FACULDADE DE DIREITO DE IPATINGA DISCIPLINA: SOCIOLOGIA JURÍDICA PROFESSOR: JOÃO CARLOS DUARTE Conceito de modernidade A modernidade, nascida com a ilustração, teria privilegiado o universal e a racionalidade; teria sido positivista e tecnocêntrica, acreditado no progresso linear da civilização, na continuidade temporal da história, em verdades absolutas, no planejamento racional e duradouro da ordem social e política e teria apostado na padronização dos conhecimentos e da produção econômica como sinais da universalidade. (CHAUÍ,Marilena.Público, privado e despotismo. São Paulo: Companhia das Letras.) No plano das idéias, a modernidade foi pautada pela filosofa iluminista, que pregava o desenvolvimento moral e material do homem pelo conhecimento. Tratou-se de um projeto civilizatório, instaurado pelas luzes. Afirmava a razão e o método científico como as únicas fontes do conhecimento válidas, rejeitava a concepção de mundo derivada de dogmas, da superstição e da fantasia, sustentando três ingredientes conceituais, quais sejam: a universalidade, a individualidade a autonomia. Esse projeto de sociedade visava a todos os homens, como pessoas concretas, independentemente de fronteiras nacionais, étnicas ou culturais, mas essas pessoas deveriam agir por si mesmas, saudando a criatividade humana, a descoberta científica e a busca da excelência individual, em nome do progresso. No plano econômico, a Modernidade está diretamente ligada à máquina a vapor, tida como o rebento mais prodigioso da Revolução Industrial, ocorrida no século XIX. Esse invento substituiu os teares manuais, promoveu o deslocamento de pessoas e mercadorias oferecidas em mercado, livre das amarras corporativistas do passado, o que deu maior impulso ao modo de produção capitalista. No plano social, credita-se à modernidade a consolidação do Estado nacional como provedor dos serviços e controle, baseando-se no poder militar permanente, no monopólio da legislação, no sistema tributário centralizado e, sobretudo no crescente processo de burocratização. Já a pós-modernidade está intimamente ligada ao surgimento de uma sociedade pós-industrial, na qual o conhecimento se tornara a principal força econômica da produção. PILARES DA MODERNIDADE O projeto sócio cultural da modernidade se assenta em dois pilares fundamentais, porém contraditórios, o pilar da regulação e o pilar da emancipação.O pilar da regulação é constituído pelo princípio do Estado (HOBBES); pelo princípio do mercado (LOCKE); e pelo principio da comunidade (ROUSSEAU). Por sua vez, o pilar da emancipação é constituído por três lógicas de racionalidade: a racionalidade estético-expressiva da arte e literatura; a racionalidade moral prática da ética e do direito; e a racionalidade cognitivo-instrumental da ciência e da técnica. SANTOS, Boaventura S. Pela mão de Alice – o social e o político na pós-modernidade- 11. ed. – São Paulo : Cortez, 2006. CIDADEZINHA QUALQUER Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras Pomar amor cantar Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas se olham. Eta vida besta meu Deus. ANDRADE, Carlos Drumond de. Antologia poética 42ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1999. LEMBRANÇA DE UM MUNDO ANTIGO Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado, A água era dourada sob as pontes, Outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados, O guarda civil sorria, passavam bicicletas, A menina pisou na relva para pegar um pássaro, O mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara. As crianças olhavam para o céu: não era proibido. A boca o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo. Os perigos que clara temia eram a gripe, o calor, os insetos. Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas, Esperava cartas que custavam a chegar, Nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no Jardim, pela manhã!!! Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!! ANDRADE, Carlos Drumond de. Antologia poética 42ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1999. Bases para o surgimento da modernidade: Pensamento Iluminista – privilegio do universal e racional. Revolução Industrial – Máquina a vapor e a questão social Revolução Francesa – a destruição da velha ordem e morte em nome da liberdade Desencantamento do mundo Racionalização/ burocratização O predomínio de uma nova dominação legal, na qual todas as relações sociais estão previstas em contratos, códigos. Impera o reino da impessoalidade. 201 e 202 O LEGADO DO RENASCIMENTO – A base da modernidade “[..] Podemos dizer, sem exagero, que no Renascimento a humanidade começou a se libertar das condições que lhe eram impostas pela natureza. A natureza passou a ser algo que se podia usar e explorar. ‘saber é poder’dizia o filósofo inglês Francis Bacon, sublinhando com isto a aplicação prática do conhecimento. E isto era uma coisa nova. A humanidade passou a intervir na natureza e a querer controlá-la.” - Mas isto não foi uma coisa positiva? - Sim e não. Vamos retornar aqui os fios do bem e do mal que se entrelaçam em tudo que o homem faz. A ruptura tecnológica iniciada no Renascimento levou aos teares mecânicos e ao desemprego, aos remédio e as novas doenças, a eficiência controlada da agricultura e exploração da natureza a novos utensílios como máquinas de lavar e geladeiras, e também a poluição ambiental e as montanhas de lixo. O fato de assistirmos hoje à terrível degradação de nosso meio ambiente levou muitos a verem a ruptura tecnológica como um perigoso desvio das condições de vida que nos são dadas pela natureza. Para essas pessoas, o homem colocou em marcha um processo que não pode mais controlar. Outros mais otimistas, acreditam que ainda nos encontramos na ‘infância da tecnologia’. A civilização tecnológica, acreditam eles, tem suas doenças; mas no fim o homens vão aprender a controlar a natureza, em seus pontos vitais.[...]” GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. CRISE DA RAZÃO OCIDENTAL – ESCOLA DE FRANKFURT Trata-se de uma crítica da razão instrumental, do cientificismo, da exaltação da razão como ideologia, como crença de que a ciência e a tecnologia são a panacéia para todo e qualquer problema. RAZÃO RAZÃO INSTRUMENTAL COMUNICATIVA A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA MORTE Os engenheiros nazistas projetaram tecnicamente os fornos crematórios dos campos de concentração para atender aos critérios da utilidade, economia e eficácia. O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO O caráter alienante dos meios de comunicação de massa tem provocado entre outros efeitos, uma overdose de consumo. MÍDIA DE INDÚSTRIA CULTURAL À PORTA-VOZ DO POVO CRISES “Mal estar da modernidade” Período de transição Novos paradigmas Reinvenção Conceito de pós-modernidade Em oposição à modernidade, a pós-modernidade privilegiaria a heterogeneidade e a diferença como forças liberadoras da cultura; teria afirmado o pluralismo contra o fetichismo da totalidade e enfatizado a fragmentação, a indeterminação, a descontinuidade e alteridade recusando tanto as “metanarrativas”,isto é, filosofias e ciências com pretensão de oferecer uma interpretação totalizante do real, quanto os mitos totalizadores, como mito futurista da máquina, o mito comunista do proletariado e o mito iluminista da ética racional e universal. (CHAUÍ,Marilena.Público, privado e despotismo. São Paulo: Companhia das Letras.) A condição pós-moderna anunciou o eclipse de todas as narrativas grandiosas, como o socialismo clássico, a redenção cristã, o progresso iluminista, a unidade romântica, o racismo nazista, o equilíbrio econômico. A pós-modernidade tem como base econômica a globalização e sua ideologia neoliberal pautada na lógica do mercado. Esse período é visto por muitos como o mundo do espetáculo da mídia, sumiço da realidade, do fim da história, da morte do marxismo. Na sociedade pós-industrial, pós fordista, o consumo passou à frente da produção, tornando a luta de classes um conceito obsoleto. As pessoas não se identificam mas como classes, mais sim através de atividades mais particulares, ou seja, pequenos grupos e pequenos movimentos sociais. Assim, os movimentos populares, os princípios totalizantes da modernidade e do iluminismo, incluindo os apelos da racionalidade, do progresso, de humanidade e de justiça e mesmo a capacidade de representar a realidade foram fatalmente solapados na ótica pósmodernista. O homem de antes, produto da civilização industrial, mobilizava as massas para amplas lutas políticas; o homem de agora – pós-moderno- dedica-se às minorias raciais, sexuais, culturais, atuando apenas no microcosmo do cotidiano. A sociedade atual é comandada por uma tecnociência computadorizada que invade nosso espaço pessoal, substituindo livros por microcomputadores. No mundo Contemporâneo, assistimos a um grande progresso material, a descobertas e a inovações tecnológicas associados a um elevado progresso material e de outro lado a conivência com uma significativa injustiça social. Na presente era da informática (o tratamento computadorizado do conhecimento e da informação), lida-se mais com signos que com coisas. O motor a explosão detonou a modernidade, enquanto o chip tem-se mostrado ser o réu pós-moderno. Na economia ele passeia pela sociedade, ávida de consumo. Nessa trajetória, a fábrica suja e feia foi o templo moderno, enquanto o shopping com luzes e cores mostra-se como o altar pósmoderno. O pós-moderno encarna estilos de vida e de filosofia nos quais viceja uma idéia tida como arqui-sinistra: o niilismo, o nada, o vazio, a ausência de sentido para a vida Mortos Deus e os grandes ideais do passado, o homem moderno valorizou a arte, a história, o desenvolvimento e consciência social para se salvar. Dando adeus a essas ilusões, o homem pósmoderno já sabe que não existe céu, nem sentido para a vida, e assim se entrega ao presente marcado pelo prazer do consumo Algumas palavras são senhas para indicar o fantasma pós-moderno: chip, saturação, sedução, niilismo, simulacro, hiper-real, digital, desreferencialização. Já não se fala mais das inovações modernas como a energia elétrica, máquina a vapor, o aço, o automóvel, o avião, a produção, o proletariado, a revolução, a arquitetura funcional, a luz elétrica; tudo isso faz parte de um passado distante, e a maioria das pessoas já incorporaram esses artefatos e invencionices como algo natural, ou pré-existente. No passado, os instrumentos de integração foram a caravela, o galeão, o barcos a vela, o navio a vapor, o trem, seguidos do telégrafo e do telefone. A pós-modernidade globalizada se faz por satélites e pelos computadores conectados à internet. Antes se martirizaram africanos, indígenas, classe operaria fabril; hoje se utiliza o satélite, o robô e informática; abandona-se a antiga dependência do braço, em favor do cérebro. A comunicação interpessoal passou a ser instantânea, simples e de baixo custo, com cobertura mundial. A sociedade já não se organiza mais em partidos políticos ou em associações de classe, mas em grupos de interesse culturais específicos, sem a necessidade de reuniões formais, sedes ou estatutos. Pessoas se reúnem em comunidades virtuais por meio de sistemas informatizados. Tudo ficou informal, prático, direto e imediato. As fronteiras dos países são mera formalidade estatutária. Nas comunidades econômicas, as pessoas vão e vêm livremente, moram e trabalham em outro país como se fosse o seu próprio, rompe-se, portanto, a idéia de fronteiras de um Estado Nacional. Em um mundo marcado pela alta tecnologia, receia-se que um dia a humanidade possa chegar ao paradoxo de ter a produção automática de todos os bens e serviços necessários, mas não ter renda individual para consumilos. Como coroamento do conjunto dessas transformações, é perfeitamente visível, e crescente nas populações, a descrença coletiva na capacidade dos sistemas políticos existentes, baseados em um modelo da representatividade inaugurado na modernidade, e sua capacidade de atender as exigências de um governo eficaz e competente para satisfazer os interesses públicos, coletivos e individuais. Todos esses acontecimentos e fatos estão produzindo um profundo impacto nas relações sociais e prenunciam novos desafios de interesses de natureza ainda imprevisíveis para o futuro, aos quais os profissionais do Direito terão que se adaptar. IDEOLOGIA Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia Eu quero uma pra viver. Ideologia Eu quero uma pra viver. CIBERCULTURA CAPITALISMO CIBERNÉTICO ESTRATIFICAÇÃO DIGITAL INTERAÇÃO OFF-LINE X INTERAÇÃO ON-LINE DROMONCRACIA AGILIDADE TECNOLÓGICA AGILIDADE TECNOLÓGICA DROMON-ÁPTOS X DROMON-ÁPTOS DROMON-INAPTOS X DROMON-INAPTOS OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA (Gerando necessidade permanente de adaptações inclusive, no direito). TRANSPOLITICA DO ESPAÇO DAS RUAS AO ESPAÇO DAS TELAS GOVERNO INVISÍVEL AOS PRIVILEGIADOS A REDE, AOS DEMAIS O TERRITÓRIO GEOGRÁFICO CLICO, LOGO, EXISTO!!! PERIGOS DA ERA DIGITAL Delitos cometidos com o uso de meios eletrônicos, na medida em que o acesso à internet cresceu. Existem grandes dificuldades para reprimir ações consideradas lesivas como: Pedofilia; Fraudes bancárias; Disseminação de vírus eletrônico; Clonagem de celulares; Clonagem de cartões de crédito; Espionagem industrial; Justiça manda tirar comunidade do Orkut do ar IPATINGA – Comunidades de apoio à candidatura da deputada Rosangela Reis (PV) no site de relacionamento orkut terão que ser retiradas do ar. A ordem da justiça eleitoral foi expedida no dia 13 de julho de 2008. A assessoria da candidata afirmou desconhecer a existência das paginas e de seu conteúdo. A candidata alega que este tipo de manifestação pública dos eleitores é espontânea e que não há como controlar. A legislação eleitoral não permite o uso da internet em campanhas eleitorais. PIRÂMIDE DE PROC. DA INFORMAÇÃO QUALIDADE QUANTIDADE DA REFLEXÃO DA REFLEXÃO SABEDORIA Síntese dos conhec. submetidos a valores éticos CONHECIMENTO Informações avaliadas e tornadas úteis em processos futuros INFORMAÇÃO Dados processados e exibidos em forma inteligível DADOS Textos, imagens e sons The Network Society, De na Van Dijk, Saje Publications, 1999. SÍNDROME DO PENSAMENTO ACELERADO A maior conseqüência dos estímulos da TV é que mostram 60 personagens por hora com as mais diferentes personalidades. As crianças atuais passam a maior parte do tempo em frente a monitores. Muitas vezes, uma criança de 7 anos tem mais informações que uma pessoa de 70. Tornando-se passíveis de desenvolver a SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado. Augusto Cury O homem deve ser educado para unir o conhecimento tecnológico com a sensibilidade necessária para não ser uma nova máquina de seu tempo. UMA REFLEXÃO Dez intenções da construção de uma modernidade ética: 1. Modernidade é uma população educada e culta; 2. Modernidade é um país sem fome; 3. Modernidade é não morrer antes do tempo e viver com saúde; 4. É buscar a modernização da cultura ao invés da cultura da modernidade; 5. É buscar uma ciência e tecnologia modernas tecnicamente; 6. É reconhecer que modernidade tem que ser permanente; 7. Modernidade é uma ocupação descentralizada do território nacional, com cidades pacíficas e bem organizadas; 8. Não há modernidade sem eficiência econômica comprometida eticamente; 9. A modernidade do Estado é a sua ética. 10. É preciso que se migre de uma MODERNIDADE TÉCNICA para uma MODERNIDADE ÉTICA. Cristovam Buarque DESGLOBALIZAÇÃO O termo desglobalização foi cunhado pelo premiê britânico, Gordom Brown, no final de janeiro para referir-se aos países que endurecem as relações com imigrantes capitalistas estrangeiros. “Essa forma de desglobalização que vai levar ao protecionismo comercial se não for interrompida, é algo de que venho advertindo as pessoas”, disse. O GLOBO QUADRADO – NACIONALISMO AUMENTA COM RECESSÃO O mote “empregos britânicos para trabalhadores britânicos” foi apropriado no protesto de operários ingleses que rejeitaram a contratação de trabalhadores italianos e portugueses por uma refinaria de petróleo. Nos EUA, o plano de estímulo à economia de Obama (mais de US$ 700 bilhões) condiciona a ajuda financeira ao uso de material, em especial o aço, de fornecedores americanos. DELAÇÃO PREMIADA NA EUROPA Em reação à crise economica, governos reveem liberalismo e endurecem fronteiras nacionais Na França, o ministro da imigração, Eric Besson, propôs recompensar com vistos os estrangeiros que denunciarem redes de imigração. O Senado italiano suscitou protestos ao aprovar lei que torna crime a imigração ilegal (com até quatro anos de prisão) e estimula médicos a delatarem imigrantes. Jornal Folha de São Paulo,15 de fevereiro de 2009. GEOGRAFIA DO MEDO De Londres ao Cairo, de Pequim a São Paulo, pesquisa indica que está surgindo uma nova ansiedade global. Em 2008, cidadãos de dez grandes cidades do mundo foram pesquisados pelo Fórum Social Mundial e vivencim o medo e a insegurança no relatório final – Medo nas Megacidades. Convites apocalipticos: Blug do milênio, gripe aviária, combinacão de aquecimento global com HIV / Aids, Terrorismo, fusão bancária, violência urbana, desemprego, não manutenção do padrão de vida, crise financeira global. Frank Fruedi – Professor de Sociologia na Universidade de Kenti ( Reino Unido)-FSP, 15/02/2009