Química das Superfícies e Interfaces Reologia Valentim M. B. Nunes Departamento de Engenharia Química e do Ambiente 2010 Reologia: Estudo da deformação e fluxo da matéria Rheo = Deformação Logia = Ciência ou Estudo Os estudos reológicos permitem caracterizar sistemas coloidais, nomeadamente dispersões coloidais como as emulsões. A importância tecnológica da reologia é manifesta na área das borrachas, tintas, têxteis, pasta de papel, etc. Comportamento reológico depende de: Viscosidade do meio dispersante Concentração das partículas Tamanho e forma das partículas Interacções moleculares Importância dos estudos reológicos (exemplos) Produção de tintas: a tinta deve ser fácil de espalhar e não escorrer pelas paredes. Cosméticos e higiene: modo como um creme se espalha ou tempo de escoamento de um recipiente Estabilidade de emulsões ou suspensões Viscosidade: a viscosidade de um liquido mede a resistência que este oferece a fluir. Um liquido é Newtoniano quando a força tangencial por unidade de área entre dois planos paralelos de fluido é proporcional ao gradiente de velocidade. D Coeficiente de viscosidade Métodos de medição Método capilar (Ostwald, Ubbelohde) kt 1 1t1 2 2t 2 Método rotacional (Couette viscometer) Particularmente útil para fluidos não Newtonianos. k - velocidade angular do cilindro exterior. - deflecção angular do cilindro interior. Viscosidade de soluções e dispersões coloidais diluídas Conceitos: 0 - viscosidade do solventepuro ou meio dispersante - viscosidade da dispersão / 0 - viscosidade relativa i 1 - incrementoda viscosidade relativa 0 i /c - viscosidade reduzida Partículas esféricas, cálculo hidrodinâmico: Einstein: 0 1 k - fracção em volume k =2.5 0 1 2.5 1 2.5 0 i 2.5 Solvatação e assimetria: O termo deve incluir também o solvente que actua cineticamente como parte das partículas. A assimetria das partículas tem também um grande efeito na viscosidade. Viscosidade intrínseca lim C 0 i C A viscosidade intrínseca têm unidades de inverso da concentração. Determinação da massa molecular relativa de polímeros a partir de medições de viscosidade. As medições de viscosidade não podem ser utilizadas para distinguir entre partículas de diferente dimensões mas com o mesmo formato e grau de solvatação. Contudo, se o formato (configuração) ou factor de solvatação se alterar com o tamanho da partícula a viscosidade pode permitir determinar o tamanho das partículas. A viscosidade intrínseca de uma solução de polímero é proporcional à massa molar. Se as orientações da cadeia macromolecular forem aleatórias (random). kM 0.5 r Os polímeros lineares em solução são mais do que orientados ao acaso, e a relação é (Mark e Houwink): kM r - depende da configuração. As seguintes viscosidades foram medidas para soluções de acetato de celulose em acetona, de concentração 0.5 g/100 cm3: 10-3 Mr /10-4 Pa.s 85 5.45 138 6.51 204 7.73 302 9.40 A viscosidade da acetona a esta temperatura é 3.2×10-4 Pa.s. Derivar uma expressão a partir destes dados que permita a determinação de rotina da massa molar relativa de amostras de acetato de celulose. Qual a informação adicional a retirar desta expressão? Shaw, Introduction to Colloid and Surface Chemistry, 4th ed., ButterworthHeinemann, Oxford, 1991 logi / c log k log M r log Mr 4.93 -0.85 log i/c 5.14 -0.69 log viscosidade -0,3 5.31 -0.55 5.48 -0.41 1.6 105 M r0.8m3kg 1 y = 0,7998x - 4,7946 R2 = 1 -0,6 -0,9 4,8 5 5,2 log Mr 5,4 5,6 A configuração média dos polímeros é intermédia entre random e extendido. A viscosidade de uma série de soluções de poliestireno em tolueno foram medidas a 25 ºC: c/g.L-1 /10-4 kg.m-1.s-1 0 5.58 2 6.15 4 6 8 6.74 7.35 7.98 10 8.64 Calcular a viscosidade intrínseca e estimar a massa molar do polímero sabendo que na expressão de Mark-Houwink, k = 3.8×10-5 L.g-1 e = 0.63 Atkins, Physical Chemistry, Oxford University Press, Oxford, 2006 c/g.L-1 100(/0 -1)/c 2 5.11 4 5.20 6 8 5.28 5.38 10 5.49 viscosidade intrinseca 5,6 0.0504L.g 1 5,4 y = 0,0011x 2 + 0,0341x + 5,04 R2 = 0,9993 5,2 5 0 5 10 15 c (g/L) M k 1/ 90103 g.mol1 Comportamento Newtoniano ou não Newtoniano Nalguns fluidos, a viscosidade depende da tensão aplicada ou do tempo de sua aplicação. Para estes fluidos, a viscosidade deixa de ser uma constante para se tornar uma propriedade dependente das condições em que o fluido é deformado ou sob tensão. Neste caso, a viscosidade do fluido passa a ser denominada de viscosidade Aparente Fluidos Newtoniano Não Newtoniano Comportamento não Newtoniano (independente do tempo) Comportamento dilatante: quando a viscosidade aparente aumenta com a aplicação de uma força (amido de milho em água..) viscosidade tensão Comportamento pseudoplástico: quando a viscosidade aparente diminui com a aplicação de uma força (cremes, pomadas…) Gradiente de velocidades 1. Dilatante; 2. Newtoniano; 3. Pseudoplástico Viscoplasticidade ou Fluidos de Bingham tensão Fluidos caracterizados pela existência de um valor de tensão que deve ser excedida para que o material apresente um fluxo viscoso. É necessário que a força ultrapasse esse limite para ocorrer escoamento (molho de tomate,…) Gradiente de velocidades Tixotropia e Antitixotropia (dependente do tempo) Determinados materiais apresentam alteração da viscosidade quando a tensão aplicada é mantida durante um certo tempo. Tixotropia: quando a viscosidade diminui com o tempo de aplicação da força e o material recupera o estado inicial após repouso prolongado (tintas, óleos, iogurtes…) Antitixotropia ou Reopexia: quando a viscosidade aumenta com o tempo…. World’s Longest Running Laboratory Experiment – The Pitch Drop Experiment Pitch – derivative of tar. At room temperature feels solid and can be shattered with a blow of a hammer. This experiment shows that in fact at room temperature pitch is a fluid! http://www.physics.uq.edu.au/physics_museum/pitchdrop.shtml