AVALIAÇÃO DA FORÇA DA PREENSÃO PALMAR DE PACIENTES
RENAIS CRÔNICOS QUE REALIZAM HEMODIÁLISE
Amanda Tomen (acadêmica-UNICENTRO), Sonia Silva Marcon, Raquel de
Mello (Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de
Fisioterapia/Guarapuava, PR.
Área do conhecimento: Ciências da Saúde - 4.00.00.00-1 e sub-área
Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 4.08.00.00-8.
Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica, Fisioterapia, Força Muscular.
Resumo:
A doença renal crônica acarreta alterações em todos os sistemas
corporais, se manifestando por atrofia, fraqueza muscular, dificuldade na
marcha, câimbras, astenia e diminuição da capacidade aeróbia. Com isso, o
presente estudo objetivou avaliar a força preensão palmar de pacientes
renais crônicos que realizam hemodiálise, pois os mesmos apresentam
Fístula Artério Venosa (FAV) e isso pode diminuir a força de um ou ambos
os membros superiores. Participaram deste estudo, 50 indivíduos, entre eles
30 homens e 20 mulheres, que foram avaliados quanto à força de preensão
palmar de ambos os membros, utilizando o dinamômetro digital para
membros superiores, da marca EMG SYSTEM do Brasil. Foram analisadas
as diferenças entre os membros, onde comprovou-se que o lado mais forte é
o direito, com 32,72kgf; foram analisadas as diferenças entre gêneros, onde
a medida de força do gênero masculino, com 40,32kgf do lado direito e com
32,06kgf do lado esquerdo, é maior que a do gênero feminino, com 21,85kgf
no lado direito e 18,26kgf no lado esquerdo; foram comparadas também, as
medidas de força entre adultos jovens e idosos, onde os adultos jovens
mostraram-se mais fortes, com do 35,24kgf do lado direito e com 29,27kgf
do lado esquerdo, contra 27,82kgf do lado direito e 21,25kgf do lado
esquerdo. Concluiu-se que existe uma redução significativa na força de
preensão palmar em membros com a FAV, bem como na comparação entre
os gêneros e entre os idosos.
Introdução
A doença renal crônica é a perda progressiva e irreversível da função renal,
na qual o organismo não mantém o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico,
que fatalmente termina em uremia, não poupando nenhum sistema orgânico
e alterando os padrões normais de diurese, com declínio e perda da função
renal (MARQUES et. al., 2005).
Informações obtidas junto à Sociedade Brasileira de Nefrologia e
Ministério da Saúde são semelhantes: a prevalência de pacientes
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
necessitando de Terapia Renal Substitutiva dobrou nos últimos cinco anos.
Em 2000, a taxa de incidência anual já tinha atingido 101 pacientes por
milhão da população (BASTOS et. al., 2004).
Atualmente o principal esquema dialítico como terapia substitutiva da
função renal é a hemodiálise, com prescrição de três sessões semanais de
quatro horas cada sessão (SALOMÃO, 2002).
O tratamento hemodialítico é responsável por um cotidiano monótono
e restrito, e as atividades desses indivíduos são limitadas após o início do
tratamento, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, fatores
que refletem na qualidade de vida (LAW, 2002).
Na insuficiência renal crônica, os pacientes apresentam baixa
tolerância ao exercício. Também, a falta de prática de exercícios físicos por
esses pacientes causa alterações musculoesqueléticas como fadiga e
diminuição da resistência (NAJAS et. al., 2009).
As alterações apresentadas na estrutura e na função muscular podem
se manifestar pela atrofia, fraqueza muscular proximal, predominantemente
nos membros inferiores, dificuldade na marcha, câimbras, astenia e
diminuição da capacidade aeróbia (ADAMS, NOSRATOLA, 2006).
Com essa intensa diminuição de força muscular, existem meios para
a sua avaliação, como o dinamômetro, que tem sido descrito na literatura
internacional como o mais eficiente na mensuração da força de preensão
palmar. O aparelho tem sido considerado o instrumento mais aceito para
avaliar a força de preensão palmar desde 1954, por ser relativamente
simples e fornecer leitura rápida e direta. Além disso, não é simplesmente
uma medida da força da mão ou mesmo limitada à avaliação do membro
superior. Ela tem muitas aplicações clínicas diferentes, sendo utilizada, por
exemplo, como um indicador da força total do corpo, e neste sentido é
empregada em testes de aptidão física (MOREIRA et. al., 2003; DIAS et. al.,
2010).
Com isso, o presente estudo objetivou avaliar a força preensão
palmar de pacientes renais crônicos que realizam hemodiálise, pois os
mesmos apresentam Fístula Artério Venosa (FAV) e isso pode diminuir a
força de um ou ambos os membros superiores, dificultando as atividades de
vida diária destes pacientes, afetando a qualidade de vida dos mesmos.
Materiais e métodos
Este estudo tem caráter transversal e foi realizado com os pacientes com
diagnóstico de Insuficiência Renal Crônica, que realizam a hemodiálise três
vezes por semana na CLIRE – Clínica de Doenças Renais Ltda na cidade de
Guarapuava-PR.
A população do estudo foi composta de 62 sujeitos, foram incluídos
pacientes conscientes, colaborativos, que pudesse assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e que fizessem o uso de FAV. A
amostra foi de 50 participantes. Foram excluídos pacientes pouco
colaborativos, que se recusaram assinar o TCLE e que fizessem o uso de
cateter.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
O instrumento utilizado para a avaliação da força de preensão palmar
foi o dinamômetro digital para membros superiores, da marca EMG SYSTEM
do Brasil.
O procedimento foi realizado da seguinte maneira: Os pacientes
foram avaliados assentados, com os membros superiores (MMSS) apoiados
em uma mesa, posicionados com o cotovelo em flexão e antebraço em
posição neutra. Os pacientes realizaram, então, uma força máxima de flexão
dos dedos e o resultado foi verificado diretamente no mostrador do aparelho.
Após explicação e período de aprendizagem, foram realizadas três medidas
em cada uma das duas mãos, sendo registrada a média das três. A medida
da força foi realizada aleatoriamente entre os MMSS.
O projeto foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá, sob
parecer n° 077/2010 estando em acordo com a Resolução Nº. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde.
Foi utilizado o Programa Excel 2007 para realizar a estatística
descritiva, através de médias e desvio padrão.
Resultados e Discussão
A amostra foi composta de 50 indivíduos, de ambos os gêneros, sendo 20
mulheres e 30 homens, com média total de idade de 53,22 anos (±11,52).
Do total de participantes, 14% dos indivíduos faziam o uso de FAV no
braço direito e, 86% no braço esquerdo. Quanto à lateralidade, 6% eram
canhotos e 94% eram destros.
A análise estatística realizada mostrou que, em ambos os gêneros,
existe diferença na força de preensão palmar em relação à lateralidade, pois
no lado direito a média geral da força foi de 32,72kgf (±17,79) e no lado
esquerdo a média geral foi de 26,54kgf (±6,99), assim como descreveram
MOREIRA et. al. (2003) e COPORRINO et. al. (1998) em seus estudos.
Em relação à diferença entre os gêneros, ela se mostra significativa,
pois a medida de força do gênero feminino no lado direito teve valor de
21,85kgf (±9,31) e no lado esquerdo 18,26kg (±9,61). Já no gênero
masculino, o lado direito teve força de 40,32kgf (±18,65) e o esquerdo de
32,06kgf (±18,54), assim como encontrado no estudo de MOREIRA et al
(2003); COPORRINO et. al. (1998).
As médias de força de preensão palmar entre adultos jovens com
uma faixa etária de 30 a 59 anos, sendo 33 indivíduos, foram de 35,24kgf
(±19,82) para o lado direito e de 29,27kgf (±19,11) para o lado esquerdo. Em
idosos, com idade entre 60 e 77 anos, sendo 17 indivíduos, as médias foi de
27,82kgf (±12,01) para o lado direito e 21,25kgf (±10,36) para o lado
esquerdo, mostrando diferença significativa em relação à idade.
Conclusões
O presente estudo identificou redução na força de preensão palmar em
membros com a FAV, bem como na comparação entre os gêneros, onde a
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força de preensão do gênero masculino é maior que a do gênero feminino.
Já, entre a comparação da força de preensão palmar, os adultos jovens
apresentaram maior escore que a população idosa.
Ainda são poucos os estudos de fisioterapia destinados aos pacientes
portadores de IRC. Sugere-se que devam ser realizados mais estudos, no
intuito de procurar saber mais sobre o estado geral do paciente, podendo
assim, melhorar a capacidade funcional dos pacientes com IRC submetidos
à hemodiálise.
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Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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