retinosquise foveolar que se estende circunferencialmente à área parafovelar. A angiografia fluoresceínica demonstra alterações císticas na mácula sem extravasamento de líquido através do espaço subcistoideo (figura 1). A tomografia de coerência óptica (figura 2) apresenta cistos foveais, com clivagem retiniana entre as camadas plexiforme externa e interna, em ambos os olhos (AO). Figura 1: Retinografia simples (à esquerda) – alterações maculares em retinosquise ou “roda de carroça”; angiografia fluoresceínica (à direita) – ausência de extravasamento de contraste (2008) Figura 2: Imagens de OCT de 2008 – presença de cistos foveais nos dois olhos Ao exame oftalmológico realizado no dia 01/02/2011 apresentava acuidade visual de 20/60 em AO, com melhor correção. À biomicroscopia do segmento anterior não apresentava alterações. A pressão intraocular era de 17mmHg às 16 horas em AO. Foi realizado mapeamento de retina que evidenciou em olho direito imagem macular em retinosquise foveolar e retinosquise temporal inferior. O olho esquerdo apresentava o mesmo padrão de imagem macular e de retina periférica. Esses achados corroboraram com o diagnóstico de retinosquise juvenil ligada ao X. Realizou-se nova angiografia fluoresceínica (figura 3) em 2011, evidenciando semelhante aspecto ao encontrado no exame anterior. Ao exame de tomografia de coerência óptica (OCT) (figura 4), no mesmo ano, observamos uma imagem de confluência cística subfoveolar, alterando ainda mais a arquitetura da fóvea e o comprometimento visual. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 241-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd242 25/5/2015, 14:47 Retinosquise juvenil ligada ao X Figura 3: Retinografia simples (à esquerda) – alterações maculares em retinosquise ou “roda de carroça”; angiografia fluoresceínica (à direita) – ausência de extravasamento de contraste (2011) 243 O eletrorretinograma tem importância no diagnóstico desta doença. A amplitude da onda - A está normal ou próxima do normal, porém a onda - B tem sua amplitude bastante reduzida. Esta redução da amplitude da onda - B é justificada pela alteração na iniciação do impulso elétrico nas células de Müller(5). A literatura considera a possibilidade de estabilização da AV em torno de 20/70, durante a segunda década de vida, com possível evolução para maculopatia atrófica em torno dos 60 anos de idade(5,9). O tratamento tem por objetivo a profilaxia de complicações que acrescem perda visual, visto que nada foi comprovadamente eficaz para evitar a progressão da doença(2). A possibilidade de tratamento com dorzolamida tópica está sendo estudada, mas ainda permanece sem comprovação(6,9,10). Nos casos de hemorragia vítrea, alguns autores sugerem o emprego da fotocoagulação dos vasos responsáveis pelo sangramento(11,12). Já em casos de descolamento de retina, o tamponamento da rotura e a vitrectomia via pars plana são as indicações(2,11). Crianças que apresentam estrabismo concomitante merecem atenção, devendo ser minimizado fatores que possam induzir a ambliopia. Auxílios para baixa de visão e formação de habilidades adaptativas podem ajudar os indivíduos que evoluem com perda visual. O aconselhamento genético pode ajudar a identificar os membros da família que são portadores do gene XLRS1 a fim de evitar maiores danos.(2) REFERÊNCIAS 1. Figura 4: Imagens de OCT de 2011 – presença de cistos foveiais em ambos os olhos DISCUSSÃO A retinosquise juvenil ligada ao cromossomo X é uma desordem relativamente rara, que determina baixa acuidade visual, principalmente por retinosquise foveolar(1-6). A apresentação bilateral temporal inferior é considerada o padrão clássico da doença e as complicações mais frequentes e de pior prognóstico são hemorragia vítrea e descolamento de retina(5). A angiografia fluoresceínica reafirma o diagnóstico, afastando a possibilidade de edema macular cistoide, visto que não há extravasamento de corante através da mácula(4,5). As tomografias de coerência óptica (figuras 2 e 4) mostram alterações na arquitetura foveolar em evolução (alterações da espessura foveal em AO), decorrentes de cistos na camada de fibras nervosas. Estas formações císticas também são encontradas na periferia retiniana, onde os mesmos podem se romper para o vítreo e retina, provocando roturas retinianas e hemorragias(1,5). Song MK, Small KW, Jayne RP, Law SK, Charles S, Brown LL, et al. Retinoschisis, juvenile [Internet]. [cited 2013 Jan 12]. Available from: http://emedicine.medscape.com/article/1225857-overview. 2. Kugler M. Juvenile retinoschisis: causes progressive loss of vision [Internet]. [cited 2013 Jan 13]. Available from: http:// rarediseases.about.com/od/rarediseasesr/a/retinoschisis05.htm 3. Puech B. X-linked juvenile retinoschisis. Orphanet Encyclopedia. May 2004. Disponível em: http://www.orpha.net/data/patho/GB/ uk-XLRS.pdf 4. Edwards AO, Robertson JE. X-linked juvenile retinoschisis. In: Ryan SJ, editor. Retina. 3rd ed. St. Louis: Mosby; 2001. p. 487-90. 5. Cunha AA, Picanço BC, Almeida GA, Rodrigues NH, Rocha GM. Retinosquise juvenil: relato de caso. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(6):878-80. 6. Caye LM, Barbosa PH, Scheid KL, Cardoso IH, Fortes Filho JB. Uso da dorzolamida tópica em paciente portador de retinosquise juvenil ligada ao X. Rev Bras Oftalmol. 2010;69(2):129-31. 7. Sauer CG, Gehrig A, Warneke-Wittstock R, Marquardt A, Ewing CC, Gibson A, et al. Positional cloning of the gene associated with X-linked juvenile retinoschisis. Nat Genet. 1997;17(2):164-70. 8. Shukla D, Rajendran A, Gibbs D, Suganthalakshmi B, Zhang K, Sundaresan P. Unusual manifestations of x-linked retinoschisis: clinical profile and diagnostic evaluation. Am J Ophthalmol. 2007;144(3):419-23. 9. Bastos AL, Freitas BP, Villas Boas O, Ramiro AC. Use of topical dorzolamide for patients with X-linked juvenile retinoschisis: case report. Arq Bras Oftalmol. 2008;71(2):286-90. 10. Apushikin MA, Fishman GA. Use of dorzolamide for patients with X-linked retinoschisis. Retina. 2006;26(7):741-5. Erratum in: Retina. 2007;27(1):128. 11. George ND, Yates JR, Moore AT. X linked retinoschisis. Br J Ophthalmol. 1995;79(7):697-702. Review. 12. Gopal L, Shanmugam MP, Battu RR, Shetty NS. Congenital retinoschisis: successful collapse with photocoagulation. Indian J Ophthalmol. 2001;49(4):265-6. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 241-4 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd243 25/5/2015, 14:47 RELATO 244 DE CASO Apresentação atípica da oftalmopatia de Graves Atypical presentation of Graves’ ophthalmopathy Flávia Marques Rodrigues1, Nilson Lopes da Fonseca Junior 2, José Ricardo Carvalho Lima Rehder3 , Celso Lopez Fernandez4, Debora Mayumi Sugano5 RESUMO A oftalmopatia de Graves é a doença orbitária mais comum e acomete 25 a 50% dos pacientes portadores da Doença de Graves e é mais frequente no sexo feminino, entre a segunda e quinta décadas de vida. A doença apresenta uma fase aguda e uma crônica, evoluindo lenta e progressivamente até estabilizar, sendo raros os casos de resolução espontânea. O tratamento dependerá da fase em que a doença se encontra e está baseado principalmente na corticoterapia via oral e endovenosa e/ou radioterapia, sendo a colchicina empregada em casos isolados. No seguinte relato de caso, abordaremos uma forma atípica de manifestação clínica da Oftalmopatia de Graves em paciente eutireoideia com anticorpos negativos na sua apresentação inicial. Descritores: Oftalmopatia de Graves; Eutireoidea; Manifestação atípica; Anticorpos negativos; Colchicina; Relato de caso ABSTRACT Graves ‘ophthalmopathyis themost commonorbital diseaseand affects 25-50% of the patients with Graves’ disease. It’s morecommon in females, between the second andfifth life`s decade. The disease hasanacute andachronic stage, slowly progressing until it stabilizes, with rarecasesof spontaneous resolution.The treatment depends on thestage and the disease is mainly treated with oral or intravenous corticosteroids with or without radiotherapy; colchicine is used in individual cases. In the following case report, we discuss an atypical manifestation of Graves’ ophthalmopathy in an euthyroid patient with negative antibodies in the inicial presentation. Keywords: Graves’ ophthalmopathy; Euthyroid; Atypical manifestation; Negative antibodies; Colchicine; Case report 1 2 3 4 5 Residente da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP), Brasil; Chefe do setor de Plástica Ocular e Órbita da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP), Brasil; Professor titular da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP), Brasil; Chefe setor de Estrabismo da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP), Brasil; Médica colaboradora setor de Estrabismo da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP), Brasil; Trabalho realizado na Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) – Santo André (SP) - Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 11/06/2012 - Aceito para publicação em 03/09/2012 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 244-7 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd244 25/5/2015, 14:47 245 Apresentação atípica da oftalmopatia de Graves INTRODUÇÃO A oftalmopatia de Graves é a doença orbitária mais comum e acomete 25 a 50% dos pacientes portadores da Doença de Graves(1). É uma doença autoimune caracterizada pela deposição de imunocomplexos antitireoglobulina nos músculos extraoculares. Nas fases iniciais da doença existe uma infiltração dos tecidos adiposo, muscular e conjuntivo da órbita por linfócitos T, mastócitos, macrófagos e plasmócitos(2-4). Acredita-se que os linfócitos T ativados dirigidos contra as células foliculares tireoidianas reconheçam e se liguem a antígenos semelhantes presentes nos tecidos orbitários. Macrófagos e células dendríticas iniciam a resposta imunológica que é propagada pelo recrutamento de células T sensibilizadas(2-4). A partir daí passam a ser liberados diversos mediadores inflamatórios (IFN gama, TNF, IL1) que estimulam os fibroblastos a produzirem glicosaminoglicanos, que, com sua característica hidrofílica, atraem água para os tecidos adiposo, conjuntivo e muscular resultando em edema, e por conseguinte, fibrose de toda a periórbita, com hipertrofia dos músculos extraoculares , principalmente dos retos medial e inferior e da gordura orbitária, resultando em aumento do volume orbitário, manifestado primariamente como proptose(2-4). A oftalmopatia de Graves, embora seja mais frequente entre a segunda e quinta década de vida, pode ocorrer em qualquer faixa etária. É oito vezes mais frequente em mulheres, porém nos homens o acometimento é mais grave. Em geral surge quando há disfunção tireoidiana, porém as alterações oculares ou orbitárias podem preceder ou suceder a disfunção tireoidiana em até 18 meses(2). Atualmente existem importantes sistemas de classificação da severidade e atividade da doença. Neste contexto podem ser citados o NOSPECS que inclui os seguintes critérios: classe 0 para o paciente que não apresenta sinais ou sintomas; classe 1 para o que apresenta apenas sinais (retração de pálpebra superior, olhar fixo, retração da pálpebra superior no olhar para baixo e proptose acima de 22mm) e sem sintomas; classe 2 nos que apresentam envolvimento de partes moles (sintomas e sinais); classe 3 nos pacientes com proptose; classe 4 quando ocorre acometimento da musculatura extraocular; classe 5 quando há envolvimento corneano, e classe 6 naqueles com perda de acuidade visual (envolvimento do nervo óptico) e o CAS (clinical activity score) que inclui sinais de inflamação aguda como hiperemia, dor, edema e alteração funcional secundária à presença de inflamação(1-3). A doença evolui lenta e progressivamente até estabilizar, sendo relatado casos raros de resolução espontânea. Geralmente se manifesta clinicamente na fase aguda com hiperemia ocular, quemose, edema palpebral, proptose em graus variados, diplopia, acometimento da musculatura extrínseca ocular, sendo os músculos mais acometidos respectivamente o reto inferior, o medial, o superior e por último o lateral. Os sinais mais frequentes são a retração da pálpebra superior no olhar para baixo (lidlag), retração palpebral inferior (que piora na tentativa de elevação do olho), frequência reduzida de piscamento, diminuição da convergência, incapacidade de manter a fixação no olhar lateral e aparência assustada na tentativa de fixação (sinal de Kocher). Na fase crônica do processo inflamatório, alguns paci- entes desenvolvem músculos restritos, fibróticos, o que pode aumentar o desvio observado na fase aguda(2,3). O tratamento é baseado na fase na qual a doença se encontra (aguda ou crônica). Na fase aguda o tratamento anti-inflamatório de escolha é a corticoterapia por via oral ou endovenosa. Associada à corticoterapia se empregam a radioterapia, utilizando-se o acelerador linear, em dez sessões contínuas e nos casos mais severos em dez sessões semanais, com doses totais de 2000cGy. Outra opção de tratamento medicamentoso é o uso da colchicina, na dose de 0,5 a 1,5 mg/dia, isolada ou associada à radioterapia e/ou a corticosteroide, com boa resposta terapêutica. Excetuando-se os casos de urgência em que há risco de perda da visão, por exposição da córnea ou por neuropatia óptica compressiva, o tratamento cirúrgico deve ser indicado na fase inativa da orbitopatia de Graves. Este tratamento é constituído pela descompressão orbitária, tratamento do estrabismo, correção da retração palpebral e blefaroplastia estética, nesta ordem(2,3). No seguinte relato de caso, abordaremos uma forma atípica de manifestação clínica da oftalmopatia de Graves. RELATO DE CASO EMS, 49 anos, feminino, parda, solteira, auxiliar de limpeza, procedente de São Bernardo do Campo (SP) foi encaminhada ao Setor de Órbita da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC com queixa de dor em olho esquerdo há 5 meses, associado a olho vermelho, visão dupla, embaçamento visual, inchaço palpebral e intensa dor à movimentação ocular. Negava antecedentes pessoais e familiares de doenças oculares prévias. Como antecedentes pessoais sistêmicos apresentava história de câncer de colo uterino tratado há 8 anos. A acuidade visual com a melhor correção era de OD 20/25 e OE 20/40. À inspeção foram encontradas alterações apenas em olho esquerdo: edema bipalpebral 2+/4+, exotropia e hiperemia conjuntival 2+/4+. A motilidade ocular extrínseca apresentava limitação às lateroversões, sendo discreta à adução e severa à abdução. Os reflexos pupilares fotomotores direto e consensual estavam preservados. A pressão intraocular foi aferida na técnica de aplanação e apresentava no OD 12mmHg e no OE 36mmHg (13h). No segmento anterior e na fundoscopia não foram encontradas alterações. Foram solicitados inicialmente as seguintes dosagens séricas: TSH, T4 livre, anticorpo antitireoglobulina (Ac Anti-TG), anticorpo antitireoperoxidase (Ac Anti-TPO) e TRAB, Ac Antinucleares (ANA), Ac Anti-DNA nativo, Ac Anti-Sm, Ac Anti-histona, VDRL, CH50,ECA, Lisozima, Cálcio, FR, FAN, VHS, ANCA-c e ANCA-p. Além destas dosagens foram solicitados os seguintes exames: PPD, RX de tórax, USG abdominal, TC órbita, dosagem de cálciourinário e exame ginecológico completo. Foi introduzido colchicina via oral (0,5 mg 12/12hs), maleato de timolol e tartarato de brimonidina, ambos 1 gota a cada 12 horas no olho esquerdo. Após 4 semanas, a paciente retornou com melhora parcial da dor, do edema palpebral e da hiperemia conjuntival, mantendo a queixa de diplopia. A PIO aferida era de OD: 13 mmHg e OE: 16mmHg (13hs). À motilidade extrínseca apresentava limitações às lateroversões e em supraversão de OE. Entre os exames solicitados, apenas os seguintes apresentaram-se fora dos padrões de normalidade: 1) A TC de órbita (figura 1) mostrou Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 244-7 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd245 25/5/2015, 14:47 246 Rodrigues FM, Fonseca Junior NL, Rehder JRCL , Fernandez CL, Sugano DM um espessamento do músculo reto medial do olho esquerdo; 2) PPD (19mm = forte reatora); 3) VHS da primeira hora (40mm) e 4) Rx de tórax revelou a presença de múltiplas consolidações difusas no parênquima pulmonar em região hilar sugestivas de alteração cicatricial pulmonar (figura 2). Foi também indicada biópsia do músculo reto medial do OE sob anestesia geral e a paciente encaminhada para avaliação da pneumologia que solicitou: 1) tomografia computadorizada de tórax evidenciando múltiplas lesões hiperatenuantes em parênquima pulmonar sugestivas de calcificação e processo cicatricial antigo (figura 1) e pesquisa direta de BK cujo resultado foi negativo. Os resultados de todos os exames descritos acima e a liberação clínica para o procedimento cirúrgico proposto foram obtidos após 7 semanas. No momento da internação a paciente apresentava melhora significativa dos sinais e sintomas do OE e comprometimento agudo do OD. À motilidade extrínseca apresentava limitações moderadas às lateroversões e em supraversão do OD (figura 3). A opção por novo estudo de imagem (TC de órbita) e após análise das imagens (figura 1) indicou-se biópsia do reto medial e inferior do OD sob anestesia geral e pela solicitação de nova dosagem sérica de TSH, T4 livre, Ac Anti-TG, Ac Anti-TPO e TRAB. O estudo anatomopatológico revelou a presença de tecido muscular esquelético estriado com intenso infiltrado inflamatório linfoplasmocitário com predominância de linfócitos T e presença de macrófagos achados compatíveis com fase inflamatória da Oftalmopatia de Graves. A dosagem sérica do TRAB foi de 35U/L, interpretado como resultado positivo. Os demais resultados apresentaram-se dentro da normalidade. Figura 2: Exame de imagem: A) radiografia de tórax – presença de múltiplas consolidações difusas no parênquima pulmonar em região hilar sugestivas de alteração cicatricial pulmonar; B) tomografia computadorizada de tórax com presença de múltiplas lesões hiperatenuantes em parênquima pulmonar sugestivas de calcificações e processo cicatricial antigo Figura 3 : foto clínica: apresentação clínica no pré-operatório imediato com presença de hiperemia conjuntival, edema bipalpebral e limitação da movimentação ocular extrínseca no olho direito e melhora importante dos sinais e sintomas no olho esquerdo DISCUSSÃO Figura 1: Tomografia computadorizada de órbita-A) Corte coronal (janela de partes moles); B) Corte axial (janela de partes moles); presença de espessamento do músculo reto medial do olho esquerdo com envolvimento do tendão no momento do atendimento inicial da paciente; C) Corte coronal (janela de partes moles); D) Corte axial ( janela de partes moles); presença de espessamento difuso dos músculos extraoculares do olho direito no pré-operatório imediato antes de realizada a biópsia A oftalmopatia tireoidiana é classificada em doença aguda ou inflamatória, de caráter progressivo e histologicamente associada com infiltração linfocítica e alterações edematosas, e em doença crônica ou inativa, associada com alterações fibróticas e infiltração gordurosa nos tecidos retro-orbitários, especialmente nos músculos extraoculares(5,6). A fase aguda da doença apresenta como principais sintomas: dor, hiperemia conjuntival, edema e hiperemia palpebral, proptose, edema de carúncula, quemose, diplopia e embaçamento visual(3). O acometimento é bilateral em 80% dos casos geralmente se manifesta em pacientes com hipertireoidismo, com envolvimento de dois ou mais músculos extraoculares sem acometimento tendíneo(7). Neste caso, a manifestação inicial foi unilateral, com envolvimento de apenas um músculo extraocular (RM OE) e do respectivo tendão em uma paciente em estado eutireoideo, clínico e laboratorial. A literatura revela que apenas 10% dos pacientes com oftalmopatia tireoidiana não desenvolvem hipertireoidismo como manifestação inicial da doença(7). Destes, 3% apresentam hipotireoidismo e 7% eutireoidismo(7). Dos pacientes eutireoideos (7%), apenas Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 244-7 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd246 25/5/2015, 14:47 Apresentação atípica da oftalmopatia de Graves 2,5% não apresentam positividade para Ac Anti-TG, Ac AntTPO e/ou TRAB, revelando o caráter atípico da apresentação clínica inicial da doença neste caso. A biópsia deve ser indicada nos casos em que o diagnóstico é duvidoso baseado apenas no quadro clínico e nos exames complementares, ou quando há recorrência ou resistência ao tratamento, sendo assim de grande valia para descartar diagnósticos diferenciais. A colchicina, droga utilizada no tratamento da paciente em questão age inibindo a mobilidade, quimiotaxia, adesão e fagocitose dos granulócitos; diminui os níveis das moléculas de adesão; inibe a ação e proliferação dos fibroblastos e linfócitos e inibe a síntese de colágeno. Tal droga foi indicada pelo fato de a paciente ser forte reatora ao PPD sendo neste caso contraindicado o uso de corticoide sistêmico. Um estudo comparou o uso da colchicina ao da prednisona no tratamento de 22 pacientes na fase inflamatória da oftalmopatia de Graves. Todos os pacientes com similaridades quanto à idade, sexo e hábitos de tabagismo com eutiroidismo há pelos menos 3 meses foram randomizados em 2 grupos. O grupo 1 (G1) recebeu colchicina (1,5mg/dia) e o grupo 2 (G2) foi tratado com prednisona (0,75mg/kg/dia). Apesar de ter sido verificada uma diminuição da atividade clínica da doença nos 2 grupos, os pacientes tratados com colchicina não sofreram os efeitos colaterais da prednisona como ganho de peso, queixas gástricas, fraqueza, depressão e alteração da pressão arterial, assim como observado no presente caso(8). A radioterapia orbital é um importante tratamento coadjuvante da orbitopatia de Graves severa em atividade devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores locais. Cerca de 60% dos pacientes tratados apresentam resposta favorável(9). O sucesso na abordagem dependerá de uma correta seleção dos pacientes mostrando-se melhores resultados quanto mais precoce for instituída. 247 REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Kuriyan AE, Phipps RP, Feldon SE.The eye and thyroid disease. Curr Opin Ophthalmol.2008;19(6):499-506. Höfling Lima AL, Morales PH, Manso PG, Farah ME. Alterações oculares de doenças sistêmicas: retinopatia diabética e oftalmopatia de Graves. RBM Rev Bras Med.2006;63(5). Saraci G, Treta A.Ocular changes and approaches of ophthalmopathy in basedow - graves- parry- flajani disease. Maedica (Buchar). 2011;6(2):146-52. Weetman AP. Thyroid-associated eye disease: Pathophysiology. Lancet. 1991;338(8758):25-8. Review. Fung S, Malhotra R, Selva D. Thyroid orbitopathy. Aust Fam Physician. 2003;32(8):615-20. Review. Yokoyama N, Nagataki S, Uetani M, Ashizawa K, Eguchi K. Role of magnetic resonance imaging in the assessment of disease activity in thyroid-associated ophthalmopathy.Thyroid. 2002;12(3):223-7. Stamato FJ, Manso PG, Maciel JR, Wolosker AM, Maciel RM, Furlanetto RP. Colchicine as a new option for the clinical treatment of Graves’ ophthalmopathy. Proceedings of the VIth International Symposium on Graves’ Ophthalmopathy, Amsterdam, November 27 to 28, 1998, p. 22. Stamato FJ, Maciel RM,Manso PG, Wolosker AM, Paiva ER, Lopes AC,et al. Colchicina no tratamento da fase inflamatória da oftalmopatia de Graves: um estudo prospectivo e randomizado com prednisona. Arq Bras Oftalmol.2006;69(6):811-6. Pitz S, Kahaly G, Rösler HP, Krummenauer F, Wagner B, Stübler M, et al. [Retrobulbar irradiation for Graves’ ophthalmopathy — long-term results]. Klin Monbl Augenheilkd. 2002;219(12):87682.German. Autor correspondente: Flavia Marques Rodrigues Rua de Ceuta, nº 222 Jardim Lusitânia São Paulo (SP) CEP 04031-010 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 244-7 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd247 25/5/2015, 14:47 R 248 ELATO DE CASO Tumoração retro-orbitária sugestiva de meningocele da bainha do nervo óptico Retro-orbital tumor suggestive of optic nerve sheath meningocele Michelle Rodrigues Gonçalves Dias Chaves 1, Isabella Bezerra Wanderley de Queiroga 2, Mario Augusto Pereira Dias Chaves 1,3,4, Fernando Melo Gadelha 1,2 , Debora Apolônio Vieira 2 RESUMO Meningocele da bainha do nervo óptico é uma condição extremamente rara, com poucos casos relatados na literatura. Exames de imagem revelam alargamento tubular-cístico do nervo óptico, com espessamento do mesmo. Os sintomas são muitas vezes relacionados com o comprometimento do nervo, ocasionando diminuição de lenta a acelerada da acuidade visual. O tratamento cirúrgico precoce por meio da descompressão da bainha do nervo óptico pode proporcionar melhora da função visual. Apresenta-se um caso de paciente com as características clínicas e radiológicas desta condição patológica rara. Paciente masculino, atendido no serviço com queixa de proptose do olho direito (OD) desde nascimento, com progressão nos últimos meses associada à dor. Melhor acuidade visual corrigida de conta dedos a 50 cm do OD. Olho esquerdo sem anormalidades. Ressonância Magnética de OD demonstrou formação expansiva cística de limites definidos em situação intraconal em órbita direita, em íntima relação com nervo óptico, determinando compressão, deformidade e deslocamento anterior do bulbo ocular, além de apresentar sinal semelhante ao líquor em todas as sequências obtidas. Suscitou-se hipótese diagnóstica de meningocele da bainha do nervo óptico direito e o paciente foi encaminhado para cirurgia descompressiva. Descritores: Meningocele/diagnóstico; Nervo óptico/patologia; Neoplasias; Exoftalmia; Relatos de casos ABSTRACT Meningocele of the optic nerve sheath is an extremely rare condition with a few cases reported in literature. Image studies reveal tubularcystic enlargement of the optic nerve although with the same thickness. Symptoms are often related to the involvement of the optic nerve, leading from slow to accelerated decreasing of the visual acuity. The early surgical treatment is the decompression of the optic nerve sheath, which it could provide improvement of visual function. We are presenting a case report of a patient who showed clinical and radiological signs of this rare pathological condition. Male patient attended at service complaining of proptosis of right eye (OD) since birth, in progress during the last months associated to stabbing pain. Best corrected visual acuity (BCVA) of OD was movements at 50 cm far; OS showed no abnormalities. Nuclear Magnetic Resonance of the OD showed expansive formation with cystic aspect, defined boundaries, located in an intraconal situation on the right orbit cavity and in a closing anatomical relationship to the optic nerve, inducing compression, deformity and anterior displacement of this eye besides presenting signal similar to spine liquor in all sequences obtained. The first hypothesis was meningocele of right optic nerve sheath. Then, patient was referred for surgical decompression. Keywords: Meningocele/diagnosis; Exophthalmia; Optic nerve/pathology; Neoplasms; Case reports 1. 2. 3. 4. Hospital Visão, João Pessoa (PB), Brasil. Centro de Referência Oftalmológica do Hospital Universitário Lauro Wanderley, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa (PB), Brasil. Centro de Estudos Oftalmológicos Renato Ambrósio (CEORA) do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Brasília (DF), Brasil. Fundação Altino Ventura (FAV), Recife (PE), Brasil Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 09/07/2012 - Aceito para publicação em 31/03/2013 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 248-50 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd248 25/5/2015, 14:47 249 Tumoração retroorbitária sugestiva de meningocele da bainha do nervo óptico INTRODUÇÃO M eningocele da bainha do nervo óptico (MBNO) é uma condição extremamente rara, com poucos casos relatados na literatura, sendo definida como uma dilatação da bainha do nervo óptico por fluido espinhal. Há uma expansão do espaço fluido cefalorraquidiano em torno do nervo óptico, sem inflamação associada, neoplasia cerebral ou orbital. Os exames de imagem revelam um alargamento tubular-cística do nervo óptico / bainha-complexo óptico, com espessamento do nervo óptico. O diagnóstico diferencial inclui tumores do nervo óptico, como meningioma, hamartoma vascular, glioma, neurofibromatose, doença de Von Hippel-Lindau, hemagioendoelioma, ou fratura crânio-orbital(1). Os sintomas são muitas vezes relacionados com o comprometimento do nervo, ocasionando classicamente dores de cabeça ou declínio visual progressivo, lento ou acelerado(2). Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de um paciente cujos dados clínicos e exames de imagem são bastante sugestivos de Meningocele da bainha do nervo óptico, ressaltando as principais características dessa rara patologia. racterística, suscitou-se como primeira hipótese diagnóstica meningocele da bainha do nervo óptico direito. O paciente foi então encaminhado para cirurgia descompressiva, retornando oito meses após o procedimento cirúrgico, sem queixa de dor ou cefaléia, contudo relatando persistência de baixa acuidade visual em OD. Foi observado, ao exame físico em OD, melhora significante na proptose ocular, porém com persistência de acuidade visual corrigida de movimentos de mãos, esotropia, reflexo fotomotor direto e consensual ausente; Surgimento de lesão corneana conjuntivalizada, quadrante temporal superior da córnea, estendendo-se até próximo ao eixo visual (figura 5). O laudo anatomopatológico demonstrou que a peça retirada tratava-se de “tecido fibroadiposo típico hialinizado sem revestimento epitelial, compatível com parede de lesão cística benigna”. Figura 1: Paciente em exame oftalmológico inicial, durante inspeção, demonstrando proptose ocular em OD RELATO DE CASO Paciente masculino, 28 anos, atendido no Hospital Universitário Lauro Wanderley, com queixa de exoftalmia congênita em olho direito (OD), em progressão nos últimos meses, associada à dor em pontada esporádica. Antecedentes: pré-termo de 28 semanas, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Inspeção: Proptose de OD (figura 1); acuidade visual (AV) – OD: conta dedos a 50 cm e 20/20 (1,0); OE (-4,50 D -1,00D 170o). Bio – OD: Catarata cortical 2+/4; OE: sem anormalidades. FO – OD: Polo posterior coroidótico, com atrofia óptica importante em extensa área do epitélio pigmentar da retina associada à área de hiperpigmentação adjacente ao disco óptico; OE: relação escavação/disco aumentada, brilho macular característico, arcadas vasculares de conformidade habitual e retina aplicada. Pio – OD: inviável, OE: 12mmHg. A ultrassonografia de OD demonstrou lesão cística, retro-orbitária, em topografia de nervo óptico, sendo então solicitados outros exames complementares. A tomografia computadorizada (TC) demonstrou sistema ventricular com dimensões, morfologia e topografia normais, cisternas basais de aspecto normal, estruturas encefálicas com densidade radiográfica normal, observando-se espessamento fusiforme do nervo óptico direito, associado à exoftalmia homolateral, não havendo alteração do canal óptico, nem no percurso intracraniano do nervo óptico. A ressonância magnética nuclear (RMN) em OD demonstrou formação expansiva de aspecto cístico, de limites definidos e paredes finas localizada em situação intraconal em órbita direita, com íntima relação anatômica com a topografia do nervo óptico, determinando compressão, deformidade e deslocamento anterior do bulbo ocular homolateral, além de apresentar sinal semelhante ao líquor em todas as sequências obtidas de tamanho 3,4 x 3,2 x 3,1 cm (figuras 2, 3 e 4). Não houve impregnação anômala significativa do meio de contraste paramagnético (gadolínio) nas paredes ou no interior da lesão. A musculatura ocular extrínseca encontrava-se deslocada pela referida formação, determinando compressão, deformidade e proptose do bulbo ocular OD. Sendo muito ca- Figura 2: Corte axial, pré-contraste, pesado em T1, mostrando isossinal da lesão expansiva, levando à proptose de OD Figura 3: Corte axial da RNM, sequência pesada em T1 com saturação de gordura; lesão com hipossinal após uso de contraste paramagnético, destacando dilatação importante da bainha do nervo óptico, com consequente proptose de OD DISCUSSÃO Segundo Garrity et al.(2), a patologia em questão surge a partir do espaço subaracnoideo perineural do nervo óptico, e deve ser diferenciado do acúmulo congênito de fluido cefalorraquidiano (LCR) no espaço subaracnoideo perióptico. Em tais casos, a lesão Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 248-51 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd249 25/5/2015, 14:47 250 Chaves MRGD, Queiroga IBW, Chaves MAPD, Gadelha FM, Vieira DA Figura 4: Corte axial, sequência pesada em T2, com saturação de gordura; lesão hipersinal demonstrando dilatação importante da bainha do nervo óptico punção lombar. Concluem ainda que a rápida descompressão cirúrgica da bainha do nervo óptico sempre deve ser considerada, em caso de perda visual progressiva. Mesa-Gutiérrez et al.(4) relatam o caso de um paciente, 53 anos, com MBNO associado à hipertensão intracraniana, contudo com acuidade visual corrigida para 20/20 (1,0), com +2,00D no exame inicial. O diagnóstico foi confirmado apenas por exames complementares. Na RNM, foi identificada dilatação da bainha do nervo óptico causada por líquido de características condizentes com fluido cefalorraquidiano. Não havia alterações dos nervos ópticos, como também não houve evidência de tumor cerebral ou em órbita. A punção lombar foi realizada com pressão de abertura de 22 mmHg e análise química do líquor foi normal. Após avaliação neurocirúrgica, o paciente foi tratado apenas clinicamente com acetazolamida por três meses, mantendo-se estável ao longo de 24 meses de seguimento. Em todos os exames de acompanhamento, a função do nervo estava normal, com uma acuidade visual de 20/20 sem correção óptica, após tratamento. Os autores concluem que a intervenção cirúrgica deve ser reservada para casos graves, com dor, proptose considerável, ou rápida e progressiva queda da acuidade visual. Spooler et al.(5) descrevem um caso de uma criança com anomalias congênitas múltiplas, incluindo MBNO unilateral com rápida expansão e deslocamento da órbita lateral, resultando em deformidade estética severa e cegueira completa do olho esquerdo, que foi tratado com descompressão cirúrgica. Os autores retificam ainda que a descompressão cirúrgica é o tratamento padrão, com melhora ou parada de progressão na maioria dos casos. CONCLUSÃO Figura 5: Paciente ao exame físico pós-cirurgia, à inspeção, demonstra redução importante da proptose ocular em OD resulta de um fluxo de LCR anormal através de um divertículo dentro da membrana aracnoideia. Relatam ainda os casos de 13 pacientes com MBNO, sendo a visão turva e cefaleia os principais sintomas apresentados. Lunardi et al.(1) fizeram uma revisão bibliográfica, encontrando apenas cerca de 31 casos de MBNO em toda literatura, e descrevem a patologia como cistos primários da bainha do nervo óptico, sem massa apical ou malformação da junção crânio-orbital. Os sintomas apresentados são muitas vezes relacionados com o envolvimento do nervo óptico, com uma diminuição lenta ou rápida da acuidade visual. Exames complementares, como TC e RM revelam um alargamento tubular-cístico da bainha do nervo óptico, com espessamento do mesmo. Os autores sugerem que a intervenção cirúrgica precoce por meio de descompressão da bainha do nervo óptico possibilita uma melhora da função visual com mínima morbidade em pacientes que apresentam uma diminuição rápida da acuidade visual dentro de 3-6 meses. Shanmuganathan et al.(3) relatam o caso de um adulto, 59 anos, com proptose bilateral simétrica e queixa de baixa acuidade visual progressiva, associado a dor retro-orbital e, posteriormente, à edema macular cistoide (EMC) no OD. A RNM revelou dilatação bilateral da bainha do nervo óptico e alargamento, mas com tamanho normal dos nervos ópticos. Descrevem que o EMC pode ser causado por uma força tracional da meningocele sobre o globo ocular e que o papel do aumento da pressão intracraniana (PIC) ainda não está clara na etiologia da doença, pois apenas alguns dos casos relatados tiveram aumento da PIC, medida por O presente caso relata a presença de uma lesão retro-orbitária em situação intraconal e relacionada anatomicamente de forma íntima ao nervo, fortemente sugestiva de meningocele da bainha do nervo óptico. O diagnóstico pode ser dado através de imagem da RMN e, mesmo que pendente de confirmação anatomopatológica, fica consistente a conduta investigativa, além da indicação de cirurgia descompressiva, em casos selecionados, excepcionalmente diante de evolução rápida e com iminente comprometimento funcional e anatômico das estruturas circunvizinhas(4) . Concluindo, demonstrase por meio deste caso, a importância de lembrar desta entidade, mesmo diante da raridade da doença. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. Lunardi P, Farah JO, Ruggeri A, Nardacci B, Ferrante L, Puzzilli F. Surgically verified case of optic sheath nerve meningocele: case report with review of the literature. Neurosurg Rev. 1997;20(3):201-5. Garrity JA, Trautman JC, Bartley GB, Forbes G, Bullock JD, Jones TW Jr, et al. Optic nerve sheath meningoceles. Clinical and radiographic features in 13 cases with a review of the literature. Ophthalmology. 1990;97(11):1519-31. Comment in Ophthalmology. 1991;98(5):562. Shanmuganathan V, Leatherbarrow B, Ansons A, Laitt R. Bilateral idopathic optic nerve sheath meningocele associated with unilateral transient cystoid macular oedema. Eye (Lond). 2002;16(6):800-2. Mesa-Gutiérrez JC, Quiñones SM, Ginebreda JA. Optic nerve sheath meningocele. Clin Ophthalmol. 2008;2(3):661-8. Spooler JC, Cho D, Ray A, Zouros A. Patient with congenital optic nerve meningocele presenting with left orbital cyst. Childs Nerv Syst. 2009;25(2):267-9. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 248-50 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd250 25/5/2015, 14:47 RELATO DE CASO251 Granuloma macular por tuberculose sem manifestação pulmonar Macular granuloma due to tuberculosis without pulmonary symptoms Albert Costa Rebello1, João Helio Leonardo de Sousa2, José Gilberto de Sá3, Karime Kalif de Sousa Rebello4 RESUMO Tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. O principal sítio de acometimento é o pulmonar, porém o bacilo pode disseminar-se por via linfo-hematogênica para outros órgãos, dentre eles o olho. A incidência de tuberculose ocular é de 1 a 2% dos casos extrapulmonares. Os autores apresentam um caso clínico de um paciente do sexo feminino de 28 anos que procura atendimento médico devido à redução da acuidade visual em olho esquerdo há 7 dias. Apresentava a melhor acuidade visual corrigida no olho acometido de 20/200 e no olho contralateral de 20/20. Na fundoscopia era evidenciado um granuloma em área macular do olho esquerdo, com edema e hemorragia intrarretiniana adjacente. Após investigação diagnóstica, a paciente foi tratada com esquema antibiótico para tuberculose durante 6 meses, obtendo regressão do granuloma e melhora da acuidade visual deste olho para 20/50. Descritores: Tuberculose ocular/diagnóstico; Tuberculose ocular/tratamento; Mácula lútea; Uveíte/diagnóstico; Uveíte/tratamento; Relatos de casos ABSTRACT Tuberculosis is an infectious disease caused by Mycobacterium tuberculosis. The main site of involvement is the lung, but the bacillus may spread by hematogenous/lymph systems to other organs, including the eye. The incidence of ocular TB is 1-2% of extra-pulmonary cases. The authors present a case of a 28 years old female patient seeking medical care due to reduction of visual acuity in the left eye for 7 days. She had the best corrected visual acuity in the affected eye of 20/200, and the opposite eye was 20/20. At fundoscopy was shown a granuloma in the macular area of the left eye, with retinal edema and hemorrhage. After diagnostic investigation the patient was treated with antibiotic therapy for tuberculosis during 6 months, obtaining lesion regression and visual acuity improvement to 20/50. Keywords: Tuberculosis, ocular/diagnosis; Tuberculosis, ocular/drug therapy; Macula lútea; Uveitis/diagnosis; Uveitis/therapy; Case reports 1,4 2,3 Centro de Oftalmologia Rio – Rio de Janeiro, RJ, Brasil; Hospital Municipal Jesus – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Trabalho realizado no Hospital Municipal Jesus e no Centro de Oftalmologia Rio – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 10/07/2012 - Aceito para publicação em 26/03/2013 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 251-3 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd251 25/5/2015, 14:47 252 Rebello AC, Sousa JHL, Sá JG, Rebello KKS INTRODUÇÃO O Brasil é um dos 22 países priorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que abrangem 80% da carga mundial de tuberculose(1). Atualmente o país está na 19ª posição, já tendo ocupado a 14ª em 2004. Em 2009, ocorreram 71.700 casos novos da doença, apresentando uma taxa de incidência de 37 por cada grupo de 100 mil habitantes. No Rio de Janeiro a taxa de incidência é de 73,99 por cada 100 mil habitantes, fazendo com que o estado ocupe um triste primeiro lugar quando comparado com as outras unidades da Federação(2). Segundo dados colhidos pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância da Saúde, no caso da tuberculose extrapulmonar a taxa de incidência cai para 10,06 em cada 100.000 mil habitantes no Rio de Janeiro. Neste número incluem-se os casos de tuberculose pleural, ganglionar, osteoarticular, genitourinária, intestinal, peritoneal, pericárdica, do sistema nervoso central, ocular e cutânea(3,4). Os autores apresentam um caso clínico de manifestação ocular de tuberculose que respondeu satisfatoriamente ao tratamento antituberculoso durante 6 meses. acompanhamento em unidade especializada de serviço público de saúde. Visando melhorar o edema retiniano, foi tratada topicamente com colírio de dexametasona por 30 dias, com redução gradual da dose e monitoramento da pressão intraocular. Após o acompanhamento por 6 meses, com o respectivo término do tratamento via oral, a paciente evoluiu com melhora da acuidade visual do olho esquerdo para 20/50. À fundoscopia deste olho, a lesão regrediu com desaparecimento do edema retiniano, absorção da hemorragia e atrofia do epitélio pigmentar retiniano em área macular (figura 2). RELATO DE CASO Paciente de 28 anos de idade, sexo feminino, branca, procura atendimento médico devido à diminuição de acuidade visual em olho esquerdo há 7 dias, de início súbito e espontâneo. História patológica pregressa sem dados relevantes, porém relatava contato com paciente tuberculosa há dois anos no próprio domicílio. Ao exame oftalmológico apresentava melhor acuidade visual corrigida para longe em olho direito: 20/20, e em olho esquerdo: 20/200; Motilidade ocular sem alterações; Biomicroscopia normal; Tonometria OD: 12 mmHg e OE: 13 mmHg; Fundoscopia: papilas coradas, escavações fisiológicas, relação arterio-venosa preservada, presença de lesão granulomatosa amarelada com edema e hemorragia retinianos adjacentes em mácula do olho esquerdo (figura 1). Figura 1: Lesão granulomatosa com hemorragia e edema retiniano Iniciada investigação diagnóstica, não apresentava alterações em hemograma, microbiologia, bioquímica e imunoquímica. Importante ressaltar a sorologia negativa para toxoplasmose, tanto IgM quanto IgG. Radiografia de tórax normal. Teste tuberculínico igual a 20 mm. Foi aplicada a terapia antituberculosa via oral com Figura 2: Regressão da lesão após terapia antituberculosa por 6 meses DISCUSSÃO Diante da alta prevalência da doença em nosso meio, é recomendável sempre investigar tuberculose em casos de coriorretinite. Fato especialmente importante se considerarmos que alguns tratamentos direcionados para outra etiologia podem agravar o quadro de tuberculose (como exemplo podemos citar o uso de corticoterapia sistêmica, utilizada em alguns casos de coriorretinite por toxoplasmose). O exame para o diagnóstico é o encontro do Mycobacterium tuberculosis em espécimes oculares, porém em razão das lesões paucibacilares e da condição nobre do aparelho visual limitarem significativamente o estudo histológico, o diagnóstico da tuberculose ocular é sustentado por dados epidemiológicos, exame clínico, teste tuberculínico positivo e exclusão laboratorial de outras afecções(5), dentre elas a toxoplasmose. O uso do teste tuberculínico ainda é o exame que orienta sobre possível infecção com o Mycobacterium tuberculosis, embora quando positivo não signifique doença ativa. Por isso, outros critérios são necessários para se firmar o diagnóstico da tuberculose ocular. Dentre eles observar se há melhora com o esquema básico nos primeiros dois meses, se não há recorrência da doença durante o tratamento ou se não há recidiva nos primeiros dois anos após a alta medicamentosa. Caso contrário, provavelmente não se considera a etiologia por tuberculose, obrigando a pesquisar outras causas(6). Também devemos levar em consideração o diagnóstico diferencial com sífilis, sarcoidose, brucelose, histoplasmose e toxocaríase. Qualquer tecido do olho pode ser acometido, entretanto o local mais frequente é a úvea. Conforme ilustrado no caso, a doença pode estar presente mesmo sem doença sistêmica. As alterações podem ser causadas pela invasão bacilar ou serem de Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 251-3 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd252 25/5/2015, 14:47 253 Granuloma macular por tuberculose sem manifestação pulmonar origem imunológica, por reação de hipersensibilidade do tipo IV. Algumas das possíveis manifestações oculares são uveíte anterior, posterior, intermediária, panuveíte, coroidite serpiginosa-like, abcessos subrretinianos, descolamento seroso de retina, retinite, coroidite, retinocoroidite, vasculite retiniana e endoftalmite(6). No presente caso, a melhora e cicatrização da lesão macular após a instituição da medicação antituberculosa é uma evidência importante para se estabelecer o diagnóstico, juntamente com a história positiva de contato. Acrescente-se que houve melhora e regressão da lesão após o início do tratamento sem recidivas, e aparentemente continua cicatrizada mesmo após o término dos 6 meses de terapia. Como o prognóstico é influenciado pela localização da lesão e aderência ao longo tratamento, chama a atenção, no caso, a significativa melhora da visão apesar da proximidade do granuloma com a mácula. 2. 3. 4. 5. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informatica do SUS. DATASUS. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ e http://www2.datasus.gov.br/DATASUS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para controle da tuberculose. (Cadernos de Atenção Básica, 6). Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8a ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. Lopes AJ, Capone D, Mogami R, Tessarollo B, Cunha DL, Capone RB, et al. Tuberculose extrapulmonar: aspectos clínicos e de imagem. Pulmão RJ. 2006;15(4):253-61. Campos WR, Campos GS, Miranda SS. Tuberculose intraocular. Rev Bras Oftalmol. 2011;70(6):437-51. REFERÊNCIAS 1. Arakaki D, Oliveira G, Barreira D, Moherdaui F, Codenotti S, Bartholomay P. Novo sistema de tratamento da tuberculose para adultos e adolescentes no Brasil. Informe Técnico de Tuberculose. Edição nº 5, julho de 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/informe_tb_julho10_certo_22_07_2010.pdf Autor correspondente: Albert Costa Rebello Av. Passos, nº 101 sala 1609 - Centro CEP 20051-040 - Rio de Janeiro (RJ), Brasil Fax: (21) 2263-4838 E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 251-3 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd253 25/5/2015, 14:47 R 254 ELATO DE CASO Perda visual irreversível após uso de paclitaxel Irreversible visual loss after use of paclitaxel Maria Helena Lopes Amigo1, Paulo Falabella2, Ângela Bettarello2, Wagner Ghirelli2 RESUMO Descrevemos um caso de perda visual irreversível bilateral em uma paciente de 64 anos após uso prolongado de paclitaxel. Ao exame oftalmológico paciente apresentou acuidade visual (AV) de 20/400 em ambos os olhos (AO) na primeira consulta.À tomografia de coerência óptica (TCO) evidenciou espessamento macular AO. Após seis meses da suspensão do paclitaxel, a paciente apresentava melhora discreta da AV atingindo 20/200 com correção em AO, além da TCO demonstrando resolução do espessamento retiniano. Descritores: Quimioterapia/efeitos adversos; Paclitaxel/toxicidade; Edema macular/induzido quimicamente; Acuidade visual/ efeitos de drogas; Neoplasias ovarianas/quimioterapia; Relatos de caso ABSTRACT We describe a case of bilateral irreversible visual loss of a 64 year-old patient after prolonged use of paclitaxel. Patient presented best corrected visual acuity of 20/400 in both eyes at first visit and optical coherence tomography showed increased macular in both eyes. After six months of the interruption of paclitaxel therapy, the patient showed slight improvement of visual acuity reaching 20/200 in both eyes, while OCT demonstrated resolution of macular edema. Keywords: Chemotherapy/adverse effects; Paclitaxel/toxicity; Macular edema/chemically induced; Visual acuity/drug effects; Ovarian neoplasms/drug therapy; Case reports 1,2 Centro de Oftalmologia Tadeu Cvintal – São Paulo (SP), Brasil. Os autores declaram não haver conflitos de interesses Recebido para publicação em 27/07/2012 - Aceito para publicação em 05/12/2012 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 254-6 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd254 25/5/2015, 14:47 255 Perda visual irreversível após uso de Paclitaxel INTRODUÇÃO P aclitaxel é um quimioterápico da família taxane, utilizado principalmente no tratamento de câncer de mama, ovário e em uma variedade de outros tumores sólidos. Entre os efeitos tóxicos destacam-se mielossupressão e neuropatia periférica(1). São raros os casos de toxicidade retiniana citados na literatura, sobretudo os que culminam com perda visual por maculopatia(2,3). Descreveremos a seguir um relato de baixa acuidade visual irreversível associada ao uso de paclitaxel. Figura 1: Retinografia em ambos os olhos (AO) mostrando mácula e periferia da retina de aspectos normais RELATO DE CASO Paciente do sexo feminino, branca, 64 anos, compareceu à sua primeira consulta em fevereiro de 2007 com queixa de baixa acuidade visual (AV) progressiva há um ano em ambos os olhos (AO), encaminhada inicialmente com suspeita de catarata. Trazia consigo resultado de eletrorretinografia sem alterações realizada um mês anteriormente à consulta e resultado de ressonância nuclear magnética de crânio evidenciando sinusopatia etmoidal. Possuía antecedentes pessoais de cirurgia para exérese de câncer de ovário e quimioterapia com paclitaxel, em razão de metástase intestinal há dezoito anos (não sabendo referir a dose e intervalo do uso da medicação). Relatava também história de paralisia facial há oito meses e trombose de membro inferior esquerdo há 7 meses. Ao exame oftalmológico apresentava exame ocular externo normal e melhor acuidade visual corrigida de 20/400 (+0,50 dioptrias esféricas AO). À biomicroscopia: córnea transparente, câmara anterior e profunda e sem células inflamatórias, íris sem alterações e cristalino com opacidade nuclear leve. Tonometria de aplanação de 20 mmHg AO. À fundoscopia observavam-se sinais de arterioloesclerose leve bilateralmente. Mácula e média periferia com aspecto fisiológico (figura 1). Ao exame angiofluoresceinográfico observou-se presença de hiperfluorescência em nervo óptico e mácula sem sinais de extravasamento AO (figura 2). À tomografia de coerência óptica (TCO) evidenciou-se aumento da espessura retiniana com espaços císticos e aspecto de retinosquise setorial. Em olho direito (OD) apresentava volume macular total de 9785 mm3, e espessura foveal de 243 (+/ - 91) micra; em olho esquerdo volume macular total de 9415mm3, espessura foveal de 212 (+/- 41) micra (figura 3). Em abril de 2007 optou-se pelo uso de acetazolamida oral e acetato de triancinolona 4mg intravítrea em OD buscando melhora anatômica e funcional, porém não houve resultados satisfatórios tanto da acuidade visual quanto do edema retiniano. Revisão da literatura resultou na localização de um relato de caso que descrevia um edema macular cistoide bilateral secundário ao uso do paclitaxel. Neste caso, a suspensão da medicação levou à remissão total do edema e melhora da acuidade visual após 6 semanas(3). Decidiu-se, portanto, pela interrupção do quimioterápico e, após seis meses, a paciente apresentou melhora discreta da AV atingindo 20/200 com correção em AO, enquanto que à TCO, observou-se resolução completa do edema macular cistoide AO (figura 4). Figura 2: Angiofluoresceinografia retiniana: hiperfluorescência em nervo óptico AO e mácula sem sinais de extravasamento AO Figura 3: Tomografia de coerência óptica – aumento da espessura retiniana com espaços císticos e aspecto de retinosquise em alguns locais, volume macular total OD de 9785 mm3, espessura foveal de 243 (+/- 91) micra em OD (A); OE de 9415mm3 e 212 (+/- 41) micra em OE (B) Figura 4: TCO após seis meses da suspensão do uso do paclitaxel mostrando melhora do espessamento retiniano em OD (A) e OE (B) Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 254-6 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd255 25/5/2015, 14:47 256 Amigo MHL, Falabella P, Bettarello Â, Ghirelli W DISCUSSÃO A toxicidade ocular pelo paclitaxel é pouco conhecida tanto por oftalmologistas quanto por oncologistas. Trata-se de um agente quimioterápico que inibe a formação dos microtúbulos intracelulares e cujos efeitos adversos oftalmológicos geralmente incluem baixa acuidade visual, escotomas cintilantes e alterações no potencial evocado visual. Alguns artigos já sugeriram a associação da droga ao aparecimento de edema macular cistoide, mas para nosso conhecimento, este é o primeiro em que houve perda acentuada e irreversível da acuidade visual, mesmo após a suspensão da medicação(2,3). Aventou-se o diagnóstico diferencial de retinopatia associada ao câncer (CAR) em razão da baixa acuidade visual, motivo pelo qual foi realizada eletrorretinografia cujo resultado mostrou-se sem alterações. A avaliação eletrofisiológica da visão em pacientes tratados com paclitaxel apresenta pouca correlação com sintomas visuais(4), como neste caso, sendo, portanto, um dado adicional ao diagnóstico. Destacamos como importante característica clínica relacionada à toxicidade do paclitaxel a presença de edema macular cistoide observado à TCO, associada à ausência de extravasamento de contraste na angiografia fluoresceínica. Tal fato foi descrito anteriormente tanto para o paclitaxel como para outro quimioterápico da família taxane, o docetaxel. Teorizou-se como mecanismo patofisiológico a toxicidade às células de Müller, com consequente acúmulo de líquido intracelular e extravasamento extracelular subclínico(3,5,6). A irreversibilidade da baixa acuidade visual, mesmo após a suspensão da medicação e consequente resolução do edema macular cistóide, sugere um mecanismo distinto de toxicidade do paclitaxel associado a danos celulares permanentes. Neste relato de caso evidenciou-se a relação do uso da medicação, não só com o aparecimento do edema macular, assim como com a perda visual irreversível da paciente, ressaltando, portanto, o potencial maculotóxico do paclitaxel. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. Marupudi NI, Han JE, Li KW, Renard VM, Tyler BM, BremH. Paclitaxel: a review of adverse toxicities and novel delivery strategies. Expert Opin Drug Saf. 2007; 6 (5): 609-21. Hofstra LS, de Vries EG, Willemse PH. Ophthalmic toxicity following paclitaxel infusion. Ann Oncol. 1997; 8 (10): 1053. Joshi MM, Garretson BR. Paclitaxel maculopathy. Arch Ophthalmol. 2007; 125 (5): 709-10. Scaioli V, Caraceni A, Martini C, Curzi G, Luca G. Electrophysilogical evaluation of visual pathways in plactaxeltreated patients. J Neurooncol. 2006; 77 (1):79-87. Teitelbaum BA, Tresley DJ. Cystic maculopathy with normal capillary permeability secundary to docetaxel. Optom Vis Sci. 2003; 80 (4):277-9. Telander DG, Sarraf D. Cystoid macular edema with docetaxel chemotherapy and the fluid retention syndrome. Semin Ophthalmol. 2007; 22 (3): 151-3. Autor Correspondente: Wagner Ghirelli Rua Maria Figueiredo, nº 283 Tel: (11) 33713324 Email: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 254-6 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd256 25/5/2015, 14:47 ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO257 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review Biomarcadores e desfechos substitutos na neuropatia óptica glaucomatosa: novos desenvolvimentos e uma revisão Niro Kasahara1 RESUMO O glaucoma compreende um grupo de neuropatias ópticas progressivas que tem em comum a degeneração lenta e progressiva das células ganglionares e seus axônios, resultando em aparência única do disco óptico e, simultaneamente, um padrão correspondente de perda visual. Biomarcadores são características medidas objetivamente e avaliadas como indicadores de processo biológico normal, processos patológicos ou respostas farmacológicas a uma intervenção terapêutica. Vários marcadores biológicos foram associados com glaucoma, especialmente os genéticos, proteômicos, autoimunes e outros biomarcadores moleculares, embora a maioria ainda necessite de validação clínica. Existem potenciais benefícios em usar biomarcadores. Informações podem ser obtidas mais precocemente, de forma mais rápida e menos onerosa. Esta revisão resume os últimos avanços e métodos em biomarcadores de glaucoma e seu possível uso no diagnóstico, estadiamento e como preditores da resposta ao tratamento. Descritores: Glaucoma; Doenças do nervo óptico; Marcadores biológicos ABSTRACT Glaucoma is a group of progressive optic neuropathies that have in common a slow progressive degeneration of retinal ganglion cells and their axons, resulting in a distinct appearance of the optic disc and a concomitant pattern of visual loss. Biomarkers are characteristics objectively measured and evaluated as indication of normal biologic processes, pathogenic processes, or pharmacologic responses to a therapeutic intervention. Several biological markers have been implicated with glaucoma, especially genetics, proteomics, autoimmune and other molecular biomarkers, although, most awaits clinical validation. There are clear potential benefits in using biomarkers. Information can be obtained earlier, faster, and less costly. This review summarizes the latest developments and approaches in glaucoma biomarkers and its possible uses in the diagnosis, staging, and as predictors of response to treatment. Keywwords: Glaucoma; Optic nerve diseases; Biological makers 1 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (Fcmscsp) (SP), Brazil. Os autores declaram não haver conflitos de interesse Recebido para publicação em 21/08/2014 - Aceito para publicação em 17/12/2014 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd257 25/5/2015, 14:47 258 Kasahara N B iomarkers are characteristics objectively measured and evaluated as indication of normal biologic processes pathogenic processes, or pharmacologic responses to atherapeutic intervention(1). Although what the marker marks is clearly defined as being intrinsic, the marker itself can be either intrinsic or extrinsic. Intrinsic markers can be physical (clinical or radiographic) or laboratorial (physiological, pharmacological, genetic, biochemical, etc.). An example of an extrinsic marker is cigarette consumption in lung cancer(2). A surrogate marker or surrogate endpoint has been defined as a biomarker intended to substitute for a clinical endpoint, the latter being a characteristic or variable that reflects how a patient feels, functions, or survives(1). Both biomarkers and surrogate endpoints can be used in diagnosing, staging, and monitoring disease, and in determining its response to therapy. The difference between a biomarker and surrogate endpoint is that a biomarker is a “candidate” surrogate marker, whereas a surrogate marker is a test used, and taken, as a measure of the effects of a specific treatment(3). Biomarkers are often cheaper and easier to measure than true endpoints and can be measured more quickly and earlier. There may also be ethical issues associated with measuring true endpoints. For example, in paracetamol overdose it is unethical to wait for evidence of liver damage before deciding whether or not to treat a patient; instead, a pharmacological biomarker, the plasma paracetamol concentration, is used to predict whether treatment is required(2). Biomarkers can be used at any point in the chain of events that leads from the pathogenesis of a disease to its clinical manifestations, whether at the molecular, cellular, or organ levels. Likewise, a therapy might be developed to tackle any one of these links, in order to try to treat the disease. Any measurement short of the actual outcome could be regarded as a surrogate endpoint biomarker. However, although all surrogate endpoints are biomarkers, not all biomarkers are useful surrogate endpoints(2). Surrogate endpoints are used in clinical trials and, as such, it is defined as a response variable for which a test of the null hypothesis of no relationship to the treatment groups under comparison is also a valid test of the corresponding null hypothesis based on the true endpoint(4). It’s use, however, introduces heterogeneous variance and the problem of regression to the mean. In clinical practice, biomarkers are used frequently and without notice. In a patient with cancer, a clinician measures the time to relapse as a surrogate endpoint for survival time. Ophthalmologists measure intraocular pressure (IOP) instead of loss of vision in patients with glaucoma. Physicians use biomarkers to stage disease (e.g., the number of lymph nodes affected by cancer), in diagnosis (e.g., magnetic resonance imaging, electrocardiography, and autoimmune antibodies), and to monitor the progress of a disease or its treatment (e.g., serum glucose concentration and blood pressure)(2). The increased sensitivity and the developments of genomic, proteomic, and metabolomic research techniques have caused the potential to identify molecules that may serve as potentially useful markers, including (1) markers for early detection of a disease, (2) markers to predict disease severity, (3) markers to predict the rate of disease progression, and (4) markers to serve as predictors of response to treatment(5). Glaucoma is a group of progressive optic neuropathies that have in common a slow progressive degeneration of retinal ganglion cells and their axons, resulting in a distinct appearance of the optic disc and a concomitant pattern of visual loss(6). It is estimated that glaucoma affects more than 66 million individuals worldwide with at least 6.8 million bilaterally blind(7). Although not completely understood, it is a multifactorial complex neurodegenerative disease triggered by different factors including mechanical stress due to intraocular pressure, decreased blood flow to retina, reperfusion injury, oxidative stress, glutamate excitotoxicity, and aberrant immune response. The discovery of clinically useful biomarkers in glaucoma is constantly expanding and includes from genes to proteomic markers, and analyses of serum antibodies to retina and optic nerve proteins. We summarize herein the current knowledge regarding the factors related to the diagnosis, progression, and response to treatment of glaucoma, which have not been definitely established but represent biomarker candidates to be validated. These markers include clinical, genetic, proteomic, autoimmune, and neurodegenerative candidates yet to be corroborated. Clinical biomarkers Automated perimetry, IOP, optic disk, and retinal nerve fiber layer are surrogate markers for glaucomatous optic neuropathy used in clinical practice and as outcome measures in research. From another standpoint, biomarkers are biological quantitative measurements that may differentiate suspected disease from healthy individuals, and predict the course of disease, or treatment response. So far, we recognize some of the risk factors for glaucoma, such as elevated IOP, although it is not always present in every patient. A combination of two or more biomarkers such as optic nerve structure, visual function and IOP, is a “biosignature” of glaucoma disease, just as measurements of high density lipoprotein (HDL), low density protein (LDL), and cholesterol have become biosignatures of cardiovascular disease(8). Intraocular pressure A number of randomized clinical trials have convincingly shown that elevated IOP is the leading risk factor for glaucoma development and that IOP reduction can significantly reduce the incidence and progression of the disease. However, IOP can be deceiving in that it is not a defining criterion for primary open-angle glaucoma (POAG). Population surveys show that up to 50% of open-angle glaucoma patients have an IOP of 21 mm Hg or lower(9,10). Besides, the effect of IOP fluctuation, either diurnal or long-term visit to visit, on the risk of developing POAG is still controversial(11). Some investigators propose a joint analysis approach to assess whether variability of IOP as a biomarker is independently predictive of clinical outcomes. Using data from two long-term clinical trials of the efficacy of IOP lowering medication in the prevention of glaucoma (the Ocular Hypertension Treatment Study - OHTS and the European Glaucoma Prevention Study - EGPS), they determined if longterm IOP fluctuation is independently predictive of POAG. A linear mixed model incorporating patient-specific variance describes the trajectory of IOP, and its association with the time to POAG is assessed using both semi-parametric and full parametric survival models. Substantively, the authors results show that IOP variability is independently predictive of POAG in the OHTS, and the subjects with high IOP fluctuation have an increased risk of developing POAG(12). Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd258 25/5/2015, 14:47 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review Visual function: automated perimetry The loss of retinal ganglion cells in glaucoma leads to characteristic visual field defects as evaluated by automated perimetry, although a great amount of axons has to be lost before initial visual field defects can be detected. To patients, visual function may be the clearest marker of glaucoma. There seems to be a clear relationship between visual function and quality of life(13). Automated perimetry is a particularly useful clinical biomarker to predict disease severity, since the visual fields of a patient immediately give an appraisal about the amount of damage, and also the amount of residual vision that is available before the patient will suffer definite and clear loss of quality of life. Nevertheless, automated perimetry do have some limitations as a biomarker. Visual field defects are not disease specific. Although visual field defects in glaucoma follows typically a ganglion cell loss pattern, other optic neuropathies do cause ganglion cell loss and visual field defects similar to glaucoma(14). The visual field index (VFI) has been developed to evaluate progression of glaucoma in time(15). As a marker to predict the rate of disease progression, automated perimetry is not ideal, since it is usually necessary to perform a number of tests to assess progression. Besides, as a psychophysical test it is dependent on patient response and can be very variable from one exam from another. Automated perimetry is not a useful marker for early detection of a disease since a large amount of ganglion cells must be lost before initial visual field defects can be detected. Structural measures: optic nerve and retinal nerve fiber layer Direct assessment of the optic nerve and the retinal nerve fiber layer is of paramount importance in glaucoma diagnosis and progression. Progressive optic disc damage is highly predictive for the development of functional loss in glaucoma. Some changes in the optic disk are typical of the glaucomatous optic neuropathy, however, there is a number of patients with suspicious looking disks in which the structural evaluation per se is not enough for diagnosis. Although ephemeral and not very frequent, disk hemorrhage is a very typical feature in glaucoma patients and almost pathognomonic of glaucoma. It may be a marker of rapid glaucoma progression, in that localized subclinical structural change predisposes to disk hemorrhage, after which subsequent disease progression is accelerated, and recurrent optic disk hemorrhages are related to rapid structural progression of glaucomatous damage(16). The development of new imaging devices provides better access to view the optic disk and the nerve fiber layer as potential biomarkers. Optic coherence tomography is a useful device to assess the optic nerve, and careful monitoring of the optic disc appearance is important to evaluate glaucoma progression. However, whether changes detected by imaging instruments are associated with future progression remains a key question and the ability to longitudinally evaluate imaging instruments is difficult as the technology is always evolving. Genetic biomarkers Family history is a risk factor of glaucoma. In fact, about 20% of glaucoma patients have family history of the disease and the prevalence of open-angle glaucoma increases up to 13.5% among relatives of glaucoma patients indicating an important genetic component(17,18). Genetic biomarkers might be invaluable tools to identify individuals at risk for disease as well as serving 259 to measure the outcomes of therapies. One drawback is that no all genes can function as biomarkers. In order to have a large effect size the allele frequency has to be low; conversely, a high allele frequency has low effect size. Besides, most gene mutations and polymorphism are population specific; so one particular gene mutation in Europeans descendents may not be implicated in an African population. Model-dependent linkage analyses using multiplex POAG pedigrees have generated a number of potential loci (GLC1A– GLC1H and GLC1L) however, only three genes have been recognized. MYOC (myocilin) was the first gene identified from the GLC1A locus (19,20). Myocilin is an extracellular protein of unknown ocular function. Missense mutations account for 3% to 5% of POAG cases(21,22). The underlying genetic mechanism is possibly gain-of function or dominant-negative effect, since the loss of protein function does not result in glaucoma(23-25). The disease-associated missense changes reduce the solubility of the protein, causing it to aggregate in the endoplasmic reticulum and preventing its secretion to the extracellular matrix(26). The absence of protein does not cause disease, however, intracellular accumulation of myocilin aggregates may sensitize trabecular meshwork cells to apoptosis(27). The second gene optineurin (OPTN) was identified at GLC1E (10p15-p14) and is primarily responsible for rare cases of familial normal tension glaucoma(28-30). Optineurin may possibly influence ganglion cell apoptosis directly through rab8 signaling(31,32). WD repeat domain 36 (WDR36) at GLC1G (5q21.3-q22.1) seems to be related to POAG severity in some cases, although it is neither necessary nor sufficient for disease development(33,34). A zebrafish homolog of WDR36 stimulates apoptosis mediated by p53, implying a possible role for the gene in retinal ganglion cell susceptibility to apoptotic cell death(35). Genome-wide scans using nonparametric linkage methods in different populations of POAG pedigrees identified 10 genomic regions that may harbor POAG susceptibility genes (2p14, 2q3334, 10-12-p13, 14q11-q22, 17p13, 17q25, 19q12-q14)(36-38). Using ordered subset analysis with the mean family age of onset as a covariate, a follow-up study of the scan performed on European descent pedigrees, distinguished some families with significant linkage to 15q11- q13, designated GLC1I(39). TANK-binding kinase 1 is an enzyme encoded by TBK1 that can mediate NFKB activation in response to certain growth factors. The gene is specifically expressed in retinal ganglion cells affected by glaucoma. Located in chromosome 12q14, duplications of the gene were discovered in normal tension glaucoma patients. This duplication leads to increased transcription of TBK1(40,41). Besides, TBK1 associates with the product of OPTN(42). Nevertheless, this is a rare observation, given that, only 1% of patients displayed duplication of the TBK1 gene in a multicenter case-control study(43). Useful genetic screening tests for POAG are not available(44). Currently only 30% of individuals at risk for early-onset forms of glaucoma cases can be identified(45). Continuing research using genome-wide association in large population may reveal new genetic biomarkers and useful screening tests(46). In order to use genes as biomarkers, one needs to have causative genes or to have genes that are associated with disease. At present, gene-based risk prediction and prognosis at early stages of the disease are possible; however, studies that isolate genes associated with late onset forms of glaucoma are still Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd259 25/5/2015, 14:47 260 Kasahara N underway. Most of the genes associated with glaucoma are causative, so that, a molecular diagnosis and genetic counseling with families who carry disease are possible. Future research will aim to target newly identified genes with clinical phenotypes and outcomes, to identify genes associated with POAG, and to correlate genetic variation with disease, clinical outcome, and treatment response. Proteomic biomarkers The term proteomics was first introduced in 1994 for the aim of global characterization of a proteome (referring the proteins expressed by the genome), including protein expression, structure, modifications, functions, and interactions (47). The proteome is the entire set of proteins, produced or modified by an organism or system(48). Proteomics is one of the most important post-genomic approaches to improve the understanding of gene function. Nevertheless, when compared to genome, proteome is a much more complex and dynamic system. Although proteins provide the most important clues to disease mechanisms, their analysis is difficult due to large diversity in properties, such as molecular size, dynamic range in quantity, and their hydrophilicity or hydrophobicity(49). Conversely, since blood samples can be easily collected, the proteins detectable in serum or plasma have formed the basis of commonly used tests to screen and monitor disease biomarkers in various fields. Proteomics is highly useful in the identification of candidate biomarkers (proteins in body fluids that are of value for diagnosis), identification of the bacterial antigens that are targeted by the immune response, and identification of possible immunohistochemistry markers of infectious or neoplastic diseases (50). Recent studies of glaucoma using proteomics analysis techniques have resulted in a lists of differentially expressed proteins in human glaucoma and animal models. The global analysis of protein expression in glaucoma has been followed by cell-specific proteome analysis of both retinal ganglion cells and astrocytes. The proteomics data have also guided targeted studies to identify post-translational modifications and protein-protein interactions during glaucomatous neurodegeneration. In addition, recent applications of proteomics have provided a number of potential biomarker candidates(49). To date, most of the studies in glaucoma molecular biomarkers comprise the studies of autoantibodies and their target antigens. A panel of antigenic proteins that elicit serum immunoreactivity at a high frequency among glaucoma patients can provide an effective tool for biomarker screening (49). However, a much lower abundance of most protein biomarkers than some disease-irrelevant serum proteins poses a challenge of serum biomarker detection. Currently, 22 proteins were detected in glaucoma patients and included immune mediators and components of cell death signaling which may serve as biomarker candidates (table 1)(49). Nevertheless, the clinical validation of candidate molecules still poses a major challenge. Large studies of heterogeneous cohorts for appropriate statistical power and blinding are deemed necessary to eliminate false positives and to calculate the sensitivity and specificity of candidate molecules for clinical prediction(51,52). Besides, given the highly complex pathogenesis and the characteristic inter-patient heterogeneity of glaucoma, a panel of biomarkers, rather than a single biomarker, is needed to provide appropriate sensitivity and specificity needed(49). Table 1. Potencial glaucoma protein biomarkers candidates (adapted from Tezel49). Protein name A-kinase anchor protein 10, mitochondrial precursor gi|21493033 Actin, cytoplasmic gi|45011885 Heterogenius nuclear ribonucleoprotein C-like gi|282396082 Insulin-like growth factor 2 mRNA-binding protein 2 isoform b gi|56118219 Rho guanine nucleotide exchange factor 40 gi|50843837 Toll-like receptor 8 precursor gi|20302168 Tripartite motif-containing protein 5 isoform delta gi|203046698 RNA polymerase I-specific transcription initiation factor RRN3 gi|93102377 Minichromosome maintenance complex component-like isoform a gi|209954821 Hypothetical protein LOC100510472 gi|310133112 GRIP and coiled-coil domain-containing protein 2 gi|31563507 DNAJ homolog subfamily C member 7 isoform 2 gi|221219056 Zinc finger protein 804B gi|31791053 1-phosphatidylinositol-4,5-biphsophate phosphodiesterase gamma-1 isoform b gi|33598946 C-Jun-amino-terminal kinase-interacting protein 1 gi|4885433 Kinesin-like protein KIF17 isoform a gi|170784807 NACTH, LRR and PYD domains-containing protein 6 gi|21264320 Sialic acid-binding Ig-like lectin 5 precursor gi|4502659 Testis-specific serine/ threonine-protein kinase 2 gi|194294513 Poly [ADP-ribose] polymerase 1 gi|156523968 NACTH, LRR and PYD domains-containing protein 8 gi|33667040 Protocadherin gamma-A11 isoform 1 precursor gi|11128039 * GenInfo Identifier (gi) was an early system used in bioinformatics to access GenBank and related databases. A gi number was assigned to each nucleotide and protein sequence accessible through the NCBI search systems, and was a means of tracking changes to the sequence. It is an unique identifier given to a DNA or protein sequence record to allow for tracking of different versions of that sequence record and the associated sequence over time in a single data repository. Autoimmune biomarkers There is growing evidence implying an autoimmune involvement in the pathogenesis of glaucoma. A number of studies provide fundamental insights into neurodegenerative properties of autoreactive IgG antibodies, which impair retinal ganglion cells (RGC) survival by specific binding, and assume direct and indirect triggered pathways for cell death in vivo(53). Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd260 Accession number* 25/5/2015, 14:47 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review Additional evidence of the role of autoimmunity in glaucoma is provided by the finding of elevated levels of antibodies against small heat shock proteins (a-A-crystalline, a-Bcrystalline, and HSP27) in normal tension glaucoma patients(54,55). Disease-specific changes in complex profiles of naturally occurring IgG autoantibodies were detected in the sera of glaucoma patients(56-58). Increased antibody levels (e.g. HSP70, anti-phosphatidylserine, g-enolase, glycosaminoglycans, neuron specific enolase, glutathione-S-transferase, a-fodrin, vimentin, MBP, glial fibrillary acidic protein, and retinal Santigen) were identified and implicated as player for autoimmunity in glaucoma and also significant and selective downregulations (e.g. anti-GFAP, anti-14-3-3) could be detected in glaucoma patients(59-68). However, whether the autoantibodies have a causative effect or appear as an epiphenomenon of the disease is yet to be unraveled. The downregulations are possibly related to a loss of natural protective autoimmunity and a disbalance of naturally occurring autoantibodies promoting neurodegenerative processes(69,70). This unsteadiness may shift the physiological balance of protective immunity into a neuroinflammatory degenerative process leading to a predisposition for glaucoma which raises the question whether elicited autoimmunity can cause RGC loss(53). There is a controversial debate whether autoantibodies are aberrant and contribute to disease pathogenesis or are beneficial, being part of a protective mechanism. Contradicting the principle that autoantibodies are always associated with pathological conditions, cumulative evidence demonstrate that natural autoantibodies entail protective characteristics and that autoimmunity can be protective in some situations(71,72). Accordingly, the downregulation of some autoantibodies in glaucoma patients could lead to a loss of protective autoimmunity(53). As a parameter associated with the presence and severity of specific disease states, autoantibody patterns are useful biomarkers for glaucoma diagnosis before its clinical manifestations. Using mass spectrometry-based proteomics to compare the autoantibody profiles in body fluids (serum, aqueous humor or tears) from patients with glaucoma with those obtained from healthy individuals, autoantibody patterns that are the most discriminating can be classified (53) . Autoantibody profiles are useful laboratory markers for the diagnosis of diseases such as cancer, rheumatoid arthritis and Alzheimer’s disease( 73-75). In glaucoma, the complex antibody profiles are stable and consistently exist among different study populations(65). As described previously, many autoantibody reactivities are significantly increased or decreased in glaucoma patients as compared to non-glaucoma control group. Using a pattern recognition algorithm such as artificial neural networks for unique serum autoantibody patterns, it is possible to differentiate between sera of POAG patients and healthy subjects with a sensitivity and specificity of approximately 93% (53). Hence, autoantibodies can be highly-specific and accurate useful biomarkers for glaucoma diagnosis by simple blood testing. Miscellaneous Some non-genetic molecular candidate biomarkers includes hormones such as erythropoietin, which exert its neuroprotective effect by reducing the nitric oxide-mediated formation of free radicals or antagonizing their toxicity, and hepcidin that regulates of iron efflux from numerous cell types and is expressed in the Müller cells, photoreceptors, and retinal pigmented epithelium. Table 2 depicts a list of potential nongenetic glaucoma biomarkers(76). 261 Table 2. Non genetic candidate biomarkers in glaucoma (adapted from Kokotas et al76). Candidate biomarker Type Source 3 α -HSD enzyme blood Ankyrin-2* protein AH ANGPTL7 protein TM and AH Antibody for glycosaminoglycans antibody serum Antibody for GST antibody serum Antibody for NSE antibody serum Antibody for heat shock proteins antibody serum Antibody for anti-Helicobacter pylori antibody AH and serum Antibody for Chlamydia pneumoniae antibody serum nucleotide AH AP4A compound Apoliprotein B and D* proteins AH BDNF protein serum Caspase-14 enzyme AH CD44H protein TM and AH Cellular senescence antagonistic pleiotropic response AH Citrate multifunctional acid Plasma Cystatin C protein AH Cytokines proteins TM, AH, and serum ELAM1* protein AH Erythropoietin hormone AH GRP78 protein TM Heat shock 60 and 90 proteins AH kDa* Hepcidin hormone AH Homocysteine amino acid AH, plasma, and tear fluid Hydroxyproline imino acid AH and plasma Malondialdehyde aldehyde AH and plasma Myoblast determination protein 1* protein AH Myocilin protein AH and TM Myogenin* protein AH Myotrophin* protein AH Nitric oxide synthase enzyme TM, Schlemm’s canal, and collecting channels PGDS enzyme AH, TM, and serum enzyme TM Phospholipase A2 Phospholipase C β and γ* enzyme AH Transferrin protein AH Transthyretin protein AH Tumor necrosis factor α protein AH Ubiquitin fusion degradation 1-like* protein AH Vasodilator stimulated phosphoprotein* protein AH and TM AH: aqueous humor; TM: trabecular meshwork; * vascular biomarkers77 Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd261 25/5/2015, 14:47 262 Kasahara N New proteins detected in the aqueous humor of glaucoma patients are involved in molecular events that resemble those that occur during atherosclerosis, such as, endothelial dysfunction, lipoprotein alteration, modification of smooth muscle cell functions, oxidative damage, inflammation, loss of intercellular adhesion, mitochondrial failure, and apoptosis(77). As a whole, these observations indicate that a remarkable endothelial damage affects the anterior chamber in glaucoma, especially in the trabecular meshwork. From a biological point of view, the anterior chamber is a space that is surrounded by an endothelium and a path by which a liquid travels, so it can be considered as being similar to a vessel(78). Hence, these new proteins are referred as vascular biomarkers (table 2). Neurodegenerative markers Neurodegenerative diseases are slowly progressive and irreversible disorders of the nervous system. Early detection of disease is possible by means of neurochemical measurements and neuroimaging biomarkers specifically related to the pathogenic events(79,80). Parkinson’s and Alzheimer’s disease are typical neurodegenerative diseases and although its primary causes are different from the glaucomatous optic neuropathy, they share close similarities in several pathological findings(81). Retinal ganglion cell bodies are located within the eyeball and its axons emerge the eye forming the optic nerve, chiasm and optic tract. As retinal ganglion cell axons project to the central nervous system, their number within the retrobulbar optic nerve may be a suitable surrogate marker for optic atrophy(82). Thinning of the retrobulbar optic nerve has been reported both in histological and diagnostic imaging studies suggesting that the diameter of the nerve may correlate with the extent of the optic atrophy(83-87). High-resolution magnetic resonance imaging (MRI) using an ultra fast HASTE-sequence at 3 T sequences of the optic nerve can portray axonal loss in the optic nerve comparing closely with the retinal nerve fiber layer-related parameters and could be used as a biomarker for axonal loss in glaucoma(82). 3-T diffusion tensor imaging of the optic nerve in patients with glaucoma displays good correlation with the retinal nerve fiber layer thickness measured by OCT and may serve as a biomarker of disease severity(88). The majority of the ganglion cells axons terminate in the lateral geniculate nucleus (LGN), the major relay station between the retina and the visual cortex(89). In an experimental glaucoma model on monkeys, the loss of optic nerve fibers leads to degenerative changes in the LGN, with decrease in number and size of neurons and overall nucleus shrinkage(90,91). These findings provide evidence of trans-synaptic degeneration in glaucoma, and may be relevant to understanding disease spread in select patients(81). In vivo MRI evidence of LGN degeneration in human glaucoma is consistent with ex vivo primate and human neuropathological studies. LGN atrophy may be a relevant biomarker of visual system injury and/or progression in some cases of moderate to severe glaucoma patients(92). Future developments and conclusion In summary, a biomarker is an anatomic, physiologic, biochemical, or molecular parameter associated with the presence and severity of specific disease states. A biomarker may be detectable and measurable by a variety of methods, including physical examination, laboratory assays, and medical imaging. As a laboratory measurement or physical sign used in therapeutic trials as a substitute for a clinically meaningful endpoint, surrogate endpoints are used as direct measures of how a patient feels, functions, or survives and are expected to predict the effects of the therapy. For validation, a biomarker has to exhibit the capability to capture the net effects of treatment on clinical outcome, using an established scientific framework or body of evidence that elucidates the physiologic, toxicologic, pharmacologic, or clinical significance of the test results(5). The glaucomatous optic neuropathy encompasses a number of different forms of disease, from childhood, early onset juvenile glaucoma to secondary and adult glaucoma. The discovery of specific biomarkers for each particular glaucoma is deemed necessary and poses a challenge to researchers. Hence, there is probably no single ‘ideal’ glaucoma biomarker that is going to cover all aspects of clinical disease including early detection, severity prediction, progression, and response to treatment(5). Despite the plethora of candidates biomarkers discusses in this review, there are still unmet needs for glaucoma. What are the candidate genes that affect connective tissue biomechanics and how would that relate to glaucoma susceptibility? Is there any biomarker that indicates the speed of disease progression? Future research should focus on these issues. In the near future, as physicians, we expect to be able to establish a patient’s risk for POAG using a combination of genetic, clinical and biochemical markers, to assess the ganglion cell disease by novel imaging techniques, and initiate appropriate therapy to restore ganglion cell health(76). REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. NIH Definitions Working Group. Biomarkers and surrogate endpoints in clinical research: definitions and conceptual model. In: Downing GJ, editors. Biomarkers and Surrogate Endpoints. Amsterdam: Elsevier; 2000. p.1-9. Aronson JK. Biomarkers and surrogate endpoints. Br J Clin Pharmacol. 2005; 59(5):491-4. Katz R. Biomarkers and Surrogate Markers: An FDA perspective. NeuroRx. 2004; 1(2):189-95. Prentice RL. Surrogate endpoints in clinical trials: definition and operational criteria. Stat Med. 1989; 8(4):431-40. Bhattacharya SK, Lee RK, Grus FH. Molecular biomarkers in glaucoma. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2013; 54(1):121-31. Weinreb RN, Khaw PT. Primary open-angle glaucoma. Lancet. 2004; 363(9422):1711-20. Quigley HA. Number of people with glaucoma worldwide. Br J Ophthalmol. 1996; 80(5):389-93. Gupta N. Playing tag with biomarkers of glaucoma. Open Ophthalmol J. 2009; 3: 29. Tielsch JM, Sommer A, Katz J, Royall RM, Quigley HA, Javitt J. Racial Variations in the Prevalence of Primary Open-angle Glaucoma. The Baltimore Eye Survey. JAMA. 1991; 266(3):369-74. Leske MC, Connell AM, Schachat AP, Hyman L. The Barbados Eye Study. Prevalence of open angle glaucoma. Arch Ophthalmol. 1994; 112(6):821-9. Singh K, Shrivastava A. Intraocular pressure fluctuations: how much do they matter? Curr Opin Ophthalmol. 2009; 20(1):84-7. Gao F, Miller JP, Miglior S, Beiser JA, Torri V, Kass MA, Gordon MO. A joint model for prognostic effect of biomarker variability on outcomes: long-term intraocular pressure (IOP) fluctuation on the risk of developing primary open-angle glaucoma (POAG). JP J Biostat. 2011; 5(1):73-96. Gutierrez P, Wilson MR, Johnson C, Gordon M, Cioffi GA, Ritch R, et al. Influence of glaucomatous visual field loss on healthrelated quality of life. Arch Ophthalmol. 1997; 115(6):777-84. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd262 25/5/2015, 14:47 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review 14. Hayreh SS, Zimmerman B. Visual field abnormalities in nonarteritic anterior ischemic optic neuropathy: their pattern and prevalence at initial examination. Arch Ophthalmol. 2005; 123(11):1554-62. 15. Bengtsson B, Heijl A. A visual field index for calculation of glaucoma rate of progression. Am J Ophthalmol. 2008; 145(2):343-53. 16. Suh MH, Park KH. Pathogenesis and clinical implications of optic disk hemorrhage in glaucoma. Surv Ophthalmol. 2014; 59(1):1929. 17. Ray K, Mukhopadhyay A, Acharya M. Recent advances in molecular genetics of glaucoma. Mol Cell Biochem. 2003; 253(1-2): 223-31. 18. van Koolwijk LM, Despriet DD, van Duijn CM, Pardo Cortes LM, Vingerling JR, Aulchenko YS, et al. Genetic contributions to glaucoma: heritability of intraocular pressure, retinal nerve fiber layer thickness, and optic disc morphology. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2007; 48(8):3669-76. 19. Stone EM, Fingert JH, Alward WLM. Identification of a gene that causes primary open angle glaucoma. Science. 1997; 275(5300):668-70. 20. Kubota R, Noda S, Wang Y, Minoshima S, Asakawa S, Kudoh J, et al. A novel myosin-like protein (myocilin) expressed in the connecting cilium of the photoreceptor: molecular cloning, tissue expression, and chromosomal mapping. Genomics. 1997; 41(3):360-9. 21. Wiggs JL, Allingham RR, Vollrath D, Jones KH, De La Paz M, Kern J, et al. Prevalence of mutations in TIGR/Myocilin in patients with adult and juvenile primary open-angle glaucoma. Am J Hum Genet. 1998; 63(5):1549-52. 22. Fingert JH, Ho E, Liebmann JM, Yamamoto T, Craig JE, Rait J, et al. Analysis of myocilin mutations in 1703 glaucoma patients from five different populations. Hum Mol Genet. 1999; 8(5):899-905. 23. Wiggs JL, Vollrath D. Molecular and clinical evaluation of a patient hemizygous for TIGR/MYOC. Arch Ophthalmol. 2001; 119(11):1674-8. 24. Kim BS, Savinova OV, Reedy MV, Martin J, Lun Y, Gan L, et al. Targeted disruption of the myocilin gene (Myoc) suggests that human glaucoma-causing mutations are gain of function. Mol Cell Biol. 2001; 21(22):7707-13. 25. Resch ZT, Fautsch MP. Glaucoma-associated myocilin: a better understanding but much more to learn. Exp Eye Res. 2009; 88(4):704-12. 26. Aroca-Aguilar JD, Martínez-Redondo F, Sánchez-Sánchez F, Coca-Prados M, Escribano J. Functional role of proteolytic processing of recombinant myocilin in self-aggregation. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2010; 51(1):72-8. 27. Joe MK, Tomarev SI. Expression of myocilin mutants sensitizes cells to oxidative stress-induced apoptosis. Implication for glaucoma pathogenesis. Am J Pathol. 2010; 176(6):2880-90. 28. Rezaie T, Child A, Hitchings R, Brice G, Miller L, Coca-Prados M, et al. Adult-onset primary open-angle glaucoma caused by mutations in optineurin. Science. 2002; 295(5557):1077-79. 29. Hauser MA, Sena DF, Flor J, Walter J, Auguste J, LarocqueAbramson K, et al. Distribution of optineurin sequence variations in an ethnically diverse population of low-tension glaucoma patients from the United States. J Glaucoma. 2006; 15(5):358-63. 30. Aung T, Rezaie T, Okada K, Viswanathan AC, Child AH, Brice G, et al. Clinical features and course of patients with glaucoma with the E50K mutation in the optineurin gene. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2005; 46(8):2816-22. 31. Chalasani ML, Radha V, Gupta V, Agarwal N, Balasubramanian D, Swarup G. A glaucoma-associated mutant of optineurin selectively induces death of retinal ganglion cells which is inhibited by antioxidants. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2007; 48(4):1607-14. 263 32. Chibalina MV, Roberts RC, Arden SD, Kendrick-Jones J, Buss F. Rab8-optineurin-myosin VI: analysis of interactions and functions in the secretory pathway. Methods Enzymol. 2008; 438(1):11-24. 33. Monemi S, Spaeth G, DaSilva A, Popinchalk S, Ilitchev E, Liebmann J, et al. Identification of a novel adult onset primary open-angle glaucoma (POAG) gene on 5q22.1. Hum Mol Genet. 2005; 14(6):725-33. 34. Hauser MA, Allingham RR, Linkroum K, Wang J, LaRocqueAbramson K, Figueiredo D, et al. Distribution of WDR36 DNA sequence variants in patients with primary open-angle glaucoma. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006; 47(6):2542-46. 35. Skarie JM, Link BA. The primary open-angle glaucoma gene WDR36 functions in ribosomal RNA processing and interacts with the p53 stress-response pathway. Hum Mol Genet. 2008; 17(6):2474-85. 36. Wiggs JL, Allingham RR, Hossain A, Kern J, Auguste J, DelBono EA, et al. Genome-wide scan for adult onset primary open angle glaucoma. Hum Mol Genet. 2000; 9(7):1109-17. 37. Nemesure B, Jiao X, He Q, Leske MC, Wu SY, Hennis A, et al. A genome-wide scan for primary open-angle glaucoma (POAG): the Barbados Family Study of Open-Angle Glaucoma. Hum Genet. 2003; 112(5-6):600-9. 38. Rotimi CN, Chen G, Adeyemo AA, Jones LS, Agyenim-Boateng K, Eghan BA Jr, et al. Genomewide scan and fine mapping of quantitative trait loci for intraocular pressure on 5q and 14q in West Africans. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006; 47(8):3262-67. 39. Allingham RR, Wiggs JL, Hauser ER, Larocque-Abramson KR, Santiago-Turla C, Broomer B, et al. Early adult-onset POAG linked to 15q11-13 using ordered subset analysis. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2005; 46(6):2002-5. 40. Fingert JH, Robin AL, Stone JL, Roos BR, Davis LK, Scheetz TE, et al. Copy number variations on chromosome 12q14 in patients with normal tension glaucoma. Hum Mol Genet. 2011; 20(12):2482-94. 41. Kawase K, Allingham RR, Meguro A, Mizuki N, Roos B, SolivanTimpe FM, et al. Confirmation of TBK1 duplication in normal tension glaucoma. Exp Eye Res. 2012; 96(1):178-80. 42. Morton S, Hesson L, Peggie M, Cohen P. Enhanced binding of TBK1 by an optineurin mutant that causes a familial form of primary open angle glaucoma. FEBS Lett. 2008; 582(6):997-1002. 43. Ritch R, Darbro B, Menon G, Khanna CL, Solivan-Timpe F, Roos BR, et al. TBK1 gene duplication and normal-tension glaucoma. JAMA Ophthalmol. 2014; 132(5):544-8. 44. Fan BJ, Tam PO, Choy KW, Wang DY, Lam DS, Pang CP. Molecular diagnostics of genetic eye diseases. Clin Biochem. 2006; 39(3):231-9. 45. Mackey DA, Craig JE. Predictive DNA testing for glaucoma: reality in 2003. Ophthalmol Clin North Am. 2003; 16(4):639-45. 46. Fan BJ, Wiggs JL. Glaucoma: genes, phenotypes, and new directions for therapy. J Clin Invest. 2010; 120(9):3064-72. 47. Domon B, Aebersold R. Mass spectrometry and protein analysis. Science. 2006; 312(5771):212-7. 48. Wilkins MR, Pasquali C, Appel RD, Ou K, Golaz O, Sanchez JC, et al. From proteins to proteomes: large scale protein identification by two-dimensional electrophoresis and amino acid analysis. Biotechnology (NY). 1996; 14(1):61-5. 49. Tezel G. A proteomics view of the molecular mechanisms and biomarkers of glaucomatous neurodegeneration. Prog Retin Eye Res. 2013; 35(1):18-43. 50. Ceciliani F, Eckersall D, Burchmore R, Lecchi C. Proteomics in veterinary medicine: applications and trends in disease pathogenesis and diagnostics. Vet Pathol. 2014; 51(2):351-62. 51. Filiou MD, Martins-de-Souza D, Guest PC, Bahn S, Turck CW. To label or not to label: applications of quantitative proteomics in neuroscience research. Proteomics. 2012; 12(4-5):736-47. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd263 25/5/2015, 14:47 264 Kasahara N 52. Matt P, Fu Z, Fu Q, Van Eyk JE. Biomarker discovery: proteome fractionation and separation in biological samples. Physiol Genomics. 2008; 33(1):12-7. 53. Gramlich OW, Bell K, Hohenstein-Blaul NT, Wilding C, Beck S, Pfeiffer N, Grus J. Autoimmune biomarkers in glaucoma patients. Curr Op Pharmacol. 2013; 13(1):90-7. 54. Wax MB, Barrett DA, Pestronk A. Increased incidence of paraproteinemia and autoantibodies in patients with normal pressure glaucoma. Am J Ophthalmol. 1994; 117(5):561-8. 55. Tezel G, Seigel GM, Wax MB. Autoantibodies to small heat shock proteins in glaucoma. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1998; 39(12):2277-87. 56. Grus FH, Joachim SC, Hoffmann EM, Pfeiffer N. Complex autoantibody repertoires in patients with glaucoma. Mol Vis. 2004; 10:132-7. 57. Joachim SC, Grus FH, Pfeiffer N. Analysis of autoantibody repertoires in sera of patients with glaucoma. Eur J Ophthalmol. 2003; 13(9-10):752-8. 58. Joachim SC, Pfeiffer N, Grus FH. Autoantibodies in patients with glaucoma: a comparison of IgG serum antibodies against retinal, optic nerve, and optic nerve head antigens. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2005; 243(8):817-23. 59. Joachim SC, Bruns K, Lackner KJ, Pfeiffer N, Grus FH: Antibodies to alpha B-crystallin, vimentin, and heat shock protein 70 in aqueous humor of patients with normal tension glaucoma and IgG antibody patterns against retinal antigen in aqueous humor. Curr Eye Res. 2007; 32(6):501-9. 60. Kremmer S, Kreuzfelder E, Klein R, Bontke N, HennebergQuester KB, Steuhl KP, Grosse-Wilde H. Antiphosphatidylserine antibodies are elevated in normal tension glaucoma. Clin Exp Immunol. 2001; 125(2):211-5. 61. Maruyama I, Ohguro H, Ikeda Y: Retinal ganglion cells recognized by serum autoantibody against gamma-enolase found in glaucoma patients. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2000, 41(7):1657-65. 62. Tezel G, Edward DP, Wax MB: Serum autoantibodies to optic nerve head glycosaminoglycans in patients with glaucoma. Arch Ophthalmol. 1999; 117(7):917-24. 63. Ikeda Y, Maruyama I, Nakazawa M, Ohguro H. Clinical significance of serum antibody against neuron-specific enolase in glaucoma patients. Jpn J Ophthalmol. 2002; 46(1):13-17. 64. Yang J, Tezel G, Patil RV, Romano C, Wax MB. Serum autoantibody against glutathione S-transferase in patients with glaucoma. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2001; 42(6):1273-76. 65. Grus FH, Joachim SC, Bruns K, Lackner KJ, Pfeiffer N, Wax MB. Serum autoantibodies to alpha-fodrin are present in glaucoma patients from Germany and the United States. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006; 47(3):968-76. 66. Joachim SC, Reichelt J, Berneiser S, Pfeiffer N, Grus FH. Sera of glaucoma patients show autoantibodies against myelin basic protein and complex autoantibody profiles against human optic nerve antigens. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 2008; 246(4):57380. 67. Reichelt J, Joachim SC, Pfeiffer N, Grus FH. Analysis of autoantibodies against human retinal antigens in sera of patients with glaucoma and ocular hypertension. Curr Eye Res. 2008; 33(3):253-61. 68. Boehm N, Wolters D, Thiel U, Lossbrand U, Wiegel N, Pfeiffer N, Grus FH. New insights into autoantibody profiles from immune privileged sites in the eye: a glaucoma study. Brain Behav Immun. 2012; 26(1):96-102. 69. Schwartz-Albiez R, Monteiro RC, Rodriguez M, Binder CJ, Shoenfeld Y. Natural antibodies, intravenous immunoglobulin and their role in autoimmunity, cancer and inflammation. Clin Exp Immunol. 2009; 158(Suppl 1):43-50. 70. Shoenfeld Y, Toubi E: Protective autoantibodies: role in homeostasis, clinical importance, and therapeutic potential. Arthritis Rheum. 2005; 52(9):2599-606. 71. Schwartz M. Physiological approaches to neuroprotection: boosting of protective autoimmunity. Surv Ophthalmol. 2001; 45(Suppl 3): S256-S260. 72. Schwartz M. Protective autoimmunity as a T-cell response to central nervous system trauma: prospects for therapeutic vaccines. Prog Neurobiol. 2001; 65(5):489-96. 73. Huijbers A, Velstra B, Dekker TJ, Mesker WE, van der Burgt YE, Mertens BJ, et al. Proteomic serum biomarkers and their potential application in cancer screening programs. Int J Mol Sci. 2010; 11(11):4175-93. 74. Nagele E, Han M, Demarshall C, Belinka B, Nagele R. Diagnosis of Alzheimer’s disease based on disease-specific autoantibody profiles in human sera. PLoS ONE. 2011; 6:e23112. 75. Hueber W, Kidd BA, Tomooka BH, Lee BJ, Bruce B, Fries JF, et al. Antigen microarray profiling of autoantibodies in rheumatoid arthritis. Arthritis Rheum. 2005; 52(9):2645-55. 76. Kokotas H, Kroupis C, Chiras D, Grigoriadou M, Lamnissou K, Petersen MB, Kitsos G. Biomarkers in primary open angle glaucoma. Clin Chem Lab Med. 2012; 50(12):2107-19. 77. Saccà SC, Centofanti M, Izzotti A. New proteins as vascular biomarkers in primary open angle glaucomatous aqueous humor. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2012; 53(7):4242-53. 78. Izzotti A, Saccà SC, Di Marco B, Penco S, Bassi AM. Antioxidant activity of timolol on endothelial cells and its relevance for glaucoma course. Eye (Lond). 2008; 22(3):445-53. 79. Fjell AM, Walhovd KB, Fennema-Notestine C, McEvoy LK, Hagler DJ, HollandD, et al. CSF biomarkers in prediction of cerebral and clinical change in mild cognitive impairment and Alzheimer’s disease. J Neurosci. 2010; 30(6):2088-101. 80. Dickerson BC, Wolk DA. MRI cortical thickness biomarker predicts AD-like CSF and cognitive decline in normal adults. Neurology. 2012; 78(1):84-90. 81. Gupta N, Yucel YH: Glaucoma as a neurodegenerative disease. Curr Opin Ophthalmol. 2007; 18(2):110-4. 82. Lagreze WA, Gaggl M, Weigel M, Schulte-Monting J, Bubler A, Bach M, et al. Retrobulbar optic nerve diameter measured by high-speed magnetic resonance imaging as a biomarker for axonal loss in glaucomatous optic atrophy. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2009; 50(9):4223-8. 83. Jonas JB, Schmidt AM, Muller-Bergh JA, Naumann GO. Optic nerve fiber count and diameter of the retrobulbar optic nerve in normal and glaucomatous eyes. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol.1995; 233(7):421-4. 84. Beatty S, Good PA, McLaughlin J, O’Neill EC. Echographic measurements of the retrobulbar optic nerve in normal and glaucomatous eyes. Br J Ophthalmol. 1998; 82(1):43-7. 85. Boles Carenini B, Tettoni E, Brogliatti B. CT and a echography of optic nerve in glaucoma. Acta Ophthalmol Scand Suppl. 2002; 236:40-1. 86. Dichtl A, Jonas JB. Echographic measurement of optic nerve thickness correlated with neuroretinal rim area and visual field defect in glaucoma. Am J Ophthalmol. 1996; 122(4):514-9. 87. Kashiwagi K, Okubo T, Tsukahara S. Association of magnetic resonance imaging of anterior optic pathway with glaucomatous visual field damage and optic disc cupping. J Glaucoma. 2004; 13(3):189-95. 88. Wang MY, Wu K, Xu JM, Dai J, Qin W, Liu J, et al. Quantitative 3-T diffusion tensor imaging in detecting optic nerve degeneration in patients with glaucoma: association with retinal nerve fiber layer thickness and clinical severity. Neuroradiology. 2013; 55(4):493-8. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd264 25/5/2015, 14:47 Biomarkers and surrogate endpoints in the glaucomatous optic neuropathy: new developments and a review 89. Perry VH, Oehler R, Cowey A. Retinal ganglion cells that project to the dorsal lateral geniculate nucleus in the macaque monkey. Neuroscience. 1984; 12(4):1101-23. 90. Weber AJ, Chen H, Hubbard WC, Kaufman PL. Experimental glaucoma and cell size, density, and number in the primate lateral geniculate nucleus. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2000;41(6):1370-9. 91. Yücel YH, Zhang Q, Weinreb RN, Kaufman PL, Gupta N. Atrophy of relay neurons in magno- and parvocellular layers in the lateral geniculate nucleus in experimental glaucoma. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2001;42(13):3216-22. 265 92. Gupta N, Greenberg G, Noel-de-Tilly L, Gray B, Polemidiotis M, Yucel YH. Atrophy of the lateral geniculate nucleus in human glaucoma detected by magnetic resonance imaging. Br J Ophthalmol. 2009; 93(1):56-60. Corresponding author: Niro Kasahara Alameda Madeira, nº 258 - sala 1206 – Alphaville CEP 06454-010 – Barueri (SP), Brazil E-mail: [email protected] Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 257-65 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd265 25/5/2015, 14:47 266 Instruções aos autores A Revista Brasileira de Oftalmologia (Rev Bras Oftalmol.) - ISSN 0034-7280, publicação científica da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, se propõe a divulgar artigos que contribuam para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da prática, da pesquisa e do ensino da Oftalmologia e de especialidades afins. Todos os manuscritos, após aprovação pelos Editores, serão avaliados por dois ou três revisores qualificados (peer review), sendo o anonimato garantido em todo o processo de julgamento. Os comentários dos revisores serão devolvidos aos autores para modificações no texto ou justificativa de sua conservação. Somente após aprovações finais dos revisores e editores, os manuscritos serão encaminhados para publicação. O manuscrito aceito para publicação passará a ser propriedade da Revista e não poderá ser editado, total ou parcialmente, por qualquer outro meio de divulgação, sem a prévia autorização por escrito emitida pelo Editor Chefe. Os artigos que não apresentarem mérito, que contenham erros significativos de metodologia, ou não se enquadrem na política editorial da revista, serão rejeitados não cabendo recurso. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Oftalmologia seguem os requisitos uniformes proposto pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, atualizado em fevereiro de 2006 e disponível no endereço eletrônico http://www.icmje.org Artigo de Revisão: Tem como finalidade examinar a bibliografia publicada sobre um determinado assunto, fazendo uma avaliação crítica e sistematizada da literatura sobre um determinado tema e apresentar as conclusões importantes, baseadas nessa literatura. Somente serão aceitos para publicação quando solicitado pelos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Artigo de Atualização: Revisões do estado-da-arte sobre determinado tema, escrito por especialista a convite dos Editores. Deve ter: Texto, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract, Keywords e Referências. Relato de Caso: Deve ser informativo e não deve conter detalhes irrelevantes. Só serão aceitos os relatos de casos clínicos de relevada importância, quer pela raridade como entidade nosológica, quer pela não usual forma de apresentação. Deve ter: Introdução, Descrição objetiva do caso, Discussão, Resumo, Descritores, Título em Inglês, Abstract e Keywords e Referências. Cartas ao Editor: Têm por objetivo comentar ou discutir trabalhos publicados na revista ou relatar pesquisas originais em andamento. Serão publicadas a critério dos Editores, com a respectiva réplica quando pertinente. APRESENTAÇÃO E SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS Preparo do Manuscrito: A) Folha de Rosto deverá conter: • Título do artigo, em português e inglês, contendo entre dez e doze palavras, sem considerar artigos e preposições. O Título deve ser motivador e deve dar idéia dos objetivos e do conteúdo do trabalho; • Nome completo de cada autor, sem abreviaturas, porém se o autor já possui um formato utilizado em suas publicações, deve informar à secretaria da revista; • Indicação do grau acadêmico e/ou função acadêmica e a afiliação institucional de cada autor, separadamente. Se houver mais de uma afiliação institucional, indicar apenas a mais relevante. Cargos e/ou funções administrativas não devem ser indicadas. • Indicação da Instituição onde o trabalho foi realizado; • Nome, endereço, fax e e-mail do autor correspondente; • Fontes de auxílio à pesquisa, se houver; • Declaração de inexistência de conflitos de interesse. O artigo enviado deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, autorizando sua publicação, declarando que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico e foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Instituição em que o mesmo foi realizado. A esta carta devem ser anexados: • Declaração de Conflitos de Interesse, quando pertinente. A Declaração de Conflitos de Interesses, segundo Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000, veda que em artigo científico seja feita promoção ou propaganda de quaisquer produtos ou equipamentos comerciais; • Informações sobre eventuais fontes de financiamento da pesquisa; • Artigo que trata de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração de que os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre Informado. Todas as pesquisas, tanto as clínicas como as experimentais, devem ter sido executadas de acordo com a Declaração de Helsinki. A Revista Brasileira de Oftalmologia não endossa a opinião dos autores, eximindo-se de qualquer responsabilidade em relação a matérias assinadas. Os artigos podem ser escritos em português, espanhol, inglês ou francês. A versão “on-line” da revista poderá ter artigos apenas em inglês. A Revista Brasileira de Oftalmologia recebe para publicação: Artigos Originais de pesquisa básica, experimentação clínica ou cirúrgica; Divulgação e condutas em casos clínicos de relevante importância; Revisões de temas específicos, Atualizações; Cartas ao editor. Os Editoriais serão escritos a convite, apresentando comentários de trabalhos relevantes da própria revista, pesquisas importantes publicadas ou comunicações dos editores de interesse para a especialidade. Artigos com objetivos comerciais ou propagandísticos serão recusados. Os manuscritos deverão obedecer as seguintes estruturas: Artigo Original: Descreve pesquisa experimental ou investigação clínica - prospectiva ou retrospectiva, randomizada ou duplo cego. Deve ter: Título em português e inglês, Resumo estruturado, Descritores; Abstract, Keywords, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências. B) Segunda folha Resumo e Descritores: Resumo, em português e inglês, com no máximo 250 palavras. Para os artigos originais, deverá ser estruturado (Objetivo, Métodos, Resultados, Conclusão), ressaltando os dados mais significativos do trabalho. Para Relatos de Caso, Revisões ou Atualizações, o resumo não deverá ser estruturado. Abaixo do resumo, especificar no mínimo cinco e no máximo dez descritores (Keywords) que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS Descritores em Ciências da Saúde - disponível no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/ Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http://clinicaltrials.gov)* C) Texto Deverá obedecer rigorosamente a estrutura para cada categoria de manuscrito. Em todas as categorias de manuscrito, a citação dos autores no texto deverá ser numérica e sequencial, utilizando algarismos arábicos entre parênteses e sobrescritos. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrepostos, devendo evitar a citação nominal dos autores. Introdução: Deve ser breve, conter e explicar os objetivos e o motivo do trabalho. Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 266-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd266 25/5/2015, 14:47 267 Métodos: Deve conter informação suficiente para saber-se o que foi feito e como foi feito. A descrição deve ser clara e suficiente para que outro pesquisador possa reproduzir ou dar continuidade ao estudo. Descrever a metodologia estatística empregada com detalhes suficientes para permitir que qualquer leitor com razoável conhecimento sobre o tema e o acesso aos dados originais possa verificar os resultados apresentados. Evitar o uso de termos imprecisos tais como: aleatório, normal, significativo, importante, aceitável, sem defini-los. Os resultados da pesquisa devem ser relatados neste capítulo em seqüência lógica e de maneira concisa. Informação sobre o manejo da dor pós-operatório, tanto em humanos como em animais, deve ser relatada no texto (Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde e Normas Internacionais de Proteção aos Animais). Resultados: Sempre que possível devem ser apresentados em Tabelas, Gráficos ou Figuras. Discussão: Todos os resultados do trabalho devem ser discutidos e comparados com a literatura pertinente. Conclusão: Devem ser baseadas nos resultados obtidos. Agradecimentos: Devem ser incluídos colaborações de pessoas, instituições ou agradecimento por apoio financeiro, auxílios técnicos, que mereçam reconhecimento, mas não justificam a inclusão como autor. Referências: Devem ser atualizadas contendo, preferencialmente, os trabalhos mais relevantes publicados, nos últimos cinco anos, sobre o tema. Não deve conter trabalhos não referidos no texto. Quando pertinente, é recomendável incluir trabalhos publicados na RBO. As referências deverão ser numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas no texto e identificadas com algarismos arábicos. A apresentação deverá seguir o formato denominado “Vancouver Style”, conforme modelos abaixo. Os títulos dos periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela National Library of Medicine, disponível, na “List of Journal Indexed in Index medicus” no endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ entrez/query.fcgi?db=journals. Para todas as referências, citar todos os autores até seis. Quando em número maior, citar os seis primeiros autores seguidos da expressão et al. Artigos de Periódicos: Dahle N, Werner L, Fry L, Mamalis N. Localized, central optic snowflake degeneration of a polymethyl methacrylate intraocular lens: clinical report with pathological correlation. Arch Ophthalmol. 2006;124(9):1350-3. Arnarsson A, Sverrisson T, Stefansson E, Sigurdsson H, Sasaki H, Sasaki K, et al. Risk factors for five-year incident age-related macular degeneration: the Reykjavik Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;142(3):419-28. Livros: Yamane R. Semiologia ocular. 2a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Capítulos de Livro: Oréfice F, Boratto LM. Biomicroscopia. In: Yamane R. Semiologia ocular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. Dissertações e Teses: Cronemberger S. Contribuição para o estudo de alguns aspectos da aniridia [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1990. Publicações eletrônicas: Herzog Neto G, Curi RLN. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico na Internet]. 2003 [citado 2006 jul 22];62(1):[cerca de 5p.]. Disponível em: www.sboportal.org.br Tabelas e Figuras: A apresentação desse material deve ser em preto e branco, em folhas separadas, com legendas e respectivas numerações impressas ao pé de cada ilustração. No verso de cada figura e tabela deve estar anotado o nome do manuscrito e dos autores. Todas as tabelas e figuras também devem ser enviadas em arquivo digital, as primeiras preferencialmente em arquivos Microsoft Word (r) e as demais em arquivos Microsoft Excel (r), Tiff ou JPG. As grandezas, unidades e símbolos utilizados nas tabelas devem obedecer a nomenclatura nacional. Fotografias de cirurgia e de biópsias onde foram utilizadas colorações e técnicas especiais serão consideradas para impressão colorida, sendo o custo adicional de responsabilidade dos autores. Legendas: Imprimir as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) e tabelas. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo as suas citações no texto. Abreviaturas e Siglas: Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto ou nas legendas das tabelas e figuras. Se as ilustrações já tiverem sido publicadas, deverão vir acompanhadas de autorização por escrito do autor ou editor, constando a fonte de referência onde foi publicada. O texto deve ser impresso em computador, em espaço duplo, papel branco, no formato 210mm x 297mm ou A4, em páginas separadas e numeradas, com margens de 3cm e com letras de tamanho que facilite a leitura (recomendamos as de nº 14). O original deve ser encaminhado em uma via, acompanhado de CD, com versão do manuscrito, com respectivas ilustrações, digitado no programa “Word for Windows 6.0. A Revista Brasileira de Oftalmologia reserva o direito de não aceitar para avaliação os artigos que não preencham os critérios acima formulados. Versão português-inglês: Seguindo os padrões dos principais periódicos mundiais, a Revista Brasileira de Oftalmologia contará com uma versão eletrônica em inglês de todas as edições. Desta forma a revista impressa continuará a ser em português e a versão eletrônica será em inglês. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares e Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa, se comprometem a custear a tradução dos artigos para língua inglesa, porém seus autores uma vez que tenham aprovado seus artigos se disponham a traduzir a versão final para o inglês, está será publicada na versão eletrônica antecipadamente a publicação impressa (ahead of print). * Nota importante: A “Revista Brasileira de Oftalmologia” em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Intemational Committee of Medical Joumal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso somente aceitará para publicação, a partir de 2008, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:/ /clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed, no item <ClinicalTrials.gov>. O número de identificação deverá ser registrado abaixo do resumo. Os trabalhos poderão ser submetidos pela Internet, pelo site rbo.emnuvens.com.br Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 266-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd267 25/5/2015, 14:47 268 Revista Brasileira de Oftalmologia Declaração dos Autores (é necessária a assinatura de todos os autores) Em consideração ao fato de que a Sociedade Brasileira de Oftalmologia está interessada em editar o manuscrito a ela encaminhado pelo(s) o(s) autor(es) abaixo subscrito(s), transfere(m) a partir da presente data todos os direitos autorais para a Sociedade Brasileira de Oftalmologia em caso de publicação pela Revista Brasileira de Oftalmologia do manuscrito............................................................. . Os direitos autorais compreendem qualquer e todas as formas de publicação, tais como na mídia eletrônica, por exemplo. O(s) autor (es) declara (m) que o manuscrito não contém, até onde é de conhecimento do(s) mesmo(s), nenhum material difamatório ou ilegal, que infrinja a legislação brasileira de direitos autorais. Certificam que, dentro da área de especialidade, participaram cientemente deste estudo para assumir a responsabilidade por ele e aceitar suas conclusões. Certificam que, com a presente carta, descartam qualquer possível conflito financeiro ou de interesse que possa ter com o assunto tratado nesse manuscrito. Título do Manuscrito___________________________________________________________________________ Nome dos Autores_______________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Minha assinatura abaixo indica minha total concordância com as três declarações acima. Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor____________________________________________________________ Data____________Assinatura do Autor_____________________________________________________________ Rev Bras Oftalmol. 2015; 74 (4): 266-8 RBO Julho_Ago 2015_Português_Final_01.pmd268 25/5/2015, 14:47