Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS DO MUNICÍPIO DE SÃO FÉLIX- BA Ivonice Sena de Souza1, Jocimara Souza Britto Lobão2 2 1 Geografia, Estudante de Graduação, UEFS, Feira de Santana -BA, [email protected] Geógrafa, Professora Assistente do Depto. Ciências Humanas e Filosofia, UEFS, Feira de Santana-BA, [email protected] RESUMO: O presente estudo foi desenvolvido no município de São Félix, localizado na região do Recôncavo Sul da Bahia. O objetivo deste trabalho consistiu em realizar o mapeamento do uso e ocupação das terras da área de estudo, por meio das ferramentas disponíveis no Sistema de Informações Geográficas. O método utilizado foi uma fotointerpretação e vetorização sobre o recorte da Imagem RapidEye referente ao município na composição R4G5B3, utilizou-se como base para a vetorização um zoom na escala de 1:50.000. O mapeamento de uso e ocupação das terras é de grande utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocupação do espaço, sendo importante ferramenta de planejamento e de orientação para a tomada de decisões. De acordo com os resultados obtidos o município em estudo possui 1,0% (1 km²) de área urbana; 26,2% (26 km²), de vegetação; 71,3% (70,7 km²) de agropecuária; 1,0% (1 km²) de manguezal; 0,5% (0,5 km²), de solo exposto. PALAVRAS-CHAVE: sistemas de informações geográficas, imagem de satélite, mapeamento INTRODUÇÃO: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE, 2006), os levantamentos de uso e cobertura da terra indicam a distribuição geográfica da tipologia de uso identificado através de padrões homogêneos da cobertura terrestre. Os mapeamentos de uso e ocupação são importantes, pois permite analisar e compreender as alterações decorrentes nestes espaços, fornecendo respostas sobre as distribuições das classes de uso e ocupação das terras, além de permitir análise dos principais impactos ambientais e os fatores responsáveis pela perda da vegetação. De acordo com Santos (2004) o uso e ocupação das terras é um tema básico para planejamento ambiental, porque retrata as atividades humanas que podem significar pressão e impacto sobre os elementos naturais. É uma ponte essencial para a análise de fontes de poluição e um elo importante de ligação entre as informações dos meios biofísicos e socioeconômicos. No mapeamento do uso, o Sistemas de Informações Geográficas (SIG), e o Sensoriamento Remoto (SR) tem sido ferramentas de grande potencial o qual nos permite sobrepor várias informações, com o propósito de identificar e localizar as formas de uso, para uma melhor gestão territorial, os quais serviram de ferramentas para a realização deste trabalho. O SIG é classificado por Miranda (2005) como um conjunto importante de ferramentas que coleta, armazena, recupera, sob demanda transforma e mostra dados espaciais do mundo real. Para Florenzano (2007), pode-se gerar mapas a partir da interpretação das imagens de satélites e do uso de um SIG, é possível integrar essas informações e calcular as classes de uso e ocupação das terras. Diante deste pressuposto optou-se por realizar o mapeamento do uso e ocupação das terras, por meio do SIG, para o município de São Félix, o qual compreende as coordenadas geográficas de latitude Sul -12ᶿ 36’17’’ e 38ᶿ 58’20’’ de longitude Oeste, ocupando uma área de 99,2 km², distando 110 km da capital Salvador (Figura 1). 617 Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 Figura 1- Localização do município de São Félix- BA. MATERIAL E MÉTODO: Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizados: imagem de satélite RapidEye, composição colorida com as bandas 345 no canal RGB, respectivamente. A data da imagem selecionada para realização do mapeamento foi de 17/11/2009. Utilizou-se também os softwares Envi 4.7 e ArcGis 9.3. Os procedimentos adotados para a realização do trabalho dividiramse em três etapas: Aquisição dos materiais; Levantamento bibliográfico; Confecção do mapa de uso e ocupação das terras. Os dados espaciais foram projetados no sistema de coordenadas Universal Transversa de Mercator (UTM) e datum WGS-1984. Em seguida delimitou-se a área de estudo e posteriormente deu-se início ao processo de elaboração do mapa de uso e ocupação das terras. Para este foram levantadas as informações temáticas, ou seja, as classes de uso do solo para a composição do mapa, a partir da interpretação visual da imagem, contemplando a cobertura vegetal e as classes de uso do solo, além do trabalho de campo. De acordo com Ponzoni et al. (2007), a identificação de objetos em imagens produzidas por sensores remotos mediante interpretação visual é eficaz quando o interesse é acessar as características geométricas e a aparência geral dos objetos. Para Moreira (2005) o processo de fotointerpretação envolve pelo menos duas etapas: observação e interpretação. Florenzano (2007) afirma que alguns fatores são importantes para o processo de interpretação das imagens de satélite, são eles: tonalidade/cor, textura, tamanho, forma, sombra, altura, padrão e localização. Após ter estudado esses fatores de interpretação foi possível identificar quais as classes de uso e ocupações seriam mapeadas. As classes definidas foram: vegetação, agropecuária, área urbana, manguezal e solo exposto. Para a elaboração do mapa de uso e ocupação das terras foi utilizado uma fotointerpretação e vetorização sobre o recorte da Imagem RapidEye referente ao município, utilizouse como base para a vetorização um zoom na escala de 1:50.000, também foi gerado um buffer de 1km ao redor do limite do município para melhor destaca- lo. (Figura 2). 618 Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 Figura 2- Carta imagem do município de São Félix- BA. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O mapa de uso e ocupação das terras da área estudada e a quantificação e percentagem das classes são apresentados na Figura 3 e na Tabela 1, respectivamente. A área total do município é de 99,2 km². A sede do município tem 1 km². O uso do solo predominante no município de São Félix é de agropecuária com 71,3%, isso pode ser explicado pelo fato da área de estudo está em grande parte com características rurais, sendo incluídas pastagens e lavouras. Desta forma a área de estudo vem sofrendo com o desmatamento, através da pulverização, contaminando os mananciais e acabando com o pouco da vegetação que ainda existe no município para dar lugar às pastagens. A classe vegetação corresponde a 26,02%, essa é uma região que a vegetação predominante é a Mata Atlântica, embora esteja em estágio de avançado de degradação, principalmente em função da retirada da vegetação nativa para a exploração da madeira e por conta da expansão da pecuária conforme supracitado. O município também destaca- se pela grande quantidade de poços d’água para abastecer o gado local. 619 Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 Tabela 1: Quantificação das classes de uso e ocupação das terras. Uso e ocupação da terra Agropecuária Área (Km2) % 70,7 71,3 Manguezal 1 1,0 Solo Exposto 0,5 0,5 Área Urbana 1 1,0 26 26,2 99,2 100 Vegetação Total Fonte: Souza, 2014 Figura 3 – Mapa de uso e ocupação do solo do Município de São Félix- BA. CONCLUSÕES: O trabalho mostra que o uso das imagens de satélite é de fundamental importância para o gerenciamento da área em estudo, integrada com o Sistema de Informação Geográfica, possibilitando que através deste fosse elaborando o mapa de uso e ocupação das terras por meio da vetorização manual. Essa técnica possibilita o uso de metodologias diversas que contribuem para as análises espaciais e temporais. Por meio dos resultados obtidos é possível tomar decisões em relação ao município, como por exemplo, na elaboração de políticas públicas voltadas para a proteção e uso racional dos recursos naturais existentes, pois como se pode observar a área de estudo registrou altos 620 Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 índices de áreas exploradas por agricultores e pecuaristas, mostrando uma grande desigualdade na distribuição das classes de uso e ocupação das terras. REFERÊNCIAS: FLORENZANO, T. G. Iniciação em sensoriamento remoto. São Paulo, Oficina de Textos, 2 ª edição, 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Manual técnicos em geociências n◦ 07- Manual Técnico de Uso da Terra. 2ͣ edição. Rio de Janeiro. ISSN0103-9598. (2006). Disponível em ˂ http://www.ibge.gov.br. ˃ Acesso em 15 de Agosto de 2012. MIRANDA, Jose Iguelmar. Fundamentos de sistemas de informações geográficas. Brasília, DF: EMBRAPA Informações Geográficas, 2005. MOREIRA, Maurício Alves. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicação. 3. ed. atual. ampl Viçosa: Ed. UFV, 2011. PONZONI, Flávio Jorge; SHIMABUKURO, Yosio Edemir. Sensoriamento remoto no estudo da vegetação. São José dos Campos: Parêntese, 2007. SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: teoria e pratica. São Paulo: Oficina, 2004. 621