A AGRICULTURA ORGÂNICA COMO FONTE DE RENDA PARA PEQUENOS PROPRIETÁRIOS RURAIS Fernando Veronezzi (ICV-UNICENTRO), Sergio Fajardo (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Geografia/Guarapuava, PR. Ciências Humanas/Geografia Palavras-chave: Agricultura orgânica, desenvolvimento econômico e pequeno produtor. Resumo A agricultura orgânica, também chamada de sustentável, é uma das técnicas que podem auxiliar no desenvolvimento econômico dos pequenos proprietários, uma vez que para sua execução, o agricultor quase não tem custos. É uma alternativa barata e de suma importância para a geração de renda para esses sujeitos. Além disso, a diversificação da produção por meio da técnica orgânica seria um fator que permitiria uma melhora nas condições de vida desses proprietários rurais, pois teriam produtos de diversas épocas do ano para vender ao comércio local e regional. Porém, por meio de estudos de campo e aplicação de entrevistas, percebe-se que no município de Guarapuava, a agricultura orgânica ainda é uma prática pouco utilizada, e que precisa ser disseminada aos pequenos proprietários locais. Introdução O presente trabalho apresentará algumas considerações acerca de um trabalho de iniciação científica desenvolvido na área de Geografia Agrária. O recorte exposto aqui abordará questões que envolvem a agricultura orgânica como uma alternativa de fonte de renda para os pequenos produtores rurais. Compreendendo essa realidade, sabemos que os diferentes desempenhos econômicos e sociais das áreas rurais têm sido vistos como “respostas locais ao processo de globalização” (VEIGA, 2004, p. 61), e nesse sentido, temos uma reorganização dos processos, das técnicas e práticas realizadas no meio rural brasileiro. Cabe ressaltar que, a agricultura orgânica é uma das condições que “resistem” a esse processo de homogeinização das práticas e técnicas agropecuárias que acontecem atualmente no modo de produção convencional. Materiais e métodos Estudos de gabinete (leitura de livros, artigos de revistas científicas e trabalhos), foram extremamente importantes para o desenvolvimento desse trabalho, pois proporcionaram um maior entendimento teórico-conceitual acerca da temática pesquisada. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Após a fundamentação teórica, foram efetuadas saídas à campo, para reconhecer, analisar, observar e definir a(s) área(s) onde trabalharíamos. Definiu-se verificar aspectos da agricultura orgânica com os pequenos proprietários de uma área rural do município de Guarapuava-PR. Essa etapa do trabalho cientifico é de suma importância para a produção de novos saberes geográficos. Foram ainda realizadas entrevistas semiestruturadas, aplicada aos agricultores de algumas paisagens rurais da região. Nessa metodologia, são expostas perguntas abertas, possibilitando maior liberdade para ambos os sujeitos que estão inseridos na pesquisa, ou seja, entrevistado e entrevistador. A entrevista semiestruturada, foi elaborada de forma oral e com a utilização de um gravador de voz. Resultados e Discussões A agricultura orgânica aparece como uma alternativa de adaptação dos pequenos agricultores frente ao processo de capitalização/industrialização do campo. No que se refere à realidade local, durante a realização da pesquisa de campo, percebeu-se que essa prática ainda não é comum entre os pequenos produtores locais. Essa prática pode ser observada como uma alternativa de desenvolvimento econômico para os pequenos produtores locais, em contrapartida aos processos de homogeinização das práticas agrícolas. A diversificação das culturas permite ao pequeno produtor “a sustentabilidade na agricultura e aumenta a renda familiar”. Se fosse mais comum a utilização da agricultura orgânica na região, os agricultores sentiriam menos os efeitos desse proceso (FUNDAÇÃO RURECO, 2009). Quanto ao surgimento da produção orgânica no contexto da agropecuária, sabemos que, desde muito tempo, os homens vêm buscando estabelecer estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente, capazes de proteger os recursos naturais e que sejam duráveis no tempo, tentando fugir do estilo convencional de agricultura que passou a ser hegemônico a partir dos novos descobrimentos da química agrícola, da biologia e da mecânica, ocorridos já no início do século XX “ (CAPORAL e COSTABEBER, 2004, p.7). Segundo Rezende et al (2003) “a agricultura orgânica, além de representar esforços na busca da produção de alimentos de qualidade de uma maneira sustentável, também pode ser vista como um instrumento à disposição de agricultores familiares que buscam formas de valorizar sua produção [...]”. No Brasil, a agricultura orgânica ainda não possui um papel de destaque porém, em alguns países da Europa, percebe-se que essa prática está em constante desenvolvimento e crescimento (MAZZOLENI E NOGUEIRA, 2006). Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Nesse aspecto, no que se trata da realidade do Paraná, o engenheiro agrônomo Iniberto Hamerschimidt revela que o estado atualmente é um dos mais expressivos no quesito de agricultura orgânica. Todavia, na realidade local, a técnica ainda é pouco conhecida e utilizada pelos pequenos produtores rurais, que poderiam diversificar a produção, além de incrementar sua renda a partir dessa prática. Diversos são os benefícios obtidos pela prática da agricultura orgânica. Hamerschimidt (2006) revela que, os produtores economizam cerca de 10 a 15% menos que os produtores convencionais. Ele propõe também que, no início, da mudança de agricultura convencional para a orgânica, a produção é menor. Porém, após essa fase, quando o solo já está equilibrado biologicamente, a produção pode ser igual, ou até aumentar quando comparada com a forma convencional de produção. Quando comparada com a agricultura convencional, a agricultura orgânica apresenta diversas vantagens ambientais e sociais. Dentre essas vantagens podemos citar: a conservação da biodiversidade, preservação e conservação dos solos e dos recursos hídricos, reestabelecimento do equilíbrio ecológico, utilização de materiais alternativos, e aumento das oportunidades de trabalho, uma vez que não utiliza de máquinas para sua produção (SANTA CATARINA). Nesse sentido destacamos ainda que “o interesse pela agricultura orgânica tem aumentado devido à crescente preocupação da população com a qualidade dos alimentos que consome, […] (SANTA CATARINA). Por fim, Hamerschimidt (2006), revela que a prática das atividades de agricultura orgânica visa à melhora na qualidade de vida tanto das populações rurais quanto urbanas, por meio da produção de alimentos mais saudáveis, sem a utilização de inseticidas, buscando também uma convivência mais harmoniosa entre a produção de alimentos e a utilização consciente dos recursos naturais, e que serve de base para auxiliar no desenvolvimento da agricultura familiar no Estado. Conclusões Frente ao processo de modernização que se inseriu no espaço agrário brasileiro, os pequenos produtores rurais tiveram que criar alternativas para manutenção e sobrevivência no campo. Como prática , a agricultura orgânica é entendida como uma dessas alternativas criadas pelo pequeno agricultor para permanecer no campo. Entretanto, percebemos que há alguns problemas em relação à utilização dessa técnica. Poucos produtores utilizam-se dela, na grande maioria dos casos por desconhecimento. A prática da agricultura orgânica deveria ser amplamente divulgada pelos meios de comunicação, e pelos institutos governamentais e não governamentais, a fim de ampliar o acesso dos pequenos produtores a essas práticas, proporcionando melhoras efetivas na manutenção da diversidade ecológica, na qualidade de vida da população, direta e indiretamente inseridas no processo, além de permitir a permanência do homem no campo com a manifestação de seus costumes. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Referências Caporal, F.R.; Costabeber, J.A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. 24 p. Brasília. MDA/SAF/DATER-IICA. 2004. Hamerschimidt, Iniberto. Panorama da agricultura orgânica no Paraná. Curitiba, 2006. Disponível em: http://www.planetaorganico.com.br/trab_iniberto06.htm. Acesso em 22 de Mar de 2010. Mazzoleni, E.M.; Nogueira, J. M. Agricultura orgânica: características básicas do seu produtor. Revista de Economia e Sociologia Rural, Rio de Janeiro, v. 44, n.2, p. 263-293, 2006. Rezende, F. A., et al. O Binômio Extensão – Pesquisa no Êxito de Iniciativas Voltadas para a Utilização de Composto na Produção de Hortaliças por Pequenos Agricultores em Camaçari-BA, Salvador, BA: 2003. Rureco, Fundação. Produção diversificada é modelo alternativo para agricultura. Guarapuava, 2009. Disponível em: http://www.rureco.org.br/main.php?page=noticias&id=34. Acesso em: 20 de Mar de 2010. Secretaria de estado de agricultura e política rural. Instituto de Planejamento e economia agrícola de Santa Catarina. Agricultura orgânica em Santa Catarina. 2003. 55 p. Veiga, José Eli. Destinos da ruralidade no processo de globalização. Estudos Avançados, n. 51, 2004, p. 51-67. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.