Disciplina: Alterações metabólicas da obesidade mórbida
Professora: Maria Isabel Toulson Davisson Correia
Aluna: Juliana Inacio Costa Há alguma base para indicação de óleo de coco para perda de peso? O óleo de coco é gordura saturada, composta por aproximadamente 70 a 80%
de ácidos graxos de cadeia média (AGCM). O fato do óleo de coco possuir alto teor de
AGCM, diferentemente de outras gorduras saturadas, faz com que tenha
comportamento metabólico distinto em virtude das
características estruturais
(Rodrigues, 2012).
Os triacilgliceróis, presentes no óleo de coco, são hidrolisados pela lipase
gástrica, gerando monoacilglicerol e AGCM que são oxidados mais rapidamente que os
triglicerídeos. Os AGCM são absorvidos no duodeno e, atingem a corrente sanguínea
diretamente, não sendo significativamente incorporados a lipoproteínas (quilomícrons e
VLDL) como seriam os ácidos graxos de cadeia longa. A particularidade físico-química
dos ACGM é a cadeia de carbono encurtada. Tal fato lhes confere maior solubilidade
aquosa já que são curtos o suficiente para serem hidrossolúveis, necessitam de menos
sais biliares para
solubilização, não são reesterificados nos enterócitos e, são
transportados como ácidos graxos livres, ligados à albumina, pelo sistema portal. Como
a taxa de fluxo do sangue portal é 250 vezes mais rápida que o fluxo da linfa, os AGCM
são digeridos rapidamente e não são afetados pelos fatores intestinais que inibem a
absorção de gordura. Os AGCM não são armazenados no tecido adiposo, mas são
oxidados em ácido acético (Costa e Rosa, 2010 e Krause et al, 2010).
São poucos os estudos que avaliaram a suplementação do óleo de coco e
consequente impacto no perfil lipídico em humanos. Os defensores do óleo de coco se
baseiam na teoria de que os AGCM são facilmente oxidados a lipídeos e não
armazenados no tecido adiposo, quando comparados aos ácidos graxos de cadeia longa
(AGCL). Por esta inferência, e pelo fato do óleo de coco ser rico em AGCM e pobre em
AGCL, o uso deste poderia ter efeito no tratamento da obesidade (Rodrigues, 2012).
Liau e colaboradores (2011) realizaram
estudo em 20 indivíduos com
suplementação de óleo de coco virgem e encontrou diminuição da circunferência
abdominal nos indivíduos do sexo masculino. Nagao e colaboradores (2010) relataram
que o triglicerídeo de cadeia média (TCM) inibe a deposição de gordura por aumentar a
termogênese e a oxidação da mesma. Marten e colaboradores (2006) afirmaram que o
TCM ao regular a diminuição da expressão de genes adipogênicos reduz a massa gorda
e ativa a proliferação de peroxissomos (que atuam diretamente na oxidação). Esses
autores também relataram que consumo de TCM superior a 25 – 30 g/dia pode causar
náuseas, vômitos, cólicas e diarreia. Em tal estudo, não encontrou-se risco de
cetoacidose associada ao consumo normal de TCM.
O consumo de óleo de coco foi avaliado em ratos por Naghii e colaboradores
(2012) que observaram que, apesar do alto teor de gordura saturada, o óleo de coco
parece ter efeitos benéficos para a saúde cardiovascular, desde que consumido em doses
moderadas.
Atualmente o uso do óleo de coco para auxílio ao emagrecimento tem recebido
grande destaque da mídia. A busca por meios fáceis, rápidos e até milagrosos para
perda de peso tem levado pessoas a consumir produtos sem o correto embasamento
científico dos alimentos tidos como emagrecedores. Quando fazemos busca pelas
palavras “óleo de coco e emagrecimento” no site Google aparecem 379.000 resultados.
Porém, quando realiza-se a mesma busca em plataforma de busca científica (PubMed),
encontraram-se apenas 23 resultados.
O uso de óleo de coco e respectivos suplementos está longe de ser milagre para
emagrecer. Alimentação balanceada em calorias e nutrientes associada à atividade
física regular é de extrema importância para a perda de peso e para vida saudável.
Ainda não é possível assegurar o uso de óleo de coco com o objetivo de perda de peso,
sendo necessários mais estudos.
Referências Bibliográficas (estão todas foram do padrão científico)
 Costa, N.M.B.; Rosa, C.D.O.B.; Alimentos funcionais – componentes bioativos e efeitos fisiológicos; Rio de Janeiro; Editora Rubio, 2010  Krause M. E. S.; Alimentos nutrição e dietoterapia; 12°edição. Souders, 2010.  Marten, B.; et al; Review Medium-­‐chain triglycerides; International Dairy Journal 16 (2006) 1374–1382  Nagao, K; ReviewMedium-­‐chain fatty acids: Functional lipids for the prevention and treatment of the metabolic syndrome; Pharmacological Research 61 (2010) 208–212  Assunção, A.L.; et al; Effects of Dietary Coconut Oil on the Biochemical and Anthropometric Profiles of Women Presenting  Abdominal Obesity; Lipids (2009) 44:593–601 DOI 10.1007/s11745-­‐009-­‐3306-­‐6  St-­‐Orange M.P.; et al; Medium Chain Triglyceride Oil Consumption as Part  of a Weight Loss Diet Does Not Lead to an Adverse Metabolic Profile When Compared to Olive Oil; Journal of the American College of Nutrition, Vol. 27, No. 5, 547–552 (2008)  Liau K.M.; et al; An Open-­‐Label Pilot Study to Assess the Efficacy and Safety of  Virgin Coconut Oil in Reducing Visceral Adiposity; International Scholarly Research Network  ISRN Pharmacology Volume 2011, Article ID 949686, 7 pages doi:10.5402/2011/949686 
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Há alguma base para indicação de óleo de coco