Ficha de Leitura
Capítulo 12– Evaluación de la inteligencia y las aptitudes desde el enfoque factorial
Adelinda Araújo Candeias
Data de entrega: 12 de Novembro de 2013
Original em: FERNÁNDEZ-BALLESTEROS, R. (Ed.) (2005). Introducción a la Evaluación Psicológica I
(2ª ed.). Madrid: Ediciones Pirámide.
Esta ficha de leitura foca-se nos variados instrumentos de avaliação da inteligência e de
aptidões, instrumentos esses que se encontram relacionados com várias teorias de
organização da inteligência. Uma das evidências deste capítulo é a importância da
análise fatorial para a fundamentação destes instrumentos muitas das vezes utilizados
como preditores na seleção e classificação de pessoas assim como em contexto
académico. Assim, ao longo, desta ficha de leitura iremos descrever alguns dos testes
construídos através da metodologia fatorial, tanto os que se referem ao fator G como os
de competências de diferentes tipos, recorrendo para isso a um breve enquadramento
teórico.
Contexto teórico: possibilidades e limitações da análise fatorial
Ao averiguarmos as correlações entre as pontuações obtidas por sujeitos nos 6 testes
(vocabulário, compreensão de frases, analogias verbais, rotação de figuras, cubos e
complemento de figuras) encontramos uma matriz, o que nos permite constatar dois
factos: 1- Que todas as provas se correlacionam positivamente apesar da análise do seu
conteúdo não sugerir isso; 2- Que as três primeiras apresentam uma correlação
significativamente mais forte entre si do que com as restantes, o mesmo acontece com
as três últimas. Isto levou a que alguns investigadores colocassem em causa se faria
sentido falar da inteligência como algo geral, pois, e com base nesta matriz, se o facto
de todos os testes se encontrarem correlacionados pode apontar para a existência desta,
também a correlação mais forte entre alguns dos teste pode levar a que se distingam
duas aptidões especificas (a verbal e a percetivo-espacial). A forma encontrada para
resolver este problema de forma empírica foi transformar a matriz de correlação numa
matriz algebraica em que o número de colunas independentes de si mesma indica o grau
em que estas são proporcionais entre si. Contudo é importante ter presente que este
instrumento apenas permite classificar os testes com base em resultados matemáticos
que não podem ser usados automaticamente como descrição de estruturas psicológicas.
Análise fatorial permitiu assim concluir empiricamente aquilo que já tinha sido
intuitivamente deduzido da análise dos resultados dos testes: 1- a inteligência não é
traço unitário, podendo-se identificar várias competências primárias; 2- por outro lado
não é um conjunto de traços desconexos existindo uma correlação entre eles que sugere
a existência de um fator geral, o denominado fator G.
Fator G
Do ponto de vista matemático podemos definir o fator G como aquilo que um conjunto
amplo e distinto de testes tem em comum. No entanto e na medida que o fator G é uma
função da composição da matriz de correlações a partir da qual se obtém e dado que o
tamanho da amostra assim como o número e tipo de testes utilizados podem influenciar
os resultados da matriz, não se pode considerar o G como um fator único. Este problema
é ultrapassado através da definição previa da área a que se refere assim como as
variáveis que lhe pertencem e a saturação que exercem no fator G. Por exemplo se todos
os testes referentes a habilidades mentais se correlacionam positivamente apesar da sua
heterogeneidade podemos deduzir que esta correlação se deve a uma dependência do
fator G, embora nem todos os testes dependam deste da mesma forma.
Spearman (1927) foi o primeiro autor a estudar a natureza do fator G, para isso analisou
mais de cem testes com conteúdo homogéneo e averiguo o que tinham em comum
aqueles que apresentavam uma forte dependência de G e o que os diferenciava dos que
não sofriam tanto a sua influência. Spearman chegou então a conclusão que o processo
psicológico subjacente aos resultados influenciados por G é noegenetico (capacidade de
introspeção, capacidade de induzir relações entre ideias e capacidade de induzir
correlações) e de abstração. O autor propôs então que os diversos testes heterogéneos
que constituíam a avaliação de inteligência fossem substituídos por aqueles que mais
saturam em G, sendo que estes são: as matrizes verbais, as analogias verbais, a
continuação de series, raciocínio aritmético, compreensão verbal, analogia e
configuração de figuras. É importante referir que a complexidade da tarefa e o grau de
atividade ou manipulação mental consciente que requer parecem ser os principais
determinantes do grau de saturação que um teste exerce em G, entende-se também que
um teste só exerce saturação em G se tiver inerente a si um certo grau de novidade.
O facto de em diversas ocasiões ser possível obter dois fatores gerais através de uma
análise fatorial levou Cattel (1963) a distinguir “inteligência geral fluida” de
“inteligência geral cristalizada”. A inteligência geral fluida seria medida através de
testes relacionados com a rapidez em encontrar soluções e a capacidade em perceber
relações, este tipo de inteligência tende a aumentar até por volta dos 18-20 anos e
decresce a partir dos 55-60 e parece estar relacionada com fatores hereditários e
biológicos, correlacionando-se com a rapidez na aprendizagem de áreas novas. Por sua
vez a inteligência cristalizada mede-se através de testes de poder mental não
cronometrados, em que o número de erros é que determina a pontuação sendo testes
altamente informativos que envolvem o recurso a conhecimentos e competências já
adquiridos. Este tipo de inteligência tem um crescimento gradual e não tende a entrar
em declínio até aos 60-70 anos, parece ser influenciada por fatores culturais e
correlaciona-se com a rapidez no processo de novas aprendizagens. No entanto, e apesar
das diferenças já referidas, este dois tipos de inteligência encontram-se fortemente
correlacionados.
Principais testes do fator G
Testes de matrizes progressivas: várias analises demostraram que o fator G explica
aproximadamente 60% da variância destes testes, os seus resultados são influenciados
pela capacidade de organização espacial, de raciocínio indutivo e pela precisão da
perceção entre outros fatores. Podemos distinguir de entre os testes de matrizes dois
tipo: os gestalticos e os de raciocínio analógico. Este tipo de testes pode ser bastante útil
quando é necessário fazer uma estimativa rápida do nível de funcionamento intelectual
de um grande número de indivíduos, contudo a sua utilidade é bastante reduzida em
contexto clinico.
Testes de dominó: estes testes são medidas quase puras do fator G encontrando-se
índices de saturação de até 0.86.
Testes de fator G, escalas 1,2,3 (Cattell,1959): estes testes têm como objetivo avaliar o
funcionamento intelectual do individuo sem que sejam influenciados culturalmente. A
escala 1 é aplicada a crianças dos 4 aos 8 anos ou a adultos com deficiência mental. As
escalas 2 e 3 são formadas por quatro testes percetivos, sendo que a 2 se aplica em
indivíduos com idades compreendidas entre 8 e 13 e a 3 é aplicada a maiores de 14
anos.
Teorias sobre a organização das aptidões
Os investigadores que utilizaram a análise fatorial focaram-se em conhecer a fundo as
áreas e fatores das aptidões com vista a que fosse possível predizer o rendimento de
uma pessoa em função dos seus talentos e debilidades. O trabalho destes investigadores
desenvolveu-se a partir de teorias concretas sobre a natureza e organização das aptidões:
a) Teoria jerárquica: supõe que as diferenças individuais se podem explicar a
partir de um fator ou aptidão geral e numa serie de fatores de grupo. Pois se por
um lado a correlação positiva entre todos os testes demonstrava a presença de
um fator geral, o facto de existirem testes com elevada saturação num fator e
noutros não reconhece a existência de aptidões ou fatores de grupo cujo número
dependeria da quantidade e variedade dos fatores usados.
b) Teoria multifactoriais: baseiam-se no uso de métodos que minimizem a
possibilidade de encontrar um fator geral e maximizam a possibilidade de
encontrar fatores independentes. Com base nesta teoria Guilford criou um
modelo que classifica as aptidões através da interação entre três dimensões
(operações, conteúdos e produtos).
Em seguida iremos descrever quais as aptidões geralmente aceites e o que as
caracteriza.
Aptidão verbal
A destreza na compreensão e uso da linguagem constitui uma aptidão importante para a
cultura ocidental, contudo esta não é uma capacidade unitária. Thurtone considerou que
existem três fatores verbais (a compreensão verbal, a fluidez verbal e a fluidez
ideacional), Carroll (1941) considerou ainda que a compreensão verbal pode dividir-se
em gestão de respostas verbais convencionais e raciocínio verbal, em quanto que a
fluidez verbal se divide em facilidade na gestão de respostas segundo certas regras e
velocidade na produção de um discurso coerente.
A complexidade das capacidades verbais tem várias implicações na avaliação. Por
exemplo a compreensão verbal tem sido associada a estudos de linguagem e idiomas
assim como a profissões como professor ou editor, já a fluidez verbal é mais útil em
profissões como ator ou locutor. No entanto quando a avaliação se realiza com vista à
predizer em relação a critérios mais amplos e difíceis de operacionalizar parece
prudente utilizar testes que tenham alto grau de compreensão verbal e caso seja possível
utilizar mais uma medida deste fator para aumentar a fidelidade da avaliação.
Aptidão espacial
Os factores espaciais, em conjunto com o factor G e os factores verbais explicam a
maior parte da variabilidade de resultados em testes (Lohman, 1988) ressaltando a sua
importância como fonte de diferenças individuais. A utilização de apenas um teste para
avaliar a aptidão espacial poderá levar a resultados errados sobre as aptidões espácias do
individuo. Os três principais factores avaliativos da capacidade espacial são: a
visualização
espacial,
a
orientação
espacial
e
as
relações
espaciais.
Raciocínio
Os psicólogos eu se dedicam a estudar as aptidões como sendo múltiplas e não como
uma aptidão geral referem um factor ou grupo de factores que estão relacionados com a
capacidade de raciocínio do sujeito. Tal como no caso das aptidões verbais e espaciais,
as tarefas que implicam o raciocínio dependem de vários factores, entre os que surgem
com mais frequência estão: a indução, a dedução e o raciocínio.
Outras áreas de aptidões
Memória: não existe um factor único de memória, existem vários dependendo do
material ou conteúdo a recordar (objectos, figuras, letras, nomes, etc.), da forma de
recepção da informação (auditiva, sensorial) e da organização, complexidade e
significado da informação. Pode-se dividir em memória repetitiva e memória
significativa. Cálculo numérico: Examina a rapidez e exactidão de cálculos aritméticos
simples. Aptidão perceptiva: avalia a rapidez e precisão perceptiva. Aptidão
psicomotora: as tarefas psicomotoras implicam aptidões intelectuais, nomeadamente
aptidão espacial, rapidez e precisão perceptiva. Aptidões mecânicas: resultam da
combinação das capacidades de visualização espacial, rapidez e exactidão perceptiva.
Principais Baterias para a avaliação das aptidões:
“Testes de habilidades mentais primárias” (PMA) - Publicado em 1941, foi já
alvo de várias revisões. Destina-se a jovens entre os 11 e 18 anos e permite avaliar as
diferenças individuais em cinco factores distintos: Compreensão Verbal, Concepção
Espacial, Raciocínio, Cálculo Numérico e Fluidez Verbal. Esta prova é cronometrada, o
individuo dispõe de 4 a 6 minutos dependendo do teste.
Teste de aptidões especificas (DAT) - Surgiu em 1947 e distingue-se da PMA
visto que permite medir as habilidades complexas relacionadas com diferentes critérios
de rendimento. A bateria DAT na sua adaptação espanhola é constituída pelos seguintes
testes: Raciocinio verbal, Aptidão numérica, Raciocinio abstrato, Relações espaciais,
Raciocínio mecânico e Rapidez e precisão perceptiva. Excepto a Rapidez e precisão
perceptiva, em todos os outros subtestes o individuo dispõe entre 15 e 30 minutos para
realizar as tarefas.
Critérios para a utilização e interpretação das provas de inteligência e atitudes
Os testes de aptidão na seleção de pessoal: Uma das principais funções para que se
podem usar os testes factoriais descritos neste capitulo é a selecção e classificação de
pessoal. A decisão de aceitar uma pessoa para um posto de trabalho realiza-se
normalmente, no pressuposto de que a pessoa apresenta no momento da selecção ou
classificação as características adequadas, as quais também irá desempenhar no seu
futuro posto de trabalho. Para que tal decisão seja acertada é necessário conseguir duas
coisas: conhecer se as aptidões são adequadas, e se irão manter-se estáveis de forma a
manter o rendimento. Conseguir isto poderá ter alguns entraves:
Em primeiro lugar, a situação ideal seria contar com um ou vários testes de aptidões
cuja capacidade preditiva em relação à definição dos critérios de sucesso num posto
concreto de trabalho fossem conhecidos. Mas que acontece normalmente é se têm de se
fazer uma análise do posto ou postos de trabalho em relação aos quais se realiza a
selecção e nenhum procedimento demonstrou ser totalmente valido a este respeito. Em
segundo lugar, terá de se decidir o grau em que o sujeito reúne as aptidões adequadas.
Um procedimento que deve utilizar-se apenas algumas vezes é obter-se uma amostra de
como o sujeito se desenvolve realizando o trabalho num contexto real ou numa situação
simulada que reúne as características consideradas essenciais. Tem o inconveniente de
se requerer um novo exame para cada posto. A alternativa é usar uma bateria de provas
que proporcione informação sobre aptidões básicas do sujeito. Em terceiro lugar,
suponhamos como exemplo que uma prova mede fundamentalmente a capacidade de
visualização espacial e que consideramos, que essa característica é necessária para o
posto de trabalho. A tendência aparentemente logica neste caso é aplicar a prova e
considerar os melhores como mais adequados para o que a aptidão em questão se refere.
Em quarto lugar, embora os autores de um teste de aptidões apresentem dados sobre a
validez preditiva do mesmo em relação a um critério concreto, há que considerar em
que medida esses dados são aceitáveis em cada nova situação. Também às vezes mudam
as condições de aprendizagem e de realização do trabalho, o que requer a realização
periódica de estudos de validez cruzada, destinados a comprovar se os dados iniciais
sobre a validez do teste mantêm-se. Em quinto lugar, quando se tem a informação sobre
a validez cruzada de um teste de aptidões, há que considerar quando os coeficientes de
validez são aceitáveis. Isto implica considerar, não só, se a validez do teste é superior à
de outros testes de aptidões construídos com o mesmo propósito, mas se utilizar o teste
para facilitar a tomada de decisões justifica o tempo e custo dedicado. Finalmente, em
sexto e último lugar, outro aspeto que tem a ver com a utilidade do teste é se este será
utilizado isoladamente ou em combinação com outros. Se é utilizado um teste isolado
no processo de seleção, há que selecionar aquele, cuja correlação com o critério seja
mais alto. É preferível a utilização de mais que uma prova de aptidões para minimizar
erros.
A utilização dos testes de aptidões na selecção de pessoal implica tanto um
conhecimento das fontes de diferenças individuais num teste concreto, como um
processo de validação empírica que não se deve renunciar, o uso de tais testes não é
algo que se possa fazer mecanicamente, pelo que é importante conhecer o processo a
seguir quando os utilizamos.
Os testes de aptidões na orientação profissional e vocacional: interpretação dos
perfis de aptidões: no âmbito da orientação profissional e vocacional o objectivo é
ajudar o individuo a conhecer-se a si mesmo para tomar as suas próprias decisões, os
resultados dos testes devem servir unicamente como referencia para que o sujeito
examine as suas possibilidades nunca devendo ser interpretados como algo absoluto.
É preciso ter em conta que o perfil baseia-se nas características do grupo a partir das
quais se construíram as escalas. O sujeito é comparado com as ditas escalas e, a partir
deste processo, é obtida uma pontuação. Posteriormente, o sujeito deve ser comparado
com o grupo de pessoas com as quais vai competir e não com as pessoas em geral.
É necessário considerar que a precisão da medida das aptidões que é feita num
determinado teste nem sempre é a desejável. Deste modo, algumas precauções devem
ser assumidas na hora de proceder ao aconselhamento, deve-se Comparar os resultados
do teste com os antecedentes do sujeito, quando possível, fazer um re-teste e Calcular o
intervalo provável das pontuações. É importante considerar a fiabilidade de cada
pontuação e a fiabilidade do perfil, ou seja, das diferenças entre as pontuações obtidas
no mesmo, nas quais o orientador se deve basear para aconselhar depois de aplicar a
bateria de testes, mais do que nas pontuações propriamente ditas.
O conselho dado ao sujeito implica uma predição sobre as suas possibilidades futuras
baseada na avaliação das habilidades atuais e na ideia de que o perfil das mesmas será
estável durante um largo período de tempo, visto que existe a possibilidade das aptidões
não serem estáveis ao longo do tempo. Surge assim o problema de saber se as aptidões
estabilizam e quando o fazem. É por isso necessário mostrar ao indivíduo que existe a
possibilidade de se verificarem alterações nas suas capacidades e que os dados dos
testes são apenas um indicador a considerar, que fornece informação sobre o seu estado
actual.
GRUPO:
Jorge da Silva
Maria Teresa
Sara Cabeça
Luís Oliveira
Gonçalo Gabriel
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