RI: catalisador dentro e fora da empresa
Entrevista com Jose Luiz Acar Pedro, VP do Bradesco e presidente do IBRI
A entrevista com o VP, diretor de RI do Bradesco e presidente do IBRI, Jose Luiz Acar
Pedro, marca um momento importante para a revista Hi-Finance. Criamos um espaço de
discussão para o RI, permanente, em nossas páginas.
Acar, como é conhecido, é um ícone do mercado financeiro, bem como um dos principais
executivos do Bradesco, com 33 anos de trabalho na casa, cotado para assumir futuramente
a presidência do banco.
Portanto, dono de uma agenda atribulada. Sua pequena entrevista, concedida na sala-deestar do hotel Crowne Plaza, em São Paulo, minutos antes da entrega do prêmio anual do
IBRI, referenda toda a discussão que vem a seguir.
Acar também enxerga o RI como um coringa e um catalisador, valoriza seu duplo chapéu
de coordenador e porta-voz para o mercado. Seria bom que a alta direção das empresas
seguisse o seu exemplo.
HF: Qual é a importância do RI para as empresas?
Acar: O RI é um catalisador, dentro e fora da empresa, seja na área financeira, contábil,
transita entre o chão da empresa e a alta direção, tem que trabalhar incansavelmente para
ouvir todos e passar a melhor mensagem para o mercado. Por isso mesmo, o RI tem que
aliar conhecimento técnico a conhecimento do mercado. Conhecer bem o mercado e a
empresa, em todos os aspectos, é uma salvaguarda contra um viés de opinião, coisa que não
pode acontecer. O investidor precisa sentir-se seguro sobre a empresa e o que ela
representa. Quando isso acontece, o RI completa o ciclo. Estes são os motivos que
explicam sua importância, aliás recente e crescente.
HF: O que mudou na área de RI?
Acar: Há alguns anos, era a parte contábil-financeira que importava, os números do balanço
e dos demonstrativos financeiros. É claro que é importante discutir a contabilidade e o
balanço da empresas, mas é fundamental falar de estratégia, de planejamento, da área
comercial. O profissional de RI discute o passado, representado pelos resultados, mas
também o futuro, a visão da empresa para o que virá.
HF: Há contradição entre o trabalho interno e o marketing que o RI faz para o mercado?
Acar: Não pode haver. O RI tem que representar bem sua empresa. Como você sabe, fazer
marketing no mau sentido não funciona. Tem que haver equilíbrio, é preciso enfrentar os
aspectos negativos. Quando questionado, o RI tem que dar diretrizes e dizer o que a
empresa propõe, como a empresa reage, passando credibilidade, ética e transparência.
Os questionamentos são o dia-a-dia do profissional de RI, ele tem que estar bem preparado
para responder. Portanto, o RI influencia corretamente a organização, porque a prepara, ao
mesmo tempo que se prepara para os embates do mercado.
HF: O endomarketing é realmente fundamental?
Acar: Sim, o bom profissional de RI tem vivência e conhecimento profundo de sua
empresa, é um catalisador, como eu disse. Mas é bom lembrar, é preciso ter sintonia com a
alta direção da empresa, antes de mais nada.
HF: O bom RI influencia o preço das ações da empresa?
Acar: O profissional de Relações com o Investidor que joga este papel completo, digamos
assim, certamente contribui para o bom desempenho das ações da empresa. Companhias
que não conseguem se comunicar não tem bom desempenho, isto está mais do que
comprovado.
É preciso saber conversar com o pequeno investidor, com o grande investidor, com os
analistas de compra e venda, com o investidor estrangeiro.
HF: O que 2005 reserva?
Acar: O crescimento econômico vigoroso, que nós estamos retomando, a abertura de capital
da Bolsa, em paralelo, isso favorece o mercado de ações, que deve deslanchar, nos diversos
segmentos, seja para investidor individual ou institucional, capital nacional ou externo. A
economia com fundamentos sólidos, que nós estamos consolidando, aumenta a relevância
do RI, por tudo que dissemos.
Por outro lado, quem investe na companhia hoje é muito seletivo, seja investidor individual
ou institucional. Há uma grande disputa pelos recursos. O RI traduzirá os anseios do
investidor. Seu papel, no ambiente econômico estável, onde as empresas investem em
governança corporativa, é fundamental.
José Luiz Acar Pedro: Diretor Vice Presidente e Diretor de Relações com Investidores do
Banco Bradesco e Presidente do Conselho de Administração do IBRI.
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