Programa 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil ENSINO DE SENSORIAMENTO REMOTO NA GRADUAÇÃO E NA ESPECIALIZAÇÃO – A EXPERIÊNCIA DA FEEVALE – NOVO HAMBURGO - RS. Tema do Trabalho: Sensoriamento Remoto na Pós-Graduação (Especialização) Roberto Naime Departamento de Engenharia Civil - FENG – PUCRS Curso Engenharia Industrial – ICET – FEEVALE Endereço para correspondência: Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, ICET/ FEEVALE – Rodovia RS 239, No 2755, - CEP 93352-000 - Novo Hamburgo, RS e-mail: [email protected] ou [email protected] Ana Cristina Garcia NITEC – EA - UFRGS Curso Engenharia Industrial – ICET – FEEVALE e-mail: [email protected] Paulo Roberto Coutinho Marques de Almeida Acadêmico Curso de Engenharia Industrial – ICET –FEEVALE e-mail: [email protected] ABSTRACT The purpose of this work is to talk about the working that is development in Industrial Engineering – Environmental Management and in the specialization in Environmental Technology, of Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (ICET) of Centro Universitário Feevale in Novo Hamburgo. The evolution of teaching of remote sensing are associated with the solution of practical problems of community, aggregated with monitoring and environmental control, made in Central Analítica of ICET. Therefore, are made studies of hydrological basin do Rio dos Sinos, integrating satellite images with the results of chemical, physical and bacteriological analysis executated in Central Analítica. Keywords: Teaching, Remote Sensing, Case. 1. INTRODUÇÃO O Centro Universitário Feevale vem apresentando notável crescimento de suas atividades desde a sua transformação, adquirindo o “status” de Centro Universitário em 1.999. Desde então, vários cursos tem sido criados e a instituição já conta com uma média de 15.000 alunos. No âmbito do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (ICET) foi criado o curso de Engenharia Industrial, com ênfase em Gerenciamento Ambiental. Na grade curricular deste curso, foi inserida uma disciplina de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, para dar conhecimento aos alunos de uma das ferramentas mais importantes na análise e no monitoramento ambiental. Sensoriamento remoto é uma tecnologia utilizada para a análise de dados obtidos a partir de sensores que operam em satélites na órbita terrestre. Muito utilizada desde a década de 70, esta tecnologia têm trazido uma grande contribuição para o mapeamento e monitoramento dos recursos naturais, devido à sua visão sinótica e ao armazenamento da informação em formato digital, possibilitando sua análise usando modernas técnicas computacionais. (Guimarães et al., 2000, Coutinho et al., 2000). Neste trabalho é divulgada a implantação da disciplina que também faz parte de outra atividade acadêmica recém criada na FEEVALE, o curso de especialização em Tecnologia Ambiental, onde o sensoriamento remoto e geoprocessamento são associados à diversas técnicas de estudo do meio-ambiente, como a avaliação dos impactos 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil ambientais, a geoestatística e a análise multi-objetivo, ferramentas que integradas permitem a obtenção de diagnósticos ambientais qualificados e otimizados. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Foi implantado um laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento com 8 microcomputadores, nos quais foram instalados os softwares SPRING 4.0 com suporte técnico permanente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e licenças de uso do software IDRISI for Windows, versão Kilimanjaro para o desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa. No âmbito do desenvolvimento de projetos de cooperação com várias prefeituras da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (AMVRS) estão sendo implementados convênios com o INPE para fornecimento de imagens de satélite atualizadas, dos satélite Landsat e CBERS 2. Os trabalhos de interpretação de imagens de satélite são realizados com o estudo básicos sobre tipos de sensores, resoluções, órbitas de satélites, noções de espectro das radiações eletromagnéticas, servindo de base para a aplicação de técnicas de tratamento de imagens. São desenvolvidas técnicas de estudo de histogramas com correção radiométrica de imagens; comportamento espectral de alvos; elaboração de imagens coloridas falsacor; visualização e interpretação de imagens; filtragens no domínio das freqüências e filtragens espaciais; classificação e fatiamento das imagens por métodos supervisionados e não-supervisionados; realce visual de imagens; modelagem numérica do terreno e utilização do eixo “Z” em geoprocessamento. 3. DESENVOLVIMENTO Os sistemas de processamento digital de imagens possibilitam extrair informações das imagens orbitais, gerando imagens temáticas - por exemplo, áreas degradadas, uso e ocupação do solo e de cobertura vegetal, as quais serão posteriormente utilizadas, de forma a compor uma base de dados de um Sistema de Informações Geográficas. Sobre estas imagens é possível empregar classificadores automáticos supervisionados ou não–supervisionados, que apoiados por trabalhos de campo permitem identificar alvos de interesse para intervenções planejadas de melhoria ambiental. Após serem introduzidos nos conhecimentos básicos para utilização do sensoriamento remoto e geoprocessamento, os acadêmicos de graduação e os profissionais que cursam a especialização em Tecnologia Ambiental, são estimulados a aprofundarem seus conhecimentos em cursos de sensoriamento remoto e geoprocessamento do INPE e em outras instituições de nível superior. No Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, os equipamentos processam as informações coletadas e armazenadas nas imagens de satélite, utilizando os softwares Idrisi for Windows, versão Kilimanjaro e SPRING 4.0 produzindo mapas com finalidades específicas, como, por exemplo, a determinação de áreas de risco, urbanizadas ou não, ou então uma proposta para Recuperação de Áreas Degradadas por ocupações antrópicas inadequadas. A elaboração de Sistemas de Informação Geográfico (SIG) permite a execução de modelagens ambientais, onde um cenário é modificado de acordo com certas premissas atribuídas pelo operador, permitindo a criação de ferramentas de gestão muito eficientes para uso no planejamento regional. Inicialmente, são realizadas as interpretações de imagens de satélite e fotografias aéreas, com o objetivo de produzir mapas temáticos dos atributos físicos da paisagem. De acordo com diferentes metodologias, são produzidos mapas geológicos, geomorfológicos, pedológicos, vegetação natural, uso e ocupação do solo e hidrográficos e inúmeros outros, conforme as necessidades de projeto. Posteriormente o processamento das informações espaciais é transformado em mapas analógicos e digitais, sendo preparado todo material utilizado na elaboração dos projetos. Os mapas são todos georreferenciados. Na instituição, os acadêmicos e profissionais que cursam Tecnologia Ambiental, passam a participar dos diversos projetos de controle e monitoramento ambiental, em conjunto com a Central Analítica. Sempre que são realizadas análises de solos, rochas, águas superficiais, águas subterrâneas, plantas ou análises microbiológicas.Os pontos são identificados com GPS (Global Positioning System) e posteriormente realizados trabalhos práticos nas imagens de satélites disponíveis, visando definir padrões ou procedimentos que auxiliem na identificação remota destas ocorrências de campo, tanto através da simples análise, como de procedimentos de elaboração de imagens falsa-cor ou classificações automáticas supervisionadas e não-supervisionadas. (Batistella, 1999). Os resultados são apresentados em monografias de trabalhos de conclusão de cursos de graduação, ou nas monografias obrigatórias dos cursos de especialização. Os temas que são estudados se referem a demandas públicas conhecidas como o lançamento dos efluentes de esgotos urbanos dentro de cursos de água, a presença de depósitos de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) em áreas urbanas inadequadas dentro do domínio geomorfológico de planícies fluviais, ou mesmo lançamento de efluentes industriais sem tratamento ou irregulares em cursos de água. 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil Também são realizadas análises sobre desmatamento, degradação dos meios físico, biológico e antrópico por atividades agropecuárias em pequenas ou médias propriedades do Vale do Rio dos Sinos, objetivando a obtenção de dados que subsidiem a formulação de políticas públicas de intervenção para criação de parâmetros de desenvolvimento sustentável nas áreas críticas (Naime et al., 1999 e Miranda, 1997). Os acadêmicos ou profissionais que cursam especialização e que tem demandas determinadas por suas necessidades profissionais são estimulados a integrar as técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento dentro da remediação, controle, monitoramento ou recuperação ambiental que se predispõe a desenvolver no âmbito de suas monografias de curso. As dificuldades operacionais para a elaboração dos produtos finais de sensoriamento remoto, geoprocessamento e cartografia são resolvidas com suporte técnico do INPE e do Centro de Recursos Idrisi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A ênfase ao treinamento de recursos humanos é propiciada pelo INPE, com acadêmicos e profissionais sendo direcionados para complementarem seus estudos e absorverem novas técnicas, principalmente na operacionalização dos tratamentos de imagens. Quando possível, os alunos são estimulados a desenvolverem artigos para publicação em revistas científicas regionais ou nacionais, juntamente com os docentes e a equipe técnica do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, com enfoque multidisciplinar, envolvendo todos os professores e os funcionários da Central Analítica do ICET, com os resultados de seus trabalhos. A dinâmica das transformações do mundo atual, com as novas a hegemonia das novas tecnologias, que alguns autores denominam “Tecnógeno” e com as novas dimensões de espaço e tempo, com a hegemonia da instantaneidade e da simultaneidade e com as complexas interações entre as esferas, local e global que afetam o cotidiano das populações, exige que a busca de ferramentas dinâmicas para a interpretação e gerenciamento ambiental. Isto é uma forma de garantir a eficiência das ações, e pode se dizer que este é o escopo do Sensoriamento Remoto e do Geoprocessamento, como ferramenta multidisciplinar capaz de integrar as várias áreas do conhecimento. (Novo, 1989 e Naime et al., 2000). O sensoriamento remoto e o geoprocessamento tem um grande potencial de aplicação para suporte e apoio das ações de planejamento público e nas intervenções antrópicas sobre os meios físico, biológico e sócioeconômico. A elaboração das modelagens ambientais é um instrumento necessário para garantir a eficácia e a eficiência das políticas públicas e privadas no gerenciamento dos meios naturais. Várias instituições e empresas tem incluído estas ações em seus procedimentos usuais ou mesmo normatizados. Este é o projeto que tem sido implementado no Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (ICET) do Centro Universitário FEEVALE, no âmbito dos cursos de graduação em Engenharia Industrial – Ênfase em Gerenciamento Ambiental e no recém-criado curso de especialização em Tecnologia Ambiental – Ênfase em Gestão e Controle. Todos os procedimentos necessitam de melhor implementação e aprimoramento, tanto nos recursos físicos como nos recursos humanos alocados no desenvolvimento do projeto. Mas a objetivo principal é descrever um modelo operacional de ensino e pesquisa integrados com a ação cotidiana dos agentes econômicos, que permite vislumbrar uma perspectiva de ampla utilização da ferramenta do sensoriamento remoto e geoprocessamento, em conjunto com outras técnicas, na análise, diagnóstico e monitoramento ambiental, e nos projetos de recuperação das áreas degradadas. É necessário firmar o conceito do sensoriamento remoto e do geoprocessamento, como técnicas de ampla utilização, dentro e fora das universidades, nos órgãos públicos e nas próprias empresas como ferramenta indispensável para o adequado tratamento das questões de meio-ambiente, em estudos integrados e multidisciplinares, que também envolvam outras áreas do conhecimento como a química e a engenharia sanitária, com outras técnicas de apoio no estudo ambiental, indispensáveis como geoestatística, avaliação de impactos ambientais e análise multiobjetivo. Principalmente, é necessário desmistificar conceitos, tornando acessíveis os conhecimentos, técnicas e softwares de processamento digital de imagens de satélite para a solução dos problemas comuns das instituições, das empresas e das pessoas, em busca da implantação de parâmetros de desenvolvimento sustentável para a obtenção de uma melhor qualidade de vida para todos. 4. CONCLUSÕES 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cada vez são mais necessárias tecnologias eficientes e de baixo custo, para universalização das ferramentas de apoio para o planejamento do uso e da ocupação do território. Guimarães, M; A. J Dorado e A.C. Coutinho, 2000. Utilização de dados TM-Landsat para o mapeamento e monitoramento da cobertura vegetal. In: Anais do Gisbrasil 2000: Show de Geotecnologias, 6. A era da 4ª Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no Âmbito do Mercosul – 11 a 13 de agosto de 2004 – São Leopoldo, RS, Brasil informação geográfica. Salvador – BH CD-ROM. Curitiba: Fator GIS. 8p. Guimarães, M; A. J Dorado e A. C. Coutinho, 2000. Monitoramento das alterações da cobertura natural em duas situações distintas da Amazônia Brasileira. In: Anais do Gisbrasil 2000: Show de Geotecnologias, 6. A era da informação geográfica. Salvador – BH CD-ROM. Curitiba: Fator GIS. 7p. Batistella, M. 2000. Exploratory comparison between maximum likelihood and spatial-spectral classifiers using LANDSAT-TM bands and principal component analysis for selected areas in Tomé-Açú, Brazilian Amazon. In: Anais do Congresso e Feira para Usuários de Geoprocessamento da América Latina. GIS BRASIL'99, 5. Salvador – BH CD-ROM 9p. Miranda, E.E. de. 1997. The role of communication technology and multimedia in the development of land and water information systems. In Proceedings of Technical Consultation on Land and Water Resources Information Systems, Rome, Italy. Rome: FAO, 1997. 7p. Naime, R. H; R. A Lahm e, M. Klein, 1999. Aplicação de geoprocessamento no planejamento e gerenciamento do espaço urbano. In Anais do XIX Congresso Brasileiro de Cartografia / XVI Simpósio Internacional de Fotogrametria Arquitetônica e Arqueológica, Recife - PE, CD ROM. Naime, R. H; R. A Lahm e M. Klein, 2000. Aplicação de geofísica elétrica e tratamento de imagens de aerofotos em prospecção hidrogeológica na fazenda Retiro do Meio em Brasília. In: Anais do I Congresso Mundial Integrado de Águas / XI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, Fortaleza- CE, CD ROM. Novo, E., 1989. Sensoriamento remoto, princípios e aplicações.:Edgard Blucher, São Paulo, 308 páginas.