Salvador, 23 de setembro de 2015 DISCURSO PROFERIDO PELO PRESIDENTE DA CBIC, JOSÉ CARLOS MARTINS, NA ABERTURA DO 87º ENIC Quero inicialmente cumprimentar a mesa, Empresários aqui presentes, representando nossas 82 entidades associadas, Demais Autoridades que nos honram com sua presença, Senhoras e senhores, Este ENIC inicia como um grande desafio pessoal, é o meu primeiro como presidente da CBIC e acontece durante uma das maiores crises da nossa história, exigindo de cada um de nós ainda mais esforço, coragem e dedicação. O Brasil é grande e sabemos que sairemos dessa crise melhor do que entramos. No entanto, o tempo para a retomada e o tamanho do avanço dependem do quanto trabalharmos agora. Vamos escrever um novo capítulo na história do Brasil. O ENIC será um momento de reflexão e também de tomada de decisão. Ao nos reunirmos, neste evento, consolidamos a nossa força, reafirmamos o orgulho de sermos construtores e fortalecemos nossa fidelidade ao espírito empreendedor, aos princípios da livre iniciativa e aos interesses maiores da Nação. Minhas amigas, meus amigos, Hoje chegamos à 87 edição do ENIC, nosso evento anual que, certamente, será inesquecível. A energia da Bahia há de nos inspirar na busca de soluções e o alto nível dos 84 palestrantes nos enriquecerá com novos conhecimentos. Também muitos serão os momentos de confraternização. Neste ano preparamos uma novidade: após o evento editaremos uma publicação com todas as apresentações, retratando as discussões havidas. Agradeço ao Sinduscon-Bahia, na pessoa do seu presidente Carlos Henrique Passos, nosso anfitrião e batalhador incansável pelas causas do setor. Obrigado Carlos pelo apoio que tem nos dado. Agradeço à ADEMI, na pessoa do presidente Luciano Murici, e a toda equipe organizadora. Parabéns Vicente e ao seu time, por este magnifico evento, mesmo com todas dificuldades. Vocês nos orgulham e representam o setor com garra, coragem e competência. É nessas horas que as pessoas mostram sua capacidade e lealdade. Acabamos de entregar o Prêmio de Responsabilidade Social. Parabéns aos vencedores. Com seu idealismo, vocês fazem um trabalho ainda pouco reconhecido pela sociedade, mas de grande relevância para o nosso setor. Contem conosco para continuar a caminhada. SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br Querida amiga Maria Helena Mauad, que justa homenagem! Você, junto com o nosso amigo Paulo Simão, foi a grande idealizadora do nosso Fórum de Ação Social e Cidadania. Obrigada, Maria Helena. Pessoas determinadas e comprometidas constroem a CBIC. O êxito de nossa atuação e de nossos associados é fruto de trabalho, de competência, de diálogo, de pró-atividade e de união, jamais abrindo mão de nossos princípios. Nos 10 anos entre 2003 e 13, nosso setor cresceu e contribuiu para geração de empregos e prosperidade. Saltamos de pouco mais de 1,3 milhão de empregos formais para mais de 3,5 milhões. O salário real do trabalhador cresceu mais de 40%. Criamos perspectivas, investimos e fizemos planos até sermos interrompidos. O resultado é que sofremos uma drástica inversão de expectativas: deveremos perder 500 mil postos de trabalho em 2015. É nosso dever trabalhar para diminuir os efeitos desta realidade. Um compromisso inarredável. Temos colocado muita energia, por sinal muito mais do que gostaríamos, para resolver atrasos nos pagamentos e a falta de recursos. Mas não estamos aqui para falar disso, viemos para discutir o futuro e avaliar as oportunidades. Em breve o governo promete lançar o PMCMV3, com novas regras e a criação da outra faixa, chamada 1 e 1/2. Na habitação de mercado, a resolução do Banco Central, que liberou compulsório e fez a revisão do cumprimento da exigibilidade, não é suficiente para atender a demanda, outras formas são necessárias. Entendemos que concessões e Parcerias Público Privadas são a grande saída para a infraestrutura e serviços públicos brasileiros. Essas modalidades evitam o inchaço da máquina pública; aumentam a capacidade de investimento; e melhoram a qualidade dos serviços públicos, na medida em que o concessionário é remunerado pelo desempenho, devidamente fiscalizado pela sociedade. A CBIC, em sua trajetória, sempre foi propositiva e assim continuará. A construção de ações que melhorem o ambiente de negócios e a vida de todos brasileiros, é nosso compromisso e o resultado buscado pelas nossas Comissões. Ao vermos a programação das Comissões no ENIC, percebemos a quantidade, a importância, e a abrangência dos temas tratados. Quero agradecer aos nossos Presidentes, Nilson Sarti na CMA, Dyonizio Klavdianos na COMAT, Roberto Sérgio na CPRT, Flavio Prando na CII, Carlos Eduardo na COP e Ana Cláudia no FASC. Obrigado a vocês pelo trabalho dedicado e competente que tem desenvolvido neste período de gestão. Agradeço também a toda equipe da CBIC, que chega assustar a quem a conhece, pelo volume de trabalho desenvolvido, apesar de ser tão enxuta. Merece capítulo especial a elaboração do nosso Guia de Ética e Compliance, que propõe as diretrizes de um novo momento da construção. Esse documento que fortalece a gestão ética e transparente, consolidando inúmeras práticas e SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br posicionamentos está em curso e pretendemos no próximo ano concluir sua implantação. Faz parte dele a adesão da CBIC ao Pacto Global e à coalizão criada para elaborar um código de conduta internacional. Na sequência, nos empenharemos na adesão de mais empresas e entidades a estes pactos. A CBIC sempre buscou o melhor para o Brasil. Nossa missão é ajudar no desenvolvimento do país, pois quando o Brasil vai bem a construção vai bem. Estamos nos consolidando como um centro de elaboração, monitoramento e avaliação de políticas públicas de infraestrutura. Nossas sugestões buscam políticas em que todos ganhem, empresários, trabalhadores, suas famílias e o próprio governo, enquanto agente encarregado de solucionar os problemas sociais. Minhas amigas e meus amigos, Eleito no contexto do crash de 1929, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt disse em seu discurso de posse, que o maior risco para um povo é ser imobilizado pelo próprio medo. A declaração é apropriada para o momento que vivemos. Hoje o Brasil encontra-se imobilizado. A ausência de uma série de autoridades, que apesar de terem confirmado, não puderam se ausentar de Brasília dimensiona a crise política que vivemos. Agradeço aos Ministros Gilberto Kassab e Gilberto Occhi, que apesar do turbilhão deslocaram-se para nosso evento. Estamos imobilizados. Vivemos além das crises econômica e política, uma grave crise regulatória. Trabalho elaborado pela consultoria Booz & Company para a CBIC, demonstra que o custo do excesso de burocracia representa, em média, 12% do valor de venda de um imóvel. Como exemplo, no PMCMV, poderíamos entregar outras 480 mil unidades, além das previstas e sem gastar um centavo a mais, somente reduzindo o excesso de burocracia. Mesmo que não tivéssemos uma crise econômica, estaríamos travados em um emaranhado de normas ambientais, de controle, tributárias, trabalhistas e outras. Logicamente, somos totalmente a favor que normas existam, pois são a garantia do nosso Estado de Direito, bem maior da sociedade brasileira. Mas elas não podem perder o foco e se tornarem um fim em si mesmas. O que precisamos é de uma simplificação sem perder eficácia; de regras claras, transparentes e conectadas à realidade brasileira. Neste labirinto em que vivemos, a insegurança jurídica reina. Hoje, muitos juízes e promotores decidem de acordo com princípios genéricos. Essa preocupação não é só nossa. O Professor Eros Grau, ex-ministro do STF, descreve em livro recente, o risco de desordem social quando as decisões se afastam da objetividade da lei. Precisamos olhar para essas questões por que elas dão sinais perigosos para os agentes econômicos e sociais. SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br Sociedades pautadas pela desconfiança são burocráticas, ineficientes e estimulam ciclos viciosos que punem quem trabalha, empreende e gera emprego, em uma total inversão de valores. Podemos fazer um paralelo com a época de inflação elevada. Pensava-se que a correção monetária existia para proteger as pessoas, no entanto, ficou provado ser ela a grande vilã. Vivemos algo parecido com a regulação no Brasil. Criamos regras demais pensando melhorar a eficiência e a seriedade. A prática demonstra, entretanto, que se o esforço for no sentido da simplificação o resultado será melhor. É maior a preocupação com o meio do que com o fim, com a forma do que com o resultado. Para sermos justos e honestos, isso não é problema de um governo, pelo contrário. Não raro, essa máquina vitima e faz reféns mesmo líderes bem intencionados. Trata-se de um dilema da nossa civilização que, na sua origem, trabalhava para o crescimento e honra do Estado. E hoje deseja virar a página, fazendo com que o Estado atue para que as pessoas tenham liberdade e oportunidade para se realizarem conforme seus esforços. Minhas amigas e meus amigos, precisamos reequilibrar a relação entre Estado e sociedade. A sociedade deve ser participativa, é ela quem tem inteligência e recursos para mobilizar, na velocidade necessária, as soluções para os problemas. Governos e sociedade devem ser parceiros. Não falo de subserviência em troca de favores, nem da influência de corporações organizadas. Falo de diálogo horizontal, republicano; visando objetivos maiores, que beneficiem a todos. Precisamos criar um novo contrato social entre empresas e poder público, pautado por valores como a justiça, o mérito, a eficiência, a produtividade, a livre iniciativa, a responsabilidade. O Estado precisa servir ao cidadão e não o cidadão servir ao Estado. Não aguentamos mais! Precisamos diminuir os gastos do governo. Falo de gastos correntes, falo inclusive de dogmas que são os tais gastos obrigatórios. São obrigatórios e nós pagamos a conta? Alguém nos perguntou se aceitamos dar 73% de aumento para uma categoria que tem estabilidade, aposentadoria integral e outras regalias? A que preço isso é feito? A custa dos 500 mil empregos que vamos perder neste ano? Hoje, apenas 2,5% do orçamento federal vai para investimento em obras, o famoso PAC. Os outros 97,5% são recursos de destino obrigatório. Comenta-se muito estes 2,5%, fala-se de cortes, desvios. Mas ninguém fala dos outros 97,5%. Tenta-se hoje um superávit de 0,7%: será que não sai destes 97,5%, precisa cortar somente dos 2,5? Sabemos que é tarefa difícil, mas não impossível. Longe de reclamarmos, estamos aqui querendo ajudar na solução. Contem conosco nesta batalha, saibam que sempre estaremos ao lado das grandes causas do Brasil. SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br É preciso diminuir este Estado que não cabe mais no bolso do Brasileiro. Amigos, não nos deixemos trair pela frieza dos números. 500 mil empregos não são qualquer coisa. São quase 2 milhões de pessoas que tiveram seus planos de vida impactados. Um momento como esse exige toda a nossa solidariedade e esforço na busca da superação. Desculpem a ênfase, mas isto nos causa indignação. Quero reiterar, que esse descontrole não diz respeito a um ou outro governo, mas sim, à forma como foram conduzidas as contas públicas ao longo do tempo. A história demonstra que o gasto do Estado cresce muito em momentos de tranquilidade. Quando vem a recessão, a solução passa sempre pelo sacrifício do setor produtivo, pois as soluções sempre contêm aumento de impostos e diminuição do investimento. Temos que pagar mais imposto para manter a máquina. O governo tem sinalizado novas modalidades de tributação e quase todas nos afetam e nos punem por sermos grandes empregadores. A exemplo da Contribuição da Seguridade Social, que incide sobre valor agregado, e a reoneração da folha de pagamento. Neste caso, ao estimular a volta da tributação sobre salários, induz a informalidade, problema histórico da construção. Onde 54% dos ocupados não recolhem Previdência, onerar o trabalhador formal e esquecer do informal não tem sentido. É preciso ajustar o foco! Aproveito para, de público, cobrar do Ministério do Trabalho e Emprego apoio e ações para diminuir essa mazela. Não adianta fiscalizar obras de fácil acesso, deixando para trás um contingente enorme de trabalhadores que vivem num mundo sem acesso aos mínimos direitos trabalhistas e de segurança do trabalho. Nosso apelo: fiscalizem a informalidade. Por iniciativa dos sindicatos de trabalhadores e dos empresários da construção civil, o Paraná foi pioneiro na criação do Comitê de Combate à Informalidade, do qual participam trabalhadores, sindicatos patronais, Ministério do Trabalho, CREA e outras entidades. Mesmo desconsiderando os ganhos sociais, no PMCMV o retorno financeiro do recurso orçamentário investido é maior que o aplicado. Seja através de impostos diretos ou da redução de gastos com saúde, educação, segurança. O orçamento de 2016 destina R$ 12 bilhões para esse programa e está sofrendo cortes. Em compensação, as chamadas pautas-bomba que estão no Congresso, se somadas, podem chegar a R$ 127 bilhões segundo a imprensa. Minhas amigas e meus amigos, O compromisso da CBIC é com o Brasil e com a história. Estamos prontos para ajudar. Contem conosco na busca de soluções, mas não podemos perder a oportunidade da crise. Aproveitemos o momento para realizarmos as mudanças estruturais que há décadas nosso país precisa. Recentemente ouvi uma frase que dizia: “fazemos a coisa certa depois de tentar todas as outras”. Penso que já tentamos todas as outras. Agora está na hora de nós brasileiros fazermos a coisa certa. SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br O Brasil tem uma das mais modernas e elogiadas legislações do tipo “fiscal rule”. Trata-se da Lei de Responsabilidade Fiscal. Entretanto, a LRF não é capaz de prevenir o desequilíbrio nas contas públicas como, por exemplo, observamos em 2015, devido ao fato de que seus mecanismos focam no curto prazo. Os mecanismos de ajuste previstos na LRF são voltados ao ajuste fiscal no processo de elaboração e execução do orçamento. Ela não impede que governos joguem para sucessores despesas sem a contrapartida de receita. Uma regra ainda mais eficaz é requerida. Há necessidade de uma regra que dote a gestão fiscal de instrumentos de ajuste de médio e longo prazos, criando mecanismos que não impliquem em custo político adicional. Para colaborar, iniciamos hoje a mobilização para propor um Projeto de Iniciativa Popular para limitar os gastos públicos. Para os casos em que o orçamento ou sua execução forem deficitários, nosso projeto vedará automaticamente a criação de novos programas que impliquem a elevação de despesas, assim como o aumento dos gastos de custeio, como por exemplo novas contratações e reajuste para o funcionalismo. Nos inspiramos na Lei da Ficha Limpa. Assim como ela, o que propomos hoje é uma das pautas difíceis de o Congresso Nacional iniciar, por isso a nossa atitude. Propomos um movimento apartidário da sociedade civil, para sinalizar à comunidade política a seriedade do nosso compromisso com uma nova etapa na história do Brasil. Serão necessárias 1,5 milhão de assinaturas. Preparemo-nos para buscá-las. Temos 1.500 participantes nesse encontro: cada um de nós terá de buscar a assinatura de seus familiares; dos trabalhadores e seus familiares, de fornecedores; enfim, todos aqueles que também desejam mudança. Quem estiver conosco nessa luta, fique de pé. Tenho certeza de que todos nós queremos deixar para nossos filhos e netos um bom legado. É o que pretendo deixar para a minha neta, que acabou de nascer. Devemos ser lembrados como uma geração de empresários que não se preocupou apenas consigo, mas principalmente, que buscou construir como legado para as futuras gerações uma sociedade mais justa, mais próspera e mais cidadã. Encerro essas minhas palavras com uma mensagem de fé e esperança em relação ao futuro. Sei que são grandes os desafios que teremos pela frente! Mas, nós empresários da construção, empreendedores natos, acreditamos muito na força do trabalho e na capacidade que temos de transformar a realidade! Com a força da nossa união, e a boa fé dos homens públicos de boa vontade, haveremos de fazer deste país um lugar ainda melhor para todos! Muito obrigado! SCN Quadra 01 – Bloco E – Ed. Central Park 13º Andar – CEP 70711-903 – Brasília – DF – Tel.: 61 3327-1013 – www.cbic.org.br