ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE POLI (ÁCIDO L-LÁCTICO) SINTETIZADO USANDO DIFERENTES CATALISADORES E ÁLCOOIS Emanuelli L. Cabral, Paula L. C. Kersche, Vanusca D. Jahno, Renata F. Rocha, Ivo Vedana, Rosane A. Ligabue, Sandra M. O. Einloft [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE QUÍMICA Avenida Ipiranga, 6681 – Partenon – Porto Alegre/RS – CEP: 90619-900 Os biomaterias podem ser substâncias naturais ou sintéticas, que restauram ou substituem tecidos, órgãos ou funções do corpo. Podem ser classificados como biopolímeros bioreabsorvíveis, por exemplo, o poli (ácido L-láctico) ou poli (L-lactide) (PLLA)[1], que são reabsorvidos in vivo através das rotas metabólicas do organismo. Neste trabalho foi investigada a influência das concentrações de diferentes compostos (álcool benzílico, 1,4-butanodiol e pentaeritritol) visando avaliar sua influência na massa molar e no comportamento reológico do PLLA, juntamente com os catalisadores: octoato de estanho (Sn(oct)2) e cloreto de estanho (SnCl2). Experimental A síntese do pré-polímero poli (ácido L-láctico) foi realizada através da reação por policondensação de 400mL de ácido L-láctico (Synth, 85%) sob aquecimento de 190°C durante 3 horas e meia, sob agitação mecânica e atmosfera inerte (gás nitrogênio), com eliminação de água. A partir do pré-polímero, foi realizada a síntese do polímero PLLA. A concentração de catalisador utilizado em todas as reações foi de 0,02% em massa em relação à massa de pré-polímero. Sn(oct)2 (Sigma 95%, usado sem purificação prévia), e variando, em cada reação, respectivamente, a quantidade do álcool, pentaeritritol em 3% (C1), 5% (C2) e 10% (C3) em relação à massa do pré-polímero foram adicionados e a reação foi mantida a 160°C durante 3 horas sob atmosfera inerte (gás nitrogênio). O mesmo procedimento foi realizado com o catalisador SnCl2 (Quimex, utilizado sem purificação prévia) e os álcoois: álcool benzílico 3% (G1), 1,4-butanodiol 3% (H1) e pentaeritritol 3% (I1). Caracterização dos polímeros Os polímeros obtidos foram caracterizados por Cromatografia de Permeação em Gel (GPC) em um aparelho equipado com uma bomba isocrática -1515 e detector de índice de refração -2414 da Waters Instruments, utilizando THF como eluente. As amostras foram solubilizadas em THF. Também foram realizados ensaios de caracterização reológica dos polímeros obtidos utilizando o reômetro Haake RotoVisco 1 equipado com sensor placa-cone. Resultados e Discussão A partir da análise de GPC foram obtidas a massa molar numérica média (Mn) e a massa molar ponderal média (Mw) do PLLA obtidos em diversos tempos de reação como é mostrado na figura 1 e 2. 1 4000 3000 3500 Massa Molar (Mn) Massa Molar (Mn) 3500 2500 C1 2000 C2 1500 C3 1000 500 3000 2500 G1 2000 H1 1500 I1 1000 500 0 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 Tempo de vácuo (h) 30 40 50 Tempo de vácuo (h) Figura 1: Gráfico das massas molares de C1, C2 e C3 Figura 2: Gráfico das massas molares de G1, H1 e I1 Observou-se que quando utilizados os catalisadores Sn(oct)2 e SnCl2 houve um aumento das massas molares dos polímeros PLLA com o tempo de vácuo. Verificou-se que os catalisadores na presença de pentaeritritol, obtiveram um crescimento contínuo, provavelmente pelo seu maior número de hidroxilas, podendo aumentar o número de possibilidade de polimerização (figura 1)[3] e valores de massa molar mais elevados (figura 2). Buscando informações complementares quanto à sua estrutura e a determinação das suas propriedades mecânicas e de fluxo, a figura 3 mostra as histereses tixotrópicas obtidas dos polímeros analisados pelo reômetro a 50°C, a uma taxa de cisalhamento controlada de 0 a 300s-1 em 6 minutos. 3000 65 2000 30 60 2500 55 25 50 1500 45 ƒ [Pas] ‚ [Pa] 35 ƒ [Pas] 20 40 1500 ‚ [Pa] 2000 1000 30 1000 PLLA SnCl2 Al.Benzílico ‚ = f (Á) ƒ = f (Á) 500 15 25 20 PLLA SnCl2 1-4-butanodiol ‚ = f (Á) ƒ = f (Á) 10 500 15 10 0 0 60 120 180 5 300 240 0 0 60 120 180 Á [1/s] 240 5 300 Á [1/s] HAAKE RheoWin 3.30.0000 9000 250 8000 200 7000 6000 ƒ [Pas] ‚ [Pa] 150 5000 4000 100 3000 PLLA SnCl2 Pentaeritritol ‚ = f (Á) ƒ = f (Á) 2000 50 1000 0 0 60 120 180 240 0 300 Á [1/s] HAAKE RheoWin 3.30.0000 Figura 3: Gráficos das análises de Taxa de cisalhamento, Tensão de cisalhamento e Viscosidade dos polímeros G1, H1 e I1 respectivamente Como ilustra a tabela abaixo, as massas molares médias dos polímeros e a respectiva gama de viscosidades apresentadas, mostram que, além da influência da massa 2 molar sobre as viscosidades, devem existir aspectos estruturais. Tabela 1: Relação entre a massa molar médio e o intervalo de viscosidade Polímero Massa Molar Média (g/mol) Intervalo de Viscosidade (Pas) G1 3212 60,32 a 9,20 H1 3213 28,82 a 6,42 I1 3324 203,10 a 29,10 Conclusões Observamos neste trabalho que o uso de álcoois com diferentes funcionalidades utilizados na polimerização do poli (ácido L-láctico) resultam em polímeros com massas molares próximas, porém com propriedades reológicas distintas. Pôde-se verificar que se trata de uma histerese tixotrópica, mostrando um comportamento pseudoplástico quando analisado matematicamente. Os valores de viscosidade obtidos nos mostram a possibilidade de uso destes materiais em diferentes aplicações, devido aos seus diferentes comportamentos reológicos. Agradecimentos Os autores agradecem à A.S.Technology (AST) e à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) pelos materiais cedidos e apoio financeiro. Referências Bibliográficas 1. V. D. Jahno, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul/PPGEM, 2005. 2. J. Kylmä, Dissertação de Doutorado, Helsinki University of Technology/ Department of Chemical Technology/ Polymer Technology, 1995. 3. H. Korhonen; A. Helminen; J. V. Seppälä Polymer 2001, 42, 7541. 3