DIVERSIDADE DE ALGAS FILAMENTOSAS DO PARQUE DO LAGO, GUARAPUAVA, PARANÁ (SETEMBRO DE 2007 A AGOSTO DE 2008) Tiago Elias Chaouiche (ICV/UNICENTRO), Gisele Carolina Marquardt, Cynthia Beatriz Fürstenberger (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná / Departamento de Ciências Biológicas – Guarapuava – PR Palavras-chave: Algas filamentosas, Parque do Lago, bioindicadores. Resumo: O presente estudo mostra as análises qualitativas de algas filamentosas presentes no Parque do Lago, Guarapuava, PR, Brasil. A amostragem foi realizada entre setembro de 2007 a agosto de 2008. Foram identificados 17 táxons, sendo que dentre eles, as espécies Schizomeris leibleinii, Stigeoclonium tenue, Cladophora sp e Vaucheria sp, e representantes da classe Cyanophyceae, apresentaram em comum o hábito de colonizar ambientes com concentrações elevadas de nutrientes orgânicos, o que indica uma possível eutrofização da represa. Introdução A deterioração dos ecossistemas aquáticos está ocorrendo em grande escala, sendo crucial identificar as mudanças ambientais nos estágios onde as estratégias de recuperação ainda são uma opção (Zohari, 2004, apud Marques, 2005). Nesse sentido, técnicas para o uso de comunidades bióticas como indicadores de qualidade de água têm evoluído à medida que o entendimento dos pesquisadores sobre as interações entre a qualidade da água e a integridade dessas comunidades aumenta (Hill et al. 2000) A eutrofização pode ser tanto natural como artificial, esta última provocada pela ação antrópica. O enriquecimento artificial do ambiente aquático pode ter diferentes origens, tais como efluentes domésticos e/ou industriais, atividades agrícolas, entre outros. Nesta situação de eutrofização, as entradas excessivas de despejos orgânicos parecem, em geral, ultrapassar a capacidade de equilíbrio do ecossistema (Reynolds, 1988; Wetzel, 1993). O presente trabalho tem por objetivo estudar a composição qualitativa da comunidade de algas filamentosas, estabelecendo índices ecológicos preliminares do Parque do Lago no município de Guarapuava, PR; fornecendo dados que possam ser utilizados para um futuro manejo e manutenção da qualidade da água, além de contribuir para o conhecimento da riqueza de algas filamentosas no estado do Paraná. Materiais e Métodos A área de estudo situa-se na região central do município de Guarapuava, Paraná (25°23’57” S e 51°28’23” W), denominado como Parque do Lago Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 (Guarapuava, 2000). É formado a partir do represamento das águas do arroio Pocinho e arroio Tributário do Engenho, ambos pertencentes à bacia do rio Cascavel, que drena parte das águas pluviais da bacia na cidade de Guarapuava. As amostras de algas foram coletadas nas regiões marginais da represa e nos tributários que a abastecem, entre setembro de 2007 e agosto de 2008 e, acondicionadas em frascos de 30 mL e fixadas em solução Transeau (Bicudo; Menezes, 2006), na proporção de 1:1. A determinação qualitativa foi realizada com o uso de microscópico ótico, binocular, micrometrado, Olympus BX51, equipado com câmera digital colorida, observando os organismos em vista à identificação e captura de imagens. Buscou-se identificar os táxons a nível infragenérico analisando as características morfológicas e morfométricas da vida vegetativa e quando possível da vida reprodutiva, com base em bibliografias específicas. Foi realizada a analise de freqüência de espécies por período e análise de agrupamento utilizando o índice de “Dice”, baseado na presença/ausência durante as estações. Resultados e Discussão Foram identificados 17 táxons, distribuídos em 5 classes. As espécies mais freqüentes foram Oedogonium sp e Schizomeris leibleinni, presentes em 75% das amostras, seguidas por Cladophora sp, Spirogyra sp1 e Stigeoclonium tenue, com 66,7% de ocorrência e Leptolyngbya elongata e Mougeotia sp com 58,3% de representatividade, consideradas, portanto, espécies constantes. As espécies comuns, cuja presença esteve entre 10 e 50% foram: Phormidium retzzi (50%) Anabaena planctonica, Planktothrix rubescens, Gonatozygon pilosum e Zygnema sp (41,7%); Phormidium simplissima (33,3%); Spirogyra sp2 e Vaucheria sp (25%). Dois gêneros, Bulbochaete sp e Ulothrix sp, foram considerados raros, com ocorrência de 8,3% somente. A espécie Schizomeris leibleinni, táxon que obteve maior freqüência é citado por Pereira & Branco (2005; 2007) como um importante indicador biológico de poluição orgânica. Bicudo & Menezes (2006) ressaltam que o gênero sempre habita zonas litorâneas próximas a efluentes de esgoto orgânico. Os gêneros Cladophora sp, Stigeoclonium sp e Vaucheria sp tendem a ocorrer em águas com teores elevados de nutrientes (Branco et al., 2001; Pereira; Branco, 2007; Bicudo; Menezes, 2006), assim como a classe Cyanophyceae (Santos et al. 2002). Observou-se uma freqüência maior de cianofíceas durante as estações quentes do ano, com maior elevação em janeiro de 2008, seguida por queda nos meses frios, ao mesmo tempo em que a classe Zygnematophyceae ocorreu principalmente no outono e inverno. O gênero Vaucheria sp (Xanthophyceae) foi exclusivo do final do inverno e início da primavera. As classes Chlorophyceae e Ulvophyceae Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 mantiveram um número constante durante o ano, com exceção para os meses de maio e agosto de 2008. (Figura 1) Figura 1 - Distribuição do número de táxons durante os meses de setembro de 2007 a agosto de 2008. A análise de agrupamento (Figura 2) revelou que 52,9% das espécies foram constantes no sistema. Entretanto, 47,1% formaram grupos distintos, existindo similaridade na composição florística em relação às estações. O índice de correlação foi de 0,8788, representando bem a matriz original. Figura 2 - Análise de Agrupamento por estações do ano baseado na presença/ausência dos táxons. (Legenda: primavera 2007; verão 2007/2008; outono 2008; inverno 2008) Conclusões Com base nos resultados, foi observado que as espécies registradas foram, em sua maioria, com hábito de colonizar ambientes com concentrações elevadas de nutrientes orgânicos, o que pode indicar a eutrofização da represa. Dentre as espécies, Oedogonium sp e Schizomeris leibleinii foram as que mais se destacaram, seguidas por Cladophora sp, Spirogyra sp1, Stigeoclonium tenue, Leptolyngbya elongata, Phormidium retzzi, consideradas constante no sistema. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 As análises demonstraram que existem alterações específicas das comunidades algais durante as estações do ano, demonstrando sazonalidades entre algumas espécies. Agradecimentos Os autores agradecem a Prefeitura Municipal de Guarapuava por autorizar a realização de coletas no Parque do Lago. Referências Branco, C.C.Z.; Branco, L.H.Z.; Junior, O.B.; Spezamiglio, D.N. Estudo taxonômico e distribuição ecológica do gênero Vaucheria (Xanthophyta, Vaucheriaceae) em ecossistemas lóticos do estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea, v.28, n.3, p.123-242, 2001. Bicudo, C.E.; Menezes, M. Gêneros de Algas de Águas Continentais do Brasil. São Carlos: RiMa, 2006. Guarapuava, Lei nº 932/2000, de 06 de março de 2000. Altera a denominação de Parque da Cidade para Parque do Lago. Disponivel em < http://www.pmg.pr.gov.br/leis/arquivos/2000/932_00.pdf> Acesso em 27 fev. 2008. 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