UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras” ASPECTO SANITÁRIO DE SORVETES COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU - PR ANDRÉ LUÍS SILVA DE ALMEIDA Foz do Iguaçu - PR 2012 ANDRÉ LUÍS SILVA DE ALMEIDA ASPECTO SANITÁRIO DE SORVETES COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU - PR Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica das Cataratas (UDC), como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental e Sanitarista. Prof(a). Orientador(a): Ms. Santos de Oliveira Lourenço Foz do Iguaçu – PR 2012 Ednéia TERMO DE APROVAÇÃO UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS ASPECTO SANITÁRIO DE SORVETES COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU - PR TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Acadêmico(a): André Luís Silva de Almeida Orientadora: Prof(ª). Ms. Ednéia Santos de Oliveira Lourenço Nota Final Banca Examinadora: Prof(ª). Dangela Maria Fernandes Prof(ª). Ms. Fernanda Rúbio Foz do Iguaçu, 22 de novembro de 2012 Aos meus pais Mara Regina Silva de Almeida e João Luiz Dutra de Almeida, pelo amor , carinho e compreensão... A Viviane Agrizzi Valentim, pelo amor, incentivo e apoio incondicional... Dedico AGRADECIMENTOS Ao Laboratório Ambiental da Itaipu Binacional, em especial a Luiz Antônio Cortez e Isalina Nascimento, pela ajuda desde a escolha do tema até a conclusão das análises. Aos meus irmãos Marcos Paulo Gobbo e Carlos Cheng Kao, pelo apoio, incentivo e companheirismo e por sempre estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis. Aos meus amigos “Pokémons” (Álvaro, Alisson, Eduardo, Rodrigo, Sidnei, Kleberson, Aline e Wendy), pela amizade e parceria que vai além da faculdade. A minha orientadora Profª. Ms. Ednéia Santos de Oliveira Lourenço, pela colaboração e auxílio. Aos meus colegas de faculdade, pela troca de experiências. Aos professores que participaram de minha formação acadêmica. E a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste trabalho. “Só é digno da liberdade, como da vida, aquele que se empenha em conquistá-la” Johann Goethe ALMEIDA, André Luís Silva de. Aspecto sanitário de sorvetes comercializados no município de Foz do Iguaçu - PR. Foz do Iguaçu, 2012. Projeto de Trabalho Final de Graduação - Faculdade Dinâmica de Cataratas. RESUMO O sorvete é um alimento obtido por meio de uma mistura de leite e outros ingredientes, que podem sofrem contaminações de ordem microbiológica, principalmente quando manipulados e armazenados de forma inadequada. A qualidade dos sorvetes comercializados é de extrema importância para a garantia da segurança alimentar e da saúde da população. Em função do relato, esta pesquisa objetivou-se em avaliar o aspecto sanitário de sorvetes de base láctea comercializados no município de Foz do Iguaçu – PR, por meio de análises de coliformes a 45 °C, estafilococos coagulase positiva e Salmonella sp.. Os padrões microbiológicos foram avaliados conforme a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) ANVISA n° 12/2001. Foram adquiridas 2 amostras para consumo nos sabores chocolate e creme de 5 diferentes estabelecimentos, perfazendo um total de 10 amostras. As análises foram desenvolvidas no Laboratório Ambiental da Itaipu Binacional. As amostras foram avaliadas quanto a coliformes a 45 °C pela técnica do Número Mais Provável (NMP), enumeração de estafilococos coagulase positiva por semeadura em meio específico; e Salmonella sp. segundo adaptação da Instrução Normativa n° 62 – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os resultados obtidos demonstraram que 70% das amostras estavam impróprias para o consumo, devido presença de coliformes a 45 °C acima do padrão estabelecido. Já para estafilococos coagulase positivo e Salmonella sp., todas as 10 amostras (100%) estavam de acordo com a legislação vigente. Palavras-Chave: Gelados Comestíveis – Qualidade Microbiológica – Contaminação ALMEIDA, André Luís Silva de. Sanitary aspect of ice cream sold in the city of Foz do Iguaçu - PR. Foz do Iguacu, 2012. Project to Completion of Course Work Faculdade Dinâmica de Cataratas. ABSTRACT Ice cream is a food obtained by using a mixture of milk and other ingredients that may suffer microbiological contamination, especially when stored and handled improperly. The quality of ice cream sold is of utmost importance for ensuring food security and population health. Due to the report, this research aimed to assess the sanitary aspect in the ice cream base milk marketed in the city of Foz do Iguaçu - PR, through analysis of coliforms at 45 °C, coagulase positive staphylococci and Salmonella sp.. The microbiological standards were evaluated according to RDC n ° 12/2001 - ANVISA. Were purchased for consumption 2 samples of chocolate and cream flavor, from 5 different establishments, a total of 10 samples. Analyses were carried out in the “Laboratório Ambiental” of “Itaipu Binacional”. The samples were evaluated for coliforms at 45 ° C by the technique of most probable number (MPN) enumeration of coagulase-positive staphylococci by seeding in a specific medium, and Salmonella sp. second adaptation of Instruction N° . 62 - Agriculture, Livestock and Supply Department. The results showed that 70% of the samples were unfit for consumption due coliforms at 45 ° C above the established standard. As for coagulase positive Staphylococcus and Salmonella sp., all 10 samples (100%) were in accordance with current legislation. Keywords: Frozen Desserts – Microbiological Quality - Contamination LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Modelo da primeira máquina de fabricação de sorvete. ........................... 17 Figura 2 – Estrutura coloidal do sorvete congelado. ................................................. 21 Figura 3 – Procedimento para preparo das diluições decimais. ................................ 34 Figura 4 – Diluições decimais da amostra. ................................................................ 35 Figura 5 – Procedimento para pré-enriquecimento da amostra. ............................... 35 Figura 6 – Amostra pré-enriquecida. ......................................................................... 36 Figura 7 - Teste confirmativo para coliformes totais. ................................................. 37 Figura 8 - Teste confirmativo para coliformes a 45 °C. ............................................. 38 Figura 9 – procedimento para estimativa do nmp de coliformes a 45 °C. ................. 38 Figura 10 – Procedimento para pesquisa de Salmonella sp.. ................................... 40 Figura 11 – Processo para enumeração de ECP. ..................................................... 41 Figura 13 – Comparação dos valores obtidos de coliformes a 45 °C por sabor........ 43 Figura 14 – Comparação dos valores obtidos de coliformes a 45 °C por empresa. .. 44 Figura 16 – Estirpes de Shigella flexneri com crescimento no meio ágar SS............ 46 Figura 17 – Estirpes de Escherichia coli com crescimento no meio ágar entérico hektoen. .................................................................................................................... 46 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Classificação de acordo com a composição........................................... 19 Quadro 2 – Classificação quanto ao processo de fabricação ................................... 20 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Padrões microbiológicos para gelados comestíveis de base láctea. ....... 26 Tabela 2 – Resultado das análises de coliformes a 45 °c das amostras de gelados comestíveis. .............................................................................................................. 42 Tabela 3 – Resultado da pesquisa de salmonella sp. Das amostras de gelados comestíveis. .............................................................................................................. 45 Tabela 4 – Resultado da enumeração de estafilococos coagulase positiva das amostras de gelados comestíveis ............................................................................. 47 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIS Associação Brasileira de Sorvetes ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ECP Estafilococos Coagulase Positiva MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento NMP Número Mais Provável RDC Resolução da Diretoria Colegiada SS Salmonella Shigella UFC Unidade Formadora de Colônia SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 16 2.1 HISTÓRIA DO SORVETE ................................................................................ 16 2.2 SORVETE NO BRASIL ................................................................................... 18 2.3 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ....................................................................... 19 2.4 ESTRUTURA................................................................................................ 20 2.5 COMPOSIÇÃO ............................................................................................. 21 2.6 PROCESSO GERAL DA FABRICAÇÃO DE SORVETES .......................................... 22 2.7 MICROBIOLOGIA .......................................................................................... 24 2.7.1 Considerações gerais ............................................................................... 24 2.7.2 O grupo coliforme ..................................................................................... 26 2.7.2.1 Coliformes totais ....................................................................................... 26 2.7.2.2 Coliformes a 45 °C ................................................................................... 27 2.7.2.3 Escherichia coli......................................................................................... 27 2.7.3 Estafilococos coagulase Positiva.............................................................. 28 2.7.4 Salmonella................................................................................................ 30 2.7.5 Relatos de sorvetes com contaminação microbiológica ........................... 31 3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 32 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................ 32 3.2 ORIGEM E OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS ........................................................... 32 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 33 3.3.1 Preparo das amostras .............................................................................. 34 3.3.1.1 Diluições decimais para pesquisa de coliformes a 45 °C e ECP .............. 34 3.3.1.2 Pré-enriquecimento da amostra para pesquisa de Salmonella sp............ 35 3.4 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL DE COLIFORMES A 45°C .......... 36 3.5 PESQUISA DE SALMONELLA SP. ................................................................... 39 3.6 ENUMERAÇÃO DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA .............................. 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 42 4.1 COLIFORMES A 45 °C .................................................................................. 42 4.2 SALMONELLA SP. ........................................................................................ 44 4.3 ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA......................................................... 47 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ........................................................................... 50 15 INTRODUÇÃO O comumente chamado de sorvete, é definido pela legislação brasileira como sendo gelado comestível. Consumido de forma sazonal e culturalmente identificado como guloseima pelo consumidor brasileiro, o popular sorvete é bastante difundido nos países mais desenvolvidos, sendo consumido ao longo de todo o ano, independente de condições climáticas. Por ser um alimento doce e de textura suave, o sorvete agrada até mesmo os paladares mais exigentes. Do ponto de vista nutricional, consiste em um alimento saudável e nutritivo, de alta digestibilidade. Por ser de base láctea, possui alto valor energético, além de ser rico em vitaminas e minerais do leite. Também indicado em casos de úlceras e gastrites crônicas, o sorvete exerce função terapêutica, que pelo resfriamento, ajuda na descongestão da mucosa gástrica inflamada e estimula a secreção de enzimas digestivas. Os alimentos no geral apresentam uma microbiota natural, extremamente variável. Sendo assim, os gelados comestíveis, não se encontram livres de contaminação. Eles podem apresentar contaminação microbiótica oriunda de manipulação inadequada, contato com equipamentos, superfícies e utensílios, bem como pela atmosfera ambiental, fatores considerados extrínsecos de contaminação. Na intenção de contribuir com dados a respeito das condições sanitárias satisfatórias desse alimento, a pesquisa em questão tem como finalidade avaliar a aspecto sanitário de sorvetes a base de leite, comercializados em buffets do Município de Foz do Iguaçu – PR, examinando se o produto ofertado ao consumidor estaria de acordo com as exigências microbiológicas previstas na legislação vigente. 16 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 HISTÓRIA DO SORVETE Não se sabe ao certo a origem dos sorvetes. A versão mais aceita atribui sua autoria aos chineses, por volta de 1000 a.C., quando pela primeira vez foi incorporado flocos de neve para produção de uma iguaria diferente (BRANDÃO, 2007). Na Europa, o sorvete teve sua aparição ainda no século IV a.C., com o imperador Alexandre, O grande, onde o mesmo em suas campanhas no Oriente trouxe, em potes de barro, uma mistura composta de mel e frutas, que era mantida fria com neve (MAGALHÃES e BROIETTI, 2010). Com a decadência da cultura antiga, perdeu-se também o culto do gelado, até a idade média. Por volta do século XIII, através do explorador Marco Polo, a receita da sobremesa retornou à Europa (MIKILITA, 2002). Em 1550, o físico espanhol Blasius Villafranca descobriu que adicionando azotato de potássio (KNO3 – salitre) a neve tornava mais fácil o congelamento da mistura de suco de frutas e especiarias. Utilizando dois recipientes, um maior, no qual se colocava a mistura de neve, sal e salitre, e outro menor, que recebia os ingredientes que, depois de batidos, virariam sorvete (BRANDÃO, 2007). No século XVI, durante uma campanha na Itália, o monarca Francisco I decidiu levar ao seu filho uma noiva, Catarina de Médici, que levou consigo a receita da iguaria a França. A neta de Catarina casou-se em 1630 com Carlos I da Inglaterra e, como a avó, também introduziu o sorvete entre os ingleses. Pouco tempo depois, com os colonizadores britânicos, a delícia chegou aos Estados Unidos (MAGALHÃES e BROIETTI, 2010). Até meados do século XVII a receita do sorvete era composta basicamente de água, frutas e mel. Na Inglaterra, no ano de 1671, o cozinheiro francês DeMirco, pâtissier do rei Carlos II, incorporou à composição do sorvete: leite e seu creme, ovos e aromatizantes. Para garantir a exclusividade desta novidade tão espetacular, Carlos II tornou ilegal o consumo da iguaria fora da corte real, e, até a 17 sua morte, pagou pensão ao chefe pela criação, com a condição de que a receita não fosse divulgada (BRANDÃO, 2007). A primeira máquina de fabricar sorvetes foi inventada em 1843, pela norte-americana Nancy Johnson. Movida à manivela, consistia em um congelador manual revestido de gelo e sal, no qual a mistura do sorvete era agitada até o congelamento (BELCHIOR, 2009). A Figura 1 mostra o modelo deste equipamento. Figura 1 – Modelo da primeira máquina de fabricação de sorvete. Fonte: Tabler (2007). Até o ano de 1851, a comercialização do sorvete era limitada aos locais de fabricação. Para aproveitar o excedente de leite de sua produção, Jacob Fussel abriu a primeira fábrica de sorvete do mundo. Produzindo em grande escala, Fussel promoveu o transporte de sorvete para áreas além das fábricas, a novos consumidores, surgindo o comércio de vendas por atacado (BRANDÃO, 2007). August Gaulin, em 1899, inventou o homogeneizador que consistia em uma máquina que partia os glóbulos de gordura, dando ao sorvete uma textura mais suave. Em 1904, Gaulin inventou o primeiro freezer à base de salmoura, possibilitando que o sorvete fosse rapidamente congelado (STRADLEY, 2004). No início do século XX, com o surgimento da refrigeração mecânica, H.H. Miller criou o primeiro congelador horizontal. Em 1926, Clarence Vogt, inventou o primeiro freezer de processo contínuo, possibilitando a produção do sorvete em grande escala (BELCHIOR, 2009). 18 2.2 SORVETE NO BRASIL A primeira sorveteria brasileira nasceu no Rio de Janeiro. Em 1834, Lourenço Fallas importou dos EUA um carregamento de 217 toneladas de gelo. Envolto em serragem e enterrado em grandes covas para que não derretesse, o gelo foi destinado à produção de sorvetes de frutas (SOUZA et al., 2010). No Brasil, o sorvete chegou a ser considerado o precursor do movimento de libertação feminina. As mulheres eram proibidas de entrar em bares e confeitarias, lugares até então ocupados exclusivamente por homens. Para saboreálo, a mulher praticou um de seus primeiros atos de rebeldia contra a estrutura social vigente, invadindo bares e confeitarias, passando assim a frequentar estes locais (BRANDÃO, 2007). A evolução do sorvete no Brasil deu-se por passos curtos, de forma artesanal, e em poucos locais. A distribuição em escala industrial só teve início em 1941, quando, nos galpões alugados da falida fábrica de sorvetes Gato Preto, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundada a U.S. Harkson do Brasil. O primeiro lançamento, já com o selo Kibon, foi o Eski-bom (MAGALHÃES e BROIETTI, 2010). O brasileiro tem o sorvete como sendo uma guloseima de verão, ligada a refrescância, onde 70% do consumo do produto são entre os meses de setembro a março. Nos países onde o sorvete está enquadrado na categoria alimento, seu consumo é realizado durante todo o ano (XAVIER, 2009). O mercado de sorvetes no Brasil possui um grande potencial de crescimento, para isso, as empresas do setor sorveteiro têm a missão de mudar a visão do consumidor de que o sorvete não é uma guloseima sazonal, e sim um alimento completo, inclusive com propriedades funcionais (CARVALHO, 2006). Segundo a Associação de Brasileira de Sorvetes (ABIS) (2012), durante o período de 2003 a 2011, o consumo de sorvete no país aumentou 70,36%, chegando a marca de 1,167 milhões de litros em 2011. O consumo per capita subiu de 3,82 para 6,07 litros por ano, aumento de 58,90%. Apesar do crescente aumento nos últimos anos, o consumo per capita do sorvete no Brasil ainda é muito baixo ao comparar-se com outros países. De acordo com a ABIS (2010), o Brasil está na 10° lugar no rank de consumo, ficando atrás inclusive de países nórdicos, como Suécia e Noruega. 19 2.3 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Segundo a legislação brasileira, o sorvete é definido como gelado comestível. São produtos congelados obtidos a partir de uma emulsão de gorduras e proteínas, ou de uma mistura de água e açúcares, que podem ser adicionados de outros alimentos desde que não descaracterizem o produto (BRASIL, 2003B). Os gelados comestíveis são alimentos obtidos a partir de uma emulsão estabilizada, também conhecida como calda, pasteurizada, produzidos pelo processo de congelamento sob agitação contínua (batimento) e incorporação de ar (MOSQUIN, 1999). Apesar de serem comumente chamados de sorvetes, os gelados comestíveis recebem denominações de acordo com suas características (BARBOSA et al., 2010). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), portaria n° 379, de 26 de abril de 1999 (BRASIL, 1999), os gelados comestíveis são classificados quanto à composição básica ou pelo processo de fabricação e apresentação. O Quadro 1 mostra a classificação dos gelados comestíveis quanto à composição: Quadro 1 – Classificação de acordo com a composição. Tipo Sorvetes de creme Descrição Produtos elaborados basicamente de leite e/ou derivados lácteos e/ou gorduras comestíveis, podendo ou não ser adicionados de outros ingredientes alimentares Sorvetes de leite Produtos elaborados basicamente de leite e/ou derivados lácteos, podendo ou não ser adicionados de outros ingredientes alimentares Sorvetes Produtos compostos basicamente de leite e derivados lácteos e/ou outras matérias-primas alimentares, nos quais os teores de gordura e/ou proteína são total ou parcialmente de origem não láctea, podendo ou não ser adicionados outros ingredientes alimentares Sherbets Produtos elaborados basicamente de leite e ou derivados lácteos e/ou outras matérias-primas alimentares, que contêm uma pequena porção de proteína e gordura, as quais podem ser total ou parcialmente de origem não láctea 20 Continuação do quadro 1. Sorbets Produtos elaborados basicamente com polpa de fruta, sucos ou pedaços de frutas e açúcares, podendo ou não ser adicionados de outros ingredientes alimentares Gelados Produtos elaborados basicamente com açúcares, podendo ou não ser adicionados de outros ingredientes alimentares Fonte: Brasil (1999). O Quadro 2 mostra a classificação dos gelados comestíveis quanto ao processo de fabricação. Quadro 2 – Classificação quanto ao processo de fabricação. Tipo Descrição Sorvetes em massa Misturas homogêneas ou não de ingredientes, batida e resfriada até ou cremosos o congelamento, resultando em massa aerada Picolés Porções individuais de gelados comestíveis de várias composições, geralmente suportadas por uma haste ou palito, obtidos por resfriamento até o congelamento, de mistura homogênea ou não de ingredientes alimentares, com ou sem batimento Produtos especiais Gelados mistos, constituídos por qualquer das modalidades de gelados gelados comestíveis, em combinação com alimentos não gelados, representados por porções situadas interna ou eternamente ao conjunto, tais como sanduíche de sorvete, bolo de sorvete e torta gelada Fonte: Brasil (1999). 2.4 ESTRUTURA O gelado comestível possui uma estrutura complexa, pois trata-se de uma mistura heterogênea, ao mesmo tempo emulsão, gel, suspensão e espuma, cuja coesão é mantida devido ao congelamento (PEREDA, 2005). Um dos principais atributos do sorvete é a forma que o consumidor percebe o sabor e a textura, e estas estão diretamente ligadas à estrutura deste alimento (GOFF, 1997). 21 O sorvete possui a estrutura de um coloide complexo, formado por bolhas de ar, glóbulos de gordura, cristais de gelo e por uma fase aquosa não congelada (GOFF, 2001). A Figura 2 ilustra esta estrutura. Figura 2 – Estrutura coloidal do sorvete congelado. Fonte: Goff (1998). Legenda: (A) bolha de ar, (C) cristal de gelo, (F) glóbulo de gordura, (S) fase aquosa. A estrutura do sorvete pode ser definida como uma espuma parcialmente congelada, onde cristais de gelo e bolhas de ar ocupam a maior parte do espaço (GOFF, 1997). As bolhas de ar encontram-se revestidas por glóbulos de gordura e esses cobertos por camadas de proteínas e emulsificantes. A fase aquosa consiste em uma solução concentrada congelada de açúcares e polissacarídeos de alto peso molecular (GOFF, 2001). 2.5 COMPOSIÇÃO Por possuir muitos ingredientes em diferentes estados físicos, a composição dos gelados comestíveis é bastante complexa (EARLY, 2000). Segundo Mikilita (2002), os ingredientes básicos para a formulação dos sorvetes são gordura, sólidos não gordurosos do leite, adoçantes, estabilizantes, 22 emulsificante, corantes, aromatizantes e água. Podem ser adicionados ou não de frutas, sementes oleaginosas, café, cacau, licores, ovos e cobertura. De acordo com Early (2000), nos gelados comestíveis a gordura apresenta-se na forma de emulsão; proteína, estabilizantes e açúcares insolúveis apresentam-se na forma de suspensão coloidal, e a lactose e sais em forma de dissolução verdadeira; água encontra-se no estado líquido como solvente de sais e açúcares e na forma sólida como cristais de gelo (EARLY, 2000). Os diferentes componentes utilizados na fabricação do sorvete também influenciam sua estrutura, que por sua vez, conferem ao mesmo características sensoriais importantes, como firmeza, resistência ao derretimento e cremosidade (GRANGER et al., 2005). Outros componentes também podem ser adicionados à calda e no produto final, como extrato de malte e pedaços de frutas, caracterizando assim, o sabor final do sorvete (MOSQUIN, 1999). 2.6 PROCESSO GERAL DA FABRICAÇÃO DE SORVETES Segundo Padilha (2011), a elaboração do sorvete, tanto artesanal como industrial, compreende as seguintes etapas: -Recepção e armazenagem da matéria-prima e embalagens; -Pesagem e mistura dos ingredientes para o preparo da calda, seguido da homogeneização, pasteurização e maturação dessa mistura; -Batimento da mistura, incorporação de ar e congelamento parcial; -Envasamento; -Congelamento final e armazenagem em câmara fria. Fornecedores de matérias-primas, ingredientes e embalagens devem ser selecionados por critérios definidos pelo estabelecimento e devem apresentar laudo técnico para comprovação da qualidade do produto fornecido. A recepção dos insumos deve ser feita em local limpo, protegido e isolado da área de produção. Depois de inspecionado e aprovado de estar em condições higiênico-sanitárias satisfatórias, o insumo deve ser identificado e armazenado adequadamente (BRASIL, 2003b). 23 Para a pesagem e mistura dos ingredientes, o ponto importante a ser salientado nesta etapa do processo é observar que os ingredientes utilizados têm características diferentes, necessitando assim, que a ordem de adição seja sistematizada, para que haja um melhor aproveitamento (MOSQUIM, 1999). Para Mikilita (2002), a etapa de preparo da mistura tem o intuito de garantir que todos os ingredientes estejam dissolvidos ou em suspenção, sem a aglomeração dos ingredientes em pó, bem como garantir uma correta proporção dos mesmos. A homogeneização tem a finalidade de reduzir e uniformizar as partículas de gordura, favorecendo a formação de um produto mais homogêneo e cremoso, obter uma emulsão estável (facilitando a ação dos agentes emulsificantes e estabilizantes sobre a superfície das partículas), além de aumentar a eficiência da pasteurização e diminuir o tempo de maturação das misturas (MIKILITA, 2002). A pasteurização é obrigatória para os gelados comestíveis. Tem como principal objetivo a destruição dos microrganismos patogênicos da calda do sorvete, garantindo a segurança microbiológica do produto, e também promove a dissolução e suspenção dos ingredientes da mistura, tornando-a mais uniforme (MOSQUIN, 1999). Enzimas hidrolíticas também são inativadas pelo tratamento térmico da mistura (SOLER e VEIGA, 2001). No processamento dos gelados comestíveis, a legislação brasileira estabelece as seguintes condições mínimas à pasteurização: pasteurização rápida ou sistema de alta temperatura por curto tempo (High Temperature Short Time HTST), 80 °C por 25 s, ou no processo por batelada ou baixa temperatura por longo tempo (batch – Long Time Long Temperature – LTLT), 70 °C por 30 min. Outras combinações de tempo e temperatura são aceitas, desde que a eficiência dessa combinação seja comprovada pela ausência de fosfatase (BRASIL, 2003b). Mosquim (1999) afirma que a calda, logo após ser pasteurizada, deve ser resfriada a uma temperatura de 4 °C. O processo de resfriamento tem como finalidade evitar o crescimento de microrganismos que possam ter sobrevivido à pasteurização. Após o resfriamento da calda, esta deve ser maturada. A mistura deve ser transferida a um tanque, onde permanece sob agitação lenta e constante, a uma temperatura de 4 a 5 °C, por um período de 3 a 4 h. A maturação tem como objetivo principal a cristalização da gordura, bem como promover absorção de água pelas 24 proteínas e estabilizantes, fazendo que o sorvete tenha boa consistência (PADILHA, 2011). A adição de ingredientes sensíveis ao tratamento térmico, como sucos de frutas, polpas, essências, dentre outros, é realizada durante a maturação (OLIVEIRA, 2005). O processo de congelamento parcial consiste em, uma vez maturada, a mistura deve ser rapidamente congelada e agitada, promovendo a incorporação de ar à mistura e limitando o tamanho de cristais de gelo que serão formados. Com a redução da temperatura de 4 °C para -5 °C a -7 °C, água no estado líquido passa ao estado sólido e cristais de gelos são formados (SOLER e VEIGA, 2001). Goff (2002) menciona que o congelamento tem a finalidade de remoção do calor da mistura e a estabilização do ar incorporado. Para Mosquim (1999) o congelamento é uma das operações mais importantes na fabricação dos gelados comestíveis. Logo após o batimento e atingindo o ponto de consistência esperado, o produto deve ser envazado em embalagens definitivas por meio de enchimento manual ou automático. Esta operação deve ocorrer sem elevação significativa da temperatura (SENAI, 2000). O sorvete envasado é levado a para câmaras ou túneis de congelamento, a temperaturas em torno de -30 °C a -35 °C, onde continua o seu processo de congelamento (SOLER e VEIGA, 2001). As condições de armazenamento devem manter a integridade e qualidade sanitária do produto final, sob temperatura igual ou inferior a -18 °C (BRASIL, 2003b). 2.7 MICROBIOLOGIA 2.7.1 Considerações Gerais Os alimentos são passíveis de contaminação por diferentes agentes patogênicos, podendo levar a doenças, manifestadas por ação de agentes 25 etiológicos ou de suas toxinas. Eles são um importante elo na cadeia epidemiológica de doenças transmissíveis, sendo fundamental observar sua conservação em condições não adequadas, o que favorece a multiplicação de microrganismos que podem vir a causar alterações e/ou produzirem sintomas de intoxicação alimentar aos consumidores (COSTA, 2008). Os diferentes processos na produção de alimento, tais como manipulação e tratamento, sempre criam novos problemas microbiológicos. O alimento, cuja preparação demanda de muita manipulação, tem maior chance de ser contaminado, caso haja alguma falha de sepsia durante os processos (RIZZO-BENATO, 2004). O controle microbiológico de sorvetes é de fundamental importância. Diferentemente de outros alimentos, os gelados comestíveis não passam por nenhum processo de esterilização após seu preparo final, o que pode tornar o produto em um meio de disseminação de microrganismos causadores de toxiinfecções (CLEMENTE, 1999). De acordo com Marshall e Arbuckle (2000), o estado congelado do sorvete na etapa final de produção não reduz o risco de transmissão de microrganismos patogênicos ou toxinas através desses alimentos. De acordo com Hoffmann et al. (1995), os microrganismos encontrados no sorvete podem estar relacionados com os ingredientes utilizados. Para Correia (2007), o sorvete, por ser um produto derivado de leite, é um ótimo meio para o crescimento microbiano, pois possui um valor nutricional elevado e pH quase neutro (entre 6 e 7). A associação dos gelados comestíveis com quadros de infecção alimentar tem sido demonstrada com frequência em países onde o controle alimentício é mais rigoroso, não só em quantidade de surtos, mas também na variedade de agentes patológicos. O sorvete produzido em condições artesanais, devido principalmente a falhas no tratamento térmico do leite durante o processo, é o principal responsável por estas contaminações (SILVA JR., 2007). De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) ANVISA n° 267, de 25 de setembro de 2003 (BRASIL, 2003b), todo gelado comestível ou preparado para gelado comestível constituinte de leite, produtos lácteos, ovos e/ou produtos de ovos deve ser, obrigatoriamente, submetido à pasteurização. Caso a mistura para fabricação de gelados não conste os ingredientes acima referidos, a pasteurização da mesma é facultativa. 26 As fontes mais comuns de contaminação dos gelados comestíveis são matérias-primas, instalações, equipamentos, utensílios e manipuladores. Os microrganismos podem ainda se multiplicar por falhas durante o processamento, em etapas anteriores ao congelamento, e permanecerem viáveis no produto final (PINTO et al., 2000). A RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001), considerando a necessidade de constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos, visando à saúde da população, estabeleceu o regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos de alimentos. A Tabela 1 ilustra os padrões microbiológicos para gelados comestíveis de base láctea, segundo a RDC ANVISA n° 12/2001: Tabela 1 – Padrões microbiológicos para gelados comestíveis de base láctea. Microrganismo Coliformes a 45ºC.g-1 Tolerância para Amostra INDICATIVA 5x10 Estaf.coag.positiva.g-1 5x102 Salmonella sp.25g-1 Ausente Fonte: Brasil (2001). 2.7.2 O Grupo Coliforme 2.7.2.1 Coliformes Totais As bactérias do grupo coliformes totais são pertencentes à família Enterobacteriaceae, predominantemente dos gêneros Citrobacter, Enterobacter, Escherichia e Klebsiella (SILVA et al., 2007). São bacilos Gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, fermentadores de lactose com produção de ácido e gás em 48 h a 3537 °C (RAY, 2005). 27 2.7.2.2 Coliformes a 45 °C Os coliformes a 45 °C também fazem parte do grupo coliformes totais, porém restringindo-se as bactérias capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubadas a 44,5-45,5 °C por 24-48 h (SILVA et al., 2006). O Ministério da Saúde, através da RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001), considerando os padrões “coliformes de origem fecal” e “coliformes termotolerantes”, adotou como equivalente a denominação “coliformes a 45 °C”. A denominação “coliformes fecais” ou “coliformes termotolerantes” foi utilizada por muitos anos para descrever coliformes que fermentavam a lactose com produção de gás a 45 °C. Apesar da Escherichia coli (E. coli) e algumas cepas de Klebsiella e Enterobacter serem termotolerantes, somente a E. coli é originária do trato gastrintestinal de humanos e outros animais homeotérmicos (SILVA et al., 2006). Embora também sejam encontradas nas fezes, as Klebsiella e Enterobacter não são de origem entérica, estando presentes em outros ambientes, como em água, vegetação e solo (FRANCO e LANDGRAF, 2008). A relação direta de contaminação fecal pela presença de coliformes termotolerantes em alimentos não era correta. Por este motivo, a legislação brasileira sofreu uma modificação, substituindo o termo coliformes fecais para coliformes a 45 °C (SILVA et al., 2006). 2.7.2.3 Escherichia coli Por pertencer a microbiota normal do trato entérico dos animais de sangue quente, inclusive do ser humano, é utilizada como indicador de contaminação fecal em alimentos (RODRIGUES et al., 2008). De acordo com Veronesi e Focaccia (2005), as E. coli, segundo suas relações com o homem, podem ser dividas em dois grupos. O primeiro, chamado E. coli comensal, é composto por bactérias que habitam o intestino humano desde o 28 nascimento até a morte. Para Cardoso (2009) são cepas de E. coli deficientes de fatores de virulência, que se adaptam passivamente ao seu hospedeiro, sem causar doenças. O segundo grupo, denominado E. coli patogênicas, é o conjunto de bactérias causadoras de diferentes tipos de infeção, constituído por diferentes patótipos (VERONESI e FOCACCIA, 2005). A E. coli comensal pode tornar-se patogênica, caso adquiram atributos específicos de virulência (OKURA, 2010). Estes atributos são transferidos por meio de elementos genéticos de virulência, encontrados em plasmídios, bacteriófagos ou no cromossomo bacteriano. A presença de fatores de virulência e expressão destes fatores pela bactéria é o que difere o comensalismo de virulência (CARDOSO, 2009). Segundo Silva et al. (2006), a presença de E. coli em alimentos processados é considerada uma indicação útil de contaminação posterior ao processamento, por provável falha de higienização aquém dos padrões requeridos para o processo de alimentos. 2.7.3 Estafilococos Coagulase Positiva Pertencentes à família Micrococcaceae, o gênero Staphylococcus é constituído por bactérias Gram-positivas, anaeróbias facultativas, imóveis, não esporuladas, catalase positivo. Apresentam-se em cachos, devido à sua divisão ocorrer de forma aleatória e em planos (KONEMAN et al., 2001) Segundo Costa (2008), o gênero Staphylococcus encontra-se amplamente distribuído no ambiente, podendo ser encontrado frequentemente no ar, fezes, esgotos e alimentos. Seu habitat natural são os animais, onde no homem, podem estar presentes na pele e mucosas de pessoas sadias, com importante relevância na cavidade nasal como armazenadora e disseminadora de Staphylococcus patogênicos. Para Stamford et al. (2006), o Staphylococcus sp. é um dos agentes mais comuns responsáveis por surtos de intoxicação alimentar por ser normalmente transmitidos aos alimentos por manipuladores e portadores assintomáticos. 29 Apesar das células bacterianas dos Staphylococcus sp. serem destruídas por tratamento térmico, suas enterotoxinas, por serem termoestáveis, permanecem ativas nos alimentos, sendo um risco potencial a saúde pública (COSTA, 2008). As enterotoxinas estafilocólica são consideradas como a principal origem de intoxicação alimentar de origem bacteriana no homem. Vários surtos de doenças transmissíveis por alimentos estão relacionados às enterotoxinas (LAMAITA et al., 2005). Os principais sintomas da intoxicação estafilocócica são náuseas, vômitos, contrações abdominais, diarreias, sudorese e cefaleia, podendo variar com o grau de susceptibilidade da pessoa e com o grau da enterotoxina ingerida (RODRIGUES et al., 2004). Até o ano 2000, para avaliação sanitária de certos alimentos, utilizou-se a pesquisa para determinação de Staphylococcus aureus. Através da RDC ANVISA n° 12 (BRASIL, 2001), alterou-se a “determinação de Staphylococcus aureus” por “enumeração de estafilococos coagulase positiva” (ECP). Para Costa (2008), o motivo da legislação nacional em vigor (RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001) exigir somente a pesquisa de estafilococos coagulase positiva para a condenação de um alimento, não se referindo aos estafilococos coagulase negativo, se deve ao fato de haver predomínio das intoxicações alimentares causadas por esta linhagem. Pereira e Pereira (2005) referem à existência de Staphylococcus coagulase negativo produtores de enterotoxinas em cultivo laboratorial. Lamaita et al. (2005) e Stamford et al. (2006), relatam a presença de estafilococus coagulase negativo capazes de produzir enterotoxinas em leite in natura. Tanto Pereira e Pereira (2005) quanto Lamaita et al. (2005), salientam aos órgãos oficiais de inspeção e a vigilância sanitária a necessidade de uma reformulação dos padrões para Staphylococcus sp., visando aumentar a segurança dos alimentos. Rizzo-Benato (2004) afirma que presença de Staphylococcus em sorvetes se deve a contaminação durante as etapas de fabricação. 30 2.7.4 Salmonella As Salmonellas são bactérias Gram-negativas pertencentes à família Enterobacteriaceae. São aeróbias ou anaeróbias facultativas, não esporuladas, geralmente móveis por meio de flagelos peritríquios (exceto Salmonella pullorum e Salmonella paratyphi), produzem catalase; e, com exceção da Salmonella typhi, utilizam o citrato como fonte de carbono e produzem gás a partir da glicose (FRANCO e LANDGRAF, 2008). Segundo Koneman et al. (2001), as Salmonellas estão amplamente difundidas na natureza, primariamente patógenas do trato intestinal de animais pecilotérmicos e homeotérmicos, incluindo o homem. As bactérias do gênero Salmonella são patógenas, de origem entérica, causadoras de graves doenças, especialmente em pacientes de faixas etárias extremas, sendo responsáveis pela maior causa de surtos de intoxicações alimentares (FRANCO e LANDGRAF, 2008). De acordo com Veronesi e Focaccia (2005), as infecções intestinais causadas pelas salmonelas não pertencentes às espécies Salmonella typhi e Salmonella paratyphi são denominadas salmonelose. A febre entérica, ou também conhecida como febre tifoide e a febre paratifoide são causadas, respectivamente, pela Salmonella typhi e Salmonella paratyphi. A presença de Salmonellas no alimento pode não implicar obrigatoriamente em contaminação ao consumidor. A manipulação desses alimentos, caso efetuada de forma não apropriada, favorece uma possível infecção alimentar, por multiplicação bacteriana e consequente ingestão de um número maior de bactérias (CARVALHO, 2007). Rizzo-Benato (2004) ressalta que células de Salmonella podem ser encontradas mesmo após o processo de pasteurização do sorvete, pois o mesmo pode ser recontaminado pelos utensílios utilizados na sua produção. Nos seres humanos, as infecções por Salmonellas ocorrem primordialmente pela ingestão de alimentos de origem animal, podendo também advir da ingestão de água ou alimentos de origem não animal e eventualmente por contato direto entre pessoas (KONEMAN et al., 2001). 31 2.7.5 Relatos de Sorvetes Com Contaminação Microbiológica Ferrari et al. (2007) analisaram 12 amostras de gelados comestíveis na região de Londrina – PR, encontrando cepas de E. coli em 50% das amostras e ausência de estafilococos coagulase positiva. Em pesquisa realizada para avaliação higiênico-sanitária de 10 amostras de sorvetes fabricados em João Pessoa – PB identificou-se que todas as amostras estavam dentro dos padrões estabelecidos para coliformes a 45 °C, Salmonella sp. e ECP (FERREIRA et al., 2008). Silva et al. (2011) avaliando as condições sanitárias de sorvetes produzidos e comercializados em Maceió – AL, constataram coliformes a 45 °C acima do limite máximo estabelecido pela legislação em 91% das 24 amostras analisadas. Já em outro estudo analisou-se a qualidade físico-química e microbiológica de sorvetes a base de leite de quatro marcas diferentes, produzidos na cidade de Fortaleza – CE. Os resultados obtidos indicaram contaminação por Salmonella sp. em 75% das amostras e 100% das amostras estavam acima do padrão estabelecido pela legislação para ECP. Para coliformes a 45 °C, todas as amostras obtiveram resultados dentro dos padrões estabelecidos pela RDC n° 12/2001 (SILVEIRA et al., 2009). Gomes et al. (2006) realizaram análises de sorvetes comercializados no município de Muriaé – MG, observando em 50% das amostras analisadas elevado índice de contaminação por coliformes a 45 °C. Pazianotti et al. (2010) analisaram as características microbiológicas de 21 amostras de sorvetes comercializados em Arapongas – PR, identificando 100% das amostras com contagens de coliformes a 45 °C acima do limite máximo estabelecido pela legislação, não se evidenciando a presença Salmonella e ECP. Em estudo semelhante, realizado em uma empresa de Piracicaba – SP, Rizzo-Benato (2004) constatou que 11 das 36 amostras (30,4%) analisadas estavam acima dos padrões estabelecidos pela legislação para coliformes a 45 °C e 2 das 36 amostras (5.6%) para ECP; ausência de Salmonella sp. em todas as amostras. 32 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A pesquisa foi conduzida tanto na escala amostral quanto na escala laboratorial na cidade de Foz do Iguaçu – PR, localizado no extremo oeste do Paraná. O município de Foz do Iguaçu está geograficamente situado a 25° 32’ 43" de latitude Sul e 54° 35’ 17" de longitude Oeste, com altitude média de 192 metros. Possui clima subtropical úmido, mesotérmico, com verões quentes e temperatura média de 21,2 °C (PMFI, 2011). O estudo foi desenvolvido em escala amostral em 5 diferentes estabelecimentos do município, denominados como A, B, C, D e E. Foi escolhida 1 confeitaria de médio porte (empresa C); 1 confeitaria de grande porte (empresa B); 2 sorveterias de médio porte (empresas A e E); e 1 sorveteria de grande porte (empresa D). Os locais amostrados foram escolhidos por serem locais de grande rotatividade, sendo seus produtos comercializados tanto para população, como para turistas. A pesquisa foi elaborada em escala laboratorial nas dependências do Laboratório Ambiental da Itaipu Binacional, dada a necessidade e disponibilidade de materiais e equipamentos para desenvolver as práticas laboratoriais. 3.2 ORIGEM E OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS Foram analisadas 10 amostras de sorvete de massa a base de leite vendidos em buffets de 5 diferentes estabelecimentos do município. Durante o mês de outubro de 2012, foram adquiridas 2 amostras de sorvete nos estabelecimentos, com intervalo de 7 dias entre cada coleta. Foram adquiridos sabores diferentes em cada etapa da coleta. Os sabores escolhidos para análise foram respectivamente chocolate e creme, por serem comumente de maior venda. 33 As amostras analisadas na primeira etapa da coleta do sabor chocolate foram denominadas A1, B1, C1, D1 e E1, e as amostras da segunda etapa do sabor creme denominaram-se: A2, B2, C2, D2 e E2. As amostras foram adquiridas como para consumo, sendo adquirido no mínimo 200 g em cada amostragem, sendo dispostas em embalagens de material isotérmico fornecidas pelos estabelecimentos. Após a assepsia da parte externa das embalagens, as amostras foram identificadas, acondicionadas em caixa térmica contendo gelo artificial tipo espuma e transportadas ao Laboratório Ambiental da Itaipu Binacional, aonde foram realizadas as análises. 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O método utilizado para desenvolver a pesquisa foi o de coleta de amostras para consumo. Esta abordagem foi escolhida para determinar se o produto oferecido ao consumidor final se encontra dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. A qualidade microbiológica das amostras de sorvete foi avaliada segundo a legislação brasileira vigente, RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001), para pesquisa de Salmonella sp., enumeração de ECP e coliformes a 45 °C. Os procedimentos metodológicos empregados no estudo foram adaptados da Instrução Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 2003a). 34 3.3.1 Preparo das amostras 3.3.1.1 Diluições decimais para pesquisa de coliformes a 45 °C e ECP No laboratório foram pesadas alíquotas de 25 ± 0,2 g da amostra assepticamente, que foram adicionadas a 225 mL de solução salina peptonada a 0,1% estéril e homogeneizadas, obtendo-se assim a diluição 1:10. A seguir foram feitas diluições decimais seriadas. A diluição 1:100 foi obtida retirando-se 1 mL da diluição 1:10 e adicionando-os a 9 mL de solução salina peptonada a 0,1%. Repetiuse o processo com a diluição 1:100, a fim de obter a diluição 1:1000. A Figura 3 mostra o procedimento de preparo das diluições decimais. Figura 3 – Procedimento para preparo das diluições decimais. A Figura 4 ilustra uma amostra com suas diluições já realizadas. 35 Figura 4 – Diluições decimais da amostra. 3.3.1.2 Pré-enriquecimento da amostra para pesquisa de Salmonella sp. Foram pesadas alíquotas de 25 ± 0,2 g da amostra assepticamente, que foram adicionadas a 225 mL de solução salina peptonada a 1% estéril, homogeneizadas, sendo incubado a 36 ± 1 °C por 18 h. A Figura 5 mostra o procedimento realizado para o pré-enriquecimento da amostra para pesquisa de Salmonella sp.. Figura 5 – Procedimento para pré-enriquecimento da amostra. A Figura 6 ilustra a amostra já pré-enriquecida e incubada por 18 h. 36 Figura 6 – Amostra pré-enriquecida. 3.4 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL DE COLIFORMES A 45 °C Para contagem de coliformes a 45 °C foi utilizada a técnica do Número Mais Provável (NMP). Esta técnica foi dividida em duas etapas. Primeiro realizou-se a pesquisa (prova confirmatória) de coliformes totais e em seguida a pesquisa (prova confirmatória) de coliformes a 45 °C. A prova confirmatória de coliformes totais consistiu na inoculação de volumes de 1 mL da diluição 1:10 em série de 3 tubos contendo tubo de Durham e 9 mL do caldo Verde Brilhante Bile 2% lactose. Repetiu-se esse processo para as diluições 1:100 e 1:1000. Os tubos foram incubados a 36 ± 1 °C por 24 h. Os tubos que apresentaram resultado negativo foram reencubados por mais 24 h. A presença de coliformes totais foi confirmada pela formação de gás (mínimo 1/10 do volume total do tubo de Durham) ou efervescência quando agitado gentilmente A Figura 7 ilustra a presença de gás no tubo de Durham e a efervescência do caldo quando agitado no teste confirmativo de coliformes totais. 37 Figura 7 - Teste confirmativo para coliformes totais. A partir da prova confirmatória de coliformes totais, realizou-se a prova confirmatória de coliformes a 45 °C. Todas as amostras positivas da prova confirmatória de coliformes totais foram repicadas em tubos contendo tubo de Durham e caldo EC. Os tubos foram incubados em temperatura seletiva de 45 ± 0,2 °C por 24 h. Os tubos que apresentaram resultado negativo foram reencubados por mais 24 h. A presença de coliformes a 45 °C foi confirmada pela formação de gás (mínimo 1/10 do volume total do tubo de Durham) ou efervescência quando agitado gentilmente. A Figura 8 ilustra a presença de gás no tubo de Durham e a efervescência do caldo quando agitado no teste confirmativo de coliformes a 45 °C. 38 Figura 8 - Teste confirmativo para coliformes a 45 °C. A Figura 9 mostra o procedimento realizado para a estimativa do NMP de coliformes a 45 °C. Figura 9 – Procedimento para estimativa do NMP de coliformes a 45 °C. Os resultados foram obtidos da combinação de números correspondentes aos tubos que apresentaram resultado positivo na prova confirmatória de coliformes a 45 °C e expressos como NMP de coliformes a 45 °C por grama de sorvete (NMP.g1 ). 39 3.5 PESQUISA DE SALMONELLA SP. Após o pré-enriquecimento da amostra, realizou-se o enriquecimento seletivo de Salmonella sp.. Foram utilizados 2 meios líquidos seletivos: o caldo Rappaport Vassiliadis e o caldo GN, Hajna. Para o caldo Rappaport Vassiliadis, utilizou-se 0,1 mL da amostra préenriquecida em 10 mL de caldo. Os tubos foram incubados em temperatura seletiva de 41 ± 0,5 °C por 24 h. Para o caldo GN, Hajna, utilizou-se 0,5 mL da amostra pré-enriquecida em 5 mL de caldo. Os tubos foram incubados em temperatura seletiva de 41 ± 0,5 °C por 24 h. Após o enriquecimento seletivo, foi realizado o isolamento das colônias de Salmonella em 2 meios sólidos. Os meios escolhidos foram Ágar Salmonella Shigella (SS) e Ágar Entérico Hektoen. A partir dos caldos seletivos de enriquecimento, repicou-se sobre a superfície seca de placas em cada um dos meios sólidos escolhidos, estriando de forma a se obter colônias isoladas. As placas foram incubadas invertidas a 36 ± 1 °C por 24 h. A Figura 10 mostra o procedimento realizado para a pesquisa de Salmonella sp.. 40 Figura 10 – Procedimento para pesquisa de Salmonella sp.. Os resultados foram obtidos e expressos pela presença ou ausência de colônias típicas de Salmonella sp. em 25g de amostra. 3.6 ENUMERAÇÃO DE ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA A contagem de ECP consistiu na inoculação de volumes de 0,1 mL da diluição inicial 1:10 em meio de cultura Ágar Sal Manitol enriquecido de Emulsão Telurito Gema de Ovo a 5%. Com o auxílio de alça de Drigalsky, espalhou-se o inóculo sobre a superfície seca do meio até sua completa absorção. Este processo foi realizado em duplicata. As placas foram incubadas invertidas a 36 ± 1 °C por 48 h. A Figura 11 ilustra como foi realizado o procedimento para enumeração de ECP. 41 Figura 11 – Processo para enumeração de ECP. Os resultados foram obtidos pela contagem das colônias típicas de Staphylococcus sp. e expressos como Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por grama de sorvete (UFC.g-1). 42 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de todas as análises foram comparados com os padrões microbiológicos previstos pela RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001), para gelados comestíveis de base láctea. 4.1 COLIFORMES A 45 °C Os valores de NMP de coliformes a 45 °C encontrados nas amostras de sorvete analisadas podem ser observados na Tabela 2. Tabela 2 – Resultado das análises de coliformes a 45 °C das amostras de gelados comestíveis. Amostra Coliformes a 45 °C Tolerância para Amostra Indicativa* 2 A1 (chocolate) 4,3 x 10 5 x 10 A2 (creme) < 3 x 10 5 x 10 3 B1 (chocolate) 2,4 x 10 5 x 10 B2 (creme) < 3 x 10 5 x 10 2 C1 (chocolate) 2,3 x 10 5 x 10 2 C2 (creme) 4,3 x 10 5 x 10 3 D1 (chocolate) 4,6 x 10 5 x 10 3 D2 (creme) 2,4 x 10 5 x 10 2 E1 (chocolate) 4,3 x 10 5 x 10 E2 (creme) < 3 x 10 5 x 10 * Para gelados comestíveis de base láctea, segundo a RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). Os resultados indicaram valores médios de coliformes a 45 °C na ordem de 1,1 x 103 NMP.g-1, estando bem acima do permitido pela RDC ANVISA n° 12/2001 de 5 x 10 NMP.g-1. Das 10 amostras analisadas, 3 (30%) apresentaram resultados dentro do estabelecido pela referida legislação. A fonte de contaminação por coliformes a 45 °C nas amostras obtidas pode ser decorrente da falta de higiene na manipulação da matéria-prima ou durante a etapa de produção do gelado comestível. Segundo Silveira et al. (2009), a contagem elevada de coliformes totais e a 45 °C indica má condição higiênicosanitária da matéria-prima e dos locais de armazenamento/produção. De acordo 43 com Evangelista (2001), a contaminação por coliformes de origem fecal provém geralmente dos indivíduos que manipulam os alimentos. Outros autores também identificaram contagens de coliformes a 45 °C acima do limite estabelecido pela legislação para amostras de gelados comestíveis. Rizzo-Benato (2004) constatou 30,4% das amostras analisadas estavam acima dos padrões estabelecidos pela legislação para coliformes a 45 °C. Gomes et al. (2006) identificou 50% das amostras com elevado índice de contaminação por coliformes a 45 °C. Silva et al. (2011) constatou 91% das amostras com contagens de coliformes a 45 °C acima dos padrões. E Pazianotti et al. (2010), com contagens elevadas de coliformes a 45 °C em 100% das amostras analisadas. Observou-se que os gelados comestíveis sabor chocolate obtiveram contagens de coliformes a 45 °C 277% superior ao sabor creme. Esta discrepância nos valores encontrados entre sabores pode ser decorrente da mistura de cada sabor. O sabor creme, para a sua produção, necessita somente da adição de essência à mistura básica. O sabor chocolate por sua vez necessita de várias matérias-primas diferentes para ser elaborado, e, consequentemente, demanda de maior manipulação, tanto da matéria-prima quanto da produção do sorvete, elevando seu potencial de contaminação. A Figura 13 ilustra a comparação dos valores obtidos de coliformes a 45 °C por sabor de sorvete amostrado. NMP.g-1 de Coliformes a 45 °C 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Chocolate Creme Sabor Figura 13 – Comparação dos valores obtidos de coliformes a 45 °C por sabor. 44 Constatou-se que o estabelecimento denominado D, sorveteria de grande porte, apresentou valores de coliformes a 45 °C na ordem de 3,5 x 103 NMP.g-1, estando 317% acima da média entre os 5 estabelecimentos amostrados (1,1 x 103) e 1521% acima da média dos estabelecimentos que obtiveram a menor contagem coliformes a 45 °C (estabelecimentos A e E, sorveterias de médio porte; média de 2,3 x 102 NMP.g-1). A diferença entre os resultados pode ser decorrente da baixa qualidade da matéria-prima utilizada para a fabricação do produto, da contaminação do produto durante sua fabricação e no ato do acondicionamento do sorvete na embalagem destinada ao consumidor. No caso do acondicionamento, a contaminação pode ser oriunda pela falta de higiene do manipulador ou pela contaminação da água utilizada na lavagem das conchas de servir. NMP.g-1 de Coliformes a 45 °C A Figura 14 ilustra a média de coliformes a 45 °C por estabelecimento. 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 A B C Empresa D E Figura 14 – Comparação dos valores obtidos de coliformes a 45 °C por empresa. 4.2 SALMONELLA sp. Os resultados das análises para Salmonella sp. estão expostos na Tabela 3. As 10 amostras analisadas na presente pesquisa não apresentaram Salmonella sp., atendendo portanto a RDC ANVISA n° 12/2001 (BRASIL, 2001). 45 Tabela 3 – Resultado da pesquisa de Salmonella sp. das amostras de gelados comestíveis. Amostra Tolerância para Amostra Indicativa* A1 (chocolate) Ausência em 25g Ausência em 25g A2 (creme) Ausência em 25g Ausência em 25g B1 (chocolate) Ausência em 25g Ausência em 25g B2 (creme) Ausência em 25g Ausência em 25g C1 (chocolate) Ausência em 25g Ausência em 25g C2 (creme) Ausência em 25g Ausência em 25g D1 (chocolate) Ausência em 25g Ausência em 25g D2 (creme) Ausência em 25g Ausência em 25g E1 (chocolate) Ausência em 25g Ausência em 25g E2 (creme) Ausência em 25g Ausência em 25g * Para gelados comestíveis de base láctea, segundo a RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). Salmonella sp. Para a pesquisa de Salmonella sp., foi utilizado o caldo GN e o caldo Rappaport Vassiliadis para enriquecimento da amostra e os meios Ágar SS e Ágar Entérico Hektoen para a desenvolvimento das colônias. Em ambos os meios escolhidos houve o crescimento de colônias, porém só quando inoculadas a partir do caldo GN. O caldo Rappaport Vassiliadis é seletivo de estirpes de Salmonella sp., enquanto o caldo GN é seletivo de bactérias Gramnegativas. No meio Ágar SS houve apenas o crescimento de colônias rosa com halo transparente, e, pela morfologia típica das colônias observadas, representam ser estirpes de Shigella flexneri. A Figura 16 ilustra as estirpes de Shigella flexneri com crescimento no meio Ágar SS. 46 Figura 16 – Estirpes de Shigella flexneri com crescimento no meio Ágar SS. Já no meio Ágar Entérico Hektoen, houve apenas o desenvolvimento de colônias amarela com halo laranja, fermentadoras de lactose. De acordo com a morfologia típica das colônias observadas, correspondem à estirpes de Escherichia coli. A Figura 17 mostra as estirpes de Escherichia coli com crescimento no meio Ágar Entérico Hektoen. Figura 17 – Estirpes de Escherichia coli com crescimento no meio Ágar Entérico Hektoen. Em nenhuma das 10 amostras analisadas houve o desenvolvimento de colônias de Salmonella sp. nos meios utilizados, portanto, todas as amostras 47 encontraram-se dentro do estabelecido pela legislação vigente para pesquisa de Salmonella sp. (ausência em 25g de amostra). A ausência de Salmonella sp. em análise de gelados comestíveis também foi constatada por Ferreira et al. (2008), Pazianotti et al. (2010) e Rizzo-Benato (2004). Já Silveira et al. (2009) constatou contaminação de 75% das amostras analisadas. Ressalta-se que, apesar de não ter tido desenvolvimento de Salmonella sp. nos meios utilizados, houve o crescimento de colônias de Shigella flexneri e Escherichia coli, bactérias patogênicas ao homem, causadoras de doenças. 4.3 ESTAFILOCOCOS COAGULASE POSITIVA Os resultados obtidos nas análises microbiológicas para enumeração de ECP estão expostos na Tabela 4. Não se evidenciou a produção de ECP nas amostras analisadas, estando todas dentro dos padrões microbiológicos exigidos pela RDC n° 12/2001 (BRASIL, 2001). Tabela 4 – Resultado da enumeração de estafilococos coagulase positiva das amostras de gelados comestíveis. Amostra -1 ECP (UFC.g )* 2 ** Tolerância para Amostra Indicativa** 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 2 5 x 10 A1 (chocolate) < 1 x 10 2 ** A2 (creme) < 1 x 10 2 ** B1 (chocolate) < 1 x 10 2 ** B2 (creme) < 1 x 10 2 ** C1 (chocolate) < 1 x 10 2 ** C2 (creme) < 1 x 10 2 ** D1 (chocolate) < 1 x 10 2 ** D2 (creme) < 1 x 10 2 ** E1 (chocolate) < 1 x 10 2 ** E2 (creme) < 1 x 10 *Média aritmética dos valores. ** Para gelados comestíveis de base láctea, segundo a RDC ANVISA n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). Constatou-se que as amostras obtiveram valores de ECP abaixo de 1 x 2 10 , estando todas dentro do padrão estabelecido pela RDC ANVISA n° 12/2001, de 5 x 102 NMP.g-1. 48 Mesmo quando produzido de forma artesanal, o processamento do gelado comestível faz-se de forma maquinizada, sem intervenção direta do manipulador, justificando assim os resultados encontrados. Segundo Ferrari et al. (2007), a ausência de ECP é explicada pelo fato do processamento de gelados comestíveis não necessitar manipulação direta pelo homem, principal fonte deste tipo de contaminação. Os valores de ECP encontrados no presente estudo condizem com as pesquisas realizadas por Ferrari et al. (2007), Ferreira et al. (2008) e Pazianotti et al. (2010), estando todos os valores encontrados dentro do padrão estabelecido de 5 x 102 UFC.g-1. Em contrapartida, há estudos que relatam contagens elevadas de ECP em sorvetes, alertando sobre o potencial risco deste alimento. Na pesquisa realizada por Rizzo-Benato (2004), das 36 amostras analisadas, 2 (5,6%) mostraram-se contaminadas com valores superiores ao estabelecidos pela legislação. Silveira et al.(2009), constataram 100% das amostras acima do padrão estabelecido pela legislação para ECP. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo pode-se verificar que 70% das amostras de sorvete analisadas encontravam-se fora dos padrões microbiológicos determinados pela RDC ANVISA n° 12/2001 para este tipo de alimento, encontrando-se impróprias para o consumo. As contagens de coliformes a 45 °C não atenderam ao preconizado pela RDC ANVISA n° 12/2001 em 7 (70%) das amostras analisadas. Os resultados apresentados, junto com os resultados citados de outros autores, servem de alerta para aos órgãos competentes, para que mantenham uma fiscalização mais eficiente, com o intuito de se evitar que a população consumidora de gelados comestíveis seja acometida por toxi-infeções de origem alimentar. Já para as pesquisas de ECP e Salmonella sp., os resultados encontrados estavam de acordo com os padrões estabelecidos, estando dentro do limite máximo tolerável para ECP e ausente para Salmonella sp em 25g. Diante dos resultados apresentados, sugere-se aos estabelecimentos utilizarem as técnicas de boas práticas na manipulação dos sorvetes, a fim de melhorar a qualidade de seus produtos. 50 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE SORVETE - ABIS. Produção e consumo de sorvetes no Brasil, 2012. Disponível em: <http://abis.com.br/estatistica_producaoeconsumodesorvetesnobrasil.html>. Acesso em 05 out. 2012. _____. Brasil é o 10° em consumo de sorvetes, 2010. Disponível em <http://www.abis.com.br/arquivos/noticia280210_1.pdf>. Acesso em 05 out. 2012. BARBOSA; A. S.; ARAUJO, A. S.; MARTINS, W. F.; RODRIGUES, M. S. A.; FLORENTINO, E. R. Avaliação do Perfil Microbiológico de Gelados Comestíveis Comercializados em Campina Grande – PB. 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