1
UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu em Fisioterapia do Trabalho
Angélica Lopes Gomide
GINÁSTICA LABORAL
LINS – SP
2008
2
ANGÉLICA LOPES GOMIDE
GINÁSTICA LABORAL
Monografia
apresentada
Examinadora
Católico
do
Centro
Salesiano
à
Banca
Universitário
Auxilium,
como
requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Fisioterapia do Trabalho
sob a orientação dos Professores M.Sc.
Luis Ferreira Monteiro Neto e M.Sc.
Heloisa Helena Hovery da Silva.
LINS – SP
2008
3
ANGÉLICA LOPES GOMIDE
GINÁSTICA LABORAL
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho.
Aprovada em: ______/______/______
Banca Examinadora:
Prof. M.Sc. Luis Ferreira Monteiro Neto
Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba
_______________________________________________________________
Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva
Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG
_______________________________________________________________
LINS – SP
2008
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo
José Manuel e aos meus pais Francisco e
Darcy, pela presença constante em minha
vida.
5
AGRADECIMENTOS
A
todos
orientadores,
os
professores,
que
decorrer deste curso.
me
e
ensinaram
aos
no
6
RESUMO
A Ginástica Laboral, apesar de ter surgido na Polônia, o seu
desenvolvimento se deu em 1928 no Japão e perdura até os dias de hoje. No
início da década de 70, com a chegada de executivos japoneses ao Brasil
houve um estímulo para a adoção dessa prática em algumas empresas. A
prática foi difundida em todo o país após a II Guerra Mundial, e em 1960,
ocorreu à consolidação e a obrigatoriedade da Ginástica Laboral
compensatória. Atualmente, um terço dos trabalhadores exercitam-se
diariamente, tendo obtido como resultados, o aumento da produtividade e a
melhoria do bem estar geral dos trabalhadores. A Ginástica Laboral tem por
objetivo principal a prevenção de doenças ocupacionais, é realizada no local de
trabalho, três vezes por semana ou diariamente, por períodos que variam de 8
a 12 minutos, durante a jornada de trabalho. Ginástica Laboral é a inclusão de
alguma atividade física no trabalho diário, a fim de promover a oportunidade
para uso diversificado do sistema locomotor e para selecionar uma relação
apropriada entre o trabalho e o repouso, permitindo uma boa recuperação
durante o trabalho. Através da implantação da Ginástica Laboral, a empresa se
beneficia em alguns fatores já comprovados, entre eles a diminuição dos
problemas de saúde do trabalhador e com isso um aumento na produtividade
da empresa. Isso se dá em razão de uma diminuição das faltas por motivos
médicos e também a redução dos acidentes de trabalho. Fisiológicos - prevenir
lesões por esforços repetitivos; prevenir lesões; diminuir tensões generalizadas
e relaxar; amenizar fadiga emocional e muscular; prevenir estresse; melhorar
postura; melhorar a condição do estado geral de saúde. Psicológicos - reforçar
a auto estima; aumento da capacidade de concentração no ambiente de
trabalho; valorização do funcionário (homem/profissional). Sociais - melhorar o
relacionamento interpessoal; melhorar a comunicação interna; participação
ativa nas palestras, debates e dinâmicas de grupo. Os resultados indicaram
que, mesmo aplicado por um curto período de tempo, o Programa de Ginástica
Laboral pode contribuir positivamente para a qualidade de vida de
trabalhadores sob intenso estresse.
Palavras-chave: Ginástica Laboral. Ergonomia. Prevenção.
7
ABSTRACT
The Gymnastics Labour, despite having arisen in Poland, its
development was given in 1928 in Japan and lasts until this day. At the
beginning of the decade, 70, with the arrival of Japanese executives to Brazil
was a stimulus for the adoption of this practice in some companies. The
practice was widespread throughout the country after World War II, and in 1960,
was the consolidation of Gymnastics and compulsory labor compensation.
Currently, one third of workers to exercise daily and obtained as a result,
increasing productivity and improving general welfare of workers. The Labour
Gymnastics main goal is the prevention of occupational diseases, is carried out
at work, three times a week or daily, for periods ranging from 8 to 12 minutes
during the working day. Gymnastics Labour is the inclusion of some physical
activity in daily work in order to promote the opportunity for diversified use of the
locomotor system and to select an appropriate relationship between work and
rest, allowing a good recovery at work. Through the deployment of Gymnastics
Labour, the company benefits already proven in some factors, including the
reduction of health problems of the worker and with it an increase in productivity
of the company. This is due to a decrease in absences for medical reasons and
also the reduction of accidents at work. Physiological - preventing repetitive
strain injuries, prevent injuries, reduce tensions and widespread relax; alleviate
emotional fatigue and muscular; prevent stress, improve posture, to improve the
condition of the general state of health. Psychological - enhance self esteem,
increased ability to concentrate in the work environment; recovery of the official
(male / professional). Social - improve interpersonal relationships, improve
internal communication; active participation in lectures, discussions and group
dynamics. The results indicated that even applied for a short period of time, the
Programme of Gymnastics Labour can contribute positively to the quality of life
of workers under intense stress.
Keywords: Gymnastics Labor. Ergonomics. Prevention.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
CAPITULO I - CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA .......................................... 11
1
HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL ............................................. 11
1.1
Definição de ginástica laboral................................................................ 13
CAPÍTULO II - GINÁSTICA LABORAL........................................................... 18
2
BENEFÍCIO DA GINÁSTICA LABORAL.............................................. 18
2.1
Tipos de ginástica laboral...................................................................... 25
CAPÍTULO III - ANÁLISE DOS RESULTADOS DA GINÁSTICA LABORAL 32
3
RESULTADOS OBTIDOS
COM
PROGRAMA DE GINÁSTICA
LABORAL........................................................................................................ 32
CONCLUSÃO .................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 47
9
INTRODUÇÃO
A Ginástica Laboral não é uma atividade recente, no início foi chamada
de ginástica de pausa e era destinada a operários. O surgimento da Ginástica
Laboral na segunda metade da década de 80, utilizando como medida de
promoção de saúde do trabalhador, acompanhou o próprio desenrolar histórico
do fenômeno LER/DORT, surgindo atualmente como febre nas empresas no
combate do estresse e das lesões do trabalho.
Várias definições são utilizadas e principalmente diferentes atribuições
são empregadas à prática de Ginástica Laboral. Uma grande carência de
fundamentação teórica e cientifica sobre esse método dificulta a definição
concreta de seu papel dentro da saúde do trabalho.
A Ginástica Laboral é uma atividade física praticada no local de trabalho,
de forma voluntária e coletiva pelos funcionários no local de trabalho, sendo um
programa de prevenção e compensação, cujo objetivo é a promoção da saúde
dos trabalhadores através de uma preparação bio-psico-social.
Dias (1994) coloca que a Ginástica Laboral é composta por exercícios
específicos de curta duração, realizados no próprio local de trabalho, atuando
de forma preventiva e terapêutica, visando despertar o corpo e evitar acidentes
de trabalho, prevenir doenças por traumas cumulativos, corrigir vícios
posturais, aumentar a disposição para o trabalho, promover integração entre os
funcionários e evitar fadiga gerada pelo trabalho.
Existem três tipos de Ginástica Laboral aceitos atualmente: Preparatória,
compensatória e de Relaxamento. Através da implantação da Ginástica Laboral
a empresa se beneficia em alguns fatores já comprovados, entre eles a
diminuição dos problemas de saúde do trabalhador e assim um aumento da
produtividade. O trabalhador também recebe benefícios, pois grande parte dos
exercícios é realizada dentro do ambiente de trabalho, que visam reduzir o
impacto e o estresse muscular que o indivíduo sofre durante sua jornada de
trabalho.
Os programas de Ginástica Laboral devem ser focados de acordo com
as necessidades de cada trabalhador, levando em consideração suas
atividades individuais e suas limitações. Segundo Pinto (2003) Ginástica
10
Laboral adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de trabalho,
realizada sem sair do posto, em breves períodos de tempo, ao longo de todo o
dia de trabalho, pode produzir resultados positivos para os funcionários e para
a empresa.
Durante a pesquisa surgiu o questionamento: a Ginástica Laboral
apresenta resultados positivos em todos os campos de aplicação? Em resposta
procurou-se demonstrar os benefícios encontrados com os Programas de
Ginástica Laboral.
O objetivo deste trabalho é descrever os programas de Ginástica
Laboral e agrupar informações encontradas em outros estudos, descrevendo
etapas de implantação e os resultados obtidos com a Ginástica Laboral, a partir
de revisão bibliográfica.
O trabalho está assim dividido:
Capítulo I: contextualização teórica.
Capítulo II: ginástica laboral.
Capítulo III: análise dos resultados da ginástica laboral.
Por fim, vem a conclusão.
11
CAPITULO I
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
1
HISTÓRICO DA GINÁSTICA LABORAL
Sobre a Ginástica Laboral a primeira notícia que se encontra foi editada
na Polônia em 1925, onde foi chamada de ginástica de pausa e destinada a
operários. Sendo assim a Ginástica Laboral não é uma atividade física recente.
Nesse mesmo período pesquisas foram realizadas na Bulgária, Alemanha
Oriental e na Holanda. Na Rússia 150mil empresas, envolvendo 5 milhões de
funcionários praticavam a ginástica de pausa,adaptada a cada cargo.
(CAÑETE apud POLITO; BERGAMASCHI, 2002)
Na mesma época, impulsionada pela cultura e tradição oriental, a
Ginástica Laboral teve seu grande enraizamento no Japão. Inicialmente era
destinada a algumas atividades ocupacionais, mas após a II Guerra Mundial foi
difundido por todo o país.
A grande propagação da Ginástica Laboral na cultura empresarial
japonesa é atribuída à veiculação de um programa de Rádio Taissô, que
envolve uma tradicional ginástica rítmica, com exercícios específicos
acompanhados por música própria. Atividade que acontece todas as manhãs,
sendo transmitida pela rádio, por pessoas especialmente treinadas e é
praticada não somente nas fábricas ou ambientes de trabalho no início do
expediente, mas também nas ruas e residências. Apesar de ter surgido na
Polônia, o seu desenvolvimento se deu em 1928 no Japão e perdura até os
dias de hoje.
Segundo Cañete (apud POLITO; BERGAMASCHI, 2002) essa prática foi
difundida em todo o país após a II Guerra Mundial, e em 1960, ocorreu à
consolidação e a obrigatoriedade da Ginástica Laboral compensatória.
Atualmente, um terço dos trabalhadores exercitam-se diariamente, tendo obtido
como resultados, o aumento da produtividade e a melhoria do bem estar geral
dos trabalhadores.
12
Dentro do contexto brasileiro, alguns indícios da influência japonesa
mostram um pouco da evolução histórica da cultura da realização da Ginástica
Laboral no país.
No Brasil mais especificamente nos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul, a Federação de Rádio Taissô, coordena
mais de cinco mil praticantes da Ginástica Laboral que chegou ao Brasil
através de executivos nipônicos em 1963, nos estaleiros Ishikvajima. Desde
14/03/1996, passou a vigorar a lei estadual número 9345, em SP, promulgada
pelo governador Mário Covas, instituindo o dia da Rádio Taissô, comemorado
em 18 de junho. (POLITO; BERGAMASCHI, 2002)
No início da década de 70, com a chegada de executivos japoneses ao
Brasil, houve um estímulo para a adoção dessa prática em algumas empresas.
Em 1973, houve uma experiência pioneira no país baseada em uma proposta
elaborada pela Federação de Estabelecimento de Ensino Superior em Novo
Hamburgo/RS. Essa proposta, oriunda de uma experiência pioneira, foi
pautada em exercícios fundamentados em análise biomecânica com objetivo
de relaxamento da musculatura agônica pela contração das antagônicas, dada
à exigência funcional unilateral. Para esse tipo de programa de exercícios
físicos intitulou-se educação física compensatória e recreação. Sua finalidade
era esclarecer e nortear a criação de um centro de educação física junto às
empresas.
Segundo Schmitz (2003), em 1978 a mesma federação juntamente com
o SESI, adotaram o mesmo programa diferenciando-o do primeiro de Ginástica
Laboral compensatória, visando aprofundar estudos nessa área ainda em
caráter experimental, para combater a chamada doença dos digitadores.
Pois foi a primeira doença reconhecida legalmente em 1987, portaria de
número 4602 no Ministério da Previdência e Assistência Social, como doença
profissional. (SATO apud POLITO; BERGAMASCHI, 2002)
Com o objetivo do estudo realizado pela Federação mais o SESI, serem
apenas de estudos, e a mentalidade na época não favorecia a implantação
desse tipo de trabalho, assim como resultados que dessem base para a
implementação do programa em outras empresas, levando a Ginástica Laboral
a entrar no esquecimento por um longo período. Após algumas experiências
13
isoladas no país envolvendo a Ginástica Laboral até o final dos anos 70, houve
um período em que sua aplicação caiu no esquecimento.
Para Polito; Bergamaschi (2002), isso só, pode ser atribuído à carência
de resultados que surgissem de base para a disseminação da Ginástica
Laboral. A partir da metade da década de 80 houve uma retomada da utilização
desse método. Na mesma época em 1987, acontecia o reconhecimento da
tenossinovite como doença profissional através da portaria número 4602 do
ministério da previdência e Assistência Social. Esse fato exigiu maiores
medidas
de
enfrentamento
social
a
cerca
da
ameaça
das
lesões,
principalmente por parte do empresariado. Na mesma época, era iniciado a
ênfase à qualidade de vida no trabalho. Dessa forma, o surgimento da
Ginástica Laboral na segunda metade da década de 80, utilizando como
medida de promoção da saúde do trabalhador, acompanhou o próprio
desenrolar histórico do fenômeno LER/DORT, surgindo atualmente como febre
nas empresas no combate do estresse e das lesões do trabalho.
1.1
Definição de ginástica laboral
É importante fazer distinção entre atividade física no local de trabalho e
fora dele e Ginástica Laboral, pois essas duas práticas têm objetivos diversos e
diferem significativamente nos meios e instrumentos que utilizam. Os
programas de atividade física consistem em incentivos a prática de esportes ou
atividades que levem a um maior dispêndio de energia e movimentação da
musculatura. Em geral recomenda-se a prática de exercícios físicos pelo
menos três vezes por semana, com duração de aproximadamente uma hora
por sessão. Para isso existem as academias e centros esportivos, em geral
fora do ambiente de trabalho. A Ginástica Laboral tem por objetivo principal a
prevenção de doenças ocupacionais, é realizada no local de trabalho, três
vezes por semana ou diariamente, por períodos que variam de 8 a 12 minutos,
durante a jornada de trabalho.
Várias definições são utilizadas e principalmente diferentes atribuições
são empregadas à prática da Ginástica Laboral. Uma grande carência de
fundamentação teórica e científica sobre esse método dificulta a definição
14
concreta de seu papel dentro da saúde do trabalho. Dentro desse contexto, a
aplicação prática das diferentes interpretações e propósitos da Ginástica
Laboral apresenta-se de forma diversificada. Assim enquadram-se na definição
de Ginástica Laboral:
a) atividades recreacionais com exercícios físicos em empresas;
b) atividades físicas programada no trabalho, de leve a moderada, com
exercícios pré definidos e instalados nas pausas programadas da
jornada de trabalho;
c) exercícios orientados e supervisionados por profissionais ou de auto
gestão, comandados pelos próprios funcionários, que nesse caso
são comumente chamados de multiplicadores;
d) atividades que mesclam esses dois tipos de abordagem;
e) existe ainda uma série de outras formas de interpretação e aplicação
de exercícios como forma de prevenção de saúde no trabalho.
Essas atividades, genericamente e por convenção têm sido chamadas
de ginástica laboral, pois muitos casos não se enquadram na carente
conceituação teórica existente.
Leite (1999) define a Ginástica Laboral como atividade física praticada
no local de trabalho de forma voluntária e coletiva pelos funcionários na hora
do expediente.
Guerra (1997) complementa afirmando que é um programa de
prevenção e compensação, cujo objetivo é a promoção da saúde dos
trabalhadores através de uma preparação bio-psico-social.
Dias (1994) coloca que a Ginástica Laboral é composta por exercícios
específicos de curta duração, realizados no próprio local de trabalho, atuando
de forma preventiva e terapêutica, visando despertar o corpo e reduzir
acidentes de trabalho, prevenir doenças por traumas cumulativos, corrigir vícios
posturais, aumentar a disposição para o trabalho, promover integração entre os
funcionários e evitar fadiga gerada pelo trabalho.
A Ginástica Laboral é também chamada de compensatória, devendo
atuar sobre as sinergias musculares antagônicas às que se encontram ativas
durante o trabalho. Esse tipo de trabalho visa proporcionar a compensação e o
equilíbrio funcional, assim como também atuar como uma recuperação ativa,
de forma a aproveitar as pausas regulares durante a jornada de trabalho para
15
exercitar os músculos correspondentes e relaxar os grupos musculares que
estão em contração durante o trabalho, com intuito de prevenir a fadiga.
A Ginástica Laboral Compensatória é a ginástica que tenta impedir que
se instalem vícios posturais durante as atividades habituais, principalmente as
de trabalho. Utiliza exercícios que atuam sobre musculaturas pouco solicitadas
e relaxam aquelas que trabalham em demasia. Afirma ainda, que nesse tipo de
Ginástica Laboral obtém-se melhores resultados iniciando-se pelo relaxamento
dos segmentos periféricos e aos poucos atingindo os centrais e ainda
,alongamentos musculares seguidos de movimentos ativos simples executados
durante pausas de sete a dez minutos ,em cada período de três a quatro horas
de trabalho.
A Ginástica Laboral, para Dias (1994), é definida como Ginástica Laboral
Preparatória e visa à realização de exercícios específicos dentro do local de
trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica. Essa definição baseia-se
em um projeto de ginástica em uma empresa realizado em 1989, que foi
desenvolvido com exercícios preventivos e terapêuticos realizados dentro do
ambiente de trabalho, proposto sobretudo, como mecanismo de prevenção de
doenças por traumas cumulativos. A Ginástica Laboral Preparatória consiste de
uma série de exercícios que prepara o indivíduo para o trabalho de velocidade,
força ou resistência. Visa o aquecimento da musculatura e das articulações que
serão utilizadas.
Astrand; Rodahl (apud PIMENTEL, 1999), referem-se à Ginástica
Laboral como sendo a inclusão de alguma atividade física no trabalho diário, a
fim de promover a oportunidade para uso diversificado do sistema locomotor e
para selecionar uma relação apropriada entre o trabalho e o repouso,
permitindo uma boa recuperação durante o trabalho.
De forma geral as bases teóricas existentes sobre Ginástica Laboral a
classificam: Ginástica Laboral Preparatória; Ginástica Laboral Compensatória;
Ginástica Laboral Corretiva. (TARGA apud CANETE, 1996; MARTINS, 2001;
DIAS, 1994; ALVES; VALE, 1999)
Há referências também a um quarto tipo chamada de Ginástica de
Manutenção ou Conservação, embora pouco utilizada. (LEITE, 1999)
Além das conceituações de Ginástica Laboral compensatória e Ginástica
Laboral preparatória, a Ginástica Laboral é definida como a ginástica que tem
16
por objetivo restabelecer o antagonismo muscular utilizando exercícios físicos
específicos que fortalecem os músculos alongados e alongam os músculos
encurtados. Destina-se aos indivíduos de deficiências não patológicas, sendo
aplicadas a um número reduzido de pessoas que apresentam a mesma
característica postural, fora da sessão comum. (LEITE, 1999)
A Ginástica de Manutenção envolve a Ginástica que visa manter o
equilíbrio morfofisiológico e caracteriza-se por um programa de trabalho
aeróbico visando prevenir ou combater doenças crônico-degenerativas
como:diabetes,cardiopatias,obesidade,sedentarismo,doenças respiratórias e
outras. (LEITE, 1999)
Em uma definição genérica a Ginástica Laboral é a atividade física
programada realizada no ambiente e durante o expediente de trabalho.
(CAÑETE, 1996). Esta definição converge com o fato de que diferentes formas
de atividades físicas e recreativas sejam chamadas na prática de Ginástica
Laboral.
Bawa (1997), apresenta o que chama de Ginástica de pausa, tendo sido
criada por Sheila Lee, como sendo uma série de exercícios leves,criados
especialmente por usuários de computadores.
Em outra definição a Ginástica Laboral consiste em exercícios realizados
no local do trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica no caso da
LER/DORT, sem levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e
enfatizar o alongamento e a compensação das estruturas musculares
envolvidas nas tarefas ocupacionais diárias. (LABOR PHYSICAL, 2004;
GUERRA, 1997; MGM, 2004)
Leite (1999) define Ginástica laboral como atividade física praticada no
local de trabalho de forma voluntária e coletiva pelos funcionários na hora do
expediente. Esta pode ser preparatória quando realizada no início do
expediente ou compensatória quando realizada no meio do expediente.
Guerra (1997) complementa afirmando que é um programa de
prevenção e compensação, cujo objetivo é a promoção da saúde dos
trabalhadores, através de uma preparação bio-psico-social.
Dias (1994), coloca que a Ginástica Laboral é composta por exercícios
específicos de curta duração, realizados no próprio local de trabalho, atuando
de forma preventiva e terapêutica, e reduzir acidentes de trabalho, prevenir
17
doenças por traumas cumulativos, corrigir vícios posturais, aumentar a
disposição para o trabalho, promover a integração entre os funcionários e evitar
a fadiga gerada pelo trabalho.
A Ginástica Laboral nada mais é do que a prática de exercício físico
orientado e dirigido durante o horário de expediente e no local de trabalho, isto
é, existe uma pausa par a que possam ser realizada os exercícios físicos que
visam benefícios pessoais e no trabalho. Tem como principal objetivo minimizar
os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde do
trabalhador. (CARVALHO, 1995)
Uma definição clássica também conhecida é a do Serviço Social da
Indústria (SESI), que caracteriza como a prática voluntária de atividades físicas
realizadas pelos trabalhadores, coletivamente, dentro do próprio local de
trabalho, durante a jornada diária. (SESI, 2002)
Além das terminologias usuais de Ginástica laboral ou de pausa, essas
terminologias são também conhecidas como Cinesioterapia Laboral, tendo
como objetivos a busca de alguns benefícios físicos e psicológicos e sociais do
trabalhador, influenciando em sua qualidade de vida indireta e diretamente e
promovendo melhorias no ambiente de trabalho e produtividade.
Couto (1995) enfatiza a importância da pausa para o organismo
humano. Dentre os mecanismos que previnem as lesões, através de pausas
em atividades repetitivas, podemos destacar que o fluxo de sangue normal
retira a concentração acumuladas de ácido láctico muscular, evitando possíveis
irritações nas terminações nervosas livres, os tendões retornam as suas
estruturas normais, voltando a sua formação normal; lubrificação dos tendões
pelo líquido sinovial, evitando atrito interestrutural.
Este tipo de atividade vem crescendo e ganhando espaço dentro das
empresas, uma vez que diminui os efeitos negativos do trabalho. Não só
problemas físicos, mas também psicológicos (conflitos interpessoais, estresse,
baixa concentração) e sociais (trabalho em equipe, relacionamento social). Isto
é, visa à promoção da saúde psicossomática do trabalhador, a melhoria do
relacionamento interpessoal no trabalho, além do aumento da produtividade.
18
CAPÍTULO II
GINÁSTICA LABORAL
2
BENEFÍCIO DA GINÁSTICA LABORAL
A influência benéfica da atividade física sobre a dimensão da qualidade
de vida segundo Silva (2004), se dá sob múltiplos aspectos, especialmente os
efeitos nocivos do estresse e o melhor gerenciamento das tensões próprias do
viver. Através da implantação da Ginástica Laboral, a empresa se beneficia em
alguns fatores já comprovados, entre eles a diminuição dos problemas de
saúde do trabalhador e com isso um aumento na produtividade da empresa.
Isso se dá em razão de uma diminuição das faltas por motivos médicos e
também a redução dos acidentes de trabalho.
O trabalhador recebe benefícios, pois grande parte dos exercícios é
executada durante aulas, que visam reduzir o impacto e o estresse muscular
que o indivíduo sofre durante sua jornada de trabalho
São diversos os resultados obtidos com a introdução de um programa
de Ginástica Laboral (OLIVEIRA apud SILVA, 2004):
a) melhoria da condição de saúde geral de todos os funcionários;
b) melhor adaptação ao posto de trabalho;
c) melhoria da produção (quantitativamente e qualitativamente);
d) melhora do clima organizacional;
e) diminuição das queixas relativas à dor;
f) diminuição na procura ambulatorial;
g) diminuição dos acidentes de trabalho;
h) diminuição dos afastamentos por DORT;
i) melhoria do atendimento ao cliente externo.
É bastante importante salientar que a Ginástica Laboral faz parte de um
projeto de qualidade de vida no trabalho com seus objetivos voltados a saúde
do trabalhador e tal projeto tem parâmetros ergonômicos que não se
restringem somente a prática de atividade física. Conforme a literatura os
principais benefícios que a Ginástica Laboral traz para as empresas são:
19
a) aumento da produtividade;
b) diminuição de incidência de doenças ocupacionais;
c) menores gastos com despesas médicas;
d) marketing social;
e) redução do índice de absenteísmo e rotatividade de funcionários;
f) redução do número de erros e falhas, pois os funcionários ficam mais
espertos e motivados.
g) Já os benefícios para os funcionários são:
h) melhora da auto estima;
i) redução de dores;
j) redução do estresse e alívio de tensões;
k) melhoria do relacionamento interpessoal;
l) aumento da resistência à fadiga central e periférica;
m) aumento da disposição e motivação para o trabalho;
n) melhora da saúde física, mental e espiritual.
Para Cañete (1996) a Ginástica Laboral pode fornecer todos esses
benefícios dependendo da competência, grau de conscientização e postura
ética adotada pelos profissionais que a conduzem.
Targa (apud CAÑETE 1996) complementa, afirmando que a atividade
física pode ser uma faca de dois gumes, dependendo do profissional que a
oriente,pode ser um instrumento de alto valor educativo promovendo a saúde
ou se cair em mãos incompetentes, poderá produzir lesões e qualidades físicas
e morais negativas.
É necessário compreender todo o projeto de intervenção a curto, médio
e longo prazo na qualidade de vida dos funcionários participantes. Assim, a
Ginástica Laboral compõe uma das ações efetivas nesse programa de
qualidade de vida, sendo necessário também uma reeducação alimentar,
orientações ergonômicas e estruturais, acompanhamento médico preventivo e
estímulos ao desenvolvimento de hábitos saudáveis dentro e fora do ambiente
de trabalho. Por falta de estímulos, basicamente educacionais, os indivíduos
crescem
adquirindo
vícios
dos
mais
diversos,
só
retornando
suas
preocupações com a saúde na terceira idade,quando se encontram frente com
doenças e seqüelas ,muitas delas evitáveis através da adoção de uma postura
mais saudável durante a juventude e seu período laboral.
20
Ultimamente é possível perceber uma mudança nesses valores, devido
a maior conscientização da população sobre a importância em melhorar sua
qualidade de vida. Para tanto, o indivíduo passa a procurar uma alimentação
mais equilibrada, realizar atividades que lhe tragam prazer, iniciando ou
retornando a prática de atividades físicas regulares. Dessa forma é possível
prevenir enfermidades psicossomáticas.
Segundo Catarino Filho (apud SILVA, 2004) há diversos benefícios com
a implantação da Ginástica Laboral:
a) fisiológicos: diminuição da inflamação e traumas; melhora da postura;
diminuição da tensão muscular desnecessária; diminuição do esforço
na execução das tarefas diárias; facilita a adaptação ao posto de
trabalho; melhora a condição do estado de saúde geral; provoca
aumento da circulação sanguínea ao nível da estrutura muscular,
melhorando a oxigenação dos músculos e tendões e diminui o
acúmulo de ácido láctico;
b) psicológicos: favorece a mudança da rotina; promove um clima
motivacional favorável no trabalho; reforça a auto estima; mostra a
preocupação da empresa com seus funcionários; melhora a
capacidade de concentração no trabalho e convívio social;
c) sociais: desperta o surgimento de novas lideranças; favorece o
contato pessoal; promove a integração social; favorece o sentido de
grupo; melhora o relacionamento.
Na Europa, países como França, Bélgica e Suécia adotam a Ginástica
Laboral e realizam pesquisa sobre o assunto. Os resultados mostram
influencias positivas sobre o tempo de reação, a coordenação, a sensibilidade
e a atenção, proporcionando estímulos de ordem psicológica, facilidade de
realizar o trabalho e diminuição da fadiga.
Outros aspectos que as pesquisas têm enfocado são atenção e
concentração, utilizando testes de atenção, constatou que o número de erros
era menor entre os mecanógrafos que se submetiam ao programa de Ginástica
Laboral do que tinham apenas repouso passivo na jornada de trabalho.
(CAÑETE, 1996)
Segundo Achour (1999), o aquecimento contribui também para a
redução da viscosidade intermuscular, o que diminui o tempo de tramitação das
21
mensagens nervosas e aumenta a velocidade de contração muscular.
Conseqüentemente isso resulta em melhor capacidade de esforço físico. A
Ginástica Laboral não sobrecarrega e não leva o funcionário ao cansaço
porque é leve e de curta duração.
Com isso, espera-se prevenir fadiga muscular, diminui a dor e os índices
de acidentes de trabalho, corrige vícios posturais, aumenta a disposição do
funcionário no início e nas pausas de trabalho e transforma-se num meio de
valorizar e incentivar a prática de atividades físicas como instrumento de
promoção de saúde e do desempenho profissional. Assim, a partir da
diminuição do sedentarismo, do controle do estresse e da melhoria da
qualidade de vida, aumenta a performance profissional, pessoal e social
ocorrerá naturalmente.
A busca por soluções eficazes de controle e combate de doenças
ocupacionais, redução da dor e do desconforto do trabalhador tem sido um
grande desafio para os empresários e profissionais da saúde que interagem
com essa população.
A Ginástica Laboral hoje no Brasil é uma realidade e sua especificidade
tem sido abordada e aprimorada pelos pesquisadores, que convergem seus
esforços protocolando cientificamente o benefício para a qualidade de vida do
trabalhador. Observa-se que no mundo atual que a tecnologia apesar de ter
facilitado em muito a vida das pessoas, também as tornou mais sedentárias.
(DISHMAN; BUCKWORTH, 1996)
Sabe-se que os custos econômicos com o sedentarismo são
consideráveis e apesar do grande esforço realizado pela mídia e pelos órgãos
competentes somente uma minoria de adultos se engajam na prática em um
grau suficiente para manter ou melhorar a saúde. (CASPERSEN; MERRITT,
1985)
O ambiente de trabalho oferece grandes oportunidades para encorajar
ou incentivar os adultos em aumentar o seu nível de prática de exercício físico.
Muitas empresas têm implementado nesses ambientes intervenções através da
prática de exercício físico que apontam aumento da produtividade e redução
dos custos com saúde. (DISHMAN; BUCKWORTH, 1996)
22
Mesmo que os empresários invistam na saúde do trabalhador com o
objetivo principal de aumentar seus lucros, inúmeros empregados têm
melhorado sua qualidade de vida. (MARTINS, 2001)
Sendo assim, a Ginástica Laboral passou a ser reconhecida por diversas
organizações. Segundo Saúde e Performance (apud MARTINS, 2001), alguns
benefícios já são comprovados para a empresa e para o trabalhador com a
implantação de um Programa de Ginástica Laboral:
Benefícios para a empresa:
a) redução do índice de absenteísmo;
b) maior proteção legal;
c) aumento dos lucros;
d) diminuição dos acidentes de trabalho, com prevenção de doenças
ocupacionais;
e) reflexão na capacidade de produção/produtividade;
f) integração dos trabalhadores;
g) baixo custo na implantação do programa;
h) funcionamento da ação como política dos Recursos Humanos;
i) reduzir acidente do trabalho e/ou afastamento do trabalhador da
empresa.
Benefícios para o trabalhador:
a) fisiológicos: prevenir lesões por esforços repetitivos; prevenir lesões;
diminuir tensões generalizadas e relaxar; amenizar fadiga emocional
e muscular; prevenir estresse; melhorar postura; melhorar a condição
do estado geral de saúde;
b) psicológicos: reforçar a auto estima; aumento da capacidade de
concentração no ambiente de trabalho; valorização do funcionário
(homem/profissional);
c) sociais:
melhorar
o
relacionamento
interpessoal;
melhorar
a
comunicação interna; participação ativa nas palestras, debates e
dinâmicas de grupo.
A Ginástica Laboral é um exercício físico orientado e praticado durante o
expediente visando benefícios pessoais no trabalho. Tendo como objetivos
minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde
23
do trabalhador e prevenir doenças ocupacionais e promover o bem estar.
(CARVALHO, 1995; LIMA, 2003)
Os benefícios para a empresa são a diminuição dos problemas de saúde
do trabalhador e aumento da produtividade. Essa afirmativa se verifica de
diversas formas, mas os principais pontos notados são a diminuição de
reclamações por dores musculares, diminuição na ocorrência de afastamentos
ou faltas ao trabalho por motivos médicos e também diminuição dos acidentes
e lesões do trabalho promovendo assim a redução dos gastos com
afastamentos e substituição do pessoal e melhoria da imagem da empresa
junto aos empregados e a sociedade.
Portanto, se por um lado o fator qualidade de vida do trabalhador é
significativamente aumentado, por outro lado a empresa é beneficiada na
redução de gastos e no aumento da produtividade ao promover programas
orientados de Ginástica Laboral. Existem estatísticas que citam um retorno de
3 a 5 vezes sobre a verba aplicada em um programa de Ginástica e hábitos de
saúde,considerando faltas,encargos sociais e outros fatores relacionados a
saúde ,afetando a produtividade da empresa. (CARVALHO, 1995)
Sendo assim, a Ginástica Laboral promove o combate e prevenção de
doenças ocupacionais, do sedentarismo, de estresse, depressão, ansiedade
entre outras. Favorece a sensação de disposição e bem estar para jornada de
trabalho, reduz a sensação de fadiga ao final da mesma e contribui para a
promoção da saúde e qualidade de vida ao trabalhador.
A Ginástica Laboral é citada por trabalhadores como uma proposta de
trabalho em grupo visando à melhoria da qualidade de vida no trabalho. Tal
resultado parece estar associado aos benefícios dessa proposta, que segundo
Martins; Duarte (2000) englobam a prevenção de LER/DORT, diminuição de
estresse, atuação sobre os vícios posturais e melhoria do relacionamento
interpessoal. A Ginástica Laboral é um meio de valorizar e incentivar a prática
de atividades físicas como instrumento de promoção de saúde e do
desempenho profissional.
Assim, a partir da diminuição do sedentarismo, do controle do estresse e
da melhoria da qualidade de vida, a Ginástica Laboral destaca-se como
atividade de auxílio a prevenção de lesões no ambiente de trabalho. Visa
anatomicamente melhorar a flexibilidade e a mobilidade articular, diminuindo a
24
fadiga decorrente de tensão e repetitividade que acometem tendões, músculos,
fáscias e nervos, beneficiando a postura do indivíduo no seu ambiente de
trabalho.
O objetivo geral da Ginástica Laboral é suscitar, desenvolver e
aprimoraras qualidades físicas do industriário, estimulando o funcionamento de
seus órgãos e como principal objetivo, desenvolver, excepcionalmente, certas
qualidades que a natureza da profissão escolhida exige, para melhor
rendimento, para dar ao organismo uma compensação, de tal modo que as
sinergias musculares, muito solicitadas durante o trabalho, possam obter para
seus músculos um relaxamento adequado. Já em outros, em que a solicitação
é quase nula, sejam convenientemente exercitadas, de maneira a evitar à
atrofia dos elementos componentes, e como conseqüência a redução de sua
capacidade.
No entanto, existem algumas desvantagens dos programas de Ginástica
Laboral e estão relacionadas principalmente com as implicações de sua
aplicação. Alguns desconfortos estão associados a realização de Ginástica
Laboral no local de trabalho. Em primeiro lugar é muito desconfortável realizar
exercícios com roupas de trabalho, principalmente em um país tropical e para
aqueles trabalhadores que não utilizam uniformes de trabalho ou não efetuam
troca de roupas para trabalhar.
Um segundo ponto relaciona-se com o local onde a Ginástica Laboral é
realizada. Sem dúvida, o local de trabalho não é apropriado para a prática de
atividades físicas, pois são locais de trabalho e não de recreação ou lazer. Em
geral são locais que não possuem espaço suficiente para a realização de
exercícios: ambientes fechados e sem ventilação.
Um terceiro ponto se refere ao constrangimento imposto ao funcionário
que deve realizar os exercícios na frente dos colegas, e às vezes de seus
chefes imediatos.
Em alguns casos os Programas de Ginástica Laboral são administrados
por multiplicadores, nesses casos não há um acompanhamento eficaz na
diferenciação dos exercícios propostos para se adequarem aos diferentes
biótipos, ritmos e características dos empregados. Dependendo do tipo de
treinamento
oferecido
aos
multiplicadores
acompanhamento da realização dos exercícios.
podem
ocorrer
falhas
no
25
2.1
Tipos de ginástica laboral
Existem basicamente três tipos de Ginástica Laboral oferecidos
atualmente: Preparatória, Compensatória e de Relaxamento. A Ginástica
Laboral pode ser definida conforme seu horário de aplicação.
Preparatória ou de aquecimento: realizada no início da jornada de
trabalho, ela ativa fisiologicamente o organismo, prepara para o exercício físico,
e melhora o nível de concentração e disposição, elevando a temperatura do
corpo, oxigenando os tecidos e aumentando a freqüência cardíaca. Tem
duração de 10 a 12 minutos. Inclui exercícios de coordenação, equilíbrio,
concentração, flexibilidade e resistência muscular.
Compensatória: com duração de 5 a 10 minutos durante a jornada de
trabalho, sua principal finalidade é compensar todo e qualquer tipo de tensão
muscular adquirido pelo uso excessivo ou inadequado de estruturas
musculoligamentares. Tem o objetivo de melhorar a circulação com a retirada
de resíduos metabólicos, melhorar a postura no trabalho, reabastecer os
depósitos de glicogênio e prevenir a fadiga muscular. São sugeridos exercícios
de alongamento e flexibilidade, respiratórios e posturais.
Relaxamento: realizada no final da jornada de trabalho, durante 10 ou 12
minutos, tem como objetivo a redução do estresse, alívio das tensões, redução
dos índices de desavenças no trabalho e em casa, com conseqüente melhora
da função social. São realizados auto massagens, exercícios respiratórios,
alongamentos, exercícios de flexibilidade e meditação.
A Ginástica Laboral ainda pode ser classificada quanto ao seu objetivo:
Ginástica Corretiva ou Postural: relacionada com o equilíbrio dos
músculos agonistas/antagonistas, isto é, alongamento dos músculos mais
sobrecarregados e fortalecimento dos músculos em desuso ou quase sem uso.
Sua duração pode ser de 10 a 12 minutos, todos os dias ou três vezes por
semana.
Ginástica de Compensação: tem o objetivo de evitar vícios posturais e o
aparecimento da fadiga, principalmente por posturas extremas, estáticas ou
unilaterais. Podem ser realizados exercícios simétricos de alongamento dentro
do próprio setor, entre 5 a 10 minutos.
26
Os três primeiros tipos descritos acima, cuja combinação denomina
Ginástica
Laboral,
são
os
mais
utilizados
nas
empresas
e
mais
propagandeados.
A Ginástica Preparatória ou de Aquecimento visa ativar o trabalhador
para a jornada de trabalho, sendo realizada logo no início do expediente,
despertando e tornando o indivíduo mais atento durante suas atividades,
evitando assim acidentes e contusões ao longo do período. Outro tipo de
Ginástica é a de Compensação ou de distencionamento, geralmente realizada
no meio do período de trabalho, promovendo uma pausa ativa do trabalhador,
aumentando assim seu poder de concentração.
A Ginástica de Relaxamento é feita no final do expediente e prioriza
recuperar o trabalhador ao final da jornada de trabalho, diminuindo seu
desgaste físico e psicológico ao retornar ao seu convívio pessoal.
A Ginástica Laboral pode ser classificada quanto ao horário de
execução, e para Mendes; Leite (2004), se no início do expediente de trabalho
é chamada de Preparatória, no meio do expediente de trabalho é chamada de
Compensatória e, se no final do expediente, é chamada de Relaxante.
Lima (2003), apresentando um entendimento similar, tendo em vista que
classifica a Ginástica Laboral como de Aquecimento ou Preparatória;
Compensatória ou de pausa; Relaxamento ou Final.
Na visão de Martins (2000), a Ginástica Laboral classifica-se em
Preparatória (antes da jornada de trabalho) e Compensatória (durante e após a
jornada de trabalho).
A Ginástica Laboral Preparatória teve origem no Japão onde, desde
1928, os funcionários dos correios, freqüentavam sessões de ginástica,
visando descontração e o cultivo da saúde. Após a Segunda Guerra Mundial,
esse hábito se espalhou pelo país. O Ministério da Saúde declarou que em
1960 que a ginástica nas empresas japonesas traziam como resultados o
aumento da produtividade,diminuição dos acidentes de trabalho e melhoria do
bem estar geral dos trabalhadores. (CAÑETE, 1996)
A Ginástica Laboral Preparatória é mais indicada para trabalhadores
cujas tarefas laborais requerem força ou grande precisão de movimentos,
enfatizando exercícios que proporcionam aquecimento músculo articular e
posteriormente, aumento da circulação sanguínea periférica, prevenindo
27
acidentes de trabalho, distensões musculares e doenças ocupacionais. (DIAS.
1994)
Monteiro; Viegas; Gontijo (1998) complementam que essa ginástica é
por demais benéfica, pois prepara o trabalhador para as atividades laborais
diárias,ativando a circulação geral para o aparelho respiratório,além de
preparar as estruturas musculoligamentares de forma que os funcionários
fiquem menos propensos a problemas de saúde.
Para Monteiro; Viegas; Gontijo (1998) os acidentes ocorrem em sua
maioria nas primeiras horas de trabalho, devido à sonolência dos trabalhadores
e a falta de preparo muscular, ficando esses vulneráveis a acidentes que na
maioria das vezes atingem o sistema músculo esquelético, tais como
distensões, entorses entre outras lesões, implicando em longo tempo de
recuperação e consequentemente afastamento do trabalho. Por sua vez,a
Ginástica Laboral Compensatória deve basear-se no alongamento estático a
fim de ativar os grupos musculares mais utilizados durante o cotidiano laboral.
Conforme Couto (1995), a Ginástica Laboral Preparatória pode ser
utilizada como prevenção de fadiga por tensão cognitiva, tendo em vista que
pode proporcionar um número maior de estímulos cerebrais, tornando o
indivíduo mais desperto e assim, mais apto a ter respostas adequadas ou
corretas. Também é recomendado que, em intervalos de dez minutos a cada
noventa minutos trabalhados, o funcionário submetido a esse tipo de fadiga
igualmente deve realizar a Ginástica Compensatória.
Nos
países
socialistas,
Ginástica
Laboral
Compensatória
tem
proporcionado um incremento na saúde dos trabalhadores, como reduzir a
congestão mental produzida pela concentração e a ação intelectual persistente,
contribuir para minimização da tensão emocional e proporcionar uma postura
correta que compense o desequilíbrio funcional produzido pela posição
unilateral exigida em certos tipos de trabalho. (PULCINELLI, 1998)
Hess; Hecker (2003) por sua vez sugerem que programas de
alongamento nas empresas podem melhorar a saúde do trabalhador e diminuir
tanto
a
severidade
quanto
o
custo
do
tratamento
das
lesões
musculoesqueléticas, realizaram um estudo que avaliou os efeitos de curto
prazo de exercícios de alongamentos estático (com duração mínima de cinco
28
segundos cada exercício) no conforto musculoesquelético e na mobilidade
postural dos trabalhadores.
Entretanto, a Ginástica Laboral,quando mal aplicada,pode causar danos.
No ambiente de trabalho, a qualidade deve estender-se ao programa de
Ginástica Laboral e não somente aos produtos ou serviços efetuados pela
empresa. (MARTINS, 2001)
A Ginástica Laboral pode ser Preparatória e Compensatória, consistindo
em exercícios específicos realizados no próprio local de trabalho, atuando de
forma preventiva e terapêutica. Leve e de curta duração, visa diminuir o
número de acidentes de trabalho, prevenir doenças ocupacionais originadas de
traumas cumulativos, prevenir fadiga muscular, corrigir vícios posturais,
aumentar a disposição do funcionário ao iniciar ou retornar ao trabalho,
promover maior integração no ambiente de trabalho. (DIAS, 1994)
A Ginástica Laboral Compensatória é realizada durante a jornada de
trabalho (LEITE, 1999), através de pausas para executar exercícios específicos
de compensação às exigências físicas do trabalho, relaxando os músculos que
trabalham em excesso durante a jornada de trabalho, através da contração de
seus antagonistas. Essa ginástica também permite a quebra da rotina,
despertando os trabalhadores e prevenindo dessa maneira acidentes de
trabalho. Deve ser dada atenção especial as regiões cervical, torácica e
lombar, com ênfase nos exercícios de alongamento, relaxamento e força
muscular. Esse tipo de atividade previne vícios posturais durante atividades
habituais de trabalho, devem ser utilizados exercícios que mobilizem os
músculos menos solicitados e relaxem aqueles que trabalham em demasia,
sessões de sete a dez minutos em cada três a quatro horas de trabalho.
(TARGA apud LEITE, 1999)
A Ginástica Laboral Preparatória é realizada antes da jornada de
trabalho, a fim de preparar o indivíduo para o trabalho, aquecendo músculos
que serão solicitados na tarefa e despertando-os para que se sintam mais
dispostos, motivados e integrados. Geralmente realizada com uma reunião de
todos os funcionários em um local específico, no início de cada turno de
trabalho. (SCHARCOW apud CAÑETE, 1996)
Segundo Rey (apud PULCINELLI, 1998), essa atividade física justificase pelo fato do desempenho/rendimento do trabalhador não ser constante. No
29
início da jornada de trabalho o organismo começa progressivamente adaptar
seus processos fisiológicos as exigências do trabalho. Em seguida ao período
de adaptação inicial, o homem atinge seu ápice em rendimento, cuja duração é
de aproximadamente duas horas. Após tal período, devido a fadiga ou
cansaço, o desempenho do trabalhador começa a decrescer. É comprovado
cientificamente que pausa realizada no início deste momento de baixo
rendimento tornam variável o retorno dos sintomas improdutivos, estabilizando,
por conseguinte, o desempenho do trabalhador em um nível satisfatório.Várias
pesquisa tem sido feitas para identificar os efeitos da ginástica de pausa (ou
compensatória) sobre os trabalhadores.
Segundo Faria (apud PULCINELLI, 1998) esses estudos podem ser
divididos para efeito didático em:
a) estudos sobre a influência da ginástica de pausa para o estado físico
e psicológico do trabalhador, realizadas través de experimento. Na
Bélgica e Bulgária estudos mostraram que o tempo de reação visuomotora nos praticantes de Ginástica Laboral de pausa melhoraram
42% para 65%. No Brasil, Kolling (apud PULCINELLI, 1998) realizou
estudos com operários de duas fábricas de acessórios de calçados
da cidade de Novo Hamburgo e os resultados mostraram que a
aplicação da Ginástica Laboral diminuiu significativamente o índice
de fadiga periférica do grupo experimental em comparação com o
grupo de controle. Martins (2000) implantou um programa de
Ginástica Laboral Compensatória na reitoria da Universidade Federal
de Santa Catarina e após 54 sessões, observou uma melhora
significativa da flexibilidade dos funcionários;
b) estudo sobre as influências subjetivas da ginástica de pausa, através
das impressões e sentimentos dos participantes da ginástica. Na
Suécia, GIESEKE aplicou após um ano de participação da ginástica
de pausa, questionários aos funcionários da companhia de seguros.
Os resultados mostraram 87% dos respondentes achavam que a
ginástica era um estimulante de ordem psicológica, 76% que o
trabalho se realizava mais facilmente após a ginástica e 60,7%
acreditavam que a fadiga diminuiu. (FARIA apud PULCINELLI,
1998).
30
Sobre a influencia do professor, Weinberg; Gould (2001) ressaltam que
os instrutores podem seguramente influenciar no sucesso de um programa e,
portanto eles devem ser experientes, dar muito feedback, ajudar os indivíduos
a estabelecerem metas flexíveis, além de demonstrar preocupação por sua
segurança e conforto psicológico.
A correção das atividades da Ginástica Laboral (MARTINS, 2001),
principalmente nos exercícios de alongamento, deve sempre ser realizada, seja
durante (quando aplicável) ou após as aulas (atendimento individualizado).
Ainda sobre as responsabilidades do professor, recomenda-se a
observação da pontualidade, uma vez que as sessões de Ginástica Laboral
duram poucos minutos. Para que não haja atraso entre as aulas, Martins
(2001) recomenda que o professor proporcione atendimento personalizado
(diário, semanal ou mensal) ao trabalhador a fim de que suas dúvidas sobre
saúde sejam respondidas e que para a correção dos exercícios realizadas
durante a aula seja otimizada.
Martins (2001) admite a premissa de que o professor é a peça chave do
Programa de Ginástica Laboral, podendo ser o único elo constante entre o
trabalhador e sua saúde.
Zilli (apud MARTINS, 2001), para iniciarmos um programa de Ginástica
Laboral deve-se percorrer as seguintes etapas: pré-projeto; pré implantação e
implantação;
consolidação;
comprometimento;
sustentação,
contatos
e
negociação; avaliação.
De acordo com Guerra (1997) existem cinco etapas para a implantação
da Ginástica Laboral tenha sucesso:
a) avaliação e diagnóstico, analisando a aptidão física, qualidade de
vida, biomecânica e ergonomia, a fim de permitir uma correta
adequação da atividade física;
b) planejamento e estruturação do programa, prevendo inclusive a
motivação, compreensão da validade, aval e aceitação por parte dos
funcionários;
c) conscientização de todos os funcionários da empresa sobre os
problemas provenientes da má postura (dentro e fora da empresa),
sua prevenção e o incentivo a prática regular de atividade física;
31
d) implantação do projeto piloto, possibilitando ajustes antes da sua
expansão em todos os setores;
e) avaliação
dos
resultados,
incluindo
as
áreas
de
qualidade
empresarial, produtividade e qualidade de vida.
Na Michelin (pneus) do rio de Janeiro/RJ a Ginástica Laboral foi
implantada em 2003, desenvolvendo em três etapas distintas: implantação,
manutenção e controle dos resultados. A seguir descreve-se os fatores
inerentes a cada etapa:
Implantação:
a) palestras aos funcionários sobre Ginástica Laboral;
b) avaliação dos grupos e suas atividades laborais;
c) avaliação individual dos funcionários (anamnese);
d) elaboração do programa específico ao grupo a ser trabalhado;
e) orientação fisioterápica aos funcionários que já apresentam dores ou
lesões;
f) entrega de material específico aos funcionários que realizaram
orientação fisioterápica.
Manutenção:
a) realização da Ginástica Laboral no próprio local de trabalho com
duração de quinze minutos, realizadas três vezes por semana;
b) aulas de alongamento, relaxamento, atividades lúdicas, informações
sobre postura;
c) entrega de material didático aos funcionários, contendo exercícios
específicos aos que receberam orientação fisioterápica.
Controle dos resultados:
a) avaliação trimestral do Programa de Ginástica Laboral, realizada
pelos participantes;
b) avaliação semestral dos funcionários (questionário) evidenciando as
melhoras obtidas após o período de implantação do programa;
c) demonstração dos resultados a gerencia e diretorias, através de
levantamento estatístico dos dados obtidos nas avaliações, de modo
comparativo com as avaliações realizadas anteriormente;
d) retroalimentação do trabalho através dos resultados obtidos nas
avaliações.
32
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA GINÁSTICA LABORAL
3
RESULTADOS
OBTIDOS
COM
PROGRAMA
DE
GINÁSTICA
LABORAL
Dias (1994) acredita que muitos empresários brasileiros ainda vêem a
Ginástica laboral como perda de tempo e de produtividade, pois não
conseguem enxergar benefícios provenientes da implantação de tal ginástica.
Entretanto a autora cita que desde 1989, na fábrica de tintas Renner
(Porto Alegre, RS), houve diminuição da procura ambulatorial, diminuição do
índice de absenteísmo, aumento da disposição para o trabalho, diminuição das
reclamações com o sindicato decorrente de problemas sobre doenças
ocupacionais, melhoria das dores articulares e musculares e melhoria do
relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho.
A Merrel Lepetit (PROTEÇÃO, 1995), além da aplicação da Ginástica
Laboral, investiu em um Fitness Center no seu próprio complexo industrial,
onde seu único gasto foi na reforma de uma de suas salas e na compra de
equipamentos.
Uma das unidades da empresa Dana-Albarus (Gravataí, RS), que
contou com a participação voluntária de 100% dos funcionários do setor de
forjaria realizando a Ginástica Laboral Preparatória, decidiu tratar os
funcionários com quadros avançados de lombalgia e tendinites com Ginástica
Laboral Compensatória individual.
Caso fosse diagnosticada alguma lesão mais avançada e/ou aguda, a
fisioterapia ainda era empregada. Novamente após três meses de realização
da Ginástica Laboral, ocorreram resultados positivos: houve uma diminuição de
46% dos acidentes ocorridos no primeiro turno do setor de forjaria e uma
diminuição de 54% da procura ambulatorial traumato. (PROTEÇÃO, 1995)
Na eletrônica Selenium a Ginástica Laboral e a avaliação ergonômica
dos postos de trabalho obtiveram resultados compensadores. A fim de evitar
lesões foi implantado um sistema de rodízio onde os funcionários revezavam-
33
se nas atividades ou mudavam de setor. Deste modo, haveria uma diminuição
da sobrecarga muscular, pois os trabalhadores estariam efetuando outra
função. Em seis meses de Ginástica Laboral o índice de absenteísmo diminui
38%,os acidentes de trabalho decresceram 86,67%,as dores de 64% dos
trabalhadores diminuíram e 100% dos empregados afirmaram que estão
dispostos a retornarem ao trabalho.
No Brasil, Cañete (1996) realizou uma pesquisa com cinco empresas do
Rio Grande do Sul e concluiu através de entrevista com funcionários de
diferentes níveis hierárquicos que a Ginástica Laboral reduz significativamente
os afastamentos por doenças ocupacionais e as faltas devido os efeitos de
relaxamento, descontração e eliminação de dores que a Ginástica Laboral
proporciona.
Martins (2000) relata que trabalhadores que participaram de um
programa de promoção de saúde responderam que Ginástica Laboral ajudou a
aumentar seu bem estar diário e a melhorar o relacionamento interpessoal. Já
88,5% acreditaram que tal programa alterou para melhor seu estilo de vida.
No entanto, dependendo das atividades aplicadas, o trabalhador pode
tornar-se enfermo e improdutivo. Lee et al (apud DEPARTAMENT OF HEALTH
AND HUMAN SERVICES, 1979) estudaram a realização de exercícios físicos
específicos no próprio local de trabalho, executados por trabalhadores que
utilizavam diariamente o computador. Os exercícios foram auto-administrados e
retirados da literatura. Mesmo com a maioria dos exercícios ter sido executada
satisfatoriamente, mas de um terço foi relatado como potencialmente
constrangedor,sendo
que
vários
evidenciaram
ainda
mais
estresse
biomecânico ao qual estes trabalhadores estavam submetidos na jornada de
trabalho. Alguns exercícios foram contra-indicados para indivíduos com
problemas de saúde específicos.
Desta forma, os programas de Ginástica Laboral devem ser focados de
acordo com as necessidades do trabalhador, levando em consideração suas
atividades individuais e suas limitações.
Capra (1992) defende que o importante objetivo da educação sanitária
será o de estimular a responsabilidade das grandes empresas. A comunidade
empresarial precisa aprender mais sobre os riscos para a saúde resultante de
seus métodos de produção e de seus produtos. As empresas terão que toma
34
consciência dos custos para manutenção da saúde pública, gerados por suas
atividades e formular uma política empresarial que esteja de acordo com seus
objetivos. A política a ser adotada pelo governo consistirá numa legislação que
estabeleça condições para prevenção de doenças ocupacionais acompanhada
de uma política social que garanta as necessidades básicas das pessoas.
Quanto à análise econômica da implantação de programas de aptidão
para o trabalhador, tanto o governo como as empresas privadas deveriam ver o
nível de aptidão física e um bom estado de saúde, como objetivos desejáveis
em si mesmos, independente de qualquer benefício financeiro resultante.
(SHEPHARD, 1994).
No entanto, existe uma preocupação quanto ao custo/benefício de um
estilo de vida ativo. Investir em saúde preventiva inicialmente requer um
aumento de custos. O investimento para desenvolver um programa de
Ginástica Laboral varia amplamente. (SHEPHARD, 1994)
As acomodações para a prática de exercícios podem variar desde uma
simples instalação com local para caminhar, uma sala com ginástica e um
profissional de tempo parcial, a uma completa instalação milionária. No
entanto, o interesse do trabalhador que tem estilo de vida ativo não está
afetado grandemente pela quantidade de gastos, desde que haja uma mínima
instalação básica para exercitar-se. (SHEPHARD, 1994)
Shephard (1994) pesquisaram a influência de um programa de
exercícios físicos no local de trabalho sobre a aptidão física, a produtividade e
o absenteísmo, e verificaram que apenas 20% dos trabalhadores participaram
efetivamente do programa, os quais mostraram ganhos significativos da
aptidão física (diminuição da gordura corporal, aumento da capacidade
aeróbica e flexibilidade). E apesar de não ter sido observado aumento da
produtividade da empresa, o absenteísmo reduziu 22% que representou uma
redução nos custos totais da empresa. O aumento da produtividade deveria
resultar em aumento da capacidade física para o trabalho e então, um
decréscimo da fadiga. (LAPORTE, 1966; SHEPHARD, 1994), reduções nas
doenças e alívio do desânimo, ansiedade ou agressividade gratuita.
Apesar de vários estudos terem demonstrado a importância da atividade
física para a saúde e da divulgação através da mídia desses benefícios, muitas
pessoas ainda adotam hábitos sedentários. Shephard (1994) realizou estudo
35
no município de São Paulo com uma amostra de 1479 pessoas adultas e
verificou que 57% dos homens e 80% das mulheres não praticavam atividade
física dando um total de 69,3% da população totalmente sedentária.
Desenvolveu um estudo nas indústrias de Santa Catarina e mostrou que 46,4%
dos trabalhadores não realizavam atividades físicas de lazer, sendo que as
mulheres realizavam ainda menos.
Germignami (apud SHEPHARD, 1994) cita que algumas empresas estão
implantando programas de atividade física no local de trabalho com o objetivo
de estimular trabalhadores para uma vida ativa e com isso reduzir o
absenteísmo por doenças e outros custos com assistência médica. Afirma que
o estilo de vida ativa é um importante determinante para a saúde das pessoas
e funciona como um imã atraindo comportamentos saudáveis e eliminando
comportamentos negativos.
Empresas como Dona-Albarus em Gravataí, Selenium em Nova Santa
Rita, Iochpe-Maxion em Canoas, todas no Rio Grande do Sul, tiveram os
mesmos motivos para implantarem o programa de Ginástica Laboral, altos
índices de acidentes e afastamentos do trabalho, assim como para aumentar o
nível de entusiasmo dos funcionários. A Dana-Albarus após três meses da
implantação reduziu em 72% os acidentes. Na Selenium,em seis meses de
implantação do programa o índice de absenteísmo diminuiu em 38%,as
acidentes em
86,67% e 64% dos funcionários afirmaram que as dores
diminuíram após a ginástica e 57% que o relacionamento melhorou entre os
colegas.O engenheiro de segurança da Iochpe-Maxion comentou que os
funcionários ficaram menos tensos depois da implantação e mais motivados
para o trabalho. (PROTEÇÃO, 1995).
Barcelos (apud PROTEÇÃO, 1995) acompanhou um programa de
Ginástica Laboral nos funcionários do SENAI e observou que esses exercícios
auxiliaram na percepção corpora, fazendo com que os funcionários adotassem
posturas mais adequadas.
Santos (2003) pesquisou os funcionários de um supermercado em
Florianópolis e concluiu no final de sua pesquisa que os benefícios adquiridos
com o programa de ginástica Laboral foram: uma melhor disposição para o
trabalho, diminuição do cansaço físico no final do dia, aumento do clima de
36
amizade e espírito de grupo, tornando os funcionários mais unidos e
comprometidos com a empresa.
Militão (2001) pesquisou se existia diferença nos resultados de Ginástica
Laboral quando orientada por multiplicadores ou professores de educação
física em quatro empresas do estado de Santa Catarina que aplicavam a
Ginástica
Laboral
há
mais
de
um
ano
(duas
empresas
utilizavam
multiplicadores e outras duas, professor de educação física). Os resultados
estatisticamente significantes, provenientes da aplicação de questionários em
uma amostra de vinte e sete trabalhadores, sugeriram quando a Ginástica era
ministrada por multiplicadores, tanto a empresa quanto o próprio trabalhador
perdiam ou deixavam de ganhar benefícios que poderiam ter se tal atividade
fosse diretamente ministrada por educador físico.
Lima (2003) estudou por dois anos a Ginástica Laboral implantada com
o intuito de prevenir os DORT em uma empresa de ramo alimentício de
Curitiba/PR. A Ginástica Laboral (baseada em exercícios de alongamento,
exercícios de estímulo circulatório, correção e compensação postural,
fortalecimento muscular, contrações para estimular o retorno venoso das
pernas, exercícios de relaxamento e auto-massagens) era efetuada duas vezes
em cada turno, com duração de dez minutos e, apesar de ter sido
esquematizada por fisioterapeuta, era aplicada tanto por multiplicadores quanto
pelo fisioterapeuta. O estudo utilizou como fonte principal de dados os registros
de DORT fornecidos pelo serviço de Segurança e Saúde do Trabalho da
empresa. Os resultados demonstraram uma grande redução dos registros dos
casos de DORT principalmente três meses após a implantação da Ginástica
Laboral, mas que voltaram a crescer progressivamente ao longo de dois anos.
Martins; Duarte (2000) verificaram alterações na flexibilidade, percentual
de gordura e pressão arterial provocadas por quatro meses de um Programa
de
Ginástica
Laboral
direcionado
para
trabalhadores
da
reitoria
da
Universidade Federal de Santa Catarina. O programa era composto por
Ginástica laboral (compensatória realizada três vezes por semana, com ênfase
em exercícios de alongamento), palestras mensais sobre saúde e informações
semanais sobre qualidade de vida. Através da coleta de dados efetuada por
testes físicos e questionários, constatou-se que houve melhora significante do
percentual de gordura, da pressão arterial, da flexibilidade, do aumento da
37
amplitude de abdução do ombro, da hiperextensão do cotovelo, da flexão do
punho, da extensão do quadril, da flexão do joelho e da hiperextensão do
joelho. O Programa de Ginástica Laboral também mostrou-se capaz de
implementar alterações saudáveis nos hábitos de seus participantes ,visto que
46,2% afirmaram vivenciar os ensinamentos vinculados pelo programa e que
pode ter sido capaz de reduzir significantemente o percentual de gordura e
aumentar a massa corporal magra
devido a alterações estilo de vida dos
trabalhadores.
Tokars (2001) analisou, através de questionários, a aplicação da
Ginástica Laboral Proprioceptiva (que enfatiza a percepção dos segmentos
corporais e detecção das falhas na postura ou movimentos corporais
executados) em operadores de solda de uma indústria automobilística em
Curitiba/PR. O Programa da Ginástica Laboral preconizavam exercícios com
mudanças de ângulos, velocidade e posição dos membros superiores e a
percepção consciente da contração e relaxamento muscular. Os resultados
sugeriram
que
a
Ginástica
Laboral
(implantada
após
uma
análise
ergonômica),pode ter sido capaz de despertar a percepção e a consciência
corporal ,além de suas inter-relações segmentares e proteger as estruturas
anatômicas em questão ,permitindo inclusive, a otimização do trabalho homemmáquina .
Alvarez (2002) avaliou a Ginástica Laboral numa empresa de telefonia
de São Jose/SC e analisou através de questionários, o estilo de vida e o lazer
dos trabalhadores que participavam do programa durante dois anos. As aulas
eram baseadas em exercícios de alongamento, relaxamento e contração
muscular (principalmente objetivando a realização de movimentos rápidos).
Dentre seus achados, foi ressaltado que:
a) as maiorias das barreiras para a prática de exercícios físicos fora da
empresa foram, falta de tempo, falta de motivação e problemas
financeiros;
b) os
trabalhadores
que
participavam
da
Ginástica
Laboral
apresentavam menores valores percentuais quanto aos índices de
tabagismo, consumo de álcool, estresse, obesidade e consumo diário
de alimentos gordurosos quando comprados com outros estudos;
38
c) apenas a Ginástica Laboral não era suficiente para promover a
qualidade de vida dos funcionários, necessitando-se de uma intenção
direta com os fatores ergonômicos do ambiente de trabalho em
questão.
Reis et al (2002) investigaram o impacto de um Programa de Ginástica
Laboral, efetuado por vinte e quatro dias, por trabalhadores de uma emissora
de televisão em Florianópolis/SC. A Ginástica Laboral diária era composta por
exercícios respiratórios ,alongamento,relaxamento,massagem e atividades
lúdicas ,objetivando principalmente o combate ao estresse psicológico negativo
constatado pela emissora (fato que ocasionou a demanda do Programa de
Ginástica Laboral).A propagação de informações sobre saúde pelo local de
trabalho ,além da presença diária do professor após as aulas (proporcionando
um atendimento mais individualizado), faziam parte do Programa de Ginástica
Laboral. Os resultados obtidos através de questionários auto-administrado,
demonstraram que 90,6% dos respondentes participaram das sessões (9,4%
não compareceram devido a falta de tempo); 20,6% melhoraram o bem estar
diário;18,7% retornaram mais dispostos ao trabalho; 15,4% sentiram menos
dores; 12,1% melhoraram o relacionamento interpessoal; 7% passaram a se
exercitar com mais freqüência; 5,1% realizaram exercícios de Ginástica Laboral
mesmo quando não havia sessão; 11,7% passaram a se alongar mais; 7,5%
passaram a vivenciar os ensinamentos difundidos nas dicas semanais e 100%
desejaram a continuidade do programa,além de terem afirmado que a
Ginástica Laboral contribui para a qualidade de vida no trabalho.Os resultados
indicaram que,mesmo aplicado por um curto período de tempo,o Programa de
Ginástica Laboral pode contribuir positivamente para a qualidade de vida de
trabalhadores sob intenso estresse.
Bergamaschi (2003) desenvolveu uma pesquisa com 112 trabalhadores
de uma indústria farmacêutica que realizavam Ginástica Laboral, a fim de
verificar a influência de diferentes estilos musicais no estado de ânimo. Tais
aulas já eram efetuadas pelos trabalhadores há quatro anos, executadas duas
vezes por turno, totalizando vinte minutos, (dez minutos no início e dez minutos
no final da jornada de trabalho). Os resultados sugeriram que a Ginástica
Laboral acompanhada ou não de diferentes estilos musicais, não desencadeou
mudanças significativas no estado de ânimo dos trabalhadores que, por sua
39
vez, já poderiam ter atingido um bom nível de intensidade de seus estados de
ânimo através da própria Ginástica Laboral, mantida por extenso período.
Schmidt et al (2003) discorreram sobre a aplicação diária da Ginástica
Laboral (composta por exercícios de alongamento, relaxamento, exercícios
respiratórios, exercícios resistidos com halteres, reeducação postural e
dinâmicas de grupo) em trabalhadores de um hospital em Cascavel/PR. A
realização
da
Ginástica
Laboral
era
de
duas
ou
três
vezes
por
turno(dependendo da duração da jornada de trabalho),durante quinze minutos
e no decorrer de quatro meses pode ter apresentado a capacidade de atuar no
estado emocional do trabalhador ,reduzindo seu nervosismo.
O estudo de Pinto (2003) avaliou a aplicação da Ginástica Laboral em
cirurgiões dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC. A
Ginástica Laboral contou com vinte e três exercícios de alongamento,
efetuados duas vezes por semana (totalizando quatorze aulas). Os resultados,
coletados com aplicação de questionários pré e pós Ginástica Laboral, além de
identificar a região corporal dolorida e mensurar a dor através de um mapa de
desconforto corporal e escala analógica, demonstraram que a Ginástica
Laboral pode ser aplicada diariamente por cirurgiões dentistas como uma
medida para compensar os esforços e sobrecargas músculo-articulares
geradas durante seus atendimentos.
Santos (2003) pesquisou o efeito de três meses da Ginástica Laboral
Compensatória de trabalhadores de um centro de informática da cidade de
Florianópolis/SC. A Ginástica Laboral era composta por exercícios de
flexibilidade, força e resistência muscular localizada, com duração de quinze
minutos, ministrada três vezes por semana. Os dados foram coletados por
avaliações físicas (índice de massa corporal, flexibilidade, força e avaliação
postural), fotos (para verificar a postura corporal) e questionários. Dentre os
resultados, ressaltou-se a possibilidade de ter havido incremento de força (6%),
flexibilidade (4%), além da melhoria do índice de correção da postura corporal
(4,62%).
A seguir encontram-se algumas empresas que têm investido na
Ginástica Laboral para promover a saúde de seus trabalhadores, divulgando tal
empreendimento na internet:
40
a) Intelbras (INTELBRAS, 2004; ALVAREZ, 2005) telefonia: Ginástica
Laboral diária desde 1998, realizada na fábrica e setor administrativo,
onde igualmente é oferecido o programa Vida & corpo (específico
para trabalhadores com queixas freqüentes de dor músculoesqueletica);
b) Hospital do Câncer (HOSPITAL DO CÂNCER, 2004): Ginástica
Laboral desde agosto de 2001, realizada duas vezes por semana,
com trinta minutos de duração, onde a Ginástica Laboral faz parte de
um programa geral de prevenção de doenças osteo musculares e de
conscientização corporal;
c) Viação Ouro e Prata (VIAÇÃO OURO E PRATA, 2004) – transporte
coletivo: Ginástica Laboral desde 2001, com duração de quinze
minutos, sendo que motoristas realizam a Ginástica Laboral nas
salas de descanso;
d) Bristol-Myers
Squibb
(BRISTOL-MYERS
SQUIBB,
2004)
–
farmacêutica: Ginástica Laboral desde 2001, diária com duração
entre sete e dez minutos, de participação voluntária;
e) Softway Contact Center (SOFTWAY CONTACT CENTER, 2004) –
telemarketing: Ginástica laboral preparatória, além de atendimento
individualizado no meio da jornada de trabalho (permitindo a
aplicação de exercícios específicos ás necessidades de cada
trabalhador);
f) Sama (SAMA, 2004) – mineração de amianto: Ginástica Laboral
diária e de participação voluntária, contempla ações de cunho
preventivo-educativo;
g) Clealco (CLEALCO, 2004) – açúcar e álcool: Ginástica Laboral desde
1998 para todos os funcionários, sendo que a Ginástica Laboral é a
principal ferramenta do programa de qualidade de vida da empresa;
h) Epson (EPSON, 2004) – impressoras: Ginástica Laboral realizada
três vezes por semana, cujo maior objetivo é o desenvolvimento do
bem-estar físico e mental do trabalhador;
i) Massey Ferguson AGCO (MASSEY FERGUSON AGCO, 2004) –
máquinas agrícolas: Ginástica Laboral há onze anos, preparatória e
compensatória;
41
j) Incoterm (INCOTERM, 2004) – indústria de termômetros: Ginástica
Laboral desde outubro de 2003, com dez minutos de duração,
realizada em todos os setores da empresa.
Segundo Pagliare (apud SANTOS, 2003), a Kodak do Brasil realiza
desde 1995ª Ginástica Laboral em todos os seus setores. Coordenada pelo
departamento médico, esta atividade envolve ciclos de aquecimento no início
dos turnos e de alongamento e relaxamento durante as micro pausas e ao final
da jornada de trabalho. Como conseqüência houve a melhoria da consciência
corporal e auxílio na prevenção dos DORT.
Com a finalidade de capitalizar o investimento na saúde de seus
funcionários, a empresa Natura decidiu aliar os benefícios da Ginástica Laboral
o incentivo da prática regular de exercício físico por intermédio de sua
academia de ginástica. Em um período de dezessete meses (entre janeiro de
2002 e maio de 2003), foi pesquisada a assiduidade de cem freqüentadores da
academia. Tal amostra foi dividida em dois grupos: assíduos (acima da média
de freqüência mensal, que foi obtida através da média aritmética ponderada de
todos os participantes do período da pesquisa) e não assíduos (na média da
freqüência mensal ou abaixo da mesma). Os resultados demonstraram que o
grupo assíduo gastou 31,93% a menos com o plano de saúde que o grupo não
assíduo, sugerindo que um trabalhador regularmente ativo pode ser mais
saudável e, portanto, utilizar menos os exercícios oferecidos pelo plano de
saúde. Ainda, o grupo não assíduo reduziu em 12,87% seus gastos com o
plano de saúde, se comparado aos trabalhadores que não utilizaram a
academia de ginástica.
A atitude da empresa Natura exemplifica que o Programa de Ginástica
Laboral deve oferecer trabalhadores não só aulas de Ginástica Laboral, mas
também o maior número viável de serviços, com o propósito de melhorar a
qualidade de vida tanto dentro como fora do trabalho, essa visão é corroborada
por Martins (2001) uma vez que o Programa de Ginástica Laboral precisa ser
encarado como mias uma ação dentre as inúmeras ações voltadas para
promover a qualidade vida e qualidade de vida no trabalho, e deve-se ter uma
visão holística no que diz respeito ao trabalhador, já que o mesmo vivencia
atividades fora da empresa. É importante também enfatizar para o trabalhador
42
a importância de todos os componentes do programa e conseguir perpetuar a
crença de que cada indivíduo é responsável por sua saúde e segurança.
O Programa de Ginástica Laboral, de acordo com Martins (2001), deve
ser direcionado para as peculariedades e preferências do indivíduo. De acordo
com Mcintyre (apud MARTINS, 2001), a massagem provoca benefícios através
da redução e/ou eliminação da dor, diminuição do edema redução do estresse
psicológico, aumento da mobilidade, aumento da flexibilidade, aumento da
circulação e drenagem linfática, melhoria da consciência corporal, aumento do
relaxamento.
Para Achour (1999) a massagem é particularmente quando há
encurtamento muscular ou quando uma grande amplitude de movimento é
solicitada.
Martins (2000) expôs que trabalhadores que participavam de um
Programa de Ginástica Laboral afirmaram terem alívio do desconforto causado
pelo alongamento quando a massagem precedia tal exercício. Este fato pode
ser justificado pela capacidade que a massagem tem em diminuir o tônus
muscular, relaxando a musculatura objetivada pelo alongamento. É bom
lembrar que determinadas tarefas ocupacionais podem exacerbar a contração
da musculatura (favorecendo ainda mais o encurtamento muscular),tornando o
alongamento desconfortável.
De acordo com Martins (2001), a massagem pode fazer parte da
Ginástica Laboral através da automassagem, massagens em grupo ou em
duplas. No entanto deve haver bom senso para introduzi-la na aula, visto que
alguns indivíduos podem apresentar constrangimento com sua realização.
Como qualquer outra atividade da Ginástica Laboral, o professor deve ter
feedback dos trabalhadores, indagando se a massagem proporcionou
relaxamento e se agradou.
Conforme Barbanti (1994), aderência relacionada ao exercício físico é a
manutenção da participação no programa, individual ou em grupo, estruturado
ou desestruturado, sendo geralmente medida pelo número de ausências
consecutivas nos treinos ou aulas.
Ao fim de qualquer exercício físico proporcione o maior número de
benefícios ao indivíduo, à aderência a atividade deve ser otimizada. E se o
exercício físico for realizado na fábrica, métodos para que o trabalhador
43
aumente sua freqüência de participação nos exercícios devem ser priorizados.
Segundo Weinberg; Gould (2001) os trabalhadores da indústria normalmente
tem taxas de aderência mais baixas que funcionários de escritório, quando se
trata de exercícios.
Dishman; Buckworth (1996) realizaram uma meta análise das pesquisas
que investigaram a eficiência de programas de prática física, sejam programas
de incentivo a prática de exercício físico, sejam como Ginástica Laboral. O
estudo investigou setenta e três pesquisas e verificou que, no caso de
intervenções tipo Ginástica laboral, há alguns indícios de melhoria da condição
física dos participantes, mas os benefícios são pequenos. Além disso, os
autores afirmam que há poucas evidencias mostrando que um a intervenção
tipo ginástica Laboral produz um aumento na prática de atividades físicas de
seus participantes. Por outro lado, há evidencias que os empregados preferem
não realizar exercícios físicos no trabalho. De uma maneira geral ,os autores
concluem que os programas de intervenção nos locais de trabalho ainda não
demonstraram um efeito positivo sobre o incentivo de prática de atividades
físicas e sobre as condições físicas dos trabalhadores.
O trabalho de painel sobre desordens músculo esqueléticas do governo
dos Estados Unidos (National Research Council and Institute of Medicine)
afirma que são poucos os estudos que relacionam Programas de Ginástica
Laboral e a prevenção das lesões por esforços repetitivos). Os que existem
possuem um rigor científico limitado e não são generalizáveis. A conclusão é
que os resultados são controversos, com alguns estudos mostrando uma
correlação positiva entre ausência de sintomas e a prática de Ginástica Laboral
e outros mostrando o contrário.
Em uma revisão mais recente sobre a eficácia da Ginástica Laboral na
prevenção das lesões por esforços repetitivos, embora sugiram que os
exercícios melhoram a saúde e diminuem a severidade e o custo do tratamento
das lesões, Hess; Hecker (2003) concluem que os poucos estudos específicos
sobre os programas de Ginástica Laboral não fornecem evidencias conclusivas
nem a favor nem contra a Ginástica Laboral.
No Brasil existem alguns documentos e textos que alegam trazer
indicações seguras de que a Ginástica Laboral aumenta a prática de exercícios
44
físicos dos funcionários e diminui a incidência de dores e demais sintomas
relacionadas a LER/DORT.
A Ginástica Laboral adaptada para as necessidades impostas pelo tipo
de trabalho, realizada sem sair do posto, em breves períodos de tempo, ao
longo de todo o dia de trabalho, pode produzir resultados positivos para os
funcionários e para a empresa. (PINTO, 2003)
Martins (2000) realizaram um estudo junto a noventa funcionários da
Justiça Federal de Santa Catarina. Após vinte e sete sessões de Ginásticas
Laboral, os participantes responderam a um questionário auto-administrado. A
conclusão foi de que os dados sugerem uma boa aceitação do programa pelos
funcionários e que a Ginástica Laboral parece ter sido eficaz na prevenção de
Ler/DORT. No entanto, a pesquisa não apresenta nenhum dos controles
habituais para esse tipo de pesquisa: não há um grupo controle e nem um
controle do próprio sujeito (aplicação do mesmo questionário antes - depois).
Não foram realizados medidas ou exames clínicos que possam comprovar as
sugestões das autoras. Resta o fato da boa aceitação por parte dos
trabalhadores e o auto relato da diminuição dos sintomas relacionadas a dores
no corpo.
Umas das autoras, Martins (2000), realizou um estudo com vinte e seis
trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina onde foram medidas
a flexibilidade, força, percentual de gordura e a pressão arterial dos
participantes. Após cinqüenta e quatro sessões de Ginástica Laboral,
realizadas três vezes por semana durante quinze minutos, encontrou-se uma
melhora significante no percentual de gordura, da pressão arterial, da
flexibilidade medida com o teste sentar e alcançar. Obteve-se também um
aumento na amplitude de movimento de abdução do ombro, da hiperextensão
do cotovelo, da flexão do punho, da extensão do quadril, da flexão e da
hiperextensão do joelho. No entanto, os resultados não uma correlação positiva
entre a freqüência das sessões de exercícios nos locais de trabalho e os
benefícios apontados nas mensurações realizadas.
As
desvantagens
dos
programas
de
Ginástica
Laboral
estão
relacionadas principalmente com as implicações de sua aplicação. Uma delas é
a inversão na relação de causa e efeito das doenças ocupacionais: não são as
condições de trabalho que estão inadequadas, mas sim o trabalhador que não
45
possui um sistema musculoesquelético forte o suficiente para dar conta das
condições do trabalho. A inversão da relação de causa e efeito é grave, pois
pode levar a um sentimento de inadequação do trabalhador. Em outro s setores
da gestão atual das empresas, a tentativa é fazer com que o trabalhador
assuma todas as responsabilidades pelo desempenho, pela qualidade e no
caso da Ginástica Laboral, pelo seu condicionamento físico. O seu estado
físico deve ser de tal ordem a permitir que de trabalhe sobre condições
estressantes, com ritmos acelerados e poucos momentos para relaxar, sem se
cansar e sem adoecer.
46
CONCLUSÃO
Uma grande carência de fundamentação teórica e científica sobre a
Ginástica Laboral dificulta a definição concreta de seu papel dentro da saúde
do trabalho. Dentro desse contexto, a aplicação prática das diferentes
interpretações da Ginástica Laboral tem por objetivo principal a prevenção de
doenças ocupacionais.
As
desvantagens
dos
programas
de
Ginástica
Laboral
estão
relacionadas principalmente com as implicações de sua aplicação. Uma delas é
a inversão na relação de causa e efeito das doenças ocupacionais: não são as
condições de trabalho que estão inadequadas, mas sim o trabalhador que não
possui um sistema musculoesquelético forte o suficiente para dar conta das
condições do trabalho.
A inversão da relação de causa e efeito é grave, pois pode levar a um
sentimento de inadequação do trabalhador. Os poucos estudos específicos
sobre os programas de Ginástica Laboral não fornecem evidencias conclusivas
nem a favor nem contra a Ginástica Laboral.
De uma maneira geral, os autores concluem que os programas de
intervenção nos locais de trabalho ainda não demonstraram um efeito positivo
sobre o incentivo de prática de atividades físicas e sobre as condições físicas
dos trabalhadores.
47
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GINÁSTICA LABORAL LINS – SP 2008