FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONDIÇÕES E POSSIBILIDADES1 Daniela Corrêa da Rosa Isabel Cristina Corrêa Roesch Roseli Rech Pilonetto2 Yolanda Zancanella Resumo: Após algumas leituras, reflexões e análises sobre a proposta de se trabalhar com Projetos no Estágio Supervisionado, encontramos situações um tanto confusas, no que se refere a esta perspectiva e, ao nos reportarmos à nossa prática pedagógica, percebemos que existe uma preocupação entre professores, acadêmicos e instituição com relação as ementas das disciplinas que compõe o Curso de Pedagogia, em especial, a disciplina de Prática de Ensino. O desafio agora está em ter-se a mesma postura evidenciada pela preocupação do perfil do pedagogo que se quer formar. Assim, o desafio das universidades é instrumentalizar os acadêmicos para um processo de educação continuada que deverá acompanhá-lo em sua vida e, para tanto, o professor precisa repensar sua prática pedagógica. A produção do saber nas áreas do conhecimento demanda ações que levem o docente e o discente a buscar processos de investigação e pesquisa, pois “o professor precisa refletir e realinhar sua prática pedagógica no sentido de criar possibilidades para instigar a aprendizagem do aluno. O foco passa da ênfase do ensinar para a ênfase do aprender” Morou (2000:72). Desta forma, contribui-se para o desenvolvimento de competências para atuar em relação às circunstâncias com as quais se possam confrontar no campo educacional, e especialmente, entendendo que cabe a universidade oferecer situações de aprendizagem com uma formação humanística compatível com as exigências do mundo contemporâneo. Palavras-chave: Formação, Estágio Supervisionado, Projeto Político Pedagógico. 1 Pesquisa realizada pelo grupo GEPEFES – UNIOESTE – Francisco Beltrão/PR. Professora Especialista do Curso de Pedagogia – UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão/PR. Fone: 46-524-1661. E-mail: [email protected] 2 Introdução Este estudo compreende uma pesquisa realizada pelo GEPEFES (Grupo de Estudos sobre Prática de Ensino e formação no Ensino Superior). Entendemos, que a discussão sobre projetos vai além da capacitação técnica de fabricar planos, pois o ato de projetar representa a síntese de nossas concepções mais amplas de educação; por estas implicações o que mais percebemos no dia-a-dia escolar é a improvisação; agindo sob pressão o educador vai se administrando por crise, ou seja, tomando atitudes paliativas. A prática de ensino, em suas diferentes formas de ensino, tem tido papel significativo nos currículos dos cursos de formação do educador, quer na representação dos professores quer na representação dos alunos. A formação do professor é hoje considerada como um processo contínuo de profissionalização, em que a formação inicial é simplesmente o primeiro momento. O conhecimento profissional do docente deve permanecer em estado de contínua construção e de contínuo aperfeiçoamento, para que ele se mantenha em dia com o desenvolvimento acelerado tanto no conhecimento científico, na cultura e na arte, bases do conhecimento escolar, como na estruturas materiais e instrucionais da sociedade, com reflexos significativos nas formas de pensar, agir e sentir das novas gerações de alunos. O docente deve também acompanhar a evolução dos conhecimentos específicos da formação pedagógica, adquirindo capacidade para intervir e refletir sobre sua própria prática pedagógica. No processo de trabalho humano em geral, temos, como elemento, a atividade humana e os meios de produção (objeto de trabalho e meios de trabalho). Numa aproximação mais grosseira, faríamos a seguinte identificação: atividade humana: atividade do professor; objeto de trabalho: aluno; meios de trabalho: conhecimento e recursos materiais. A docência, parte do processo de ensino-aprendizagem, que, por sua vez, é uma prática social, acontece numa situação em que a atividade humana é exercida principalmente sobre outro ser humano: o aluno. Assim, o objeto de trabalho principal desse processo é também sujeito. É o objeto principal porque o conhecimento é instrumento de trabalho quando utilizado pelo professor para exercer sua ação sobre o aluno, assumindo a função mediadora entre ambos, e, também, quando utilizado pelo aluno na sua atividade de compreensão da realidade na qual vive. É objeto de trabalho quando sofre a ação quer do professor quer do aluno no processo de ensino-aprendizagem. A Prática de Ensino/Estágio Supervisionado precisa ampliar sua caracterização política, epistemológica e profissional, uma vez que; sendo uma atividade teóricoprática, envolve a totalidade das ações do currículo do curso. Os cursos de formação de professores devem proporcionar aos futuros profissionais uma ampla base de conhecimento para toda a atividade educativa, dando ênfase, no entanto, à de educador escolar. A escola destaca-se, dentre as diversas organizações da sociedade, pelas suas características de intencionalidade e organicidade na apropriação dos elementos mais elaborados da cultura, isto é, o conhecimento com bases científicas que fundamentam o saber do homem. A formação do professor é hoje considerada como um processo contínuo de profissionalização, em que a formação inicial é simplesmente o primeiro momento. O conhecimento profissional do docente deve permanecer em estado de contínua construção e de contínuo aperfeiçoamento, para que ele se mantenha em dia com o desenvolvimento acelerado tanto no conhecimento científico, na cultura e na arte, bases do conhecimento escolar, como na estruturas materiais e instrucionais da sociedade, com reflexos significativos nas formas de pensar, agir e sentir das novas gerações de alunos. O docente deve também acompanhar a evolução dos conhecimentos específicos da formação pedagógica, o que o capacita a intervir e a refletir sobre sua própria prática. Por outro lado, a formação de professores não pode ser considerada como um âmbito autônomo de conhecimento e decisão. Ela é profundamente determinada por concepções de escola e de ensino, de conhecimento e de sua produção, transmissão e aprendizagem, de relação teoria-prática, de cultura e de sociedade. O ponto central das discussões e das propostas de formação do professor tem girado em torno da questão da defasagem entre a formação acadêmica, proporcionada pelos cursos de licenciatura, e a realidade escolar, ou seja, entre a teoria e a prática. É fundamental que o professor não só compreenda, interprete e explique a realidade de sala de aula, da escola, e do ensino, mas também intervenha sobre ela. Esse tipo de trabalho exige um tipo de conhecimento profissional peculiar na interseção da teoria e da prática. Assim sendo, o ato de projetar deve ser considerado intencional, organizando o conjunto de ações, que façam sentido para as reais mudanças que se pretende realizar. Objetivo Estudar as questões propostas no Projeto Político Pedagógico do Curso de Pedagogia para a disciplina de Prática de Ensino no currículo, bem como as prerrogativas da LDB-9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), juntamente com os acadêmicos e professores do Curso de Pedagogia da UNIOESTE – Francisco Beltrão/PR. Metodologia Iniciamos o trabalho de estudar questões referentes as disciplinas de Prática de Ensino, o Projeto Político Pedagógico do Curso em questão e a própria LDB-9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) através da leitura de textos, num grande grupo, artigos que tratam deste assunto e/ou apontam para desafios e perspectivas com relação a identidade da disciplina de Prática de Ensino, bem como sua contribuição para formação do professor. Após algumas leituras, reflexões e análises sobre a proposta de se trabalhar sobre Projetos, encontramos situações, um tanto confusas, no que se refere a esta perspectiva e, ao nos reportarmos à nossa prática pedagógica, percebemos uma preocupação entre professores, acadêmicos e instituição com a caminhada coletiva. A discussão mais recente em nosso colegiado, é a preocupação com o perfil de pedagogo que se pretende formar, neste sentido, identificou-se que a grade curricular que hoje está posta não atende tais requisitos. Resultados A partir das leituras e reflexões identificamos como uma questão problemática a disciplina de Prática de Ensino das Matérias Pedagógicas do Ensino Médio, pois esta mostra-se descontextualizada, instituindo o estágio supervisionado em matérias pedagógicas e, os acadêmicos, futuros pedagogos, não mais dispõem deste campo de atuação com a extinção do Curso de Magistério em nível Médio. Situações como estas foram evidenciadas quando foi proposta a discussão de ementas das disciplinas procurando compreender qual era a sua contribuição para a formação dos pedagogos. Expostas às sínteses das disciplinas na lousa os professores puderam visualizar algumas contradições sobre a formação almejada. Em outro momento, percebemos que vários planos de ensino contemplavam os mesmos conteúdos para serem trabalhados com os acadêmicos. Em função destas questões, outros conteúdos estavam fora, ou ainda, conteúdos extensos que nunca foram trabalhados pela discrepância relacionada com a carga horária destinada, dessa forma o professor da série seguinte partia do princípio que os acadêmicos tinham visto os conteúdos anteriores, fragmentados de forma assustadora a formação do pedagogo que se tinha no papel e no discurso. Outras situações como a contradição da formação indicada pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) 9394/96, a qual seguimos no curso, foi percebida e encontra-se em fase de discussões com propostas de mudanças que realmente atendam as reais necessidades dos acadêmicos, perpassando pela construção de um novo Projeto Político Pedagógico, atreladas a estas propostas encontra-se a avaliação institucional, problematizando o seu papel calcado no tripé ensino, pesquisa e extensão, levando em conta o contexto em que está inserida. Conclusão O desafio agora está em ter-se a mesma postura evidenciada com a preocupação do perfil do pedagogo que se quer formar, feitos em conjunto acadêmicos, professores, na sala de aula frente a cada disciplina em particular, de forma que poderá o professor posicionar-se considerando os acadêmicos como colaboradores na construção do projeto ensino e aprendizagem. Além disso, precisa proporcionar múltiplas oportunidades que devem ser colocadas como desafios a serem transpostos por alunos e professores rumo a construção de um novo paradigma que privilegie a visão holística de homem com abordagem progressista. Da mesma forma que Moraes (1997) ressalva o fato de que, por ser pública não deva ser preservada das interferências externas como forma de garantir sua independência e universalidade de sua tarefa educacional. Pois, os valores e as práticas que prevalecem na comunidade estão fortes e unipresentes no dia-a-dia nos indivíduos e a sua estada na sala de aula não os deixa excluídos das ocorrências do mundo. Em outra passagem o autor acredita que em termos operacionais, observa-se que uma educação cujo foco é o de indivíduo contextualizado, com suas inteligências e seus diferentes estilos de aprendizagem, “poderá prover uma integração temática interdisciplinar a ser desenvolvida por projetos ou atividades que incorporem as instruções e os conteúdos-padrão, e que conectem assuntos e habilidades naturalmente encontrados na vida”. Moraes (1997:187). Os projetos referidos são de interesse dos discentes, que interligam temas que exploram assuntos interdisciplinares, revelam o perfil individual, suas forças e fraquezas, além de diferentes capacidades intelectuais. Para Moraes (1997) com base nos projetos é possível perceber a congruência interna com o tema, sua capacidade de imaginação, inovação, criatividade, julgamento e o desempenho no desenvolvimento do trabalho, favorecendo a integração e a sociabilidade do aluno, aspectos que acordam com as teorias de Piaget, Freire, Parpet e Gardner. Entretanto Morou (2000) refere-se ao paradigma conservador da ciência, que não busca formar homens responsáveis sensíveis e que venham buscar o sentido da vida, do destino humano e de uma sociedade justa e igualitária. Neste sentido, podemos destacar que “as mudanças desencadeadas pela sociedade do conhecimento têm desafiado as universidades no sentido de oferecer uma formação compatível com as necessidades deste momento histórico” Morou (2000:70). Assim, o desafio das universidades é instrumentalizar os acadêmicos para um processo de educação continuada que deverá acompanha-los em sua vida profissional e, para tanto o professor precisa repensar sua prática pedagógica. A produção do saber nas áreas do conhecimento demanda ações que levem o docente e o acadêmico a buscar processos de investigação e pesquisa, pois ”o professor precisa refletir e realinhar sua prática pedagógica no sentido de criar possibilidades para instigar a aprendizagem do aluno. O foco passa da ênfase do ensinar para a ênfase do aprender” Morou (2000:72). Desta, forma contribui-se para o desenvolvimento de competências para atuar em relação às circunstâncias com as quais se possam confrontar no campo educacional, e especialmente, entendendo que cabe a universidade oferecer situações de aprendizagem com uma formação humanística compatível com as exigências do mundo contemporâneo. Acreditamos que a Prática de Ensino é a disciplina que proporciona aos alunos o contato com a prática social e cria condições para a percepção dos problemas inerentes à atividade docente, para a proposição de alternativas de solução a esses problemas, analisando-as criticamente, fazendo a aplicação de uma proposta dentro de um processo orientado de Estágio Supervisionado. Colocamos, desta forma, em discussão a montagem e a prática de uma unidade de ensino nas escolas pesquisadas, para sentir um retorno do nosso trabalho na universidade. A prática docente é a chance de emergência de um profissional capaz de: Não aceitar o ato pedagógico como neutro, mas como ato político, comprometido com a construção de um novo Bloco Histórico; integrado hegemonicamente pelo proletariado; Rejeitar a educação que se impõe como veículo de transmissões da ideologia da classe dominante, assumindo-a como trabalho político das massas populares em torno de experiências concretas que podem leva-las à consciência das possibilidades e meios de transformação das relações sociais que as oprimem; Buscar e fazer uso de sua capacidade técnica, com a dimensão política que ela carrega subjacente; Perceber que se uma educação para a transformação não se realiza apenas no interior dos muros escolares, nele certamente tem início. Desta forma, refletir com os discentes e docentes sobre as propostas contidas no Projeto do Curso de Pedagogia, contribuiu para ressignificarmos, na forma de um documento escrito - Proposta de reestruturação das disciplinas de Prática de Ensino do Ensino Médio, no que se refere as ementas e conteúdos programáticos sobre a formação docente que queremos e que estamos proporcionando aos nossos discentes. Referências Bibliográficas: ANDRÉ, Marli E. D. A.; OLIVEIRA, Maria Rita N. Sales. Alternativas no ensino de didática. 2ª ed. Coleção Prática Pedagógica. Campinas/BRA: 1997. CANDAU, Vera Maria (org). A Didática em questão. 5ª ed. Petrópolis/BRA: Vozes. MOROU, J. M. et all. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas. Papirus, 2000. OLIVEIRA, Maria Rita N. Sales (orgs). A reconstrução da didática: elementos teórico-metodológicos. 3ª ed.. Coleção Magistério Formação e Trabalho Pedagógico Campinas/BRA: Papirus, 1992. PICONEZ, Stela C. B..A prática e ensino e o estágio supervisionado. Coleção Magistério Formação e trabalho pedagógico. Campinas/BRA: Papirus, 1991. PIMENTA, Selma Garrido. O estágio da formação do professor: unidade entre teoria e prática. São Paulo: Cortez, 1994. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. A prática pedagógica do professor de didática. 4ª ed. Campinas/BRA: Papirus, 1989.