CIÊNCIA BREVE REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA* KLEBER DE C A S S I O FERREIRA ARANTES * Este trabalho é uma condensação de uma monografia feita como exigência para conclusão do Curso de Graduação em Educação Física 1986, orientado pela profª. Maria Regina Clivati Capelo. 32 Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 O objetivo do presente estudo é lançar al gumas reflexões sobre a relação professor-a luno no Curso de Educação Física e consta tar a importância desse inter-relacionamento na condução de uma aprendizagem significa tiva. Para tanto, levanta-se uma série de con siderações sobre os aspectos que envolvem es sa relação, tais como: a formação do profes sor, a formação do aluno e a interação entre esses dois agentes. Foram coletados dados atra vés dos seguintes instrumentos: ficha de apon tamento de atitudes, escala de atitudes e ques tionários. Esses instrumentos foram distribuí dos aos professores e alunos, os quais apre sentaram divergências em suas respostas. Por um lado, os professores reclamaram uma par ticipação ativa do aluno e consideraram o seu trabalho docente, eficiente. Por outro lado, os alunos alegaram que não há espaço para essa participação ativa e que a atuação dos professores não está correspondendo às suas necessidades. Frente ao antagonismo dessa si tuação, concluiu-se que, o relacionamento in terpessoal professor-aluno no Curso de Edu cação Física está desarmonioso e há a neces sidade de se repensá-lo, se se pretende eficá cia no processo ensino-aprendizagem. Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1 (2): 32-39,1989 A relação professor-aluno é um modo de interação ou encontro profundo que se estabelece entre pessoas. Reflete uma atitude de objetivo bem definido que permite o encontro entre educador e educando. PRETTO (1978) alega que, dentro das atividades docentes, não só universitárias, como no demais níveis, é comum defrontar-se com um alto nível de insatisfação entre alunos e professores. E é aí que, para a autora, "surge a preocupação de buscar, de forma sistemática, elementos que possam auxiliar tanto professores como alunos a alcançar um grau maior de satisfação no trabalho pedagógico, especialmente vi sando à descoberta de fatores relevantes no relacionamento professor-aluno" (p.1). Do professor são requeridas certas características de personalidade e atitudes no relacionamento com os alunos que lhe permitem orientar adequadamente o processo educacional. Ele só poderá contribuir para o crescimento pessoal e intelectual do aluno se for uma pessoa em crescimento constante. Em outras palavras, para a condução de um ser à sua auto-realização, mesmo parcialmente, é necessário outro ser vivendo o mesmo processo, de preferência em etapas mais avançadas. Desta forma, o professor é uma pessoa que, pela função que exerce, influencia grandemente a vida de seus alunos, podendo contribuir consistentemente para seu amadurecimento emocional e desenvolvimento pessoal, levando-o à descoberta de suas aptidões, interesse e capacidades, incentivando-os à própria realização como indivíduos geradores também de crescimento social. Segundo HILLAL (1985), nas relações professor-aluno podem surgir conflitos duradouros, comprometendo emocionalmente tanto o professor como o aluno. Um dos aspectos mais relevantes do processo ensino-aprendizagem é a contínua interação professor-aluno. Centralizando todo esse processo está o professor. Sendo assim, esse estudo justifica-se pela necessidade de levar ao conhecimento dos professores as conseqüências do trabalho docente desenvolvido frente aos alunos com vistas à eficácia da aprendizagem e conseqüentemente em sua formação profissional, uma vez que o aluno poderá continuar reproduzindo os "modelos" que lhes foram apresentados no decorrer de sua vida acadêmica, 33 quando do exercício de sua profissão. Nesse sentido, importa conhecer alguns fatores que influenciam na formação do professor, do aluno e da relação que se estabelece entre ambos. A Formação dos Professores FERRY apud ALVES & SOUZA (1983), distingue três aspectos na for mação profissional dos docentes: 1) a formação científica no sentido amplo do termo ou formação acadêmica que visa fazer adquirir os conhecimentos, os métodos de pesquisa e o espírito da dis ciplina; 2) a formação pedagógica espe cífica dessa disciplina, ou seja, formação didática; 3) a formação psicopedagógica e sociopedagógica, que tende a suscitar nos futuros professores certas atitudes e comportamentos relacionados com os papéis que são chamados a desempe nhar. Esses três aspectos, contribuem para o que LEMBO (1975) classifica como características do bom professor: 1) a capacidade de criar um clima psicológi co para a aprendizagem; 2) a aptidão para identificar, planejar, assegurar e avaliar oportunidades de aprendizagem adequadas; 3) a aptidão e a vontade de experimentar e descobrir abordagens mais convenientes para o ensino e a aprendizagem; 4) a capacidade de en tender e empregar de forma construtiva o seu próprio comportamento. Ressalta-se que, de acordo com a formação que o professor recebe, de penderá toda uma estrutura de ação para com os seus alunos. Nesse sentido, se gundo BORDENAVE & PEREIRA (1977), existem diversos tipos de pro fessores: a) O instrutor ou professor de autô matos: procura ajudar o aluno a ad quirir a capacidade de responder ime diatamente sem necessidade de pen sar..., recitar definições, exposições e generalizações que memorizam. 34 d) O professor que se concentra no intelecto do aluno: dá mais im portância ao "como" e ao "porquê" do saber do que ao "que" desenvolve as habilidades intelectuais do aluno. duzir os alunos a uma aprendizagem realmente significativa. E isso deve ser feito para que o aluno não se torne o grande desconhecido do processo de ensino. e) O professor que se concentra na pessoa total: acredita no desenvol vimento intelectual, considera o ensi no como um desafio à pessoa do estu dante, obriga a buscar respostas ainda não aprendidas. A Interação Professor-Aluno f) O professor que tem uma visão estrutural da sociedade: tipo de professor mais freqüente nos países subdesenvolvidos; considera o aluno matéria a ensinar, e a si mesmo, como partes inseparáveis de um contexto da sociedade historicamente estruturada em extratos dominantes e dominados. Em se tratando da Educação Física, FARIA JÚNIOR (1969) enumera em cinco os requisitos básicos para o de sempenho da profissão: 1) vocação para o magistério; 2) aptidões específicas para o trabalho docente; 3) habilitação profissional; 4) preparo especializado em Educação Física; 5) cultura geral. A Formação dos Alunos Para MCKEACHIE apud BOR DENAVE & PEREIRA (1977), o ensi no torna-se mais eficaz quando o pro fessor conhece a natureza das diferenças entre os alunos. PILETTI (1984), aborda fatores da formação dos alunos que concorrem para a facilitação ou não da aprendiza gem. São os seguintes: 1) Individuais: o ensino antes de ser padronizado e igual para todos, deve adaptar-se às características indivi duais (origem nervosa, características orgânicas e deficiências físicas). 2) Familiares: representados pela es trutura familiar, pelo número de ir mãos, pelo tipo de educação e quanti dade de afeto recebidos. A interação professor-aluno é fun damental para uma boa adaptação esco lar. Assim o primeiro professor de uma criança tem grande importância na ati tude futura desse aluno, não só durante sua fase de aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos professores. Para HILLAL (1985), a interação professor-aluno é semelhante à do mé dico-clínico, com seus métodos de ob servação, de diagnose e de terapêutica, reunindo neles todos os princípios fun damentais da ciência e da arte. ROGERS(1975),alega que a facili tação da aprendizagem significativa se baseia na qualidade das atitudes que existem no relacionamento professoraluno e em sua interação. Segundo PILETTI (1984), a intera ção social depende da percepção que temos das pessoas com quem interagi mos; quanto a própria percepção depen de da interação que temos com essas pessoas. Sendo assim, as interações são influenciadas pelo modo como é perce bido o indivíduo com o qual se entra em contato. De acordo com ALVES & SOUZA (1983), quando uma interação é difícil ou coercitiva, podemos prever que ela não se produzirá. Levando para o campo das relações professor-aluno, podemos notar que o aluno falará com o profes sor quando disto houver uma recom pensa, o mesmo acontecendo com o professor que se inter-relacionará com o aluno quando as respostas advindas fo rem compensadoras e satisfatórias. Três orientações básicas devem es tar sempre presentes no trabalho do professor, em sua interação com os alu nos: 1) Ao invés de punir o comporta mento destrutivo, estimular e in centivar o comportamento construtivo. b) O professor que se concentra no conteúdo: cobra sistematicamente as matérias de sua disciplina, considera tolice a opinião que o processo de ensinar e aprender deva consistir nu ma pesquisa conjunta. 3) Escolares: representados pelos pri meiros contatos com os professores; da relação com os outros alunos; pe los métodos de ensino empregados e pelo ambiente escolar. 2) Ao invés de forçar o aluno, orientá-lo na execução das ati vidades escolares, ouvindo o que ele tem a dizer. c) O professor que se concentra no processo de instrução: quer que seus alunos tratem a matéria com os mesmos métodos que ele os trata. Esses fatores tornam-se um marco determinante na disposição para o aprender. Cabe então ao professor in teirar-se desses fatores, se quiser con 3) Evitar a formação de precon ceitos, por meio da observação e do diálogo constantes que per mitem ao professor constatar as Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 mudanças que estão ocorrendo com o aluno e compreender o seu desenvolvimento. Procedimento Desta forma, segundo BEOZZO (1976), o professor deve informar-se convenientemente sobre seus alunos, para que as interações na sala de aula não sejam prejudicadas pela deficiência de suas percepções. A percepção correta das qualidades dos alunos é um passo importante na procura das soluções. Reorganizar, aumentar, modificar a per cepção que se tem do aluno, pode ser uma mudança positiva em vista da pro moção do desenvolvimento dos alunos. Visando verificar a dinâmica do in ter-relacionamento professor-aluno, bem como as condutas esperadas por parte do professor em relação aos alu nos e destes em relação aos professores, foram inicialmente distribuídas as fichas de apontamento de atitudes que, após coletados os dados, forneceram subsí dios para a elaboração do segundo ins trumento de avaliação, a escala de atitu des. A somatória dos dados de todos os instrumentos forneceu conteúdo maior para a elaboração do último instrumen to, o questionário. MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Sujeitos Instrumento nº 1 - Ficha de Apontamento de Atitudes Para execução deste trabalho, ser viram como sujeitos trinta alunos do sexto período do curso de Educação Fí sica do primeiro semestre do ano de 1986 e vinte professores do departa mento, que ministraram as disciplinas do primeiro ao sexto período do curso. Instrumento O conjunto de instrumentos deste estudo compôs-se de: 1) Ficha de apontamento de atitu des: constitui-se de um instrumento dissertativo no qual tanto professores quanto alunos foram questionados especificamente no que se refere a ações que contribuem e que deficitam o processo ensino-aprendizagem. 2) escala de atitudes: trata-se de um instrumento elaborado de acordo com algumas atitudes consideradas básicas por parte de professores e alunos, coletadas através da ficha de aponta mento de atitudes. Ressalta-se que esse instrumento também foi respon dido por professores e alunos. É uma escala de atitudes com respostas ob jetivas enquadradas em quatro com portamentos (nunca, raramente, ha bitualmente, sempre); contém tam bém uma pergunta do tipo escalar: concordo, em dúvida, discordo. 3) questionário: trata-se de um ins trumento misto com questões abertas e fechadas, sendo esta última do tipo escalar (nunca, raramente, regular mente, freqüentemente, sempre). Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 A percepção correta das qualidades dos alunos é um passo importante na procura das soluções. Neste instrumento intentou-se saber tanto de professores como de alunos, quais eram, na sua opinião, as atitudes de um e de outro que contribuíam e que deficitavam o processo ensino-aprendizagem. Neste caso, os professores apontaram a conduta dos alunos e os alunos a dos professores. Apresentaremos em primeiro plano a opinião dos professores e em seguida a dos alunos. Professores participantes neste instrumento: 20 - instrumentos devolvidos: 14 = 70% - instrumentos não devolvidos: 6 =30% Ações que contribuem - interesse - participação ativa - predisposição no aprender - espírito crítico - comunicabilidade - exigência dos direitos - entusiasmo Ações que deficitam - atraso e faltas nas aulas - indiferença para com o seu rendimento escolar - esmorecimento frente às dificuldades - comodismo - não participação nas aulas Alunos participantes neste instrumento: 30 - instrumentos devolvidos: 18 = 60% - instrumentos não devolvidos: 12 = 40% Ações que contribuem - coerente motivação 35 - correção das falhas do aluno nitidez nas explicações interesse para com o aluno não seletividade de alunos igualdade de papéis no processo ensino-aprendizagem Ações que deficitam - indiferença para com o aluno não domínio dos conteúdos seletividades de alunos desorganização e indiferença para com o seu trabalho - imposição de idéias e padrões aos alunos - insegurança VARIÁVEIS A B C DE F GH- Simpatia Espírito Democrático Paciência Autenticidade Honestidade Capacidade de Ouvir Aceitação de Críticas Adequação à Realidade I - Criatividade J - Organização K - Atualização L - Domínio dos Conteúdos M - Variação de Metodologias N - Entusiasmo O - Flexibilidade Neste instrumento verificou-se que, tanto professores quanto alunos não questionaram explicitamente o fator in teração professor-aluno como elemento de condução à aprendizagem significati va. No entanto, os alunos em suas res postas, apontaram como ação que con tribui para a facilitação da aprendiza gem, a necessidade da aceitação iguali tária de papéis no processo ensinoaprendizagem e relatam que a indiferen ça para com os alunos é fator que de sestimula a aprendizagem. Instrumento nº 2 - Escala de Atitudes Este instrumento foi dividido em duas partes. A primeira parte consta de duas categorias de quinze variáveis: Aceitação e compreensão empática (va riável de A a G) e Quanto ao ensino (variáveis de H a O). A segunda parte consta de uma pergunta a respeito da importância do relacionamento inter pessoal professor-aluno. A escala dos professores será analisada em primeiro lugar e a seguir a dos alunos. Abaixo se gue o percentual de participação nos instrumentos tanto de professores como de alunos. Tabela I - Freqüência dos professores que pontuaram cada variável na escala de atitudes. Baseando-se na tabela, constata-se a maior constância no item sempre, o que nos leva a concluir que na opinião dos professores, eles estão sempre cumprindo com as condutas evidenciadas nesta escala de atitudes, tanto quanto a aceitação e compreensão empática (variáveis de A a G) como também ao ensino (variáveis de H a O). Quadro 1 - IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL PROFES SOR-ALUNC NA CONDUÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. OPINIÃO Professores participantes neste instrumento: 20 - instrumentos devolvidos: 16 = 80% - instrumentos não devolvidos: 4 = 20% Alunos participantes neste instru mento: 30 - instrumentos devolvidos: 26 = 86,7% - instrumentos não devolvidos: 4 = 13,3% 36 PROFESSORES % CONCORDO EM DÚVIDA DISCORDO 14 2 0 87,5 12,5 0 TOTAL 16 100 FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos professores. Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 VARIÁVEIS A B C D E F G H - Simpatia Espírito Democrático Paciência Autenticidade Honestidade Capacidade de Ouvir Aceitação de Críticas Adequação à Realidade Instrumento nº 3 Questionário I - Criatividade J - Organização K - Atualização L - Domínio dos Conteúdos M - Variação de Metodologias N - Entusiasmo O - Flexibilidade Os itens constantes deste instru mento versaram sobre diferentes fatores que envolvem a relação interpessoal professor-aluno. Abordou-se fatores como metodologia de ensino emprega do, formas de avaliação, respeito mútuo, comportamento não-verbal, etc. Optouse por apresentar as respostas cujos per centuais foram mais incidentes. O ques tionário dos professores será analisado primeiramente e em seguida o dos alu nos. Professores participantes neste instrumento: 20 - instrumentos devolvidos: 15 = 75% -Instrumentos não devolvidos: 5 = 25% Q U E S T Ã O 1 - IDENTIFICAÇÃO DO PROFESSOR EM RELAÇÃO À DISCIPLINA Verificou-se que 86,7% dos pro fessores se identificam com a disciplina que ministram e 13,3%, embora estejam ministrando a disciplina, a mesma não está relacionada com o que se identifi cam. Tabela II - Freqüência dos aluno que pontuaram cada variável na escala de atitudes. Tabela II - Freqüência dos aluno que pontuaram cada variável na escala de atitudes. Com base nos percentuais da tabela, verificou-se que a maior incidência recaiu so bre o item raramente, o que nos permite concluir que, na opinião dos alunos, os pro fessores estão deficientes nesses comportamentos evidenciados (variáveis), tanto quanto a aceitação e compreensão empática (variáveis de A a G) como também quanto ao ensino (variáveis de H a O). Quadro 2 - IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL PROFES SOR-ALUNO NA CONDUÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA OPINIÃO PROFESSORES % CONCORDO EM DÚVIDA DISCORDO 24 2 0 92,3 7,7 0 TOTAL 26 100 FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos alunos. FONTE: Parte 2 da escala de atitudes aplicada aos alunos. Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 Q U E S T Ã O 2 - DESAGRADO POR PARTE DOS ALUNOS QUAN TO À DISCIPLINA Com relação a esta questão, 53,3% dos professores não percebem algum manifesto de desagrado por parte dos alunos. Os que regularmente e habi tualmente atestaram esse desagrado, justificaram da seguinte forma: -dificuldade em assimilar o que está sendo ministrado - falta de consciência crítica do aluno -preocupação excessiva com a avalia ção - falta do hábito de leitura e pesquisa Q U E S T Ã O 3 - DIFICULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO JUNTO AOS ALUNOS Num percentual de 53,3%, os pro fessores atestaram que nunca têm en contrado dificuldades para o desenvol vimento de seu trabalho. Por outro lado, os professores entrevistados que têm essa dificuldade (13,4%), relatam o se guinte: - desinteresse do aluno - falta de espaço físico -inserção do aluno num processo de ensino reprodutor e conservador, difi cultando as transformações e inova ções. 37 QUESTÃO 4 - SATISFAÇÃO DO PROFESSOR COM O MAGISTÉRIO EM RELAÇÃO À PARTICIPAÇÃO DO ALUNO 40% dos professores entrevistados raramente sentem-se satisfeitos com o magistério, alegando que a participação do aluno não é tão efetiva assim para que essa conduta seja enfaticamente considerada. atitudes agressivas para com os alunos ausência de diálogo seletividade quanto aos alunos mercenarismo adestramento em detrimento da práti ca pedagógica - indiferença ao aluno -desorganização e indiferença ao seu trabalho QUESTÃO 5 - FORMAÇÃO DO PROFESSOR X CAPACIDADE DE ASSIMILAÇÃO DO ALUNO Em sua maioria (46,7%), os pro fessores não consideram que sua forma ção profissional seja obstáculo à capaci dade de assimilação do aluno. Alunos participantes neste instrumento: 30 - instrumentos devolvidos: 24 = 80% -instrumentos não devolvidos: 6 = 20% QUESTÃO 6 - EXPECTATIVAS DO PROFESSOR EM RELAÇÃO AO GRUPO DE ALUNOS QUE RECEBE Os professores expressaram da se guinte forma as condutas que esperam receber dos alunos: - que tenham interesse nos estudos - que sejam capazes de transformar - que queiram e gostem de lecionar - que sejam simpáticos - que não se preocupem com a avaliação QUESTÃO 7 - ENTUSIASMO DO PROFESSOR PELO ENSINO 46,6% dos professores afirmaram que sempre se entusiasmam pelo magis tério, a ponto de inspirar nos alunos o desejo de lecionar. QUESTÃO 8 - ATRIBUIÇÃO AO FATOR RESPONSÁVEL PELO ÍNDICE DE DESISTÊNCIA DO CURSO A maioria dos professores pesquisa dos (46,6%) atribuem o índice de desis tência do curso ao despreparo do aluno para a realização do mesmo. Dentre ou tros fatores apontados para contribuição do índice de desistência, obteve-se o se guinte: - falta de consistência nas escolhas vo cacionais - indefinição de objetivos QUESTÃO 9 - ATITUDES DO PROFESSOR QUE PODEM CONTRIBUIR PARA UM CLIMA DESFAVORÁVEL À APRENDIZAGEM Foram as condutas abaixo relacio nadas, consideradas pelos professores como inibidoras do processo ensino aprendizagem: - falta de domínio dos conteúdos da dis ciplina 38 - - - - - QUESTÃO 7 ESTABELECIMENTO DE PROVAS COM ANTECEDÊNCIA De acordo com os alunos, 45,8% dos professores regularmente estabele cem provas com antecedência. QUESTÃO 8 ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 45,8% dos alunos afirmaram que raramente há o estabelecimento de cri térios de avaliação por parte dos pro fessores. QUESTÃO 1 - RELAÇÃO DE RESPEITO INTELECTUAL E AFETIVO PROFESSOR-ALUNO 58,3% dos alunos entrevistados atestaram que raramente essa relação ocorre no cotidiano escolar. QUESTÃO 9 - FORMAS DE AVALIAÇÃO COMPATÍVEL COM AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA Regularmente (66,6%) na opinião dos alunos, os professores estabelecem formas de avaliação compatível com as características da disciplina. QUESTÃO 2 - P A R T I C I P A Ç Ã O EFETIVA E DESENVOLVIMENTO DO SENSO CRÍTICO DO ALUNO De acordo com a pontuação 70,8% dos alunos alegaram que raramente isto ocorre em sala de aula. Q U E S T Ã O 10 - JUSTIÇA NA ATRIBUIÇÃO DAS NOTAS 54,2% dos alunos afirmaram que regularmente há justiça na atribuição das notas. QUESTÃO 3 - INTERESSE DO PROFESSOR EM ATENDER O ALUNO FORA DE SALA DE AULA Num percentual de 58,3%, os alunos constataram que raramente o professor interessa-se em atendê-los fora da sala de aula. QUESTÃO 4 COMPORTAMENTO NÃO-VERBAL DO PROFESSOR As ações não-verbais do professor que estimulam o processo ensino-apren dizagem, raramente (45,8%) são eviden ciadas em sala de aula. QUESTÃO 5 - EFICÁCIA DOS MÉTODOS DE ENSINO EMPREGADOS A metade dos alunos inquiridos afirmaram que raramente os métodos de ensino empregados são eficientes para a condução de uma aprendizagem signifi cativa. QUESTÃO 6 - ENTUSIASMO DO PROFESSOR PELO ENSINO Através da pontuação, 54,2% dos alunos afirmaram que raramente os professores se entusiasman: pelo ensino, a ponto de fazê-los sentirem-se imbuí dos do desejo de lecionar. QUESTÃO 11 - ATRIBUIÇÃO AO FATOR RESPONSÁVEL PELO ÍNDICE DE DESISTÊNCIA DO CURSO Dos alunos consultados, verifi cou-se que a maioria atribuiu o índice de desistência do curso ao seu próprio des preparo para a realização do mesmo (41,7%). Dentre outros fatores que contribuem para esse índice, foram apontados os seguintes: - indefinição de objetivos - sobrecarga de disciplinas por período - falta de consistência nas escolhas vo cacionais QUESTÃO 12 - ATITUDES DO ALUNO QUE PODEM CONTRIBUIR PARA UM CLIMA DESFAVORÁVEL À APRENDIZAGEM Foram as seguintes condutas abaixo relacionadas, consideradas pelos alunos como inibidoras do processo ensinoaprendizagem: - desinteresse pelo professor e pela dis ciplina -brincadeiras inconvenientes durante a aula - aceitação passiva frente à imposição do professor - falta de cooperação com os professo res e com os colegas - pouca vontade de estudar Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 Através da análise dos questionários aplicados, verificou-se que professores e alunos encontram-se em situações conflituosas. Em termos gerais, pode-se dizer que a metade dos alunos consulta dos afirmaram que o relacionamento professor-aluno vem sofrendo dificul dades em razão de fatores característi cos do próprio processo de ensinar. Por outro lado, cinqüenta por cento dos professores pesquisados ressaltaram que têm desenvolvido ações no sentido de contribuir para que a relação professoraluno seja cada vez mais efetiva. - Criar um clima gerador de confiança onde os alunos arrisquem errar, criar, mostrando o que são capazes de fazer em função da tarefa e, no fazer, possam descobrir-se. - Permitir que os alunos atuem confor me critérios definidos em comum, realizando auto-avaliações, avaliando colegas e sendo avaliados por eles en quanto tarefa, sem medo da crítica e enfrentando as próprias dificuldades. -Permitir ao aluno o uso da reflexão através de leituras que propiciem o enriquecimento pessoal e novas per cepções de si mesmo e da tarefa; esti mulando o pensamento divergente. CONCLUSÃO Levando-se em consideração os da dos e resultados obtidos por meio da aplicação dos instrumentos e do estudo dos teóricos, concluiu-se que: — O relacionamento interpessoal pro fessor-aluno é fator preponderante na facilitação da aprendizagem. — Professores e alunos, em sua maioria, consideram importante o relaciona mento interpessoal para a promoção do processo ensino-aprendizagem. — O relacionamento professor-aluno no Curso de Educação Física encontra-se em séria desarmonia. — Tanto professores como alunos espe ram ações mútuas que contribuam para o desenvolvimento e aprimora mento do processo ensino-aprendiza gem, tais como: respeito mútuo, inte resse e valorização recíprocos, postura crítica. — O índice de evasão que se verifica a cada ano, não se dá necessariamente pela falta de interação professor-alu no, mas devido ao despreparo do alu no, despreparo este, acredita-se, que o aluno traz em sua bagagem escolar, isto é, as influências de suas experiên cias escolares anteriores. A interação social depende da percepção que temos das pessoas com quem interagimos. BIBLIOGRAFIA ALVES, Jair & SOUZA Celso. Uma reflexão no rela cionamento professor-aluno na Educação Física. Revista da Associação dos Professoras de Educação Física de L o n d r i n a . (8):45-9, ago, 1983. BEOZZO, J.B.M. A Integração professor-aluno. R e vista B r a s i l e i r a de Educação Física e Des portos. 3 1 , jul/set. 1976. BORDENAVE, Juan Diaz & PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de e n s i n o - a p r e n d i z a g e m . 3. ed. Petrópolis, Vozes, 1977. SUGESTÕES A partir das conclusões do trabalho, onde se unem os dados obtidos dos professores e dos alunos, pode-se, de acordo com PRETTO (1978), propor algumas sugestões práticas do professor frente ao aluno: - Proporcionar oportunidades vivenciais frente à matéria que leciona, minimi zando o valor das informações em si e maximizando seu significado e aplica ção, através de exemplos onde sua vi vência e percepção pessoal do tema sejam oferecidas ao aluno. - Criar situações onde os alunos possam vivenciar o processo de grupo em sala Revista da Fundação de Esporte e Turismo 1(2): 32-39, 1989 Kleber de Cassio Ferreira Arantes Universidade Estadual de Londrina Centro de Educação Física e Desportos Campus Universitário - Londrina - PR - CEP: 86051 FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. Didática da Educação Física de Londrina, (8):45-9, ago, 1983. de aula, onde possam encontrar-se e perceber-se no relacionamento com os colegas, manifestando suas aptidões e capacidades, sendo valorizados e va lorizando. -Deixar sempre que possível, a cargo dos alunos, atividades criadas por eles onde demonstrem como percebem os temas abordados. -Perceber e atender às limitações dos alunos de modo a não gerar propostas que possam ser ameaçadoras mas de safiadoras àqueles alunos, naquele momento. HILLAL, Josephina. São Paulo, 1985. Relação Professor-Aluno. LEMBO, John M. Por que falham os Professo res. 6. ed. São Paulo, EPU, 1975. UNDEMAN, Richard H. Outras Medidas de Progresso dos Alunos. In: Medidas Educacionais. 4. ed. Porto Alegre, Globo, 1978, p. 97-121. MANN, Peter H. Como fazer perguntas. In: Métodos de Investigação S o c i o l ó g i c a . 3. ed. Rio de Janeiro, Zahar, 1975 p. 151-70. PILETTI, Nelson, Psicologia ed. São Paulo, Ática, 1984. E d u c a c i o n a l . 2, PRETTO, Siloé Pereira Neves. Educação Huma nista. São Paulo, Cortez e Moraes, 1978. ROGERS, Carl R. O Relacionamento Interpessoal na Facilitação da Aprendizagem. In: Liberdade para Aprender. 2. ed. Belo Horizonte, Interli vros, 1983. p. 103-28. 39