CIÊNCIA
BREVE REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA* KLEBER DE C A S S I O FERREIRA ARANTES
* Este trabalho é uma condensação de uma monografia feita como exigência para conclusão do Curso de Graduação em Educação Física 1986, orientado pela profª. Maria
Regina Clivati Capelo.
32
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
O objetivo do presente estudo é lançar al­
gumas reflexões sobre a relação professor-a­
luno no Curso de Educação Física e consta­
tar a importância desse inter-relacionamento
na condução de uma aprendizagem significa­
tiva. Para tanto, levanta-se uma série de con­
siderações sobre os aspectos que envolvem es­
sa relação, tais como: a formação do profes­
sor, a formação do aluno e a interação entre
esses dois agentes. Foram coletados dados atra­
vés dos seguintes instrumentos: ficha de apon­
tamento de atitudes, escala de atitudes e ques­
tionários. Esses instrumentos foram distribuí­
dos aos professores e alunos, os quais apre­
sentaram divergências em suas respostas. Por
um lado, os professores reclamaram uma par­
ticipação ativa do aluno e consideraram o seu
trabalho docente, eficiente. Por outro lado,
os alunos alegaram que não há espaço para
essa participação ativa e que a atuação dos
professores não está correspondendo às suas
necessidades. Frente ao antagonismo dessa si­
tuação, concluiu-se que, o relacionamento in­
terpessoal professor-aluno no Curso de Edu­
cação Física está desarmonioso e há a neces­
sidade de se repensá-lo, se se pretende eficá­
cia no processo ensino-aprendizagem.
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1 (2): 32-39,1989
A relação professor-aluno é um
modo de interação ou encontro
profundo que se estabelece entre
pessoas. Reflete uma atitude de objetivo
bem definido que permite o encontro
entre educador e educando.
PRETTO (1978) alega que, dentro
das atividades docentes, não só
universitárias, como no demais níveis, é
comum defrontar-se com um alto nível
de
insatisfação
entre
alunos
e
professores. E é aí que, para a autora,
"surge a preocupação de buscar, de
forma sistemática, elementos que possam
auxiliar tanto professores como alunos a
alcançar um grau maior de satisfação no
trabalho pedagógico, especialmente vi­
sando à descoberta de fatores relevantes
no
relacionamento professor-aluno"
(p.1).
Do professor são requeridas certas
características de personalidade e
atitudes no relacionamento com os
alunos que lhe permitem orientar
adequadamente o processo educacional.
Ele só poderá contribuir para o
crescimento pessoal e intelectual do
aluno se for uma pessoa em crescimento
constante. Em outras palavras, para a
condução
de
um
ser
à
sua
auto-realização, mesmo parcialmente, é
necessário outro ser vivendo o mesmo
processo, de preferência em etapas mais
avançadas.
Desta forma, o professor é uma
pessoa que, pela função que exerce,
influencia grandemente a vida de seus
alunos,
podendo
contribuir
consistentemente
para
seu
amadurecimento
emocional
e
desenvolvimento pessoal, levando-o à
descoberta de suas aptidões, interesse e
capacidades, incentivando-os à própria
realização como indivíduos geradores
também de crescimento social.
Segundo HILLAL (1985),
nas
relações professor-aluno podem surgir
conflitos duradouros, comprometendo
emocionalmente tanto o professor como
o aluno.
Um dos aspectos mais relevantes do
processo ensino-aprendizagem é a
contínua interação professor-aluno.
Centralizando todo esse processo está o
professor. Sendo assim, esse estudo
justifica-se pela necessidade de levar ao
conhecimento dos professores as
conseqüências do trabalho docente
desenvolvido frente aos alunos com
vistas à eficácia da aprendizagem e
conseqüentemente em sua formação
profissional, uma vez que o aluno
poderá continuar reproduzindo os
"modelos" que lhes foram apresentados
no decorrer de sua vida acadêmica,
33
quando do exercício de sua profissão.
Nesse sentido, importa conhecer
alguns fatores que influenciam na
formação do professor, do aluno e da
relação que se estabelece entre ambos.
A Formação dos Professores
FERRY apud ALVES & SOUZA
(1983), distingue três aspectos na for­
mação profissional dos docentes: 1) a
formação científica no sentido amplo do
termo ou formação acadêmica que visa
fazer adquirir os conhecimentos, os
métodos de pesquisa e o espírito da dis­
ciplina; 2) a formação pedagógica espe­
cífica dessa disciplina, ou seja, formação
didática; 3) a formação psicopedagógica
e sociopedagógica, que tende a suscitar
nos futuros professores certas atitudes e
comportamentos relacionados com os
papéis que são chamados a desempe­
nhar.
Esses três aspectos, contribuem para
o que LEMBO (1975) classifica como
características do bom professor: 1) a
capacidade de criar um clima psicológi­
co para a aprendizagem; 2) a aptidão
para identificar, planejar, assegurar e
avaliar oportunidades de aprendizagem
adequadas; 3) a aptidão e a vontade de
experimentar e descobrir abordagens
mais convenientes para o ensino e a
aprendizagem; 4) a capacidade de en­
tender e empregar de forma construtiva
o seu próprio comportamento.
Ressalta-se que, de acordo com a
formação que o professor recebe, de­
penderá toda uma estrutura de ação para
com os seus alunos. Nesse sentido, se­
gundo BORDENAVE & PEREIRA
(1977), existem diversos tipos de pro­
fessores:
a) O instrutor ou professor de autô­
matos: procura ajudar o aluno a ad­
quirir a capacidade de responder ime­
diatamente sem necessidade de pen­
sar..., recitar definições, exposições e
generalizações que memorizam.
34
d) O professor que se concentra no
intelecto do aluno: dá mais im­
portância ao "como" e ao "porquê"
do saber do que ao "que" desenvolve
as habilidades intelectuais do aluno.
duzir os alunos a uma aprendizagem
realmente significativa. E isso deve ser
feito para que o aluno não se torne o
grande desconhecido do processo de
ensino.
e) O professor que se concentra na
pessoa total: acredita no desenvol­
vimento intelectual, considera o ensi­
no como um desafio à pessoa do estu­
dante, obriga a buscar respostas ainda
não aprendidas.
A Interação Professor-Aluno
f) O professor que tem uma visão
estrutural da sociedade: tipo de
professor mais freqüente nos países
subdesenvolvidos; considera o aluno
matéria a ensinar, e a si mesmo, como
partes inseparáveis de um contexto da
sociedade historicamente estruturada
em extratos dominantes e dominados.
Em se tratando da Educação Física,
FARIA JÚNIOR (1969) enumera em
cinco os requisitos básicos para o de­
sempenho da profissão: 1) vocação para
o magistério; 2) aptidões específicas
para o trabalho docente; 3) habilitação
profissional; 4) preparo especializado
em Educação Física; 5) cultura geral.
A Formação dos Alunos
Para MCKEACHIE apud BOR­
DENAVE & PEREIRA (1977), o ensi­
no torna-se mais eficaz quando o pro­
fessor conhece a natureza das diferenças
entre os alunos.
PILETTI (1984), aborda fatores da
formação dos alunos que concorrem
para a facilitação ou não da aprendiza­
gem. São os seguintes:
1) Individuais: o ensino antes de ser
padronizado e igual para todos, deve
adaptar-se às características indivi­
duais (origem nervosa, características
orgânicas e deficiências físicas).
2) Familiares: representados pela es­
trutura familiar, pelo número de ir­
mãos, pelo tipo de educação e quanti­
dade de afeto recebidos.
A interação professor-aluno é fun­
damental para uma boa adaptação esco­
lar. Assim o primeiro professor de uma
criança tem grande importância na ati­
tude futura desse aluno, não só durante
sua fase de aprendizagem, mas na sua
relação com os sucessivos professores.
Para HILLAL (1985), a interação professor-aluno é semelhante à do mé­
dico-clínico, com seus métodos de ob­
servação, de diagnose e de terapêutica, reunindo neles todos os princípios fun­
damentais da ciência e da arte. ROGERS(1975),alega que a facili­
tação da aprendizagem significativa se
baseia na qualidade das atitudes que
existem no relacionamento professoraluno e em sua interação.
Segundo PILETTI (1984), a intera­
ção social depende da percepção que temos das pessoas com quem interagi­
mos; quanto a própria percepção depen­
de da interação que temos com essas pessoas. Sendo assim, as interações são influenciadas pelo modo como é perce­
bido o indivíduo com o qual se entra em contato. De acordo com ALVES & SOUZA (1983), quando uma interação é difícil ou coercitiva, podemos prever que ela não se produzirá. Levando para o campo das relações professor-aluno, podemos notar que o aluno falará com o profes­
sor quando disto houver uma recom­
pensa, o mesmo acontecendo com o professor que se inter-relacionará com o aluno quando as respostas advindas fo­
rem compensadoras e satisfatórias. Três orientações básicas devem es­
tar sempre presentes no trabalho do professor, em sua interação com os alu­
nos: 1) Ao invés de punir o comporta­
mento destrutivo, estimular e in­
centivar
o
comportamento
construtivo.
b) O professor que se concentra no
conteúdo: cobra sistematicamente as
matérias de sua disciplina, considera
tolice a opinião que o processo de
ensinar e aprender deva consistir nu­
ma pesquisa conjunta.
3) Escolares: representados pelos pri­
meiros contatos com os professores;
da relação com os outros alunos; pe­
los métodos de ensino empregados e
pelo ambiente escolar.
2) Ao invés de forçar o aluno, orientá-lo na execução das ati­
vidades escolares, ouvindo o que ele tem a dizer. c) O professor que se concentra no
processo de instrução: quer que
seus alunos tratem a matéria com os
mesmos métodos que ele os trata.
Esses fatores tornam-se um marco
determinante na disposição para o
aprender. Cabe então ao professor in­
teirar-se desses fatores, se quiser con­
3) Evitar a formação de precon­
ceitos, por meio da observação e
do diálogo constantes que per­
mitem ao professor constatar as
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
mudanças que estão ocorrendo
com o aluno e compreender o
seu desenvolvimento.
Procedimento
Desta forma, segundo BEOZZO
(1976), o professor deve informar-se
convenientemente sobre seus alunos,
para que as interações na sala de aula
não sejam prejudicadas pela deficiência
de suas percepções. A percepção correta
das qualidades dos alunos é um passo
importante na procura das soluções.
Reorganizar, aumentar, modificar a per­
cepção que se tem do aluno, pode ser
uma mudança positiva em vista da pro­
moção do desenvolvimento dos alunos.
Visando verificar a dinâmica do in­
ter-relacionamento
professor-aluno,
bem como as condutas esperadas por
parte do professor em relação aos alu­
nos e destes em relação aos professores,
foram inicialmente distribuídas as fichas
de apontamento de atitudes que, após
coletados os dados, forneceram subsí­
dios para a elaboração do segundo ins­
trumento de avaliação, a escala de atitu­
des. A somatória dos dados de todos os
instrumentos forneceu conteúdo maior
para a elaboração do último instrumen­
to, o questionário.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sujeitos
Instrumento nº 1 - Ficha de
Apontamento de Atitudes
Para execução deste trabalho, ser­
viram como sujeitos trinta alunos do
sexto período do curso de Educação Fí­
sica do primeiro semestre do ano de
1986 e vinte professores do departa­
mento, que ministraram as disciplinas do
primeiro ao sexto período do curso.
Instrumento
O conjunto de instrumentos deste
estudo compôs-se de:
1) Ficha de apontamento de atitu­
des: constitui-se de um instrumento
dissertativo no qual tanto professores
quanto alunos foram questionados
especificamente no que se refere a
ações que contribuem e que deficitam
o processo ensino-aprendizagem.
2) escala de atitudes: trata-se de um
instrumento elaborado de acordo com
algumas atitudes consideradas básicas
por parte de professores e alunos,
coletadas através da ficha de aponta­
mento de atitudes. Ressalta-se que
esse instrumento também foi respon­
dido por professores e alunos. É uma
escala de atitudes com respostas ob­
jetivas enquadradas em quatro com­
portamentos (nunca, raramente, ha­
bitualmente, sempre); contém tam­
bém uma pergunta do tipo escalar:
concordo, em dúvida, discordo.
3) questionário: trata-se de um ins­
trumento misto com questões abertas
e fechadas, sendo esta última do tipo
escalar (nunca, raramente, regular­
mente, freqüentemente, sempre).
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
A percepção correta
das qualidades dos
alunos é um passo
importante na procura
das soluções.
Neste instrumento intentou-se saber
tanto de professores como de alunos,
quais eram, na sua opinião, as atitudes de
um e de outro que contribuíam e que
deficitavam o processo
ensino-aprendizagem. Neste caso, os
professores apontaram a conduta dos
alunos e os alunos a dos professores.
Apresentaremos em primeiro plano a
opinião dos professores e em seguida a
dos alunos.
Professores participantes neste
instrumento: 20
- instrumentos devolvidos: 14 = 70%
- instrumentos não devolvidos: 6 =30%
Ações que contribuem
- interesse
- participação ativa
- predisposição no aprender
- espírito crítico
- comunicabilidade
- exigência dos direitos
- entusiasmo
Ações que deficitam
- atraso e faltas nas aulas
- indiferença para com o seu rendimento
escolar
- esmorecimento frente às dificuldades
- comodismo
- não participação nas aulas
Alunos participantes neste
instrumento: 30
- instrumentos devolvidos: 18 = 60%
- instrumentos não devolvidos: 12 = 40%
Ações que contribuem
- coerente motivação
35
-
correção das falhas do aluno
nitidez nas explicações
interesse para com o aluno
não seletividade de alunos
igualdade de papéis no processo
ensino-aprendizagem
Ações que deficitam
-
indiferença para com o aluno
não domínio dos conteúdos
seletividades de alunos
desorganização e indiferença para com
o seu trabalho
- imposição de idéias e padrões aos alunos - insegurança
VARIÁVEIS
A­
B C DE F GH-
Simpatia
Espírito Democrático
Paciência
Autenticidade
Honestidade
Capacidade de Ouvir
Aceitação de Críticas
Adequação à Realidade
I - Criatividade
J - Organização
K - Atualização
L - Domínio dos Conteúdos
M - Variação de Metodologias
N - Entusiasmo
O - Flexibilidade
Neste instrumento verificou-se que,
tanto professores quanto alunos não
questionaram explicitamente o fator in­
teração professor-aluno como elemento
de condução à aprendizagem significati­
va. No entanto, os alunos em suas res­
postas, apontaram como ação que con­
tribui para a facilitação da aprendiza­
gem, a necessidade da aceitação iguali­
tária de papéis no processo ensinoaprendizagem e relatam que a indiferen­
ça para com os alunos é fator que de­
sestimula a aprendizagem.
Instrumento nº 2 - Escala de
Atitudes
Este instrumento foi dividido em
duas partes. A primeira parte consta de
duas categorias de quinze variáveis:
Aceitação e compreensão empática (va­
riável de A a G) e Quanto ao ensino
(variáveis de H a O). A segunda parte
consta de uma pergunta a respeito da
importância do relacionamento inter­
pessoal professor-aluno. A escala dos
professores será analisada em primeiro
lugar e a seguir a dos alunos. Abaixo se­
gue o percentual de participação nos
instrumentos tanto de professores como
de alunos.
Tabela I - Freqüência dos professores que pontuaram cada variável na escala de
atitudes.
Baseando-se na tabela, constata-se a maior constância no item sempre, o que nos
leva a concluir que na opinião dos professores, eles estão sempre cumprindo com as
condutas evidenciadas nesta escala de atitudes, tanto quanto a aceitação e compreensão
empática (variáveis de A a G) como também ao ensino (variáveis de H a O).
Quadro 1 - IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL PROFES­
SOR-ALUNC NA CONDUÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.
OPINIÃO
Professores
participantes neste
instrumento: 20
- instrumentos devolvidos: 16 = 80%
- instrumentos não devolvidos:
4 = 20%
Alunos participantes neste instru­
mento: 30
- instrumentos devolvidos: 26 = 86,7%
- instrumentos não devolvidos:
4 = 13,3%
36
PROFESSORES
%
CONCORDO
EM DÚVIDA
DISCORDO
14
2
0
87,5
12,5
0
TOTAL
16
100
FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos professores.
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
VARIÁVEIS
A
B
C
D
E
F
G
H
-
Simpatia
Espírito Democrático
Paciência
Autenticidade
Honestidade
Capacidade de Ouvir
Aceitação de Críticas
Adequação à Realidade
Instrumento nº 3 ­
Questionário
I - Criatividade
J - Organização
K - Atualização
L - Domínio dos Conteúdos
M - Variação de Metodologias
N - Entusiasmo
O - Flexibilidade
Os itens constantes deste instru­
mento versaram sobre diferentes fatores
que envolvem a relação interpessoal
professor-aluno. Abordou-se fatores
como metodologia de ensino emprega­
do, formas de avaliação, respeito mútuo,
comportamento não-verbal, etc. Optouse por apresentar as respostas cujos per­
centuais foram mais incidentes. O ques­
tionário dos professores será analisado
primeiramente e em seguida o dos alu­
nos.
Professores
participantes neste
instrumento: 20
- instrumentos devolvidos: 15 = 75%
-Instrumentos não devolvidos: 5 =
25%
Q U E S T Ã O 1 - IDENTIFICAÇÃO
DO PROFESSOR EM RELAÇÃO À
DISCIPLINA
Verificou-se que 86,7% dos pro­
fessores se identificam com a disciplina
que ministram e 13,3%, embora estejam
ministrando a disciplina, a mesma não
está relacionada com o que se identifi­
cam.
Tabela II - Freqüência dos aluno que pontuaram cada variável na escala de atitudes.
Tabela II - Freqüência dos aluno que pontuaram cada variável na escala de atitudes.
Com base nos percentuais da tabela, verificou-se que a maior incidência recaiu so­
bre o item raramente, o que nos permite concluir que, na opinião dos alunos, os pro­
fessores estão deficientes nesses comportamentos evidenciados (variáveis), tanto
quanto a aceitação e compreensão empática (variáveis de A a G) como também quanto
ao ensino (variáveis de H a O).
Quadro 2 - IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL PROFES­
SOR-ALUNO NA CONDUÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
OPINIÃO
PROFESSORES
%
CONCORDO
EM DÚVIDA
DISCORDO
24
2
0
92,3
7,7
0
TOTAL
26
100
FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos alunos.
FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos alunos.
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
Q U E S T Ã O 2 - DESAGRADO
POR PARTE DOS ALUNOS QUAN­
TO À DISCIPLINA
Com relação a esta questão, 53,3%
dos professores não percebem algum
manifesto de desagrado por parte dos
alunos. Os que regularmente e habi­
tualmente atestaram esse desagrado,
justificaram da seguinte forma:
-dificuldade em assimilar o que está
sendo ministrado
- falta de consciência crítica do aluno
-preocupação excessiva com a avalia­
ção
- falta do hábito de leitura e pesquisa
Q U E S T Ã O 3 - DIFICULDADE
PARA O DESENVOLVIMENTO DO
TRABALHO JUNTO AOS ALUNOS
Num percentual de 53,3%, os pro­
fessores atestaram que nunca têm en­
contrado dificuldades para o desenvol­
vimento de seu trabalho. Por outro lado,
os professores entrevistados que têm
essa dificuldade (13,4%), relatam o se­
guinte:
- desinteresse do aluno
- falta de espaço físico
-inserção do aluno num processo de
ensino reprodutor e conservador, difi­
cultando as transformações e inova­
ções.
37
QUESTÃO 4 - SATISFAÇÃO DO
PROFESSOR COM O MAGISTÉRIO
EM RELAÇÃO À PARTICIPAÇÃO
DO ALUNO
40% dos professores entrevistados
raramente sentem-se satisfeitos com o
magistério, alegando que a participação
do aluno não é tão efetiva assim para
que essa conduta seja enfaticamente
considerada.
atitudes agressivas para com os alunos
ausência de diálogo
seletividade quanto aos alunos
mercenarismo
adestramento em detrimento da práti­
ca pedagógica
- indiferença ao aluno
-desorganização e indiferença ao seu
trabalho
QUESTÃO 5 - FORMAÇÃO DO
PROFESSOR X CAPACIDADE DE
ASSIMILAÇÃO DO ALUNO
Em sua maioria (46,7%), os pro­
fessores não consideram que sua forma­
ção profissional seja obstáculo à capaci­
dade de assimilação do aluno.
Alunos participantes neste
instrumento: 30
- instrumentos devolvidos: 24 = 80%
-instrumentos não devolvidos: 6 =
20%
QUESTÃO 6 - EXPECTATIVAS
DO PROFESSOR EM RELAÇÃO
AO GRUPO DE ALUNOS QUE
RECEBE
Os professores expressaram da se­
guinte forma as condutas que esperam
receber dos alunos:
- que tenham interesse nos estudos
- que sejam capazes de transformar
- que queiram e gostem de lecionar
- que sejam simpáticos
- que não se preocupem com a avaliação
QUESTÃO 7 - ENTUSIASMO DO
PROFESSOR PELO ENSINO
46,6% dos professores afirmaram
que sempre se entusiasmam pelo magis­
tério, a ponto de inspirar nos alunos o
desejo de lecionar.
QUESTÃO 8 - ATRIBUIÇÃO AO
FATOR RESPONSÁVEL PELO
ÍNDICE DE DESISTÊNCIA DO
CURSO
A maioria dos professores pesquisa­
dos (46,6%) atribuem o índice de desis­
tência do curso ao despreparo do aluno
para a realização do mesmo. Dentre ou­
tros fatores apontados para contribuição
do índice de desistência, obteve-se o se­
guinte:
- falta de consistência nas escolhas vo­
cacionais
- indefinição de objetivos
QUESTÃO 9 - ATITUDES DO
PROFESSOR QUE PODEM
CONTRIBUIR PARA UM CLIMA
DESFAVORÁVEL À
APRENDIZAGEM
Foram as condutas abaixo relacio­
nadas, consideradas pelos professores
como inibidoras do processo ensino ­
aprendizagem:
- falta de domínio dos conteúdos da dis­
ciplina
38
-
-
-
-
-
QUESTÃO 7 ­
ESTABELECIMENTO DE
PROVAS COM ANTECEDÊNCIA
De acordo com os alunos, 45,8%
dos professores regularmente estabele­
cem provas com antecedência.
QUESTÃO 8 ­
ESTABELECIMENTO DE
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
45,8% dos alunos afirmaram que
raramente há o estabelecimento de cri­
térios de avaliação por parte dos pro­
fessores.
QUESTÃO 1 - RELAÇÃO DE
RESPEITO INTELECTUAL E
AFETIVO PROFESSOR-ALUNO
58,3% dos alunos entrevistados
atestaram que raramente essa relação
ocorre no cotidiano escolar.
QUESTÃO 9 - FORMAS DE
AVALIAÇÃO COMPATÍVEL COM
AS CARACTERÍSTICAS DA
DISCIPLINA
Regularmente (66,6%) na opinião
dos alunos, os professores estabelecem
formas de avaliação compatível com as
características da disciplina.
QUESTÃO 2 - P A R T I C I P A Ç Ã O
EFETIVA E DESENVOLVIMENTO
DO SENSO CRÍTICO DO ALUNO
De acordo com a pontuação 70,8%
dos alunos alegaram que raramente isto
ocorre em sala de aula.
Q U E S T Ã O 10 - JUSTIÇA NA
ATRIBUIÇÃO DAS NOTAS
54,2% dos alunos afirmaram que
regularmente há justiça na atribuição
das notas.
QUESTÃO 3 - INTERESSE DO
PROFESSOR EM ATENDER O
ALUNO FORA DE SALA DE AULA
Num percentual de 58,3%, os alunos
constataram que raramente o professor
interessa-se em atendê-los fora da sala
de aula.
QUESTÃO 4 ­
COMPORTAMENTO
NÃO-VERBAL DO PROFESSOR
As ações não-verbais do professor
que estimulam o processo ensino-apren­
dizagem, raramente (45,8%) são eviden­
ciadas em sala de aula.
QUESTÃO 5 - EFICÁCIA DOS
MÉTODOS DE ENSINO
EMPREGADOS
A metade dos alunos inquiridos
afirmaram que raramente os métodos de
ensino empregados são eficientes para a
condução de uma aprendizagem signifi­
cativa.
QUESTÃO 6 - ENTUSIASMO DO
PROFESSOR PELO ENSINO
Através da pontuação, 54,2% dos
alunos afirmaram que raramente os
professores se entusiasman: pelo ensino,
a ponto de fazê-los sentirem-se imbuí­
dos do desejo de lecionar.
QUESTÃO 11 - ATRIBUIÇÃO AO
FATOR RESPONSÁVEL PELO
ÍNDICE DE DESISTÊNCIA DO
CURSO
Dos alunos consultados, verifi­
cou-se que a maioria atribuiu o índice de
desistência do curso ao seu próprio des­
preparo para a realização do mesmo
(41,7%). Dentre outros fatores que
contribuem para esse índice, foram
apontados os seguintes:
- indefinição de objetivos
- sobrecarga de disciplinas por período
- falta de consistência nas escolhas vo­
cacionais
QUESTÃO 12 - ATITUDES
DO ALUNO QUE PODEM
CONTRIBUIR PARA UM
CLIMA DESFAVORÁVEL
À APRENDIZAGEM
Foram as seguintes condutas abaixo
relacionadas, consideradas pelos alunos
como inibidoras do processo ensinoaprendizagem:
- desinteresse pelo professor e pela dis­
ciplina
-brincadeiras inconvenientes durante a
aula
- aceitação passiva frente à imposição
do professor
- falta de cooperação com os professo­
res e com os colegas
- pouca vontade de estudar
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
Através da análise dos questionários
aplicados, verificou-se que professores
e alunos encontram-se em situações
conflituosas. Em termos gerais, pode-se
dizer que a metade dos alunos consulta­
dos afirmaram que o relacionamento
professor-aluno vem sofrendo dificul­
dades em razão de fatores característi­
cos do próprio processo de ensinar. Por
outro lado, cinqüenta por cento dos
professores pesquisados ressaltaram que
têm desenvolvido ações no sentido de
contribuir para que a relação professoraluno seja cada vez mais efetiva.
- Criar um clima gerador de confiança
onde os alunos arrisquem errar, criar,
mostrando o que são capazes de fazer
em função da tarefa e, no fazer, possam
descobrir-se.
- Permitir que os alunos atuem confor­
me critérios definidos em comum,
realizando auto-avaliações, avaliando
colegas e sendo avaliados por eles en­
quanto tarefa, sem medo da crítica e
enfrentando as próprias dificuldades.
-Permitir ao aluno o uso da reflexão
através de leituras que propiciem o
enriquecimento pessoal e novas per­
cepções de si mesmo e da tarefa; esti­
mulando o pensamento divergente.
CONCLUSÃO
Levando-se em consideração os da­
dos e resultados obtidos por meio da
aplicação dos instrumentos e do estudo
dos teóricos, concluiu-se que:
— O relacionamento interpessoal pro­
fessor-aluno é fator preponderante na
facilitação da aprendizagem.
— Professores e alunos, em sua maioria,
consideram importante o relaciona­
mento interpessoal para a promoção
do processo ensino-aprendizagem.
— O relacionamento professor-aluno no
Curso de Educação Física encontra-se
em séria desarmonia.
— Tanto professores como alunos espe­
ram ações mútuas que contribuam
para o desenvolvimento e aprimora­
mento do processo ensino-aprendiza­
gem, tais como: respeito mútuo, inte­
resse e valorização recíprocos, postura
crítica.
— O índice de evasão que se verifica a
cada ano, não se dá necessariamente
pela falta de interação professor-alu­
no, mas devido ao despreparo do alu­
no, despreparo este, acredita-se, que o
aluno traz em sua bagagem escolar,
isto é, as influências de suas experiên­
cias escolares anteriores.
A interação social depende da percepção que temos das pessoas com quem interagimos. BIBLIOGRAFIA
ALVES, Jair & SOUZA Celso. Uma reflexão no rela­
cionamento professor-aluno na Educação Física.
Revista da Associação dos Professoras de
Educação Física de L o n d r i n a . (8):45-9, ago,
1983.
BEOZZO, J.B.M. A Integração professor-aluno. R e ­
vista B r a s i l e i r a de Educação Física e Des­
portos. 3 1 , jul/set. 1976.
BORDENAVE, Juan Diaz & PEREIRA, Adair Martins.
Estratégias de e n s i n o - a p r e n d i z a g e m . 3.
ed. Petrópolis, Vozes, 1977.
SUGESTÕES
A partir das conclusões do trabalho,
onde se unem os dados obtidos dos
professores e dos alunos, pode-se, de
acordo com PRETTO (1978), propor
algumas sugestões práticas do professor
frente ao aluno:
- Proporcionar oportunidades vivenciais
frente à matéria que leciona, minimi­
zando o valor das informações em si e
maximizando seu significado e aplica­
ção, através de exemplos onde sua vi­
vência e percepção pessoal do tema
sejam oferecidas ao aluno.
- Criar situações onde os alunos possam
vivenciar o processo de grupo em sala
Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989
Kleber de Cassio Ferreira Arantes
Universidade Estadual de Londrina ­
Centro de Educação Física e Desportos
Campus Universitário - Londrina - PR
- CEP: 86051
FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Didática da
Educação Física de Londrina, (8):45-9, ago,
1983.
de aula, onde possam encontrar-se e
perceber-se no relacionamento com os
colegas, manifestando suas aptidões e
capacidades, sendo valorizados e va­
lorizando.
-Deixar sempre que possível, a cargo
dos alunos, atividades criadas por eles
onde demonstrem como percebem os
temas abordados.
-Perceber e atender às limitações dos
alunos de modo a não gerar propostas
que possam ser ameaçadoras mas de­
safiadoras àqueles alunos, naquele
momento.
HILLAL, Josephina.
São Paulo, 1985.
Relação
Professor-Aluno.
LEMBO, John M. Por que falham os Professo­
res. 6. ed. São Paulo, EPU, 1975.
UNDEMAN, Richard H. Outras Medidas de Progresso
dos Alunos. In: Medidas Educacionais. 4. ed.
Porto Alegre, Globo, 1978, p. 97-121.
MANN, Peter H. Como fazer perguntas. In: Métodos
de Investigação S o c i o l ó g i c a . 3. ed. Rio de
Janeiro, Zahar, 1975 p. 151-70.
PILETTI, Nelson, Psicologia
ed. São Paulo, Ática, 1984.
E d u c a c i o n a l . 2,
PRETTO, Siloé Pereira Neves. Educação Huma­
nista. São Paulo, Cortez e Moraes, 1978.
ROGERS, Carl R. O Relacionamento Interpessoal na
Facilitação da Aprendizagem. In: Liberdade
para Aprender. 2. ed. Belo Horizonte, Interli­
vros, 1983. p. 103-28.
39
Download

do trabalho completo - Boletim Brasileiro de Educação