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! Dirigente da Previ salva Bombril da falência e vira o jogo na empresa ...pág. 40
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Maio de 2005
! Itaú cria Intrag para disputar mercado de administração fiduciária ...pág. 38
Edição 158 - ANO 10
R$ 180,00 ANUAL
REVISTA DO MERCADO DE FUNDOS DE PENSÃO E ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS
www.investidoronline.com.br
Ponto de Vista
BRADESCO
vai segmentar
cada vez mais
Processo aprofundará a diferenciação do atendimento,
seja por tipo de cliente ou por tipo de atividade,
conta o vice-presidente do banco, José Luiz Acar
MESA REDONDA INVESTIDOR INSTITUCIONAL & IBRI
“O negócio está no sangue”
“
Não é preciso criar incentivo adicional para o empregado do Bradesco. O espírito de valorizar o
próprio negócio está no sangue”.
Com essa declaração, o vice-presidente
executivo do Bradesco, José Luiz Acar
Pedro, mostra que assimilou bem a
lição deixada pelo fundador do banco,
Amador Aguiar, que mantinha a estátua
de um burrinho de carga sobre a mesa
para lembrar a todos o valor do trabalho
duro, cotidiano e dedicado à empresa.
Acar Pedro, que também é presidente
do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), deu essa e outras declarações na estréia do projeto “Mesa Redonda INVESTIDOR INSTITUCIONAL & Ibri”,
que promoverá regularmente debates
entre um profissional de RI com analistas
de investimentos, dirigentes de fundos
de pensão, técnicos de corretoras e jornalistas da Investidor Institucional – veja
comunicado na página 21.
Acar Pedro, que é formado em administração de empresas e em ciências contábeis, iniciou sua carreira em 11 de
janeiro de 1971 no Banco BCN – comprado pelo Bradesco em dezembro de
1997 –, por onde passou por todos os
escalões da carreira bancária. Desde fevereiro de 2003, ocupa a vice-presidência executiva do Bradesco. Acar Pedro
também é vice-presidente da Federação
Brasileira das Associações de Bancos
(Febraban) e da Federação Nacional dos
Bancos (Fenaban) e faz parte do conselho diretor da Associação Brasileira das
Companhias Abertas (Abrasca).
Entre os participantes da primeira Mesa
Redonda estavam o diretor editorial de
INVESTIDOR INSTITUCIONAL, Luis Leonel,
a editora executiva da revista, Andréa
Cordioli, e os analistas do setor bancário
da UBS Corretora, Bruno Pereira, e do
Banco Fator, João Miyashiro.
18
Christina Rufatto
Vice-presidente executivo do Bradesco, José Luiz Acar Pedro, debate a área de Relações com
Investidores, princípios de governança corporativa e perspectivas para a macroeconomia
Acar Pedro, vice-presidente do Bradesco: “a governança corporativa não é modismo”
MAI/2005 - INVESTIDOR INSTITUCIONAL
Christina Rufatto
Acar Pedro, bastante solícito e tranqüilo,
respondeu a todas as perguntas sem abalar
a voz. Nem quando questionado se o
Bradesco esteve prestes a comprar o Banco
Santos antes da intervenção, nem no momento em que justificou por que o banco
não adere ao Nível 2 da Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa), já que prega a
governança corporativa. As respostas, para
estas e outras perguntas, estão na entrevista, cujos principais trechos seguem abaixo:
Qual é, hoje, a importância da área
de Relações com Investidores (RI)?
É uma área importantíssima que foi
ganhando espaço e visibilidade, já que
funciona como um catalisador interno
das informações que são transmitidas
ao mercado. No Bradesco essa área já
existe, seguramente, há oito anos e
funciona sem que se faça muita força,
isto é, os departamentos trabalham com
essa concepção.
O que mudou nesse período?
O papel da área de RI não se limita
mais a dados contábeis, mas também a
estratégias e especificidades do seu negócio. Ou seja, as informações não
tomam por base apenas dados passados,
mas futuros também. Além disso, os
analistas e investidores estão mais preparados, mais sofisticados.
Como funciona a área de RI no Bradesco?
Nós seguimos as mais modernas práticas que existem no mercado. Fazemos
reuniões com investidores em diversas
capitais uma vez por ano e conferências
com analistas locais e estrangeiros, além
de divulgarmos os resultados trimestralmente. O banco prima pela transparência das informações. No trimestre
passado, por exemplo, adotamos o período de silêncio (quiet period) para dar
uniformidade e transparência à divulgação das informações.
Quais são as grandes demandas feitas à
área de RI do Bradesco?
A demanda é equilibrada entre os fatos
ocorridos e os planos futuros. E os planos
futuros não se limitam a uma visão macro. Hoje, temos demandas específicas. O
analista quer entender a estratégia do
banco, suas expectativas e, assim, ele
funciona quase como um cobrador. E isso
é positivo. A organização tem de estar
preparada para atender a essa demanda,
INVESTIDOR INSTITUCIONAL - MAI/2005
Da esq. para a dir.: Nilton Hirata
(assessor de imprensa), José Luiz Acar
Pedro, Luis Leonel, Andréa Cordioli,
Bruno Pereira e João Miyashiro
mas dentro do limite de não dar uma
informação privilegiada. É importante
ter esse discernimento.
A importância da área de RI já
reflete nas novas aberturas de capital
em Bolsa?
Sim. O mercado vai exigir cada vez
mais isso. É um processo natural. Uma
empresa que se disponha a abrir capital,
captar recursos para as suas atividades,
tem que estar consciente de que vai ter
que prestar informações. O Bradesco,
por exemplo, está no nível 1 de governança corporativa da Bovespa [Bolsa de
Valores de São Paulo] e a tendência é a
de caminharmos para o nível 2.
E o que emperra essa mudança?
Basicamente, atendemos muito mais
do que pede o nível 2. O único ponto
que temos analisado com cuidado é o
aspecto da Câmara de Arbitragem.
Como a arbitragem no Brasil ainda
está em processo de evolução, temos
tomado alguns cuidados. Queremos
ver como a Câmara vai funcionar para
poder dar um passo seguro. O banco
está analisando e conversando com a
Bolsa.
Quais medidas o Bradesco vem tomando para melhorar a sua governança corporativa?
Temos adotado uma série de medidas nesse sentido, mas a nossa política
de preservação dos minoritários existe há muito tempo. Desde 1970 o
banco distribui dividendos mensais,
sendo que o nosso estatuto prevê uma
distribuição de 30% do lucro líquido,
enquanto a Lei fala em 25%. Também
temos um Conselho de Administração
que, desde 2003, conta com dois membros externos, além de um Conselho
Fiscal que não é permanente, mas
funciona regularmente durante os balanços. Temos, ainda, um Comitê de
Auditoria – com membros independentes, um integrante do Conselho de
Administração e outros dois externos –, um Comitê de Divulgação e um
Comitê de Remuneração. Também
aderimos aos Princípios do Equador.
Enfim, a governança corporativa não
é um modismo.
O Bradesco pensa em adotar um programa de compra de ações (stock options) para seus empregados?
O Bradesco não adota essa prática
porque há vantagens e desvantagens.
O banco sempre primou em manter
um alto nível de relacionamento com
os investidores e com os acionistas,
que são mais de 1,4 milhão. E não se
constrói isso de uma hora para a outra.
Então, quando se tem uma base acionária dessa magnitude e de diferentes
anseios é preciso ter o espírito de
valorizar o próprio negócio. Isso está
no sangue. Não é preciso criar algum
incentivo adicional para que ele [empregado] se importe com a valorização da ação.
Como funciona o trânsito das informações no Bradesco?
O banco é grande e depende de uma
sistemática que tem que funcionar. Faze19
começamos a fazer as incorporações. Isso
leva tempo para maturar, porque temos
que adaptar sistemas e pessoas. Sabíamos
que pagaríamos um preço por isso, mas o
preço não foi caro. Foi barato, considerando que o objetivo era o de manter o
negócio.
“O Bradesco sempre olhou
adequadamente para
os seus custos”
mos isso com bastante cuidado. Hoje,
diversas áreas passam informações e são
responsáveis por isso. E a informação é
certificada internamente. Nós sabemos
qual é o problema de dar uma informação que não é satisfatória ou não está
correta. Esse negócio é sério.
Como está o trabalho do Bradesco
para controle de custos?
Acho que custo não é uma coisa que o
banco esteja olhando de hoje. O banco
sempre olhou adequadamente para seus
custos, caso contrário não resistiria muito tempo. Mas o Bradesco foi comprando instituições – comprou cerca de 20
negócios nos últimos oito anos, desde
bancos a financeiras – e foi desenhada
uma estratégia, que é trabalhar a segmentação e isso, evidentemente, resulta
em uma melhoria operacional e de custo.
Nesse período, o Bradesco transferiu o
foco do produto para o cliente. Como foi
esse processo?
O processo de segmentação no Bradesco começou em 1999 com a criação da
área de corporate [empresas]. E, sucessivamente, criamos os diversos nichos
para atendimentos específicos. A transferência de foco do produto para o cliente
não é um processo fácil. Paralelamente,
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O Bradesco pretende aprofundar-se em
seu processo de segmentação?
A segmentação é um processo muito
dinâmico e vamos aprofundar cada vez
mais. Por exemplo, no segmento de grandes
empresas, cujos clientes têm necessidades
específicas e é preciso lhes dar um
atendimento específico. Também é
necessário fazer uma especialização por
ramos de atividades. Outra forma de
segmentação é ir onde o público está. Ou
seja, a pessoa quer comprar um móvel ou
um eletrodoméstico e ela não vai até o
banco para pedir uma linha de crédito. Ela
chega na loja e tem a financeira. Por isso
é necessário se adaptar.
Ainda há espaço para um rearranjo
no setor bancário ou a consolidação já
se deu?
Pelo menos em um horizonte de curto
prazo está tudo definido. O que o Bradesco tem olhado são os bancos estaduais, que serão privatizados. Nesses,
temos interesse.
Um estudo do Fundo Monetário
Internacional (FMI) mostrou que um dos
motivos para as altas taxas bancárias no
Brasil é a falta de concorrência entre os
bancos locais. Qual a sua opinião a
respeito?
Eu li o estudo e vejo uma diferença
grande entre o que foi noticiado e o que
está escrito. Ele diz o seguinte: pelo baixo
volume de crédito no País sugere que não
há competição. Mas, depois, o estudo
aponta fatores específicos – que são fatos
e não sugestões – que determinam o
volume de crédito no Brasil, como os
vários planos econômicos, a volatilidade,
a insegurança jurídica, a cunha fiscal, a
inadimplência, e uma série de fatores. E
o Brasil também aparece nesse estudo em
quase todos os processos de melhorias
avaliados. E realmente vem melhorando,
como, por exemplo, ao aprovar a Lei das
Falências.
Qual seria, então, o maior responsável
pelo elevado spread bancário no Brasil?
Acho que todos esse fatores combinados afetam. Se essas questões forem
melhoradas, com certeza haverá uma
penetração muito maior do crédito. O
crescimento econômico e a renda são
importantes também. Caso contrário,
não adianta. É um assunto complexo e
tenho a convicção de que pequenos fatores têm que ser trabalhados no conjunto
para poder melhorar as condições gerais.
Acho que temos evoluído.
As reduções na taxa de juros, ocorridas
até abril de 2004, refletiram em aumento
no volume de crédito?
Isso é algo que o profissional de RI
sempre teve dificuldade de explicar
aos analistas e investidores: se a taxa de
juro cai, a margem pode deprimir,
mas, em compensação, os bancos melhoram o seu volume de crédito e a
inadimplência recua. Isso ocorreu. A
taxa de juros saiu de 26,5%, em feveChristina Rufatto
Christina Rufatto
MESA REDONDA INVESTIDOR INSTITUCIONAL & IBRI
“Temos interesse nos
bancos estaduais
que serão privatizados”
reiro de 2003, para 16%, em abril de
2004, e o crédito cresceu na média de
17% no ano passado, enquanto a inadimplência recuou significativamente. O efeito que o profissional de RI
falava realmente aconteceu, e antes do
esperado – já que poderia haver uma
defasagem de seis ou oito meses.
MAI/2005 - INVESTIDOR INSTITUCIONAL
Houve melhora, também, na inadimplência e nas provisões?
Houve uma melhora em 2004. Foi um
ano em que, trimestre a trimestre, vimos
uma melhora na relação entre o nível
requerido de provisões face ao total da
carteira de crédito. Acho que a tendência
seria a de, pelo menos, não deteriorar esta
relação, apesar de que as perspectivas
eram de que a queda continuasse. De
qualquer forma, o trimestre se encerrou
agora e acho prematuro fazer essa
avaliação, mas não estamos vendo uma
mudança drástica nesse cenário para 2005.
A gestão de recursos para institucionais
está com baixas taxas, devido à disputa
na área. Qual é a visão Bradesco?
Isso não é um privilégio da administração de recursos. Nas outras carteiras acontece a mesma coisa. Por exemplo, na
operação de câmbio para as grandes empresas, onde o spread está disputadíssimo. E não é só para as grandes empresas. Para o financiamento de veículos,
hoje, temos taxas até mais baixas. Acredito que a competição existe e é forte, mas
vai até um determinado nível. O mercado
também não vai fazer loucura. Escutei de
um analista uma vez que a competição no
Brasil é moderada. Mas o moderado aqui
é diferente, significa que a competição
existe, é forte, mas não é predatória.
O Bradesco ainda está brigando no
mercado de financiamento imobiliário? Essa área voltou a ser atrativa?
Sem dúvida. O Bradesco sempre
atuou nesse mercado. E o trimestre
foi bem ativo e foi importante a
melhoria na segurança desses
contratos, como a aprovação do patrimônio de afetação. Isso incentiva a
ver o negócio com outros olhos.
O Bradesco estava negociando a compra do Santos antes da intervenção?
Não. Nunca olhamos o banco para
adquirir. Mas tem coisa que não adianta falar.
O Bradesco, pelo menos, foi sondado
para comprar?
Não. E pelo que eu sei ninguém está
pensando nisso. No Bradesco eu garanto
que não tem nenhuma conversa dessa.
INVESTIDOR INSTITUCIONAL - MAI/2005
COMUNICADO AO MERCADO
PARCERIA IBR
INVESTIDOR INSTITUCIONAL
IBRII --INVESTIDOR
O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI)
fechou uma importante parceria, colocando à disposição da
sua comunidade de associados e de um público especializado
um novo canal de comunicação com a revista Investidor
Institucional.
Duas frentes foram abertas junto a esse importante veículo
de comunicação com a comunidade financeira. O primeiro é
o fórum “Mesa Redonda Investidor Institucional e IBRI”; e o
segundo é a publicação de artigos elaborados por profissionais
de Relações com Investidores (RI) na seção “Ponto de Vista”.
O IBRI tem o prazer em poder colaborar com uma revista do
nível editorial da Investidor Institucional e principalmente com
a criativa idéia de uma Mesa Redonda, composta por um
profissional de RI de determinada empresa de capital aberto,
para debater juntamente com analistas de investimentos e de
mercado, fundos de pensão e corretoras, com a mediação de
um jornalista especializado. O objetivo maior é explorar temas
técnicos relacionados com as empresas, procurando aprofundar
os mais diferentes aspectos que possam interessar ao público
especializado desta revista.
O IBRI, por ser uma entidade de classe que reúne cerca de
300 associados pessoas físicas com a atividade profissional
orientada direta ou indiretamente para a função de
relacionamento com investidores, tem como missão o binômio
formação e valorização do profissional de RI.
O Instituto estimula e promove atividades de RI junto às
companhias e aos profissionais ligados ao mercado de capitais
no Brasil e no exterior, promove o intercâmbio voluntário de
experiências, idéias e informações sobre métodos e técnicas
de RI entre os membros do IBRI, e incentiva a adoção de
padrões éticos e profissionais de trabalho e conduta das
pessoas ligadas às atividades de RI.
Ao completar oito anos de existência, o IBRI já desponta como
uma entidade reconhecida pelo valor que agrega aos executivos
de RI, ocupando posição de destaque junto às autoridades e
demais entidades integrantes do mercado de capitais nacional.
A parceria com a revista Investidor Institucional faz parte de
toda nossa política e estratégia de ampliar canais de comunicação
para difundir a importância estratégica do profissional de RI, bem
como buscar cada vez mais alternativas, que aprimorem a
comunicação do profissional com a sua comunidade.
Doris Wilhelm, presidente executiva do IBRI
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BRADESCO vai segmentar cada vez mais BRADESCO vai