GESTÃO ECONÔMICA DE RECURSOS NATURAIS E POLÍTICA AMBIENTAL Prof. Rogério César, Ph.D. Alocação de Recursos Renováveis e Não-Renováveis: uma revisão Ementa e Referência Ementa: Introdução; taxonomia do recurso; alocação eficiente intertemporal; alocações de mercado. Referências: TIETENBERG, T. (1996). Cap. 6 – Economics of depletable and renewable resources: an overview (pp. 114-133) Sumário 1. Taxonomia dos Recursos 2. Fatores Determinantes dos Fluxos dos Recursos 3. Objetivos da Gestão dos Recursos 4. Alocação Eficiente Intertemporal 5. Modelo de Dois Períodos 6. Custo Constante e N-período 7. Transição para Substituto Renovável 8. Custo de Extração Marginal Crescente 9. Exploração e Progresso Tecnológico Introdução Na visão de futuro do modelo pessimista, a demanda da sociedade por recursos de repente excede sua disponibilidade. Esta visão estima que o sistema esgotará a base de recursos, precipitando o colapso. Será esta visão realista? Será a maximização de lucro inconsistente com o ajustamento suave ao aumento da escassez? Taxonomia dos Recursos Recurso Natural: Pode ser dividido em unidades menores. Ex: barris de petróleo, quilos de peixe, metro cúbico de madeira etc. Necessita do emprego de insumos para explorá-los, tais como trabalho, capital e energia. Fluxo de Recursos: Não existem como estoque; estão disponíveis como fluxos que nunca cessam; nem se esgotam e nem se regeneram; a ação humana ou consumo não tem nenhum efeito no fluxo disponível no futuro. Ex: energia solar, energia eólica. Recurso Ambiental: Esses recursos são indivisíveis; são mensurados em termos de qualidade e não em termos de quantidade; não são consumidos diretamente, mas os serviços que provém. Ex: ecossistemas. Taxonomia dos Recursos Recursos não-renováveis: São aqueles cujo sistema natural de reposição inexiste; possuem estoque fixo; quanto mais se extrai, menos se tem do recurso; o custo de extração pode aumentar á medida que se esgota o recurso. Ex: Petróleo, gás natural, minérios de ferro, carvão. Recursos renováveis: São aqueles cujo sistema natural é responsável pela reposição dos estoques; o estoque é capaz de se regenerar; envolve o processo biológico; se a exploração do recurso exceder sua capacidade de regeneração, o estoque pode ser esgotado e a espécie pode ser extinta. Ex: Energia solar, água, grãos de cereais, peixe, florestas e animais. Recursos recicláveis: São aqueles que, embora em uso específico, existe numa forma que permite que sua massa seja recuperada quando seu propósito não for mais necessário. Ex: Latas de cerveja, fios de cobre, garrafas plásticas ou vidro. Taxonomia dos Recursos Reservas correntes: São recursos que podem ser extraídos lucrativamente aos preços correntes. Reservas potenciais: São reservas potencialmente disponíveis dependendo do preço que as pessoas estão dispostas a pagar pelo recurso. Recursos existentes: Representam a ocorrência natural dos recursos sobre a superfície da terra – conceito geológico ao invés de econômico. Taxonomia dos Recursos Vantagens da Classificação: Evitar usar dados sobre reservas correntes como se fossem reservas potenciais máximas; Evitar o engano de assumir que todo recurso existente pode ser colocado em uso como reserva potencial ao preço que as pessoas estariam dispostas a pagar. Reserva Potenciais < Reservas Existentes Fatores determinantes do fluxo de recursos recicláveis Reposição econômica e reciclagem: quanto maior o preço mais a intensidade de exploração; Progresso tecnológico: quanto maior o preço maior o estimulo ao avanço tecnológico; Demanda: quanto maior o preço menor a quantidade demandada; Durabilidade: quanto mais durável menor a necessidade de novos produtos; Habilidade de reuso: quanto maior as alternativas de reuso menor a exploração do recurso. Fatores que afetam o fluxo de recursos renováveis Ação do homem: Por meio de práticas inadequadas, superexploração (solo, pesca); Estocagem: Por meio da alocação do recurso ao longo do tempo (alimentos, energia solar); Recursos não-renováveis: estender a vida econômica do recurso; Recurso renovável: amenizar os desequilíbrios periódicos da oferta e demanda. Objetivo da gestão dos recursos Objetivo da gestão dos recursos nãorenováveis x renováveis: Não-renováveis: alocar estoques entre gerações enquanto ocorre por fim a transição para recursos renováveis; Renováveis: manutenção do fluxo sustentável do recurso. Alocação Eficiente Intertemporal Tem como princípio central a eficiência dinâmica; Critério de eficiência dinâmica: Este critério visa maximizar o valor presente do benefício líquido gerado pelo uso do recurso ao longo do tempo. Modelo de Dois Períodos Pressupostos: Alocação do recurso entre dois períodos; Quantidade finita do recurso; Custo marginal de extração constante; Curva de demanda estável (iguais) para os dois períodos. Alguns Resultados: O custo marginal de uso é a medida de custo de oportunidade que permite balancear o uso do recurso entre os dois períodos; O custo marginal de uso aumenta ao longo do tempo a uma taxa igual a taxa de desconto (r); A alocação no períodos subseqüentes tendem a ser menor. Caso do Custo-Constante e N-Períodos Suposições do modelo: Custo marginal de extração constante Horizonte temporal de N-períodos Curva de demanda estável ao longo do tempo Quantidade ofertada do recurso: 40 unidades Caso de Custo-Constante e N-Períodos Transição para Substituto Renovável Pressuposições: Disponibilidade de um recurso renovável substituto perfeito a um custo marginal constante ($6). EX: Substituir óleo ou gás natural por energia solar; substituir água subterrânea por água de superfície. Substituição do recurso não-renovável pelo recurso renovável em tempo hábil, de modo a evitar o colapso. Condição para transição ocorrer: CMa ($6) < DAP ($8) Transição para Substituto Renovável Transição para Substituto Renovável Conclusões: A transição para o recurso substituto renovável é suave; Quantidade maior do recurso não-renovável será extraído em período relativamente mais cedo; A mudança é feita no sexto período, enquanto o recurso seria esgotado no nono período na ausência substituto; A transição ocorre no ponto de mudança onde o CMa do recurso não-renovável é igual ao CMa do substituto; O consumo do substituto será inferior a 5 unidades, pois esta quantidade maximiza o benefício líquido quando o CMa = $6 (preço do substituto). Transição para Substituto Não-renovável Custo Marginal de Extração Crescente O CME aumenta com a quantidade extraída acumulada; O CMU declina com o tempo, até atingir zero, quando ocorre a transição. O CME maior no futuro diminui o sacrifício das futuras gerações; O benefício líquido transferido para as gerações futuros, devido ao adiamento do consumo hoje, é menor em função do aumento no custo marginal de extração. Custo Marginal de Extração Crescente Custo Marginal de Extração Crescente Conclusões: No caso dos custos constantes, o recurso não-renovável é completamente esgotado; No caso do custo crescente, o recurso nãorenovável não é esgotado; algo é deixado no solo pois é muito caro extraí-lo. Exploração e Progresso Tecnológico Dados históricos demonstram que o consumo de recursos não-renováveis aumentam ao longo do tempo. Isto evidencia que os recursos não estão sendo alocados eficientemente? Fatores não considerados nos modelos: Progresso tecnológico – importante fator na determinação da trajetória do consumo atual. Exploração e Progresso Tecnológico O custo marginal de exploração, que é o custo marginal de descobrir novas fontes de recursos, devem aumentar no tempo, à medida que os recursos de fácil extração são esgotados. Elevados custos marginais de exploração podem se tornar viáveis, à medida que o custo marginal de extração tendem a aumentar no tempo. Novas descobertas de fontes de recursos podem baixar ou retardar os aumentos nos custos marginais totais de produção. O progresso tecnológico pode ser manifestado através de reduções no custo de extração, adiando assim o tempo de transição. CONTINUA...