ENTREVISTA Inovação no ensino “O projeto representa a crença de que o investimento na qualidade da educação é a maior contribuição que o sistema S pode oferecer para a indústria e a comunidade” José Antonio Fares, diretor-executivo do SESI Paraná FOTO: SESI/PARANÁ Jornal SESI Nacional – Como surgiu o projeto Colégio SESI Paraná? José Antonio Fares – O Colégio SESI Paraná surgiu de uma proposta de gestão do presidente do Sistema Fiep, Rodrigo Rocha Loures, que tem como premissa contemplar o binômio diálogo e desenvolvimento. A educação, portanto, torna-se instrumento essencial nesse contexto e o Colégio SESI é uma das iniciativas que vêm sendo implementadas no Estado, contribuindo para inovar a educação no Paraná, atendendo às demandas da indústria no que diz respeito a um profissional criativo, empreendedor e ético. SN – O que esse projeto representa para o Departamento Regional do Paraná e qual o universo de jovens a ser beneficiado? Fares – O projeto representa a crença de que o investimento na qualidade da educação é a maior contribuição que o sistema S pode oferecer para a indústria e a comunidade, pois vai estruturar o desenvolvimento de jovens, minimizando problemas sociais, contribuindo para o processo de inclusão social. O Colégio SESI Paraná atende jovens de 14 a 17 anos, filhos de trabalhadores das indústrias, de parceiros ou da comunidade. SN – Qual é a participação das indústrias no projeto? Fares – Ela pode ser dada por meio do subsídio da escolarização durante o curso médio regular e profissionalizante; disponibilizando profissionais para realizar palestras e contribuições nas ações pedagógicas; ofertando visitas e estágios para que o aluno tenha conhecimento sobre os segmentos aos quais a empresa pertence. SN – Qual é a importância e os benefícios desse tipo de formação que prepara jovens para o mercado de trabalho? Fares – O mais importante é que estamos desenvolvendo uma formação voltada para o sucesso do aluno, para a ampliação de suas relações pessoais e profissionais, de forma que ele aprenda a lidar e a atuar nas áreas interpessoal, 6 intrapessoal e ambiental. Mais que alunos, o Colégio SESI Paraná vai formar empreendedores e líderes, que atuarão de forma consciente e comprometida, exercendo o real sentido da cidadania dentro das empresas. SN – Qual é a expectativa das indústrias em relação a esse modelo de ensino? Fares – A expectativa é que o Colégio SESI Paraná atenda à necessidade de mão-de-obra qualificada, fornecendo para o mercado um profissional habilitado nas mais diversas áreas, como gestão, responsabilidade social, empreendedorismo, e que o mesmo tenha capacidade de trabalho em equipe, de formação de times, que seja proativo e comprometido com a empresa e com o que faz, com base em valores como ética e respeito. SN – Como o senhor vê a educação no Brasil, hoje? Fares – Mesmo tendo evoluído muito nos últimos anos, a educação continua sendo deficiente na contribuição do processo de desenvolvimento do País. Ainda não há uma política educacional transparente, não há uma valorização compatível dos profissionais envolvidos, não há recursos suficientes para melhorar a qualidade do ensino. Assim, entendo que o papel das instituições de classe diretamente envolvidas com essa temática é colaborar com o governo para que, em conjunto, possam fazer com que a educação atinja um estágio tal que contribua para o desenvolvimento sustentável do País. SN – O senhor acredita que essa experiência do SESI Paraná pode inovar o sistema brasileiro de ensino? Fares – Sim, porque, além de manter todas as exigências atuais do sistema educacional, inova no processo de aprendizagem fazendo com que jovens tenham uma ligação muito maior com a escola e, dessa forma, os professores também se sentem valorizados. A idéia é que os profissionais formados valorizem a cultura empreendedora, o trabalho em equipe, o relacionamento humano e a competência técnica.