I Curso de Nivelamento em Manejo de Sementes Florestais Encontro da Rede de Sementes da Amazônia www.sementesrsa.org MORFOLOGIA DE FRUTOS E SEMENTES DE ESPÉCIES NATIVAS Equipe: Ângela Maria da Silva Mendes Maria da Glória G. de Melo Sheylla Fontes Pinto INTRODUÇÃO A morfologia vegetal é o ramo da botânica que estuda as formas e estruturas das plantas e suas partes. Oferece base para a identificação e classificação dos vegetais, por abranger caracteres de pronta e fácil interpretação. Espécies florestais nativas apresentam uma grande complexidade quanto aos caracteres morfológicos de seus frutos e sementes. O conhecimento desses caracteres auxiliam no manejo adequado. 3 FRUTO Definição: É a estrutura que representa o último estádio do desenvolvimento do gineceu fecundado ou paternocárpico, compreende o pericarpo e a(s) semente(s) (BARROSO et al, 1999). Função: É o envoltório protetor das sementes. Importância: Assegura a propagação e perpetuação das espécies. 4 FRUTO Constituição: Usualmente é possível discernir três camadas na parede do fruto: PERICARPO (Parede do fruto) EPICARPO/ EXOCARPO MESOCARPO ENDOCARPO Camada mais externa; Camada intermediária; Camada mais interna e que Pode ser pilosa ou glabra Pode ou não acumular está em contato com a reservas; semente; Em geral é a parte comestível Qdo lignificado constitui o (polpa) Fonte: Gonçalves e Lorenzi, 2007 caroço (pirênio). Cada uma destas camadas pode diferenciar-se de um modo específico, podendo gerar tecidos suculentos, coriáceos, esponjosos e mesmo lenhosos (GONÇALVES e LORENZI, 2007). 5 FRUTO Constituição: Fruto Carnoso EXOCARPO ENDOCARPO Fruto Seco EXOCARPO EXOCARPO MESOCARPO ENDOCARPO MESOCARPO PIRÊNIO Glycydendron amazonicum 1 cm 2 cm Pouteria laevigata 1 cm ENDOCARPO Crudia amazonica MESOCARPO 5 cm Fotos: Pinto, 2008 Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 6 FRUTO Classificação: NÚMERO de SEMENTES CONSISTÊNCIA do PERICARPO DEISCÊNCIA MONOSPÉRMICOS (uma semente) SECO Pericarpo não suculento; Não acumulam água e nutrientes; Difícil reconhecer as camadas externamente DEISCENTE Abrem-se quando maduros, liberando as sementes POLISPÉRMICOS (várias sementes) CARNOSO Pericarpo espesso e suculento; Acumulam água e nutrientes; Destingui-se bem as três camadas do pericarpo INDEISCENTE Não se abrem, só liberam as sementes quando apodrecem Fonte: Vidal e Vidal, 2009 7 FRUTO Copaifera guyanensis Copaifera guyanensis Platycarpum orinocense Fruto Carnoso Fruto Polispérmico 2 cm Fruto Deiscente Fruto Seco 1 cm 1 cm Fruto Monospérmico Fruto Indeiscente Glycydendron amazonicum 1 cm 1 cm 2 cm Fotos: Pinto, 2008 Chrysophyllum prieurii Chrysophyllum amazonicum Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 8 FRUTO Morfologia: A variabilidade morfológica dos frutos é quase ilimitada, gerando estruturas tão distintas quanto um coco, um caqui e uma banana (GONÇALVES e LORENZI, 2007). E essa morfologia distinta pode auxiliar como indícios para: 1 – COLETA 2 – SÍNDROME DE DISPERSÃO DAS ESPÉCIES 3 – TESTES BIOMÉTRICOS 4 – BENEFICIAMENTO 9 FRUTO Coleta: Coloração e tamanho (maturação) - determinam a época da coleta; Consistência do pericarpo e Deiscência – determinam a forma da coleta: direto da árvore ou chão sob a matriz; Seco Deiscente Seco Deiscente Carnoso Indeiscente Fotos: Pinto, 2008 Platycarpum orinocense Sclerolobium micropetalum Pouteria filipes Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 10 FRUTO Sindrome de Dispersao: Cores chamativas Deiscência e aromas agradavéis – atraem a fauna silvestre. – permite a liberação das sementes à distâncias relativamente grande. Fotos: Pinto, 2008 Glycydendron amazonicum Niloa oppositifolia Copaifera guyanensis Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 11 FRUTO Testes Biométricos: Forma – auxiliam na medição dos parâmetros comprimento, largura e/ou diâmetro e espessura. Fruto comprimido Fruto globoso Fotos: Pinto, 2008 ápice comprimento ápice diâmetro dimensao Hymenaea sp. 2 cm base 2 cm base Chrysophyllum prieurii Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 12 FRUTO Beneficiamento: Consistência do pericarpo e Deiscência – auxiliam na escolha do melhor método. Seco Indeiscente Carnoso Indeiscente Seco Deiscente Fotos: Pinto, 2008 Pouteria filipes Hymenaea sp. Virola pavonis 13 Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) SEMENTE Definição: É o óvulo fecundado e desenvolvido, contendo o embrião, com ou sem reservas nutritivas, protegido pelo tegumento (VIDAL e VIDAL, 2009). Função: Dispersão e sobrevivência das espécies. 14 SEMENTE Estrutura: SEMENTE TEGUMENTO ENDOSPERMA / ALBUME EMBRIÃO É o envoltório protetor da Tecido nutritivo da semente É o rudimento da futura planta. semente Formado pelo eixo hipocótiloradícula e os cotilédones ALBUMINOSAS (reserva no endosperma) EXALBUMINOSAS (reserva no embrião) Fonte: Vidal e Vidal, 2009 15 SEMENTE Estrutura: Semente Albuminosa Semente Exalbuminosa FOTOS: Pinto, 2008 TEGUMENTO TEGUMENTO COTILÉDONE COTILÉDONE EMBRIÃO Sclerolobium micropetalum 1 cm 1 cm Hevea spruceana TEGUMENTO 1 cm 1 mm ENDOSPERMA ENDOSPERMA EMBRIÃO EIXO HIPOCÓTILO - RADÍCULA Copaifera guyanensis EIXO HIPOCÓTILO RADÍCULA - Hymenaea sp. Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 16 SEMENTE Tegumento: APÊNDICES HILO MICRÓPILA RAFE CALAZA LENTE PLEUROGRAMA Cicatriz deixada pela separação do funículo Pequeno orifício, às vezes imperceptível, outras manifesto Faixa deixada pelo feixe fibrovascular que une o funículo à calaza Mancha mais escura ou mais clara que a testa. Pequeno indumento acima do hilo e micrópila Marca lateral na superficíe da semente Fonte: Barroso et al, 1999 17 SEMENTE Tegumento: FOTOS: Pinto, 2008 MICRÓPILA HILO HILO HILO RAFE 1 cm 1 cm Copaifera guyanensis Ormosia paraensis Pouteria laevigata Tachigalia sp. Crudia amazonica CALAZA LENTE MICRÓPILA PLEUROGRAMA HILO RAFE 1 cm Hevea spruceana 5 mm Copaifera guyanensis Niloa opopsitifolia P. igneiflora Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 18 SEMENTE Tegumento: As sementes apresentam projeções carnosas que estão relacionadas a dispersão. APÊNDICES PROJEÇÕES CARNOSAS SARCOTESTA ESTROFÍOLO CARÚNCULA ARILO Tecido carnoso que recobre a testa da semente Pequeno intumescimento sobre a rafe Excrescência que se forma próximo da micrópila Estrutura carnosa que se origina na extremidade do funículo, junto a região do hilo Fonte: Barroso et al, 1999 19 SEMENTE Tegumento: Foto: Fahn, 1989 Foto: Johri, 1984 Foto: Takana, 1998 ESTROFÍOLO SARCOSTESTA CARÚNCULA Paullinia sp. Chelidonium majus Ricinus communis Ormosia grossa FOTOS: Pinto, 2008 Virola pavonis Copaifera guyanensis ARILO 1 cm 1 cm 1 cm ARILO Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 20 SEMENTE Embrião: EIXO HIPOCÓTILO-RADÍCULA * Plúmula Origina a parte aérea da planta COTILÉDONES MONOCOTILEDÔNEAS 01 cotilédone DICOTILEDÔNEAS 02 cotilédones CARNOSO FOLIÁCEO Fonte: Gunn, 1991 21 SEMENTE Embrião: DICOTILEDÔNEAS Cotilédone Foliáceo Cotilédone Carnoso COTILÉDONES MONOCOTILEDÔNEAS FOTOS: Pinto, 2008 COTILÉDONES EIXO HIPOCÓTILO-RADÍCULA Ormosia grossa Sclerolobium sp. Plúmula Desenvolvida Plúmula Indiferenciada PRIMÓRDIOS FOLIARES EPICÓTILO CICATRIZ COTILEDONAR HIPOCÓTILO RADÍCULA Chrysophyllum prieurii P. igneiflora Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 22 SEMENTE Morfologia: . As sementes apresentam uma variedade de formas e coloração; a superfície pode ser lisa ou diversamente esculturada e o tamanho varia de minúsculas a extremamente grandes (GONZALES, 2008). E pode auxiliar na: 1 – TAXONOMIA (Diferenciação das espécies) 2 – TECNOLOGIA (Manejo adequado) 23 SEMENTE Taxonomia: Apresenta caracteres de pronta e fácil interpretação Constância dos caracteres morfológicos (quanto mais constantes mais confiavéis 24 SEMENTE Hymenaea sp. Copaifera guyanensis C. guyanensis 1 cm Platycarpum orinocense Consistência P. laevigata Glycydendron amazonicum 1 cm Ormosia macrocalyx 1 cm Ormosia paraensis 1 cm Ormosia grossa Virola pavonis TEGUMENTO 1 cm 1 cm 1 cm COLORAÇÃO 1 cm 1 cm 5 cm Crudia amazonica 1 cm PROJEÇÕES CARNOSAS FORMATO Superfície Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 25 SEMENTE Tecnologia: Consistência do tegumento: Beneficiamento Formato da semente: Testes biométricos Indentificação dos apêndices (hilo): Semeadura (posição no substrato) 26 SEMENTE Tecnologia: BENEFICIAMENTO 1 cm 1 cm FOTOS: Pinto, 2008 Pouteria laevigata Protium hebetatum TESTES BIOMÉTRICOS Niloa oppositifolia 1 cm 1 cm Pouteria filipes COMPRIMENTO BASE 5 mm LARGURA 5 mm COMPRIMENTO COMPRIMENTO ÁPICE BASE BASE FOTOS: Pinto, 2008 ÁPICE Platycarpum orinocense Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 27 SEMENTE Tecnologia: SEMEADURA FOTOS: Pinto, 2008 HILO HILO 1 cm 1 cm 1 cm 1 cm Chrysophyllum amazonicum Ormosia grossa Fonte: Pesquisa realizada pela Equipe de Sementes (EST/ UEA) no âmbito do Projeto PT2 “Tecnologias de Regeneração Artificial em Clareiras Abertas pela Exploração do Petróleo e Gás Natural”. Rede CTPETRO Amazônia – Fase III * Espécies de ocorrência na Base petrolífera de Urucu (Coari/AM) 28 OBRIGADA TENTO AZUL Contato: Sheylla Fontes Pinto, Enga. Florestal [email protected] 29