XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
A INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA
Fernando Bordin da Rocha (UFSM )
[email protected]
Sergio Joao Limberger (UFSM )
[email protected]
Jucara Salete Gubiani (UFSM )
[email protected]
Desde os primórdios, os povos buscam alternativas à sobrevivência e o
desenvolvimento de atividades organizacionais que melhorem a
condição de vida na sociedade. Em contínuo processo de mudanças, a
economia inicialmente com base na “proprieedade de manutenção”,
evolui passando para a produção em escala, cuja base estava na
mecanização e automação de processos, para na atualidade, uma
economia com base no conhecimento. São novos paradigmas e valores
econômicos, decorrentes da evolução tecnológica e das mídias de
comunicação. Para acompanhar a demanda de bens e serviços, a
inovação recebe um destaque fundamental e busca prover o equilíbrio
entre a produção e a demanda de produtos e serviços. Inicialmente o
foco da inovação estava na criação de novos produtos. Essa situação
muda e as organizações desenvolvem e implementam inovação na área
de serviços. Neste aspecto, a gestão pública deve estar atenta e
engajada ao processo, para atingir seus objetivos - atendimento ao
cidadão com eficiência e eficácia - e obter a aceitação da sociedade.
Este artigo apresenta a contextualização da necessidade da inovação,
da inovação em serviços e a aplicabilidade deste modelo na melhoria
da gestão pública em instituições de ensino superior.
Palavras-chaves: Inovação, inovação em serviços, gestão pública.
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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
1. Introdução
A era industrial significou o início do processo de acumulação rápida de bens de capital,
entretanto, o mundo evoluiu para uma Economia e Sociedade com base no Conhecimento,
caracterizada pelas fontes fundamentais de riqueza serem o conhecimento e os
relacionamentos, e não mais o capital, os recursos naturais ou a mão-de-obra (STEWART,
1998; DRUCKER, 2002).
A sociedade em transformação, modifica padrões e tendências. Até o final do Século XX, o
mercado consumidor era ditado pela oferta de produtos e o consumo era limitado diante dessa
oferta. Uma mudança significativa neste modelo foi introduzida no ambiente produtivo, a
oferta de bens e serviços passa a ser adaptada a necessidade e ao desejo do consumidor. O
consumidor passa a ter foco na cadeia de produção, a indústria modifica padrões de produção
e passa a produzir segundo as demandas dos consumidores.
Esta mudança foi influenciada pelos padrões de produção da indústria japonesa. O modelo
japonês teve suas origens no pós-guerra e suas particularidades envolvem formação cultural,
disponibilidade de matérias primas, mercado de consumo interno, investimentos externos na
reconstrução do país e visualizando novas oportunidades decorrentes ao inicio do processo de
globalização da economia.
Para atender as exigências dos clientes e formar novos mercados consumidores, a oferta de
novos produtos e serviços deveria ser diferenciada. A indústria japonesa resgata os conceitos
de Joseph Schumpeter e define um novo modelo de produção, reinventa a oferta de bens e
serviços centrada em produtos inovadores. Considerado o primeiro economista que analisou o
equilíbrio da economia diante da inserção de uma nova inovação no mercado, Schumpeter
afirmava ainda no início do Século XX, que a inovação tecnológica contribui para a
diferenciação das empresas e o desequilíbrio do ambiente competitivo, tornando-as aptas ou
não para sobreviver à “seleção natural” da concorrência do capitalismo (SCHUMPETER,
1961).
Para Staub (2001), inovar tornou-se a principal arma de competição entre empresas e entre
países. Nesse contexto, a relação do domínio do conhecimento tecnológico e a dominação
econômica e política, é direta. Na atualidade, a capacidade de desenvolver inovação
tecnológica é estratégica para a grande maioria das nações. O desenvolvimento de programas
de fomento, de políticas de absorção e de apoio à sedimentação das empresas investidoras em
novos processos e formas de inovação passa a fazer parte da agenda dos países.
Inicialmente o foco era em inovação de produtos, nos últimos anos, estudos mais sistemáticos
foram desenvolvidos na análise e no estudo da inovação em serviços. O manual de OSLO
orienta os países sobre o assunto e define conceitos. Embora grande os estudos de inovação de
produtos tenham similaridade, a inovação em serviços possui particularidades inerentes ao seu
mercado.
Este artigo está estruturado com uma contextualização inicial do surgimento do processo de
inovação e a forma como ele está sendo desenvolvido no Brasil. Após é realizado uma
abordagem da inovação em serviços e como a Inovação se relaciona com uma instituição
pública de ensino. A implementação da inovação na gestão das instituições públicas de ensino
é abordado na sequência. As conclusões referentes a esta abordagem são relacionadas no
término deste artigo.
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2. Contextualização
A sociedade está em transformação permanente e esta dinâmica se verifica com velocidades
diferentes. Enquanto a passagem da sociedade com base na economia nômade para a
sociedade agrícola foi um processo lento de forma similar a mudança da sociedade agrícola
para a sociedade industrial levou diversos séculos para sua solidificação. Agora, entretanto, as
mudanças ocorrem de forma rápida, principalmente decorrente do desenvolvimento
tecnológico e o desenvolvimento das telecomunicações, que rompeu as fronteiras com a
globalização da sociedade.
Neste contexto da evolução da sociedade, analisado hoje as diferentes fases da evolução da
sociedade, chegamos a novos ativos econômicos onde a informação e o conhecimento são
insumos fundamentais para as organizações se manterem no mercado produtivo e obterem
vantagem competitiva no atual mercado.
Após a segunda grande guerra, o Japão, com seu país totalmente destruído, surge com uma
forma alternativa de produção, conhecida como Toyotismo (Passos, 2000). A realidade
japonesa era diferente da americana. Sem um parque industrial, sem insumos e sem mercado
consumidor interno para a produção foi necessário buscar formas alternativas para inserir um
processo de industrialização na economia japonesa. A opção foi por uma produção mais
diversificada e que exigia um processo de capacitação de mão de obra maior que as
necessárias na sociedade industrial americana, baseado na especialização das terias de Taylor
e Fayol.
Estas mudanças, promovidas pelo sistema de produção japonês, permitiram uma mais fácil
assimilação da instabilidade e necessidade de mudança nos momentos de crise da sociedade
industrial. Com uma mão de obra mais capacitada e com uma cultura de absorção de
mudanças, uma estrutura organizacional menos rígida e a tomada de decisão distribuída
levaram forte vantagem em relação às demais corporações. Este modelo possui uma das
características necessárias nas organizações atuais, que é um ambiente inovador (PASSOS,
2000).
Assim a competição se estabeleceu para manter e ampliar os mercados e foi necessário as
organizações lançarem novos e melhores produtos para cativar os consumidores. Estes
produtos, desenvolvidos a partir de ideias criativas que exigiram a necessidade de inovar. O
conceito de inovação adquiriu importância e relevância dentro da teoria econômica a partir
dos trabalhos de Joseph Schumpeter por duas razões principais (GUIMARÃES, 2000).
Países como os Estados Unidos utilizam o poder de compra do governo para privilegiar
empresas com capacidade inovativa. Outras facilidades oferecidas pelos governos, além de
repasses do tesouro nacional, são referentes ao desenvolvimento de drogas, medicamentos
órfãos desenvolvidos para doenças com grupos de usuários reduzidos, onde os governos
oferecem exclusividade de compra para períodos superiores em até 10 anos. Essa prática
ocorre na maioria dos países desenvolvidos, como Japão, França, Alemanha, Itália, Austrália
entre outros (JUNIOR e OLIVEIRA, 2000).
Evoluindo desta forma, de uma organização rígida, com controle de tempos no inicio da
produção industrial eficiente, destacamos a produção japonesa, já com um ambiente
organizacional mais propício a participação dos operários nos processos de decisão e com
maior facilidade para assimilar processos de mudança.
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3. Contexto Nacional
O contexto do desenvolvimento nacional teve particularidades que caracterizam a inserção do
país no sistema produtivo. O parque produtivo brasileiro foi montado inicialmente para
atender o mercado interno protegido (PASSOS, 2000). A necessidade de atingir padrões de
competitividade e produtividade foi uma exigência para as empresas para garantir a
sobrevivência destas empresas com a abertura econômica promovida no inicio dos anos 90,
quando houve uma redução nas tarifas de importação e foram eliminadas restrições setoriais
ainda existentes, de proteção para a indústria nacional.
Neste período houve esforços enormes da indústria nacional para a elevação de seus níveis de
produtividade e de eficiência. Em relatório da consultoria MacKinsey (PASSOS, 2000),
publicado em 1998, fica evidente que ainda é possível obter elevações significativas da
produção industrial, em diversos setores econômicos nacionais, sem efetuar investimentos
significativos, basicamente com inovações de gestão, melhorando o índice de produtividade
na comparação da indústria similar dos EUA, dos atuais 27% para 75% sem obstáculos
estruturais intransponíveis. Isto representa um investimento em inovação de serviços.
Uma das variáveis que são considerados para avaliar a capacidade de inovação é a
disponibilidade de engenheiros. Estudos realizados pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostraram que nos EUA e no Japão, o número de
engenheiros para cada mil habitantes chega a quatro e no Brasil a proporção é de apenas 0,4
por mil habitantes (IEL, 2004; 2006).
Organizar as empresas para terem ambientes propícios à inovação é um esforço a ser
realizado pelas empresas brasileiras. As organizações para manter-se no mercado atual serão
as que nas estratégias incorporem ou baseiem-se em variáveis tais como (PASSOS, 2000).
Para aumentar a capacidade de inovação, Lundvall (2001) propõe focar no: desenvolvimento
de recursos humanos; investir em novas formas de organização; construir redes de inovação;
definir um novo papel para o setor de serviços; e integrar as instituições de pesquisa e os
sistemas de inovação.
Um modelo de desenvolvimento nacional é necessário para obter sucesso da indústria
nacional no ambiente competitivo internacional. Este modelo deve trabalhar a questão da
capacitação da mão de obra, da formação de profissões específicas, como o maior número de
engenheiros com currículos atualizados e do desenvolvimento de um modelo de inovação, que
se torne em uma vantagem competitiva em relação a outros países, definidos a partir de uma
visão de nação que se quer desenvolver.
4. A inovação e a universidade
A inovação é um processo e não um evento isolado que surge de forma eventual. Embora de
natureza não previsível, ela é afetada por variáveis relacionadas ao ambiente que afetam a
gestão da inovação: o setor econômico, o tamanho da empresa, os sistemas nacionais de
inovação e o ciclo de vida tecnológico (RASKIN, 2003).
A inovação está diretamente ligada com a criação de um novo conhecimento, com a
criatividade, ideias: base para a invenção. A partir do desenvolvimento de uma ideia é
possível a invenção de um novo produto ou de um novo processo produtivo, que vai se
transformar em inovação a partir do momento em que esta invenção vai para o sistema
produtivo. Uma ideia é produzida apenas uma vez e o seu custo de replicação é praticamente
zero. Em termos econômicos, isso significa que a produção de ideias envolve um custo fixo
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relativamente elevado e um custo marginal próximo de zero (FONSECA, 2001).
A ideia original da inovação tecnológica, era a de uma sequência estabelecida, na qual, no
objetivo a ser alcançado, de obter um produto com inovação tecnológica, exigiria uma
sequência pré-estabelecida de fases. A fase inicial seria a descoberta científica, seguida por
uma descoberta tecnológica ou inovação, base para um novo desenvolvimento tecnológico e
com isto, a obtenção de um produto com inovação tecnológica. Esta sequência foi chamada de
cadeia produtiva da inovação (NICOLSKY, 2001).
Esta linearidade, que foi inicialmente aceita, hoje representa uma abordagem equivocada, em
relação a grande quantidade de novos produtos e serviços que apresentam inovação
tecnológica. Esta cadeia pode representar hoje aproximadamente 5% de todas as novas
patentes registradas e países que baseiam seu perfil inovativo nesta linearidade obtém pouca
projeção em desenvolvimento tecnológico (NICOLSKY, 2001). Na Figura 1, Nicolsky
sinaliza que a conexão linear entre desenvolvimento tecnológico e a descoberta tecnológica /
inovação é irreal.
Figura 1 – Modelo Linear de Geração de Inovação Tecnológica
Fonte: Nicolsky, 2001
O fracasso do modelo linear na criação de inovações decorre, do reducionismo, do não
reconhecimento das diferenças intrínsecas dos dois processos de pesquisa, o científico e o
tecnológico (NICOLSKY, 2001). O desenvolvimento de inovações tecnológicas ocorre
normalmente no interior das universidades e institutos de pesquisa, que possuem uma
dinâmica própria, onde a busca de melhores conhecimentos científicos está presente nas
atividades desenvolvidas e não existe uma preocupação focada em desenvolvimento de novos
produtos ou serviços.
Já o desenvolvimento tecnológico, com o objetivo de obter novos produtos e serviços com
inovação tecnológica possui o seu campo de atuação nas empresas. Estas buscam o
desenvolvimento científico gerado pelas instituições para agregar valor aos produtos e
serviços desenvolvidos. Desta forma, existem dois ambientes diversos que possuem objetivos
diferentes.
A pesquisa tecnológica não se alimenta da pesquisa científica local diretamente, mas do
acervo de conhecimentos existentes, tanto científicos quanto tecnológicos e, até, de
conhecimentos culturais (NICOLSKY, 2001). Estes repositórios estão disponíveis nas
publicações, muitas de forma virtual e algumas inclusive sem custo financeiro. O que é
necessário para a empresa buscar este conhecimento científico, muitas vezes, é uma infraestrutura mínima mas principalmente recursos humanos qualificados e com o conhecimento
necessário, para absorver o conhecimento científico publicado e incorporá-lo no seu processo
de produtivo por meio do seu departamento de desenvolvimento de novos produtos.
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Este aspecto permite desta forma, que países sem grande tradição em pesquisa em
determinado segmento de mercado, possuem competência para o desenvolvimento de
produtos inovadores. Esta realidade pode ser destacada pela competência da industria
brasileria desenvolver aviões, como ressaltado por Nicolsky (2001), sem uma tradição de
pesquisas de ponta em ciências aeronáuticas ou em dinâmica dos fluídos. Este processo
dinâmico da inovação está representada na Figura 2.
Para fortalecer uma dinâmica interna (nacional) na produção e utilização do conhecimento
gerado, é necessário reverter o problema representado pelo baixo grau de apropriação do
conhecimento para promover a inovação na relação entre o produtor de conhecimento e do
setor usuário, em seus processos de inovação (CHIARELLO, 2000).
Figura 2 – Modelo Dinâmico de Inovação
Fonte: Nicolsky, 2001
A necessidade de inovar no serviço público é importante. A cada vez mais é exigido maior
eficiência no atendimento do publico e a crescente complexidade dos problemas enfrentados e
das novas abordagens gerenciais disponíveis (CKAGNAZAROFF, 2002). Desta forma é
necessário capacitar às pessoas do serviço público e preparar as lideranças para que estas
mudanças possam ser implementadas.
Em trabalho realizado pela Organização para a Cooperação para o Desenvolvimento
Econômico (OCDE), publicado pelo Ministério do Planejamento (OCDE, 2002), foi realizado
um trabalho detalhado sobre a importância da liderança no setor público para o século 21.
Entre as áreas abordadas estão:
 Condução da mudança: aprendizagem contínua, criatividade e inovação, consciência do
mundo exterior, flexibilidade, capacidade de adaptação, motivação para o trabalho,
reflexão estratégica e visão.
 Conduzir as pessoas: gestão de conflitos, consciência cultural, Integridade e honestidade e
capacidade de construir equipes.
 Buscar resultados: prestação de contas; foco no cliente; capacidade de tomada de decisão,
espírito empreendedor, capacidade de solucionar problemas e credibilidade técnica.
 Perspicácia: gestão de recursos humanos e gestão de tecnologia.
 Fomentar coalizões / comunicação: capacidade de influenciar e negociar, habilidades
interpessoais, comunicação oral, parcerias, refinamento político e comunicação escrita.
Dentro deste conjunto de fatores, atribuídos a liderança necessária para liderar organizações
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publicas no século 21, existe uma clara demonstração para a construção de um ambiente
organizacional inovador.
O Manual de Oslo (2005) apresenta um rol de características que as organizações inovadoras
precisam cultivar, divididas em:
 Competências estratégicas: com visão de longo prazo; capacidade de identificar e antecipar
tendências de mercado; e disponibilidade e capacidade de coligir, processar e assimilar
informações tecnológicas e econômicas.
 Competências organizacionais, englobando: disposição para o risco e capacidade de
gerenciá-lo; cooperação interna entre departamentos operacionais; cooperação externa com
consultorias; pesquisas de público; clientes e fornecedores; envolvimento de toda empresa
no processo de mudança; e investimento em recursos humanos.
A participação da universidade em relação à inovação, é relacionado com a realização de
parcerias com o setor produtivo, de forma a levar as invenções realizadas em seu interior para
o mercado por meio de uma relação com as empresas.
Cabe neste papel à universidade fundamentalmente, realizar a pesquisa básica, onde novos
insumos são pesquisados e propostos para sua utilização. Ações de financiamento destas
inovações são realizadas pelo poder público por meio do PNDCT ou atualmente por meio dos
Fundos Setoriais do MCTI.
Mas as universidades, ao mesmo tempo em que produzem o conhecimento científico, podem
e devem utilizar este conhecimento na inovação de serviços, principalmente na uma melhoria
incremental na sua forma de gestão, na melhoria da formação de recursos humanos com foco
na inovação tecnológica, especialmente nos cursos de engenharia.
A universidade pode também, em casos especiais, trabalhar na produção de produtos com
inovação tecnológica, especialmente para os casos de medicamentos órfãos, pouco atrativos
ao mercado produtivo pela baixa rentabilidade, mas de grande apelo social.
5. A Universidade investindo na Inovação de Serviços
A universidade, além de atender ao ensino, pesquisa e extensão, possui como objetivo a
melhoria e a eficiência da gestão institucional. A universidade é uma instituição que objetiva a
formação de pessoas e a produção acadêmica. Utiliza-se da extensão para dar visibilidade à
formação de pessoas e por meio de projetos se relaciona com a comunidade. Para dar suporte
a estas atividades essenciais no serviço publico, é necessário o uso de gestão.
A inovação neste caso, além de permitir que a universidade, forme recursos humanos para
alavancar a inovação no setor produtivo nacional, precisa investir na melhoria de sua gestão,
investindo na eficiência dos seus processos e no bom uso dos recursos financeiros
disponibilizados pela sociedade para a sua manutenção.
A universidade é uma instituição complexa, na organização e na sua gestão. Modelos
tradicionais de melhoria de gestão, mesmo sendo recomendados e importantes na gestão
institucional, necessitam ser adaptadas para respeitar a diversidade do pensamento
(LUNDVALL, 2001).
Desta forma, inovar na gestão institucional é um desafio e um compromisso de todo gestor. É
necessário buscar a eficiência, atingir os objetivos globais da instituição, atendendo a
formação de pessoas e a produção acadêmica com eficiência no uso dos recursos públicos.
Para tanto, um olhar nas barreiras para a inovação em serviços de Preissl (1998) indica um
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rumo de uma análise a ser realizada para elaborar um modelo ajustado de inovação em
serviços (GALLOUJ E SUNDBO, 1998).
Preissl (1998) apresenta relatório elaborado por ZEW/ISI, com quatorze barreiras que foram
agrupadas em quatro categorias:
 Riscos do mercado (riscos na realização da inovação, riscos relacionados com o
desenvolvimento de mercados, custos imprevisíveis da inovação, longos períodos de
amortização, alto risco d imitação pela concorrência e custo elevado da inovação).
 Restrições financeiras (falta de ativos financeiros e disponibilidade de financiamentos
bancários e fundos externos).
 Barreiras burocráticas e legais (longos procedimentos (demoras) na administração e
autorização, barreiras regulatórias e legais).
 Restrições internas da organização (falta de pessoal qualificado, falta de equipamentos
técnicos, imaturidade das tecnologias e restrições internas à inovação).
Em pesquisa realizada por Preissl (1998) na Alemanha, cinco categorias de barreiras para a
inovação foram destacadas, que são: fatores políticos; limitações financeiras; problemas
técnicos; capacidade absortiva do mercado; e gestão e qualificação da inovação.
Na discussão das barreiras, as unidades de ensino apresentam um conjunto similar das
reportadas acima. A questão política é presente em função da alta rotatividade dos cargos
gerenciais e da implementação de políticas de gestão normalmente de curta duração, períodos
equivalentes ao da gestão do reitorado. As limitações financeiras hoje são do conhecimento
do conjunto da sociedade, onde mais de 95% do orçamento institucional é destinado a
despesas de pessoal, sendo restritivo a implementação de novas políticas de gestão e de
planejamento, principalmente das atividades administrativas.
Na análise da capacidade absortiva do mercado é um fator menos presente, sendo que na
questão da inovação em serviços, a internalização das novas sistemáticas gerenciais possuem
uma dificuldade de serem absorvidas pelos colaboradores, principalmente por falta de
investimento na capacitação de pessoas e em programas de formação de lideranças para a
gestão no serviço público.
No modelo de inovação em serviços, apresentado a partir das forças impulsionadoras dos
processos de inovação na Figura 3 de Gallouj e Sundbo (1998), permitem uma análise da
forma como estas forças, externas e internas, atuam na gestão da universidade pública.
Figura 3 – Forças Impulsionadoras da Inovação em Serviços
Fonte: Gallouj & Sundbo (1998)
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Na universidade pública, algumas forças impulsionadoras, relacionadas por Gallouj e Sundbo
(1998) apresentam particularmente potenciais para o processo de inovação organizacional.
Uma das principais variáveis presente nas organizações de ensino é o conhecimento, e este
conhecimento nas forças impulsionadoras está representado pelo conhecimento dos seus
colaboradores.
O processo de inovação é complexo e surge dos esforços técnicos desenvolvidos dentro das
organizações, mas conforme Rogers (1999) decorre também da interação com o ambiente
externo, o que envolve tecnologia e mercado. Assim é uma rede que precisa ser construída
com os agentes que possuem envolvimento com a organização, no caso específico da
instituição pública de ensino superior, fortemente sua integração com a sociedade.
6. Considerações finais
Inovar é mais que importante e pode representar para as organizações a sua sustentabilidade
dentro deste contexto de rápidas e grandes mudanças. Inovar em novos produtos,
desenvolvidos para encantar os consumidores requer atenção e visão sobre as novas
oportunidades do mercado.
A concepção de uma forma gerencial, como as baseada nos modelos propostos pela Teoria
Clássica da Administração e da Administração Científica podem inibir a construção de um
ambiente organizacional propício para a inovação.
A globalização dos mercados, o avanço da área de tecnologia da informação, as novas formas
de comunicação e a convergência de mídias vão promover o fim de uma série de produtos, ou
a desvalorização destes, contra oportunidades emergentes para novos produtos serem lançados
no mercado.
As novas tecnologias estão serviço de pessoas, organizações e países, entretanto é necessário
ter um planejamento neste sentido e: investimento em um modelo de apoio a inovação
tecnológica, investimento maciço em educação e a formação de profissionais qualificados
para o novo contexto profissional do mercado. Parte do conhecimento científico está
disponível em repositórios abertos de informações, a partir do qual é possível absorver este
conhecimento científico e incorporá-lo a novos produtos ou serviços, desde que a capacitação
e o conhecimento necessário estejam disponíveis no mercado produtivo.
A inovação é um desafio e também uma oportunidade para a qual é necessário estar atento e
investir para garantir a sobrevivência e atingir aos objetivos aos quais as instituições de ensino
buscam na sociedade atual.
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