A PRÁTICA DOCENTE E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: INDISCIPLINA,
VIOLÊNCIA E DESRESPEITO
Gagrielly Hamonny Santos de Souza – Estudante do Curso de Pedagogia da Universidade
Federal do Pará/Campus de Abaetetuba e membro do Grupo de Estudo e Pesquisa
Memória Docente, Educação e Tecnologia(GEPEM).
Josiane Pereira Vasconcelos – Estudante do Curso de Pedagogia da Universidade Federal
do Pará/Campus de Abaetetuba; bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a
Docência (PIBID) e membro do Grupo de Estudo e Pesquisa Memória Docente, Educação
e Tecnologia (GEPEM).
Rafael Trindade da Silva – Estudante do Curso de Engenharia Industrial da Universidade
Federal do Pará/Campus Universitário de Abaetetuba.
Resumo: A relação professor/aluno já existia mesmo antes de haver a sua sistematização, em que
os aprendizes obtinham seu conhecimento com seus mestres, por meio de encontros em lugares
informais. Pode-se dizer que na escola, a prática pedagógica e a interação professor-aluno é
imprescindível para que ocorra o sucesso no processo de ensino-aprendizagem. Hoje existe nas
relações dentro da escola, uma modificação apontada nas falas dos professores de que os alunos
“não têm medo de mais nada”, além das situações em que a violência urbana leva ao
amedrontamento e à intimidação. A escola é o reflexo de uma sociedade, e o que vemos dentro dela
pode-se dizer que é exatamente o mesmo que se encontra nas ruas ou dentro das casas. Além disso,
a falta de estrutura das instituições é apontada como uma das causas de violência no ambiente
escolar.
Palavras-chave: Escola, professor-aluno, indisciplina, desrespeito.
1. INTRODUÇÃO
Ao decidir escrever sobre o tema relação professor-aluno, parti da constatação na
prática de como professores e pedagogos, encontram-se em dificuldades em sala de aula e
coordenação escolar, para atingir os objetivos propostos em virtude dos problemas pelos
quais passa a educação de modo geral.
O presente trabalho surge, também, a partir das experiências vividas, através do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID e do Grupo de Estudo e
Pesquisa Memória Docente, Educação e Tecnologia (GEPEM) da Universidade Federal do
Pará-Campus Universitário de Abaetetuba, na rede pública de ensino no município de
Abaetetuba.
Sabe-se que há uma crise, que são os dados que colocam o Brasil entre os piores do
mundo em Leitura e Escrita, Matemática e Ciências, segundo avaliação do PISA
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(Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Certo é que a escola brasileira
atualmente carece de credibilidade, o professor sente-se desmotivado e acuado.
Neste artigo abordaremos a prática pedagógica e a relação professor-aluno, a qual
tem sido de grande preocupação no contexto da escola; a indisciplina na sala de aula, sendo
atualmente, uma das dificuldades fundamentais quanto ao trabalho escolar; finalizando
com a violência e o desrespeito, por parte dos discentes, aos profissionais da educação.
2. A PRÁTICA DOCENTE
As práticas contemporâneas buscam novos horizontes para o encontro entre
professores e alunos, onde os mesmos possam interagir expondo suas habilidades,
demostrando suas capacidades de aprendizagem.
Os docentes não podem ser como bancários que só depositam saberes, mas que
possam ser capazes de transmitir esses saberes, e dar oportunidade aos discentes para
exporem suas ideias e assim tornarem-se sujeitos críticos e capazes de formarem suas
próprias opiniões.
A reflexão de Esteban e Zaccur (2008) adverte sobre a persistência da racionalidade
técnica na organização dos programas dos cursos de formação dos professores, ao
afirmarem que a limitação do processo reflexivo está intimamente associada aos meios da
instrução e a exclusão da esfera de competência dos professores, da definição do conteúdo
e fins da educação e dos aspectos morais e éticos do ensino, o ensino se torna meramente
uma atividade técnica.
Ao analisar essa questão podemos deparar com as dificuldades que os docentes têm
em repassar os conteúdos devido a realidade do seu cotidiano, e isso causa uma tensão,
pois existem diferenciações nas realidades regionais. Exemplo: Um aluno do norte não
domina o conhecimento sobre a jabuticaba, pois não faz parte do ambiente onde reside, e
isso dificulta a percepção deste, para o professor e principalmente para o aluno aquela aula
acaba tornando-se inadequada, porque mesmo, que o aluno aprenda a escrever a palavra
jabuticaba, não vai compreender o que realmente é, pois não o conhece, logo não irá
associar o nome ao fruto; mas se lhe apresentarem um fruto o qual tem contato
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cotidianamente, como a exemplo o açaí, o discente irá consegui compreender o assunto
proposto porque se trabalhou algo que faz parte de sua realidade.
O educador precisa possuir uma metodologia dinâmica, ativa que venha causar
interesse no educando, motivando-o a fazer pesquisas e sentindo-se interessado na
construção do seu próprio saber.
3. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
A relação professor/aluno já existia mesmo antes de haver a sua sistematização, em
que os aprendizes obtinham seu conhecimento com seus mestres, por meio de encontros
em lugares informais. O contato entre professor e aluno pode tomar várias direções, pode
haver casos em que haja uma rica experiência e crescimento de ambas as partes ou poderá
também ocorrer justamente o oposto, em que a relação seja algo desgastante, cansativa,
forçada e sem vida. Existem vários fatores que podem interferir neste relacionamento,
ajudando ou também prejudicando.
A relação professor-aluno tem sido uma das principais preocupações do contexto
escolar. Nas práticas educativas, o que se observa é que, por não se dar a devida atenção à
temática em questão, muitas ações desenvolvidas no ambiente escolar acabam por
fracassar.
Por parte de muitos estudiosos e pesquisadores, sabe-se que existe uma preocupação,
em contribuir para um trabalho mais rico e significativo nas escolas. Porém, ao se fazer
uma análise do atual contexto escolar, se nota que ainda são muito comuns no cotidiano da
escola, as reclamações e insatisfações por parte dos professores em relação aos alunos e
vice-versa. Ou seja, a relação professor-aluno parece ser permeada por animosidades ou
conflitos.
Pode-se dizer que na escola, a interação professor-aluno é imprescindível para que
ocorra o sucesso no processo de ensino-aprendizagem. Por esse motivo, se justifica a
existência de tantos trabalhos e pesquisas na área da educação dentro dessa temática, os
quais procuram destacar a interação social e o papel do professor mediador, como
requisitos básicos para qualquer prática educativa eficiente.
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Segundo as abordagens de Paulo Freire, só é possível uma prática educativa
dialógica por parte dos educadores, se eles acreditarem no diálogo como um fenômeno
humano capaz de mobilizar o refletir e o agir dos homens e mulheres. Assim, quanto mais
o professor compreender a dimensão do diálogo como postura necessária em suas aulas,
maiores avanços estarão conquistando em relação aos alunos, pois desse modo, se sentirão
mais curiosos e mobilizados para transformarem a realidade. Quando o professor atua
nessa perspectiva, ele não é visto como um mero transmissor de conhecimentos (educação
tradicionalista), mas como um mediador, alguém capaz de articular as experiências dos
alunos com o mundo, levando-os a refletir sobre seu entorno, assumindo um papel mais
humanizador em sua prática docente (educação construtivista).
Considerando esses pressupostos, organizar uma prática escolar é sem dúvida,
conceber o aluno um sujeito em constante construção e transformação que, a partir das
interações, se tornará capaz de agir e intervir no mundo, conferindo novos significados
para a história dos homens.
Ao se imagina uma escola baseada no processo de interação, não se está pensando
em um lugar onde cada um faz o que quer, mas num espaço de construção, de valorização
e respeito, no qual todos se sintam mobilizados a pensarem em conjunto.
4. A INDISCIPLINA DISCENTE
Apesar de ser um assunto com pouca relevância teórica, segundo alguns autores, a
indisciplina na sala de aula é atualmente, uma das dificuldades fundamentais quanto ao
trabalho escolar. Alguns fatores são apontados como determinantes da indisciplina eles
influenciam a sua maneira e na situação caótica em que se encontram as escolas nos dias
de hoje, sejam elas públicas ou particulares (Oliveira, 2005). Esses fatores seriam de
origem psicossocial (família, mídia, diversidade, problemas de distúrbios de atenção,
carência afetiva) e os chamados fatores pedagógicos (formação de professores, proposta
pedagógica, imposição ou falta de regras, o sistema e a escola).
Estudos indicam que os professores empregam quase 1/3 do tempo de aula
administrando conflitos interpessoais. O primeiro esforço está em evitar conflitos. Para
isso, elaboram-se regras e mais regras. Implantam-se métodos de vigiar os alunos, como:
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filmagens ou vigilância pessoal, atividades sem fins pedagógicos (cópias em louça,
avaliações indevidas, turmas mapeadas, etc.), empregando assim, uma quantidade enorme
de tempo, comprometendo o ensino. Dessa forma, a escola promove a regulação exterior e
esquiva-se da responsabilidade educativa, de formar os futuros cidadãos de nossa
sociedade.
O segundo esforço consiste na contensão, quando o professor transfere a
responsabilidade para terceiros, a exemplo: diretores, especialistas, pais, etc. Associam a
obediência à regra ao temor da autoridade, ao medo da punição, da censura e da perda do
afeto. Esses mecanismos de controle utilizados cotidianamente na escola funcionam
temporariamente.
O terceiro esforço está em ignorar os conflitos, geralmente quando se trata do
desrespeito entre os alunos. O mesmo não acontece quando o professor é o alvo. Quando
isso acontece, passa a ser indisciplina. Há intervenção do professor quando existe o
desrespeito à autoridade, mas muitas vezes ele se cala, quando o estudante é o centro das
brincadeiras más. Os resultados são claros: crianças e adolescentes são impedidos de
prosperar numa moral que reconheça aos outros como seus iguais.
Segundo o autor Julio Aquino (1996), a questão da indisciplina não está ligada
apenas às práticas pedagógicas, pois o mundo mudou, e consequentemente, os alunos
também mudaram. De acordo com este autor, a indisciplina aparece como um sintoma de
outra ordem que não a estritamente escolar, mas que surte no interior da relação educativa.
Assim como a escola não possui vida própria, dissociada das outras instituições sociais, a
indisciplina também não pode ser analisada simplesmente no âmbito escolar, educacional.
5. VIOLÊNCIA E DESRESPEITO NA EDUCAÇÃO
A indisciplina muita das vezes leva ao desrespeito por parte dos alunos com os
professores. Os docentes não conseguem ter domínio da turma e consequentemente não
mantêm uma relação saudável com os seus educandos, ora são intransigentes, ora são
“bonzinhos”, deixando os alunos fazerem o que querem, dentro e fora da sala de aula.
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Para entender e identificar as razões da falta de respeito nas escolas é preciso
entender primeiro a sociedade em que ela se encontra. Em vários aspectos, sejam eles
históricos econômicos e culturais tudo deve ser considerado para que se compreenda um
comportamento de desrespeito. A miséria, a falta de instrução, a desestrutura familiar, a
falta de limites, o excesso de consumo, manifestações de agressividade e injustiça dentro e
fora de casa. Essas e outras situações motivam a violência e o desrespeito em muitos
indivíduos. Por outro lado, há quem use as dificuldades como motivação para uma vida
melhor.
Hoje existe nas relações dentro da escola, uma modificação apontada nas falas dos
professores de que os alunos “não têm medo de mais nada”, além das situações em que a
violência urbana leva ao amedrontamento e à intimidação. Isso então, se leva a pensar que
os alunos deveriam ter medo de algo ou de alguém dentro da escola. Historicamente
amedrontadores em suas relações com os alunos, aparentemente na atualidade, os
professores muitas vezes têm se mostrado amedrontados e até mesmo, muitas vezes,
agredidos e vítimas de violência por parte de seus alunos.
A escola é reflexa de uma sociedade, e o que vemos dentro dela pode-se dizer que é
exatamente o mesmo que se encontra nas ruas ou dentro das casas. Muda-se o ambiente, no
entanto os personagens são os mesmos. Além disso, a falta de estrutura das instituições é
apontada como uma das causas de violência no ambiente escolar. Para que isso se
modifique, um dos passos seria a união entre escola, alunos e pais.
O desrespeito é inaceitável, porém é papel do profissional da educação refletir sobre
essa crescente violência e exercitar a compreensão sobre o que está por trás disso. Afinal,
tudo que se passa no ambiente escolar deve ser entendido como relevante à educação do
indivíduo.
É importante dizer que é do profissional da educação que se espera o limite entre as
relações interescolares, assim como é dos pais que se imagina virem os limites dentro de
casa. Além disso, sabe-se que uma relação deve ser baseada na confiança. Mas o quanto
educadores, pais e alunos têm confiado uns nos outros? É preciso conquistar o filho e/ou o
aluno nas pequenas atitudes, abrindo espaço para que ele se coloque, expondo suas ideias,
dúvidas e conflitos. Assim, e aos poucos, vai se estabelecendo uma relação de confiança
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em que a criança e o adolescente encontram proteção e conforto para se abrir e denunciar
inclusive atos de violência sofridos, vivenciados ou protagonizados por eles.
6. CONCLUSÃO
Como citado anteriormente, esse artigo é fruto de experiências vividas no cotidiano
escolar do ensino público no município de Abaetetuba. Durante esse período percebeu-se
que muitos dos problemas que existem hoje na educação podem ser em grande parte
resolvidos se observadas algumas questões importantes no relacionamento entre professor
e aluno. Se a prática docente ou os estudantes adotem uma postura unilateral, de
desrespeito ao outro, preconceitos e incompreensões, o relacionamento professor/aluno
será sempre afetado, cheio de embates e nada frutífero do ponto de vista da boa educação.
Ao concluirmos esse artigo, percebemos que apesar das dificuldades existentes na
área da educação é importante vivenciarmos as práticas de pesquisas e principalmente as
de sala de aula, pois trazem experiências propriamente dita de um saber que nos leva a
melhorar como futuro docente ou coordenador escolar em pleno exercício da função.
Conseguir uma dinâmica com alunos e manter um laço de amizade, mas sem desviar da
função de educar e formar pessoas com valores exemplares, já que o docente acaba se
tornando uma referência para o aluno.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 7
ed. São Paulo: Summus, 1996.
BALDINO, Angela Rocha de Oliveira. Relação professor-aluno: quem amedronta
quem?. Disponível em: https://www.ufsj.edu.br/portal2.../File/.../Angela_Baldino.pdf .
Acesso em 17 de março de 2013.
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GUIMARÃES, Luiz Ernesto. A relação professor/aluno no ensino médio. Disponível
em: https://www.uel.br/.../LUIZ%20Ernesto%20%20artigo%20GT%2004.pdf. Acesso em
17 de março de 2013.
LESSARD, Claude e TARDEF, Maurice. O trabalho decente: elementos para uma teoria
da docência como profissão de interações humanas. Trad. De João Batista Kreuch.
Petrópolis: Vozes, 2005.
LOPES, Rita de Cássia Soares. A relação professor aluno e o processo ensino
aprendizagem.
Disponível
em:
https://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1534-8.pdf. Acesso em 17 de
março de 2013.
OLIVEIRA, M. Izete de. Indisciplina Escolar: Determinantes consequências e ações.
Brasília: Líber Livro Editora, 2005.
RODRIGUES, Idaie Caetano. O relacionamento professor / aluno. Disponível em:
https://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/240-2.pdf. Acesso em 17 de
março de 2013.
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