CONSELHO INTERNACIONAL DE PSORÍASE REVISÃO DE PSORÍASE DO CIP Dezembro 2009 Vol. 5, No. 3 América Latina em Foco Recursos Por ser uma organização genuinamente global, o Conselho Internacional de Psoríase (CIP) interage com profissionais de saúde que se dedicam ao tratamento da psoríase em diferentes partes do mundo. A partir deste número, a Revisão de Psoríase do CIP focará regiões específicas do mundo para compartilhar perspectivas, como uma forma de agradecimento e para incentivar o aprendizado. Nos simpósios de psoríase realizados em 30-31 de outubro de 2009 em Dallas, Texas, o CIP recebeu 26 representantes de nove países latino-americanos. Pela primeira vez, a comunidade de psoríase pôde gerar uma estimativa pontual das taxas de prevalência de psoríase e artrite psoriática na América Latina, que é uma região vasta e heterogênea (ver Tabela 1). Embora não sejam estatisticamente robustos, os dados mostram que os países da região apresentam prevalências semelhantes e comparáveis com as estimativas atuais para os Estados Unidos e a Europa. Esta edição também apresenta perspectivas sobre o tratamento da psoríase no Brasil (Prof. Jesus Santamaria), México (Drª. Nancy Podoswa) e Paraguai (Drª. Roxanna Maciel). O CIP gostaria de estender um sincero obrigado a estes colegas por suas contribuições. Tabela 1. Taxas estimadas de prevalência de psoríase na América Latina País Prevalência de psoríase Prevalência artr. psor. (nº. de respostas) (%) Média (DP) (% psor.) Média (DP) Argentina (2) Brasil (2) Chile (2) Colômbia (7) Ecuador (2) México (5) Paraguai (1) Peru (2) Venezuela (3) Média regional (26) 1,13 (0,18) 2,5 (0,71) 2 2 2,75 (3,18) 2,9 (1,24) 1 2,5 (0,71) 2,5 (1,32) 2,14 (0,92) 18, registro GAEP 15 (7,07) 13,5 (2,12) 15,42 (7,14) 10 13,8(10,96) 30 10 11,5 (3,77) 15,25 (3,88) NESTA EDIÇÃO Review of articles begins on page 3. ► América Latina em foco 1 ► Carta do presidente 2 ► Encontro com especialistas em Berlim: Tratamento de casos difíceis de psoríase 6 ► Programas do CIP: Futuros líderes em destaque 10 Revisão de psoríase para o dermatologista clínico O CIP criou um programa educativo completo sobre psoríase para dermatologistas e outros profissionais médicos, que aborda as opções de tratamento e os métodos de acompanhamento da doença. Os instrutores são Kristine Kucera, PA-C, MPAS, DHS; Craig Leonardi, M.D.; Alan Menter, M.D.; Mary Wiatrowski, R.N., DNC; e Melodie Young, ARNP. Para ver as palestras, acesse www.psoriasiscouncil.org/publications/ videos Realização de estudos clínicos de psoríase O CIP identificou uma importante necessidade de formação de profissionais de saúde interessados em pesquisa clínica nos vários aspectos da realização de estudos clínicos, inclusive clínicos, enfermeiras e administradores de pesquisa clínica. O programa é orientado pelos Drs. Craig Leonardi e Kim Papp e consiste em 15 capítulos, que abordam aspectos da realização de estudos clínicos, tanto em consultórios particulares como em ambientes acadêmicos. Trata-se de um excelente recurso, tanto para quem quer começar a realizar estudos clínicos como para médicos e profissionais mais experientes que desejam participar mais ativamente e aperfeiçoar suas habilidades em todos os principais aspectos da condução de estudos clínicos. Para mais informações, acesse http://www.psoriasiscouncil.org/chapters Para saber mais sobre o CIP, acesse www.psoriasiscouncil.org, escreva para [email protected] ou ligue para 1.800.289.0277 Carta do Presidente Prezados colegas, Em nome do Conselho Internacional de Psoríase (CIP) e dos professores Gail Todd e Sérgio Chimenti, coeditores deste número, tenho o prazer de apresentar a edição de dezembro de 2009 da Revisão de Psoríase do CIP. Como estamos no fim do ano, vale a pena rever as contribuições do CIP para a comunidade de psoríase no ano que está acabando. Em 2009, o CIP planejou e iniciou uma ambiciosa agenda de programas voltados para psoríase a fim de promover a educação, pesquisa e tratamento da doença no mundo inteiro. A agenda incluiu grandes simpósios educativos, com participantes do mundo inteiro, mesas-redondas de alto nível com os principais líderes de opinião, a maioria das quais gerou publicações em revistas científicas, e um programa-piloto para alcançar futuros líderes no campo da psoríase. Neste número, o CIP apresentará, com orgulho, os resultados obtidos em cada uma dessas áreas. Primeiro, abordaremos o tratamento da psoríase na América Latina, como parte de nossos esforços para alcançar toda a comunidade global de psoríase. Nas próximas edições deste informativo, a série “em foco” continuará a divulgar as abordagens e desafios únicos do tratamento da psoríase em várias populações no mundo inteiro. Tenho orgulho de dizer que o CIP vem atingindo seus objetivos de criar uma comunidade verdadeiramente global de psoríase. O CIP teve o prazer de participar da formação da Sociedad Latinoamericana de Psoriasis (SOLAPSO), e eu tive o privilégio de passar um dia na sociedade no Rio de Janeiro para ajudar a escrever as primeiras diretrizes latino-americanas para tratamento da psoríase. Também fui agraciado com o título de primeiro membro honorário da nova sociedade. Segundo, falaremos de um programa do CIP que começou como uma iniciativa-piloto em 2009, mas que, esperamos, se expandirá nos próximos anos e se tornará um grande programa internacional. O programa se chama Futuros Líderes e foi criado para atacar o problema da baixa procura de oportunidades de pesquisa em dermatologia por residentes. Para atingir este objetivo, vêm sendo criadas oportunidades de tutoria, pesquisa e interação com membros do CIP, visando a estimular a vontade e a paixão dos residentes na busca dos aspectos investigativos e terapêuticos da psoríase em suas carreiras. Se um de vocês membros do CIP ou colegas afiliados quiserem participar do programa, mande um e-mail para [email protected]. Neste número, a Drª. Elizabeth Farley, residente do segundo ano de dermatologia da Universidade do Texas em Houston, apresentará um estudo de caso do programa Futuros Líderes. Quadro de Diretores do CIP Prof. Jonathan Barker, Reino Unido Prof. Christopher E.M. Griffiths, Secretário Honorário, Reino Unido Robert Holland III, Estados Unidos Dr. Craig L. Leonardi, Tesoureiro Honorário, Estados Unidos Malia Tee Lewin, Estados Unidos Dr. Alan Menter, Presidente, Estados Unidos Karen Baxter Rodman, Estados Unidos, Presidente e Diretora Executiva Prof. Wolfram Sterry, Alemanha Prof. Peter van de Kerkhof, Países Baixos Melodie Young, Estados Unidos Conselheiros do CIP* Prof. Hervé Bachelez, França Dr. Ian Bruce, Reino Unido Dr. Wai-Kwong Cheong, Cingapura Prof. Andrew Finlay, Reino Unido Prof. Alberto Giannetti, Itália Drª. Alice Gottlieb, Estados Unidos Dr. Gerald G. Krueger, Estados Unidos 2 Revisão de Psoríase do CIP E terceiro, apresentaremos casos selecionados do Encontro com Especialistas do CIP, realizado no dia 8 de outubro de 2009 no congresso da EADV em Berlim, Alemanha e presidido pelo Prof. Wolfram Sterry. Em 2009, mais nove pessoas entraram para a comunidade do CIP, tanto novos conselheiros (Hervé Bachelez, M.D., Ph.D., Paris, França; Ian Bruce, M.B., B.Ch., BAO, M.D., FRCP, Manchester, Reino Unido; e Errol Prens, M.D., Ph.D., Roterdã, Países Baixos) como novos membros (Edgardo Chouela, M.D., Ph.D., Buenos Aires, Argentina; Ricardo Romiti, M.D., Ph.D., São Paulo, Brasil; Lars Iversen, M.D., DMSc, Aarhus, Dinamarca; Arnon Cohen, M.D., Ph.D., M.P.H., Tel-Aviv, Israel; Ruth Murphy, BSc., M.B., MRCP, Nottingham, Reino Unido; e Murlidhar Rajagopalan, M.D., M.B.B.S., Chennai, Índia). Agradecemos aos novos membros pela sua participação e esperamos que as interações com eles sejam longas e produtivas. O CIP mantém, no endereço www.psoriasiscouncil.org, um fórum global, que cria oportunidades de colaboração entre profissionais, aumentando o alcance da associação e acrescentando dados ao seu banco de dados global. Nossa meta é melhorar continuamente os serviços e programas que fornecemos aos profissionais de saúde que participam do tratamento da psoríase no mundo inteiro. Finalmente, gostaria de anunciar que Malia Tee deixou da direção do CIP Malia foi uma das fundadoras da organização e sua participação foi fundamental para implementar a visão do CIP, transformando-a na realidade que conhecemos hoje. Agradeço sinceramente à Malia por sua dedicação ao longo de tantos anos, e desejo-lhe o melhor em seus novos empreendimentos. Esperamos que este informativo traga conteúdo relevante e que os conhecimentos, experiências e insights de nossos membros ajudem você a avaliar e tratar os seus pacientes com psoríase. Obrigado a todos os que contribuíram e aos nossos patrocinadores, sem os quais nossas diversas atividades e publicações não seriam possíveis. Desejamos a todos um feliz ano novo. Se desejar outras cópias da Revisão de Psoríase do CIP ou mais informações sobre o CIP, acesse www.psoriasiscouncil.org. Atenciosamente, Alan Menter, M.D., Presidente Conselho Internacional de Psoríase Dr. James G. Krueger, Estados Unidos Drª. Gladys Aires Martins, Brasil Dr. Hidemi Nakagawa, Japão Prof. Jean-Paul Ortonne, França Dr. Kim Alexander Papp, Canadá Prof. Errol Prens, Países Baixos Prof. Jean-Hilaire Saurat, Suíça Dr. Fernando Stengel, Argentina Prof. John Sullivan, Austrália Drª. Gail Todd, África do Sul * O CIP concedeu a estes membros o título de Conselheiro em reconhecimento a suas importantes contribuições no ramo da psoríase. Membros do CIP Dr. Wolf-Henning Boehncke, Alemanha Dr. Robert J. G. Chalmers, Reino Unido Prof. Sergio Chimenti, Itália Prof. Edgardo Chouela, Argentina Prof. Kevin D. Cooper, Estados Unidos Prof. Esteban Dauden, Espanha Prof. Charles N. Ellis, Estados Unidos Prof. Carlos Ferrandiz, Espanha Dr. Kenneth Gordon, Estados Unidos Dr. Lars Iversen, Dinamarca Drª. Seija-Liisa Karvonen, Finlândia** Drª. Alexa B. Kimball, Estados Unidos Dr. Richard G. Langley, Canadá Dr. Mark Lebwohl, Estados Unidos Dr. Ulrich Mrowietz, Alemanha Drª. Ruth Murphy, Reino Unido Dr. Frank O. Nestle, Reino Unido Dr. David M. Pariser, Estados Unidos Dr. Carlo Pincelli, Itália Dr. Mark R. Pittelkow, Estados Unidos Prof. Jörg Prinz, Alemanha Prof. Ricardo Romiti, Brasil Profª. Mona Ståhle, Suécia Dr. Bruce Strober, Estados Unidos ** In memoriam América Latina em Foco BRASIL Jesus R. Santamaria, M.D., Universidade Federal do Parana, Curitiba, Brasil Para obter aporte científico relacionado ao tratamento da psoríase, a Sociedade Brasileira de Dermatologia reuniu um grupo de 22 dermatologistas no âmbito do projeto de elaboração de diretrizes para o tratamento das principais dermatoses. Este grupo de especialistas desenvolveu, sob a coordenação da Drª. Maria Denise Fonseca Takahashi, o primeiro Consenso Brasileiro de Dermatologia, que foi publicado em 2006, atualizado este ano e distribuído a todos os departamentos e membros credenciados da Sociedade. As diretrizes são divididas em 15 capítulos nas seguintes categorias: epidemiologia, etiologia, imunopatologia, genética, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Devido a crescentes evidências, as comorbidades observadas em pacientes psoriáticos também receberam destaque. No algoritmo de tratamento da psoríase moderada a sistêmica, o consenso sugere iniciar o tratamento com metotrexato e acrescentar acitretina se o paciente não responder ou desenvolver tolerância. Em casos onde não houver indicação, refratários ou em que os tratamentos anteriores tenham causado efeitos adversos, podem-se indicar a ciclosporina ou agentes biológicos. Além disso, a dose cumulativa de metotrexato para indicação de biopsia hepática foi estabelecida em 3,5 a 4 g, de acordo com a tendência das recomendações da AAD. O sistema público de saúde fornece gratuitamente medicamentos tópicos (corticoides) e os medicamentos sistêmicos tradicionais (metotrexato, ciclosporina e acitretina) aos pacientes que não podem comprá-los. A fototerapia e os agentes biológicos ainda não foram incluídos no protocolo do sistema público de saúde. Em algumas cidades e estados, os sistemas de saúde público e complementar oferecem cobertura, mas muitos pacientes só conseguem obter os medicamentos recorrendo à Justiça. O grupo de especialistas recomendou que as autoridades de saúde garantam aos pacientes com psoríase acesso a todos os tratamentos disponíveis e que a escolha do melhor tratamento para um determinado paciente seja prerrogativa do médico. MÉXICO Nancy Podoswa, M.D., Instituto de Investigaciones Biomédicas, Universidad Nacional Autónoma de México, México DF, México A abordagem ao estudo e tratamento da psoríase no México enfrenta vários desafios e problemas. Os estudos epidemiológicos sobre a doença ainda são poucos e pequenos; logo, não sabemos bem a real magnitude do problema: não temos números, não sabemos a porcentagem de casos graves ou os efeitos da doença sobre a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a maioria dos dermatologistas concorda, com base nesses pequenos estudos, que a doença acomete cerca de dois porcento da população mexicana, ou seja, são pelo menos dois milhões de pessoas com psoríase. Este número talvez não corresponda à realidade, pois muitos mexicanos não têm acesso a serviços médicos e a doença pode ficar sem diagnóstico ou ser diagnosticada incorretamente. Dezembro 2009 3 América Latina em Foco Mesmo assim, quase todos os especialistas concordam que a psoríase é um dos problemas mais comuns em dermatologia e que está entre as dez doenças de pele mais comuns. Em algumas instituições, a psoríase é o quinto diagnóstico dermatológico mais frequente, superado apenas por doenças como acne, verruga vulgar, dermatite atópica e alguns tumores benignos da pele. Por outro lado, creio que um dos maiores problemas no tratamento da psoríase é a enorme falta de conhecimento sobre a doença, observada tanto entre pacientes como, infelizmente, entre profissionais de saúde. O México é um país em desenvolvimento, onde a medicina popular ainda é muito praticada e muitos pacientes não sabem nada sobre a sua doença. Muitos deles se desesperam e buscam tratamentos bizarros, tornando-se vítimas de charlatães e vigaristas. Com isso, o diagnóstico é retardado e o paciente fica sem tratamento, sofre perdas econômicas pessoais e, às vezes, complicações clínicas. Também é importante lembrar que, embora a psoríase seja uma doença dermatológica paradigmática, cujo estudo é obrigatório nas faculdades de medicina e em diversos programas de residência (medicina interna, medicina de família e, é claro, dermatologia), o desconhecimento e o desinteresse dos médicos pela doença são notórios. As autoridades de saúde e maioria dos médicos não-dermatologistas consideram a psoríase uma doença sem importância, que não mata, cujo principal efeito é psicológico e que, por isso, não requer tratamentos sofisticados. Diante disso, é difícil obter recursos para ensino, estudo e tratamento da doença. Finalmente, não podemos deixar de mencionar que os dermatologistas se interessam cada vez menos pelas doenças de pele e vêm de dedicando aos aspectos cosméticos da especialidade em vez de ao estudo profundo e tratamento das doenças de pele. Neste contexto, notamos que muitos pacientes com psoríase grave não vêm recebendo tratamento apropriado. A maioria continua a ser tratada com medicamentos tópicos, e há certa resistência dos dermatologistas, por falta de conhecimento ou inexperiência, ao uso de tratamentos sistêmicos nas formas moderadas a graves da doença. Estas observações são compatíveis com dados obtidos de outros países, tais como pesquisas realizadas pela National Psoriasis Foundation dos Estados Unidos. PARAGUAI Roxana Maciel, M.D., Maciel Stetica Medica S.R.L., Paraguai O Paraguai é um país sem saída para o mar, localizado no centro da América do Sul e que faz fronteira com a Argentina, Brasil e Bolívia Trata-se de um país continental, localizado a 800 km do Oceano Pacífico e a 600 km do Oceano Atlântico, com 6.831.306 habitantes e 14,63 habitantes/km2. A população se concentra na parte oriental do país e é 60,4% urbana. A cidade mais populosa é Assunção, capital do país, com 515.662 habitantes, e a principal etnia é a mestiça (mistura de espanhol e ameríndio), que forma 95% da população. ATENDIMENTO HOSPITALAR O Instituto de Previsión Social (IPS) mantém vários hospitais, clínicas em regiões periféricas e postos de saúde por todo o país, que atendem a 1.000.000 de segurados. A cobertura do IPS abrange todos os trabalhadores formais do país, funcionários das agências descentralizadas do estado, joint-ventures, professores dos setores público e privado e até empregados domésticos e veteranos da Guerra do Chaco. 4 Revisão de Psoríase do CIP América Latina em Foco Uma das virtudes do sistema é que seus benefícios se estendem às esposas e parceiros, crianças e pais dependentes dos segurados. O atendimento inclui consultas, exames laboratoriais, patologia, radiologia, hospitalização, cirurgia, diálise, transplante e fornecimento de uma lista de medicamentos. As especialidades médicas disponíveis nos consultórios são as seguintes: alergia e imunologia, cardiologia, cardiologia pediátrica, cirurgia cardíaca, cirurgia geral, cirurgia pediátrica, cirurgia vascular, clínica médica, infectologia, dermatologia, dermatologia pediátrica, endocrinologia, endocrinologia pediátrica, ginecologia, gastroenterologia, hematologia, pneumologia, pneumologia infantil, obstetrícia, oftalmologia, oftalmologia pediátrica, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia, psicologia, pediatria, proctologia, reumatologia, reumatologia pediátrica, e urologia. O serviço de dermatologia conta com seis dermatologistas, inclusive um dermatologista pediátrico e quatro residentes. Entre 1º de janeiro e 30 de outubro de 2009, 510.457 pacientes foram tratados nas clínicas do IPS, sendo que os dermatologistas atenderam 15.777 pacientes no mesmo período, 313 deles diagnosticados com psoríase. Nenhum dos pacientes com psoríase era de raça indígena. O mais importante é que alguns pacientes vêm, uma vez ao mês, receber seus medicamentos. Como o Paraguai tem um clima bastante ensolarado, alguns dermatologistas receitam “helioterapia” (exposição controlada ao sol). Por causa disso, o número de pacientes diagnosticados com psoríase diminui nos meses de janeiro a fevereiro devido às temperaturas mais elevadas (32 a 34 ºC em média). No Hospital Central de Assunção, o número de consultas a dermatologistas foi de 442, dos quais oito tiveram o diagnóstico de psoríase. Em uma pesquisa que está sendo realizada em 50 pacientes com psoríase, a maioria apresentou aumento da circunferência abdominal, distúrbios da homeostasia da glicose, níveis anormais de triglicerídios e diagnóstico de hipertensão, o que aponta para uma associação comórbida entre a psoríase e diversas sequelas cardiovasculares. O IPS fornece a seus segurados ciclosporina e metotrexato para tratamento oral e clobetasol e ácido salicílico a 6% em vaselina para tratamento tópico. Nosso serviço de dermatologia não dispõe de medicamentos biológicos, mas o serviço de reumatologia emprega adalimumabe no tratamento de 40 pacientes por ano, inclusive três portadores de artrite psoriática. Foi criada uma iniciativa de medicina preventiva chamada ASURIESGO para ajudar a modificar o estilo de vida de pacientes com psoríase. O objetivo é controlar o peso, pressão arterial, colesterol, triglicerídios e níveis de glicose por meio de exames frequentes. A iniciativa convida os pacientes a prevenirem suas doenças por meio de exercício, controle da dieta e educação sobre prevenção e é voltada a pacientes psoriáticos com resultados anormais em exames laboratoriais. MEDICINA PARTICULAR Os tratamentos orais mais utilizados são o metotrexato e a acitretina, que são vendidos com receita médica. No entanto, alguns pacientes obtêm o tratamento na farmácia sem receita, o que dificulta o acompanhamento. A ciclosporina é um medicamento caro e, por isso, pouco usado; medicamentos como coaltar, liquor carbonis detergens e tazaroteno precisam ser preparados em farmácias de manipulação, pois não há formulações disponíveis comercialmente; enquanto outros como pimecrolimus, tacrolimus e calcipotriol podem ser comprados em países vizinhos. Existe um único centro de tratamento com luz ultravioleta, localizado em um centro de dermatologia e disponível apenas para pacientes particulares. Dezembro 2009 5 Encontro com Especialistas Tratamento de casos difíceis de psoríase O último Encontro com Especialistas do CIP foi realizado em 8 de outubro de 2009, em Berlim, na Alemanha, sob a direção de Wolfram Sterry. Quatro casos de psoríase de difícil tratamento foram apresentados ao nosso painel de especialistas, formado por Jonathan Barker (Reino Unido), Alan Menter (EUA) e Peter van de Kerkhof (Países Baixos). Apresentamos aqui um resumo dos principais tópicos e discussão desses quatro casos. CASO 1: Mulher de 36 anos, grávida e com exacerbações de psoríase pustulosa. História e apresentação: A paciente tinha história de psoríase em placas há 15 anos sem artrite psoriática e não havia respondido bem aos tratamentos sistêmicos padrão, inclusive metotrexato e ciclosporina, mas o etanercept 25 mg a cada dois semanas manteve a doença controlada por cerca de dois anos. Quando a paciente decidiu engravidar, o etanercept foi interrompido e foi iniciada ciclosporina 150 mg 2x/dia três meses antes da concepção. Na 20ª semana de gravidez, ela sofreu uma exacerbação (Figura 1A), com psoríase pustular inflamatória de von Zumbusch (Figura 1B). Que opções de tratamento poderiam ser indicadas? Alan pensaria em usar um bloqueador do fator de necrose tumoral (TNF), pois a paciente respondeu bem ao etanercept no passado, talvez associado com prednisona em baixas doses. Peter achou que havia indicação de tratamento sistêmico, mas que a fototerapia ou os tratamentos tópicos seriam mais seguros em pacientes com exacerbações deste tipo e magnitude. Neste caso, o bloqueio de TNF com etanercept poderia seria indicado. Evolução clínica: A paciente foi tratada com prednisolona e cuidadosamente acompanhada pelo obstetra, mas todas as tentativas de retirar a prednisolona produziram exacerbações semelhantes àquelas que ocorreram quando ela tentou interromper a ciclosporina (Figura 1). Posteriormente, os sintomas foram estabilizados com um breve tratamento combinado com prednisolona, ciclosporina e etanercept. A gravidez foi complicada por pré-eclâmpsia e intolerância à glicose, mas após 35 semanas a paciente deu à luz um menino saudável por cesariana eletiva. A psoríase desapareceu um mês após o parto. Discussão: Durante a gravidez, 60% dos casos de psoríase melhoram, 20% pioram e 20% se mantêm estáveis. Também são comuns as exacerbações pós-parto, e existe ainda o problema da exposição às drogas durante o aleitamento. Em reumatologia, é descrito um padrão de malformações fetais, cuja incidência é rara, designado pelo acrônimo VACTERL (envolvimento vertebral, anal, cardíaco, traqueal, esofágico, renal e dos membros [limb em inglês]) em bebês de mães tratadas com antagonistas de TNF. Pacientes grávidas com psoríase grávida continuam sendo um desafio. 6 Revisão de Psoríase do CIP A. B. Figure 1. 1. A) A) Exacerbação Psoriasis flarede with B) von Zumbush pustular Figura psoríase com B) psoríase inflammatory psoriasis.de von Zumbusch. pustular inflamatória Encontro com Especialistas CASO 2: Homem de 66 anos com atrite psoriática grave e alveolite por metotrexato. História e apresentação: O paciente tinha história de psoríase em placas há 30 anos com artrite psoriática há 20 anos, que causou mutilação dos dedos (Figura 2) e artelhos, além de comorbidades com hipertensão arterial, insuficiência renal crônica e hiperlipoproteinemia. Nos três anos antes da consulta, ele foi tratado com acitretina, leflunomida, metotrexato, AINEs e um derivado da vitamina D de uso tópico. Na consulta, havia placas eritematodescamativas cobrindo a maior parte da superfície corporal e pústulas visíveis, compatíveis com uma exacerbação aguda dos sintomas cutâneos, e queixas de dor articular intermitente nos dedos e artelhos. O paciente foi tratado com infliximabe (5 mg/kg), que produziu melhora significativa dos sintomas cutâneos e articulares após a segunda infusão e remissão total dos sintomas após a terceira infusão. Cinco meses após a primeira infusão, as dores articulares retornaram e a creatinina sérica subiu para 1,89 mg/dL. O paciente foi tratado com acompanhamento do nefrologista e a posologia foi reduzida, com aumento do intervalo entre as doses para seis semanas. Cerca de dois anos mais tarde, as dores articulares pioraram e foram acrescentados tilidina e naloxona (10 mg/dia) ao esquema terapêutico com infliximabe. Cinco meses mais tarde, houve piora acentuada da dor articular e edema das articulações do tornozelo (Figura 3). O infliximabe foi interrompido e o paciente passou a receber adalimumabe (dose de ataque seguida de 40 mg em semanas alternadas) e metotrexato (7,5 mg/semana), com redução significativa da dor articular após duas semanas e melhora dos sintomas cutâneos (redução de 84% do escore PASI) após três meses de tratamento. Figura 2. Artrite psoriática mutilante com posicionamento vicioso do polegar e do indicador. Após três meses de tratamento combinado com adalimumabe e metotrexato, o paciente sofreu insuficiência respiratória aguda e progressiva acompanhada de tosse seca e sem febre. Esses sintomas pioraram e o paciente foi internado na unidade de terapia intensiva. Uma tomografia computadorizada não revelou sinais de infiltração pulmonar, mas constatou aumento de sinal em todo o pulmão. Uma broncoscopia mostrou linfocitose bem definida. A proteína C reative (PCR) era de 23 mg/dL. A Figura 4 mostra uma radiografia de tórax, que revelou sinais de alveolite. Qual a causa da alveolite e dos sintomas respiratórios? Figura 3. Edema das articulações dos tornozelo. Não havia sinais de doenças infecciosas virais, bacterianas ou fúngicas nem de doenças autoimunes, e o metotrexato é uma causa conhecida de alveolite. Evolução clínica: O metotrexato e o adalimumabe foram retirados e o paciente foi tratado com corticoides sistêmicos na dose inicial de 100 mg/dia, que depois foi reduzida aos poucos. Os sintomas clínicos regrediram rapidamente e os níveis de PCR caíram para zero. O adalimumabe foi reiniciado (dose de ataque seguida de 40 mg em semanas alternadas). O paciente apresentava dor articular leve nos dedos e seu escore PASI era de 5. Figure4. 4. Radiografia Chest x-ray showing Figura de tóraxdrugDiscussão: A alveolite por metotrexato é mais comum em pacientes com induced alveolitis. mostrando alveolite medicamentosa. artrite reumatoide, mas os dermatologistas também precisam lembrar desta complicação, cuja incidência não depende da dose ou da duração do tratamento com metotrexato. Devem-se fazer radiografias de tórax iniciais antes de se iniciar metotrexato e os pacientes devem ser orientados a procurar imediatamente o médico em caso de tosse seca e persistente. Estes pacientes não devem tornar a usar metotrexato. Dezembro 2009 7 Encontro com Especialistas CASO 3: Homem de 60 anos, obeso, com psoríase, artrite psoriática e outras comorbidades significativas, com necessidade de orientação quanto ao estilo de vida. História e apresentação: O paciente tinha história de psoríase há 17 anos e artrite psoriática há dois anos. No momento da apresentação, a psoríase envolvia 40% da superfície corporal, o escore PASI era 26 e havia placas discoides generalizadas no tronco e nos membros (Figura 5A e 5B) e doença ativa no couro cabeludo (Figura 5C). O paciente já havia recebido diversos tratamentos tópicos, fototerapia e metotrexato sistêmico (cinco anos com dose média de 15 mg/semana; uma biopsia hepática após 3450 mg de dose cumulativa mostrou anomalias estágio II), acitretina (quatro anos), 6-tioguanina (um ano), alefacept (um ciclo de 12 semanas) e efalizumab (oito meses). Entre as comorbidades, havia obesidade grave (IMC 41 kg/m2), cardiopatia (marcapasso), diabetes melito insulinodependente, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, deficiência visual e depressão, para as quais o paciente vinha usando 12 medicamentos receitados além das drogas para a psoríase e artrite psoriática. Qual o tratamento mais apropriado para este paciente? O infliximabe foi sugerido como possível opção de tratamento porque sua dose pode ser ajustada de acordo com o peso do paciente. A. B. Evolução clínica: O infliximabe foi iniciado na dose inicial de 5 mg por oito semanas após doses de condicionamento nas semanas 0, 2 e 6. A posologia atual é de 8 mg/kg a cada seis semanas. O metotrexato (15 mg/semana) foi reiniciado no início do tratamento com infliximabe e atualmente a pele do paciente está 90% íntegra e há apenas pápulas isoladas. Desde então, as C. comorbidades não se exacerbaram e o paciente vem tendo excelente qualidade de vida, pois a regressão dos problemas cutâneos levou à melhora dos sintomas de depressão e o paciente começou a se exercitar. Discussão: Em pacientes com complicações cardíacas, os dermatologistas precisam trabalhar junto com os cardiologistas para selecionar os melhores medicamentos. Figure 5. 5: A) A) Plaque Psoríase em placas notrunk tronco psoriasis on the andelimbs, B) Alguns novos dados indicam que os bloqueadores de TNF membros, Placas discoides confluentesand C) generalizedB) discoid plaques with confluence, podem melhorar a função cardíaca. Os dermatologistas scalp psoriasis. e C) Psoríase no couro cabeludo. generalizadas devem orientar seus pacientes obesos sobre a necessidade de perder peso, pois alguns tratamentos sistêmicos para psoríase podem causar ganho ponderal. A melhora dos sintomas cutâneos ajudou este paciente a modificar significativamente seu estilo de vida. CASO 4: Mulher de 58 anos com comorbidades significativas e psoríase refratária. História e apresentação: A paciente tinha história de psoríase em placas há 21 anos, com grande área acometida, episódios frequentes de eritrodermia e hospitalizações três a cinco vezes por ano. Entre as comorbidades, havia diabetes melito tipo II, obesidade, hipertensão, dislipidemia, fibrose hepática grau IIIB e insuficiência renal. A paciente era fumante, usava álcool e já havia sido tratada com medicamentos tópicos, fototerapia, medicamentos sistêmicos (metotrexato e ciclosporina, que causaram fibrose hepática e problemas renais, respectivamente), fumaratos, acitretina e salazoprina. Nenhum desses tratamentos foi eficaz. Qual a opção de tratamento mais apropriada para este paciente? Jonathan sugeriu usar um bloqueador de TNF se não houvesse contraindicações, ou talvez hidroxiureia se não houvesse agentes biológicos disponíveis no país. 8 Revisão de Psoríase do CIP Encontro com Especialistas A. B. Figura 6. Psoríase em placa antes (A) e seis meses depois (B) do tratamento com ustekinumabe. Evolução clínica: Foi tentado tratamento com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6 e 14; a paciente também vinha usando simvastatina, insulina e rosiglitazona. O infliximabe mostrou-se ineficaz e foi interrompido na semana 14, e tratamentos subsequentes com micofenolato de mofetila, tacrolimus e acitretina e ciclosporina mais acitretina também não foram eficazes. Foi tentado um esquema tríplice com infliximabe, ciclosporina e acitretina, mas o paciente apresentou uma reação anafilactoide e o infliximabe do esquema tríplice foi substituído por adalimumabe. Após uma melhora acentuada nas primeiras 12 semanas de uso deste esquema, ele deixou de ser eficaz e a paciente foi hospitalizada com eritrodermia. Como a paciente havia desenvolvido anticorpos anti-adalimumabe, foi iniciado tratamento com ustekinumabe, um anticorpo que bloqueia as interleucinas IL-12 e IL-23, combinado com acitretina (60 mg/dia). O ustekinumabe foi administrado na dose de 45 mg nas semanas 0, 4 e 16 e depois mantido na dose de 90 mg a cada oito semanas. A Figura 6 mostra os resultados antes e depois de seis meses de tratamento com ustekinumabe. Palestrantes do programa Encontro com Especialistas: Da esquerda para a direita, Alan Menter, M.D., Wolfram Sterry, M.D., Peter van de Kerkhof, M.D., Ph.D. e Jonathan Barker, M.D. Dezembro 2009 9 Programas do CIP Futuros Líderes em Destaque Por Elizabeth Farley, M.D. A Drª. Elizabeth Farley se formou em medicina pela Universidade do Texas em Houston e concluiu a residência no Baylor University Medical Center em Dallas, onde trabalhou com o Dr. Menter e publicou um artigo sobre psoríase palmoplantar no Journal of the American Academy of Dermatology. Atualmente, ela está em um programa de residência médica organizado em parceria pela Universidade do Texas e pelo MD Anderson Cancer Center in Houston, Texas. Aprendendo com especialistas: Minha experiência com o Programa de Tutoria do IPC Durante a minha vida educacional, percebi um paradoxo: por mais que eu aprendesse sobre alguma coisa, mais descobria que havia coisas que eu ainda não sabia. E isso é ainda mais verdadeiro em medicina. Ao expandir nosso conhecimento além da anatomia e da fisiologia e chegar á genética e à imunossinalização, estamos sempre descobrindo novas questões, encontrando novas perguntas e buscando definir melhor os mecanismos das doenças. O que podemos fazer para influenciar estes mecanismos? Pensando nisto, descobri que quem mais me ensinou foram os tutores e médicos que haviam dominado a arte da pergunta. Acho que eles compartilhavam essa paixão por aprender e buscar novas perguntas. Quando trabalhei com os Drs. Alan Menter e Craig Leonardi, tive a oportunidade de buscar e encontrar respostas para algumas perguntas fascinantes no campo da psoríase. Quando trabalhei com eles, encontrei casos clínicos dificílimos, e isso me levou a fazer perguntas difíceis e a buscar respostas acadêmicas. Na semana que passei na clínica do Dr. Leonardi, vi uma paciente com psoríase grave que vinha sendo bem controlada com adalimumabe, mas descobriu que estava grávida. Isso leva à pergunta: o tratamento da psoríase, seja sistêmico ou com agentes biológicos, deve continuar durante a gravidez? Medicamentos como acitretina, metotrexato e PUVA são obviamente contraindicados, mas a ciclosporina e muitos medicamentos biológicos não parecem causar problemas significativos durante a gravidez ou defeitos de nascimento. Diante destas informações, a paciente optou por interromper os medicamentos durante a gravidez, mas, felizmente, a psoríase continuou bem controlada apenas com medicamentos tópicos. A paciente deu à luz um bebê saudável, mas sofreu uma grave exacerbação pós-parto — uma complicação comum. Ela queria muito voltar a tomar adalimumabe, mas também desejava amamentar o bebê. Diversos problemas nos vieram à cabeça: medicamentos biológicos são secretados no leite materno? Eles podem ser absorvidos pelo trato gastrointestinal de uma criança? Quais seriam as implicações para o sistema imunológico do bebê e para as vacinações? Fizemos uma busca na literatura e encontramos resultados conflitantes sobre os três principais agentes anti-TNFα usados para tratar a psoríase: o etanercept atravessa a placenta, mas atinge concentrações muito menores no feto que nas pacientes grávidas, e foi identificado no leite materno, mas não parece ser bem absorvido pelo trato gastrointestinal da criança.1 São achados lógicos, pois são moléculas grandes, que são mal absorvidas por adultos e precisam ser administradas por via injetável; o infliximabe, por sua vez, parece não atravessar facilmente a placenta, embora a passagem seja mais acentuada durante o terceiro trimestre, e também não é excretado durante o aleitamento.2 E, para o adalimumabe, não havia informações sobre a passagem transplacentária ou a concentração no leite materno.3 Com estes conhecimentos, pudemos informar à paciente que não havia estudos sobre a relação 10 Revisão de Psoríase do CIP Programas do CIP entre adalimumabe e aleitamento, que alguns medicamentos biológicos parecem ser secretados durante o aleitamento e que era improvável que o bebê absorvesse o medicamento, mas era impossível de dizer ao certo, pois não havia testes disponíveis comercialmente para detectá-lo. A paciente foi orientada a não tomar adalimumabe e amamentar ao mesmo tempo e a alimentar o bebê com fórmulas se quisesse reiniciar o adalimumabe. Se o medicamento fosse absorvido, havia a possibilidade de infecção e alterações da respostas do bebê à vacinação. Será que há outros fatores desconhecidos, como efeitos sobre a mielinização ou outros processos de desenvolvimento? São perguntas sem resposta. Também tive a excelente oportunidade de passar mais de um mês na clínica do Dr. Menter logo antes de começar a residência em dermatologia. Vimos muitos pacientes com psoríase debilitante, e eu logo percebi que não há correlação direta entre a gravidade da doença e a extensão do envolvimento da superfície corporal ou a espessura das placas. Vimos também muitos pacientes com psoríase invertida grave e acometimento palmoplantar. Em muitos casos, a doença envolvia apenas 4–5% da pele do corpo do paciente, mas comprometia severamente a capacidade de trabalhar e a qualidade de vida, em especial a relação com a família e os amigos. Mas a grande lição veio quando eu percebi como era difícil obter autorização para dar tratamento sistêmico a esses pacientes e que eles não podem participar da maioria dos estudos clínicos. Surgiu então o problema de quantificar a gravidade da doença e a resposta ao tratamento desses pacientes. Para resolvê-lo, nós criamos, em parceria com ortopedistas especializados em mão e pé, uma ferramenta de avaliação para quantificar os déficits destes pacientes, que ajudará, esperamos, a quantificar a resposta ao tratamento e, com isso, facilitará a criação de clínicos para avaliar as necessidades de tratamento dos portadores destas formas recalcitrantes de psoríase. Algumas de minhas melhores experiências com o Conselho Internacional de Psoríase foram as reuniões com especialistas do mundo inteiro. Em setembro de 2008, tive o privilégio de assistir a uma reunião sobre comorbidades em Dallas, no Texas, e tive acesso a uma sala cheia de especialistas internacionais em vários tópicos. Após um dia de apresentações que definiram os problemas, eu pude assistir e participar de estudos criados para encontrar as respostas. Um exemplo foi a associação comprovada entre síndrome metabólica e psoríase. Para nós dermatologistas, é difícil saber o que é mais importante. Na reunião, os especialistas projetaram um registro de pacientes pediátricos, que permitirá acompanhar as variações do IMC e da saúde de crianças portadoras de psoríase. Eu compareci também, há pouco mais de um mês, a uma reunião do CIP em Dallas, no Baylor Hospital, elaborada para 30 dermatologistas de nove países latino-americanos. O grupo discutiu a prevalência da psoríase, as associações metabólicas da doença, especialmente no México, e o uso de PUVA pelo mundo. A via IL-12/IL-23 e alvos mais distais (p.ex. IL-17) também foram discutidas em profundidade. Finalmente, trabalhar com os médicos do Conselho Internacional de Psoríase foi uma experiência educacional maravilhosa, em que eu obtive tutoria e orientação duradouras, pelas quais sou imensamente grata. Referências 1. Murashima A, Watanabe N, Ozawa N et al. Etanercept during pregnancy and lactation in a patient with rheumatoid arthritis: drug levels in maternal serum, cord blood, breast milk and the infant’s serum. Ann Rheum Dis. 68(2009):1793-4. 2. Kane S, Ford J, Cohen R et al. “Absence of infliximab in infants and breast milk from nursing mothers receiving therapy for Crohn’s disease before and after delivery.” J Clin Gastroenterol. 43(2009)613-6. 3. Gisbert JP. “Safety of immunomodulators and biologics for the treatment of inflammatory bowl disease during pregnancy and breast-feeding.” Inflamm Bowel Dis. (2009)epub. Dezembro 2009 11 REVISÃO DE PSORÍASE DO CIP AGRADECIMENTOS O CIP gostaria de agradecer a Wolfram Sterry, M.D., professor e diretor do Departamento de Dermatologia do University Hospital Charité, Humboldt University, Berlim; Jonathan Barker, M.D., professor, diretor de dermatologia e chefe do St. John’s Institute of Dermatology, Londres; Alan Menter, M.D., Presidente do CIP e chefe da Divisão de Dermatologia do Baylor University Medical Center, diretor de pesquisa em psoríase do Baylor Research Institute e professor de dermatologia clínica da Southwestern Medical School da Universidade do Texas em Dallas e a Peter van de Kerkhof, M.D., Ph.D., professor e diretor do Departamento de Dermatologia do University Medical Centre de St. Radboud Nijmegen, nos Países Baixos, por sua participação no programa Encontro com Especialistas, realizado pelo CIP em Berlim. REVISÃO DE PSORÍASE Coeditores Gail Todd, M.D. Sergio Chimenti, M.D. Autores Paul Tebbey, Ph.D., M.B.A. Julie Gage, Ph.D. Finalmente, o CIP gostaria de agradecer aos coeditores Gail Todd, M.D., Professora e Chefe da Divisão de Dermatologia da Universidade da Cidade do Cabo e do Hospital Groote Schuur, na África do Sul, e a Sergio Chimenti, M.D., Professor e Diretor do Departamento de Dermatologia da Universidade de Roma “Tor Vergata”, na Itália por sua participação e contribuição editorial para o número de dezembro de 2009 da Revisão de Psoríase do CIP. DECLARAÇÕES DE INTERESSE FINANCEIROS DOS PARTICIPANTES O Prof. Barker foi palestrante ou membro de conselho consultivo da Schering-Plough, Wyeth, Abbott, Merck-Serono, Janssen-Cilag e Novartis; o Dr. Menter foi consultor, pesquisador, palestrante ou membro conselho consultivo da Abbott, Allergan, Amgen, Astellas, Asubio, Celgene, Centocor, Eli Lilly, Galderma, Genentech, Novartis, Novo Nordisk, Pfizer, Promius, Stiefel, Syntrix Biosystems, Warner Chilcott e Wyeth. O Prof. Sterry trabalhou como consultor, pesquisador, palestrante ou membro de conselho consultivo pela Schering-Plough, Wyeth, Abbott, Merck Serono e Janssen-Cilag. O Prof. van de Kerkhof atuou como consultor para a Schering-Plough, Cellgene, Centocor, Almirall, UCB, Wyeth, Pfizer, Soffinova, Abbott, Actelion, Galderma, Novartis, Janssen-Cilag e Leo Pharma e como pesquisador para Centocor, Wyeth, Schering-Plough, Merck Serono, Abbott e Philips Lighting. Melodie Young foi palestrante ou membro do conselho da Abbott, Amgen, Astellas, Centocor, Coria Laboratories, Genentech e dos laboratórios Stiefel. A Profª. Todd foi a pesquisadora principal em diversos estudos de pesquisa aplicada em medicamentos realizados na África do Sul, atuou como consultora para a Procter & Gamble e participou do conselho consultivo da Schering-Plough. Nenhuma destas consultorias foi remunerada. O Prof. Chimenti trabalhou como consultor, palestrante e membro do conselho consultivo da Schering-Plough, Cellgene, Centocor, Genentech, Almirall, UCB, Wyeth, Pfizer, Abbott, Novartis, Janssen-Cilag e Leo Pharma. O CIP gostaria de reconhecer a contribuição das seguintes empresas patrocinadoras pelas verbas educacionais fornecidas ao Conselho. Estas atividades foram planejadas e implementadas de acordo com a política de planejamento de programas do CIP. Todo o conteúdo é de responsabilidade exclusiva do CIP. Reuniões com Especialistas: Abbott Laboratories, Galderma, Janssen-Cilag, and Pfizer Programa Futuros Líderes: Amgen/Pfizer, Galderma, Centocor Revisão de psoríase do CIP, agora também em espanhol e em português: Amgen/Pfizer, Abbott, Centocor, Galderma, Janssen-Cilag Simpósio de Psoríase do CIP em 2009: JJPS O Conselho Internacional de Psoríase é uma organização global sem fins lucrativos, dedicada a promover a pesquisa e o tratamento da psoríase; é um espaço para educação, colaboração e inovação, do qual participam médicos, pesquisadores e outros profissionais interessados em psoríase. 12 Revisão de Psoríase do CIP