Moçambique um oceano
texto e fotos / text and photos Fátima Martins
Manta birostris
S
ão mais de 2.500km de costa, entre a África do Sul até à Tanzânia, onde a biodiversidade é a palavra de ordem. A Ponta do
Ouro, Inhaca, Bilene, Jangamo, Inhanbane, Bazaruto, Ilha de Moçambique,
Nacala, Pemba e Quirimbas são os nomes sonantes das zonas mergulháveis
em Moçambique, onde já existem algumas infra-estruturas para a prática,
havendo ainda muito para explorar e desenvolver.
Depois da independência, o país viveu 17 anos de guerra civil até 1992,
resultando num retrocesso ao seu desenvolvimento e consequente empobrecimento. Presentemente, com a economia em franco crescimento, Moçambique
não deixa de guardar a sua identidade profundamente africana.
Aindústria concentra-se às portas de Maputo com uma via de comunicação
terrestre quase única, a EN1, sempre congestionada por camiões, empilhados
de carga e gentes, que abastecem o país de bens fabricados ou importados,
desde a capital, e regressam carregados de produtos agrícolas.
Inhambane foi o primeiro lugar onde Vasco da Gama fez aguada, há
500 anos, apelidando-a de “terra da boa gente”. Esta realidade é tão actual
e tão verdadeira como o mar que banha as costas de Inhambane é uma das
maiores riquezas em biodiversidade, senão do mundo, pelo menos, das
costas do Índico. Neste ponto são unânimes os especialistas. Assim sendo,
é fácil adivinhar qual o local de eleição para mergulhar em Moçambique,
sem menosprezar a beleza dos restantes destinos. Em Inhambane, o melhor
dos locais, e já conhecido internacionalmente, é o “Manta Reef” que dista
cerca de seis milhas da praia. É um mergulho que se pode realizar entre os
18 e os 36 metros que tem no “Manta Pinnacle” o principal ponto atractivo.
É uma “estação de limpeza” de mantas, razão pela qual está garantida a sua
presença no local. É igualmente possível avistar outros pelágicos como os
atuns, as barracudas ou o grandioso tubarão-baleia e, eventualmente, outros
tubarões.
O culminar da beleza do local situa-se sem dúvida em “Manta Pinnacle”,
um anfiteatro natural com vários cumes onde se agrupam cardumes variados
de peixe, incluindo anteas e peixes-vidro. Costumam aparecer por lá moreias,
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Em Inhambane ainda é possível encontrar o Tubarão Baleia
In Inhambane, it is still possible to come across a Whale Shark
de biodiversidade
Cipreia Ovola ovum
Mozambique, an Ocean of Biodiversity
M
ore than 2500 km of coastline stretch between South Africa and Tanzania, where biodiversity is the order of the day. Ponta do Ouro, Inhaca,
Bilene, Jangamo, Inhabane, Bazaruto, the Island of Mozambique, Nacala, Pemba
and Quirimbas are the names of the key diving areas in Mozambique, with
some infrastructure for practicing this activity, while much certainly still remains
to be explored and developed.
After independence and until 1992, the country experienced 17years of
civil war that resulted in a decline of its development and consequently its
impoverishment. Today, with its economy undergoing unequivocal growth,
Mozambique keeps preserving its profoundly African identity.
The country´s industry is concentrated around Maputo with an almost
unique means of overland communication, namely the EN1. The road is always
busy with trucks, laden with cargo and people, which supply the country with
manufactured and imported goods from the capital and make their way back
loaded with agricultural products.
Inhambane was the first place where Vasco da Gama stopped to resupply
with fresh water 500 years ago, calling it “the land of good people”. This
observation is prevailing and accurate, just like the fact that the sea, which
soaks the coast of Inhambane, is one of the greatest biodiversity treasures,
if not in the world, at least along the coasts of the Indian Ocean. Experts are
unanimous on this issue. It is thus easy to guess what the destination of choice
for diving in Mozambique is, without underrating the beauty of the other
locations. In Inhambane, the best and internationally recognised location is
the Manta Reef, about six miles from the beach.
One can dive between 18 and 36 metres, with “Manta Pinnacle” as the
main attraction. This is a cleaning station for manta rays, and thus one is
sure to find them. It is equally possible to catch a glimpse of other marine
creatures such as tunas, barracudas or the grandiose whale shark, and
possibly other sharks.
The beauty of the place undoubtedly culminates in the “Manta Pinnacle”,
Índico
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peixes-papagaio e os típicos peixes-leão do Índico, com principal destaque
para as enormes e amigáveis garoupas.
Junto ao fundo e ao longo do recife, e para os mergulhadores mais atentos,
há crustáceos e moluscos em número infindável, tais como camarões, caranguejos, opistobrânquios, e peixes de pequeno porte como o peixe-sapo, o
peixe-folha e o famoso peixe-palhaço que demarca a sua presença coabitando
invariavelmente com uma anémona.
Digamos que, da grande angular à macro fotografia ninguém ficará
decepcionado. Estou certa que nenhum fotógrafo subaquático, que ouse
viajar até aqui, ficará sem motivo, qualquer que seja a objectiva escolhida.
No entanto, e para os aficionados da macro, recomenda-se uma olhadela
de quando em vez para o azul, pois podem ser surpreendidos com criaturas
enormes que, podendo não caber nas suas objectivas, podem no entanto
ser guardadas em “memórias cativas”, pois infelizmente estas imagens vão
sendo cada vez mais raras.
Entre as deslocações para os mergulhos não é de todo invulgar observaremse baleias-de-bossa, golfinhos e mantas. Mas não são só os lindos jardins de
coral, os tubarões, as baleias, os golfinhos, os tubarões-baleia e as mantas que
tornam Moçambique tão diferente dos outros destinos de mergulho por esse
mundo fora. São também as paisagens e as suas gentes afáveis.
Moçambique é um dos últimos redutos do mundo para a prática do
mergulho. A sua costa ainda intacta, é bordejada por lindas praias de areia
branca com coqueiros à beira-mar.
O ar é quente e húmido nos meses de verão, entre Outubro e Abril, sendo
Maio a melhor altura para o mergulho, com a temperatura da água entre os
24 e os 26 graus centígrados. Basta um fato de 3mm, ou eventualmente um
5mm, para os mais friorentos.
Ousem aventurar-se nas águas de Moçambique.
Estrela de Mar é muito comum nas águas do Índico
The Starfish is very common in the Indian Ocean
Cardume de Peixe-Vaso
A school of Bigeye
Garoupa
Grouper
Peixe-Leão, o mais emblemático do Oceano Índico
Lionfish, the most representative of the Indian Ocean
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a natural amphitheatre with several apexes where diverse shoals of fish gather,
including anthias and glassy fish. It is common to see moray eels, parrotfish and
the lionfish typical of the Indian Ocean, while the huge and friendly groupers
steal the limelight.
At the bottom of the ocean and along the reef, there are countless
crustaceans and molluscs waiting for inquisitive divers, as well as shrimps,
crabs, opisthobranchs, and small fish such as frogfish, leaffish and the
famous clownfish, which marks its presence by constantly cohabiting with
a sea anemone.
We can safely say that from wide zoom to macro photography, no one will
be disappointed. I am certain that no underwater photographer, who dares
to come here, will remain idle, whichever lens he or she chooses. However,
those inclined towards macro photography should occasionally glance at
the blue, for the enormous creatures may surprise them. Although they may
not fit into their lenses, the photographers can always capture them in their
memories, for these images are unfortunately becoming rarer and rarer.
On diving trips, it is not at all odd to observe humpback whales, dolphins
and manta rays. Even so, the beautiful coral gardens, sharks, whales, dolphins,
whale sharks and manta rays do not alone make Mozambique so different
from other diving destinations in the world. The reason also resides in the
landscapes and in the friendly people that inhabit them.
Mozambique is one of the last diving refuges in the world. Its coastline is still
intact and stitched together with beautiful white sand beaches with coconut
trees along the shore.
The air is warm and humid in the summer months between October and
April, while May is the best time for diving, with the water temperature between
24 and 26 degrees Celsius. A diving suit of 3 mm will suffice, or eventually
5 mm for the more sensitive to the cold.
Dare to go on an adventure in the sea of Mozambique.
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Moçambique um oceano de biodiver