Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 ANÁLISE DA FORÇA DE PREENSÃO MANUAL EM ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Thais Antonia Pires Salla Lígia Maria Presumido Braccialli Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP –Marília RESUMO Pesquisas sobre as Dificuldades de Aprendizagem analisam, sob diferentes aspectos, as origens, as características e as definições relacionadas ao tema. Dentre tais características, as referentes aos aspectos motores são de grande relevância e parecem contribuir para o estudo das dificuldades de aprendizagem. O presente estudo tem como objetivo analisar a força de preensão manual e correlacioná-la com variáveis antropométricas, em crianças com dificuldades de aprendizagem. Participaram do estudo 10 indivíduos com diagnóstico de dificuldades de aprendizagem. Foi realizada a avaliação prévia dos participantes, na qual coletaram-se dados relativos à dominância manual, idade, massa corpórea, estatura e antropometria das mãos. Para a obtenção da força de preensão manual cada participante foi mantido em posição ortostática, com o antebraço do membro superior a ser testado apoiado sobre mesa de modo que o cotovelo permanecesse com 90° de flexão. Enquanto a amplitude de movimento foi assegurada pelo eletrogoniômetro, as crianças foram instruídas a realizar força de preensão máxima ao segurar um transdutor de força, objeto cilíndrico sensível à carga, que se conectava ao computador. O teste foi realizado três vezes em cada posição do antebraço: prona, neutra e supina. Os dados foram armazenados em software específico e os resultados foram analisados por meio de média, desvio padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo valores obtidos em relação à força de preensão manual. Para a análise estatística de correlação dos dados utilizou-se o teste não-paramétrico de Spearman. Os resultados mostraram que a força de preensão manual das crianças com dificuldades de aprendizagem apresentou-se diminuída em relação à força descrita nos estudos encontrados na literatura; houve diferença entre os resultados da força apresentada pela mão dominante e nãodominante nas posições neutra e supina; as variáveis idade, estatura e massa corpórea se correlacionaram positivamente com a variável força da mão dominante na posição supina; a variável IMC não apresentou correlação com a variável força da mão dominante em nenhuma das posições do antebraço. INTRODUÇÃO Segundo Ciasca (apud CAPELLINI, 2004, p.868), cerca de 3% a 5% da população geral com dificuldades escolares apresenta Dificuldades de Aprendizagem (DA). A definição do National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD), órgão composto por representantes de oito instituições norte-americanas relacionadas ao estudo das DA, parece ser a da maior consensualidade entre a literatura Segundo (GARCIA, 1998). Tal órgão define as DA como um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e no uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 As relações entre os aspectos motores e os domínios do comportamento cognitivo das crianças com DA têm sido estudadas desde a década de 1930 (FONSECA, 1995a; FONSECA, 1995b). As alterações das funções motoras encontradas nas crianças com DA podem ser explicadas em virtude da incapacidade de organização do sistema sensório-motor. Verifica-se na literatura que as crianças com DA podem apresentar alterações relativas aos seguintes conceitos funcionais: postura, tônus, equilíbrio, respiração, esquema corporal, lateralidade, relaxamento, organização temporal, organização espacial, ritmo, organização espaço-temporal, coordenação dinâmica global e coordenação motora fina (BUENO, 1998; FONSECA, 1995a; GARCIA, 1998). As dispraxias, conceituadas por Marcelli (1998) como profundas perturbações da organização do esquema corporal e da representação espaçotemporal são debilidades motoras expressas por inabilidade nas tarefas de vestir-se, amarrar os sapatos, abotoar a camisa. Tais alterações associadas às dificuldades em executar seqüências rítmicas e realizar atividades gráficas, também, são descritas como dificuldades motoras apresentadas pelas crianças com DA. A força de preensão manual é de essencial importância para a realização dos movimentos da mão e está relacionada à execução dos movimentos finos e uma vez alterada, pode comprometer a realização de tarefas, como a grafia (OLIVEIRA; LOSS; PETERSEN, 2005). Pereira et al (2001) defendem que alterações na força de preensão manual podem ser utilizadas como indicadores do desenvolvimento da coordenação, da percepção e da integridade do sistema sensório motor. Segundo Oliveira, Loss e Petersen (2005) crianças com desordens do sistema sensório-motor encontram dificuldades em coordenar e selecionar a força utilizada na realização de tarefas manuais. Com base em teorias mais recentes, a maturação do SNC a qual envolve franca mielinização axonal, a maturação músculo-esquelética e a maturação perceptivo-sensorial são responsáveis, juntamente com a qualidade da interação do indivíduo com o ambiente, pelo desenvolvimento do controle motor (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003). A força isométrica e o controle da força em crianças está relacionada com o desenvolvimento motor e com a maturação do Trato Córticoespinhal (TC) que parece se completar aos 10 anos de idade (SMITS-ENGELSMAN; WESTENBERG; DUYSENS, 2003). Um importante órgão sensorial, na transmissão de informações do meio ao encéfalo e um importante órgão do sistema locomotor devido a sua eficácia social e criativa, a mão do homem e suas habilidades manipulativas estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento físico e motor, com a formação de conceitos, noções de tempo e espaço e, conseqüentemente, relacionam-se com o desenvolvimento cognitivo da criança (BEE, 1996). A compreensão de tais habilidades manipulativas, o que inclui a análise da força de preensão palmar, faz-se então válida para a descrição e fundamentação do desenvolvimento e do controle motor em crianças com DA. Focado na abordagem multidisciplinar, o presente estudo buscou relacionar a atenção do fisioterapeuta às crianças com DA que recebiam atendimento fonoaudiológico e/ou pedagógico no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES), unidade auxiliar da UNESP Campus de Marília. Questionou-se, então, qual o seria o comportamento da força de preensão manual das crianças com DA envolvidas na pesquisa e qual seria a relação dos dados obtidos nesse estudo com os já existentes na literatura. Assim, teve-se como objetivo analisar a força de preensão manual e correlacioná-la com variáveis antropométricas, em crianças com DA. MÉTODO Dentre os preceitos éticos, essa pesquisa obteve autorização do coordenador de pesquisa do CEES e parecer nº 3331/2006 fornecido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Filosofia e Ciências – Professor Júlio de Mesquita Filho – UNESP Campus de Marília, conforme estabelece a Resolução CNS 196/96 (BRASIL, 1996). Foram incluídas no Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 estudo, apenas aquelas crianças cujos pais ou responsáveis aceitaram o convite e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme determina a Resolução CNS-196/96. Participaram então do estudo 10 alunos com diagnóstico de DA em atendimento no CEES, com idades entre 8 e 14 anos. Tal amostra foi constituída de 7 alunos do gênero masculino e 3 alunos do gênero feminino. Adotou-se como critério de inclusão no estudo ter diagnóstico de DA e mais de 8 anos de idade. Foram excluídos aqueles alunos que apresentaram disfunções músculo-esqueléticas que pudessem interferir na amplitude de movimento e na força muscular necessárias às atividades e postura utilizadas durante o procedimento de coleta. A coleta de dados realizou-se no Laboratório de Análise do Movimento (LABAM) localizado no campus II da UNESP Marília. Utilizou-se para a coleta dos dados os seguintes materiais: Computador Pentium, Intel, 512 MB de RAM, 2.4 GHz. Sistema Microsoft Windows XP, Professional, versão 2002; programas para captura e análise dos dados eletromiográficos DI148Acquisition 44A11DF3 e WINDAQ32, respectivamente, ambos da EMG System® do Brasil Ltda; eletromiógrafo modelo EMG800C (8 canais) da EMG System® do Brasil Ltda; transdutor de força modelo TRF_MAD da EMG System® do Brasil Ltda, de peso 360 g, no formato cilíndrico, com dimensões de 15.5 cm de altura e 3.5 cm de diâmetro, o mesmo transdutor possuía sensibilidade para até 30 KgF em toda sua extensão; eletrogoniômetro; suporte de madeira; balança digital marca Welmy® com precisão de 100g; estadiômetro com fita métrica de aço com precisão de 0,01m; fita métrica. Os participantes foram então submetidos a avaliação na qual coletaram-se dados relativos a dominância manual, idade, massa corpórea, estatura e antropometria das mãos. Utilizou-se a balança digital Welmy® para a mensuração da massa corpórea e estadiômetro com fita métrica de aço para a mensuração da estatura. Durante a situação experimental foi orientado aos participantes que permanecessem em posição ortostática e descalços, com o membro a ser testado em posição neutra de ombro e flexão de cotovelo de 90°. Essa amplitude de movimento do cotovelo foi assegurada pelo eletrogoniômetro. A haste fixa do eletrogoniômetro foi fixada por fita adesiva na face lateral do braço a ser testado e a haste móvel foi fixada, também por fita adesiva, nas faces medial, posterior e lateral do antebraço durante os posicionamentos em posição prona, posição neutra e posição supina do antebraço, respectivamente. O eixo do goniômetro foi mantido em contato com a articulação do cotovelo. O antebraço do membro a ser testado foi apoiado sobre uma superfície a fim de manter a flexão de 90° do cotovelo durante a coleta de dados nas três posições do antebraço. A superfície de apoio do antebraço foi constituída de uma placa de madeira com 29,5 cm X 40 cm de dimensões a qual foi apoiada em uma superfície sólida. Dessa superfície foram utilizados dois contendores, os quais foram a ela anexados: um cubo de madeira com 2 cm X 9,5 cm de dimensões e um velcro de 5 cm de largura. O primeiro fazia contato com a porção medial do antebraço e teve como finalidade limitar os movimentos de rotação interna do ombro, bem como a ação dos músculos responsáveis por tal movimento durante a realização do teste. O segundo fazia contato com a porção distal do antebraço e teve como finalidade evitar o movimento de flexão do cotovelo e dos músculos responsáveis por esse movimento durante a realização do teste. A articulação do punho apresentou-se em liberdade de amplitude de movimento e em posição funcional à tarefa de preensão do transdutor de força. A preensão manual foi realizada de forma que o polegar se opusesse aos demais artelhos. Assim, realizou-se a seguinte situação experimental: Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 1) cada participante, individualmente, foi instruído pela pesquisadora a realizar a preensão de um transdutor de força; 2) a orientação verbal foi precedida ao início das tarefas de preensão e por meio dela a pesquisadora transmitiu às crianças todas as informações necessárias à realização do teste; 3) a pesquisadora realizou comando verbal para que o participante executasse a máxima força de preensão manual ao redor do transdutor de força por um tempo máximo de 5 segundos; 4) concomitantemente à realização de força máxima do participante um registro gráfico foi produzido pelo Software WinDaq® fornecido pela EMG System do Brasil LTDA; 5) a coleta de dados foi realizada em três posições distintas do antebraço, posição prona, neutra e posição supina; 6) a ordem das posições foi escolhida aleatoriamente durante a coleta de cada participante; 7) o teste foi repetido por três vezes sucessivas em cada posição. Após o procedimento de coleta, os dados foram armazenados especificamente no Software WinDaq®. Esse programa possibilitou o registro gráfico da força, em quilogramas-força (KgF) e da amplitude de movimento do cotovelo, em graus, ambos realizados durante a coleta. Posteriormente, os dados de força obtidos em unidades de KgF foram convertidos para Newton (N). No Sofyware registraram-se os dados da goniometria e da força relacionados a cada coleta. Os dados da goniometria serviram para garantir que durante o experimento todos os participantes mantivessem o cotovelo na posição de 90º. Os dados referentes à força de preensão manual e antropométricos foram, então, utilizados para a análise estatística. Devido à natureza dos achados, os resultados foram analisados por meio de média, desvio padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo valores obtidos em relação à antropometria e à força de preensão manual. Para a análise estatística de correlação dos dados utilizou-se o teste não paramétrico de Spearman. Para esta análise foram utilizados apenas os dados relativos à mão dominante dos participantes. Esse tratamento de dados foi usado para verificar a existência de diferença significativa entre: 1) força de preensão manual da mão dominante e massa corpórea; 2) força de preensão manual da mão dominante e estatura; 3) força de preensão manual da mão dominante e índice de massa corpórea (IMC); 4) força de preensão manual da mão dominante e idade. O nível de significância adotado foi de p 0,05. RESULTADOS Os resultados permitiram identificar 4 categorias: 1) força de preensão manual; 2) correlação da força de preensão manual da mão dominante e massa corpórea; 3) correlação da força de preensão manual da mão dominante e estatura; 4) correlação da força de preensão manual da mão dominante e índice de massa corpórea (IMC); 5) correlação da força de preensão manual da mão dominante e idade. Para a categoria força de preensão manual, os dados foram calculados para a mão dominante e para a mão não-dominante para as posições: neutra de antebraço; posição prona de antebraço e posição supina de antebraço. Na posição neutra, a média da força de preensão manual da mão dominante foi de 17,54 ± 9,01N e o coeficiente de variação indicou que a amostra não foi homogênea para essa variável. Ao analisar o mesmo dado para a mão não-dominante encontrou-se média 11,17 ± 7,05N. A média da força exercida pela mão dominante nessa posição foi 57% maior que a média da força da mão nãodominante. Na posição prona, a média da força de preensão manual da mão dominante foi de 14,7 ± 10,68N e o coeficiente de variação indicou que a amostra não foi homogênea para essa variável. A média para a mão não-dominante foi de 14,7 ± 9,5N e não houve homogeneidade da amostra. Não houve diferenças entre a média da força exercida pela mão dominante e pela mão não-dominante nessa posição. Na posição supina, a média da força de preensão manual da mão dominante foi de 18,22 ± 6,86N e o coeficiente de variação indicou que a amostra não Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 foi homogênea para essa variável. A média para a mão não-dominante foi de 15,77 ± 6,95N e não houve homogeneidade da amostra. A média da força exercida pela mão dominante nessa posição foi 15% maior que a média da força da mão não-dominante. O maior valor máximo para a força de preensão manual do corrente estudo ocorreu na posição supina, quando avaliada a mão dominante do participante. Para a mesma variável, o menor valor mínimo ocorreu na posição neutra, quando da avaliação da mão não-dominante do participante. O coeficiente de variação para a posição supina foi igual a 0,37 o que demonstrou nãohomogeneidade da amostra. Para a correlação da força de preensão manual da mão dominante e massa corpórea, não se estabeleceu correlação entre as duas variáveis quando a força foi realizada na posição neutra (r = 0,666; p = 0,8651). O mesmo comportamento foi verificado quando a força foi realizada na posição prona (r = 0,2121; p = 0,5603). Porém, houve correlação entre as duas variáveis quando realizada força na posição supina (r = 0,7073; p = 0,0268). Para a correlação da força de preensão manual da mão dominante e estatura não houve correlação entre as duas variáveis quando a força foi realizada na posição neutra (r = 0,1337; p = 0,7072), assim como também não houve correlação entre as variáveis quando a força foi realizada na posição prona (r = 0,1581 e p = 0,6567). Houve correlação entre as variáveis quando a força foi exercida na posição supina (r = 0,6544; p = 0,0468). Não houve correlação entre as variáveis força de preensão manual da mão dominante e IMC em nenhuma das 3 posições de antebraço. DISCUSSÃO Como citado por Pereira et al (2001) a força de preensão manual pode ser utilizada como indicador do desenvolvimento neuropsicomotor. Por meio da caracterização dos participantes, observa-se que o grupo analisado foi constituído por 7 indivíduos do gênero masculino e 3 do gênero feminino. Tais achados estavam de acordo com a literatura. Grigorenko e Sternberg (2003) sugerem que o gênero masculino é predominante dentre a população com DA. Da mesma forma, Meister et al (2001), observaram a prevalência de 84% de meninos entre as crianças com DA em estudo realizado na cidade de Curitiba. Em relação à força de preensão manual, Esteves et al (2005) realizaram estudo da preensão manual com indivíduos sem DA, entre 7 e 14 anos no qual o valor mínimo da força de preensão da mão direita foi de 119 N para o gênero masculino e de 105 N para o gênero feminino.Para a mão esquerda tal valor foi de 110 N para ambos os gêneros. No corrente estudo, os valores mínimo e máximo encontrados para variável força de preensão palmar, na posição supina, foram respectivamente 10,09 N e 28,6 N para a mão dominante e de 5,58 N e 25,8 N para a mão não-dominante. Pôde-se verificar, assim, que os valores obtidos para a variável força de preensão no corrente estudo eram menores que os valores encontrados no estudo de Esteves et al (2005). Ao se observar a diferença entre as forças exercidas pelas mãos dominante e não-dominante do presente estudo verificou-se que na posição neutra, a força exercida pela mão dominante foi 57% maior que a exercida pela mão não-dominante. Para a posição supina, a mão dominante obteve valores para a variável força 15% maiores que os obtidos pela mão nãodominante. Padrão diferente de comportamento para essa variável foi encontrado na posição prona que não apresentou diferenças entre a mão dominante e não-dominante. Os dados fornecidos por Esteves et al (2005) sugeriram que a força exercida pelo membro dominante é superior a força exercida pelo membro não-dominante. De forma semelhante, Caporrino et al (1998) concluíram que a força de preensão manual é 10% maior no membro dominante para o gênero masculino e 13% maior no gênero feminino, quando analisada na posição neutra. Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 Potter et al (2006) sugeriram que a mielinização ocorre devido ao acúmulo de diferentes experiências e práticas decorrentes de tarefas que envolvam o uso de força de preensão palmar.Dessa forma, a mielinização do TC associado com a mão dominante aconteceria anteriormente à do TC associado com a mão não-dominante evento esse acompanhado de melhor desempenho na produção de força de preensão. No estudo de Esteves et al (2005) observou-se um crescimento progressivo da força de preensão manual em função da idade cronológica. Resultados semelhantes foram relatados por Guedes e Guedes (1993) e Bastos (1984). No presente estudo, quando analisada em função da idade, a força de preensão manual, apresentou significância estatística apenas em relação à posição supina do antebraço. Nessa posição, houve forte correlação positiva entre a força de preensão manual e a idade. Tal correlação foi assegurada estatisticamente por um valor de r > 0,7 e um valor de p < 0,02. Benakker et al (2001) analisaram, conjuntamente, tanto a força de preensão manual como a força de 11 grupos musculares em crianças e concluíram que a força está relacionada positivamente com a idade. Deutsch e Newell (2001) investigaram melhorias das habilidades motoras de crianças relacionadas com a idade. Ao utilizar tarefas de preensão digital, destacaram que a idade tem relação direta com a produção de força isométrica em crianças. Destacaram, também, que essa variável está relacionada à idade com significância garantida pelo valor de p < 0,01 obtido como resultado estatístico. Potter et al (2006) defenderam o desenvolvimento da força em função da idade devido tanto à maturação muscular, aumento do número de fibras e aumento na densidade das fibras, como pela melhora nos aspectos de coordenação e programação dos movimentos relativos à maturação do SNC. Em estudo realizado por Oliveira, Loss e Petersen (2005) observou-se que a resposta da força de preensão digital em crianças com Desordem Coordenativa Desenvolvimental (DCD) assemelhavam-se às respostas das crianças de menor idade cronológica do grupo controle.Uma vez que as crianças com DCD possam apresentar quadros de DA associados, as alterações sensório-motoras por elas apresentadas são características assinaladas pelos autores como possíveis determinantes pela menor produção de força dessas crianças quando comparadas com o grupo controle. Como fatores de crescimento relacionados ao aumento da força de preensão manual devem, também, ser consideradas as alterações hormonais relativas à idade. O aumento da taxa hormonal é maior na fase pré-púbere e pode ser determinante no desenvolvimento da força (BASTOS, 1984; ESTEVES et al, 2005) Uma vez que a estatura está diretamente associada com os fatores de crescimento e, portanto, com a idade das crianças, observou-se também a correlação entre a força de preensão manual e estatura. Tal correlação, porém, só pôde ser observada quando a força de preensão manual foi realizada na posição supina. Bastos (1984) identificou que embora fosse determinante para a produção de força até os 12 anos, a estatura apresentou uma influência decrescente dos 12 aos 14 anos de idade, período em que a maturação sexual corresponde a uma influência crescente. Além disso, a influência da maturação sexual nas variáveis estatura e massa corpórea é imprescindível para a relação das mesmas com a produção da força. Especial atenção deve ser concedida principalmente ao gênero masculino, pois em fase púbere a maior produção de hormônios favorece um ganho mais acentuado de massa muscular (GUEDES e GUEDES, 1993). Excluída a influência da maturação sexual no desenvolvimento motor em crianças em Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 – ISBN 978-85-99643-11-2 idade escolar, Deutsch e Newell (2004) afirmaram que a estatura e a massa corpórea estão relacionadas de forma progressiva com a idade. No presente estudo, o nível de maturidade sexual não foi avaliado. Os dados obtidos em relação à correlação de massa corpórea e força de preensão manual e a correlação entre a estatura e força de preensão manual, contudo, podem ser explicadas segundo a maturação músculo-esquelética dos participantes. Moreira et al (2003) referiram que é grande a necessidade de estudos que relacionem a força de preensão manual com o IMC. Embora o presente estudo não tenha encontrado significância estatística para a correlação entre força de preensão manual e IMC em nenhuma posição do antebraço, foi observado, na posição neutra, relação negativa entre IMC e força. Tal dado contrapõe os encontrados em estudo realizado por Barbosa et al (2004) nas quais as força de preensão manual está positivamente relacionada com o IMC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, A.R et al. Relação entre o estado nutricional e força de preensão manual em idosos do município de São Paulo. Rev Bras Cin Des Hum, n. 8 p. 37-44, 2006. BASTOS, F.C. Relações da força de preensão manual direita com a idade cronológica, peso, estatura, superfície corporal e pilosidade pubiana em escolares do sexo masculino de 10 a 17 anos. São Paulo, 1984. 65 p. BEE, H. L.; MITCHELL, S. K. A Pessoa em Desenvolvimento. São Paulo: Harbra, 1986. 534 p. 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