Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Instituto de Física Armando Dias Tavares Greice Kelly Bezerra da Costa Espectroscopias de Fotoluminescência, Excitação e Fotoacústica de amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+ Rio de Janeiro 2013 Greice Kelly Bezerra da Costa Espectroscopias de Fotoluminescência, Excitação e Fotoacústica de amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+ Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientadora: Profª. Drª. Lilian Pantoja Sosman Rio de Janeiro 2013 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/ REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/D RRrR C837 RrrrRr rRR75 5 Costa, Greice Kelly Bezerra da. Espectroscopias de fotoluminescência, excitação e fotoacústica de amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+ / Greice Kelly Bezerra da Costa. - 2013. 176 f.: il. Orientadora: Lílian Pantoja Sosman. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Física Armando Dias Tavares. 1.Espectroscopia fotoacústica -Teses. 2. Fotoluminescência Teses .3.Excitação eletrônica -Teses I. Sosman, Lílian Pantoja. II.Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Física Armando Dias Tavares. III. Título. CDU 535.37 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese, desde que citada a fonte. CDU 539.12 1. ________________________________________________ Assinatura ____________________ – Teses. 2. Matéria condensada – Teses. I. Barci, Daniel Gustavo. II. Universidade do Estado Data Greice Kelly Bezerra da Costa Espectroscopias de Fotoluminescência, Excitação e Fotoacústica de amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+ Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada em 22 de Agosto de 2013. Banca Examinadora: Prof. a Dra. Lilian Pantoja Sosman (Orientadora) Instituto de Física Armando Dias Tavares – UERJ ____________________________________________________________ Prof. a Dra. Ada Petronila López Giménez Instituto de Física Armando Dias Tavares – UERJ ____________________________________________________________ Prof. a Dra. Mônica Calixto de Andrade Instituto Politécnico do Rio de Janeiro – UERJ ___________________________________________________________ Prof. Dr. Raul José da Silva Camara Mauricio da Fonseca Instituto de Física Armando Dias Tavares – UERJ ___________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Raimundo Andrade Lima Universidade Federal de Juiz de Fora ___________________________________________________________ Prof.a Dra. Isabel Cristina dos Santos Carvalho Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ___________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Silva Sthel Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Rio de Janeiro 2013 DEDICATÓRIA À Deus por me dar força para continuar, ao meu esposo pela compreensão e a minha família pelo incentivo. AGRADECIMENTOS Sobretudo a Deus, por me orientar e possibilitar a passagem por mais essa etapa da vida, fortificando-me espiritualmente nos percalços do caminho. A minha família, em especial a minha mãe Silvia, tia Eliete e esposo Vagner, pela ajuda e compreensão nos momentos necessários. A professora Dra. Lilian Pantoja Sosman pela orientação ao longo da pós-graduação e pelo exemplo de força, coragem e determinação em seus objetivos, que tentarei utilizá-los como referência profissional. A Professora Jorgina Rosete Teixeira e ao Técnico de Laboratório Adelino Carlos (Carlinhos) pelo incentivo, durante a graduação, a seguir na área da pesquisa. A CAPES pelo apoio financeiro. Aos professores Dr. Norberto Cella, Ricardo B. Barthem, Ossamu Nakamura e Isabel C.S. Carvalho, que tornaram possível a produção desta tese através das medidas realizadas nos laboratórios das instituições em que trabalham. A professora Dra. Ada Petronila López Giménez pela imensa contribuição na elaboração da tese. RESUMO COSTA, G. K. B. Espectroscopias de fotoluminescência, excitação e fotoacústica de amostras MgGa2O4:Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3:Cr3+. 2013. 176 f. Tese (Doutorado em Física) – Instituto de Física Armando Dias Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. Esta tese apresenta as espectroscopias de fotoluminescência, excitação e fotoacústica de amostras MgGa2O4 dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+, obtidas pelo método de estado sólido e duas amostras distintas GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1,0% de Cr3+, uma sintetizada por reação de estado sólido e a outra pelo método de acetato. As amostras foram identificadas por Difração de Raios X e os dados foram refinados pelo método de Rietveld. A morfologia das amostras foi observada por Microscopia Eletrônica de Varredura. Os espectros ópticos das amostras apresentaram bandas de absorção e emissão do visível ao infravermelho próximo. As transições de energia foram analisadas com base na teoria de campo cristalino e os parâmetros de energia foram obtidos a partir de espectros de absorção e das matrizes de Tanabe-Sugano. Palavras-Chave: Cr3+.Ni2+.Fotoluminescência.Excitação.Fotoacústica. ABSTRACT COSTA, G. K. B. Photoluminescence, excitation and photoacoustic spectroscopy of samples MgGa2O4: Ni2+ and GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3:Cr3+ . 2013. 176 f. Tese (Doutorado em Física) – Instituto de Física Armando Dias Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. This work presents the photoluminescence, excitation and photoacoustic spectroscopy of samples MgGa2O4 doped with 0.1%, 0.5% and 1.0% of Ni2+, obtained through solid state method and two different samples GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 doped with 1.0% of Cr3+, one synthesized by solid state reaction and another by wet chemical method. The samples were identified by X Ray Diffraction and the data were refined by Rietveld method. The morphology of samples was observed by SEM. The optical spectra of samples showed emission and absorption bands from visible to near infrared. The energy transitions were analyzed based on the crystal field theory and the energy parameters were obtained from absorption spectra and Tanabe-Sugano matrices. Keywords: Cr3+.Ni2+.Photoluminescence.Excitation.Photoacoustic. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração eletrônica d8.......................26 Figura 2 - Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração eletrônica d3.......................27 Figura 3 - Orbitais 3d.........................................................................................................28 Figura 4 - Sítios de ocupação.............................................................................................29 Figura 5 - Diagrama de níveis de energia de sítios tetraédricos.........................................30 Figura 6 - Diagrama de níveis de energia octaédrico.........................................................31 Figura 7 - Distribuição dos elétrons nos orbitais t2g e eg para os estados de energia da configuração eletrônica d3 e d8 em simetria octaédrica.....................................32 Figura 8 - Geometria Bragg-Brentano...............................................................................43 Figura 9 - Microscópio Eletrônico de Varredura...............................................................45 Figura 10 - Esquema experimental do equipamento de Fotoacústica..................................47 Figura 11 - Esquema experimental do equipamento usado nas medidas de Fotoluminescência e tempo de vida..................................................................49 Figura 12 - Esquema experimental do equipamento usado nas medidas de Luminescência e Excitação das amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3:Cr3+................................51 Figura 13 - Amostras de MgGa2O4 dopadas com Ni2+........................................................56 Figura 14 - Difratograma de Raios-X da amostra em pó com 0,1% de Ni2+ ......................59 Figura 15 - Difratograma de Raios-X da amostra em pó com 0,5% de Ni2+ ......................61 Figura 16 - Difratograma de Raios-X da amostra em pó com 1,0% de Ni2+ ......................63 Figura 17 - Dados de difração de raios X e Refino final dos dados de DRX .....................66 Figura 18 - Seleção da faixa 34,9 ≤ 2θ ≤ 35,4 dos espectros de difração de raios X...........68 Figura 19 - Fotomicrografia de Microsccopia Eletrônica de Varredura (MEV)..................73 Figura 20 - Espectro de fotoacústica a temperatura ambiente.............................................76 Figura 21 - Região selecionada do espectro de fotoacústica a temperatura ambiente.........78 Figura 22 - Espectro de fotoluminescência a temperatura ambiente...................................80 Figura 23 - Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4 dopadas com 0,1% de Ni2+......................................................................................................82 Figura 24 - Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4 dopadas com 0,5% de Ni2+......................................................................................................83 Figura 25 - Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4 dopadas com 1,0% de Ni2+......................................................................................................83 Figura 26 - Níveis de energia das amostras MgGa2O4 absorvendo em sitio tetraédrico, sem emissão .............................................................................................................84 Figura 27 - Curva de aquecimento do forno........................................................................87 Figura 28 - Curvas de aquecimento do forno.......................................................................89 Figura 29 - Amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3dopadas com 1,0%: Cr3+.......................90 Figura 30 - Difratograma de Raios X da amostra em pó com 1,0% de Cr3+........................92 Figura 31 - Difratograma de Raios X da amostra em pó com 1,0% de Cr3+........................96 Figura 32 - Difração de raios X e refino dos dados de DRX das amostras GaNbO4GaNb11O29-Ga2O3...........................................................................................100 Figura 33 - Fotomicrografia de Microscopia Eletrônica de Varredura..............................106 Figura 34 - Espectros das medidas fotoacústicas a temperatura ambiente das amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: 1,0% e Cr3+........................................................110 Figura 35 - Espectros de fotoluminescência à temperatura ambiente das amostras GaNbO4- GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1% de Cr3+ excitadas com comprimento de onda de 400 nm................................................................................................113 Figura 36 - Espectros de Excitação à temperatura ambiente.............................................114 Figura 37 - Níveis de energia da absorção e luminescência do Cr3+ em sítio octaédrico..117 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD......60 Tabela 2 - Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD......62 Tabela 3 - Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD......64 Tabela 4 - Percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+..................................................................................................................67 Tabela 5 - Parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld.......................................69 Tabela 6 - Parâmetros Cristalinos tabelados segundo o JCPDS- ICDD................................70 Tabela 7 - Parâmetros Cristalinos refinados.......................................................................71 Tabela 8 - Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD......93 Tabela 9 - Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD......97 Tabela 10 - Percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 1,0% de Cr3+...................................................................................................................101 Tabela 11 - Parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld.....................................102 Tabela 12 - Parâmetros Cristalinos tabelados segundo o JCPDS-ICDD...............................103 Tabela 13 - Parâmetros Cristalinos refinados.....................................................................104 SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................15 1 TEORIA............................................................................................................22 1.1 Campo Cristalino ............................................................................................22 1.1.1 Desdobramento dos estados do íon no campo cristalino...................................28 1.1.1.1 Campo Cristalino Tetraédrico ...........................................................................30 1.1.1.2 Campo Cristalino Octaédrico ............................................................................31 1.2 Método de Rietveld .........................................................................................33 1.2.1 1.2.1 Descrição da seqüência de refino pelo programa Fullprof:......................33 1.2.2 Descrição dos parâmetros de qualidade: ...........................................................37 1.3 Fotoacústica .....................................................................................................39 2 SISTEMAS EXPERIMENTAIS ....................................................................43 2.1 Difratômetro de raios X....................................................................................43 2.1.1 Geometria Bagg-Brentano..................................................................................43 2.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ..............................................45 2.3 Fotoacústica ......................................................................................................47 2.4 Fotoluminescência ............................................................................................48 2.4.1 Experimento de Fotoluminescência da amostra MgGa2O4:Ni2+ ........................48 2.4.2 Experimento de Fotoluminescência da amostra GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+..................................................................................................................51 3 PRODUÇÃO DAS AMOSTRAS MgGa2O4 DOPADAS COM Ni2+............55 4 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS AMOSTRAS MgGa2O4:Ni2+....................................................................................................57 4.1 Difração de Raios X..........................................................................................57 4.1.1 MgGa2O4 dopado com 0,1% de Ni2+ ................................................................58 4.1.2 MgGa2O4 dopado com 0,5% de Ni2+ ................................................................60 4.1.3 MgGa2O4 dopado com 1,0% de Ni2+.................................................................62 4.2 Refino dos dados da DRX..............................................................................64 4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura.........................................................72 5 ESPECTROSCOPIAS ÓPTICAS DAS AMOSTRAS MgGa2O4:Ni2+.......74 5.1 Espectros de fotoacústica e Fotoluminescência das amostras MgGa2O4:Ni2+...................................................................................................74 5.1.1 Espectros de Fotoacústica .................................................................................74 5.1.2 Espectros de Fotoluminescência .......................................................................78 5.1.3 Níveis de energia do Diagrama de Tanabe sugano ...........................................81 6 PRODUÇÃO DAS AMOSTRAS GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 DOPADAS COM Cr3+ .........................................................................................................86 6.1 Método de reação de estado sólido.................................................................86 6.2 Método de acetato............................................................................................88 7 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS AMOSTRAS DOPADAS COM Cr3+.........................................................................................................91 7.1 Difração de Raios X.........................................................................................91 7.1.1 Amostra dopada com 1,0% de Cr3+ produzida por reação de estado sólido......91 7.1.2 Amostra dopada com 1,0% de Cr3+ produzida pelo método de acetato.............95 7.2 Refino dos dados da DRX................................................................................99 7.3 Microscopia Eletrônica de Varredura.........................................................105 8 ESPECTROSCOPIAS ÓPTICAS DAS AMOSTRAS GaNbO4-GaNb11O29Ga2O3:Cr3+......................................................................................................108 8.1 Espectros de Fotoacústica.............................................................................108 8.2 Espectros de Fotoluminescência...................................................................113 8.3 Níveis de energia do Diagrama de Tanabe sugano.....................................117 CONCLUSÕES...............................................................................................119 REFERÊNCIAS.……………………….................……......……………….124 APÊNDICE A – Cálculo dos componentes utilizados para produção da amostra dopada com Ni2+...............................................................................................133 APÊNDICE B - Cálculo dos componentes utilizados para produção das amostras dopadas com Cr3+. ..............................................................................140 APÊNDICE C: Refino da amostra GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: 1,0% Cr3+ produzidas pelo método de acetato. ...................................................................146 APÊNDICE D– Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d8 ..................................................................................................155 APÊNDICE E - Fase e tempo de vida de cada emissão ...................................157 APÊNDICE F – Publicação...............................................................................158 APÊNDICE G - Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3. .................................................................................................159 APÊNDICE H– Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3 ..................................................................................................163 APÊNDICE I– Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3 ..................................................................................................167 15 INTRODUÇÃO GERAL As pesquisas realizadas nesta tese objetivam mostrar a importância dos materiais luminescentes, através do estudo das espectroscopias ópticas de amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-Ga2O3-GaNb11O29: Cr3+. Os resultados obtidos mostraram largas bandas de emissão em temperatura ambiente na região do visível e infravermelho próximo e expõem que as amostras são de fácil reprodutibilidade e de extensas aplicabilidades, contribuindo assim na ampliação qualitativa e quantitativa de materiais emissores de luz. A pesquisa por compostos luminescentes cresce proporcionalmente ao desenvolvimento tecnológico. Os avanços na área da tecnologia com as descobertas de dispositivos emissores de luz, tendo como exemplo, os painéis de displays de plasma, led`s, dosímetros termoluminescentes, lâmpadas fluorescentes, vidros e folhas luminescentes, mostram a necessidade cada vez maior em se obter compostos inorgânicos emissores de luz sintonizáveis, de alta eficiência e fácil reprodutibilidade. Os compostos luminescentes inorgânicos são caracterizados quanto a sua formação química por defeitos pontuais que surgem durante sua constituição, ou devido à ocupação de sítios estruturais por impurezas substitucionais. A emissão de luz é proveniente de algum tipo de excitação, térmica, elétrica, química, sonora, tribo ou por fótons, aplicada em tais compostos. A primeira utilização do termo luminescência e a classificação dos tipos de excitações foram realizadas pelo Físico alemão Eilhardt Wiedemann em 1888 (SMET et al., 2010), (YEN; SHIONOYA; YAMAMOTO, 2010). A luminescência dos compostos é diferenciada, de acordo com o tempo de vida(τ ) de sua emissão em:Fluorescente ocorrendo de forma rápida(τ em torno de 10ns) e Fosforescente, com tempo de vida de emissão bastante lento(τ na ordem de milissegundos a segundos) (LAKOWICZ, 2010). A fosforescência, característica dos materiais estudados nesta pesquisa, pode ser proveniente de transições permitidas por spin, apresentando tempo de vida de emissões entre (10-7 – 10-8) segundos e proibidas por spin com tempo de vida na ordem de milissegundos (BLASSE; GRABMAIER, 1994). Segundo FELDMANN et al. (2003) materiais luminescentes começaram a ser encontrados na natureza no século X aproximadamente, estando entre eles o cristal de calcita, willemita e 16 scheelita. Entretanto, o começo da síntese de materiais utilizados como fósforos foram descritos na literatura em 1603, século XVII(SMET et al., 2010). Visando apresentar a importância de materiais luminescentes, abaixo serão descritos algumas investigações de grande relevância científica, no que se refere a dispositivos emissores de luz, com marco primordial no século XIX e expandindo-se gradativamente até a atualidade. Século XIX Intensificador de Raios X Em Novembro de 1895 Wilhelm Conrad Roentgen descobriu uma radiação invisível ao olho humano e penetrante na matéria, o feixe de Raios X. A pesquisa por materiais que pudessem converter o feixe de Raios X em luz visível começou em conjunto com a de um detector de filme fotográfico. Sendo assim, em 1896 Pupin introduziu no filme fotográfico o pó CaWO4,denominado material de fósforo, que foi utilizado com a finalidade de detectar os feixes de Raios X por mais de 75 anos (NIKL, 2006). Lâmpada Fluorescente Em 1896 Thomas A. Edison em suas pesquisas para aperfeiçoar o funcionamento das lâmpadas incandescentes, descobre que a maioria das substâncias químicas fluorescem quando submetidas a raios X de Röntgen, fora de um tubo de vácuo (WAITS, 2003). A pesquisa de Thomas A. Edison resultou em um aperfeiçoamento da luz proveniente de gases, pois a emissão de luz visível passou a ser proveniente de uma manta embebida pelo óxido de terra rara (Tório – Th) que convertia a energia do calor da chama ultravioleta em radiação visível, porém esta forma de emissão de luz visível foi rapidamente substituída pelas lâmpadas pesquisadas por Thomas A. Edison (SCHUBERT; KIM, 2005). Em 1933 iniciou-se a comercialização de lâmpadas de mercúrio fluorescentes pela General Eletric Company. Hoje em dia as lâmpadas fluorescentes utilizam fósforos sinteticamente produzidos, devido a sua grande eficiência e luminosidade (CHEN; LOCKWOOD, 2002). 17 Século XX Primeiro laser de Estado Sólido Em 1960 foi construído o primeiro laser de estado sólido por Theodore. Harold Maiman, cujo meio ativador do laser era um cristal de rubi (safira Al2O3 com Cr3+ como impureza substitucional) que produz luz visível com comprimento de onda de 694 nm (KOECHNER; BASS, 2003). Laser ativado por Fluoreto dopado com Ni Em 1963 iniciaram-se pesquisas das propriedades ópticas de materiais dopados com Ni2+, observando-se a fluorescência dos fluoretos MgF2 (JOHSON; DIETZ; GUGGENHEIM, 1963). Em 1995 comprovou-se que o cristal BaLiF3 dopado com o metal de transição Ni2+ é um potencial meio ativador para laser (MARTINS et al., 1996). Displays Fluorescentes a vácuo (VFD) A pesquisa e desenvolvimento dos primeiros Displays Fluorescentes a vácuo foi realizada no Japão em 1965, com aplicação voltada exclusivamente para calculadoras. Os VFD consistem em sua composição de um tubo com filamentos de fios muito finos que são aquecidos a uma temperatura um pouco abaixo da incandescência, passando a emitir elétrons aquecidos que irão bombardear o ânodo revestido por um fósforo, provocando assim uma luminescência estimulada (Catodoluminescência). Hoje em dia tratam-se de dispositivos de ampla utilização, apresentando-se em forma de painéis com vários dígitos planos usados em equipamentos de áudio e vídeo, eletrodomésticos, automóveis, equipamentos de escritório e instrumentação (LAKSHMANAN, 2008). Século XXI Painel de tela de plasma (PTP) A luminescência de materiais fósforos cerâmicos quando excitados em alta energia pelo ultravioleta no vácuo é uma característica importante para aplicação na produção de painéis 18 de tela de plasma. Em 2009 pesquisou-se o material Zn2SiO4:Mn2+ visando sua aplicação em (PTP).Ao ser excitado com 254 nm o material mostrou bandas de luminescência centradas em 524 nm (MURTHY et al., 2009). Em 2008 investigou-se o material MgGa2O4:Mn2+, que ao ser excitado com 300 nm mostrou bandas centradas em 501nm. Acredita-se que este material seja também um possível candidato para aplicação em telas PTP (COSTA et al., 2009). Concentrador Solar Luminescente Trata-se do único material luminescente, orgânico ou inorgânico, capaz de absorver a luz solar incidente em pequena área da superfície da célula e posteriormente reemiti-la, com aplicação direcionada para dispositivos fotovoltaicos. As primeiras publicações ocorreram pela primeira vez no final dos anos 1970, sendo estudada intensamente no decorrer dos anos 1980, quando começaram surgir limitações de corantes fluorescentes orgânicos que impediam seu desenvolvimento (ROWAN; WILSON; RICHARDS, 2008). Recentemente amostras dopadas com Cr2+em redes ZnS foram pesquisadas como possíveis candidatas a aplicação de banda solar intermediária. A banda solar intermediária é um conceito fornecido as células solares que possuem uma eficiência superior aos das células solares comuns da atualidade (AAMODT, 2011). A introdução geral mostrou a busca secular de materiais emissores de luz, voltadas para aplicações tecnológicas, cuja escolha do material é feita considerando-se principalmente a eficiência da emissão e estabilidade química (COPELAND et al., 2001). A tese apresentada mostra o estudo das espectroscopias de fotoluminescência, excitação e fotoacústica das amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-Ga2O3-GaNb11O29: Cr3+. A escolha de metais de transição como impureza substitucional foi feita por apresentarem largas bandas de emissão na região do visível e infravermelho, as quais em temperatura ambiente possuem vastas aplicações tecnológicas. A preferência pelo estudo dos íons Ni2+ e Cr3+ foi realizada devido as suas luminescências características e aplicabilidades. 19 Ni2+ A emissão do íon Ni2+ tem sido extensamente estudada desde 1963, cuja pesquisa será anteriormente mostrada através do estudo do laser ativado por fluoreto dopado com Ni2+. A luminescência do Ni2+ocorre na região do visível e infravermelho próximo (COSTA et al., 2012). Cr3+ O íon Cr3+ apresenta uma luminescência na região espectral que vai desde o vermelho distante ao infravermelho, trazendo uma estrutura de grande interesse na região compreendida entre (680-720) nm em várias redes hospedeiras. Este dopante tem sido intensamente pesquisado desde 1930, devido ao grande interesse nesta região de emissão. A primeira aplicabilidade ocorreu em 1960 com o primeiro laser de estado sólido (Al2O3:Cr3+), anteriormente mencionado (YEN; SHIONOYA; YAMAMOTO, 2010). 20 A tese está organizada em nove capítulos, de forma a possibilitar o estudo de espectroscopias ópticas das amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-Ga2O3-GaNb11O29: Cr3+. Os conteúdos dos capítulos são: Capitulo 1: Teoria Expõe a teoria de Campo cristalino, mostrando o diagrama de Tanabe-Sugano para os dopantes Ni2+ e Cr3+, a fim de entender as transições eletrônicas do íon impureza no campo cristalino. Faz-se um apanhado da Difração de Raios X (DRX), explica-se o refino pelo método de Rietveld e a espectroscopia fotoacústica. Capitulo 2: Sistemas Experimentais Ilustram-se os sistemas de medidas experimentais utilizados para a obtenção dos dados que são analisados nesta tese. Capítulos 3 e 6: Produção das amostras Explicam-se os métodos empregados para o preparo das amostras, mostrando-se as equações estequiométricas balanceadas para a obtenção das mesmas, com a quantidade de massa (g) para cada óxido utilizado e o procedimento detalhado de cada método com o posterior tratamento térmico realizado. Capítulos 4 e 7: Caracterização Estrutural das Amostras Apresentam-se os resultados do método de Difração de Raios X (DRX), o refinamento pelo método de Rietveld e a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), todos com suas respectivas análises. 21 Capítulos 5 e 8: Espectroscopias ópticas Mostram-se os espectros de absorção, emissão e excitação das amostras, com suas respectivas análises e resultados obtidos. As análises englobam a identificação das bandas, através de suas transições, região de localização no espectro eletromagnético e cálculo dos parâmetros de energia. Capitulo 9: Conclusões 22 1 TEORIA 1.1 Campo Cristalino O campo cristalino é o potencial eletrostático gerado pelos ligantes no sítio ocupado pelo íon impureza. A intensidade deste potencial é dada pelo parâmetro de campo cristalino Dq. A Hamiltoniana que representa a energia total é dada por (HENDERSON; BARTRAM, 2000): H = H0 + Hee + HCF + HLS (1.1) Onde as hamiltonianas visualizadas no somatório da equação 1.1, são: Hamiltoniana do íon livre, H0. A Hamiltoniana do íon livre é composta pela energia cinética do i-ésimo elétron da camada incompleta d do dopante e a energia potencial de interação deste i-ésimo elétron com o seu núcleo. O somatório é feito sobre os n elétrons de valência do íon impureza. No caso do Ni2+ e Cr3+ que possuem configuração eletrônica, respectivamente 3d8 e 3d3, n = 8 e 3. in1 2m – in1 Zer 2 H0 = - 2 i 2 (1.2) i Hamiltoniana de interação elétron-elétron, Hee. A Hamiltoniana é representada pela interação do i-ésimo elétron com o j-ésimo elétron de valência do íon impureza. 23 Hee = in j 1 er 2 (1.3) ij A partir da hamiltoniana de interação intereletrônica, obtêm-se os parâmetros de racah B e C que caracterizam a repulsão Coulombiana dos elétrons, fornecendo assim, nesta pesquisa, a energia de separação entre os elétrons de valência dos dopantes Ni2+ e Cr3+ e ligantes O2-. Hamiltoniana de interação do íon com o campo cristalino, HCF. A Hamiltoniana é representada pela interação do i-ésimo elétron com o potencial (campo cristalino) eletrostático V (ri , i , i ) , criado pelos ânions na posição do i-ésimo elétron. HCF = e V (ri , i , i ) (1.4) A partir da hamiltoniana de interação do i-ésimo elétron do dopante com o campo cristalino, obtém-se o parâmetro do campo cristalino Dq. A intensidade do campo cristalino varia de acordo com o sítio de ocupação do dopante na rede hospedeira e o grupo ao qual pertence o íon impureza, nesta pesquisa são utilizadas amostras com sítios de ocupações tetraédricos e octaédricos, assim a relação da intensidade de Dq nestes sítios é dada por: Dqtet = 4/9 Dqoct. O grupo da impureza pesquisada é 3d, o que caracteriza um campo cristalino de média intensidade com módulo na ordem de (1000 – 2000) cm-1. Hamiltoniana de interação spin – órbita, HLS. A Hamiltoniana é representada pelo produto do parâmetro de acoplamento spin-órbita (ri ) , momento angular orbital l i e spin s i , do i-ésimo elétron. HLS = in1 ( ri ) l s i i (1.5) 24 A partir desta hamiltoniana, obtêm-se o parâmetro de acoplamento spin-órbita. O parâmetro de acoplamento spin-órbita possui menor efeito na rede hospedeira em relação à intensidade do campo cristalino, que por sua vez é menos intenso que a interação Coulombiana intereletrônica nos íons do grupo 3d, ou seja, Hee> HCF> HLS. A distribuição dos elétrons de configuração eletrônica d entre os orbitais t 2 e eg é classificada como de spin alto ou baixo, de acordo com a intensidade do campo cristalino cúbico. Esta pesquisa trabalha com campo cristalino de média intensidade, logo os estados são de spin alto, ou seja, a maior quantidade da distribuição dos spins de elétrons realizada de acordo com a regra de Hund é paralela. Em casos em que a distribuição dos spins dos elétrons paralelos é menor classifica-se como de spin baixo, correspondendo a casos de campo cristalino de intensidade forte e somente para a configuração eletrônica d4e d7(MARFUNIN, 1979). Fazendo a distribuição dos spins de elétrons para a configuração eletrônica d 3 e d8 aqui pesquisada, têm-se. 3 spins paralelos Cr3+ → 3d3 -2 -1 0 1 2 Ni2+ → 3d8 5 spins paralelos e 3 spins antiparalelos -2 -1 0 1 2 Concordando assim com a classificação de spin alto. Os estados fundamentais do Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração d8 e d3 são 3F e 4F, respectivamente. Aplicando a regra de Hund é possível obter esses estados (HENDERSON; IMBUSCH, 1989), (DI BARTOLO, 1968), (RUSSELL, 1982). As regras de Hund são compostas por três tópicos, são eles: O valor do spin total ( S ) é o maior permitido pelo princípio de exclusão de Pauli; O valor do momento angular orbital total ( L ) é o maior valor compatível com o spin total, respeitando o princípio da exclusão de Pauli, L = 𝑚𝐿 ; 25 O valor do momento angular total ( J ) é igual a | L – S |, estando menos da metade da camada ocupada, |L + S| quandomaisda metade da camada está ocupadae J =S quando exatamente metade da camada está ocupada. De uma forma geral, os estados fundamentais do Diagrama de Tanabe-Sugano são representados por 2S+1 LJ, onde 2S + 1 é a multiplicidade de spin, L o momento angular total representado pelas subcamadas S, P, D, F,..., conforme seu valor obtido segundo as regras de Hund. L = 0 representa a subcamada S, L = 1, subcamada P, L = 2, subcamada D, L = 3, subcamada F, e assim sucessivamente. Obtendo os estados fundamentais do Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração d8 e d3, aplicando as regras de Hund, temos: Ni2+, número atômico Z = 28 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d8 -2 -1 0 1 2 S=½+½+½+½+½-½-½-½=1 L= 𝑚𝐿 = |2x(-2) + 2x(-1) + 2x(0) + 1 + 2| = 3, correspondendo ao estado F. J=|L+S|=4 Logo, o estado fundamental será: 2S+1LJ→ 3F4. Cr3+ , número atômico Z = 24 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d4 3d3 -2 -1 0 1 2 S = ½ + ½ + ½ =3/2 L= 𝑚𝐿 = |(-2) + (-1) + (0)| = 3, correspondendo ao estado F. J = | L – S | = |3 – 3/2| = 3/2 26 Logo, o estado fundamental será: 2S+1LJ→ 4F3/2. As soluções da hamiltoniana de interação íon campo cristalino octaédrico fornecem os estados de energia em campo cristalino octaédrico dos dopantes Ni2+ e Cr3+, que são mostrados nas figuras 1 e 2, respectivamente. Esses são os diagramas de Tanabe-Sugano para a configuração eletrônica d8 e d3, respectivamente. Figura 1: Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração eletrônica d8. t42geg4 1 d8 E, cm-1 A1g t42geg4 1 T2g t42geg4 3 T1g t52geg3 1 T1g 1 1 S T2g t52geg3 3 T1g t52geg3 3 T2g t52geg 3 1 A1g t62geg2 1 G 3 P 1 D 3 F 1 Eg 3 A2g t62geg2 t62geg2 𝝙(= 10 Dq), cm-1 Fonte: MARFUNIN, 1979 27 Figura 2: Diagrama de Tanabe-Sugano para a configuração eletrônica d3. 𝑡2 𝑒 2 4 d E, cm-1 3 T1 2 𝑡22 𝑒 2 𝑡22 𝑒 A2 A1 2 D 4 𝑡22 𝑒 4 𝑡22 𝑒 T1 2 T2 F 𝑡23 2 T2 T1 𝑡23 E 𝑡23 4 𝑡23 2 2 G 2 4 P 4 F A2 𝝙(=10Dq),cm-1 Fonte: MARFUNIN, 1979 As figuras 1 e 2 mostram os estados do íon livre posicionado à esquerda do eixo vertical e os desdobramentos dos estados na presença do campo cristalino octaédrico, a direita do eixo vertical, em função do parâmetro de desdobramento do campo cristalino a que são submetidos, posicionados abaixo do eixo horizontal. Os níveis de energia são expressos em unidades de E/B, ou seja, adimensional, pois tanto a energia quanto o parâmetro de Racah B são expressos em cm-1, onde B é um parâmetro de repulsão inter eletrônico que indica o tipo de ligação íon-ligante. Os termos tm en indicam o número m de elétrons no orbital t reunidos a n elétrons no orbital e, cuja soma (m+n) deve ser igual a 8 para a configuração d8(figura 1) e igual a 3 para a configuração d3 (figura 2). 28 A relação entre os sítios é dada por dn (octaédrico) = dN-n (tetraédrico), onde N é o número máximo de elétrons na camada d e n é o número de elétrons na camada d do dopante (MARFUNIN, 1979). Ou seja, a distribuição dos níveis para a configuração dn em campo octaédrico é igual à distribuição para a configuração dN-n em campo cristalino tetraédrico. 1.1.1 Desdobramento dos estados do íon no campo cristalino Os orbitais d são representados na figura 3. Nesta figura, os lobos representam as nuvens eletrônicas, que são os orbitais. Estes orbitais, no íon livre, têm energias degeneradas. Porém, quando o íon dopante é inserido na rede, estes orbitais são desdobrados e se distribuem entre estados triplamente degenerados t2g e duplamente degenerados eg. Figura 3: Orbitais 3d Orbitais t2g Orbitais eg Fonte: SHRIVER; ATKINS, 2006. 29 A figura 3 pode ser entendida utilizando-se o núcleo do íon dopante como o centro de referência de eixos cartesianos (x,y,z). Os orbitais d xy , d xz , d yz ,e d x 2 y 2 apresentam quatro lobos localizados respectivamente entre os eixos xy, xz, yz e sobre os eixos x e y, já o orbital d z 2 é compreendido como sendo constituído por um par de lobos em torno do eixo z e uma nuvem em forma de anel entre os dois lobos (SHRIVER; ATKINS, 2006), (MARFUNIN, 1979). Os orbitais t2g que são triplamente degenerados e os orbitais eg duplamente degenerados levam a um diagrama de níveis de energia em que a separação entre os orbitais ∆ = 10 Dq é formada de acordo com o campo cristalino em questão, neste caso, tetraédrico e octaédrico (SHRIVER; ATKINS, 2006). O índice subscrito g dos orbitais (figura 3) é utilizado em campos cristalinos de centro simétrico, indicando possuir centro de simetria, como no caso do sítio octaédrico, no qual o íon dopante, no centro do octaedro está em um sítio com alta simetria. O campo cristalino tetraédrico não possui centro simétrico, logo o índice subscrito g neste campo será eliminado (MARFUNIN, 1979). Os sítios de ocupação de simetria octaédrica e tetraédrica são mostrados na figura 4, nestes sítios de ocupação os ligantes são representados pelos círculos pretos e o íon impureza pelo circulo branco. Figura 4: Sítios de ocupação (a) (b) Legenda: (a) Simetria de ocupação octaédrica e (b) simetria de ocupação tetraédrica. Ligante Íon impureza Fonte: O autor, 2013. 30 1.1.1.1 Campo Cristalino Tetraédrico A figura 5 mostra para sítios tetraédricos que os orbitais triplamente degenerados t2 encontram-se acima dos níveis d do íon livre e os duplamente degenerados e localizam-se abaixo. A disposição dos orbitais pode ser entendida através do detalhamento da figura 3 em campos tetraédricos. Na simetria tetraédrica os orbitais duplamente degenerados e apontam para as posições entre os ligantes, já os triplamente degenerados t2apontam mais diretamente para os ligantes, por isso os orbitais t2 são mais energéticos do que os orbitais e (SHRIVER; ATKINS, 2006). Figura 5: Diagrama de níveis de energia de sítios tetraédricos t2 2 8 ∆T 6 8 ∆T Níveis d do íon livre ∆T = 10Dq e Fonte: SHRIVER; ATKINS, 2006. Desdobramento dos níveis pela ação do campo cristalino 31 1.1.1.2 Campo Cristalino Octaédrico A figura 6 mostra que os orbitais duplamente degenerados e encontram-se acima do nível d do íon livre e os triplamente degenerados t2 localizam-se abaixo da energia média. A disposição dos orbitais pode ser entendida através do detalhamento da figura 3 em campos octaédricos, conforme feito anteriormente para campos tetraédricos. Figura 6: Diagrama de níveis de energia octaédrico eg 6 8 ∆o ∆o = 10Dq Nível d do íon livre 2 8 Desdobramento dos níveis pela ação do campo cristalino ∆o t2g Fonte: SHRIVER; ATKINS, 2006. Na simetria octaédrica os orbitais duplamente degenerados eg apontam diretamente para os ligantes, pois se encontram localizados sobre os eixos cartesianos, sendo assim fortemente repelidos pelos ligantes, já orbitais com 6 elétrons degenerados t2g apontam para as posições entre os ligantes, sofrendo assim uma repulsão menos intensa (SHRIVER; ATKINS, 2006). 32 A figura 7 mostra a distribuição dos elétrons nos orbitais t2g e eg para os estados de energia da configuração eletrônica d3 e d8 em simetria octaédrica. Figura 7: Distribuição dos elétrons nos orbitais t2g e eg para os estados de energia da configuração eletrônica d3 e d8 em simetria octaédrica. 3 𝑡2𝑔 𝑒𝑔 3 d 4 T1 2 A2 2 A1 4 T1 4 T2 2 T2 10Dq 2 3 𝑡2𝑔 T1 E 2 4 1 4 4 𝑡2𝑔 𝑒𝑔 1 A1g T2g 3 T1g 1 T1g T2g 10Dq 5 3 𝑡2𝑔 𝑒𝑔 A2 1 3 8 d T1g 3 T2g 10Dq 1 1 6 2 𝑡2𝑔 𝑒𝑔 3 Fonte: O autor, 2013. A1g Eg A2 33 1.2 Método de Rietveld O Método de Rietveld (MR) baseia-se na utilização dos dados observados da curva de uma estrutura cristalina em pó obtida pela técnica de Difração de Raios X ou de nêutrons, os quais serão ajustados pelo Método dos Mínimos Quadrados ao de uma estrutura padrão, auxiliados por uma função perfil, onde a estrutura padrão e a função perfil são previamente selecionadas. A utilização do Método de Rietveld para a quantização de percentagem em massa das fases presentes em uma amostra somente é viável quando os cálculos das quantidades estequiométricas dos componentes a serem utilizados na preparação e a preparação da amostra propriamente dita forem realizados de forma precisa, sabendo assim o que se pretende formar e qual (is) a(s) possível (is) fase (s) pode não ter reagido totalmente em seu preparo, pois a utilização inadequada do MR pode levar a erros grosseiros, como a indexação de fases inexistentes na amostra preparada (SANTOS, 2009). Abaixo será descrita, brevemente a seqüência do refinamento e alguns parâmetros de qualidade obtidos nos refinos expostos ao longo desta tese (YOUNG, 1995), (RODRÍGUEZ CARVAJAL, 2000). 1.2.1 Descrição da seqüência de refino pelo programa Fullprof: I. Introdução dos dados de DRX e tabelados da(s) fase(s) identificada(s); Para se realizar o refino utilizou-se o programa Fullprof (RODRÍGUEZ CARVAJAL, 2011), inserindo no programa os dados de DRX obtidos da amostra em pó e o(s) arquivo(s) CIF da(s) fase(s) identificada(s), obtidos no portal da pesquisa (DOTLIB, 2010). Inicialmente para rodar o programa fornecem-se os seguintes dados de entrada: Seleciona-se perfil de difração de pó, referente à informação geral, o padrão de arquivo que será utilizado para os cálculos do refino; 34 Inserir o formato do arquivo de entrada X,Y,SIGMA(XYDATA), escolher o padrão de Raios X como a forma de simulação do refino, o comprimento de onda utilizado, neste caso cobre – Cu, Pseudo-Voigt como formato de pico e a variável de varredura 2ϴ; O modelo de Background como função polinomial de 6 coeficientes, optando-se por 6 coeficientes por este ser o menor número de coeficientes dado pelo programa para esta função. Primeiramente este modelo de background é selecionado e verifica-se o ajuste, caso seja necessário será realizado ao decorrer do refino a seleção desta função com um maior número de coeficientes e posteriormente uma interpolação linear sobre um grupo de pontos previamente fornecidos; Inserir o valor do coeficiente, previamente calculado, que será utilizado para a computação do peso de cada fase, novamente o tipo de padrão Raios X, formato do pico e intensidade das reflexões geradas automaticamente do símbolo do grupo espacial fornecido pelo pesquisador, no que se refere à simetria indicar que o operador seja gerado automaticamente do símbolo do grupo espacial inserido. II. Fator de escala e Background; O fator de escala é refinado a fim de ajustar a altura dos picos de Bragg do padrão de DRX com os obtidos dos Raios X da amostra em pó, estando diretamente relacionado a análise quantitativa da fases em processo de refino. A radiação de fundo ou Background possui influência sobre parâmetros estruturais da amostra em análise. O Background deverá ser ajustado caso ele esteja: Superestimado ou subestimado em todo o difratograma, observando-se acréscimo ou decréscimo das intensidades integradas, respectivamente; Superestimada a baixos ângulos e subestimadas a altos ângulos, visualizam-se de forma mais e menos intensas as intensidades integradas, respectivamente; Superestimada a altos ângulos e subestimadas a baixos ângulos, visualizam-se as intensidades integradas de forma mais e menos intensas, respectivamente. 35 O primeiro caso citado acima irá apresentar uma estrutura que não é verdadeira para a amostra, devendo assim proceder ao refino das posições atômicas, fator de ocupação e deslocamentos atômicos. Já o segundo nos remete a baixos deslocamentos atômicos, mesmo efeito fornecido pela rugosidade superficial da amostra. A rugosidade superficial interfere diretamente nos parâmetros de deslocamentos atômicos, pois se a amostra apresentar uma alta rugosidade superficial o refino dos parâmetros de deslocamentos atômicos tendem a ficar negativos se a rugosidade não for corrigida. O último caso remete a altos deslocamentos atômicos. O termo deslocamentos atômicos foi sugerido pela União Internacional de Cristalografia em substituição aos termos vibrações atômicas ou térmicas (SANTOS, 2009). III. Zero instrumental; Este valor é estipulado no momento da calibração 2ϴ do detector no difratômetro e deve ser inferior a 0,020, a fim de minimizar os deslocamentos dos picos de Bragg e do alinhamento que possuem influência no Background. IV. Parâmetros de rede; Os parâmetros de rede (a, b, c , α, β, γ) são refinados visando um melhor ajuste dos picos de Bragg observados aos da fase padrão correspondente. V. Função perfil; Selecionou-se a função perfil Pseudo-Voigt, que é uma combinação linear da função de Gauss e Lorentz, a fim de melhor ajustar o perfil dos picos de Bragg, pois relacionam de forma mais precisa os parâmetros de largura a meia altura dos picos com as características físicas de cada fase presente na amostra refinada. VI. Parâmetros de largura a meia altura da banda (U,V,W); São parâmetros refináveis que compõem a função do pico de difração, visando um melhor ajuste desta função perfil quando necessária. O refinamento é realizado fixando um dos parâmetros e refinando os dois restantes, seqüencialmente fixam-se os dois parâmetros anteriormente refinados e libera para o refino o parâmetro que estava fixo. Este procedimento 36 é realizado, visando impedir o surgimento de uma raiz negativa para a largura total a meia altura do pico. VII. Posições atômicas; São representados pelas coordenadas (X,Y,Z) da posição dos átomos na célula unitária. O refino das coordenadas podem ser realizados quando necessário,se as coordenadas não indicarem posições fixas 1/4, 1/2 ou 1. VIII. Fator térmico isotrópico B; Os parâmetros de fator térmico isotrópico de cada átomo Bi estão relacionados ao deslocamento dos átomos na rede hospedeira. Após a realização dos refinos anteriores e ainda observando-se um background superestimado a baixos ângulos e subestimado a altos ângulos, ou superestimado a altos ângulos e subestimado a baixos ângulos, deve-se refinar os parâmetros de deslocamentos atômicos individuais Bi. IX. Ocupância; A ocupância se refere à proporção de ocupação realizada por cada átomo presente na estrutura cristalina em um determinado sitio da amostra, devendo ser igual a 1 se o átomo que se encontra em uma posição (X, Y, Z) estiver preenchendo este sítio. Assim, a ocupância de um sítio pode variar entre 0 e 1. A ocupância exerce influência direta sobre o fator estrutural da amostra, que é a função de onda dos raios X refletida pelo plano h k l da cela unitária da estrutura cristalina, cujo módulo é a razão entre a amplitude de radiação espalhada pelo plano h k l de uma cela unitária e a radiação espalhada por um único elétron nas mesmas condições (LONSDALE, 1936). Logo, ao realizar-se o refino da ocupância deve-se fixar o fator de escala e os parâmetros de fator térmico isotrópico Bi. X. Orientação preferencial; Surge através do alinhamento de um ou mais planos dos cristais em uma direção, pois a 37 amostra pulverizada ao ser compactada em um porta amostra horizontal por uma lâmina de vidro por exemplo, tende a direcionar os cristais no plano da deposição ou devido a utilização do difratômetro com geometria Bragg-Brentano. A orientação preferencial é identificada após a aplicação das etapas de refinamento mencionadas anteriormente, através da observação da forte dependência dos índices h k l com as intensidades. A existência da forte dependência dos índices h k l com as intensidades é facilmente constatada quando índices 0 0 l apresentam intensas reflexões, enquanto em h k 0 são fracas (MCCUSKER et al., 1998). 1.2.2 Descrição dos parâmetros de qualidade: I. RP Este fator fornece a diferença percentual entre as intensidades dos picos de Bragg calculadas e observadas ponto a ponto, para todo o difratograma. II. RWP É um parâmetro que indica o progresso do refinamento, pois fornece o erro associado ao cálculo da diferença entre a intensidade percentual calculada e observada para cada pico de Bragg. O valor percentual deve variar entre 10% a 20% para dados obtidos por DRX (PASCOAL; MACHADO; PANDOLFELLI, 2002). III. RE Representa o melhor valor possível que se poderia obter para RWP, ou seja, trata-se do valor esperado de RWP. IV. S Trata-se de um indicador de boa qualidade do ajuste, sendo matematicamente 38 representado pela divisão entre RW e RE correlacionando parâmetros estruturais e de perfil, cujo valor para um bom ajuste deve ser inferior a 1,7 (YOUNG, 1995). V. χ2 É mais um parâmetro de qualidade do refino, matematicamente representado pelo quadrado do indicador de boa qualidade do ajuste S2, devendo portanto ter um valor inferior a 2,89. VI. Bragg R-Factor É um parâmetro estrutural que indica a qualidade do refino da estrutura cristalina. Os valores que representam um bom refino da estrutura cristalina por DRX são inferiores ou igual a 9%, enquanto para fases majoritárias nas amostras podem chegar a 3%, sendo considerado assim um ótimo refino da estrutura (PASCOAL; MACHADO; PANDOLFELLI, 2002). VII. RF – Factor Representa um parâmetro cristalográfico que está relacionado com a onda espalhada pela estrutura em determinadas direções. VIII. FWHM Trata-se da largura total a meia altura de uma função selecionada para o perfil do pico de bragg, cujos parâmetros da função escolhida Pseudo-Voigt (U, V, W) podem ser refinados. 39 1.3 Fotoacústica A espectroscopia fotoacústica é uma técnica utilizada na caracterização de materiais absorvedores de radiação eletromagnética, permitindo assim fazer a análise das bandas de energia do dopante, as transições ópticas envolvidas, atribuições ao estado de coordenação do íon na rede e a distinção dos centros absorvedores existentes em uma mesma matriz. Segundo Rosencwaig (1980) a fonte incoerente mais popular utilizada nas medidas de espectroscopia fotoacústica é a lâmpada de Xenônio de alta pressão, operando entre 50 – 70 atm com grande eficiência de emissão na região compreendida entre 230 – 2000 nm. A análise de amostras sólidas, ou pó, como o caso das cerâmicas desta pesquisa, considerando o modelo unidimensional proposto por Rosencwaig (1980), baseia-se na absorção da radiação incidente com determinados comprimentos de ondas. A amostra é colocada dentro de uma célula fotoacústica, cujo interior da célula possui ar atmosférico ou outro gás que não absorva a radiação, gerando assim um sinal acústico que é captado por um microfone que está acoplado à parede da célula e posteriormente convertido em um sinal elétrico, fornecendo então o espectro fotoacústico. O sinal acústico é proveniente das ondas de calor que surgem devido à ocorrência de uma difusão térmica, expansão térmica ou flexão termoelástica na amostra. Alguns ruídos experimentais podem interferir seriamente na detecção das medidas fotoacústicas, podendo então enumerá-los como ruídos (1) Acústicos, (2) Eletrônicos, (3) Movimento Browniano ou flutuações térmicas e (4) Microfone e (5) Condições ressonantes. Abaixo serão descritos brevemente os cinco ruídos experimentais (ROSENCWAIG, 1980). (1) Ruidos Acústicos São observados através do sinal proveniente do background, que é uma interferência acústica proveniente do aquecimento da janela da célula fotoacústica. Nas medidas fotoacústicas o sinal proveniente do background ocorre devido à absorção do feixe de luz pela janela da célula fotoacústica, podendo ser minimizado no espectro através da subtração entre o sinal da janela e o total. 40 Outras fontes que contribuem para o surgimento de ruídos acústicos são, por exemplo, vibrações locais do sistema experimental ocasionadas pela passagem de um automóvel no ambiente externo ao das medidas ou abertura e fechamento de portas próximas ao laboratório, e o sistema eletromecânico de modulação da luz. Uma alternativa para driblar o ruído ambiente é através do uso de um lock-in significativamente menos sensível ao ruído e no segundo caso por meio de isolamento da vibração do chopper, que é responsável por modular a luz que incidirá na célula fotoacústica. (2) Eletrônico Este tipo de ruído manifesta-se no gás do sistema fotoacústico, principalmente através das fontes de ruídos encontradas no amplificador conectado ao microfone, são elas: voltagem em série, desvio de corrente e resistor Johnson.Elas podem ser discernidas por meio da observação da freqüência de modulação da luz, pois em baixas freqüências, têm-se os ruídos Johnson e da corrente amplificada como dominantes, enquanto para altas freqüências o ruído dominante é o da voltagem. As fontes de ruídos encontradas no amplificador são explicadas abaixo: Voltagem em série Um amplificador possui acoplado em sua entrada um gerador de sinais, o gerador de sinais possui um ou vários tipos de ruídos, supondo que o único ruído seja o térmico, a tensão deste ruído somará com a tensão do gerador e a corrente de ruído (desvio de corrente) passando pela resistência do gerador produzirá outra tensão de ruído, caracterizando assim uma voltagem em série (KARKI, 1998). Resistor Johnson As cargas elétricas em um condutor estão orientadas de forma que o estado de agitação térmica esteja em equilíbrio termodinâmico com o movimento dos átomos de calor do condutor. O ruído Johson manifesta-se por meio da flutuação na diferença de potencial entre os terminais do condutor (JOHNSON, 1928). 41 (3) Movimento Browniano ou flutuações térmicas As flutuações térmicas podem excitar o modo acústico normal do gás na célula fotoacústica, fazendo com que o limite da sensibilidade fotoacústica seja significativamente alterado em freqüências de modulação maiores que 50Hz, apresentando assim uma maior contribuição do ruído. (4) Microfone Um microfone condensador utiliza uma folha de metal ou revestida por metal ou diafragma posicionada sobre uma grande tensão radial, ou seja, é disposto sobre tensão no diâmetro cilíndrico do microfone. A pressão acústica atuando em um dos lados do diafragma ocasiona um movimento que será responsável pela alteração da capacitância elétrica entre o diafragma e uma placa de metal localizada a uma pequena distância por trás do diafragma. Assim quando a célula fotoacústica é suficientemente pequena, a força de restauração efetiva do diafragma no microfone é alterada, e o movimento do diafragma, ocasionado pela compressão do gás na célula, é prejudicado. (5) Condições ressonantes O diâmetro do microfone pode ser uma fonte de ressonância, ocorre geralmente em microfones de sensibilidade intensa que possuem grande área de superfície, (2 – 3) cm de diâmetro, porém a maioria das células fotoacústicas a gás possuem diâmetro cilíndrico de (2 – 5) cm. As células fotoacústicas com o diâmetro cilíndrico nesta região operam em modo de ressonância radial de primeira ordem, ou seja o feixe óptico passa através da célula em um modo ressonante A1(w1), onde w1 é a primeira ressonância radial que tende a ter uma freqüência ressonante mais baixa em relação ao modo axial de primeira ordem para células com menos de 10 cm de comprimento. Logo o sistema fotoacústico a gás é operado em modo de ressonância radial de primeira ordem, devido ao diâmetro dessas células fotoacústicas. Visando um melhor entendimento do funcionamento das células fotoacústicas em modo ressonante, deve-se primeiramente entender fisicamente como o sinal acústico é formado. Uma perturbação acústica em um gás pode ser descrita por uma pressão acústica 42 P(r,t) , estando associada a esta pressão acústica a velocidade acústica u(r,t) (som induzido pela velocidade do fluido) e a temperatura acústica θ(r,t) (som induzido pela mudança na temperatura do gás). O aquecimento produzida pela absorção de luz pelo gás H(r,t) gera então o sinal acústico. Quando a célula fotoacústica é cilíndrica de raio a e comprimento l, a frequência ressonante wj pode ser escrita como a soma do modo longitudinal e radial. wj = c0(𝑘𝑧2 + 𝑘𝑟2 )1/2 , onde kj = wj/c0 e c0 é a velocidade do som. Logo, a pressão acústica dentro da célula é a soma de todos os modos normais. P( ,w) = 𝑟 𝑗 𝐴𝑗 𝑤 𝑝𝑗 𝑟 Cujo modo de amplitude Ajé dado por: 𝑖𝑤 Aj(w) = - 𝑤 2 𝑗 1−𝛶 𝑉𝑐 𝑃𝑗 ∗𝐻𝑑𝑉 2 1− 𝑤 𝑤 𝑗2 Onde Vc é o volume ocupado pelo gás na célula e γ é o calor específico do gás. 43 2 SISTEMAS EXPERIMENTAIS 2.1 Difratômetro de raios X A difração de raios X foi realizada no Laboratório de Cristalografia e Difração de Raios X do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) no Rio de Janeiro, que possui caráter multi-usuário. O equipamento utilizado foi o difratômetro de pó X Pert Pro da Panalytical com tensão de funcionamento de 40 KV, corrente de 40mA, anodo de cobre e comprimento de onda igual a 1,54056 Å. 2.1.1Geometria Bagg-Brentano O Difratômetro de pó X Pert Pro da Panalytical utiliza a geometria de Bragg-Brentano. Nesta geometria a fonte de raios X e o detector se movem, enquanto a amostra permanece fixa entre a fonte e o detector, como se pode observar na figura 8 (BARBOSA, 2008). Esta geometria também é conhecida como geometria , fornecendo os ângulos de difração de raios X da amostra de estrutura cristalina em pó. Figura 8-Geometria Bragg-Brentano 8 1 3 2 So 4 2 2 S 6 5 7 9 Fonte: BARBOSA, 2008. 44 Na figura 8 temos: So- Direção do feixe incidente; S- Direção do feixe difratado; 2 - Ângulo de difração; 1- Fonte de raios X; 2- Fendas que colimam o feixe de raios X na direção vertical e horizontal sobre a superfície da amostra; 3- Fendas Soller, que são responsáveis pela redução da divergência do feixe em uma direção; 4- Amostra policristalina; 5- Fendas anti-Scattering são responsáveis pelo impedimento da detecção de raios X secundários espalhados por moléculas de ar; 6- Monocromadores, que são responsáveis por permitir somente a passagem de feixes segundo a condição de Bragg; 7- Detector; 8- Círculo do difratômetro de raio fixo, onde fonte e detector se movem com amostra parada no centro; 9- Círculo de focalização de raio variável com , onde se encontram os focos do feixe incidente e difratado 45 2.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) A Fotomicrografia da MEV pode ser entendida como um processo de focagem de um feixe de elétrons, realizado pelas lentes de um microscópio em um pequeno spot1 sobre a amostra que será analisada por meio da varredura. A incidência do feixe de elétrons sobre a amostra produzirá raios difratados, constituídos por elétrons secundários e backscattered2. Os elétrons secundários são provenientes das camadas superficiais da amostra, característicos por possuírem baixa energia, resultante dos elétrons primários (provenientes do feixe que incide na amostra) no momento da interação, em relação ao feixe incidente e serem inelásticos. Os raios provenientes da amostra serão coletados por detectores, onde serão posteriormente selecionados e processados para fornecer a imagem do material no monitor.1A figura 9 mostra o funcionamento do microscópio eletrônico de varredura (LEAL, 2000). Figura 9: Microscópio Eletrônico de Varredura Peça do filamento Condensadora 1 Condensadora 2 Defletores Força auxiliar Condensadora 3 Amostra Fonte: O autor, 2013 Detetor de Amplificador elétrons 1 Spot é a forma de iluminação da microscopia eletrônica, cujo filamento de elétrons é direcionado por lentes condensadoras sobre o material. 2 Backscattered são elétrons secundários elásticos que possuem energia similar às dos elétrons primários, sendo produzidos em diversas profundidades do material. 46 A figura 9 mostra o esquema de funcionamento do MEV descrito anteriormente, onde os componentes do sistema foram discriminados e terão suas atuações especificadas abaixo: Peça do filamento: Responsável pela geração dos elétrons; Condensadora 1: É uma lente eletromagnética, responsável pela redução do spot diretamente proveniente da fonte luminosa e conseqüente controle da passagem dos elétrons; Condensadora 2: É uma lente eletromagnética, responsável pela redução do spot proveniente da condensadora 1 e conseqüente controle da passagem dos elétrons; Defletores: São responsáveis pela varredura do spot sobre o material, mudando a direção do feixe eletrônico. Força Auxiliar: É responsável pelo fornecimento de energia auxiliar aos defletores, para o desempenho do processo de varredura; Condensadora 3: É a lente eletromagnética também conhecida como objetiva, responsável por reduzir o spot proveniente da condensadora 2 e focá-lo sobre o material; Amostra: Recebe o spot proveniente da condensadora 3; Detetor de elétrons: É responsável por captar e detectar o sinal gerado pelo choque dos elétrons com a amostra; Amplificador: É responsável pela amplificação do sinal proveniente do detetor; Computador: Mostra a figura proveniente do sinal emitido pelo amplificador. 47 2.3 Fotoacústica Uma fonte de luz policromática é modulada por um “chopper”, essa luz modulada é enviada como um sinal de referência ao “lock-in”. A luz modulada passa por um monocromador, que possui a função de separar os comprimentos de onda, tornando assim monocromática a luz que irá incidir na amostra. A luz absorvida pela amostra gera então um sinal fotoacústico que é captado pelo microfone que está acoplado a célula fotoacústica e contém a amostra. Este sinal será enviado ao lock-in que irá amplificar somente as componentes do sinal que possuem a mesma freqüência de modulação do sinal de referência, eliminando assim os sinais indesejáveis. Os sinais que foram amplificados serão enviados para um computador que finalmente irá processá-los e analisá-los, fornecendo o espectro fotoacústico, que é a intensidade do sinal em função do comprimento de onda incidente na amostra. O esquema experimental do equipamento de Fotoacústica é mostrado na figura 10. Figura 10: Esquema experimental do equipamento de Fotoacústica Célula fotoacústica contendo a Amostra Monocromador Chopper Lock-in Controlador do chopper Fonte: O autor, 2013. Fonte de luz 48 2.4 Fotoluminescência As medidas de fotoluminescência, tempo de vida e excitação em temperatura ambiente das amostras MgGa2O4: Ni2+ e GaNbO4-Ga2O3-GaNb11O29: Cr3+foram realizadas no Laboratório de Óptica dos Sólidos do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Laboratório Multiusuário de Espectroscopia do Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), respectivamente. 2.4.1 Experimento de Fotoluminescência da amostra MgGa2O4: Ni2+ As medidas de Fotoluminescência e tempo de vida a temperatura ambiente foram realizadas com o aparato de esquema experimental mostrado na figura 11. Os espectros e as fases obtidas com as medidas de fotoluminescência e de tempo de vida, respectivamente, foram corrigidos de acordo com as respostas do sistema experimental. 49 Figura 11: Esquema experimental do equipamento usado nas medidas de Fotoluminescência e tempo de vida. Amostra Monocromador Chopper Fonte de luz Fotomultiplicadora monocromador Lock-in Controlador monocromador Fonte: O autor, 2013. As medidas de fotoluminescência foram realizadas da seguinte forma: Uma luz policromática é modulada em freqüência pelo chopper, que enviará um 50 Sinal de referência ao “lock-in”. A luz modulada incide no monocromador, que possui a função de monocromatizá-la. O comprimento de onda que realizará a excitação da amostra é programada pelo controlador do monocromador, mostrado na figura 11. A amostra após ser excitada emite e a emissão é direcionada para o outro monocromador. O intervalo de comprimentos de ondas em que se pretende fazer a varredura da emissão é previamente programado no computador. O sinal é detectado pela fotomultiplicadora, que se encontra acoplado à saída do monocromador. Os comprimentos de onda da luz que atingirem a fotomultiplicadora e que possuírem as mesmas freqüências do sinal de referência serão amplificados e retificados. Os sinais amplificados e retificados serão enviados ao computador, fornecendo um gráfico da intensidade do sinal emitido pela amostra em função do comprimento de onda emitido. As medidas das fases para o cálculo do tempo de vida das emissões foram realizadas da seguinte forma: Após ter obtido a(s) banda(s) de emissão, fixa-se o monocromador que está interfaceado ao computador no comprimento de onda referente ao baricentro de uma das bandas. No lock-in inicia-se uma auto medida, anotando-se posteriormente a fase que maximiza o sinal da emissão. A medida da luz direta é realizada fixando-se os monocromadores no mesmo comprimento de onda, tomando-se o cuidado para que o comprimento de onda fixado esteja dentro do intervalo de varredura selecionado no computador, anotando-se assim a fase da luz direta observada no lock-in. De posse das fases, que maximizam o sinal da amostra, da luz direta e da 51 freqüência de modulação em amplitude do comprimento de onda de excitação, calcula-se o tempo de vida da emissão. Os cálculos podem ser observados no Apêndice E. 2.4.2 Experimento de Fotoluminescência da amostra GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: Cr3+ As medidas de fotoluminescência e excitação das amostras GaNbO4-Ga2O3GaNb11O29: Cr3+foram realizadas com o espectrômetro fluorescente QuantaMasterTM UV VIS. Os resultados foram corrigidos de acordo com as respostas experimentais obtidas e por variações nas intensidades da lâmpada, ou seja, se fez uma normalização com o espectro de emissão da lâmpada. A figura 12 mostra um esquema experimental do aparato utilizado nas medidas de fotoluminescência e Excitação (PHOTON ..., 2008). Figura 12: Esquema experimental do aparelho usado nas medidas de Luminescência e Excitação das amostras GaNbO4-Ga2O3-GaNb11O29: Cr3+. 2 R1 F1 E1 E5 E6 E3 E2 F2 L1 F4 E4 L2 F3 Fonte: PHOTON..., 2008. R2 52 Legenda: 1- Lâmpada de Xenônio de 75W. F1, F2, F3 e F4 – Fendas ajustáveis; 2- Espelho elipsoidal; R1, R2 – Redes de difração; 3- Monocromador de excitação; L1, L2 – Lentes; 4- Compartimento da amostra; E1, E2, E3, E4, E5 e E6 – Espelhos. 5- localização da amostra; 6-Filtro; 7- Feixe de excitação e emissão da amostra; 8- Amostra; 9-Feixe emitido pela amostra que incide na fenda F3; 10- Unidade responsável pela correção do posicionamento (alinhamento) do feixe de excitação; 11- Emissão monocromática; 12- Detector de fótons; De um modo geral, as medidas de fotoluminescência e excitação no aparelho utilizado ocorrem da seguinte forma. Fotoluminescência A lâmpada de Xenônio emite um feixe de luz policromático, que é focalizado por um 53 espelho elipsoidal na fenda F1; A fenda F1 está ajustada, de forma a direcionar o feixe no espelho colimador E1 que se encontra localizado no monocromador; A fenda F1 é colocada num foco do espelho elipsoidal E1 que colima o feixe e o reflete na direção da rede de difração R1; O espelho E1 funciona como um colimador do feixe proveniente de F1 e irá refleti-lo na direção da rede de difração R1; A rede de difração R1 encontra-se posicionada para refletir um determinado comprimento de onda λ, ou melhor, um (λ ± ∆λ) no espelho E2, onde ∆λ aparece devido a imprecisão do aparelho na obtenção de um comprimento de onda específico; O espelho E2 focaliza (λ ± ∆λ) proveniente de R1 no espelho E3; A fenda F2 é colocada num foco do espelho E3 que colima o feixe e o reflete em direção ao filtro para cortar os comprimentos de onda indesejáveis, que é representado pelo número 6 na figura 12; A luz agora incide na lente L1, localizada no compartimento da amostra; A lente L1 focaliza a luz de excitação para a amostra; A amostra excitada luminesce (emite luz); essa emissão incidirá na lente L2 que irá convergi - lá para a fenda F3; A luz emitida pela amostra passará por um segundo filtro posicionado antes da fenda F3. Este filtro tem como função bloquear a luz de excitação, para que não seja detectada no fotodetetor. A luminescência passa pela fenda F3 que se encontra posicionada no foco do espelho E4; O espelho E4 colima e reflete a luz para o espelho E5; O espelho E5 focaliza a luz na rede de difração R2; A rede de difração R2 reflete para o espelho E6 um determinado (λ ± ∆λ); 54 A fenda F4 é colocada num foco do espelho E6 que irá colimar e direcionar (λ ± ∆λ) para o detector de fótons, a luz monocromática é coletada e gerará um sinal elétrico proporcional à sua intensidade luminosa. Excitação Nas medidas de excitação a rede de difração R2 é posicionada no comprimento de onda de emissão da amostra; A rede de difração R1 encontra-se móvel, para que possa varrer a amostra em um intervalo de comprimento de onda previamente selecionado; O detector de fótons irá fazer a contagem de fótons emitidos com o comprimento de onda de emissão da amostra para cada comprimento de onda de excitação aplicado. 55 3 PRODUÇÃO DAS AMOSTRAS MgGa2O4 DOPADAS COM Ni2+ Três amostras foram formadas a partir de quantidades estequiométricas de óxido de magnésio (MgO), óxido de gálio (Ga2O3) e hidróxido de níquel Ni(OH)2, através de reação do estado sólido ou seja, produção das amostras usando componentes químicos em pó, sob alta temperatura (SEGAL, 1997). As quantidades dos precursores utilizados, com purezas de 99,9%, foram as necessárias para se obter três amostras com massa de 1g (uma grama) cada. A partir da teoria espera-se obter a equação abaixo, estequiometricamente balanceada. (1-x)MgO + xNi(OH)2+ Ga2O3→ Mg(1-x) NixGa2O4 + xH2O (1) As massas dos compostos químicos (em gramas) utilizados para a produção de 1 g do galato de magnésio MgGa2O4 dopado com Ni2+ ( os cálculos são mostrados no Apêndice A) foram: Utilizando dopagem de 0,1% do cátion bivalente de Níquel (Ni2+). 0,1777g de MgO; 0,00041g de Ni(OH)2; 0,823g de Ga2O3. Utilizando dopagem de 0,5% do cátion bivalente de Níquel (Ni2+). 0,176g de MgO; 0,0020g de Ni(OH)2; 0,8224g de Ga2O3. Utilizando dopagem de 1% do cátion bivalente de Níquel (Ni2+). 0,17483g de MgO; 0,0041g de Ni(OH)2; 0,8211g de Ga2O3. 56 Os compostos químicos em pó foram misturados e triturados manualmente em uma cuba de ágata durante três horas, sendo posteriormente prensado em uma prensa hidráulica sobre 2 (duas) toneladas em 4 (quatro) pequenas pastilhas com diâmetro de 1cm, espessura de 3 mm e massa de 0,25g cada. O tratamento térmico das pastilhas consiste em colocá-las em um forno elétrico da marca Jung com programador acoplado modelo N1100, com aquecimento resistivo à pressão ambiente. O forno foi ligado e a taxa de aquecimento foi de 6 0C/min, ao alcançar 1400 0C permaneceu nesta temperatura durante 12h (doze horas). Após esse período o forno foi desligado e a amostra retornou à temperatura ambiente por inércia. A figura 13 mostra as pastilhas de MgGa2O4 dopadas com concentrações de (a) 0,1%: Ni2+, (b) 0,5%: Ni2+.e (c) 1,0%: Ni2+ Figura 13: Amostras de MgGa2O4 dopadas com Ni2+ (a) (b) (c) Legenda: (a) 0,1% de Ni2+ , (b) 0,5% de Ni2+e (c) 1,0% de Ni2+. Fonte: O autor, 2013. Na figura 13 se observa que a tonalidade verde das amostras é intensificada de acordo com o aumento na concentração do dopante. Pode-se então dizer que as amostras dopadas 57 com Ni2+ possuem uma coloração verde, característica do dopante níquel (Ni2+) em coordenação octaédrica. 58 4 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS AMOSTRAS MgGa2O4:Ni2+ A Difração de Raios X (DRX) foi o método utilizado para caracterizar as amostras MgGa2O4:Ni2+ e GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3:Cr3+. As etapas realizadas para essa caracterização consistem em comparar as intensidades percentuais do feixe difratado em cada posição 2ϴ das amostras em pó, produzidas por reação de estado sólido e método de acetato, respectivamente, com padrões de DRX de amostras tabeladas. Consultando inúmeros padrões tabelados JCPDS-ICDD (Joint Committee on Powder Diffraction Standards - International Centre for Diffraction Data) (JCPDS-ICDD, 2000), (DOTLIB, 2010), selecionou-se os mais semelhantes aos das amostras produzidas. Em seguida, aplicou-se o refino pelo método de Rietveld, através do programa Fullprof (RODRÍGUEZ CARVAJAL, 2011), para saber a percentagem de cada fase presente nas amostras. As estruturas poligonais das amostras foram observadas pela técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). 4.1 Difração de Raios X Uma pastilha de 0,25g de cada concentração, 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+, foi triturada para o procedimento de DRX e posterior refino. A contagem dos feixes de Raios X difratados foi feita em 1 s para cada passo de 0,050 em um intervalo de varredura entre 100 ≤ 2ϴ ≤ 1000. 4.1.1 MgGa2O4 dopado com 0,1% de Ni2+ A Difração de Raios X da amostra em pó dopada com 0,1% de Ni2+ é mostrada na figura 14 e os resultados experimentais em comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD são expostos na tabela 1. 59 Figura 14: Difratograma de Raios X da amostra em pó com 0,1% de Ni2+. 3 100 Intensidade (%) 80 60 2 40 8 7 20 5 6 1 10 9 11 12 4 0 20 40 60 2(graus) Fonte: O autor, 2013. 80 14 13 15 100 60 Tabela 1: Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD. Resultados Experimentais Tabela JCPDS 10-0113 MgGa2O4 d(Å) I% Picos 2 d(Å) I% 1 18,57 4,772 4 4,779 6 2 30,525 2,926 38 2,927 40 3 35,97 2,494 100 2,495 100 4 37,57 2,391 4 2,390 8 5 43,675 2,070 14 2,070 25 6 54,225 1,690 10 1,690 16 7 57,825 1,593 25 1,594 35 8 63,525 1,463 33 1,463 45 9 72,075 1,309 3 1,309 8 10 75,225 1,262 7 1,263 14 11 76,175 1,248 2 1,248 6 12 80,325 1,194 2 1,195 4 13 88,275 1,106 4 1,106 8 14 91,275 1,077 9 1,078 20 15 96,175 1,035 3 1,035 10 Fonte: O autor, 2013. Observam-se os quatro picos tabelados mais intensos, em ordem decrescente de intensidade (picos 3: 100%, 8: 45%, 2: 40% e 7: 35%), aparecem em nosso difratograma na Figura 1 com intensidades de 100%, 33%, 38% e 25%, respectivamente. Na tabela 1 ressaltase que todos os picos do difratograma foram identificados, concluindo-se então que o composto MgGa2O4 foi formado e que esta é a única fase presente na amostra. 61 4.1.2 MgGa2O4 dopado com 0,5% de Ni2+ A Difração de Raios X da amostra em pó dopada com 0,5% de Ni2+ é mostrada na figura 15 e os resultados experimentais em comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD são expostos na tabela 2. Figura 15: Difratograma de Raios X da amostra em pó com 0,5% de Ni2+. 5 100 Ga2O3 : 3,4,9 20 7 1 4 8,9 10,11 40 12,13 60 2,3 Intensidade (%) 80 15 14 16 17 6 0 20 40 60 2 (graus) Fonte: O autor, 2013. 80 19 18 20 100 62 Tabela 2: Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD. Resultados Experimentais Tabela JCPDS 10-0113 Tabela JCPDS 11-0370 0,5% Ni MgGa2O4 β-Ga2O3, Picos 2 d(Å) I% d(Å) I% 1 18,645 4,747 2 4,779 6 2 30,541 2,926 39 2,927 40 3 30,575 2,921 4 35,179 5 d(Å) I% 2,967 100 30 2,924 100 2,545 3 2,547 100 35,975 2,494 100 2,495 100 6 37,683 2,391 5 2,390 8 7 43,675 2,070 15 2,070 25 8 54,225 1,690 11 1,690 16 9 54,275 1,688 11 1,678 40 10 57,775 1,594 20 1,598 60 11 57,825 1,593 28 1,593 35 12 63,531 1,463 35 1,463 45 13 63,775 1,458 13 1,450 40 14 72,031 1,308 3 1,309 8 15 75,262 1,262 7 1,262 14 16 76,206 1,248 2 1,248 6 17 80,199 1,194 1 1,194 4 18 88,252 1,106 3 1,106 8 19 91,218 1,077 9 1,077 20 20 96,205 1,034 3 1,034 10 Fonte: O autor, 2013. 63 Analisando o Difratograma da figura 15 observa-se que os picos 3, 4, e 9 foram indexados a fase β-Ga2O3. Continuando a indexação dos picos a partir dos 4 (quatro) mais intensos na tabela 2, referentes aos resultados experimentais picos ( 4, I% = 100; 2, I% = 39; 11, I% = 35 e 3, I% = 30) foram associadas a fase MgGa2O4 picos ( 4, I% = 100; 2, I% 40; 11, I% = 45), pico 3 associada a fase β-Ga2O3 com intensidade de 100%. Assim, dando seqüência as indexações verificam-se que todos os picos foram identificados, concluindo-se que o composto MgGa2O4 foi formado e que houve um resíduo do óxido β-Ga2O3. 4.1.3 MgGa2O4 dopado com 1,0% de Ni2+ A Difração de Raios X da amostra em pó dopada com 1,0% de Ni2+ é mostrada na figura 16 e os resultados experimentais em comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD na tabela 3. Figura 16: Difratograma de Raios X da amostra em pó com 1,0% de Ni2+. 5 100 -Ga2O3:3,4,8,9,12 60 20 7 1 4 8,9 10,11 40 12,13 2,3 Intensidade (%) 80 6 14 0 20 40 60 2 (graus) Fonte: O autor, 2013. 19 15 16 17 80 18 20 100 64 Tabela 3: Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD. Resultados Experimentais Tabela JCPDS 10-0113 Tabela JCPDS 11-0370 1,0% Ni MgGa2O4 β-Ga2O3, Picos 2 d(Å) I% d(Å) I% 1 18,513 4,785 3 4,779 6 2 30,525 2,926 39 2,927 40 3 30,575 2,921 4 35,179 5 d(Å) I% 2,967 100 30 2,924 100 2,5457 3 2,547 100 35,975 2,494 100 2,495 100 6 37,683 2,391 5 2,390 8 7 43,675 2,070 15 2,070 25 8 54,225 1,690 11 1,690 16 9 54,275 1,688 11 1,678 40 10 57,775 1,594 20 1,598 60 11 57,825 1,593 28 1,593 35 12 63,531 1,463 35 1,463 45 13 63,775 1,458 13 1,450 40 14 72,031 1,308 3 1,309 8 15 75,262 1,262 7 1,262 14 16 76,206 1,248 2 1,248 6 17 80,275 1,194 1 1,194 4 18 88,275 1,106 3 1,106 8 19 91,275 1,077 9 1,077 20 20 96,175 1,035 3 1,034 10 Fonte: O autor, 2013. Observa-se que os difratogramas de 0,5% e 1,0% de Ni2+ são muito semelhantes, sendo assim poderíamos atribuir à presença das fases identificadas na amostra de 0,5%, sem a necessidade da identificação individual dos picos, porém a fim de verificar não somente 65 visualmente pelo difratograma, decidiu-se fazer a indexação dos picos. Certificando assim, a presença das fases MgGa2O4 e Ga2O3 na formação das amostras dopadas com 1,0% de Ni2+. 4.2 Refino dos dados da DRX De posse dos dados que caracteriza a formação das amostras, o próximo passo será utilizá-los no refino pelo método de Rietveld. No caso da amostra dopada com 0,1% de Ni 2+, já se sabe que existe apenas uma fase presente, portanto caracterizando 100% de sua composição. No entanto, com a finalidade de mostrar que a tabela selecionada foi ideal e reforçar a caracterização feita, o refino será aplicado. As amostras dopadas com 0,5% e 1,0% de Ni2+ apresentam duas fases em sua composição, sendo assim o refino também será realizado para quantificar a percentagem em massa das fases existentes em cada amostra. A figura 17 mostra os dados de difração de raios X e o refino obtido dos dados de DRX das amostras dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+. 66 Figura 17: Dados de difração de raios X e refino final dos dados de DRX Intensidade (u.a) (a) (b) (c) 20 40 60 80 100 2 (graus) Legenda: amostras dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+. Fonte: O autor, 2013. Na figura 17 observam-se os pontos representando os dados experimentais, as curvas contínuas simulam uma função matemática pseudo-Voigt que está fitando os dados experimentais. A diferença entre os dados de difração de raios X calculados e observados são mostradas logo abaixo das curvas de cada dopagem. As linhas verticais, de cima para baixo da figura, são as posições de Bragg das fases MgGa2O4 e Ga2O3 indexadas para as curvas (b), (c) e somente a primeira fase para curva (a). A tabela 4 mostra a percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+. 67 Tabela 4: Percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+. Concentração do dopante Percentagem em massa MgGa2O4 Ga2O3 0,1 100 ------- 0,5 74 26 1,0 71 29 Fonte: O autor, 2013. Visando uma melhor observação da fase secundária nas amostras dopadas com 0,5% e 1,0%, segue abaixo a figura 18 mostrando uma seleção na faixa 34,9 ≤ 2θ ≤ 35,4 dos dados de difração de raios X. 68 Figura 18: Seleção da faixa 34,9 ≤ 2θ ≤ 35,4 dos espectros de difração de raios X 2ϴ (graus) Legenda: amostras dopadas (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+. Fonte: O autor, 2013. Na figura 18 observam-se os dados de difração de raios X na faixa selecionada para as três amostras. O baricentro da fase secundária Ga2O3 posicionado em 35,20, correspondente a linha de intensidade percentual de 3,14% para amostra dopada com 0,5% de Ni2+ e 3,24% para amostra dopada com 1,0% de Ni2+, somente é observado nas curvas (b) e (c), indicando que este óxido não reagiu totalmente no preparo destas amostras. Abaixo seguem as tabelas 5, 6 e 7 mostrando os parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld e os dados cristalinos tabelados segundo o ICDD e refinados, respectivamente. 69 Tabela 5: Parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld Ni2+ concentração 0,1% 0,5% 1,0% RP 10,9 11,1 11,6 RWP 12,2 12,7 13,4 REsperado 8,47 8,28 8,18 S (=RWP/REsperado) 1,4 1,5 1,6 Chi2 2,0869 2,345 2,673 Bragg R-fator 1,77 1,47 2,36 RF-fator 1,32 0,984 1,10 U= 0,087888 0,044070 0,040700 V=-0,057600 -0,017644 -0,049386 W= 0,026604 0,038098 0,041414 Bragg R-fator 6,87 7,82 RF-fator 3,35 4,07 U= 0,124302 0,190620 V= -0,041631 -0,074916 W= 0,048404 0,048438 MgGa2O4 FWHM Ga2O3 FWHM Fonte: O autor, 2013. 70 Tabela 6: Parâmetros Cristalinos tabelados segundo o JCPDS- ICDD Formula molecular MgGa2O4 Ga2O3 Sistema cristalino Cubico monoclinico Grupo espacial Fd3m C12/m1 Parâmetros célula unitária (Å) a = b = c = 8,2800 a =12,214; b = 3,0371;c = 5,7981 = = = 900 = = 900 ; = 103,830 Volume da célula (Å3) 567,66 208,85 Z 8 4 Densidade calculada (g/cm3) 5,33 5,96 Temperatura 293 K 293 K Fonte: JCPDS-ICDD, 2000. 71 Tabela 7: Parâmetros Cristalinos refinados Ni2+ concentração 0,1% 0,5% 1,0% Sistema cristalino Cubico Cubico Cubico Grupo espacial Fd3m Fd3m Fd3m Parâmetros célula unitária (Å) a = b = c = 8,2800 a = b = c = 8,2803 a = b = c = 8,2800 = = = 900 = = = 900 = = = 900 Volume da célula (Å3) 567,664 567,734 567,664 Z 8 8 8 Densidade calculada (g/cm3) 4,731 4,730 4,731 Temperatura ambiente ambiente ambiente Sistema cristalino --- monoclínico monoclinico Grupo espacial --- C12/m1 C12/m1 Dimensões celula unitária (Å) --- a =12,2447; 3,0414; MgGa2O4 Ga2O3 b = a =12,2440; b = 3,0409; --c = 5,8103 ----3 Volume da celula(Å ) c = 5,8103 = = 900 ; = = = 900 ; = 103,8730 103,8720 --210,023 Z --- 210,071 Densidade calculada --- 4 4 5,928 Temperatura 5,927 ambiente ambiente Fonte: O autor, 2013. 72 Os parâmetros que melhor refletem matematicamente o progresso de um refino são Rwp e S, onde valares de S no intervalo 1,0 ≤ S≤ 1,6 são considerados características de um bom refino (YOUNG, 1995). Na tabela 4.5 observa-se que os valores obtidos para S variam de 1,4 a 1,6; podendo assim considerar estes valores satisfatório, provenientes de um bom refino. Comparando-se os parâmetros cristalinos tabelados e refinados nas tabelas 6, 7 observa-se que: As dimensões das células unitárias, a, b e c, para a fase MgGa2O4 na amostra dopada com 0,1% de Ni2+ não sofreu alteração em relação as tabeladas. As dimensões das células unitárias, a, b e c, para a fase MgGa2O4 na amostra dopada com 0,5% de Ni2+ foram de a = b = c = 8,2803 Å, com uma incerteza fornecida pelo programa de ± 0,0001 Å, ou seja, as dimensões das células unitárias podem variar entre o intervalo [8,2804, 8,2802] Å, logo observa-se uma variação entre o valor tabelado e o calculado na quarta casa decimal, não conferindo assim uma alteração na estrutura cristalina. . As dimensões das células unitárias, a, b e c, para a fase Ga2O3 na amostra dopada com 0,5% de Ni2+ foram mostrados na tabela 6 como a = (12,2447 ± 0,0051) Å, b = (3,0414 ± 0,0011) Å, c = (5,8103 ± 0,0016) Å, logo observa-se uma variação entre o valor tabelado e o calculado a partir da primeira casa decimal, o que não fornece uma alteração na estrutura cristalina. Os refinamentos mostraram que os parâmetros cristalinos da fase MgGa2O4 na amostra dopada com 1,0% de Ni2+ não sofreram alterações. As dimensões das células unitárias, a, b e c, para a fase Ga2O3 na amostra dopada com 1,0% de Ni2+ foram de a = (12,24402 ± 0,0042) Å, b = (3,0409 ± 0,0009) Å, c = (5,8103 ± 0,0014) Å, logo observa-se uma variação entre o valor tabelado e o calculado a partir da primeira casa decimal, o que não fornece uma alteração aos parâmetros cristalinos. 73 4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura A figura 19 mostra a Fotomicrografia de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das amostras dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+ ampliadas 25000x. Figura 19: Fotomicrografia de Microsccopia Eletrônica de Varredura (MEV) Legenda: amostras dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+ ampliadas 25000x. Fonte: O autor, 2013. Na Fotomicrografia da MEV observam-se diferenças na morfologia das três amostras, estando em acordo com as medidas de DRX, porque a morfologia das amostras dopadas com (b) 0,5% e (c) 1,0% são similares, similaridade que pode ser associada à presença de duas 74 fases (MgGa2O4 e Ga2O3) anteriormente caracterizadas pela DRX, já a amostra dopada com (a) 0,1% de Ni2+ apresentou somente uma fase (MgGa2O4) e uma morfologia bem diferente de (b) e (c), com uma distribuição dos grãos mais homogênea. Conclui-se, baseada na DRX e na visualização da fotomicrografia da MEV, que a reação entre os óxidos é completa para amostra dopada com 0,1% e incompleta nas amostras dopadas com 0,5 e 1,0% de Ni2+, sendo assim a reação dos óxidos para este sistema parece estar diretamente relacionada com a concentração do dopante utilizado. 75 5 ESPECTROSCOPIAS ÓPTICAS DAS AMOSTRAS MgGa2O4:Ni2+ As propriedades ópticas foram investigadas através das medidas de fotoacústica e fotoluminescência das amostras MgGa2O4:Ni2+ e GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3: Cr3+. Abaixo serão mostrados os espectros obtidos e as análises realizadas. 5.1 Espectros de fotoacústica e Fotoluminescência das amostras MgGa2O4:Ni2+ As medidas de fotoacústica e fotoluminescência foram realizadas no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ de Nova Friburgo e no Laboratório de Óptica dos Sólidos do Instituto de Física da UFRJ, respectivamente. 5.1.1 Espectros de Fotoacústica Os equipamentos utilizados para as medidas foram uma lâmpada de Xenônio com 250 W de potência da Newport acoplada a um chopper que fixou a frequência de modulação em amplitude da luz em 5 Hz, escolhida após vários testes realizados variando a freqüência de modulação, pois foi a que apresentou maior intensidade na obtenção das medidas fotoacústicas. O monocromador utilizado foi ¼ m da Oriel 77200, com grades de difração modelo 77233, densidade 1200 linhas/mm, comprimento de onda indicado de 350nm e modelo 77234, densidade 600linhas/mm e comprimento de onda indicado de 1000 nm. A resolução espectral foi de 2 nm entre (400 – 700) nm e de 5 nm entre (700 – 1200) nm. A luz de excitação foi modulada com um chopper da marca Oriel, modelo 75095 selecionada por um espectrômetro modelo 77200, o sinal fotoacústico foi captado por um microfone da marca B&K modelo4166. O sinal fotoacústico foi analisado com um lock-in marca EG&G modelo PAR 5210 e os dados ópticos foram corrigidos pela resposta de detecção do sistema. Os espectros das medidas fotoacústicas a temperatura ambiente das amostras MgGa2O4 dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+ são mostradas na figura 20. 76 Figura: 20. Espectro de fotoacústica a temperatura ambiente 0.1% Ni 1 E(1D) 2+ Intensidade (u.a) Intensity (arb. units) OCT 3 3 T2(3F) 3 A2(3F) TET OCT 3 T1( F)OCT 800 1 1 T2( D)OCT 850 900 950 1000 1050 1100 1150 1200 Wavelength (nm) Comprimento de onda (nm) 1 1 A1( G)OCT 1 1 E( D)OCT 3 3 T2( F)OCT (c) (b) (a) 400 600 800 Comprimento de onda (nm) 1000 1200 Legenda: amostras MgGa2O4 dopadas com (a) 0,1%, (b) 0,5% e (c) 1,0% de Ni2+. Fonte: O autor, 2013. Os espectros de fotoacústica a temperatura ambiente das amostras MgGa2O4 indicaram que a concentração do dopante influencia na intensidade do sinal fotoacústico, pois o espectro mais intenso foi obtido para a amostra dopada com 1,0% de Ni2+, enquanto as amostras dopadas com 0,1 e 0,5% de Ni2+ apresentaram um sinal fraco em relação a de maior dopagem. Para melhor observar as bandas na região do infravermelho da amostra dopada com 0,1% de Ni2+, devido à baixa intensidade do sinal, colocou-se esta região em destaque acima dos espectros (a), (b) e (c). Ainda de acordo com a concentração do dopante, observa-se na figura 20 um deslocamento das bandas de absorção associadas às transições eletrônicas do Ni2+, 77 octaédricamente 1 coordenados, do estado fundamental 3 A2(3F) aos estados T2(1D),1A1(1G),3T1(3F), 1E(1D). A banda 1A1(1G) localizada em uma região de maior energia em (a) 0,1% , (b) 0,5% de Ni2+, encontra-se em uma região de menor energia em (c) 1,0% de Ni2+, enquanto as três outras bandas deslocam-se de uma região de menor energia em (a), (b) para maior energia em (c). As bandas de absorção mostradas na figura 20 localizadas em 480nm, 520nm, 640nm, 850nm e 1000nm nos espectros (a) 0,1% Ni2+, (b) 0,5% Ni2+e posicionadas em 455nm, 534nm, 627nm, 824nm e 1000nm no espectro (c) 1,0% Ni2+foram indexadas as transições eletrônicas do Ni2+, octaédricamente coordenados, do estado fundamental 3A2(3F) aos estados 1 T2(1D), 1A1(1G), 3T1(3F), 1E(1D) e 3T2(3F), respectivamente. As bandas de absorção mostradas na figura 20 posicionadas em 600nm nos espectros (a) 0,1%, (b) 0,5% de Ni2+, e em 1100nm para (a), deslocada para 1075nm em (b) foram atribuídas às transições do Ni2+ tetraedricamente coordenado do estado fundamental 3T1(3F) para o estado 3T1(3P) e duplamente ao estado excitado3A2(3F), respectivamente. Observa-se no espectro (c) da figura 20 que as bandas associadas às transições do Ni2+ tetraedricamente coordenado estão sobrepostas às de simetria de ocupação octaédrica na região de alta energia, dificultando assim a visualização das transições em sitio de ocupação tetraédrica do Ni2+ na amostra dopada com 1,0%. Abaixo segue a figura 21 que mostra a região do infravermelho com baricentros em 1100nm (a) e 1075nm(b), região selecionada do espectro de fotoacústica a temperatura ambiente das amostras MgGa2O4, pois o sinal fotoacústico é muito fraco para baixas dopagens, tornando difícil a visualização dessas posições no infravermelho. Ressalta-se que a estrutura estudada é um espinel parcialmente invertido com sítios de ocupações tetraédrico e octaédrico, algumas referências apresentaram sistemas óxidos dopados com Ni2+com bandas de absorção em sitio tetraédrico associadas à transição do estado fundamental 3T1(3F) ao nível excitado1T2(1G)e baricentros em 516nm, próximos aos das bandas não identificadas na figura 20; (SOLNTSEV et al., 2003), (ZANNONI et al., 1998), (SHI et al., 2010), (BRIK et al., 2005). 78 Figura: 21 Região selecionada do espectro de fotoacústica a temperatura ambiente Intensidade (u.a) 3 3 A2( F)TET (b) 3 3 A2( F)TET (a) 1050 1060 1070 1080 1090 1100 1110 1120 1130 1140 1150 Comprimento de onda (nm) Legenda: amostras MgGa2O4 dopadas com (a) 0,1% e (b) 0,5% de Ni2+. Fonte: O autor, 2013. As bandas de energia das amostras estudadas são intensamente sobrepostas, logo os parâmetros de campo cristalino Dq e Racah B, C são estimados através das posições das energias das transições obtidas das equações resolvidas por Tanabe-Sugano para a configuração d8 (TANABE; SUGANO, 1954).Os valores obtidos para o campo cristalino Dq e Racah B, C foram 1000 cm-1 e 783 cm-1, 2879 cm-1, respectivamente.As intensidades obtidas para o campo cristalino e parâmetros de Racah, estão de acordo com as referências para o N2+ em sítio octaédrico (SARMA; REDDY; LAKSHMAN, 1983); (ZHOU et al., 2007); (PADMANABHAM, et al., 2009), (KULESHOV et al., 1996), (SUZUKI; HUGHES, OHISHI, 2010). Ao se comparar o valor do parâmetro de Racah B calculado com o do íon 79 livre 1030 cm-1 (TANABE; SUGANO, 1954) verifica-se que a redução do valor calculado é cerca de 24%, caracterizando assim o caráter mais covalente do que iônico da ligação entre Ni e O na rede MgGa2O4. Os cálculos realizados encontram-se no Apêndice D. Os parâmetros de energia para a simetria tetraédrica não puderam ser obtidos, pois as medidas necessárias na região do ultravioleta e infravermelho próximo estão além da capacidade instrumental utilizada. 5.1.2 Espectros de Fotoluminescência Os equipamentos utilizados para as medidas foram uma lâmpada halôgena de tungstênio de 50W, cuja intensidade foi modulada por um chopper PAR 191, lock in EG&G PAR modelo 5209 utilizado para adquirir e processar o sinal, espectrômetro de excitação AM505F ARC, um espectrômetro2061 McPherson para fazer uma varredura na amostra com uma resolução espectral de 5nm e uma fotomultiplicadora 31034. A figura 22 mostra o espectro de fotoluminescência a temperatura ambiente das amostras MgGa2O4 dopadas com (a) 1,0%, (b) 0,5% e (c) 0,1% de Ni2+, excitadas com comprimento de onda de 450 nm. Já o espectro (d) mostra a fotoluminescência em temperatura ambiente para a amostra com 0,5% de Ni2+, excitada com comprimento de onda de 632,8 nm. A banda em alta energia, mostrada na figura 22 (a) – (c), que se estende de 540 nm a 650 nm com baricentro em 590 nm foi atribuída a transição 1T2(1D) → 3A2(3F) do Ni2+ em sitio octaédrico. Enquanto a banda em baixa energia, entre 650 nm e 850 nm, foi atribuída a transição 1 T2(1D) → 3 T2(3F) do Ni2+ em sitio octaédrico (ZANNONI et al., 1998), (LAKSHMINARAYANA; BUDDHUDU, 2005), (THULASIRAMUDU; BUDDHUDU, 2006), (LÜTHI; RILEY, 2000), (LAKSHMINARAYANA; YANG; 2008) . Ao se comparar as bandas (a), (b), (c) com (d) observa-se que as bandas são distintas, devido os diferentes comprimentos de onda de excitações utilizados. 80 Figura: 22 Espectro de fotoluminescência a temperatura ambiente 1 1 1 3 T2( D) 1 T2( D) 3 3 T2( F)OCT 3 A2( F)OCT Fotoluminescência (u.a) (a) (b) (c) (d) 550 600 650 700 750 800 Comprimento de onda (nm) 850 900 Legenda: amostras MgGa2O4 dopadas com (a)1,0%, (b) 0,5% e (c) 0,1% de Ni2+ excitadas com comprimento de onda de 450 nm. (d) Espectro de fotoluminescência em temperatura ambiente para amostra com 0,5% de Ni2+, excitada com comprimento de onda de 632,8 nm. Fonte: O autor, 2013. Na figura 22 observa-se que a intensidade relativa entre as bandas varia de acordo com o aumento na concentração do dopante. Os espectros das amostras com 0,1 e 0,5% de Ni2+ apresentam a banda em alta energia mais intensa do que a banda em baixa energia, já a amostra com 1,0% de Ni2+ apresenta a banda em alta energia menos intensa do que a banda em baixa energia.Verifica-se também que a banda em baixa energia é deslocada para maiores comprimentos de onda, com o aumento da concentração do dopante. 81 Comparando-se o espectro fotoacústico da amostra dopada com 1,0% de Ni2+, figura 20 (c) com o espectro de emissão figura 22 (a), observa-se que a banda de absorção associada à transição 3T1(3F) é intensamente sobreposta a banda de emissão 1T2(1D), logo a transferência de energia entre dois centros ópticos é maior do que observado nas amostras com 0,1 e 0,5% de Ni2+, pois a energia de emissão pode ser reabsorvida pelos íons vizinhos. È importante salientar que a luminescência dos íons Ni2+ em estados de alta energia pode ocorrer em diversas redes hospedeiras, como fluoretos, cloretos, sulfetos e óxidos (OETLIKER; RILEY; GÜDEL, 1994), (ELEJALDE, BALDA, FERNÁDEZ, 1994), (GRIMM, WENGER, GÜDEL, 2003), (YANG et al., 2001). A luminescência mais comum do Ni2+ em sitio octaédrico é em torno de comprimento de onda de 1000nm (KÜCK., 2001),(SUZUKI, HORIBUCHI, OHISHI, 2005), (SUZUKI, ARAI, OHISHI, 2008), (ZHOU et.al., 2007), (JOUINI et al., 2006), (LUO, et al., 2009).Em pesquisas realizadas por SUZUKI; ARAI; OHISHI, (2008) apresentou-se a luminescência do Ni2+ em 1300nm na rede MgGa2O4 somente em sítio octaédrico. A luminescência do Ni2+ na rede MgGa2O4 em sítio tetraédrico não foi observada até o momento em que esta pesquisa foi realizada. O tempo de vida radiativo, obtido com o método de deslocamento de fase, foi de 0,1 e 0,2 ms para ambas bandas de emissão da amostra dopada com 0,5 e 1% de Ni 2+, respectivamente. Já a amostra dopada com 0,1% apresentou um tempo de vida de 0,2ms para banda de alta energia e 0,3ms para a de baixa energia, os cálculos encontram-se no Apêndice E. Estes valores caracterizam transições proibidas por spin do Ni2+ em sítios octaédricos. 82 5.1.3 Níveis de energia do Diagrama de Tanabe sugano As figuras 23, 24 e 25 mostram os níveis de energia, obtidos nas medidas de absorção e luminescência do Ni2+em sitio octaédrico na rede MgGa2O4, a partir do diagrama de Tanabe Sugano (MARFUNIN, 1979). Figura 23: Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4.dopadas com 0,1% de Ni2+ (a) (b) 0 0 2 4 6 3 A ( F) 2 8 10 0 1 T2 ( D) 1 E ( D) 3 3 T2( F) 10,000 10000 5000 3 3 T1 ( F) 1 11,764 3 T2( F) 10,000 11,764 15,625 16,949 19,230 20,833 3 1 A1 ( G) 1 13,423 1 E ( D) 5000 15000 T1 ( F) 1 1 T2 ( D) 3 3 15,625 -1 Energia (cm ) 1 T2 ( D) 3 10000 1 19,230 1 15000 20000 1 A1 ( G) 20,833 1 1 -1 20000 1 T2 ( D) Energia (cm ) 1 3 0 2 4 6 Legenda: Em (a) e (b) as bandas de emissão estão centradas em 590 nm e 745 nm, respectivamente Fonte: O autor, 2013. 3 A ( F) 2 8 10 83 Figura 24: Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4.dopadas com 0,5% de Ni2+ (a) (b) 15000 10,000 11,764 15,625 16,949 19,230 20,833 3 T2( F) 13,423 1 3 A ( F) 3 3 T2( F) 3 0 2 1 E ( D) 10000 5000 3 1 T2 ( D) 10,000 3 3 T1 ( F) 1 11,764 1 15,625 -1 Energia (cm ) T1 ( F) E ( D) 0 1 A1 ( G) 3 3 1 5000 1 T2 ( D) 1 T2 ( D) 3 10000 1 19,230 1 15000 20000 1 A1 ( G) 20,833 1 1 -1 20000 1 T2 ( D) Energia (cm ) 1 3 A ( F) 2 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 Legenda: Em (a) e (b) as bandas de emissão estão centradas em 590 nm e 745 nm, respectivamente. 8 10 Fonte: O autor, 2013. Figura 25: Níveis de energia absorvida e emitida pelas amostras MgGa2O4.dopadas com 1,0% de Ni2+ (a) (b) 0 0 2 4 6 3 A ( F) 2 8 10 0 1 E ( D) 3 10000 5000 3 1 T2 ( D) 3 T2( F) 10,000 10,000 12,151 15,974 16,949 18,727 21,882 3 T2( F) 3 T1 ( F) 1 12,151 3 1 A1 ( G) 1 13,423 1 E ( D) 5000 15000 T1 ( F) 1 1 T2 ( D) 3 3 15,974 -1 Energia (cm ) 1 T2 ( D) 3 10000 1 18,727 1 15000 20000 1 A1 ( G) 21,882 1 1 -1 20000 1 T2 ( D) Energia (cm ) 1 3 0 2 4 6 3 A ( F) 2 Nas Em figuras 23, as24bandas e 25 de observam-se os centradas níveis deem energia para absorção e Legenda: (a) e (b) emissão estão 590 nmindexados e 745 nm, respectivamente. emissão das amostras MgGa2O4 dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+, respectivamente. Fonte: O autor, 2013. 8 10 84 Nas figuras 23, 24 e 25 observam-se os níveis de energia indexados para absorção e emissão das amostras MgGa2O4 dopadas com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+, respectivamente. Em (a) a emissão ocorre na região do amarelo e em (b) no infravermelho, baseados no Diagrama de Tanabe Sugano para todos os gráficos. As energias associadas às transições de emissão foram de 16,949 cm-1para transição 1T2 (1D) → 3A2(3F) em (a) e de 13,423 cm-1 para transição1T2 (1D) → 3T2(3F) em (b). A figura 26 mostra os níveis de energia, obtidos nas medidas de absorção do Ni2+em sitio tetraédrico na rede MgGa2O4, baseado no diagrama de Tanabe Sugano. Figura 26: Níveis de energia das amostras MgGa2O4 absorvendo em sitio tetraédrico, sem emissão. (b) 20000 1 10000 1 E ( D) 1 T2( D) 3 3 A2( F) 9,090 5000 3 15000 3 T1( F) 1 10000 0 3 T1( P) 1 5000 3 0 3 T1( P) 1 E ( D) 1 T2( D) 3 3 A2( F) 9,302 1 16,666 -1 Energia (cm ) 15000 20000 16,666 3 -1 Energia (cm ) (a) 3 3 T1( F) Legenda: (a) 0,1% Ni2+; (b) 0,5% Ni2+. Fonte: O autor, 2013. Observa-se na figura 26 os níveis de energia indexados para absorções sem emissão das amostras MgGa2O4 dopadas com (a) 0,1% e (b) 0,5% de Ni2+, em simetria tetraédrica dos 85 estados em (a) 3T1 (3F) → 3T1(3P) de 16,666 cm-1, 3T1 (3F) → 3A2(3F) de 9,090 cm-1e (b) 3T1 (3F) → 3T1(3P) de 16,666 cm-1, 3T1 (3F) → 3A2(3F) de 9,302 cm-1. Os resultados das pesquisas, apresentadas nesta tese, do composto MgGa2O4 (galato de magnésio) dopado com 0,1%, 0,5% e 1,0% de Ni2+ foram publicados no Journal of Alloys and Compounds (COSTA et al., 2012), a primeira página do artigo encontra-se no apêndice F. 86 6 PRODUÇÃO DAS AMOSTRAS GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 DOPADAS COM Cr3+ Duas amostras dopadas com Cr3+ substituindo em massa 1% dos átomos de Ga3+ foram produzidas, com massas de 1,0g cada, pelos métodos de reação de estado sólido e acetato. Amostras dopadas com 0,1% e 10,0% de Cr3+ também foram produzidas por reação de estado sólido, porém o estudo destas não fará parte do escopo da tese, devido à grande complexidade encontrada nas análises estruturais das amostras dopadas com 1,0% de Cr3+, cujas análises estruturais e maiores explicações poderão ser encontradas no capítulo 7, resultando assim na produção das amostras dopadas com 1,0% de Cr3+ por dois métodos distintos. A produção das amostras consistiu em misturar os componentes Ga2O3, Cr2O3 e Nb2O5, todos com 99,99% de pureza. A equação estequiométrica, devidamente balanceada, utilizada para o cálculo das massas dos óxidos necessárias, para ambos os métodos, segue abaixo. (1 - 0,01)Ga2O3 + 0,01Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga(1-0,01)Cr0,01NbO4 (2) As massas dos compostos químicos (em gramas) utilizados para a produção das amostras (os cálculos são mostrados no Apêndice B) foram: 0,4097g de Ga2O3 0,0033g de Cr2O3 0,5869g de Nb2O5 Abaixo seguem, de forma detalhada, os métodos utilizados para a produção de 4 (quatro) pastilhas com massas de 0,25g cada, compondo 1g (uma grama) em massa dos óxidos acima utilizados. 6.1 Método de reação de estado sólido Os compostos químicos em pó foram misturados e triturados manualmente em uma cuba de ágata durante três horas, sendo posteriormente prensados em uma prensa hidráulica sobre 2 87 (Duas) toneladas em 4 (quatro) pequenas pastilhas com diâmetro de 1 cm, espessura de 3 mm e massa de 0,25g cada. O tratamento térmico das pastilhas consistiu em colocá-las em um forno elétrico da marca Jung com programador acoplado modelo N1100 e aquecimento resistivo à pressão ambiente, do Laboratório de Preparação de Materiais do (Instituto de Física Armando Dias Tavares) IFADT da UERJ. O forno foi ligado e a taxa de aquecimento foi de 24 0C/min. As amostras permaneceram em 1000 0C durante 12h (doze horas). Após esse período o forno foi desligado, a taxa de resfriamento foi de -1 0C/min e as amostras retornaram à temperatura de 35 0C por inércia. A figura 27 mostra a curva de aquecimento do forno. Figura 27: Curva de aquecimento do forno 1100 1000 900 700 0 Temperatura ( C ) 800 600 500 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Intervalo de tempo (min) Fonte: O autor, 2013. 40 45 50 55 88 A figura 27 mostra o intervalo de tempo e a temperatura reais, obtidos ao colocar as amostras no forno, após programar a temperatura desejada e o tempo de permanência nesta temperatura. 6.2 Método de acetato Os componentes químicos em pó foram misturados em um cadinho de porcelana, utilizando 2,5 ml de ácido acético glacial 100% e 2,5 ml de água destilada. Em seguida o cadinho contendo a solução foi colocado em uma placa de aquecimento, para promover a evaporação do líquido. Durante o processo de evaporação, a solução era misturada com um bastão de vidro. A temperatura da placa era controlada manualmente, à medida que o grau de ebulição da solução aumentava, a temperatura era reduzida, pois o objetivo era somente fazer com que o liquido evaporasse e não os óxidos ali imersos. O tratamento de secagem, após o processo de evaporação, consistiu em colocar os óxidos resultantes em um cadinho de alumina, que foi levado a um forno resistivo à pressão e temperatura ambiente. O forno foi ligado e a taxa de aquecimento foi de 2 0C/min, ao atingir 1000C permaneceu nesta temperatura por 12h. Após esse período o forno foi desligado e a amostra retornou à temperatura ambiente. Após esse procedimento, a temperatura do forno é novamente elevada a uma temperatura de 8000C, com taxa de aquecimento de 16 0C/min, permanecendo nesta temperatura por 12h (doze horas), em seguida o forno foi desligado e os óxidos foram retirados à temperatura de 400C, com taxa de resfriamento de -1 0C/min. Os óxidos foram macerados durante 30 minutos e novamente pesados para confecção de 4 (quatro) pastilhas de massas iguais, resultando 0,24g cada. As pastilhas foram prensadas sob 2 (duas) toneladas. O tratamento térmico consistiu em colocar as pastilhas em um cadinho de alumina, que foi levado ao forno do IFADT com taxa de aquecimento de 20 0C/min até alcançar 12000C, permanecendo nesta temperatura por 12h (doze horas). Após esse período o forno foi desligado e as pastilhas retiradas do forno em temperatura ambiente. 89 A figura 28 mostra as curvas de aquecimento do forno utilizado para produção da amostra. Figura 28: Curvas de aquecimento do forno. 160 150 140 700 130 0 500 Temperatura( C) 600 110 0 C) 120 400 100 Temperatura( (b) 800 (a) 90 80 70 60 300 200 50 40 100 30 20 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 0 3 Intervalodetempo(min) 6 9 12 15 18 21 Intervalodetempo(min) 1300 (c) 1200 1100 ( 0C ) 1000 900 800 Temperatura 700 600 500 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Intervalodetempo(min) 0 0 Legenda: 160 (a) Aquecimento programado para 100 C, (b) Aquecimento programado para 800 C e (c) 0 800 (b) Aquecimento 150 (a) programado para 1200 C. 140 700 Fonte: O 130autor, 2013. C) 600 0 110 0 C) 120 Temperatura( 90 80 70 60 Temperatura( 100 500 400 300 200 90 Na figura 28 observam-se as três curvas de aquecimentos programados para produção da amostra pelo método de acetato. A temperatura projetada em (a) foi de 100 0C, onde as amostras foram colocadas no forno a temperatura ambiente de 31 aquecimento de 2 0 0 C com taxa de C/min, porém se observa uma grande oscilação na temperatura programada. Em (b) as amostras foram colocadas no forno em uma temperatura ambiente de 32 0C e alcançaram a temperatura de 800 0C com uma taxa de aquecimento de 16 0C/min, mantendo-se estável. Em (c) as amostras foram colocadas no forno em temperatura inicial de 32 0C e alcançaram a temperatura de 1200 0C sob uma taxa de aquecimento de 20 0C/min, mantendo-se estável. A figura 29 mostra as pastilhas GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1,0% de Cr3+ produzidas (a) por reação de estado sólido e (b) pelo método de acetato. Figura 29: Amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1,0% de Cr3+ (a) (b) Legenda: produzidas (a) por reação de estado sólido e (b) pelo método de acetato. Fonte: O autor, 2013. Observa-se na figura 29 que a amostra produzida por reação de estado sólido (a) apresenta uma tonalidade verde clara em relação a amostra (b) produzida pelo método de acetato que apresentou coloração verde escura. 91 7 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS AMOSTRAS DOPADAS COM Cr3+ Pastilhas de 0,25g, produzidas por reação de estado sólido e pelo método de acetato, das concentrações de 0,1%, 1,0% e 10,0% de Cr, foram separadamente trituradas para o procedimento de DRX e posterior refino. 7.1 Difração de Raios X A contagem dos feixes de raios X difratados foi feita em 1 s para cada passo de 0,01670 em um intervalo de varredura entre 100 ≤ 2ϴ ≤ 1000. 7.1.1 Amostra dopada com 1,0% de Cr3+ produzida por reação de estado sólido A DRX da amostra em pó dopada com 1,0% de Cr3+ produzida por reação de estado sólido pode ser visto na figura 30, já os resultados experimentais em comparação com os dados JCPDS-ICDD se encontram na tabela 8. 92 9, 10 Figura 30: Difratograma de Raios X da amostra em pó com 1,0% de Cr3+. GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3-Nb2O5 11, 12 100 8 3 4 20 1 7 0 40,41 42 43 44, 45, 46 47, 48, 49 50 51 52, 53 54, 55, 56 57 58, 59 60, 61 5 6 35, 36, 37, 38 2 29 39 40 18 17 20, 21 22, 23, 24 15 26, 27, 28 25 30, 31 32 33 34 60 16 Intensidade (%) 80 13,14 19 20 40 60 2(graus) Fonte: O autor, 2013. 80 100 93 Tabela 8: Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD. Dados RX amostra Picos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 2ϴ 12,4659 14,1617 15,0313 17,2420 17,3761 18,6913 19,0482 23,6469 23,8769 24,2050 24,8085 24,9491 25,2109 25,7919 26,0804 26,8180 28,4468 29,1672 30,2098 30,5905 31,0144 31,2372 31,8689 32,2258 32,8898 33,3571 33,5820 34,7198 35,3493 36,1929 36,3682 37,5081 38,5572 39,0439 43,1732 43,6513 44,0449 44,3175 45,9398 47,6876 48,1613 48,7540 51,1204 52,6541 I% 12 32 18 18 29 28 10 25 100 18 89 87 33 19 55 20 49 30 33 29 33 33 48 43 35 25 17 15 48 23 14 15 23 19 21 18 22 21 12 30 23 11 12 12 d(Å) 7,0991 6,2483 5,8630 5,1400 5,1007 4,7476 4,6527 3,7581 3,7218 3,6737 3,5860 3,5647 3,5298 3,4555 3,4120 3,3201 3,1346 3,0590 2,9563 2,9185 2,8802 2,8606 2,8065 2,7753 2,7204 2,6847 2,6665 2,5830 2,5380 2,4801 2,4680 2,3958 2,3328 2,3050 2,0937 2,0723 2,0536 2,0426 1,9742 1,9056 1,8875 1,8662 1,7850 1,7370 GaNbO4 72-1666 I% d(Å) 40 23 15 6,2945 6,0235 5,2280 GaNb11O29 33-0564 I% d(Å) 40 7,158 40 6,919 40 5,913 60 5,112 40 5,040 100 4,743 Ga2O3 41-1103 I% d(Å) 16 24 3,8065 100 3,6171 55 35 15 15 3,1472 3,1150 3,0118 3,0118 25 35 2,7570 2,7475 15 2,6140 26 75 18 88 38 19 2,4908 2,4404 2,3497 2,3320 2,2727 2,0981 1 1 1 26 20 2 1 3 2,0407 2,0336 2,0078 1,8960 1,8923 1,8707 1,7824 1,7426 100 100 I% 7 d(Å) 7,0755 31 26 5,0048 4,7484 73 100 3,7840 3,7536 4,69 3,739 3,700 2 Nb2O5 74-0298 3,672 100 100 3,590 3,569 81 3,5400 100 100 60 40 40 20 3,420 3,383 3,321 3,136 3,065 2,931 5 3,4919 5 9 2 3,2764 3,1662 3,0684 15 3 1 2 29 32 <1 2 3 2 2 3 9 <1 1 <1 <1 <1 1 1 26 <1 4 2 9 2,9096 2,8933 2,8500 2,8136 2,7882 2,7770 2,6881 2,6456 2,5830 2,5363 2,4968 2,4746 2,3986 2,3318 2,3187 2,0958 2,0728 2,0561 2,0407 1,9739 1,9150 1,8855 1,8768 1,7885 1,7369 20 100 100 20 20 20 20 10 20 40 40 40 60 20 20 80 80 2,846 2,775 2,751 2,722 2,671 2,620 2,580 2,555 2,501 2,479 2,465 2,322 2,298 2,088 2,068 2,046 2,043 100 80 20 40 1,898 1,883 1,805 1,775 54 49 57 2,967 2,941 2,932 100 2,821 17 2,6760 68 2,5490 16 19 38 2,4120 2,4030 2,3430 7 10 2,1090 2,1000 4 20 <1 6 16 4 1 2,0240 1,9796 1,9298 1,8807 1,8712 1,7937 1,7418 94 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 53,2900 12 1,7178 54,2865 12 1,6884 54,6679 29 1,6774 54,8583 23 1,6723 55,1200 20 1,6648 56,7942 12 1,6197 57,2636 25 1,6071 57,7330 12 1,5952 58,5355 13 1,5749 60,6575 13 1,5255 61,0966 14 1,5157 61,2550 12 1,5120 62,7319 8 1,4797 64,1617 11 1,4503 64,8085 19 1,4376 66,8851 14 1,3977 67,0625 14 1,3946 Fonte: O autor, 2013. 4 4 22 13 14 10 3 1,6971 1,6971 1,6315 1,6240 1,6129 1,6129 1,6045 2 12 7 5 1 1 4 <1 <1 1,5736 1,5220 1,5167 1,5108 1,4787 1,4531 1,4381 1,3966 1,3890 40 1,691 4 4 1,6838 1,6804 2 1,6287 18 7 13 9 18 7 16 46 <1 <1 1,5995 1,5621 1,5435 1,5286 1,5196 1,4812 1,4519 1,4402 1,4046 1,3876 <1 15 9 15 8 1 <1 <1 6 1,7165 1,6843 1,6810 1,6707 1,6665 1,6146 1,6080 1,5969 1,5809 A Tabela 8 mostra os dados de difração de raios X e as fases presentes na amostra, verifica-se que todos os picos foram identificados. Os três picos mais intensos da fase GaNbO4, picos 10 ( I= 100%), 33 ( I = 88%), 31 (I = 75%) aparecem na amostra com intensidades de 18%, 23%, 14%, respectivamente. Porém os picos mais intensos desta fase aparecem na amostra com intensidades baixas, conforme expostas acima. Esses picos também são formados pelas fases: 10 (2% da fase Ga2O3); 33 (40% de GaNb11O29, 38% de Ga2O3) e 31 (40% de GaNb11O29, 16% de Ga2O3, 3% de Nb2O5). Logo, somente pode-se dizer, sem a realização de refino, que GaNbO4 não é a fase principal da amostra. Os picos 6, 8, 9, 11, 12, 14, 15, 23, 24, 40 com intensidade de 100% da fase GaNb11O29 aparecem nos dados de DRX com intensidades de 28%, 25%, 100%, 89%, 87%, 19%, 55%, 48%, 43%, 40%, respectivamente. Os picos 12 (I = 87%) e 15 ( I = 55%) são formados somente por GaNb11O29, reafirmando assim ser esta uma das fases principais. Os três picos mais intensos da fase Ga2O3, picos 23 ( I = 100%), 29 ( I = 68%), 21 ( I = 57%) aparecem na amostra com intensidades de 48%, 48%, 33%, respectivamente. Porém estes picos dos dados de DRX também são formados pelas fases: 23 (100 de GaNb11O29 e 2% de Nb2O5), 29 (10% de GaNb11O29 e 2% de Nb2O5), 21 ( 3% de Nb2O5). Verificando assim que Ga2O3 é outra fase principal da amostra. 95 Os três picos mais intensos da fase Nb2O5, linhas 9 ( I = 100%), 11 ( I = 81%), 8 ( I = 73%) aparecem na amostra com intensidades de 100%, 89%, 25%, respectivamente. Esses três picos mais intensos da fase Nb2O5 também são formadas por intensidade de 100% da fase GaNb11O29. Logo, a fase Nb2O5 não representa uma das fases principais da amostra. As amostras foram inicialmente preparadas pelo método de reação de estado sólido, ao prepará-las almejava-se somente a fase GaNbO4, porém com a análise realizada a partir dos dados de DRX expostos acima, verificou-se que as fases GaNb11O29, β - Ga2O3 e Nb2O5 estão agregadas nas amostras dopadas com 1,0% de Cr3+. De acordo com (DEJNEKA, CHAPMAN, MISTURE, 2011), a fase GaNb11O29 aparece associada a GaNbO4. Assim, no intuito de produzir amostras sem fases residuais β - Ga2O3 e Nb2O5 optou-se por prepará-las por outro método, conhecido como método de acetato, este método nos fornece uma menor probabilidade ao surgimento de fases residuais. O método de acetato possibilita uma excelente mistura entre os óxidos em pó em um curto intervalo de tempo e forma o composto almejado em temperaturas mais baixas, quando comparado ao método de reação de estado sólido, fornecendo assim pastilhas intensamente homogêneas (LI et al., 2000), (YOSHIMURA; BYRAPPA, 2007), (ZHANG et al., 2003), (PRAKASH et al., 2012). 7.1.2 Amostra dopada com 1,0% de Cr3+ produzida pelo método de acetato A DRX da amostra em pó dopada com 1,0% de Cr3+ produzida pelo método de acetato pode ser visto na figura 31, já os resultados experimentais em comparação com os dados JCPDS-ICDD se encontram na tabela 9. 96 Figura 31: Difratograma de Raios X da amostra em pó com 1,0% de Cr. 10 100 Intensidade % 80 15 60 3 16 22 40 8 4 5 20 1 0 18 19 6 7 2 27 24 29 33 32 25 30 11 9 13 20 28 31 21 17 23 14 26 12 20 44 36 40 37 42 45 43 46 34 38 40 41 35 39 60 2graus) Fonte: O autor, 2013. 80 100 97 Tabela 9: Resultados experimentais e comparação com as tabelas do JCPDS-ICDD. Difração de Raios X Picos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 2ϴ 12,3507 13,4691 14,0707 14,9172 17,0888 17,2534 18,5844 23,5180 23,7154 24,6736 24,8422 25,9970 26,0405 26,7212 28,3380 29,0940 29,6429 30,0955 31,7038 32,1034 32,5994 32,8064 33,2591 34,6169 34,6677 35,1707 36,0711 37,2268 38,5365 38,7339 39,6873 43,0325 43,5284 44,2180 44,5627 48,0104 48,1568 50,3246 51,3589 52,5396 54,1689 56,6815 56,8279 57,1254 57,3191 60,9774 d (Å) 7,1566 6,5725 6,2927 5,9283 5,1799 5,1351 4,7730 3,7765 3,7477 3,6051 3,5812 3,4271 3,4185 3,3344 3,1472 3,0693 3,0117 2,9659 2,8194 2,7866 2,7435 2,7271 2,6925 2,5914 2,5853 2,5485 2,4890 2,4134 2,3347 2,3231 2,2695 2,0990 2,0776 2,0462 2,0316 1,8924 1,8881 1,8116 1,7774 1,7406 1,6927 1,6223 1,6188 1,6105 1,6062 1,5175 I% 2 2 47 26 19 3 3 26 5 100 10 4 3 2 62 39 4 17 2 3 3 42 1 19 12 2 26 8 19 9 4 22 24 2 2 30 17 10 2 8 4 12 6 32 17 12 GaNbO4 – PDF:72-1666 d (Å) I% 6,2945 6,0235 5,2280 40 23 15 3,8065 24 3,6171 100 3,1472 3,1150 3,0118 3,0118 55 35 15 15 2,7570 2,7475 25 35 2,6140 15 2,4908 2,4404 2,3497 2,3320 2,2727 2,1098 2,0981 2,0407 2,0336 1,8960 1,8923 1,8156 1,8031 1,7624 1,6971 1,6315 1,6240 1,6196 1,6129 1,5167 26 7 18 8 3 20 19 1 1 26 20 10 1 7 4 22 13 14 10 7 GaNb11O29 – PDF:33-0564 d (Å) I% 7,158 40 6,919 40 * 5,913 5,112 5,040 4,743 3,739 3,700 3,590 3,569 3,420 3,383 3,321 3,136 3,065 40 60 40 100 100 100 100 100 100 100 60 40 40 2,931 2,846 2,775 2,751 2,722 2,671 2,620 2,580 2,501 2,479 2,465 20 20 100 100 20 20 20 20 20 40 40 2,322 2,298 2,088 2,068 2,046 2,043 1,898 1,883 1,805 1,775 40 60 20 20 80 80 100 80 20 40 1,691 40 5,8513 5,1275 5,0464 4,7500 3,7411 3.7093 3,6185 3,5625 3,4845 3,4183 3,3940 3,1885 3,0819 3,0128 2,9390 2,8719 2,7763 2,7547 2,7459 2,6179 2,5799 2,5752 2,5534 2,4910 2,4306 2,3012 2,2930 2,1638 2,0857 2,0510 2,0436 2,0357 1,9025 1,8984 1,8682 1,7774 1,7661 1,6781 1,6743 1,6714 1,6623 1,6082 1,5264 Ti2Nb10O29– PDF: 72 - 0158 d (Å) I% 7,1250 59 6,9691 32 1 47 12 100 63 76 1 70 21 62 32 2 3 1 100 1 70 37 23 13 4 4 6 4 35 24 14 13 5 30 18 22 42 23 9 10 9 14 27 23 15 2 8 Ga2O3 – PDF:41-1103 d (Å) I% 4,69 16 3,672 2 2,967 2,941 2,932 2,821 54 49 57 100 2,6760 17 2,5490 2,4120 2,4030 2,3430 68 16 19 38 2,1090 2,1000 7 10 2,0240 1,8851 1,8807 1,8380 1,7937 1,7418 4 3 6 6 4 1 1,6287 2 1,5196 18 98 *O Ti2Nb10O29 é isoestrutural da fase GaNb11O29, na tabela mostra-se a semelhança entre as distâncias interplanares e as diferenças nas intensidades percentuais, pois Ti2Nb10O29 será utilizado no refino por não existir no portal da pesquisa o arquivo CIF da fase GaNb 11O29. Fonte: O autor, 2013. Possuindo os números dos PDFs das tabelas JCPDS-ICDD que caracterizam as fases presentes na amostra, será feito o refino visando quantificar a percentagem exata de cada uma. Observa-se na Tabela 9 a introdução do Ti2Nb10O29 para mostrar a semelhança entre as distâncias interplanares e as diferenças nas intensidades percentuais, pois este é um composto isoestrutural do GaNb11O29, optou-se por fazer uso desse isoestrutural no refino por não existir no portal de pesquisa os dados necessários da fase secundária GaNb11O29. Nota-se no difratograma da Figura 31 e na Tabela 9 que todos os picos foram identificados, e que o pico 10 de 100% dos dados de difração de raios X foram também associados aos picos de 100% dos compostos tabelados GaNbO4 e GaNb11O29. Os três picos mais intensos, após o pico de 100% da fase GaNbO4 são os picos 15 (I = 55%), 3 (I = 40%) e 16 (I = 35%) que aparecem na amostra com intensidades de 62%, 47% e 39%, respectivamente. Os picos 7, 8, 9, 11, 12, 13, 20, 21 e 36 de 100% da fase GaNb11O29 aparecem nas medidas de DRX com intensidades de 3%, 26%, 5%, 10%, 4%, 3%, 3%, 3% e 30%. O pico 10 de 100% dos dados de DRX esta associada a uma intensidade de 1% do composto isoestrutural Ti2Nb10O29, utilizado para o refino. Já o pico 18 de 100% do isoestrutural foi indexada a uma intensidade de 17% dos dados de DRX, assim acredita-se que estas diferenças nas intensidades entre GaNb11O29 e Ti2Nb10O29 será um fator que irá contribuir para dificultar o refino. Analisando os três primeiros picos mais intensos, em ordem decrescente, da fase Ga2O3, temos que os picos 19, 26 e 18, com intensidades percentuais, respectivamente de 100, 68 e 57 aparecem nos dados de DRX com intensidades de 2%, 2% e 17%. 99 7.2 Refino dos dados da DRX O refino será realizado, a fim de quantificar a percentagem em massa de cada fase utilizada presente na amostra. Como foi dito anteriormente, a fase isoestrutural Ti2Nb10O29 do GaNb11O29 será utilizada para o ajuste, por não existir o arquivo CIF necessário para o refino desse composto, no portal da pesquisa. A figura 32 mostra os dados de difração de raios X e refino das amostras produzidas por reação de estado sólido (a) e pelo método de acetato (b) dopadas com 1,0% de Cr3+. 100 Figura 32: Difração de raios X e refino dos dados de DRX das amostras GaNbO4-GaNb11O29Ga2O3 Intensidade (u.a) (a) 20 40 60 80 100 2 (graus) Intensidade (u.a) (b) 20 40 60 80 100 2graus) Legenda: amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 produzidas por reação de estado sólido (a) e pelo método de acetato (b) dopadas com 1,0% de Cr 3+. Fonte: O autor, 2013. 101 Na Figura 32 observam-se os pontos representando os dados experimentais, as curvas contínuas simulando a função pseudo – Voigt que está fitando os dados experimentais. A diferença entre os dados de difração de raios X calculados e observados são mostrados logo abaixo das curvas das figuras (a) e (b). As linhas verticais são as posições de Bragg. Na figura (a) as posições de Bragg, visualizando de cima para baixo, indexam as fases Nb2O5, β – Ga2O3, GaNbO4 e GaNb11O29, enquanto para figura (b) referem-se as fases GaNbO4, GaNb11O29 e β – Ga2O3, respectivamente. A tabela 10 mostra a percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 1,0% de Cr3+, produzidas por reação de estado sólido e pelo método de acetato. Tabela 10: Percentagem em massa das fases presentes nas amostras dopadas com 1,0% de Cr3+ Método de preparo Percentagem em massa GaNbO4 Reação de estado GaNb11O29 Ga2O3 Nb2O5 20,61 22,51 38,45 18,44 91,30 4,76 3,94 ------ sólido Acetato Fonte: O autor, 2013. Abaixo seguem as tabelas 11, 12 e 13 mostrando os parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld e os dados cristalinos tabelados e refinados, respectivamente. 102 Tabela 11: Parâmetros de qualidade do refinamento de Rietveld 1% Cr3+ Reação de estado sólido Método de acetato GaNbO4 RP 16,1 13,2 18 16,3 REsperado 9,08 12,1 S (=RWP/REsperado) 2,0 1,3 Chi2 3,95 1,82 Bragg R-fator 6,72 2,96 RF-fator 2,69 2,42 FWHM U= 0,085892 U= 0,008131 V= - 0,057732 V= - 0,012383 W= 0,018164 W= 0,008988 Bragg R-fator 6,63 9,78 RF-fator 2,41 4,73 FWHM U= 0,262405 U= 0.173769 V= -0,165997 V= -0.059073 W=0,052655 W= 0.019275 Bragg R-fator 4,30 7,53 RF-fator 1,89 4,82 FWHM U= 0,171758 U= 0,004133 V= -0,155378 V= -0,007618 W= 0,061171 W= 0,032335 Nb2O5 Bragg R-fator 7,80 --- RF-fator 3,07 --- U= 2,989142 --- V= -1,155446 --- W= 0,106636 --- RWP GaNb11O29 Ga2O3 FWHM Fonte: O autor, 2013. 103 Tabela 12: Parâmetros Cristalinos tabelados segundo o JCPDS-ICDD Formula molecular GaNbO4 GaNb11O29 Ga2O3 Nb2O5 Sistema Cristalino Monoclinico Ortorrombico Monoclinico Monoclinico C121 Amma C12/m1 C12/m1 Grupo espacial Parâmetros Célula Unitária a (Å) 12,66 28,5 12,23 28,51 b (Å) 3,79 3,80 3,04 3,83 c (Å) 6,61 20,51 5,80 17,48 90,00 90,00 90,00 90,00 107,90 90,00 103,70 120,80 90,00 90,00 90,00 90,00 Fonte: JCPDS-ICDD, 2000. 104 Tabela 13: Parâmetros Cristalinos refinados Formula Molecular GaNbO4 GaNb11O29 Ga2O3 Nb2O5 Sistema Cristalino Monoclinico Ortorrombico Monoclinico Monoclinico C121 Amma C12/m1 C12/m1 Grupo espacial Reação de Estado Sólido Parâmetros Célula Unitária a (Å) 12,46 28,66 12,22 28,64 b (Å) 3,78 3,81 3,03 3,82 c (Å) 6,61 20,56 5,80 17,45 90,00 90,00 90,00 90,00 107,80 90,00 103,80 120,90 90,00 90,00 90,00 90,00 28,.65 12,22 --- Método de Acetato Parâmetros Célula Unitária a (Å) 12,46 b (Å) 3,78 3,81 3,03 --- c (Å) 6,61 20,57 5,80 --- 90,00 90,00 90,00 --- 107,80 90,00 103,80 --- 90,00 90,00 90,00 --- Fonte: O autor, 2013. Observa-se na tabela 11 os parâmetros de qualidade do refino, onde o valor obtido para S na amostra produzida pelo método de acetato foi igual a 1.3, estando assim dentro do 105 limite do refino considerado satisfatório por Young (1995). Já a mostra produzida por reação de estado sólido apresentou um S de 2.0, considerado neste caso, um ótimo valor para refinos em amostras com 4 (quatro) fases, quando comparado a refinos realizados com o mesmo número de fases e obtenção de um valor para S igual a 3.89 (OZOLINS; MAJZOUB; UDOVIC, 2003). Devido à grande dificuldade encontrada em fazer o refino da amostra dopada com 1,0% de Cr3+ produzida por reação de estado sólido, segue em anexo o Apêndice C contendo o refino detalhado da amostra produzida pelo método de acetato. Os arquivos PCRs desta amostra foram ajustados aos dados de DRX da amostra produzida por reação de estado sólido, possibilitando assim a execução deste refino. Nas Tabelas 12 e 13 observa-se que não houve alteração significativa entre os parâmetros cristalinos tabelados e refinados. Somente a titulo de demonstração ao se comparar o valor do parâmetro tabelado da célula unitária da fase GaNbO4, a (Å) = 12,66, verifica-se que o valor refinado passa para 12, 46 tanto para a amostra produzida por reação de estado sólido quanto para amostra produzida pelo método de acetato, logo ocorre uma pequena variação na primeira casa decimal, dando prosseguimento a análise conclui-se que a estrutura cristalina permanece inalterada para todas as fases. Conclui-se, baseada nos resultados obtidos com o refino, que ambos os métodos utilizados para produção das amostras são viáveis para obtenção da fase GaNbO4, porém a fase GaNbO4 representa em massa percentual na formação das amostras produzidas pelo método de acetato e reação de estado sólido, respectivamente 91,30% e 20,61%. 7.3 Microscopia Eletrônica de Varredura Na figura 33 mostra-se a fotomicrografia de Microscopia Eletrônica de Varredura das amostras dopadas com 1,0% de Cr3+, produzidas por reação de estado sólido (a) e pelo método de acetato (b). A Fotomicrografia de MEV está de acordo com as medidas de DRX, pois a morfologia das amostras é bem diferente, para a amostra produzida por reação de estado 106 sólido indexou-se quatro fases ( Nb2O5, β – Ga2O3, GaNbO4 e GaNb11O29) enquanto para amostra produzida pelo método de acetato encontrou-se três fases (GaNbO4, GaNb11O29 e β – Ga2O3) com uma distribuição mais homogênea dos grãos. Conclui-se, baseada nos resultados da DRX e visualizando na fotomicrografia de MEV, que a reação entre os óxidos é parcial para amostra produzida por reação de estado sólido (a) e com pouquíssimo resíduo, para amostra produzida pelo método de acetato (b), pois os grãos estão mais homogêneos na fotomicrografia da amostra produzida pelo segundo método em relação ao primeiro com a mesma medida de ampliação. Ao considerar o refino, verificou-se o resíduo de apenas 3,94% em massa da fase β – Ga2O3 na amostra produzida pelo método de acetato (b), um percentual muito pequeno se comparado ao resíduo de 38,45% na amostra produzida por reação de estado sólido (a). Confirmando assim na fotomicrografia da MEV realizada com a mesma medida de ampliação de 4000X para ambas as amostras, a visualização das estruturas poligonais com maior ou menor definição, diretamente relacionadas com a reação parcial com maior ou menor intensidade dos óxidos, respectivamente. Figura: 33: Fotomicrografia de Microscopia Eletrônica de Varredura Legenda: amostras dopadas com 1,0% de Cr3+, produzidas por reação de estado sólido (a) e pelo método de acetato (b). Fonte: O autor, 2013. 107 De posse da identificação das amostras realizadas pela caracterização estrutural e antes de dar início ao estudo das espectroscopias ópticas é importante salientar que o potencial eletrostático gerado pelos ligantes no ponto de ocupação do íon impureza quando os metais de transição são inseridos na rede cristalina dão origem ao campo cristalino. Para a rede hospedeira MgGa2O4 existem dois possíveis sítios de ocupação que são os octaédricos e tetraédrico (COSTA et al., 2009), já para a amostra composta por GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 os sítios de ocupação para todas as fases presentes são octaédricos (MOROSIN; ROSENZWEIG, 1964), (NOGALES et al., 2007), (DEJNEKA; CHAPMAN; MISTURE, 2011). 108 8 ESPECTROSCOPIAS ÓPTICAS DAS AMOSTRAS GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3:Cr3+. As medidas de fotoacústica e fotoluminescência foram realizadas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) e no Laboratório Multiusuário de Espectroscopia do Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), respectivamente. 8.1 Espectros de Fotoacústica Os equipamentos utilizados para as medidas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram uma lâmpada de Xenônio de 1kw da Osram acoplada a um chopper que fixou a frequência da luz em 20 Hz, escolhida após vários testes realizados variando a freqüência de modulação, pois foi a que apresentou maior intensidade na obtenção das medidas fotoacústicas. O monocromador utilizado foi o 9010 Sciencetch que fez uma varredura na amostra com luz de excitação entre 350 nm e 800 nm. A luz de excitação foi modulada com um chopper SR 540, o som ocasionado pela variação de pressão no gás dentro da célula fotoacústica foi captado por um microfone comercial elétrico e uma janela de quartzo. O sinal fotoacústico foi analisado com um lock-in SR 530 e os dados ópticos foram corrigidos pela resposta de detecção do sistema. Os equipamentos utilizados para as medidas no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) foram uma lâmpada de Xenônio de 250 W com potência fixa em 180W da Newport acoplada a um chopper que fixou a frequência de modulação em amplitude da luz em 5 Hz. O monocromador utilizado foi ¼ m da Oriel 77200, com grades de difração modelo 77233, densidade 1200 linhas/mm, comprimento de onda indicado de 350 nm, fazendo uma varredura na amostra com luz de excitação entre 350nm e 800nm. A luz de excitação foi modulada com um chopper da marca Oriel, modelo 75095 selecionada por um espectrômetro Oriel modelo 77200, o sinal fotoacústico foi captado por um microfone da marca B&K modelo 4166. O sinal fotoacústico 109 foi analisado com um lock-in Stanford e os dados ópticos foram corrigidos pela resposta de detecção do sistema. Os espectros das medidas fotoacústicas a temperatura ambiente das amostras GaNbO4GaNb11O29-Ga2O3:1,0% de Cr3+ realizadas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA) produzidas por (a) reação de estado sólido, (b) método de acetato e realizadas no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) produzidas por (c) reação de estado sólido, (d) método de acetato são mostradas na figura 34. 110 Figura 34: Espectros das medidas fotoacústicas a temperatura ambiente das amostras GaNbO4GaNb11O29-Ga2O3:1,0% de Cr3+ (a ) T2(4F) S in a l d a fo to a cu stica (u .a ) 4 (b) 4 T2(4F) 4 T1(4F) 4 T1(4F) 300 400 500 600 700 800 C o m p rim e n to d e o n d a (n m ) 300 400 500 600 700 800 Comprimentodeonda(nm) (b) (c)(a) (d) (a ) 4 T2(4F) (b) T1(4F) fotoacustica .a ) a cu stica (u(u.a) fo to a l d a da S inSinal 4 4 300 400 300 T1(4F) 500 4 T2(4F) 600 700 Comprimento 400 500 de Onda 600 (nm) 700 800 300 800 C o m p rim e n to d e o n d a (n m ) 400 500 600 700 300 Comprimento 400 500 de Onda 600 (nm) 700 800 800 omInstituto primentodede OndFísica a(nm) da Universidade Legenda: Medidas realizadas no Laboratório de Fotoacústica C do Federal da Bahia (UFBA) produzidas por (a) reação de estado sólido, (b) método de acetato e realizadas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) produzidas por (c) reação de estado sólido, (d) método de acetato. ) Fonte: O autor, 2013. (a ) (b) 111 As medidas de fotoacústica realizadas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA) mostradas na figura 34 apresentaram bandas de transferência de carga na região do ultravioleta e bandas de absorção centradas em 497 nm e 688 nm para amostra produzida por reação de estado sólido (a) e 477 nm e 683 nm para amostra produzida pelo método de acetato (b). As bandas de absorção em ambas as amostras foram associadas à transição eletrônica d-d do íon Cr3+ em sítio octaédrico 4A2(4F) → 4T1(4F) e 4 A2(4F) → 4 T2(4F) direcionadas da região de alta energia para baixa energia, seqüencialmente (MARFUNIN., 1979), (CAIRD et al., 1988), (ÖRÜCÜ; COLLINS; DI BARTOLO, 2010), (KIRAN et al., 2011), (SILVA; BARTHEM; SOSMAN, 2006). Os valores dos parâmetros de campo cristalino Dq e Racah B, C foram calculados, utilizando os baricentros das bandas de absorção da figura 34 (a) e (b), transformados em energia, nas equações provenientes das matrizes de Tanabe – Sugano para a configuração d3 (TANABE; SUGANO, 1954), (MARFUNIN, 1979), (HENDERSON, IMBUSCH, 1989). Os cálculos podem ser vistos de forma detalhada no apêndice G. As intensidades obtidas para as amostras produzidas por (a) reação de estado sólido e (b) pelo método de acetato foram: Dq = 1453 cm-1, B = 550 cm-1, C = 2202 cm-1, (Dq/B = 2,6) e Dq = 1464 cm-1, B = 650 cm-1, C = 2600 cm-1, (Dq/B = 2,3), respectivamente. As intensidades do campo cristalino Dq obtidas estão de acordo com as referências para o íon Cr3+ em sítio octaédrico (WANG et al., 2008), (GRINBERG et al., 2002), (SOSMAN et al., 2007), (TANABE; SUGANO, 1954). Os parâmetros de repulsão intereletrônica B obtidos para amostras produzidas por reação de estado sólido (a) e pelo método de acetato (b) são cerca de 53% e 63% do valor do íon livre 1030 cm-1(FIGGS, 1976), indicando assim uma forte sobreposição entre os orbitais dopante–ligante. Logo, esta ligação possui um caráter intensamente covalente (GIRIDHAR; SASTRY; RANGACHARYULU, 2011), (LI et al., 2010). Observam-se também no espectro (a) uma estrutura em 737 nm localizada na banda 4 A2(4F) → 4T2(4F) e em (b) uma estrutura em 499 nm na banda 4A2(4F) → 4T1(4F) e mais duas estruturas posicionadas em 699 nm e 729 nm na banda 4A2(4F) → 4T2(4F), que de acordo com as posições observadas e consultando o digrama de Tanabe Sugano, não podem ser atribuídas a transições devido a absorção do íon Cr3+ em algum dos possíveis sítios octaédricos presentes no sistema GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3. Então, visando tentar observar bandas nos 112 espectros que somente indiquem a absorção do íon Cr3+, optou-se por refazer as medidas utilizando novas condições de aquisição no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo). As medidas de fotoacústica realizadas no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) mostradas na figura 34 (c) e (d). Os dados experimentais são os círculos pretos e a linha contínua é a convolução das três curvas gaussianas (linhas pontilhadas), os espectros de absorção apresentaram bandas centradas em 467 nm e 682 nm para amostra produzida por reação de estado sólido (c) e 463 nm e 671 nm para amostra produzida pelo método de acetato (d). As bandas de absorção em ambas as amostras foram associadas à transição eletrônica d-d do íon Cr3+ em sítio octaédrico 4 A2(4F) → 4 T1(4F) e 4A2(4F) → 4 T2(4F) na região de alta energia e baixa energia, respectivamente. As bandas em alta energia em ambos os espectros foram associadas à transição 4A2(4F) → 4T1(4P), estando bem definidas nos espectros (a) e (b). Os valores dos parâmetros de campo cristalino Dq e Racah B, C foram calculados. As intensidades obtidas para as amostras produzidas por (c) reação de estado sólido e (d) pelo método de acetato foram: Dq = 1466 cm-1, B = 703 cm-1, C = 2814 cm-1, (Dq/B = 2,0) e Dq = 1490 cm-1, B = 701 cm-1, C = 2803 cm-1, (Dq/B = 2,1), respectivamente. As intensidades do campo cristalino Dq obtidas estão de acordo com as referências para o íon Cr3+ em sítio octaédrico, assim como as intensidades observadas nos espectros (a) e (b). Os cálculos podem ser vistos de forma detalhada no apêndice H. Os parâmetros de repulsão intereletrônica B obtidos para amostras produzidas por reação de estado sólido (c) e pelo método de acetato (d) são cerca de 68% do valor do íon livre 1030 cm-1, indicando assim uma forte sobreposição entre os orbitais dopante–ligante. Logo, esta ligação possui um caráter intensamente covalente, assim como a ligação observada nos espectros (a) e (b). Conclui-se que a não homogeneidade das bandas observadas nos espectros da figura 34 foram ocasionadas pela presença de três possíveis sítios ocupacionais GaNbO4GaNb11O29-Ga2O3 em cada amostra. Como se pode observar na composição das amostras, as fases presentes possuem o íon Ga3+ que são substituídos pelo íon impureza Cr3+, assim os espectros são formados pelas transições de todos os sítios absorvedores presentes nas 113 amostras, conseqüentemente o baricentro das absorções e os parâmetros de energia obtidos são valores médios, não podendo então ser atribuídos a um sítio específico. 8.2 Espectros de Fotoluminescência Os espectros de fotoluminescência e excitação foram obtidos utilizando uma lâmpada de Xenônio de 75W acoplada ao espectrômetro QuantaMasterTM UV VIS. A figura 35 mostra os espectros de fotoluminescência com as curvas gaussianas (linhas pontilhadas) e a convolução das gaussianas (linha contínua) à temperatura ambiente das amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1% de Cr3+ excitadas com comprimento de onda de 400 nm, produzidas por: (a) reação de estado sólido e (b) método de acetato. Os espectros foram ajustados com três curvas gaussianas, que estão centradas em: (a) 669 nm, 690 nm, 713 nm e (b) 671 nm, 689 nm, 708 nm. Figura 35: Espectros de fotoluminescência à temperatura ambiente das amostras GaNbO4GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com 1% de Cr3+ excitadas com comprimento de onda de 400 nm. 4 T2(4F) 4 A2(4F) 4 T2(4F) 4 A2(4F) Legenda: produzidas por (a) reação de estado sólido e (b) método de acetato. Fonte: O autor, 2013. 114 As bandas observadas em 690 nm e 689 nm, figura 5.9 (a) e (b), respectivamente, foram associadas à transição 4T2(4F) → 4A2(4F) do Cr3+ na fase Ga2O3 em simetria octaédrica (SOSMAN et al., 1995), (SILVA et al., 2013). As bandas observadas na figura 35 (a) 669 nm, 713 nm, em (b) 671 nm e 708 nm tem um formato que indica a transição 4T2(4F) → 4A2(4F) do Cr3+ em simetria octaédrica sobre a ação de um campo cristalino intermediário (GRINBERG et al., 2002) , (SOSMAN et al., 2007). Logo, as bandas podem ser atribuídas a emissão do Cr3+ em um dos sítios octaédricos GaNbO4, GaNb11O29, ou em ambos os sítios, não conseguindo identificar a ocupação pelo íon impureza na fase em que ocorre a emissão. Assim, visando identificar o(s) sítio(s) em que o Cr3+ emite, realizaram-se medidas de excitação em temperatura ambiente, mostradas na figura 36 com as emissões posicionadas em 669 nm, 690 nm e 710 nm. Figura 36: Espectro de excitação a temperatura ambiente (a) (b) 4 4 T2(4F) 4 Excitaçمo da fotoluminescência T1( F) 4 T2(4F) 4 T1(4F) 710 nm 710 nm 690 nm 690 nm 669 nm 669 nm 400 450 500 550 600 650 Comprimento de Onda (nm) 700 400 450 500 550 600 650 700 Comprimento de onda (nm) Legenda: amostras produzidas por (a) reação de estado sólido e (b) método de acetato, com emissões monitoradas em 669 nm (círculos preenchidos em preto), 690 nm (círculos preenchidos em branco) e 710 nm (quadrados em branco). Fonte: O autor, 2013. 115 A figura 36 apresenta espectros característicos do Cr3+ em simetria octaédrica, as bandas posicionadas da região de alta energia para a região de baixa energia são associadas à transição 4A2(4F) → 4T1(4F) e 4A2(4F) → 4T2(4F), respectivamente (SOSMAN et al., 1995). A figura 36 (a) mostra espectros similares, a banda 4T2 (4F) monitorada em 710 nm apresenta um pequeno desvio para a região do vermelho. As posições dos comprimentos de onda das bandas de excitação monitoradas em 669 nm, 690 nm e 710 nm são respectivamente: 4A2(4F) → 4T1(4F) em 439 nm, 444 nm e 447 nm, 4A2(4F) → 4T2(4F) em 553 nm, 565 nm e 574 nm. A figura 36 (b) mostra a banda 4T2 (4F) monitorada em 710 nm com um grande deslocamento na região do vermelho. As posições dos comprimentos de onda das bandas de excitação monitoradas em 669 nm, 690 nm e 710 nm são respectivamente: 4A2(4F) → 4T1(4F) em 413 nm, 417 nm e 465 nm, 4A2(4F) → 4T2(4F) em 541 nm, 557 nm e 679 nm. Os parâmetros de campo cristalino Dq e Racah B e C foram obtidos para cada um dos seis espectros de excitação. Os cálculos podem ser vistos de forma detalhada no apêndice I. As amostras produzidas por reação de estado sólido apresentaram intensidade de campo cristalino e parâmetros de Racah B, C em total desacordo com os valores encontrados na literatura (MARFUNIN., 1979), (WANG et al., 2009), (FLOWER et al., 2007), (GIRIDHAR; SASTRY; RANGACHARYULU, 2011), (KIRAN et al., 2011), (MILOS et al., 2008); apresentando uma relação Dq/B > 4,0 para o Cr3+ em simetria octaédrica, visto que a relação Dq/B na literatura para o Cr3+ em simetria octaédrica varia entre 1,5 ≤ Dq/B ≤ 3 (MARFUNIN., 1979). Esta restrição ao intervalo da relação Dq/B pode ser facilmente entendida quando se sabe que íons do grupo 3d estão sob a ação do campo cristalino de média intensidade, logo Dq deve variar entre (1000 – 2000) cm-1 em simetria octaédrica (MARFUNIN., 1979). O parâmetro de Racah B do íon livre é 1030 cm-1 (FIGGS, 1976), quando inseridos na rede hospedeira apresentam valores de B inferiores ao do íon livre, pois fornecem a intensidade da covalência na ligação íon-ligante, resultando na relação Dq/B restrita ao intervalo mencionado acima. Já as amostras produzidas pelo método de acetato, apresentaram valores em acordo com a literatura somente para o espectro de excitação com a emissão monitorada em 710 nm, cujos valores obtidos foram Dq = 1473 cm-1, B = 717 cm-1, C = 2870 e Dq/B = 2,05. 116 O espectro de excitação (b) com a emissão monitorada em 690 nm apresentou valores de Dq = 1795 cm-1, B = 575 cm-1, C = 2302 cm-1 e Dq/B = 3,1. A emissão monitorada em 690 nm, como foi mostrada anteriormente, refere-se ao Cr3+ na fase Ga2O3 em simetria octaédrica, onde a intensidade de campo cristalino e parâmetro de racah B no espectro de fotoacústica em (SOSMAN et al., 1995) foi Dq = 1614 cm-1, B = 598 cm-1 e Dq/B = 2,7. A percentagem de erro para a relação Dq/B na amostra produzida pelo método de acetato é aproximadamente 14%. A diferença na relação Dq/B pode ser atribuída a possibilidade de ocupação do dopante Cr3+ em mais de um sítio octaédrico presente na amostra estudada, sendo eles GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 e os valores obtidos são provenientes das medidas de excitação com a emissão monitorada em 690nm, ou seja acredita-se que a excitação seja referente a emissão do dopante na fase Ga2O3, já nas medidas provenientes do espectro de fotoacústica (SOSMAN et al., 1995) os valores obtidos refletem a absorção de todos os centros absorvedores presentes na amostra, neste caso além do dopante Cr3+ na rede hospedeira Ga2O3 em simetria octaédrica, têm-se a absorção feita pelos íons Ga3+. Assim, os resultados ópticos em conjunto com os dados obtidos no refinamento confirmam que a emissão em 690 nm é proveniente do Cr3+ na fase Ga2O3 em simetria octaédrica, pois também se pode relacionar a intensidade da emissão com a quantidade de massa da fase. A amostra produzida por reação de estado sólido apresenta sua composição em massa de 38% da fase Ga2O3, 20% de GaNbO4 e 22% de GaNb11O29, observando-se que a maior composição da amostra refere-se a fase Ga2O3 e coincidentemente a banda mais intensa do espectro de fotoluminescência da figura 35 (a) é em 690 nm, atribuída a emissão do Cr3+ na fase Ga2O3, dando continuidade na análise têm-se que as intensidades das emissões em 669nm e 710nm são similares, ou seja respectivamente, 58% e 62% da intensidade da emissão em 690nm, concordando com a proporção de massa das fases GaNbO4 e GaNb11O29 nesta amostra. A amostra produzida pelo método de acetato apresenta sua composição em massa de 4% da fase Ga2O3, 91% de GaNbO4 e 5% de GaNb11O29, observando-se que a emissão em 690nm, associada a 4% em massa da fase Ga2O3, é mais fraca em relação a emissão em 710nm, que por sua vez é a mais intensa do espectro. A emissão em 669nm é cerca de 20% da emissão em 710nm, o que nos leva a crer que a emissão em 669 nm poderia ser associada à 117 emissão do Cr3+ na fase GaNb11O29 e a emissão em 710nm seria do Cr3+ na fase predominante nesta amostra GaNbO4, sendo todas as emissões associadas a transição 4T2(4F) → 4A2(4F) do íon Cr3+ em simetria octaédrica. Porém, a separação das bandas não foi possível nos espectros de excitação, logo não se pode afirmar que as bandas observadas nos espectros de emissão são de um sítio característico ou dois em conjunto. 8.3 Níveis de energia do Diagrama de Tanabe sugano A figura 37 mostra os níveis de energia, obtidos nas medidas de absorção e luminescência do Cr3+em sitio octaédrico na rede GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3, do Diagrama de Tanabe Sugano. Figura 37: Níveis de energia da absorção e luminescência do Cr3+ em sítio octaédrico (a) 35000 (b) 35000 30000 30000 25000 14513 14025 14492 14947 14534 0 4 T2( F) ) 10000 20964 5000 4 14124 10000 15000 14903 4 T2( F) T1( F) 14641 4 4 20000 20964 15000 4 4 T1( F) -1 4 20000 Energia (cm Energia (cm -1 ) 25000 5000 4 4 A2( F) 0 4 4 A2( F) Legenda: reação de estado e (b) método de tetraédrico, acetato, Gráfico 5.2.3.1:amostras Níveis produzidas de energia por das (a) amostras MgGa absorvendo em sitio linhas 2O4sólido linhas contínuas são absorções observadas e os pontos as emissões. cheias são absorções observadas e linhas pontilhadas as absorções não observadas, sem emissão (a) i2+ 0,1%Fonte: Ni2+; (b) 0,5% N . O autor, 2013. 118 Na figura 37 observam-se os níveis de energia da absorção e luminescência do Cr3+em sítio octaédrico nas amostras produzidas por (a) reação de estado sólido e (b) método de acetato. Em (a) visualiza-se a absorção do estado fundamental 4A2(4F) de 20964 cm-1, 14534 cm-1 aos estados 4T1(4F), 4T2(4F), respectivamente e emissões do estado 4T2(4F) ao fundamental com energias de 14947 cm-1, 14492 cm-1 e 14025 cm-1. Em (b) observa-se a absorção do estado fundamental 4A2(4F) de 20964 cm-1, 14641 cm-1 aos estados 4 T1(4F), 4 T2(4F), respectivamente e emissões do estado 4 T2(4F) ao fundamental com energias de 14903 cm-1, 14513 cm-1 e 14124 cm-1. As emissões observadas em 669 nm na amostra produzida por reação de estado sólido e em 671 nm nas amostras produzidas pelo método de acetato, possuem energia de emissões maiores que as de absorção, este fato é facilmente explicado levando-se em consideração que em ambas as amostras existem três sítios de ocupação para o dopante, assim esta emissão como já foi dito anteriormente pode ser devido ao Cr3+ nas fases GaNbO4GaNb11O29 e além disso o espectro de absorção reflete a absorção de todos os centros absorvedores presentes nas amostras. 119 CONCLUSÕES De acordo com as pesquisas realizadas e expostas nesta tese, que vão desde produção das amostras, caracterização a estudos das espectroscopias, pôde-se concluir que: Amostras MgGa2O4 dopadas com Ni2+ Apresentaram-se homogêneas e observou-se que ao aumentar a concentração do dopante em seu preparo, um aumento com variação gradativa da tonalidade verde ocorria no intervalo de concentração utilizado. A caracterização estrutural por difração de raios X indicou a obtenção da fase almejada MgGa2O4 na amostra dopada com 0,1%. As amostras dopadas com 0,5% e 1,0% apresentaram duas fases em sua composição, MgGa2O4 e β-Ga2O3. O refino pelo método de Rietveld mostrou a existência somente da fase espinel MgGa2O4 na amostra dopada com 0,1%. As amostras dopadas com 0,5% e 1,0% de Ni2+apresentaram-se compostas em massa, respectivamente por: 74% e 71% do galato de magnésio (MgGa2O4), seguidas por 26% e 29% do óxido de gálio (Ga2O3). A Microscopia Eletrônica de Varredura complementa e ratifica o que foi constatado com a DRX e o refino, pois a amostra dopada com 0,1%, cuja reação dos óxidos foi total, apresentou uma distribuição dos grãos mais homogênea em relação às amostras dopadas com 0,5% e 1,0%, que apresentaram morfologia similar entre si. As observações indicam uma possibilidade de uma mudança na morfologia com o aumento na concentração do dopante utilizado. Observaram-se nos espectros de fotoacústica a temperatura ambiente que as bandas associadas ao Ni2+ em sitio octaédrico na amostra dopada com 1,0% são mais intensas em relação às mesmas transições em menores dopagens. Os aumentos nas intensidades estão associados ao acréscimo na concentração do dopante, sem alteração da rede hospedeira, significando então um aumento dos centros absorvedores presentes na amostra, logo as transições serão mais intensas em relação às amostras de menores dopagens, justificando assim a visualização de bandas associadas às transições em sitio tetraédrico somente nas amostras dopadas com 1,0% de Ni2+. 120 A partir dos espectros de fotoacústica foi possível identificar bandas de absorção do Ni2+ em sitios com simetrias octaédrica e tetraédrica, os parâmetros de energia obtidos a partir deste espectro para a amostra dopada com 1,0% de Ni2+ são Dq= 1000 cm-1, B = 783 cm-1 e C= 2879 cm-1. A intensidade do campo cristalino obtido é característica da ocupação do dopante em simetria octaédrica e o valor do parâmetro de Racah B indica uma forte ligação covalente. Os espectros de fotoluminescência a temperatura ambiente apresentaram duas bandas que estão localizadas na região de alta e baixa energia, estendendo-se do verde ao vermelho e do vermelho ao infravermelho próximo, associadas às transições1T2(1D) → 3 A2(3F) e 1T2(1D) → 3T2(3F) do Ni2+ em simetria octaédrica, respectivamente. Nos espectros de fotoluminescência nota-se que com o aumento na dopagem ocorre um deslocamento das bandas de baixa energia para maiores comprimentos de onda. Este fato pode ser explicado através da observação do espectro de fotoacústica da amostra de 1,0%, que mostrou a banda de absorção mais intensa entre (600-700) nm, concluindo assim que a luminescência nesta região é reduzida devido à absorção dos fótons emitidos pelos íons Ni2+ vizinhos. Amostras GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3 dopadas com Cr3+ Ambos os métodos utilizados para produção forneceram amostras homogêneas, porém observou-se que a tonalidade verde é mais intensa na amostra produzida pelo método de acetato. A caracterização estrutural por difração de raios X indicou a presença das fases GaNbO4, GaNb11O29, β-Ga2O3 e Nb2O5 nas amostras produzidas por reação de estado sólido e as três primeiras pelo método de acetato. O refino de Rietveld quantificou a percentagem em massa de cada fase na composição das amostras, sendo as fases GaNbO4, GaNb11O29, Ga2O3 e Nb2O5 com a percentagem em massa na amostra produzida por reação de estado sólido de 20,61%, 22,51%, 38,45% e 18,44, enquanto na amostra produzida pelo método de acetato as percentagem em massa foram de 91,30%, 4,76%, 3,94% e 0%, respectivamente. De acordo com as análises da DRX e refino, concluiu-se que ambos os métodos empregados para o preparo das amostras fornecem a fase almejada GaNbO4, porém esta não 121 aparece como fase única. O método de acetato forneceu uma maior percentagem em massa de GaNbO4 na composição da amostra, logo considera-se este método mais eficiente para obtenção da fase almejada. O MEV expôs uma morfologia distinta entre as amostras produzidas por reação de estado sólido e método de acetato, cuja diferença se deve principalmente a distribuição dos grãos, que são bem mais uniformes para amostra produzida pelo método de acetato. Os espectros ópticos foram associados à transição eletrônica d-d do íon Cr3+ em campo cristalino intermediário com simetria octaédrica no sistema GaNbO4-GaNb11O29Ga2O3. Os espectros de fotoacústica a temperatura ambiente das amostras, produzidas pelos dois métodos aqui expostos apresentaram bandas de absorção associadas à transição eletrônica d-d do íon Cr3+ em sítio octaédrico 4A2(4F) → 4T1(4F) e 4A2(4F) → 4T2(4F) direcionadas da região de alta energia para baixa energia. As medidas de fotoacústica realizadas no Laboratório de Fotoacústica do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresentaram bandas de absorção centradas em 497 nm e 688 nm para amostra produzida por reação de estado sólido, 477 nm e 683 nm para amostra produzida pelo método de acetato. As medidas de fotoacústica realizadas no Laboratório de Caracterização Óptica e Térmica do Instituto Politécnico da UERJ (Nova Friburgo) apresentaram bandas centradas em 467 nm e 682 nm para amostra produzida por reação de estado sólido e 463 nm e 671 nm para amostra produzida pelo método de acetato. A partir dos espectros de fotoacústica foi possível obter a intensidade do campo cristalino Dq e dos parâmetros de racah B e C. As intensidades obtidas para as amostras produzidas por reação de estado sólido e pelo método de acetato estão de acordo com as referências para o íon Cr3+ em sítio octaédrico. Os parâmetros de repulsão intereletrônica B obtidos para amostras produzidas por reação de estado sólido e pelo método de acetato indicam uma forte sobreposição entre os orbitais dopante–ligante. Logo, esta ligação possui um caráter intensamente covalente. Os espectros de fotoluminescência a temperatura ambiente apresentaram três bandas em ambas as amostras. O baricentro das curvas gaussianas na amostra produzida por 122 reação de estado sólido e método de acetato, foi localizado em 669 nm, 690 nm, 713 nm e 671 nm, 689 nm, 708 nm, respectivamente. Os baricentros posicionados em 690 nm e 689 nm foram atribuídos a transição 4T2(4F) → 4A2(4F) do íon Cr3+ na fase β-Ga2O3. As outras bandas foram atribuídas à transição 4T2(4F) → 4A2(4F) do Cr3+ em simetria octaédrica, porém não foi possível identificar em qual fase ou se em ambas as fases GaNbO4-GaNb11O29 ocorre a emissão do Cr3+. Apesar de aparentemente a intensidade das emissões estarem relacionadas à percentagem em massa de cada fase, não se pode afirmar a que fase está relacionada cada emissão somente baseada na relação intensidade de emissão versus percentagem de massa da fase. Precisa-se saber, para se poder fazer a afirmação em que fase ocorrem as emissões ainda não identificadas, a taxa de ocupância do Cr3+ na fase GaNbO4 e GaNb11O29 e a dependência da luminescência com a concentração do dopante Cr3+. Ainda nas medidas de fotoluminescência se observaram que os espectros são similares em formato para ambas as amostras, apesar das diferentes proporções em massa das fases, porém o espectro da amostra produzida pelo método de acetato apresenta bandas mais estreitas quando comparadas as produzidas por reação de estado sólido. Logo, acredita-se que as amostras produzidas por reação de estado sólido sejam mais interessantes em aplicações ópticas por possuírem bandas ajustáveis mais amplas. As pesquisas realizadas e aqui divulgadas indicam que as amostras possuem grandes aplicabilidades ópticas, são elas: lasers de estado sólido, painel de tela de plasma, dispositivos catodoluminescentes e eletroluminescentes, amplificadores de bandas largas, diodos verde-amarelo no caso específico das amostras dopadas com Ni2+, dispositivos para imagens de raios X e de detecção de radiação no caso específico das amostras dopadas com Cr3+, entre outras. As amostras podem ser facilmente reproduzidas e possuem grande qualidade óptica, pois possuem bandas largas e intensas na região do visível e infravermelho próximo, cujos resultados aqui mostrados são validados pelos cálculos e pesquisas, ambos realizados de forma minuciosa e embasados na literatura. As perspectivas de pesquisas futuras são direcionadas para as amostras dopadas 3+ com Cr , visando identificar as fases responsáveis pelas emissões ainda não elucidadas e verificando a dependência da luminescência com a concentração do íon Cr3+, pois até o momento já se sabe que ao dopar a amostra com 10% de Cr3+, ocorre uma mudança da 123 coloração verde mostrada aqui para amostra dopada com 1,0% de Cr3+ para cor rosa, indicando assim uma mudança na valência do dopante. Em suma, destaca-se que as pesquisas realizadas nesta tese deram origem a publicações intituladas como “Optical and structural properties of Ni2+ -doped magnesium gallate polycrystalline samples”, G. K. B. Costa et al., Journal of Alloys and Compounds 534 (2012) 110-114 e “Optical and Structural Properties of Chromium Impurities in NiobiumGallium Oxide”, G. K. B. Costa et al., em fase de submissão à revista internacional. 124 REFERÊNCIAS AAMODT, T. I. Characterization of ZnS:Cr films for Intermediate Band Solar Cells. 2011. 116 f. Tese (Doutorado) – Norwegian University of Science and Technology. BARBOSA, L. Mini curso – Cristalografia e Difração de Raios-X: Terceira Aula – O Difratômetro . Disponível em: <www.cbpf.br/~raiox/Minicurso_RX_Laudo_3.ppt>. Acesso em: 05 mar. 2008. BLASSE, G; GRABMAIER, B.C. Luminescent Materials. Berlin: Springer-verlag, 1994. 233 p. BRIK, M.G. et al. Crystal field analysis of the absorption spectra and electron–phonon interaction in Ca3Sc2Ge3O12:Ni2+. Journal of Physics and Chemistry of Solids, [s.l], p. 738744. 14 nov. 2005. CAIRD, J. A. et al. Quantum Electronic Properties of the Na3Ga2Li3F12:Cr3+ laser. 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Transparent Ni2+ - doped lithium-alumino-silicate glass-ceramics for broadband near-infrared light source. Journal of Physics D: Applied Physics, [S.l], p. 2472-2475. 04 apr.2007. 130 APÊNDICE A – Cálculo dos componentes utilizados para produção das amostras dopadas com Ni2+. A produção do composto MgGa2O4: Ni2+ é feita pela reação de estado sólido dos componentes MgO, Ga2O3 e Ni(OH)2. Assim, acredita-se que o átomo de Níquel irá substituir o Magnésio, devido à igualdade das valências, logo quando a amostra é dopada com uma quantidade y de Ni2+, essa mesma quantidade será extraída do Mg. Escrevendo a equação que representa essa reação balanceada, temos: (1-y)MgO + yNi(OH)2 + Ga2O3 Mg(1-y)NiyGa2O4 + yH2O (1) A dopagem de 0,1% de Ni2+ equivale fazer y = 0,001, resultando (equação 1) (1-0,001)MgO + 0,001Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(1-0,001)Ni0,001Ga2O4 + 0,001H2O (0,999)MgO + 0,001Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(0,999)Ni0,001Ga2O4 + 0,001H2O Cálculo das massas dos átomos, Massa Molecular (MM): MM(Mg) x 0,999 = 24,305g x 0,999 = 24,280g MM(Ni) x 0,001 = 58,693g x 0,001 = 0,058g MM(Ga) x 2 = 69,72g x 2 = 139,44g 131 MM(O) x 4 = 15,999g x 4 = 63,996g Massa Molecular do composto MgGa2O4 : Ni2+ Mg(0,999)Ni0,001Ga2O4 = 24,280g + 0,058g + 139,44g + 63,996g = 227,77g Massa Molecular dos componentes óxidos 0,999MgO = 0,999 x [MM(Mg) + MM(O)] = 0,999 x [24,305 + 15,999] = 40,263g Ga2O3 = 2 x MM(Ga) + 3 x MM(O) = 2 x 69,72 + 3 x 15,999 = 187,437g 0,001Ni(OH)2 = 0,001 x [MM(Ni) + 2 x MM(H) + 2 x MM(O)] = 0,001 x [ 58,693 + 2 x 1,007 + 2 x 15,999] = 0,092g Cálculo das massas para formar 1g do composto MM do composto ------------MM do componente óxido------ 1g z 132 0,999 MgO: 227,77 g ---------------------1 g 40,263 g --------------------- z z = 40,263 0,176 g 227,77 Ga2O3: 227,77 g -------------- 1 g 187,437 g ------------- z z = 187,437 0,822 g 227,77 0,001Ni(OH)2: 227,77 g ---------------- 1 g 0,092 g ---------------- z z = 0,092 0,0004 g 227,77 Cálculo dos componentes utilizados para a produção da amostra dopada com 0,5% de Ni2+.A dopagem de 0,5% de Ni2+ equivale fazer y = 0,005, resultando (equação 1) (1-0,005)MgO + 0,005Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(1-0,005)Ni0,005Ga2O4 + 0,005H2O (0,995)MgO + 0,005Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(0,995)Ni0,005Ga2O4 + 0,005H2O Cálculo das massas dos átomos, Massa Molecular (MM): 133 MM(Mg) x 0,995 = 24,305g x 0,995 = 24,183g MM(Ni) x 0,005 = 58,693g x 0,005 = 0,293g MM(Ga) x 2 = 69,72g x 2 = 139,44g MM(O) x 4 = 15,999g x 4 = 63,996g Massa Molecular do composto MgGa2O4 : Ni2+ Mg(0,995)Ni0,005Ga2O4 = 24,183g + 0,293g + 139,44g + 63,996g = 101,91g Massa Molecular dos componentes óxidos 0,995MgO = 0,995 x [MM(Mg) + MM(O)] = 0,995 x [24,305 + 15,999] = 40,102g Ga2O3 = 2 x MM(Ga) + 3 x MM(O) = 2 x 69,72 + 3 x 15,999 = 187,437g 0,005Ni(OH)2 = 0,005 x [MM(Ni) + 2 x MM(H) + 2 x MM(O)] = 0,005 x [ 58,693 + 2 x 1,007 + 2 x 15,999] = 0,463g Cálculo das massas para formar 1g do composto 134 MM do composto ------------MM do componente óxido------ 0,995 MgO: 1g z 101,91 g ---------------------1 g 40,102 g --------------------- z z = 40,102 0,393g 101,91 Ga2O3: 101,91 g -------------- 1 g 187,437 g ------------- z z = 187,437 1.839 g 101,91 0,005 Ni(OH)2: 101,91 g ---------------- 1 g 0,463 g ---------------- z z = 0,463 0,0045 g 101,91 Cálculo dos componentes utilizados para a produção da amostra dopada com 1,0% de Ni2+. A dopagem de 1,0% de Ni2+ equivale fazer y = 0,01, resultando (equação 1) (1-0,01)MgO + 0,01Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(1-0,01)Ni0,01Ga2O4 + 0,01H2O (0,99)MgO + 0,01Ni(OH)2 + Ga2O3 Mg(0,99)Ni0,01Ga2O4 + 0,01H2O 135 Cálculo das massas dos átomos, Massa Molecular (MM): MM(Mg) x 0,99 = 24,305g x 0,99 = 24,062g MM(Ni) x 0,01 = 58,693g x 0,01 = 0,586g MM(Ga) x 2 = 69,72g x 2 = 139,44g MM(O) x 4 = 15,999g x 4 = 63,996g Massa Molecular do composto MgGa2O4 : Ni2+ Mg(0,99)Ni0,01Ga2O4 = 24,062g + 0,586g + 139,44g + 63,996g = 228,08g Massa Molecular dos componentes óxidos 0,99MgO = 0,99 x [MM(Mg) + MM(O)] = 0,99 x [24,305 + 15,999] = 39,900g Ga2O3 = 2 x MM(Ga) + 3 x MM(O) = 2 x 69,72 + 3 x 15,999 = 187,437g 0,01Ni(OH)2 = 0,01 x [MM(Ni) + 2 x MM(H) + 2 x MM(O)] = 0,01 x [ 58,693 + 2 x 1,007 + 2 x 15,999] = 0,92g 136 Cálculo das massas para formar 1g do composto MM do composto ------------MM do componente óxido------ 0,99 MgO: 228,08 g ---------------------1 g 39,900 g --------------------- z z = 39,90 0,174 g 228,08 Ga2O3: 228,08 g -------------- 1 g 187,437 g ------------- z z = 187,437 0,822 g 228,08 0,01 Ni(OH)2: 228,08 g ---------------- 1 g 0,92 g ---------------- z z = 0,92 0,004 g 228,08 1g z 137 APÊNDICE B - Cálculo dos componentes utilizados para produção das amostras dopadas com Cr3+. A produção do composto GaNbO4:Cr3+foi feita utilizando componentes Ga2O3, Nb2O5, e Cr2O3. Assim, acredita-se que o átomo de Cromo irá substituir o Gálio, devido à igualdade das valências, logo quando a amostra é dopada com uma quantidade y de Cr3+, essa mesma quantidade será extraída do Ga. Escrevendo a equação que representa essa reação balanceada, temos: (1-y)Ga2O3 + yCr2O3 + Nb2O5 → 2 Ga(1-y)CryNbO4 (1) A dopagem de 0,1% de Cr3+ equivale fazer y = 0,001, resultando (equação 1) (1 - 0,001)Ga2O3 + 0,001Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga(1-0,001)Cr0,001NbO4 0.999Ga2O3 + 0,001Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga0.999Cr0,001NbO4 Cálculo das massas dos átomos, Massa Atômica (MA): MA(Ga) x 1,998 = 69,723 x 1,998 = 139,306g MA(Cr) x 0,002 = 51,9961 x 0,002 = 0,103g MA(Nb) x 2= 92,906 x 2 = 185,812g MA(O) x 8 = 15,9944 x 8 = 127,9552g Massa Atômica do composto GaNbO4:Cr3+ 2Ga(0,999)Cr0,001NbO4 = (139,306 + 0,103 + 185,812 + 127,9552)g = 453,1762g Massa Atômica dos componentes óxidos 138 0.999Ga2O3 = 0,999[2 x MA(Ga) + 3 x MA(O)] = 0,999[139,446 + 47,9832] = 187,2417708g 0,001Cr2O3 = 0,001[2 x MA(Cr) + 3 x MA(O)] = 0,001[103,9922 + 47,9832]g = 0,1519754g Nb2O5 = [2 x MA(Nb) + 5 x MA(O)] = [185,812 + 79,972]g = 265,784g Cálculo das massas para formar 1g do composto MA do composto ----------------------------1g MA do componente óxido ------------------z 0.999Ga2O3 453,1762g -------------------------------- 1g 187,2417708g -------------------------------- z 1 x 187,2417708 z= = 0,4132g 453,1762 0,001Cr2O3453,1762g ------------------------------ 1g 0,1519754g------------------------------ z z= 1 x 0,1519754 453,1762 Nb2O5453,1762g ------------------------------ 1g 265,784g ------------------------------- z 1 x 265,784 z= = 0,5865g 453,1762 g = 0,0003g 139 A dopagem de 1,0% de Cr3+ equivale fazer y = 0,01, resultando (equação 1) (1 - 0,01)Ga2O3 + 0,01Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga(1-0,01)Cr0,01NbO4 0.99Ga2O3 + 0,01Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga0.99Cr0,01NbO4 Cálculo das massas dos átomos, Massa Atômica (MA): MA(Ga) x 1,98 = 69,723 x 1,98 = 138,051g MA(Cr) x 0,02 = 51,9961 x 0,02 = 1,039g MA(Nb) x 2= 92,906 x 2 = 185,812g MA(O) x 8 = 15,9944 x 8 = 127,9552g Massa Atômica do composto GaNbO4:Cr3+ 2Ga(0,99)Cr0,01NbO4 = (138,051 + 1,039 + 185,812 + 127,9552)g = 452,8572g Massa Atômica dos componentes óxidos 0.99Ga2O3 = 0,99[2 x MA(Ga) + 3 x MA(O)] = 0,99[139,446 + 47,9832] = 185,5549g 0,01Cr2O3 = 0,01[2 x MA(Cr) + 3 x MA(O)] = 0,01[103,9922 + 47,9832]g = 1,519754g Nb2O5 = [2 x MA(Nb) + 5 x MA(O)] = [185,812 + 79,972]g = 265,784g Cálculo das massas para formar 1g do composto MA do composto ----------------------------1g MA do componente óxido ------------------z 0.99Ga2O3 452,8572g-------------------------------- 1g 140 185,5549g -------------------------------- z 1 x 185,5549 z= = 0,4097g 452,8572 0,01Cr2O3452,8572g ------------------------------ 1g 1,519754g------------------------------ z z= 1 x 1,519754 452,8572 = 0,0033g Nb2O5452,8572g ------------------------------ 1g 265,784g ------------------------------- z 1 x 265,784 z= = 0,5869g 452,8572 g A dopagem de 10,0% de Cr3+ equivale fazer y = 0,1, resultando (equação 1) (1 - 0,1)Ga2O3 + 0,1Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga(1-0,1)Cr0,1NbO4 0.9Ga2O3 + 0,1Cr2O3+ Nb2O5 → 2 Ga0.9Cr0,1NbO4 Cálculo das massas dos átomos, Massa Atômica (MA): MA(Ga) x 1,8 = 69,723 x 1,8 = 125,5014g MA(Cr) x 0,2 = 51,9961 x 0,2 = 10,3992g MA(Nb) x 2= 92,906 x 2 = 185,812g 141 MA(O) x 8 = 15,9944 x 8 = 127,9552g Massa Atômica do composto GaNbO4:Cr3+ 2Ga(0,9)Cr0,1NbO4 = (125,5014 + 10,3992 + 185,812 + 127,9552)g = 449,6678g Massa Atômica dos componentes óxidos 0.9Ga2O3 = 0,9[2 x MA(Ga) + 3 x MA(O)] = 0,9[139,446 + 47,9832] = 168,68628g 0,1Cr2O3 = 0,1[2 x MA(Cr) + 3 x MA(O)] = 0,1[103,9922 + 47,9832]g = 15,19754g Nb2O5 = [2 x MA(Nb) + 5 x MA(O)] = [185,812 + 79,972]g = 265,784g Cálculo das massas para formar 1g do composto MA do composto ----------------------------1g MA do componente óxido ------------------z 0.9Ga2O3 449,6678g -------------------------------- 1g 168,68628g -------------------------------- z 1 x 168,68628 z= = 0,3751g 449,6678 0,1Cr2O3449,6678g ------------------------------ 1g 15,19754g------------------------------ z 142 z= 1 x 15,19754 449,6678 Nb2O5449,6678g ------------------------------ 1g 265,784g ------------------------------- z 1 x 265,784 z= = 0,5910g 449,6678 g = 0,0337g 143 APÊNDICE C: Refino da amostra GaNbO4-GaNb11O29-Ga2O3: 1,0% Cr3+produzidas pelo método de acetato. C.1 Refino – Introdução dos dados Na figura C.1.1 observa-se o difratograma obtido somente com a introdução dos dados experimentais e tabelados referente à fase GaNbO4 no programa fullprof, sem a execução de nenhum refino. Os parâmetros de qualidade são: χ2 = 0.876E+04, Bragg R-factor = 207.2, RF – factor = 66.95 e GoF – índex = 0,11E+03. Figura C1.1: Difratograma sem parâmetros refinados C.2 Refino – Background e o fator de escala Na figura C.2.1 refinou-se o background utilizando a função polinomial de 6 coeficientes, assim os parâmetros de qualidade foram: χ2 = 54,0 Bragg R-factor = 93,98, RF – factor = 80,00 e GoF – índex = 7,3. Os valores melhoraram, porém observa-se na figura C2.2, 144 através da seleção do pico mais intenso (1 1 0), um deslocamento da banda que tentaremos alinhá-la refinando a cela unitária. Figura C.2.1: Difratograma Background e o fator de escala refinados. Figura C.2.2: Pico (1 1 0) selecionado. 145 C.3 Refino – Cela unitária A figura C.3.1 mostra o difratograma obtido após o refino da cela unitária, obtiveramse os seguintes parâmetros de qualidade: χ2 = 9,07, Bragg R-factor = 18,52, RF – factor = 12,48 e GoF-index: 3.0. Na figura C.3.2 observa-se o melhor ajuste do pico (1 1 0) calculado ao experimental, porém agora é preciso escolher a função perfil que mais se adéqua ao pico. Figura C.3.1: Difratograma cela unitária refinada. 146 Figura C.3.2: Pico (1 1 0) selecionado após refino da cela unitária. C.4 Refino – Função perfil A figura C.4.1 mostra o pico (1 1 0) após a seleção da função perfil pseudo-voigt, os parâmetros de qualidade obtidos foram: χ2 = 4,36, Bragg R-factor = 9,631 e RF – factor = 6,746, GoF-index: 2,1. Na figura C.4.1 observa-se que a largura-meia altura do pico não necessita de um grande ajuste, sendo este mínimo, podendo ser visto na figura C.4.2. Os parâmetros obtidos são:χ2 = 3,79, Bragg R-factor = 9,239 e RF – factor = 6,577, GoF-index: 1,9. 147 Figura C.4.1: Pico (1 1 0) após seleção da função perfil. Figura C.4.2: Pico (1 1 0) após refino da largura meia altura. C.5 Refino – Posições atômica Após o refino das posições atômicas e um melhor ajuste do background sobre um conjunto de pontos através de uma interpolação linear, obteve-se os seguintes parâmetros: χ2= 148 3,10, Bragg R-factor = 6,472 e RF – factor = 4,627, GoF-index: 1,8. A figura C.5.1 mostra o difratograma obtido, onde percebemos que alguns picos de baixa intensidade, menores ou igual a 6,0%, não foram identificados. Figura C.5.1: Difratograma posições atômicas refinadas e melhor ajuste do background. C.6 Refino – Fase secundária Os picos não identificados no difratograma como GaNbO4 são pertencentes a uma fase secundária que identificou-se como GaNb11O29, assim procedendo de forma análoga ao refino da fase principal, obtêm-se o difratograma visto na figura C.6.1. Os parâmetros obtidos foram: χ2 = 2,11, GaNbO4: Bragg R-factor = 3,425 e RF – factor = 2,733, GaNb11O29: Bragg Rfactor = 14,32 e RF – factor = 6,380, GoF-index: 1,4. 149 Figura C.6.1: Difratograma _GaNbO4 e GaNb11O29. Selecionando uma região entre 300 ≤ 2ϴ ≤ 370, observa-se mais nitidamente a não indexação de dois picos com intensidades percentuais de 3%, vistos na figura C.6.2. Figura C.6.2: Difratograma _GaNbO4 e GaNb11O29, região selecionada 300 ≤ 2ϴ ≤ 370. 150 C.7 Refino – Fase terciária Os picos não identificados no difratograma como GaNbO4 e GaNb11O29, são pertencentes a uma fase terciária que identificou-se como Ga2O3, assim procedendo de forma análoga ao refino da fase principal e selecionando a região entre 300 ≤ 2ϴ ≤ 370, obtêm-se parte do difratograma visto na figura C.7.1. Os parâmetros obtidos foram: χ2 = 1,81, GaNbO4: Bragg R-factor = 2,964 e RF – factor = 2,418, GaNb11O29: Bragg R-factor = 9,950 e RF – factor = 4,797, Ga2O3: Bragg R-factor = 7,573 e RF – factor = 4,818 GoF-index: 1,3. A figura C.7.2 mostra o difratograma final da amostra GaNbO4:1%Cr, a tabela 2.2.2 mostra os parâmetros de qualidade do refino de rietveld e os de rede da amostra. Figura C.7.1: Difratograma _GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3, região selecionada 300 ≤ 2ϴ ≤ 370. 151 Figura C.7.2: Difratograma da amostra GaNbO4:1%Cr. 152 APÊNDICE D– Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d8 Amostra MgGa2O4 , dopada com 1,0% de Ni2+ A2 ( 3F ) → 1T2 ( 1D ) = 3 17 B+ 2 1 2C + 15Dq - 2[(B + 10Dq)2 + 48B2]1/2 = 21978,02198 cm-1 I 9 1 2 A2 ( 3F ) → 1A1 ( 1G ) = 17B + C + 10Dq - [(2B + C + 20Dq)2 + 24(2B + C )2]1/2 = 3 2 18726,59176cm-1 II 1 2 A2 ( 3F ) → 3T1 ( 3F ) = 7,5B + 15Dq - [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 15948,96332 cm-1III 3 A2 ( 3F ) → 1E ( 1D ) = 3 17 B+ 2 1 2 2C + 10Dq - [(B - 20Dq)2 + 48B2]1/2 = 12135,92233 cm-1 IV A2 ( 3F ) → 3T2 ( 3F ) = 10Dq = 10,000 cm-1 3 Resolvendo a equação V, temos: 10Dq = 10,000 cm-1 Dq = 1000 cm-1 Da equação III, temos: 1 2 T1 ( 3F ) = 7,5 B + 15Dq - [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 15948,96332 cm-1 3 Fazendo E = 15948,96332 cm-1 e resolvendo a equação. 15B + 30Dq -2E = [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 (15B + 30Dq -2E)2 = [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ] (15B + a)2 = [( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ] 225B2 + 30Ba + a2 = 81B2 – 180BDq + 100Dq2 +144B2 30Ba + a2 = -180BDq + 100Dq2 V 153 30Ba + 180BDq = 100Dq2 - a2 B(30a + 180Dq) = 100Dq2 – a2 B = (100Dq2 – a2) / 30a +180Dq Obtendo a, a = 30Dq -2E = 30000 – 31897,92664= -1897,92664 cm-1 a2 = 3602125,531 cm-2 Logo B, será: B = (100000,000 – 3602125,531)/ ( -56937,7992 + 180000) B = 96397874,47 / 123062,2008 B = 783 cm-1 Utilizando Dq e B calculados na equação I, obtêm-se o valor de C 17 B 2 + 2C + 15Dq - [(B + 10Dq)2 + 48B2]1/2 = 21978,02198 cm-1 1 2 17 B 2 + 2C + 15Dq = 21978,02198 + 5435,489407 17 B 2 + 2C + 15Dq = 27413,51139 2C = 27413,51139 – 21655,5 C = 2879 cm-1 154 APÊNDICE E – Fase e tempo de vida de cada emissão 𝑛 𝜑= 𝑖=1 𝜑𝑖 𝑛 𝝉 = 𝒕𝒈 𝝋 − 𝝋𝟎 % Ni2+ 𝟐𝝅𝒇 (ms) Verde Vermelho Infravermelho Luz direta f (Hz) 175.8 170.3 168.7 -173.7 143 0.20 0.32 0.35 175.6 177.9 177.1 -176.7 142.3 0.15 0.10 0.12 176.0 175.9 175.1 -172.3 142.8 0.23 0.23 0.24 0.1 0.5 1 𝜑 ≡ 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑖𝑧𝑎 𝑜 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 da luminescência; 𝜏 ≡ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 ; 𝜑0 ≡ 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑢𝑧 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑎; 𝑓 ≡ 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑝𝑝𝑒𝑟. 155 APÊNDICE F - Publicação 156 APÊNDICE G - Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3. Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3produzida por reação de estado sólido, dopada com 1,0% de Cr3+. A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 688nm = 10Dq = 14534,8837 cm-1 4 I 1 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 497nm = 7,5B + 15Dq - 2 [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 20120,72435 cm-1 4 II Xc = ? = 333nm = 30030,03003 𝐵 𝐷𝑞 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 = III 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 14534,8837 cm-1 Dq = 1453,48837 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 5585,8406 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 3,84 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 14,7623 14,7623 – 38,4 15 −4,16 B = 550,5949 cm-1 = −23,6377 −62,4 = 0,378809 IV 157 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2202,3796 cm-1 A relação Dq/B será igual a 2,6. 4 d T1 E, cm-1 3 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 2 4 T2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 4 A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 14534,8837 158 Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3 produzida pelo método de acetato, dopada com 1,0% de Cr3+ A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 10Dq = 683nm = 14641,288433 cm-1 4 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 477nm = 7,5B + 15Dq - 4 1 [ 2 I ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 20964,36058 cm-1 II Xc = ? = 318nm = 31446,54088 𝐵 𝐷𝑞 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 = III 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 14641,288433 cm-1 Dq = 1464,1288 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 6323,072147 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 4,318658 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 18,650808 18,650808 – 43,18658 15 −3,681342 = −24,535772 −55,22013 = 0,444 B = 650,07318 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2600,2927 cm-1 A relação Dq/B será igual a 2,3. IV 159 4 d 3 E, cm T1 -1 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 2 4 T2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 2,3 4 4 A2 F 𝝙(=10Dq),cm-1 1464,1288 160 APÊNDICE H - Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3. Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3produzida por reação de estado sólido, dopada com 1,0% de Cr3+. A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 682nm = 10Dq = 14663 cm-1 4 1 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 467nm = 7,5B + 15Dq - 2 [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 21413 cm-1 4 𝐵 𝐷𝑞 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 = 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 14663 cm-1 Dq = 1466 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 6750 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 4,60 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 21,18 21,18 – 46 15 −3,40 = −24,82 −51 = 0,48 B = 703,68 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: I II III IV 161 C = 2814,72 cm-1 A relação Dq/B será igual a 2,08. 4 T1 d3 E, cm 2 -1 A2 2 A1 2 D 4 T1 4 T2 2 F 2 T2 2 T1 2 2 G E 4 P 4 A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 14663 162 Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3 produzida pelo método de acetato, dopada com 1,0% de Cr3+ A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 10Dq = 671nm = 14903,1296 cm-1 4 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 463nm = 7,5B + 15Dq - 4 𝐵 𝐷𝑞 1 [ 2 ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 = 21598,2721 cm-1 II 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 = III 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 14903,1296 cm-1 Dq = 1490,3129 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 6695,1425 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 4,4924 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 20,1818 20,1818 – 44,924 15 −3,5076 = −24,7422 −52,614 = 0,4702 B = 700,8328 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2803,3314 cm-1 A relação Dq/B será igual a 2,12. I IV 163 4 d 3 E, cm T1 -1 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 4 T2 2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 2,1 4 4 A2 F 𝝙(=10Dq),cm-1 14903 164 APÊNDICE I - Equações da Matriz de energia de Tanabe-Sugano para a configuração d3. Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3 produzida pelo método de estado sólido, dopada com 1,0% de Cr3+ ESPECTRO DE EXCITAÇÃO A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 10Dq 4 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 7,5B + 15Dq - 4 𝐵 𝐷𝑞 = I 1 [ 2 ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B FIXO NA EMISSÃO DE 669nm XC1= 440nm = 4T1 = 22727,272727 cm-1 XC2= 557nm = 4T2 = 17953,321364 cm-1 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 17953,321364 cm-1 Dq = 1795,3321 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 4773,951363 cm-1 II III IV 165 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 2,659090 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 7,070762 7,070762 – 26,59090 15 −5,34091 = −19,520138 −80,11365 = 0,243655 B = 437,442687 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 1749,77074 cm-1 𝐷𝑞 = 4,104153 𝐵 166 𝑡2 𝑒 2 4 d T1 E, cm-1 3 2 𝑡22 𝑒 2 𝑡22 𝑒 A2 A1 2 D 4 𝑡22 𝑒 4 𝑡22 𝑒 T1 2 T2 F 𝑡23 2 T2 T1 𝑡23 E 𝑡23 4 𝑡23 2 2 G 2 4 P A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 10Dq = 1795 Dq/B = 4,1 Analisando a relação Dq/B calculada e as energias das transições no diagrama de tanabesugano, tem-se que: Impossível indexar as transições com os valores dos parâmetros obtidos, a relação Dq/B na literatura para o Cr3+ varia entre 2 ≥ Dq/B ≤ 3 (WANG et al., 2009), (FLOWER et al., 2007), (GIRIDHAR; SASTRY; RANGACHARYULU, 2011), (KIRAN et al., 2011), (MILOS et al., 2008), enquanto o valor obtido está fora da relação mostrada no diagrama de TS. Pelos valores obtidos de 10Dq e da relação Dq/B, através dos cálculos que usam os baricentros em energia das bandas 4T1 e 4T2 do espectro de excitação, observa-se no diagrama que estão em total desacordo. Esta impossibilidade na indexação das transições pelos cálculos da intensidade do campo cristalino e dos parâmetros de racah pode ser atribuída a convolução entre os sítios. 167 FIXO NA EMISSÃO DE 690nm XC1= 453nm = 4T1 = 22075,05518 cm-1 XC2= 566nm = 4T2 = 17667,84452 cm-1 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 17667,84452 cm-1 Dq = 1766,7844 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 4407,21066 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 2,494481 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 6,222436 6,222436 – 24,94481 15 −5,505519 = −18,722374 −82,582785 = 0,2267103 B = 400,5483505 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 1602,1934021 cm-1 𝐷𝑞 = 4,41091 𝐵 168 𝑡2 𝑒 2 4 d T1 E, cm-1 3 2 𝑡22 𝑒 2 𝑡22 𝑒 A2 A1 2 D 4 𝑡22 𝑒 4 𝑡22 𝑒 T1 2 T2 F 𝑡23 2 T2 T1 𝑡23 E 𝑡23 4 𝑡23 2 2 G 2 4 P A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 10D = 17667 Dq/B = 4,41 Analisando a relação Dq/B calculada e as energias das possíveis transições no diagrama de tanabe-sugano, tem-se que: Impossível indexar as transições, explicação análoga á realizada para o espectro de excitação com emissão fixa em 669nm. FIXO NA EMISSÃO DE 710nm XC1= 451nm = 4T1 = 22172,949002 cm-1 XC2= 564nm = 4T2 = 17730,496453 cm-1 169 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 17730,496453 cm-1 Dq = 1773,049645 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 4442,452549 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 2,505543 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 6,27774 6,27774 – 25,05543 15 −5,494457 = −18,77769 −82,416855 = 0,227837 B = 403,96805 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 1615,872218 cm-1 𝐷𝑞 = 4,38908 𝐵 170 𝑡2 𝑒 2 4 d T1 E, cm-1 3 2 𝑡22 𝑒 2 𝑡22 𝑒 A2 A1 2 D 4 𝑡22 𝑒 4 𝑡22 𝑒 T1 2 T2 F 𝑡23 2 T2 T1 𝑡23 E 𝑡23 4 𝑡23 2 2 G 2 4 P A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 10Dq = 17730 Dq/B = 4,38 Analisando a relação Dq/B calculada e as energias das possíveis transições no diagrama de tanabe-sugano, tem-se que: Impossível indexar as transições, explicação análoga á realizada para o espectro de excitação com emissão fixa em 669nm. 171 Amostra GaNbO4_GaNb11O29_Ga2O3 produzida pelo método de acetato, dopada com 1,0% de Cr3+ ESPECTRO DE EXCITAÇÃO A2 (4F ) → 4T2 (4F ) = 10Dq 4 I 1 2 A2 (4F ) → 4T1 ( 4F ) = 7,5B + 15Dq - [ ( 9B – 10Dq )2 + 144B2 ]1/2 4 𝐵 𝐷𝑞 = 𝛥𝐸/𝐷𝑞 2 − 10 𝛥𝐸/𝐷𝑞 15 𝛥𝐸/𝐷𝑞 − 8 O parâmetro de racah C pode ser obtido da relação C = 4B FIXO NA EMISSÃO DE 669nm XC1= 413nm = 4T1 = 24213,075060 cm-1 XC2= 541nm = 4T2 = 18484,288354 cm-1 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 18484,288354 cm-1 Dq = 1848,4288354 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 5728,786706 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 3,099273 𝛥𝐸 2 𝐷𝑞 = 9,6054950 II III IV 172 𝐵 𝐷𝑞 = 9,6054950 – 30,99273 15 −4,900727 = −21,387235 −73,510905 = 0,29093 B = 537,7811 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2151,1247 cm-1 𝐷𝑞 = 3,4 𝐵 4 d 3 E, cm -1 T1 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 4 2 T2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 4 A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 Dq/B = 3,4 173 FIXO NA EMISSÃO DE 690nm XC1= 417nm = 4T1 = 23980,815347 cm-1 XC2= 557nm = 4T2 = 17953,321364 cm-1 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 17953,321364 cm-1 Dq = 1795,3321364 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 6027,493983 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 3,357314 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 𝐷𝑞 = = 11,24 11,24 – 33,57 15 −4,642686 = −22,33 −69,64029 = 0,32023 B = 575,5650 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2302,26 cm-1 𝐷𝑞 = 3,1 𝐵 174 4 E, cm-1 d3 T1 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 4 2 T2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 4 A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 Dq/B = 3,1 175 FIXO NA EMISSÃO DE 710nm XC1= 465nm = 4T1 = 21505,3763 cm-1 XC2= 679nm = 4T2 = 14727,540500 cm-1 A partir da equação I, obtêm-se o parâmetro de campo cristalino Dq: 10Dq = 14727,540500 cm-1 Dq = 1472,7540500 cm-1 A partir da equação III, obtêm-se o parâmetro de racah B: 𝝙E = 6777,8358 cm-1 𝛥𝐸 𝐷𝑞 = 4,6013 𝛥𝐸 𝐵 𝐷𝑞 2 = 21,1723 𝐷𝑞 = 21,1723 – 46,013 15 −3,3987 = −24,8407 −50,9805 = 0,487258 B = 717,7322 cm-1 A partir da relação IV, obtêm-se o parâmetro de racah C: C = 2870,9291 cm-1 𝐷𝑞 = 2,05 𝐵 Analisando a relação Dq/B calculada e as energias das possíveis transições no diagrama de tanabe-sugano, tem-se que: 176 4 d T1 E, cm-1 3 2 A2 2 A1 2 D 4 T1 4 2 T2 F 2 T2 2 T1 2 G 2 E 4 P 4 A2 4 F 𝝙(=10Dq),cm-1 Dq/B = 2,05