UCB – UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUAÇÃO QUALITTAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DEFESA E VIGILÂNCIA SANITÁRIA ANIMAL Incidência da Fasciolose Hepática Bovina no Sul do Espírito Santo José Carlos Landeiro Fraga Vitória, abr. 2008 José Carlos Landeiro Fraga Aluno do Curso de Pós-Graduação em Defesa e Vigilância Sanitária Animal da UCB Incidência da Fasciolose Hepática Bovina no Sul do Espírito Santo Trabalho monográfico de conclusão do curso de Pós – Graduação lato sensu (TCC) apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Defesa e Vigilância Sanitária Animal, sob a orientação da Drª Isabella Vilhena Freire Martins Vitória, abr. 2008 LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 – Ciclo evolutivo da Fasciola hepatica. 3 Figura 2 – Microscopia Eletrônica do ovo da Fasciola hepatica. 7 Figura 3 – Morfologia da Fasciola hepatica adulta. Microscopia ótica 7 (esquerda) e eletrônica (direita). Figura 4 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por 12 Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2005. Figura 5 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por 12 Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2006. Figura 6 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por 13 Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2007. Figura 7 – Incidência mensal da Fasciola hepatica em bovinos abatidos no 14 ABAV no período de junho de 2005 a dezembro de 2007. Figura 8 – Incidência anual da Fasciola hepatica em bovinos abatidos no ABAV no ano de 2005 a 2007. 14 LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Número de bovinos abatidos no ABAV, número de fígados condenados por fasciolose e Percentual de condenação de 2005 a 2007. 11 RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar a incidência de fasciolose hepática em bovinos no sul do Espírito Santo. Foram utilizados dados do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal relativos ao abate de bovinos no abatedouro de Atílio Viváqcua (ABAV), sul do estado do espírito Santo. Após a análise dos dados verificou-se um aumento gradativo da condenação de fígados bovinos por fasciolose hepática. Os percentuais encontrados foram 4,9% em 2005, 15,2% em 2006 e 20% em 2007 num total de 50.888 bovinos abatidos no período. A fasciolose hepática foi registrada e comprovada no Sul do Espírito Santo e foi constatado um aumento na incidência de fasciolose hepática no decorrer dos anos avaliados. Palavras-chave: fasciolose hepática – bovinos - abatedouro ABSTRACT This study aimed to assess the incidence of hepatic fasciolosis in cattle in the south of the Espírito Santo State. Were used data from the Institute for Agricultural and Forestry Protection relating to the slaughter of cattle at the slaughterhouse, Atílio Viváqcua (ABAV), southern state of Espírito Santo. After analysis of the data there has been a gradual increase condemnation of bovine livers for fasciolosis. The percentual were 4.9% in 2005, 15.2% in 2006 and 20% in 2007 of a total of 50,888 cattle slaughtered in the period. The fasciolosis was recorded and proven in the south of Espírito Santo State and was found an increased incidence of fasciolosis evaluated over the years. Key-words: fasciolose hepática – cattle – slaughterhouse SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS................................................................... iii LISTA DE TABELAS.................................................................. iv RESUMO..................................................................................... v ABSTRACT................................................................................. vi 1. INTRODUÇÃO........................................................................ 1 2. REVISÃO LITERATURA........................................................ 3 2.1. CICLO EVOLUTIVO........................................................ 3 2.2. EPIDEMIOLOGIA............................................................ 4 2.3. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA CLÍNICA............... 5 2.4. FASCIOLOSE BOVINA................................................... 6 2.5. DIAGNÓSTICO................................................................ 6 2.7. TRATAMENTO................................................................ 8 2.8. CONTROLE..................................................................... 8 3. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................... 10 4. RESULTADOS........................................................................ 11 5. CONCLUSÃO......................................................................... 16 6. BIBLIOGRAFIA...................................................................... 17 1- INTRODUÇÃO O rebanho bovino brasileiro esta estimado em cerca de 195 milhões de cabeças,sendo destas, 2.147.394 encontradas no Espírito Santo e 663.242 na região Sul, segundo os dados do IDAF – Instituto de Defesa Agropecuário e Florestal (2007). A fasciolose é causada por um trematoda, Fasciola hepatica, que tem como hospedeiro intermediário um molusco aquático. A doença é de grande importância veterinária por causar danos diretos ao animal, elevadas perdas econômicas e por ser uma zoonose, afetando assim a saúde pública. Tradicionalmente, a fasciolose tem sido diagnosticada nas espécies bovina, caprina, ovina e eqüina nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (SERRA-FREIRE, 1999), com relatos de infecções em búfalos (PILE et al., 2001). A fasciolose pode se tornar uma doença crônica causando fibrose e trauma severo no fígado devido à migração das formas jovens e inflamação, edema e fibrose dos ductos biliares pela presença das formas adultas. A imunidade adquirida devido a este parasito difere entre as espécies (HAROUN; HITLYER, 1986). Ovinos e coelhos parecem não adquirir resistência à infecção por F. hepatica, no entanto, bovinos, caprinos e ratos exibem imunidade substancial, não claramente definida, quando possuem infecção prévia (DOYLE, 1972). Ambas imunidade humoral e celular parecem importantes para a resistência à infecção por F. hepatica (HAROUN; HITLYER, 1986). Porém Pérez et al. (2002) sugerem que a resposta do hospedeiro à infecção pode agravar os danos hepáticos. A fasciolose hepática é uma zoonose e surgiu no sul do estado do Espírito Santo a partir dos anos de 1995, na região de Soturno no município de Cachoeiro de Itapemirim - ES. A doença é também conhecida como distomatose e se constatou por a suspeita foi alarmada pelos próprios comerciantes da região, que alertavam a presença da “baratinha do fígado”. Nesta época, existia um matadouro no município, sem inspeção animal, que abatia no máximo 10% dos bovinos consumidos. A partir de1995 foi inaugurado o novo matadouro municipal, porém não se têm dados que nos permita qualquer análise, sendo fechado no ano de 2005 por vários motivos. Desde ano de 2000 o abatedouro de Atílio Vivácqua (ABAV), que é privado, abate suínos, chegando ao ano de 2007 a abater 7.000 animais por mês. A partir de junho de 2005 deu início ao abate de bovinos e atualmente é o abatedouro que recebe animais de mais municípios do sul do estado. Segundo Serra-Freire (1995), nos estados das regiões sul e sudeste do Brasil foram notificados casos de doença crônica, com exceção do Espírito Santo. Porém, atualmente, conforme dados do IDAF, a fasciolose tem se tornado um problema econômico importante para os produtores da região e possivelmente para todo o estado do Espírito Santo, tendo em vista a possibilidade de contaminação do rebanho bovino através do transporte interestadual de animais e da contaminação das bacias hidrográficas com o molusco. Assim, há necessidade de maiores pesquisas a fim de colaborar com a implementação de um programa de controle estratégico para a doença no estado. Alguns trabalhos estão sendo desenvolvidos no Espírito Santo buscando melhorar o diagnóstico da fasciolose bovina in vivo (Bernardo et al., 2007; Martins, 2007). O presente trabalho tem por objetivo avaliar a incidência de F. hepatica em bovinos no sul do Espírito Santo. 2 - REVISÃO LITERATURA 2.1 Ciclo Evolutivo Borchert (1981) comenta que algumas espécies de trematóides, têm que realizar seu ciclo evolutivo no estado larval em água, enquanto outros são ingeridos no estado de ovo por moluscos terrestres. De acordo com Urquart et al. (1996) o ponto essencial do ciclo evolutivo (Figura 1), é a capacidade de um único ovo de trematóides poder desenvolver-se em centenas de adultos. Figura 1. Ciclo evolutivo da Fasciola hepatica. Os ovos vêm para o exterior com as fezes e em meio excepcionalmente úmido, cada um deles dará origem a um miracídio, que são minúsculas larvas cobertas de cílios vibráteis (Leitão, 1980). Essas larvas impulsionadas através da água pelos cílios, não se alimentam, e por esse motivo deveram encontrar um caramujo adequado em poucas horas. Os miracídios que penetram nos caramujos se desprendem dos seus cílios e buscam as glândulas dos intestinos do molusco (Borchert, 1981), e desenvolve-se em um saco alongado contendo uma série de células germinativas, onde são denominados esporocisto (URQUART et al., 1996). De acordo com Leitão (1980), os esporocistos permanecem no aparelho digestivo do molusco por quatro semanas, e suas células germinativas, desenvolvemse em redes no hepatopâncreas do caramujo, onde em um período de 4 – 6 semanas, infecta um caramujo, continuam a ser produzida cercarias indefinidamente, apesar da maioria dos moluscos mover prematuramente por intensa destruição do hepatopâncreas (URQUART et al., 1996 ). As cercarias nadam por algum tempo e encistam-se nos vegetais, perdendo a cauda, e são inferidas pelo hospedeiro definitivo. (BLOOD et al., 1983) Após ingeridos as agora metacercáiras ou cercarias infestantes, que estão aderidas a plantas são dissolvida no estômago do hospedeiro definitivo, atravessam a parede do intestino caem na cavidade peritoneal e atingem os canais biliares onde se alojam, e vão adquirir a maturação sexual em 2 meses após a invasão, onde iniciam a postura dos ovos (LEITÃO, 1980). 2.2 Epidemiologia Essa doença parasitária apresenta importância econômica só para bovinos e ovinos, mas pode infestar todos os animais domésticos, muitas espécies selvagens e casos humanos ocorrem com certa freqüência por geralmente estarem relacionados à ingestão de plantas de alagadiços, como agrião (BLOOD et al., 1983). Segundo URQUART et al., (1996), há três produções de metacercárias necessárias para surtos de fasciolose, como: disponibilidade de habitat adequados de caramujos, temperatura e umidade. As infestações intensas verificam-se no verão e outono, pois o parasito surge nos locais úmidos, pantanosos, baixos e inundados, sobretudo nos anos chuvosos, e observa-se as infestações através de ervas (alimentos) ou água de bebida (LEITÃO, 1980). Outros autores trabalharam com fasciolose em diversos estados encontrando índices de prevalência variando de 0,9 a 20%, como Araújo et al. (2007) em Goiás e Tostes et al. (2004) em Presidente Prudente. 2.3 Patogenia e Sintomatologia Clínica Essa doença pode ocorrer de forma aguda ou crônica, vai depender dos diferentes estágios da F. hepatica no fígado (BLOOD et al, 1983). A fase aguda é originada pela invasão do fígado por massas de vermes jovens, levando a inflamação onde todo parênquima pode ser destruído levando a um quadro de insuficiência hepática aguda, podendo evoluir após ruptura de cápsula hepática e migração para o peritônio, para uma peritonite grave (BORCHERT, 1981). Segundo URQUART et al., (1996) a fasciolose pode ser uma doença subaguda causada pelas metacercárias, que ainda não atingiram os ductos biliares, elas ainda estão migrando e procurando leões menos graves, como hemorragias subcapsulares, e numerosos tigetas necróticos por toda superfície hepática. Já a fasciolose crônica desenvolve-se lentamente e tem origem na atividade dos vermes adultos sobre os canais biliares, levando a quadros de colangite, obstrução biliar, destruição do tecido hepático fibrose e anemia (BLOOD et al., 1983). 2.4 Fasciolose Bovina É uma doença quase sempre crônica, observada no final do inverno e inicio da primavera, podendo ocorrer ocasionalmente doença aguda e subaguda especialmente em bezerros (URQUHART et al.,1996). Os bovinos perdem peso sobretudo quando submetidos à ordenha, diminuindo a produção leiteira (BLOOD et al, 1983). Segundo Leitão (1980), a forma mais vulgar é a cirrose biliar progressiva com distensão dos ductos biliares, espessados, fibrosos e até calcificados, um quadro de anemia, gerando falta de vigor, edemas, perturbações digestivas, emaciação e fraqueza. A diarréia só vai ocorrer se o bovino tiver infecção combinada de F. hepatica com espécies do gênero Ostertagia, designando um complexo fasciolose ostertagiose (URQUHART, 1996). 2.5 Diagnóstico O diagnóstico da Fasciolose bovina às vezes pode ser difícil, mesmo baseandose na sintomatologia clínica, na ocorrência sazonal, nos tipos de climas prevalentes e em histórias prévias de fasciolose na propriedade ou de identificação de habitates de caramujos (URQUART et al., 1996). De acordo com Borchert (1981) é necessário examinar todos os animais do rebanho, e mesmo assim, alguns estarão aparentemente bem, porém, infectados. Para confirmar o diagnóstico, deverá haver ovos do verme nas fezes e à necropsia, lesões hepáticas da doença (BLOOD et al, 1983) (Figuras 2 e 3). Figura 2 – Microscopia Eletrônica do ovo da Fasciola hepatica. Figura 3 – Morfologia da Fasciola hepatica adulta. Microscopia ótica (esquerda) e eletrônica (direita). Os ovos de Fascíola hepatica vão estar presentes nas fezes com casca amarela e opérculo indistinto (Leitão, 1980). Podemos ainda realizar testes hematológicos, principalmente para diagnosticar a Fascíola bovina, são esses: estimar níveis plasmáticos de enzimas liberadas por células hepáticas lesadas e detecção de anticorpos contra componentes trematóides sendo o teste Elisa e o de hemoglutinação passiva os mais seguros (URQUART et al.,1996). 2.6 – Tratamento De acordo com Blood et al. (1983), o melhor tratamento da fasciolose hepática deve destruir os vermes imaturos em migração, e os adultos fixados nos canais biliares. Antigamente usava-se o tetrocloreto de carbono, o hexacloretano e hexaclorofeno, que apesar de ainda serem utilizados em alguns países, estão sendo substituídas por compostos mais eficazes e menos tóxicos (URQUART et al., 1996). Algumas drogas com baixa toxicidade e eficientes para combater vermes imaturos e adultos estão sendo utilizadas, como por exemplo: rafoxanida, dioxanida, oxiclazanida (BLOOD et al., 1983), sendo citados também o triclabendazol e albendazol. 2.8 - Controle O controle da fasciolose hepática deve ser baseado no combate à origem dos ovos que indiretamente infestam caramujos; o tratamento dos animais mesmo assintomáticos e a drenagem e corte de ervas são algumas profilaxias citadas por (Leitão, 1980). Manter os animais adultos bem nutridos, pode ajudar a reduzir a gravidade da doença (BLOOD et al, 1983). Fazer drenagem ou usar molusquicidas, como o sulfato de cobre, ajudam a combater a população de caramujo (URQUART et al, 1996). O tratamento dos animais pode seguir diferentes recomendações: O emprego do nitroxinil 34%, que interfere na obtenção de energia e mata os parasitos por inanição, com conseqüente eliminação dos mesmos. É recomendado na dose de 1 mL/50 kg de peso vivo para fasciolose crônica e 2 mL/50 kg pv na fasciolose aguda (produto Dovenix®). O triclabendazole deve ser usado na dosagem de 10mg/kg de peso vivo, sendo alguns produtos associados a abamectina, correspondendo a 1 ml para 10 kg de peso, em Dose Única, utilizando pistolas dosificadoras apropriadas (Avotan fasciola®) Outros produtos aparecem no mercado com diferentes recomendações. 3 - MATERIAIS E MÉTODOS O abatedouro de Atílio Vivácqua pertencente à Indústria Cofril cujo proprietário é o Sr. José Carlos Correa Cardoso. Iniciou o abate de bovinos em junho de 2005, é inspecionado pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) sob o registro Sistema de Inspeção Estadual nº 080. Sua capacidade de abate aumenta diretamente com a construção de novas câmaras frias. Atualmente tem capacidade de abater 6.000 suínos/mês, 3.000 bovinos/mês e 500 ovino-caprinos/mês. Os bovinos têm origem de quase todos os municípios limítrofes ao município de Atílio Vivácqua e Cachoeiro de Itapemirim, que de acordo com as Guias de Trânsito Animal – GTA, sendo assim distribuídos: 35% de Cachoeiro de Itapemirim, 06% de Alegre, 06% de Jerônimo Monteiro, 06% de Castelo, 06% de Atílio Vivácqua, 06% de Presidente Kennedy, 04% de Muqui, 04% de Mimoso do Sul, 04% de Conceição de Castelo. 13% para outros municípios do Sul do Espírito Santo. Os dados do sistema do IDAF foram disponibilizados para o levantamento de casos de fasciolose hepática em bovinos desde junho de 2005 até dezembro de 2007. Foi usada estatística descritiva e foi calculada a incidência de casos de fasciolose hepática. 4. RESULTADOS De acordo com a Tabela 1, de 2005 a 2007, 50.888 animais foram abatidos, sendo 8.673 (17%) condenados por fasciolose. Tabela 1. Número de bovinos abatidos no ABAV, Número de fígados condenados por Fasciolose e Percentual de condenação de 2005 a 2007. ANO Número de Número de fígados Percentual de bovinos abatidos condenados por condenação no ABAV Fasciolose 2005 3579 174 4,9 2006 20425 3114 15,2 2007 26884 5385 20,0 total 50888 8673 17 Atualmente os índices de F. hepatica atingem 20% dos bovinos abatidos, quando há condenação de aproximadamente 500(quinhentos) fígados por mês. De acordo com a origem dos animais resgatada através dos GTA’s dos animais, constatamos uma maior ocorrência de fasciolose nos animais originados dos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Alegre e Jerônimo Monteiro. As figuras 4 a 6 demonstram o números de fígados condenados em relação a bovinos abatidos no abatedouro de Atílio Vivácqua nos anos de 2005 a 2007 900 815 800 712 695 700 FIGADOS CONDENADOS 554 600 451 500 ANIMAIS ABATIDOS 312 400 300 200 100 0 40 0 JUN 0 JUL 2 AGO 30 SET 43 OUT 47 NOV 52 DEZ Figura 4 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2005. 2500 2215 2000 1902 1839 1086 1176 1947 1842 2010 1604 1491 1500 2043 1270 Fígados condenados Animais Abatidos 1000 500 55 58 209 190 291 222 300 436 296 421 EZ 401 D SE T O U T N O V L AG O JU N JU M AI 235 FE V M AR AB R JA N 0 Figura 5 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2006. 3000 2909 2759 2579 2542 2500 2000 1786 1639 1735 1981 2157 2233 2253 2311 Fígados abatidos Animais abatidos 1500 1000 500 295 257 297 388 574 445 567 528 439 0 N JA V FE AR M R AB AI M N JU L JU AG O T SE O 423 UT NO 525 V 647 Z DE Figura 6 – Números de bovinos abatidos e fígados condenados por Fasciola hepatica no abatedouro de Atílio Vivácqua no ano de 2007. Os resultados da incidência mensal e anual da fasciolose hepática em bovinos abatidos no ABAV no período de junho de 2005 a dezembro de 2007 estão representadas nas figuras 7 e 8. 30 26,6 25 22,2 20,8 19,9 20 22,7 22 21,6 19,6 19,6 19,5 19,9 17,1 15,8 15 16,5 15,7 14,9 14,4 15,7 14 15,3 13,8 12,7 10 6,2 5,4 5 6,6 6,4 5 4,9 0 0 0 0,4 T L Z T V V N R R AI UN UL N O O ET U T OV EZ AN EV AR BR AI UN UL O ET UT OV EZ M J J JU JU AG SE OU NO DE JA FE MA AB M J J F J D D O O A N N M AG S AG S 2005 2006 2007 Figura 7. Incidência mensal da fasciolose em bovinos abatidos no ABAV no período de junho de 2005 a dezembro de 2007. 25 20,0 20 15,2 15 10 4,9 5 0 2005 2006 2007 Figura 8. Incidência anual da fasciolose em bovinos abatidos no ABAV no período de junho de 2005 a dezembro de 2007. Comparando os resultados deste estudo com Araújo et al. (2007) os dados são semelhantes, tendo em vista que os referidos autores encontraram índices de 0,95 a 20% em Goiás. Já os resultados divergem dos encontrados por Tostes et al. (2004) em Presidente Prudente, São Paulo, que relataram índices de 2,12%. Levando-se em consideração o último índice de 20% de condenação por fasciolose e o número provável de animais abatidos no ABAV em 2008 que será de 30.000 bovinos, sugere-se uma condenação de 6000 fígados. Considerando o preço médio unitário do fígado bovino de aproximadamente R$20,00 (vinte reais), estima-se um prejuízo, somente com a condenação de fígados, em torno de R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) no ano de 2008. Tendo em vista o crescimento acelerado de fígados condenados por Fasciola hepatica no abatedouro do sul do estado do Espírito Santo, a fasciolose já é um problema econômico na região e preocupa a possibilidade de infectar humanos, se tornando um problema também de saúde pública. Assim, ações no sentido de implementar um programa de controle da fasciolose bovina no sul do estado são imprescindíveis. 5 – CONCLUSÃO A fasciolose hepática é uma doença registrada e comprovada no Sul do Espírito Santo. Foi constatado um aumento na incidência de fasciolose hepática no decorrer dos anos avaliados. 6 – BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, J.L.B; LINHARES, G.F.C. et al. Infecções autóctones de bovinos por Fasciola hepatica Linnaeus, 1758 (Trematoda, Fasciolidae) no estado de Goiás, Brasil. Revista de Patologia Tropical, v.36, n.1, p.96-100, jan.-abr. 2007. BERNARDO, C.C., DEMONER, L.C., FRAGA, J.C.L., GONÇALVES, M.F., DONATELE, D.M., MARTINS, I.V.F. Avaliação comparativa entre a técnica de sedimentação fecal e achados de Fasciola hepatica em fígados de bovinos. Anais da XXXIV Semana Capixaba do Médico Veterinário. Guarapari, 2007. BLOOD, D.C, HENDERSON, J.A. RADOSTITS, O.M. Clínica Veterinária. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan S.A., p.743 – 748,1983. BOCHERT, A. 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